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1 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 5 Introdução Quando se fala de absorção/excreção de fluidos, vai ser diferenciado no epitélio ciliar e nas glândulas. No epitélio ciliar, na membrana apical a gente tem um canal transportador seletivo de sódio. O cloreto entra nas células do epitélio ciliar por transporte transcelular inespecífico, ele entra junto com a água. Quem entra de maneira seletiva no epitélio ciliar é o sódio. A excreção de cloreto do epitélio ciliar é dependente de um canal específico. No epitélio glandular é diferente. A entrada de cloreto depende de um canal específico e a saída é por transporte transcelular. Existe uma relação de equilíbrio eletrolítico nesse muco pra garantir que os eletrólitos estejam dispersos no meio aquoso com uma osmolaridade semelhante a osmolaridade do plasma. Se a gente tiver entrada de sódio normal e a não saída do cloreto, vai fazer com que gere um gradiente osmótico que promoverá uma desidratação do muco. O gradiente osmótico é o aumento da desidratação de cátions e principalmente a desnaturação de proteínas, formando coagulados proteicos que vão fazer com que haja a presença de um gradiente osmótico que vai produzir um muco espesso. Isso vai se dar com a relação de mutações no canal. Existe um gene Fc ou CF que vai ser anormal, vai produzir o canal CFTR, que garante o gradiente osmótico da água tanto no epitélio glandular quanto no epitélio mucociliar. Mutação deltaF508 Proteína: bioquímica e função Proteína funcional, que vai fazer com que haja a entrada de cloreto específico no epitélio glandular. Se não houver a presença do canal ou o canal não tiver aderido a membrana, a gente vai ter a entrada de água e sódio nas células e não vai ter a saída de cloreto, levando a desidratação do muco. Composição do muco e Bioquímica da Fibrose Cística 2 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 5 • Nas glândulas exócrinas e no lúmen intestinal, o cloreto entra através de canal. O que vai ser prejudicada é a entrada de cloreto nas células. • No epitélio mucociliar, é a saída de cloreto que vai estar comprometida, entrando mais sódio e mais água pra dentro da célula, levando a desidratação da célula. CFTR: controla o movimento do íon cloreto dentro e fora da célula. Proteína função • O CFTR transporta íons cloreto (Cl-) através das membranas das células nos pulmões, fígado, pâncreas, aparelho digestivo, aparelho reprodutivo e pele. • O CFTR é composto por cinco domínios: • Dois domínios que abrangem a membrana (MSD1 e MSD2) que formam o canal de íons cloreto. • Dois domínios de ligação a nucleotídeos (NBD1 e NBD2) que se ligam e hidrolizam ATP (trifosfato de adenosina) • E um domínio regulador (R). O Delta F508, a mutação mais comum causadora de CF, ocorre na sequência de DNA que codifica. Alterações estruturais • O CFTR funciona principalmente como um canal de cloreto induzido por cAMP e parece capaz de regular outros canais iônicos. • Além da mutação mais comum, ΔF508, responsável por cerca de 70% dos cromossomos CF em todo o mundo, mais de 850 alelos mutantes foram relatados a CF. • Estas mutações afetam CFTR através de uma variedade de mecanismos moleculares que podem produzir pouco ou nenhum CFTR funcional na membrana apical. Proteína CFTR Quando uma proteína CFTR com a mutação delta F508 atinge o RE, o mecanismo de controle deste componente celular reconhece que a proteína é dobrada incorretamente e marca a proteína defeituosa para degradação. Como resultado, o delta F508 nunca atinge a membrana celular. As pessoas que são homozigóticas para a mutação delta F508 tendem a ter os sintomas mais graves da fibrose cística devido à perda crítica de transporte de ions cloreto. Isso perturba o equilíbrio de íon de sódio e cloreto necessário para manter a camada de muco normal e fino que é facilmente removido pelos cílios que revestem os pulmões e outros órgãos. O desequilíbrio de íons de sódio e cloreto cria uma camada de muco espessa e pegajosa que não pode ser removida pelos cílios e atrapalha as bactérias, resultando em infecções crônicas. Diagnóstico da fibrose cística Por ordem de especificidade, o diagnóstico de FC deveria ser realizado: 1. pelo achado de duas mutações no gene FC (biologia molecular), ou 2. por dois testes do suor alterados, ou 3. pela presença de pelo menos uma das seguintes manifestações clínicas epidemiológicas: Doença pulmonar obstrutiva/supurativa ou sinusal crônica • Insuficiência pancreática exócrina crônica; • História familiar de FC; 3 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 5 • Para o diagnóstico de FC, ainda podemos contar com a Triagem neonatal pelo método da tripsina imunorreativa (TIR). A presença da TIR vai demonstrar que existe alguma relação da saída de cloreto das glândulas que está interferindo com a catalise dessas enzimas ainda dentro dos ductos. A ITR demonstra essa relação. < 70ng/ml → Negativo > 70ng/ml → precisa ser confirmado, principalmente em relação com a idade. A partir de 30 dias, com a interferência de outros alimentos (mesmo que seja aleitamento materno exclusivo) pode fazer com que haja aumento da produção da ITR de maneira inespecífica. Se ela tiver aumentada dentro dos 30 dias, 2 x, o paciente precisa continuar o diagnóstico com o teste do suor e biologia molecular. Exames complementares na FC • Albumina, Soro; • Hemograma (leucocitose com neutrofilia); • Radiografia de tórax, diagnóstico; • Cloro no suor (aumentado); • d-xilose teste de absorção, soro ou urina (diminuído); • Eletrólitos, plasma ou soro; • Gordura nas fezes (coprológico funcional) presença; • Imunoglobulina E, Imunoglobulina G, soro; • Perfil hepático, soro; • Testes de função pulmonar; • Análise seminal (obstrução); • Escarro, Rotina, Cultura; • Tripsina, plasma ou soro ou fezes; • vitamina E e A, soro (diminuídas, má absorção); • Antitripsina (aumentada); D-xilose • É uma pentose que não é metabolizada pelo organismo e é normalmente absorvida pela porção proximal do intestino delgado e excretada inalterada pelos rins na urina. Então, a quantidade que foi administrada no paciente deve ser encontrada na urina. Vai avaliar a capacidade de absorção intestinal. • O teste é utilizado para distinguir má absorção de má digestão, porque ajuda a avaliar a eficiência de absorção da mucosa. Teste realizado no soro e na urina após administração de 0,5g por kg em crianças. Para FC realizar no soro. O soro vai avaliar a capacidade de reabsorção. Na urina, vai avaliar a excreção. Ambos são significativos para o manejo do paciente. Na fibrose Cística os valores estão diminuídos no soro devido a má absorção da mucosa. Valores normais 20 -58mg/dL no soro Urina 20 a 40% do valor deve ser excretado integro. Cloreto no suor Acaba sendo o principal diagnóstico diferencial. A sensibilidade é alta (maior que 90%), mas a especificidade não é alta. Cloreto é um normalmente eletrólito excretado no suor e na urina combinado quimicamente com sódio ou outros cátions; Funciona na manutenção do equilíbrio ácido-base e a neutralidade elétrica do corpo. Níveis de cloro no suor são encontrados especialmente elevados em crianças com fibrose cística Valores normais em crianças: 5 a 45 mmol/L (>60 mmol/L diagnostico diferencial para FC Em adultos: 10 a 70 mmol/L - Este teste envolve a estimulação da produção de suor por iontoforese, o fornecimento indolor de uma pequena quantidade de corrente elétrica para a pele. - Os resultados são considerados diagnósticos para a fibrose cística quando o teste seriado em dois dias sequenciais produz resultados positivos. 4 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 5 - E quando o pacientedemonstra pelo menos um sinal clínico de fibrose cística. Teste com pilocarpina Procedimento Técnica Gibson-Cooke 1. Lavar e secar o antebraço ou Coxa. 2. Coloque uma pequena quantidade de pilocarpina- embebida sobre a pele da área a ser estudada e anexá-la ao eletrodo positivo. Coloque uma pequena quantidade de gaze embebida em soro fisiológico sobre a pele e anexá-lo ao eletrodo negativo. 3. Aplique 4mA de corrente em intervalos de 15 a 20 segundos por 5 minutos. 4. Coloque a gaze ou papel de filtro esterilizado, seco, pré-pesado sobre o local da gaze de pilocarpina. Cobrir com plástico e selá-lo com Fita impermeável. 5. Após 30-40 minutos, as gotas visíveis sob o plástico indicam um acúmulo adequado de suor. É preferível pelo menos 100 mg de suor. 6. Retire a gaze ou o papel de filtros coloque-o diretamente num frasco de pesagem, feche-o firmemente e envie-o para o laboratório. É normal que a área estudada permaneça Vermelho por várias horas.