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Ao se atender um indivíduo com sintomas psicóticos é extremamente importante realizar o diagnostico diferencial do quadro, para que se possa tratar adequadamente: ç epilepsia do lobo temporal, tumor, AVC, transtornos endócrinos/metabólicos (porfirias), infecções, doença autoimune e quadros tóxicos. estimulantes (anfetamina, cocaína), alucinógeno (fenciclidina), anticolinérgicos (alcaloides de beladona), delirium por abstinência de álcool, delirium por abstinência de barbitúrico. ç esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo, transtorno psicóticos de humor, reação psicótica breve, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, transtorno psicótico induzido, transtorno de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de personalidade, transtorno factício e simulação. Na forma paranoide em episódios agudos, pode levar a comportamento agitado ou agressivo como reação à presença de um delírio persecutório autorreferente ou alucinações auditivas de comando. Na forma catatônica, pode apresentar episódio de agitação extrema e comportamento destrutivo (“furor catatônico”), após período de estupor catatônico que é característico dessa doença. Episódio esquizofrênico agudo (forma não definida) pode cursar com muita ansiedade, inquietação, desorganização do pensamento e alucinações auditivas e visuais. Algumas psicoses reativas, de etiologia predominantemente psicogênica, podem apresentar ansiedade intensa, desorganização do pensamento, alucinações múltiplas, delírios paranoides, hiperexcitação e irritabilidade, geralmente de início abrupto após um evento de vida estressante. Fase maníaca do transtorno afetivo bipolar - Cursando com hiperatividade motora, hiperexcitação e hipervigilância, exaltação, delírios de grandeza ou ainda irritabilidade intensa, agressividade não dirigida e desorganização global do comportamento. Alguns quadros de depressão psicótica apresentam ansiedade intensa, inquietação ou humor instável (disforia). Questões fundamentais devem preceder o início do tratamento: ⤷Avaliação do risco de suicídio, perguntando abertamente e quantificando; ⤷Exclusão da possibilidade do quadro psiquiátrico ser sintoma de outra doença ou de uso de medicamentos ou substâncias - neste caso, otimizar o tratamento da doença médica associada, reavaliar o paciente e tratar depressão se está ainda estiver presente; ⤷Avaliação da história psiquiátrica prévia, suspeita de episódio maníaco/ hipomaníaco, inclusive na família (p. ex., euforia, gastos excessivos, irritabilidade intensa, ideias de grandeza). As metas do tratamento específico são: ⤷ Engajar o paciente e a família, desde o início, numa relação de trabalho colaborativo, de confiança e de cuidado; ⤷ Prevenir danos; ⤷ Controlar distúrbios de comportamento; ⤷ Suprimir sintomas; ⤷ Determinar e dar atenção aos fatores que levaram à ocorrência do episódio agudo; ⤷ Realizar um retorno rápido ao melhor nível de funcionamento prévio; ⤷ Atenção especial à presença de ideação, intenção ou planejamento suicida e à presença de alucinações imperativas; ⤷ Informar a família e ao paciente, considerando a capacidade deste de assimilar a informação, sobre a natureza e o manejo terapêutico da doença, inclusive sobre os benefícios e efeitos colaterais dos medicamentos O controle efetivo da agressão e da agressividade pode ser frequentemente alcançado por meio de abordagens comportamentais, do estabelecimento de limites e da escuta persuasiva: ⤷ Conduzir a um ambiente de privacidade e segurança; ⤷Desde o início reafirmar que a equipe está apenas para cuidar; ⤷ Deixar o paciente falar abertamente; ⤷ Não são adequadas atitudes de comando, desafio, raiva ou agressividade; ⤷ Afastar pessoas ou objetos que desencadeiam reações agressivas por parte do paciente. Contenção física deve ser usada exclusivamente quando houver necessidade de proteger o paciente, a equipe e outras pessoas presentes, permitindo a avaliação clínica. Faz-se necessária quando a abordagem verbal não for suficiente ou quando o paciente persiste em atitude agressiva e resistente ao tratamento. Deve ser realizada pela equipe do serviço, previamente treinada, que realizará a contenção no leito de observação de forma que permita as avaliações clínicas, medidas de higiene, alimentação e medicação. Deve durar um tempo limitado (máximo de doze horas) e exige reavaliações pelo menos de hora em hora. Quando se obtiver a tranquilização deve-se suspender a contenção. Nos quadros de urgência com sintomatologia ansiosa, deve-se investigar outras etiologias orgânicas na presença de sintomas atípicos como perda de consciência, alteração da marcha, liberação de esfíncteres, fala pastosa, cefaleia; mesmo quando o paciente preencha os demais critérios para transtornos ansiosos, o início após 45 anos de idade (pela epidemiologia, idade menos frequente de início de um transtorno ansioso) deve sinalizar a necessidade de pesquisar mais intensamente. Deve ser descartada ansiedade induzida por fármacos, na intoxicação ou abstinência de drogas ou psicotrópicos. Inúmeras doenças cardíacas podem mimetizar sintomas ansiosos, entre elas arritmias, taquicardia supraventricular (atrial ou nodal), angina pectoris e infarto do miocárdio. O hipertireodismo pode provocar crises de ansiedade, taquicardia e sudorese, sendo sugerido dosagens de T3, T4 livre e TSH numa avaliação inicial. O hiperparatireoidismo, menos frequentemente, pode se manifestar com crises de ansiedade, sendo necessária a dosagem sérica de cálcio. Os feocromocitomas, embora raros, devem ser lembrados no diagnóstico diferencial, principalmente quando as crises se associam a cefaleia severa e hipertensão. O exame físico é geralmente suficiente para descartar a ocorrência de crise asmática ou doença pulmonar obstrutiva. ⤷ Quadros de ansiedade generalizada - Podem apresentar episódios de exacerbação da ansiedade, inquietação motora, gemidos incessantes, queixas somáticas, irritabilidade. ⤷ Ataques de pânico - Episódio súbito e intenso de ansiedade com sintomas físicos (tremores, taquicardia, dor torácica, sensação de falta de ar ou sufocamento, parestesias) associados a medo de morrer, desmaiar ou perder o controle. ⤷ Luto - Vítimas de violência, ou reação não adaptativa a um ou mais fatores de estresse psicossocial identificáveis. ⤷ Transtorno conversivo - Situação em que se verifica uma alteração funcional na motricidade e/ou sensibilidade do paciente sem que haja um comprometimento anatômico que a justifique e sem que haja voluntariedade do paciente na produção dos sintomas. Geralmente mimetizam crises convulsivas tipo grande-mal, com queda ao chão e hiperatividade motora com grande dramaticidade. Podem se acompanhar de gritos ou gemidos. Não apresentam os sinais neurológicos característicos das crises epilépticas. ⤷ Transtorno dissociativo - Perturbações de funções neurológicas (consciência, memória, identidade, percepção do ambiente) na ausência de patologia orgânica. (Ex.: amnésia dissociativa, fuga dissociativa). Perguntar ao paciente sobre ideação suicida não induz ao suicídio, e pode tranquilizá-lo, por perceber que pode falar abertamente de todos os aspectos de sua condição. Todos os pacientes com depressão, unipolar ou bipolar, moderada a grave, além dos episódios mistos, devem ser perguntados aberta e especificamente sobre ideação, planos e tentativas de suicídio. Idosos têm alto risco de suicídio, e solidão é o principal motivo relatado para considerar suicídio. Aqueles com perdas recentes, principalmente de cônjuge, e doenças médicas limitantes e incapacitantes devem ser rastreados ativamente para depressão e suicídio. ç ç ⤷ Avaliar presença de ideação, intenção ou plano suicida; ⤷ Acesso a meios para efetuar o suicídio e a letalidadedesses meios; ⤷ Tentativas prévias e a gravidade dos intentos; ⤷ Avaliar potenciais comportamentos de auto ou hetero agressão, incluindo autonegligência. ⤷ A desesperança significativa é a principal dimensão psicológica associada ao suicídio. ⤷ A impulsividade e agressividade podem ser as principais características que compõem o comportamento suicida. ⤷ Presença de abuso de álcool ou outras substâncias. ⤷ Aderência ao tratamento ambulatorial. ⤷ Frequentes recaídas, pobre controle sintomático, contínuo prejuízo funcional ou comorbidade com transtornos ansiosos. ⤷ Sintomas psicóticos, alucinações de comando ou ansiedade severa. Exacerbação aguda dos sintomas de episódio maníaco ou depressivo grave. ⤷ História familiar de ou exposição recente a suicídio. ⤷ Presença ou ausência de suporte familiar/social.
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