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Direito 
Internacional 
Público
Universidade do Sul de Santa CatarinaDireito Internacional Público
Este livro aborda o Direito Internacional 
Público, sua conceituação, suas fontes 
normativas e seus sujeitos, passando pelas 
controvérsias internacionais e pelos 
mecanismos de responsabilização 
internacional dos Estados. Tal proposta 
pretende contribuir para uma formação que 
permita, ao acadêmico, a sua inserção numa 
percepção jurídica alicerçada no senso de 
linearidade, cooperação e consentimento que 
rege o Direito Internacional Público.
C
M
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Universidade do Sul de Santa Catarina
UnisulVirtual
Palhoça, 2013
Direito 
Internacional 
Público
direito_internacional_publico.indb 1 25/09/13 12:12
Créditos
Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul
Reitor
Sebastião Salésio Herdt
Vice-Reitor
Mauri Luiz Heerdt
Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão
Mauri Luiz Heerdt
Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional
Luciano Rodrigues Marcelino
Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos
Valter Alves Schmitz Neto
Diretor do Campus Universitário de Tubarão
Heitor Wensing Júnior
Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis
Hércules Nunes de Araújo
Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual
Fabiano Ceretta
Campus Universitário UnisulVirtual
Diretor
Fabiano Ceretta
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) - Educação, Humanidades e Artes
Marciel Evangelista Cataneo (articulador)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e 
Serviços
Roberto Iunskovski (articulador)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e Agroindústria
Diva Marília Flemming (articuladora)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar Social
Aureo dos Santos (articulador)
Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos 
Moacir Heerdt
Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão
Roberto Iunskovski
Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos 
Márcia Loch
Gerente de Prospecção Mercadológica 
Eliza Bianchini Dallanhol
direito_internacional_publico.indb 2 25/09/13 12:12
Livro didático
UnisulVirtual
Palhoça, 2013
Designer instrucional
Luiz Henrique Queriquelli
Direito 
Internacional 
Público
João Batista da Silva (Org.) 
Milene Pacheco Kindermann
direito_internacional_publico.indb 3 25/09/13 12:12
Livro Didático
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Copyright © 
UnisulVirtual 2013
Professores conteudistas
João Batista da Silva (Org.) 
Milene Pacheco Kindermann
Designer instrucional
Luiz Henrique Queriquelli
Projeto gráfico e capa
Equipe UnisulVirtual
Diagramador(a)
Frederico Trilha
Revisor(a)
Amaline Boulos Issa Mussi
ISBN
978-85-7817-610-5
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por 
qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
341.1
D64 Direito internacional público : livro didático / João Batista da Silva, 
organizador ; Milene Pacheco Kindermann, [conteudista] ; design instrucional 
Luiz Henrique Queriquelli. – Palhoça : UnisulVirtual, 2013.
127 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-610-5
1. Direito internacional público. I. Silva, João Batista da. II. 
Kindermann, Milene Pacheco. III. Queriquelli, Luiz Henrique. IV. 
Título.
Sumário
Introdução | 7
Capítulo 1
O Direito Internacional Público | 9
Capítulo 2
Os sujeitos do Direito Internacional Público | 19
Capítulo 3
Fontes do Direito Internacional Público | 75
Capítulo 4
Controvérsias internacionais | 93
Capítulo 5
Responsabilidade internacional dos 
Estados | 113
Considerações Finais | 123
Referências | 125
Sobre os Professores Conteudistas | 127
direito_internacional_publico.indb 5 25/09/13 12:12
direito_internacional_publico.indb 6 25/09/13 12:12
7
Introdução
É notória a expressividade que o Direito Internacional adquire na atualidade. 
E isto, em grande medida, deve-se à quantificação das relações humanas e 
materiais que transcendem as fronteiras físicas dos Estados, moldadas pelo 
forte desenvolvimento experimentado pela humanidade nos aparatos de ciência 
e tecnologia, informação, comunicação e transportes, o que nos torna cada 
vez mais ‘cidadãos mundo’, capazes de interagir em tempo real, em todos os 
espaços de poder alcançáveis.
Talvez, neste atual contexto histórico, o mais efetivo dos desafios resida em 
adequar o Direito Internacional às demandas oriundas dos Estados que têm 
seu modelo constitutivo alicerçado no século XVI e cujas forças intrínsecas 
extrapolam as delimitações espaciais e soberanas de poder. Afinal, há uma 
interdependência que também nos identifica como seres humanos, ávidos por 
direitos que nos contemporizem como iguais em um mundo cada vez mais local.
É com esta breve introdução que convido você à reflexão proposta neste Livro, 
o qual abordará o Direito Internacional Público, sua conceituação, suas fontes 
normativas e seus sujeitos, passando pelas controvérsias internacionais e pelos 
mecanismos de responsabilização internacional dos Estados.
Uma proposta singela, mas que pretende contribuir para sua formação 
acadêmica, contextualizando o seu saber e, principalmente, permitindo a sua 
inserção numa percepção jurídica alicerçada no senso de linearidade, cooperação 
e consentimento que rege o Direito Internacional Público. Um Direito que tem o 
intuito de reger essa maravilhosa orquestra chamada mundo, de modo que todas 
as vozes se façam ouvir consoante a sincronia, o equilíbrio e a paz por todos e 
tanto desejada. 
Bons estudos!
Prof. João Batista da Silva, MSc.
direito_internacional_publico.indb 7 25/09/13 12:12
direito_internacional_publico.indb 8 25/09/13 12:12
9
Seções de estudo
Habilidades
Capítulo 1
O Direito Internacional Público
Com a leitura deste capítulo, você estará apto/a a 
identificar os elementos característicos do Direito 
Internacional Público (DIP), compreender como o 
Direito Internacional e o Direito Interno se relacionam 
e identificar os princípios basilares do DIP e sua 
aplicabilidade no cenário jurídico internacional.
Seção 1: Conceituação e características
Seção 2: Princípios regentes do DIP
Seção 3: Relações entre direito interno e direito 
internacional
direito_internacional_publico.indb 9 25/09/13 12:12
10
Capítulo 1 
Considerações iniciais
Neste tópico, você iniciará os estudos do Direito Internacional Público (DIP), 
ramo do Direito que nasce com a própria formação do Estado lá na Idade Média, 
mas que adquire relevância com a formação dos Estados Modernos Europeus 
a partir do século XV e o seu expansionismo ultramarino. Ademais, é um dos 
ramos do Direito que mais tem sofrido transformações nos últimos anos, haja 
vista a interdependência global experimentada no século XX, fruto dos avanços 
científicos e tecnológicos, da celeridade dos meios de comunicações, transportes 
e informações, e do considerável fluxo dos negócios internacionais.
Assim, o DIP cuida de regular as relações que envolvem os Estados entre si, ou 
os Estados com outros atores internacionais. Fundamental é lembrar que os 
Estados constituem o elemento central da sociedade internacional e que esta se 
apresenta complexa, exigindo assim um Direito em constante desenvolvimento 
e capaz de reger, de forma equilibrada e pacífica, as relações humanas, políticas, 
jurídicas, econômicas, culturais, religiosas e sociais.
Para tanto, identificaremos seus elementos característicos, visando compreender 
a relação entre Direito Internacional e Direito Interno e, também, conhecer os 
princípios basilares que regem o DIP e como se dá sua aplicabilidade no cenário 
jurídico internacional.
Seção 1
Conceituação e características
A expressão direito internacional (international law) surge com Jeremias 
Bentham, em 1780, utilizada em oposição a national law ou a municipal law. Ela 
foi traduzida para o francês e demais línguas latinas como direito internacional. 
(ACCIOLY, 2009).Na lição de Sidney Guerra (2009, p. 33), “o Direito Internacional se caracteriza 
pelo conjunto de normas que regulam as diversas relações existentes entre 
os múltiplos atores que compõem a sociedade internacional.” Neste sentido, 
podemos dizer que:
O Direito Internacional é a parte do Direito que cuida (busca disciplinar) 
das relações internacionais existentes entre países ou entre pessoas de 
nacionalidades diferentes.
direito_internacional_publico.indb 10 25/09/13 12:12
Direito Internacional Público 
11
O Direito Internacional tem profunda relação com a área das Relações 
Internacionais, de que constitui um instrumento. É por meio do Direito 
Internacional que as relações internacionais entre os Estados acontecem com 
maior segurança, e as relações privadas de caráter internacional são facilitadas.
O Direito Internacional divide-se em duas áreas de estudo, a saber: a pública e 
a privada.
O Direito Internacional Público (DIP) trata dos interesses internacionais públicos, 
regulando os direitos e deveres internacionais dos Estados, dos organismos 
internacionais e dos indivíduos perante os Estados. O objetivo do Direito 
Internacional Público é o de regular os interesses dos países, objetivando a 
diminuição dos conflitos e o alcance da paz mundial.
O Direito Internacional Privado (DIPr) pode ser conceituado 
como o conjunto de normas reguladoras das relações de 
ordem privada da sociedade internacional, conjugando 
leis de ordenamentos jurídicos distintos e indicando 
a lei competente a ser aplicada. O objetivo do Direito 
Internacional Privado é decidir qual lei será aplicada 
quando houver divergências entre as leis internas de dois 
países em questões de interesse privado.
O Direito Internacional Público auxilia, por meio de 
tratados, a formação do Direito Internacional Privado. 
Assim, um tratado de comércio assinado entre dois ou mais países (DIP) pode 
assegurar que, com base nesse tratado, as empresas dos países envolvidos 
assinem contratos e realizem negócios no plano internacional (DIPr).
Guido Fernando Silva Soares, ao se referir ao termo internacional, destaca 
que, se for aplicado exclusivamente a fenômenos referidos ao Estado, torna-se 
inadequado para exprimir fatos acontecidos antes do século XVI, quando emergiu 
na história essa forma de organização societária, que é o Estado. (SOARES, 
2004, p. 22).
Quanto às características do DIP, é importante salientar que, no plano 
internacional, não existe autoridade superior nem milícia (força militar) 
permanente. Os Estados se organizam horizontalmente e se dispõem a proceder 
de acordo com as normas jurídicas, na exata medida em que essas tenham 
constituído objeto de seu consentimento.
Os Estados possuem direitos formalmente iguais (igualdade soberana) e devem 
fazer suas próprias leis.
Ordenamentos 
jurídicos Ordenamento 
jurídico é o conjunto 
de normas jurídicas 
existentes dentro de 
um país. Chama-se 
ordenamento, porque 
as normas seguem 
uma ordem entre si, 
evitando que uma se 
sobreponha a outra.
direito_internacional_publico.indb 11 25/09/13 12:12
12
Capítulo 1 
A coordenação é o princípio que preside a convivência organizada de 
tantas soberanias.
O Estado soberano não é originalmente submetido a 
uma jurisdição internacional diante de Corte de Justiça 
Internacional alguma. Sua concordância em ser julgado 
por uma Corte é que confirma a autoridade da mesma, 
de modo que a sentença (decisão da Corte) se torne 
obrigatória e que seu eventual descumprimento configure 
um ato ilícito.
Para que você possa observar como a sociedade 
internacional se organiza de forma diferente da sociedade 
nacional, observe:
Figura 1.1- Sociedade Internacional
Coordenação/Linearidade/Horizontalidade/Igualdade jurídico-soberana (jus cogens)
Estado A Estado B Estado C Estado
Fonte: Elaboração do autor (2013).
Isso se aplica à Assembleia Geral das Nações Unidas, órgão de caráter decisório da 
ONU, onde todos os países membros da entidade têm direito a um voto, independente 
de seu tamanho territorial, potência financeira ou bélica, população, ou outro fator.
Figura 1.2 - Sociedade Interna
Subordinação/Verticalização/
Mando/Obediência (jus puniendi)
Soberano
Governante
Súditos
Governados
Fonte: Elaboração do autor (2013).
Jurisdição 
internacional Poder 
de julgar de um tribunal 
ou de uma autoridade, 
aplicando a lei ao caso 
concreto com vistas à 
solução de um litígio, 
de âmbito interno ou 
internacional, envolvendo 
aí a área territorial em 
que tal poder pode ser 
exercido.
direito_internacional_publico.indb 12 25/09/13 12:12
Direito Internacional Público 
13
No âmbito interno, o Estado tem poder sobre os seus subordinados, gerando 
uma relação de poder em que os indivíduos se submetem ao poder exercido pelo 
Governo que eles mesmos elegeram.
De qualquer modo, as regras do Direito Internacional 
são obrigatórias. Não se trata de cortesia internacional, 
de conveniência ou comodidade. As normas não são 
apenas uma espécie de moral internacional e, há muito 
tempo, ultrapassaram a condição de meros enunciados 
de direito natural. Entretanto, elas não compõem um 
direito homogêneo.
O caráter jurídico de uma regra internacional decorre da objetividade do seu 
enunciado, da generalidade de sua aplicação e de sua compatibilidade com o 
conjunto de regras já admitidas no sistema. (SEITENFUS; VENTURA, 1999, p. 23).
O Direito Internacional é histórico e conjuntural, vindo a desenvolver-se de acordo 
com a conjuntura política da época. Ele acompanha a sociedade internacional 
nos seus movimentos.
1. Quando acabou a Segunda Guerra Mundial, após todos os horrores 
sofridos na Europa, os países resolveram criar a Organização das 
Nações Unidas - ONU, com o objetivo de estabelecer um sistema 
que evitasse, no futuro, uma nova guerra mundial. Um Conselho de 
Segurança, que, embora as críticas à sua atuação (ou à falta dela), 
até o momento conseguiu evitá-la.
Ressalte-se, assim, que, no plano internacional, além de os Estados se 
organizarem horizontalmente, suas ações atendem ao conjunto das normas 
jurídicas que foram objeto do seu consentimento. Já, no plano interno, o Estado 
ainda age como autoridade superior para garantir a vigência da ordem jurídica.
Seção 2
Princípios Regentes do DIP
Os princípios do DIP são divididos em três grupos 
(MONSERRAT FILHO, 1986), de acordo com seus 
objetivos, e servem para guiar as ações dos Estados no 
plano internacional. Acompanhe.
1. Princípios relativos à defesa da paz mundial:
 • renúncia à ameaça ou uso da força;
 • solução pacífica das controvérsias;
Direito natural É um 
direito inerente ao ser 
humano, naturalmente 
estabelecido por 
Deus ou pela natureza 
humana.
Princípios do DIP Os 
princípios são regras 
que se impõem a todos 
os Estados, qualquer 
que seja o grau de 
civilização por eles 
alcançado. Obedecem-
nas por se tratar de 
ilações lógicas do 
direito à sua existência. 
(ARAÚJO, 1997, p. 27).
direito_internacional_publico.indb 13 25/09/13 12:12
14
Capítulo 1 
 • segurança coletiva;
 • busca do desarmamento;
 • proibição de propaganda de guerra.
2. Princípios relativos à cooperação entre todos os Estados e povos, 
independentemente de qualquer diferença:
 • respeito à soberania e igualdade de direitos de todos os Estados;
 • não intervenção nos assuntos internos;
 • obrigação de cooperar com todos os Estados em base equitativa;
 • cumprimento de boa-fé das obrigações assumidas.
3. Princípios relativos ao livre desenvolvimento de todos os povos:
 • igualdade de direitos e autodeterminação dos povos;
 • respeito aos direitos humanos.
A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB/88) fez constar no art. 4º 
os princípios das Relações Internacionais:
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas 
relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não intervenção;
V - igualdadeentre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a 
integração econômica, política, social e cultural dos povos da 
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações.
Os princípios mencionados no artigo acima citado 
orientarão a ação brasileira junto aos órgãos internacionais 
e a outros Estados soberanos da sociedade internacional. 
Se, por ventura, tais princípios forem contrariados, implicará 
a violação da Constituição, podendo, por exemplo, ocorrer 
impeachment do Presidente da República.
Impeachment 
Processo político-
criminal instaurado 
por denúncia no 
Congresso para apurar 
a responsabilidade, 
por grave delito ou má 
conduta no exercício 
de suas funções, 
do Presidente da 
República, ministros 
de Supremo Tribunal 
ou de qualquer outro 
funcionário da alta 
categoria. (HOUAISS, 
2001, p. 1.578). 
direito_internacional_publico.indb 14 25/09/13 12:12
Direito Internacional Público 
15
Seção 3
Relações entre Direito Interno e Direito 
Internacional
Enquanto o direito interno subordina os sujeitos de direito a um poder central, 
que estabelece a lei e os faz respeitá-la, o Direito Internacional pressupõe a 
promulgação de uma regulamentação comum, por meio de acordo. Entretanto, 
isso só é possível graças a um aparelho institucional que pode recorrer à força, e 
cabe a cada Estado avaliar a dimensão do dever que lhe incumbe e as condições 
de sua execução. (SEITENFUS; VENTURA, 1999, p. 25).
O âmbito de aplicação do Direito Internacional não é outro que não 
o território dos Estados. O Direito Internacional não é celebrado para 
execução somente nos espaços internacionais (alto-mar, polo antártico, 
espaço ultraterrestre). Pelo contrário, nos limites territoriais de cada Estado 
é que a aplicação das normas internacionais se torna mais importante, 
permitindo a harmonização da sociedade.
O problema surge, muitas vezes, quando há divergência entre as normas 
criadas internacionalmente e as normas do plano interno do Estado. Há, nesta 
situação, um conflito de normas (entre o internacional e o nacional), que pode 
gerar duas possibilidades:
1. seguir o Direito Internacional e estar de acordo com a comunidade 
internacional;
2. observar apenas o Direito Interno.
Para estudar os efeitos de tal embate entre normas de diferentes origens, foram 
estabelecidas duas teorias, chamadas dualismo e monismo.
3.1 Teoria dualista
O dualismo surgiu em 1914 e foi assim denominado pelo jurista austríaco Alfred 
Verdross. Segundo Rezek (1994, p. 4), para os dualistas (Carl Heinrich Triepel, 
na Alemanha, e Dionízio Anzilotti, na Itália), o Direito Internacional e o Direito 
Interno são sistemas rigorosamente independentes e distintos, de tal modo que 
a validade jurídica de uma norma interna não se condiciona à sua sintonia com a 
ordem internacional.
Essa teoria lembra que a validade das normas jurídicas no Direito Nacional tem 
limites e que as normas do Direito Externo somente são aceitas internamente, 
direito_internacional_publico.indb 15 25/09/13 12:12
16
Capítulo 1 
quando introduzidas no plano doméstico. Ou seja, no caso de igualdade entre 
as normas internacionais e nacionais, aplicam-se ambas, mas, no caso de 
desigualdade, há a prevalência da norma interna, até que essa mude o suficiente 
para permitir a aplicação da norma internacional. Ainda: para os dualistas, não 
há a necessidade premente de harmonizar os dois Direitos, porque acreditam 
ser possível a dualidade de ambientes de aplicação das normas. Neste sentido, 
Sidney Guerra (2009, p.46) afirma que a norma interna vale independentemente 
da norma internacional.
3.2 Teoria monista
O monismo, conforme apregoa Seitenfus (1999, p. 26), prevê unidade lógica e 
sistemática das regras internas e internacionais, o que implica um imperativo 
de subordinação entre uma e outra. O monismo se manifesta pela introdução, 
geralmente nos textos constitucionais dos Estados, de uma cláusula que estipula 
a supremacia de um direito sobre o outro, hierarquizando suas fontes. Para 
os monistas, é importante a harmonização das normas, pois elas compõem 
um único ordenamento jurídico. O que se propõe é a eliminação da dualidade 
de regras, evitando o conflito de normas. E, em razão dessa característica, a 
corrente dividiu-se em duas: a monista internacionalista e a monista nacionalista.
A corrente monista internacionalista prevê a unicidade da ordem jurídica sob 
o primado do Direito Internacional, a que se ajustariam todas as ordens internas 
(Hans Kelsen é o maior expoente desta corrente). Prega a ordem jurídica única 
e a impossibilidade de o Estado sobreviver em clima de hostilidade com a 
comunidade internacional em razão da não aceitação interna do direito externo. 
(RESEK, 1996). Em um parecer de 1930, a CPJI declarou que é princípio 
geralmente reconhecido, do direito internacional, que, nas relações entre 
potências contratantes de um tratado, as disposições de uma lei interna não 
podem prevalecer sobre o tratado. (GUERRA, 2009, p. 49).
A corrente monista nacionalista prevê o primado do Direito Nacional de cada 
Estado soberano, sob cuja ótica a adoção dos preceitos de Direito Internacional 
reponta como faculdade discricionária. Prega a soberania dos Estados sobre 
a da comunidade internacional e a supremacia da Constituição de cada país. 
(SEITENFUS; VENTURA,1999). Nesse caso, cada Estado possui a soberania para 
determinar qual aplicação terá a norma internacional dentro do seu ordenamento 
jurídico interno (se será lei ordinária, lei complementar, status constitucional). 
O Nazismo considerava o direito alemão superior a todos os outros, devendo 
predominar sobre os demais. (GUERRA, 2009, p. 49).
direito_internacional_publico.indb 16 25/09/13 12:12
Direito Internacional Público 
17
O predomínio do dualismo ou do monismo repercute em soluções práticas, 
exigidas pelo convívio internacional. No tratamento constitucional, em função dos 
tratados internacionais, três possibilidades se apresentam:
1. há cláusulas que conferem aos tratados o valor de Direito Interno;
2. há cláusulas determinando a supremacia dos tratados sobre o 
Direito Interno, podendo haver prevalência sobre a Constituição, 
sobre as demais leis ou sobre outros tratados;
3. há cláusulas que preveem a necessidade de incorporação do texto 
do tratado ao ordenamento interno, logo a internalização do acordo, 
para que ele encontre sua vigência -- equiparação dos tratados à lei 
ordinária. (SEITENFUS; VENTURA, 1999).
Considerações finais
Sintetizando o que foi apresentado até aqui, cabe pontuar que o Direito 
Internacional disciplina as relações internacionais. Se essas relações 
acontecerem no âmbito dos Estados e das Organizações Internacionais 
Governamentais, será usado o Direito Internacional Público. Se essas relações 
acontecerem no âmbito privado, entre pessoas de diferentes nacionalidades, elas 
usarão o Direito Internacional Privado.
A sociedade internacional se organiza de forma horizontal, baseada no princípio 
da cooperação entre os Estados, sendo que nenhum Estado é naturalmente 
submetido à jurisdição de outro ou de alguma Corte Internacional de Justiça. 
Assim, o Direito Internacional tem característica obrigatória em razão da força dos 
pactos assumidos pelos Estados, e é histórico e conjuntural, pois acompanha os 
movimentos da sociedade internacional.
Entre os princípios que regem o Direito Internacional Público, destacam-se a 
igualdade jurídico-soberana entre os Estados e a cooperação que rege suas 
relações. Por fim, Direito Internacional e o Direito Interno relacionam-se por meio 
da aplicação das teorias dualista e monista, nacionalista e internacionalista.
direito_internacional_publico.indb 17 25/09/13 12:12
18
Capítulo 1 
Leitura complementarACCIOLY, Hildebrando. Manual de direito internacional público. 17. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2009.
GUERRA, Sidney. Curso de direito internacional público. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Lúmen Juris, 2009.
REZEK, Francisco. Direito internacional público: curso elementar. 12. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2010.
SEITENFUS, R.; VENTURA, D. Introdução ao direito internacional público. 
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001.
direito_internacional_publico.indb 18 25/09/13 12:12
19
Seções de estudo
Habilidades
Capítulo 2
Os sujeitos do Direito 
Internacional Público
Conhecer os sujeitos Formais e Não formais do 
Direito Internacional Público. Compreender o 
Estado em sua dimensão física, política e pessoal, 
destacando-o como principal sujeito do DIP. 
Identificar os mecanismos de proteção internacional 
dos direitos humanos e entender a atuação 
das principais organizações internacionais que 
defendem esses direitos.
Seção 1: Estados: plano físico, político e pessoal
Seção 2: Organizações internacionais
Seção 3: Indivíduos: a proteção internacional dos 
direitos humanos
Seção 4: Organizações não governamentais e 
coletividades não estatais
direito_internacional_publico.indb 19 25/09/13 12:12
20
Capítulo 2 
Considerações iniciais
Neste tópico, você estudará os Sujeitos do DIP. Eles serão dispostos em duas 
modalidades, a saber: os Sujeitos Formais -- aí compreendidos os Estados, as 
Organizações Internacionais -- OIs e os Indivíduos; e os Sujeitos Não Formais 
-- envolvendo as Organizações Não Governamentais [ONGs], as Coletividades 
Não Estatais -- que compreendem a Santa Sé, a Soberana Ordem Militar de Malta, 
o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, os Beligerantes, os Insurgentes e os 
Movimentos de Libertação Nacional.
Adotaremos aqui os ensinamentos de Pierre-Marie Dupuy, trazidos por 
Guido Fernando Silva Soares, o qual arrola cinco categorias fundamentais, 
que denomina de capacidades internacionais do Estado, constituindo sua 
condição de sujeito primeiro e pleno do DIP, a saber: 1ª -- capacidade de 
produzir atos jurídicos internacionais; 2ª -- capacidade de verem-se imputados 
fatos ilícitos internacionais; 3ª -- capacidade de acesso aos procedimentos 
contenciosos internacionais; 4ª -- capacidade de os Estados tornarem-se 
membros e de participarem plenamente da vida das organizações internacionais 
intergovernamentais e, 5ª -- a capacidade de estabelecer relações diplomáticas e 
consulares com outros Estados, denominada direitos de legação.
Além de lhe propiciar o conhecimento os Sujeitos Formais e Não Formais do 
DIP, buscar-se-á estudar o Estado em sua dimensão física, política e pessoal. 
Ademais, ressaltar sua importância no atual contexto das interações políticas, 
econômicas e sociais do sistema internacional, demonstrando seus reflexos no 
cenário dos processos internacionais hoje vivenciados e para o qual contribuem 
de forma efetiva todos os Sujeitos do DIP.
Fundamental considerar o desenvolvimento científico e tecnológico havido 
nos últimos anos, também dos meios de comunicação, de informação e de 
transportes, os quais têm aproximado a humanidade, expondo e compartilhando, 
ao mesmo tempo, e em tempo real, pelas redes e mídias digitais, seus progressos 
e suas mazelas.
Destaque merecido será dado ao Indivíduo e sua condição de Sujeito de DIP, bem 
como à correlata proteção dos Direitos Humanos, apontando-se os mecanismos 
internacionais hoje disponibilizados, demonstrando-se a atuação das organizações 
internacionais focadas nesse objetivo e, na medida do possível, relacioná-la à 
capacidade e dinamismo dos Estados para interagirem nesses processos.
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Direito Internacional Público 
21
Seção 1
Estados: plano político, físico e pessoal
1.1 O Estado e suas características 
O principal sujeito das relações internacionais públicas e do DIP, por 
consequência, é o Estado. Para melhor estudá-lo, vamos dissecá-lo sob três 
dimensões: o Estado no plano político, o Estado no plano físico e o Estado no 
plano pessoal. Assim, você vai estudar como o Estado se relaciona com os outros 
Estados do sistema internacional, como exerce poderes sobre um território e 
como se relaciona com as pessoas físicas que entram e saem de seu território. 
Inicie agora o estudo e descubra como o Estado funciona.
1.2 O Estado no plano político 
O Estado é a ordem política sob a qual vive o homem moderno. Ela caracteriza-
se por ser a resultante de um povo que vive sobre um território delimitado e 
governado por leis que se fundam num poder não sobrepujado por nenhum outro 
externamente e supremo internamente. (BASTOS, 1995, p. 10).
Constituição do Estado: requisitos, modelos e formas de nascimento
A Convenção Interamericana sobre os Direitos e Deveres dos Estados, firmada 
em Montevidéu, em 1933, estabelece os elementos constitutivos de um Estado, 
que são os requisitos para que o Estado seja considerado como tal pela 
comunidade internacional, a saber:
1. Uma população permanente - massa de indivíduos, nacionais e 
estrangeiros, que habitam o território em determinado momento 
histórico. “Assim, temos que o povo é o componente humano do 
Estado e, pelo fato de o Estado surgir em função das pessoas 
que o compõem, não se imagina-o sem a existência de um povo.” 
(GUERRA, 2009, p.101).
2. Um território determinado - com fronteiras definidas e 
devidamente ocupado. O território é a área terrestre do Estado, 
somada àqueles espaços hídricos de topografia puramente interna, 
como os rios e lagos que se circunscrevem no interior dessa área 
sólida. (REZEK, 2010, p.165).
3. Um Governo próprio - com poder interno (autonomia) e poder 
externo (independência). A existência de um governo, com 
autoridades encarregadas de estabelecer e fazer cumprir as normas 
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22
Capítulo 2 
existentes no âmbito interno, bem como conduzir as relações 
internacionais, é a evidência de que existe uma organização política 
estável e apta a ser reconhecida no plano internacional. (GUERRA, 
2009, p.102).
4. Capacidade de entrar em relação com os demais Estados - a 
capacidade reconhecida pelos demais membros da comunidade 
internacional. Este quarto elemento completa o terceiro. 
A existência de todos esses elementos em conjunto é de suma importância, uma 
vez que a falta de um deles descaracteriza a formação do Estado e impede que 
ele seja reconhecido em sua plenitude pelo sistema internacional.
Bom exemplo se obtém com o caso da Palestina, em que se discute se é ou não 
é um Estado:
A Palestina possui um Governo (Autoridade Nacional Palestina -- ANP), 
possui uma população permanente (as pessoas que residem no território 
desenhado da Palestina), mas lhe falta o domínio soberano sobre o território 
(situação que parece estar sendo equacionada neste nosso momento 
histórico), o que faz com que muitos países não reconheçam a Palestina 
como um Estado. Em novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU 
reconheceu a Palestina como um Estado observador não membro da 
Organização, uma importante vitória política para os palestinos, que lutam 
pelo reconhecimento pleno do seu Estado. 
Em razão da capacidade de exercer seus direitos e obrigações, os Estados 
classificam-se em diferentes modelos de organização de poder. Podem ser simples 
ou unitários, compostos, organizados por coordenação, ou por subordinação.
Simples ou unitários são os Estados plenamente soberanos em relação aos 
negócios externos e sem divisão de autonomias no tocante aos internos. Ex.: a 
maioria dos Estados europeus.
Estados compostos são entidades estatais que se agrupam por vontade 
(coordenação) ou por força de um Estado mais poderoso sobre outro 
(subordinação).
Quando são organizados por coordenação, ocorre uma associação de Estados 
soberanos ou de unidades estatais que, em pé de igualdade, conservam apenas 
uma autonomia de ordem interna, enquanto o poder externo é investido num 
órgão central. Existiamvários modelos de Estados compostos, como a união 
real, a união pessoal e a confederação de Estados, mas, atualmente, só existe 
o modelo federação. Na Federação de Estados, a personalidade externa existe 
somente no superestado, o Estado Federal. Os seus membros, ou seja, os 
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Direito Internacional Público 
23
Estados Federados possuem simplesmente a autonomia interna, sujeita essa, 
entretanto, às restrições que forem impostas pela Constituição Federal. Brasil, 
Argentina, Estados Unidos são exemplos de Estados Federados.
Atualmente, não existem mais Estados compostos por subordinação. Tratava-
se de uniões em que os integrantes não se achavam em pé de igualdade, ou não 
possuíam plena autonomia, ou se achavam despidos do gozo de determinados 
direitos, entregues a outros. Eram os Estados vassalos, protetorados ou Estados 
clientes, países satélites (o caso da ex-URSS), e países sob tutela (colônias). No 
momento, podemos indicar como uma situação de subordinação a intervenção 
norte-americana no Iraque.
A Comunidade Britânica de Nações é uma associação de Estados que não se 
inclui em nenhuma dessas categorias. Trata-se de livre associação, que mantém 
a plena soberania dos Estados membros e a igualdade de posição.
Quando os elementos constitutivos se agrupam, ocorre o nascimento de um novo 
Estado. Como, atualmente, os territórios do globo já se encontram ocupados, o 
nascimento de um Estado novo pode acontecer em razão dos seguintes fatos:
 • Separação de parte da população e do território de um Estado, 
subsistindo a personalidade internacional da pátria-mãe. Foi o caso 
do Brasil, quando se tornou independente de Portugal. A pátria-mãe 
(Portugal) continuou a existir no cenário internacional, mas nasceu 
uma nova personalidade jurídica (o Brasil), com território definido, 
uma população permanente, um Governo próprio (autônomo e 
autoproclamado independente), sendo que nos faltava o reconhecimento 
internacional, que foi comprado da Inglaterra. Mais recentemente, vimos 
o caso do Timor Leste, que se separou da Indonésia. 
 • Dissolução total de um Estado, não subsistindo a personalidade 
do antigo Estado. É o caso da Tchecoslováquia, que deu origem à 
República Tcheca e à Eslováquia. 
 • Fusão, que é a junção de dois ou mais países sob uma nova 
personalidade. É o caso da Alemanha, que fundiu a Alemanha 
Ocidental e a Alemanha Oriental, divididas no pós-Segunda Guerra em 
torno de um Estado novo, a Alemanha (lembre-se da divisão com a 
construção do muro de Berlim e da unificação com a queda do muro).
Reconhecimento de Estado e de Governo
O reconhecimento é um ato unilateral praticado por um Estado e pode ocorrer 
por diversas situações. Interessa-nos, neste momento, o reconhecimento de 
um Estado, ou seja, a decisão do Governo de outro Estado já existente de 
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24
Capítulo 2 
aceitar uma nova entidade como um Estado. O reconhecimento pode ter efeito 
declaratório (apenas reconhecendo uma situação já existente) ou constitutivo 
(criando um novo Estado), podendo ser feito de forma:
 • Expressa - formalmente por meio de ato escrito; 
 • Tácita - de forma indireta, como é o caso de receber o Chefe do 
Estado novo com honras e pompas de Chefe de Estado dentro do 
território do país;
 • Individual - ou seja, de país para país; 
 • Coletiva - quando vários Estados declaram o reconhecimento do 
novo Estado por meio de um tratado multilateral;
 • Condicionada - subordinada ao pagamento de certo valor, por 
exemplo; 
 • Sem a imposição de condições.
No entanto, nos casos de separação, nem sempre o reconhecimento de um novo 
Estado se dá de forma tranquila pela pátria-mãe. Se estiver havendo um problema 
interno (tumulto, situação de beligerância, motim, guerra civil), pode acontecer de 
a pátria-mãe valer-se (ou receber) de uma declaração de cunho internacional, que 
se chama reconhecimento de beligerância.
O reconhecimento de beligerância ocorre quando uma parte da população se 
subleva (revolta) para criar novo Estado ou, então, para modificar a forma de governo 
existente, ou quando os demais Estados resolvem tratar ambas as partes como 
beligerantes num conflito, aplicando as regras de Direito Internacional a respeito.
Se a luta atinge vastas proporções, de tal sorte que o grupo sublevado se mostra 
suficientemente forte para ter e exercer de fato poderes comparados aos do 
Governo do Estado, constitui-se um Governo responsável, que mantém sua 
autoridade sobre uma parte definida do território do Estado, possui uma força 
armada regularmente organizada, submetida à disciplina militar, e se mostra 
disposto a respeitar os direitos e deveres de neutralidade. Os Governos estrangeiros 
poderão pôr as duas partes em luta no mesmo pé de igualdade jurídica, 
reconhecendo-lhes a qualidade de beligerantes.
Disso decorre a conferência das responsabilidades ao grupo insurreto de um 
Estado, no tocante ao direito da guerra. Também exonera a pátria-mãe de suas 
responsabilidades quanto ao grupo insurreto e passa a não tratá-lo como rebelde. 
O que significa que o grupo insurreto pode sofrer as sanções específicas para os 
casos de guerra (mesmo o Estado não estando numa guerra).
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Direito Internacional Público 
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Perante outros Estados, a pátria-mãe não responde pelos atos do grupo insurreto 
(sequestro de estrangeiros, sequestro de cargas e transportes, por exemplo). 
Atualmente, temos um caso, aqui na América do Sul, com a Colômbia, em que há 
constituído um grupo paramilitar que domina determinada região territorial (as FARC 
- Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), pleiteando o reconhecimento de 
beligerância como o passo inicial para constituir-se em um novo país.
Uma vez reconhecido um Estado, a regra é que seja reconhecido o seu Governo 
quando ele mude.
O reconhecimento de um novo Governo ocorre em razão das modificações da 
organização política de um Estado e são da alçada do Direito Interno (autonomia). 
No entanto, quando a modificação se dá em razão da violação da Constituição, 
por um golpe de Estado, é necessário o reconhecimento do novo Governo 
pela comunidade internacional, e isso se dá em razão exclusivamente de 
conveniências políticas.
Sobre a questão do reconhecimento surgiram duas doutrinas, observe:
1. A doutrina Tobar (Ministro das Relações Exteriores do Equador) 
prega que só deve ser reconhecido o novo Governo após o povo 
ter escolhido livremente seus representantes, ou, no caso de 
revolução (tomada de poder pela força), a população já ter aceitado 
o novo Governo.
2. A doutrina formulada em Cannes, em 1922, que diz que o novo 
Governo deveria aceitar a proteção da propriedade individual, o 
reconhecimento das dívidas do Estado, a garantia de execução 
dos contratos e o compromisso da abstenção de propaganda 
subversiva contra outros países, para só então ser aceito.
Na maioria dos casos, fica valendo a regra de que, nos assuntos internos do 
Estado, esse tem autonomia e que a comunidade internacional deve reconhecer o 
novo governante.
Você já deve ter visto que, quando há a posse de um novo (ou mesmo 
reempossado) Presidente da República aqui no Brasil (ou em qualquer parte do 
mundo), é feita uma solenidade de posse e uma festa comemorativa, de que 
participam os representantes de outros países (Chefes de Estados ou diplomatas). 
Esta é uma forma de se fazer o reconhecimento de um novo Governo.
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26
Capítulo 2 
Figura 2.1 -- Posse presidencial
Fonte: Pozzebom (2011).
Sucessão de Estados
Você já deve ter notado que, quando surge um novo país, acontecem efeitos 
dessa novidade. Esse processo denomina-se sucessão de Estados.
Sucessão é o conjunto de efeitos que decorrem da morte de um país.
No caso da separação de Estados, esse fato gera efeitos para a pátria-mãe e 
para o Estado novo. Os tratadosassumidos pela pátria-mãe não são transmitidos 
para o Estado novo, que deverá contratar seus próprios tratados.
O Estado novo receberá da pátria-mãe os bens públicos existentes na parte 
do seu território (ruas, rios, solo, subsolo, escolas, etc.). Mas, nas questões 
financeiras, o Estado novo assumirá as dívidas contraídas sobre a razão de seu 
território (por exemplo, um empréstimo feito para construir uma represa na região 
que agora pertence ao Estado novo).
Quanto à legislação, o Estado novo criará a sua própria lei, assim como a pátria-
mãe continuará exigindo, no seu território, a legislação até então em vigor. Quanto 
à nacionalidade, as pessoas que residirem no território do Estado novo deverão 
receber uma nova nacionalidade, ou poderão permanecer como nacionais 
da pátria-mãe, ou, ainda, poderão ter dupla nacionalidade. Um exemplo de 
separação de Estados é o caso da Indonésia e do Timor Leste.
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No caso de dissolução de Estados, como a pátria-mãe deixa de existir, somente 
haverá efeitos para os Estados novos, os quais contratarão novos tratados, 
pagarão as dívidas contraídas pela pátria-mãe, receberão as partes do patrimônio 
da pátria-mãe, conferirão novas nacionalidades e comporão novas leis internas. 
Um exemplo de dissolução de Estados é o caso da Tchecoslováquia, que deu 
origem a dois novos países: a República Tcheca e a Eslováquia.
No caso de fusão de Estados, ao contrário da dissolução, os Estados antigos 
deixarão de existir, criando um novo, que adotará uma nova nacionalidade, novas 
leis internas, novos tratados e absorverá as dívidas e o patrimônio dos Estados 
antigos. Exemplo de fusão é o caso da Alemanha que, dividida em 1949 entre 
República Democrática Alemã -- RDA (Alemanha Oriental) e República Federal da 
Alemanha -- RFA (Alemanha Ocidental), reunificou-se, por fusão, em 1990, tendo 
como referência histórica a Queda do Muro de Berlim.
Por fim, há, ainda, uma situação que merece ser estudada, a da anexação de 
território de um Estado.
A anexação de um território pode ocorrer de forma total, quando um país 
anexa para si o território completo de outro Estado, como foi o caso do 
Tibete, que foi anexado pela China. Nesse caso, o Estado anexante (China) 
assume todos os bens e as dívidas do Estado anexado (Tibete), impõe 
ao anexado a sua legislação, os seus tratados e a sua nacionalidade (a 
nacionalidade do Estado anexado deixa de existir).
No caso de anexação parcial (como o caso do Acre, que foi anexado pelo Brasil, 
da Bolívia), os bens e dívidas públicos referentes àquele território passam para o 
Estado anexante (Brasil), os tratados do anexante se estendem sobre o território 
anexado, bem como a legislação interna.
Com relação à nacionalidade, a população pode ser beneficiada com a 
nacionalidade do anexante, em substituição à nacionalidade do Estado anexado, 
ou pode ser concomitante a essa, criando a situação de dupla nacionalidade, uma 
vez que a pátria de onde foi retirada a parcela do território continua existindo.
Direitos e deveres dos Estados
Como cada Estado é uma peça dentro da sociedade internacional, as suas relações 
internacionais são relações de direitos e de deveres. Além do que consta nos tratados, 
os quais geram direitos e deveres entre as partes contratantes, existem direitos e 
deveres universais dos Estados, que podem ser resumidos nos itens a seguir.
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Capítulo 2 
São direitos dos Estados:
 • O direito à existência e à igualdade formal, que consiste no 
direito que têm os Estados soberanos de ser iguais perante a lei 
internacional. Isto significa que cada Estado terá direito igualitário 
de voto e um não poderá reclamar jurisdição (poder) sobre o outro;
 • O direito ao respeito mútuo, que é o direito de ser tratado com 
consideração e reconhecido como pessoa internacional;
 • O direito à liberdade, que compreende a soberania externa 
(independência) e interna (autonomia). A soberania interna 
compreende os direitos de organização política, de legislação e 
de jurisdição sobre as pessoas, e de domínio sobre o território. A 
soberania externa compreende os direitos de ajustar tratados, de 
representação, de fazer a guerra e a paz;
 • O direito de defesa e conservação, que consiste na prática de todos 
os atos necessários à defesa do Estado contra os inimigos externos 
ou internos.
São deveres dos Estados:
 • O dever moral de assistência mútua, por exemplo, nos casos de 
calamidades e catástrofes;
 • O dever jurídico de respeitar os direitos fundamentais dos outros 
Estados (tratados, soberania, etc.);
 • O dever de não intervenção, pois a intervenção é um ato abusivo, 
visando à imposição de uma vontade estranha ao Estado. Esse 
dever admite exceções, como a intervenção em nome do direito 
de defesa e conservação, para preservar os direitos humanos e, 
em caso de guerra civil, para proteção dos nacionais. É o caso da 
intervenção coletiva, prevista na Carta da ONU, que é promovida 
pelo seu Conselho de Segurança, em casos de ameaça à paz ou 
outros atos de agressão.
Veja o caso do Haiti, em que está sendo feita uma intervenção coletiva, comandada 
pelo exército brasileiro, por designação do Conselho de Segurança da ONU.
Responsabilidades dos Estados
Todo Estado, como membro da comunidade internacional, ao se relacionar é 
responsável pelos seus atos, tantos os positivos, que causem bons efeitos, 
quanto os negativos, que causem danos a outros países.
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Direito Internacional Público 
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Na situação de dano, cabe à responsabilidade do Estado reparar o mal causado, 
tenha ele efeito moral (desrespeito ao Chefe de Estado de outro país, por exemplo) 
ou patrimonial (destruir a sede da Embaixada de outro país, por exemplo).
Responsabilidade objetiva
No Direito, chama-se de responsabilidade objetiva a obrigação do Estado de manter 
os compromissos assumidos e reparar o mal injustamente causado a outrem, seja ele 
praticado por vontade do Estado, ou não. O simples fato de um ato do Estado ter gerado 
um dano a outrem é suficiente para que se caracterize a responsabilidade do Estado.
Esse ato pode ser por parte do Poder Executivo, quando decide, por exemplo, não 
cumprir um tratado; por parte do Poder Legislativo, quando edita uma nova lei que 
derruba (revoga) um tratado; ou, então, por parte do Poder Judiciário, quando se 
recusa a decidir conforme um tratado assinado pelo país. O ato lesivo, ainda, pode 
ser praticado pelos funcionários do Estado, por atos de indivíduos nacionais, mas 
de natureza internacional (atentado contra Chefes de Estado, por exemplo).
A regra geral para cobrar a responsabilidade de um Estado é que, antes de 
esgotados todos os meios internos para reparação do dano, não seja feita a 
reclamação diplomática, que poderá ser efetuada em favor de um Estado, de seu 
nacional ou de pessoa que se encontre sob proteção diplomática.
Os Estados possuem a obrigação de reparar os danos causados e de dar uma 
satisfação adequada (pedido formal de desculpas, manifestação de pesar). No 
entanto, existem circunstâncias que excluem a responsabilidade, como a legítima 
defesa, as represálias (atos ilícitos, mas que justificam o combate a outros atos 
ilícitos), a prescrição liberatória (levou tanto tempo para exercer o direito que o 
perdeu), a culpa do próprio lesado, a renúncia do indivíduo lesado, e o estado de 
necessidade, em nome do direito de conservação.
Órgãos da representação internacional dos Estados
Quando os Estados se relacionam, fazem isto por meio de seus órgãos de 
relações internacionais, que são o Chefe de Estado, o Ministro das Relações 
Exteriores e os órgãos da diplomacia do país. A partir de agora, você estudará um 
pouco sobre esses órgãos. Acompanhe.
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Capítulo 2 
O Chefe de Estado é o sujeito encarregadode mediar as relações internacionais 
dos Estados (art. 84, VII e VIII, da Constituição Federal Brasileira). As 
Constituições dos países fixam os poderes dos Chefes de Estado, que podem 
estar vinculados ao Parlamento (Congresso).
Para que o Chefe de Estado possa desempenhar bem as suas funções 
de representante maior do país, ele recebe tratamento diferenciado, com 
prerrogativas e imunidades, entre elas a inviolabilidade da pessoa, de sua 
residência, seu carro, seus papéis, a isenção de impostos diretos nos países 
onde se encontra, e a isenção da jurisdição territorial (será julgado no seu país de 
origem), que poderá ser renunciada.
Os ministros das relações exteriores, chanceleres, são auxiliares dos Chefes 
de Estado na formulação e na execução da política exterior do país. É o chefe 
hierárquico dos funcionários diplomáticos e consulares do país.
As funções do chanceler são de natureza interna e de caráter internacional. 
Possui atribuições especiais de receber agentes diplomáticos, ouvir e negociar 
propostas ou reclamações, assinar acordos internacionais, representar o país e 
gerenciar a atuação dos agentes diplomáticos (subordinados). No caso do Brasil, 
cabe ao chanceler referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da 
República junto ao Congresso. 
As missões diplomáticas de caráter político destinam-se a manter boas relações 
com os outros Estados e a proteger os seus nacionais que estiverem no país 
em que estão sediadas. Os agentes diplomáticos se dividem em embaixadores 
(legados ou núncios), enviados, ministros ou similares, e encarregados de 
negócios. O corpo diplomático é o conjunto de agentes acreditados em um 
mesmo Estado, sendo presidido pelo decano, o agente mais antigo.
A sede da missão diplomática é a Embaixada, que se encontra sempre localizada na 
capital do país. A missão é composta pelo chefe da missão, membros do pessoal 
diplomático, pessoal administrativo e técnico, e pessoal de serviço da missão.
Cada Estado determina as qualidades e condições de idoneidade que devem 
possuir os agentes. No Brasil, constitui-se de um corpo de funcionários de 
carreira. O documento de identificação desses funcionários é o passaporte 
diplomático e a credencial (carta de chancelaria) assinada pelo Chefe de Estado e 
referendada pelo Ministro das Relações Exteriores.
As pessoas que estão em missões diplomáticas possuem os deveres de 
lealdade para com seu país, respeito e consideração às autoridades locais e 
às leis locais dos países onde cumprem missão. Não devem intervir na política 
interna do país onde cumprem missão; não devem ter participação em intrigas 
partidárias; devem proteger os interesses do país e de seus nacionais no Estado 
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Direito Internacional Público 
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onde cumprem missão; devem manter o Estado de origem informado sobre as 
evoluções do Estado onde está acreditado.
Esses agentes têm direito de representação, podendo falar em nome de seu 
Governo, manter relações amistosas, intercâmbio econômico, cultural e científico. 
Possuem prerrogativas e imunidades de inviolabilidade da pessoa e da residência, 
de jurisdição local e isenção de impostos.
As missões diplomáticas terminam geralmente em virtude de ato administrativo 
do Governo ou de outro posto, de chamado de volta para a Secretaria do Estado, 
por demissão ou aposentadoria.
A missão do diplomata também pode terminar em decorrência de o Estado de 
residência declarar o diplomata persona non grata (ou seja, revogar a autorização 
de exercício de atividade diplomática -- agrément).
Ocorrendo ruptura de relações diplomáticas, extinção do Estado acreditado 
ou na hipótese de o Governo se decidir a fechar a missão, por considerá-la 
desnecessária, terminam as funções do agente diplomático. No exercício da 
atividade diplomática, são aplicadas as disposições da Convenção de Viena 
sobre missões diplomáticas, de 1961.
As delegações junto a organizações internacionais possuem funções 
semelhantes às das missões diplomáticas, mas funcionam junto às organizações 
internacionais (ONU, OEA, Mercosul, por exemplo), gozando de imunidades de 
inviolabilidade e isenção fiscal, e seus membros, além dessas, de imunidade de 
jurisdição penal, civil, administrativa e isenção da legislação social.
As repartições consulares, ou consulados, são repartições públicas 
estabelecidas pelos Estados, mediante tratados, em portos ou cidades de outros 
Estados, com a missão de velar pelos interesses do país de origem 
(principalmente os comerciais), prestar assistência e proteção a seus nacionais, 
legalizar documentos, exercer a polícia da navegação com os portos nacionais, 
fornecer informações de natureza econômica e comercial sobre o país ou o 
distrito onde se acham estabelecidas.
Nomeado um Cônsul (funcionário de carreira ou honorário), é 
conferido a ele o exequatur, reconhecendo-lhe a autoridade 
e a permissão para que entre em função.
As funções consulares constam da legislação interna 
dos países, podendo sofrer restrições de acordo com a 
legislação do Estado receptor. 
Os cônsules possuem obrigações genéricas de proteção, informação e a de 
fomentar o desenvolvimento de relações com o Estado receptor, além das 
Exequatur É o poder 
conferido pelo Estado 
que recebe o Cônsul, 
para que ele exerça as 
atividades consulares.
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32
Capítulo 2 
funções de emitir passaportes, conceder vistos, funções de notários e de oficial 
de registro civil, velar pela sucessão de nacionais, comunicar decisões judiciais 
e extrajudiciais, executar comissões rogatórias, controle e inspeção sobre 
embarcações de sua nacionalidade e prestar assistência às embarcações e 
aeronaves e às suas tripulações.
Devem ainda respeitar as leis e as autoridades do Estado onde estão, evitando 
atos ofensivos, além de cumprir os deveres para com o seu país, recebendo, 
em troca, prerrogativas de inviolabilidade pessoal dos locais consulares, de 
imunidade de jurisdição e de isenção fiscal.
A missão do funcionário consular termina com a demissão, a remoção, a 
aposentadoria, o falecimento, a anulação do exequatur e a declaração de guerra 
entre os dois Estados. Aplicam-se para a atividade consular as disposições da 
Convenção de Viena sobre Repartições Consulares, de 1963.
1.3 O Estado no plano físico
Agora que você já sabe como se organiza o Estado no plano político, acompanhe 
como funciona outra importante feição do Estado: o plano físico.
A delimitação dos espaços (terrestre, aéreo, marítimo, lacustre e fluvial) é de suma 
importância para o Direito, tanto em sua dimensão interna quanto internacional, vez 
que, sobre esses espaços, os Estados exercem sua soberania e seu poder de jurisdição 
civil e penal, com seus reflexos nas questões da extraterritorialidade das normas. 
Muitas vezes, o exercício de poder do Estado nos domínios do seu território, de 
seu espaço aéreo e de suas águas é fonte de conflitos internacionais, por quebra 
de convenções ou por invasão de fronteiras. Siga adiante e bom estudo!
Domínio terrestre, fluvial, marítimo e aéreo
Considera-se domínio do Estado a porção da superfície do globo terrestre sobre a 
qual o Estado exerce soberania.
Essa soberania compreende os poderes de imperium (soberania sobre as 
pessoas) e dominium (soberania sobre o território). O território de um Estado pode 
ser íntegro (compacto, como o território brasileiro), desmembrado (dividido, como 
o território inglês, que possui uma parte nas Ilhas Falklands ou Ilhas Malvinas) ou 
encravado (dentro de outro país, como o Estado do Vaticano).
Considera-se território o domínio terrestre, fluvial, marítimo, lacustre e aéreo.
direito_internacional_publico.indb 32 25/09/13 12:12
Direito Internacional Público 
33
A partir de agora, você estudará como as regras internacionais estão organizadas 
para definir o dominium do Estado.
Domínio terrestre
O domínio sobre o território do Estado compreendea propriedade sobre o solo e 
sobre o subsolo, delimitados pelas fronteiras.
A extensão de um Estado depende de seus limites e fronteiras. Os limites podem ser 
naturais (ex.: um rio) ou artificiais (ex.: um meridiano). Para a demarcação de uma 
fronteira, elege-se uma comissão mista, técnicos dos países limítrofes, que seguirão 
regras ajustadas previamente em um tratado de delimitação de fronteiras para 
elaborarem os trabalhos de demarcação dos limites territoriais dos países vizinhos.
Tais trabalhos são consignados em atas e indicados em mapas. A linha divisória 
é demarcada por marcos, postes, balizas, boias, etc. Existem fatores naturais que 
influem nos trabalhos de demarcação, a saber, as montanhas, os rios, as ilhas e os 
lagos ou mares internos, que devem ser observados quando da elaboração das regras 
para demarcação das fronteiras dos Estados. Ao consultar um mapa mundial, você 
poderá ver que o território do Reino Unido é espalhado em diversos continentes.
Domínio fluvial
O domínio fluvial diz respeito aos rios existentes no território do Estado. Esse 
domínio está regulado na Convenção da ONU sobre o Direito do Mar, assinada 
em 10 de dezembro de 1982, na Jamaica (Montego Bay), e que entrou em vigor 
internacional no dia 16 de novembro de 1994.
Nessa questão, é necessário dividir os rios em duas categorias: os rios nacionais, 
como o Rio São Francisco, cuja nascente e foz percorrem somente o território 
de um Estado (o Brasil); e os rios internacionais, que passam por dois ou mais 
países, como é o caso dos rios contíguos, que correm entre os territórios de dois 
ou mais Estados (é o caso dos rios Paraná e Uruguai, que servem de limite entre 
o Brasil e os Estados do Paraguai, Argentina e Uruguai), ou os rios sucessivos, 
que atravessam os territórios de dois ou mais Estados (é o caso do Rio Amazonas 
e seus afluentes).
As regras internacionais para os rios nacionais são as de que a soberania desse 
tipo de rio é exclusiva do Estado ao qual pertence, mas eles devem ser abertos à 
navegação internacional civil (comercial ou turística).
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34
Capítulo 2 
Já, para os rios internacionais, ditam as regras que a soberania nos rios contíguos 
deve ser compartilhada pelos Estados que margeiam o rio, respeitando uma linha 
divisória imaginária. Nos rios sucessivos, cada país tem o direito de exercer a 
soberania no limite do seu território, mas ele tem também o dever de utilizar o rio 
de forma adequada, sem causar danos aos demais países em que o rio passa.
Referente à navegação internacional, a regra é que ela deve ser livre para navios 
civis (comerciais ou turísticos). Tal liberdade, no entanto, admite que o Estado ou 
os Estados exerçam soberania quanto à fiscalização, à permissão para pesca, 
passagem e desempenho de atividades.
Domínio marítimo
O domínio marítimo diz respeito ao mar territorial que margeia o solo do Estado.
Esse domínio também está regulado na Convenção da ONU sobre o Direito do 
Mar (Montego Bay – Jamaica), assinada em 10 de dezembro de 1982 e que entrou 
em vigor internacional no dia 16 de novembro de 1994. As regras internacionais 
dizem respeito ao mar territorial, à zona contígua, à zona econômica exclusiva, à 
plataforma continental e ao alto-mar.
O mar territorial é a faixa marítima marginal à costa de um território, que se 
estende até certa distância.
A extensão do limite do mar territorial passou, ao longo dos tempos, por uma 
evolução, iniciando como critério de medida o limite do raio visual, depois 
o alcance de um tiro de canhão, três milhas náuticas, doze milhas (critério 
internacionalmente aceito hoje), até duzentas milhas (alguns países, entre eles o 
Brasil, adotaram unilateralmente essa medida, mas não houve o reconhecimento 
da comunidade internacional, o que causou uma série de conflitos internacionais). 
No Brasil vigora, desde a expedição da lei 8.617/93, o limite de doze milhas.
São geralmente reconhecidos ao Estado marginal, os 
direitos de pesca, de polícia e de cabotagem. Cabe aos 
navios civis, em tempos de paz, o direito de passagem 
inocente, o que restringe a soberania do Estado. Os navios 
estatais de guerra não têm esse direito reconhecido.
Cabotagem Direito 
de cabotagem é a 
navegação mercante 
entre os portos de um 
mesmo país.
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Direito Internacional Público 
35
O direito de livre passagem não impossibilita a adoção de medidas de segurança. 
Se as leis estabelecidas pelo Estado que margeia o mar territorial são violadas, 
o Estado tem o direito de perseguir o navio infrator com seus navios de guerra, o 
que poderá se estender até fora dos limites territoriais, chegando até a destruição 
do navio estrangeiro.
A jurisdição que será aplicada no mar territorial é a do Estado marginal, e deriva da 
sua soberania, porém, com certas restrições. Quando se trata de navios nacionais, 
todos os atos dependem da jurisdição de dito Estado. Se tratar-se de navios 
internacionais, os de guerra estão isentos da jurisdição do Estado, já os navios 
mercantes, obedecem à jurisdição do país em cujo mar territorial eles estão.
Existem outros dois conceitos importantes para compreender como se dá o 
domínio do Estado no diz respeito ao ambiente marítimo: 
1. A zona econômica exclusiva - é a faixa marítima entre o mar 
territorial e o alto-mar na medida de duzentas a trezentas e 
cinquenta milhas marítimas (no caso de plataforma), onde o Estado 
costeiro exerce direitos de soberania para fins de exploração 
dos recursos naturais, vivos ou não vivos, de exploração e 
aproveitamento da zona para fins econômicos, como a produção 
de energia a partir da água, das correntes e dos ventos, bem como 
a jurisdição no tocante à colocação e utilização de ilhas artificiais 
(plataformas de petróleo), instalações e estruturas, investigação 
científica, marinha e proteção e preservação do meio marinho.
2. A plataforma continental - é uma planície (ou um planalto) 
submersa, que acompanha a costa de um Estado, onde a água 
pouco profunda se estende a uma distância considerável a partir 
da terra e depois da qual o leito do mar se precipita a grandes 
profundidades. São suscetíveis, em seu subsolo, de aproveitamento 
pelo homem de suas riquezas naturais. Fazem parte da soberania 
exclusiva do Estado, que a explora com exclusividade.
A exploração da plataforma continental deve visar à obtenção dos recursos que 
ela oferece de forma exclusiva ao Estado proprietário, mas sempre privilegiando 
princípios internacionais de livre navegação, de pesca, de instalação de oleodutos 
e cabos submarinos e de proteção a agentes nocivos ao mar.
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36
Capítulo 2 
Figura 2.2 – Plataforma continental
Fonte: LEPLAC (2010).
O Brasil dispõe sobre a matéria nos decretos nº 28.840/50 e nº 63.164/69. 
Na esfera internacional, a Convenção Sobre o Direito do Mar define como 
plataforma continental o leito do mar e o subsolo adjacente às costas, mas fora 
do mar territorial, até uma profundidade de 200 metros ou que possa ser feito o 
aproveitamento, e as situações análogas, adjacentes às costas das ilhas.
O alto-mar é a porção dos oceanos e mares que segue após as zonas 
econômicas exclusivas. Ele não pertence a ninguém, e o seu uso é comum a 
todos os países, tenham eles águas territoriais, ou não.
Vigora no alto-mar o princípio geral da liberdade dos mares, definido em 1958 na 
Convenção sobre o Alto-Mar, e compreende a liberdade de navegação, de pesca, 
de colocação de cabos e oleodutos submarinos e de sobrevoo.
Sobre abalroamentos nessa área, se for possível auferir a culpa, o culpado 
responde pelos danos; se isso não for possível (casos de culpa recíproca ou de 
caso fortuito), quem sofreu paga seus próprios danos. 
São regras no alto-mar a repressão geral ao tráfico de 
escravos e à pirataria, a proteção internacional dos 
cabos submarinos e a proteção às espécies transzonais ealtamente migratórias (Convenção de 1982).
Pirataria É quando 
um navio, por conta 
própria, percorre os 
mares com objetivo 
de cometer atos de 
violência e depredação.
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Direito Internacional Público 
37
O cenário da denominada “Amazônia azul”
O espaço marítimo brasileiro compreende as zonas marítimas sob jurisdição 
nacional, abrangendo as águas interiores, o mar territorial (MT), a zona contígua 
(ZC), a zona econômica exclusiva (ZEE) e a plataforma continental (PC). É, sem 
dúvida, um espaço de expressivos recursos econômicos a serem explorados e 
defendidos soberanamente pelo Brasil.
A denominada Amazônia Azul consiste, assim, na extensão, para o território 
marítimo, das riquezas e potenciais econômicos existentes na dita Amazônia 
Verde. Veja a ilustração demonstrativa abaixo:
Figura 2.3 -- Comparação entre os espaços geográficos: Amazônia continental e Amazônia azul
Fonte: LEPLAC (2010).
Desde 2004, o Brasil postula a extensão da sua Plataforma Continental Jurídica, 
junto à Comissão de Limites da Plataforma Continental da ONU, das 200 para 
as 350 milhas marítimas, conforme autorizado pela Convenção do Direito do Mar 
(Montego Bay, Jamaica, 1982), podendo ser o primeiro país no mundo a ter sua 
proposta de ampliação de limites da Plataforma Continental aceita pela ONU.
Em 2007, a ONU autorizou que o Brasil incorporasse 75% do território marítimo 
reivindicado (712 mil km2), ficando em negociação os restantes 238 mil km2.
Uma Resolução da Comissão Interministerial dos Recursos do Mar do Brasil 
(Cirm), de 2010, determina que a exploração sobre aquele espaço marítimo requer 
autorização prévia do Brasil. Veja a ilustração a seguir:
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38
Capítulo 2 
Figura 2.4 - Plataforma continental jurídica brasileira
Fonte: LEPLAC (2010).
No quadrante desses espaços reivindicados pelo Brasil junto à ONU, encontra-
se o Pré-sal, que tem colocado o nosso país em evidência na agenda de 
negociações internacionais, face ao volume estimado de 1,6 trilhão de metros 
cúbicos de gás e óleo ali existentes, o que poderia levar o Brasil a ter a quarta 
maior reserva de petróleo do mundo.
Atualmente, as reservas brasileiras de petróleo ocupam a décima quarta colocação 
no ranking, de acordo com o relatório estatístico anual da energia mundial, 
preparado pela companhia de gás e petróleo BP, que destaca, pela ordem:
Quadro 2.1 -- Maiores reservas de petróleo do mundo
PAÍS PARTICIPAÇÃO MUNDIAL (%)
RESERVAS PROVADAS 
EM 2011 (bilhões de 
barris)
Venezuela 17,9 296,5
Arábia Saudita 16,1 260,9
Canadá 10,6 175,2
Irã 09,1 151,2
Iraque 08,7 143,1
Kuwait 06,1 101,5
Emirados Árabes Unidos 05,9 097,8
continua...
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Direito Internacional Público 
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PAÍS PARTICIPAÇÃO MUNDIAL (%)
RESERVAS PROVADAS 
EM 2011 (bilhões de 
barris)
Rússia 05,3 088,2
Líbia 02,9 047,1
Nigéria 02,3 037,2
Estados Unidos 01,9 030,9
Cazaquistão 01,8 030,0
Catar 01,5 024,7
Brasil 00,9 015,1
China 00,9 014,7
Fonte: British Petroleum (2013).
Figura 2.5 -- O pré-sal e sua localização
Fonte: LEPLAC (2010).
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40
Capítulo 2 
E já que estamos falando em domínios aquíferos, não nos custa lembrar as 
reservas de água doce contidas nos aquíferos de Alter do Chão e Guarani, com 
volume d’água superior a 86 mil km2, o primeiro, e 45mil km2, o segundo. Veja 
ilustração a seguir:
Figura 2.6 -- Aquíferos Alter do Chão e Guarani
Fonte: LEPLAC (2010).
Domínio aéreo
O domínio aéreo diz respeito ao exercício da soberania no espaço aéreo acima do 
solo e do mar territorial (quando há) do Estado. Sua extensão alcança os limites 
que uma aeronave (avião) pode alcançar. Conta-se, em regra, de 20 a 25 milhas 
de altitude do nível do mar, sendo que, acima desse limite, dimensionam-se os 
espaços exterior, cósmico e sideral. No espaço aéreo e soberano do Estado, 
permitem-se explorações por motivação militar (bélica) e científica (pacífica).
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Direito Internacional Público 
41
Sobre esse domínio, foi elaborada a Convenção Internacional sobre Aviação 
Civil, em 07 de dezembro de 1944, a qual estabelece que cada Estado exerce 
soberania exclusiva sobre o espaço aéreo acima do seu território, restringida 
pela concessão, em tempo de paz, da liberdade de passagem inocente, 
para aeronaves civis. Há também as liberdades de pouso, de embarque e de 
desembarque de passageiros e mercadorias.
Os navios e aeronaves podem ser classificados em dois tipos: os civis e os 
estatais. São considerados como imóveis, por ficção jurídica, uma vez que 
possuem nacionalidade e seu interior é considerado como uma extensão 
territorial do país do qual têm a nacionalidade.
Os navios e aeronaves possuem bandeira, nome, domicílio (local onde são 
inscritos), arqueação (formato) e papéis de bordo. Entre as aeronaves, o principal 
elemento de identificação é a marca da nacionalidade (cores da pintura ou letreiro).
Mas você deve estar se perguntando, o que isso importa?
Importa, pois, tendo uma nacionalidade e sendo a extensão territorial de um país, 
as regras que valem dentro da embarcação ou do avião são as regras do seu 
Estado nacional, tendo esse poder de jurisdição sobre as situações (nascimentos, 
casamentos, óbitos, crimes, etc.) que acontecerem no recinto.
Quando o navio/avião nacional estiver no domínio territorial do Estado nacional, 
aplica-se exclusivamente a sua lei. Se os transportes estiverem em alto-mar, 
a regra de jurisdição é semelhante. Mas, se o navio/avião estiver no domínio 
territorial de outro Estado, cabem duas considerações:
1. se o transporte for civil, a jurisdição que será aplicada é a territorial, 
isto é, cabe ao Estado onde está o transporte aplicar suas normas;
2. se o transporte for estatal, não se aplica a ele o direito de livre 
navegação ou passagem inocente. Ele só adentrará no domínio 
territorial do outro Estado mediante sua autorização. E esse, 
quando o recebe, sabe que dentro dele não poderá aplicar a 
sua jurisdição, por tratar-se, justamente, de um navio ou de uma 
aeronave de representação do outro Estado. Caso aconteça alguma 
situação no interior do transporte, competirá às autoridades da 
marinha ou da aeronáutica do Estado de origem aplicar as regras de 
seu Estado nacional.
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42
Capítulo 2 
Áreas internacionais
São consideradas áreas internacionais o alto-mar, o espaço ultraterrestre, os corpos 
celestes e a Antártida (Polo Sul), uma vez que o Polo Ártico é coberto apenas de 
gelo, sendo cabíveis as regras da zona econômica exclusiva e do alto-mar.
Esses espaços são considerados patrimônio comum da humanidade, não 
podendo haver apropriação deles por parte de qualquer Estado. No caso da 
Antártida, há o Tratado da Antártida, assinado por vários países em 1959, 
cujo objetivo é o de possibilitar a utilização do território da Antártida para fins 
pacíficos, preservando e conservando os recursos vivos e proibindo explorações 
nucleares e lançamento de resíduos radioativos.
1.4 O Estado no plano pessoal
No estudo do plano pessoal do Estado, você vai conferir o conceito de 
nacionalidade e o que ele implica na relação indivíduo X Estado.
Você também vai estudar como o Brasil concede e tira a nacionalidade brasileira 
e como é o tratamento do Estado Brasileiro para brasileiros no exterior e para 
estrangeiros no território nacional.
Esta parte tem ainda um complemento relativo aos casos de crimes cometidos 
por estrangeiros em território nacional ou por brasileiros em território estrangeiro. 
Estude bem esta parte e prepare-se para suas futuras viagens internacionais!
Nacionalidade: aquisição, perda, relações do nacional quando está em 
território estrangeiro
A população do Estado soberano é o conjunto de pessoas instaladas 
em caráter permanentesobre seu território. Essa população forma a 
comunidade do país, sobre a qual o Estado exerce jurisdição territorial 
(dentro do seu território, incluindo nacionais e estrangeiros) e jurisdição 
pessoal (sobre os nacionais que estão fora do seu território).
Os nacionais são as pessoas submetidas à autoridade direta de um Estado, 
às quais se reconhecem direitos civis e políticos, e se deve proteção além das 
fronteiras. Já os estrangeiros são as pessoas que têm a nacionalidade de seu país 
de origem, mas que vivem (ou apenas se encontram) no solo de outro Estado. 
Considera-se apátrida aquele indivíduo que, por algum motivo, perdeu a sua 
nacionalidade ou não teve o direito de adquiri-la.
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Direito Internacional Público 
43
A nacionalidade é um vínculo político entre o Estado soberano e o indivíduo, 
que faz desse um membro da comunidade constitutiva da dimensão pessoal do 
Estado. A nacionalidade pode ser originária, quando decorrente do nascimento, 
ou adquirida, quando provém de uma mudança de nacionalidade.
A cada Estado incumbe legislar sobre sua própria nacionalidade, desde que 
respeitados os princípios e as regras de Direito Internacional sobre o assunto. 
Cada país, então, fixa suas regras sobre a nacionalidade, tanto para concedê-la, 
como para cancelá-la.
No tocante à aquisição da nacionalidade originária, aquela que deriva do 
nascimento, duas teorias se aplicam: a do jus soli, que determina que a 
nacionalidade seja conferida em razão do local de nascimento (direito do 
solo), não importando, nesse caso, a nacionalidade dos pais da criança; e a 
do jus sanguinis, que determina que a nacionalidade seja conferida em razão 
da nacionalidade dos pais da criança, não importando, neste caso, o local 
onde nasceu o indivíduo. Atualmente, a maior parte dos Estados adota os 
dois sistemas (ou sistema misto), no intuito de evitar que aconteçam casos de 
apatridia originária.
Na aquisição de nacionalidade derivada ou adquirida, cada país estabelece 
também as regras de concessão de naturalização, ou seja, como concederá a sua 
nacionalidade a pessoas que não nasceram no seu território e nem são filhos de 
seus nacionais.
Os sistemas legais dos países admitem a naturalização por meio de pedido, que 
ocorre mediante o preenchimento das condições que cada país estipula (decurso 
de tempo, conduta legal e moral, adaptação à língua e aos costumes locais, etc.). 
Admitem a naturalização por imposição ou por benefício de lei, como nos casos 
de anexação territorial, fusão, dissolução ou separação de Estados, e admitem 
também a concessão da nacionalidade derivada por via do casamento.
Geralmente, a aquisição de uma nova nacionalidade faz com que o indivíduo 
perca a nacionalidade de origem, devendo optar por uma delas e renunciar 
a outra. Mas, quando isso não acontece, o indivíduo passa a ter dupla 
nacionalidade. O fato de um indivíduo ter dupla nacionalidade, sejam elas 
originárias ou adquiridas, pode ser encarado como um problema para os Estados, 
uma vez que o indivíduo passa a ser súdito de dois países, devendo obrigações 
a ambos, o que pode ser um fato complicador quando, por exemplo, ambos os 
Estados se acham no direito de convocar esse nacional para compor suas forças 
de defesa em caso de guerra.
A concessão da nacionalidade de um Estado a um indivíduo traz a ele uma 
relação de direitos e deveres para com o Estado, permanecendo esse no território 
nacional, ou mesmo, quando ele se encontra em solo estrangeiro.
direito_internacional_publico.indb 43 25/09/13 12:12
44
Capítulo 2 
Lembre-se de que todo cidadão nacional deve obediência às leis de seu 
país, uma vez que o Estado exerce sobre ele o seu poder de jurisdição, 
mesmo que esteja em território alheio.
O exercício da jurisdição do Estado pode dar-se por meio do jus avocandi 
(direito de chamar de volta, avocar), quando o Estado se considera autorizado a 
chamar de volta o nacional, por motivos de ordem pública ou militar, ou quando o 
nacional pratica um crime ou delito e o Estado se julga competente para julgá-lo.
De outra forma, o indivíduo também tem direitos perante o Estado, que passa 
a ter o dever de prestar ao seu nacional, quando em território alheio, o que se 
chama de proteção diplomática, que acontece quando outro Estado deixa de 
oferecer ao nacional o mínimo de direitos, e o Estado deste passa a ter o dever de 
intervir em seu favor.
A proteção se manifesta por meio de comunicações por escrito ao Ministério das 
Relações Exteriores do outro Estado, e tem como objetivo evitar um prejuízo ao 
indivíduo, ou obter a sua reparação. Essa pode ocorrer no caso de um nacional 
estar sendo julgado no estrangeiro por um crime e o Estado não lhe oferecer o 
direito de se defender. Nesse caso, cabe ao país de sua nacionalidade intervir 
em seu favor, exigindo que o Estado onde esteja transcorrendo o processo lhe 
permita apresentar a sua defesa. Dependendo da política externa de cada país, o 
próprio Estado poderá fornecer advogado para a defesa de seu nacional.
O tratamento que o Estado deve dar aos seus nacionais não deve admitir 
distinções entre natos (nacionalidade de origem) ou naturalizados (nacionalidade 
adquirida). Mas, conforme a lei interna de cada país, poderá haver situações 
privativas para os nacionais natos.
Também, entre os Estados, poderá haver situações de benefícios mútuos para 
os nacionais de seus países. Brasil e Portugal possuem um tratado de benefícios 
(estatuto da igualdade) para os portugueses e brasileiros nos seus territórios, 
possibilitando-lhes o exercício dos direitos civis e políticos em ambos os países, 
desde que esses direitos lhes sejam conferidos nos seus Estados de origem.
No caso do tratamento da nacionalidade pelo Estado brasileiro, aplica-se o artigo 
12 da Constituição Federal. (BRASIL, 2006).
Da Nacionalidade:
Art. 12 - São brasileiros: 
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais 
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
direito_internacional_publico.indb 44 25/09/13 12:12
Direito Internacional Público 
45
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, 
desde que qualquer deles esteja a serviço da República 
Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, 
desde que sejam registrados em repartição brasileira competente 
ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, 
em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela 
nacionalidade brasileira. (Redação dada pela EC 54/2007)
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, 
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas 
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes 
na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos 
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a 
nacionalidade brasileira.
§ 1º - Aos portugueses com residência permanente no País, se 
houver reciprocidade em favor dos brasileiros, serão atribuídos 
os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta 
Constituição.
§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros 
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta 
Constituição.
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: 
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas;
VII – de Ministro de Estado e da Defesa.
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em 
virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela

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