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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS E FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO E-book 3 Maurício Tintori Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 OS PRIMÓRDIOS DA SOCIOLOGIA �������4 AS TEORIAS SOCIOLÓGICAS CLÁSSICAS ���������������������������������������������������13 O Funcionalismo ��������������������������������������������������� 13 O MÉTODO COMPREENSIVO ���������������20 MATERIALISMO HISTÓRICO- DIALÉTICO ��������������������������������������������������27 CONSIDERAÇÕES FINAIS ���������������������� 35 SÍNTESE �������������������������������������������������������37 2 INTRODUÇÃO Nesta unidade, falaremos mais sobre a Sociologia, tratando, mais especificamente, de suas origens, objeto de estudo, as teorias clássicas (funcionalismo, método compreensivo e materialismo histórico dia- lético), as abordagens contemporâneas da disciplina e a sua relação com as demais ciências humanas� A compreensão desse tema é essencial para entender a relação entre a educação e o contexto social na qual ela está inserida, algo essencial para o profissional da educação e da pedagogia na atualidade� 3 OS PRIMÓRDIOS DA SOCIOLOGIA Reflexões sobre a sociedade são tão antigas quan- to o próprio homem� Entretanto, o surgimento de uma disciplina específica, de caráter científico e com o objetivo de compreender os fenômenos sociais ocorreu apenas no século 19� Para entendermos as origens da Sociologia é importante compreender- mos um contexto histórico marcado por intensas transformações econômicas, sociais e políticas que marcou o continente europeu a partir da segunda metade do século 18, pois foram estas mudanças que estimularam alguns intelectuais a analisarem as motivações de tal quadro de instabilidade vivenciado naquele momento� Como ponto de partida, destacamos a emergência do movimento filosófico que marcou aquele período, co- nhecido como Iluminismo� Tendo como principal cen- tro a França, mas tendo importantes contribuições filosóficas de outros países da Europa Ocidental, como a Grã-Bretanha e a Prússia (Estado que origi- nou a Alemanha), o movimento iluminista defendia a necessidade de se construir um conhecimento ló- gico-racional por meio de um rigor científico, capaz de impulsionar o progresso e, assim, proporcionar a felicidade para todos os seres humanos� Foi com o Iluminismo que a ciência moderna, cujos primórdios podem ser identificados no Renascimento cultural, 4 adquiriu suas características atuais, passando a ser o tipo de conhecimento mais reconhecido e valo- rizado socialmente. Ao mesmo tempo, os valores iluministas tornaram-se base ideológica da burguesia ascendente, que estava conquistando o poder eco- nômico e desejava que isto fosse refletido na esfera política, desafiando o chamando Antigo Regime, o absolutismo, no qual o rei monopolizava o poder político, apoiado pelas classes dominantes da época, a nobreza e o alto clero, que justificavam tal ordem por meio de um argumento religioso: O mundo seria assim devido à vontade divina� E os ideais iluministas contestavam tal ordem� Alguns pensadores iluministas podem ser conside- rados precursores do pensamento sociológico, pois buscavam explicações racionais e realistas sobre os acontecimentos que marcavam a vida social� Temas como a liberdade, a moral, as leis, os direitos, os deveres, a autoridade do Estado e a desigualdade social atraíram a atenção de filósofos como o inglês John Locke (1632-1704) e os franceses Barão de Montesquieu (1689-1755) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)� Locke foi o precursor do liberalismo, defendendo a iniciativa privada e propondo limites ao poder do Estado e daqueles que o governam� Na mesma linha, Montesquieu defendia que o poder absoluto do rei poderia ser limitado por meio da ins- tituição dos três poderes: o Executivo (o soberano que administra o Estado), o Legislativo (o parlamen- to, que estabelece as leis) e o Judiciário (que julga e fiscaliza o cumprimento das leis). Por fim, Jean- 5 Jacques Rousseau foi um dos primeiros filósofos a refletir sobre a desigualdade social, questionando a existência da propriedade privada� Figura 1: John Locke. Fonte: Wikimedia. A valorização do conhecimento científico foi im- portante para o avanço tecnológico que estimulou um processo histórico que chamou a atenção de diversos pensadores, sendo importante para o sur- gimento da Sociologia� A Revolução Industrial foi impulsionada por diversas inovações tecnológicas introduzidas inicialmente na Grã-Bretanha, como a lançadeira (inventada por John Kay, em 1733), o tear mecânico (outra criação de Kay, em conjunto com Lewis Paul, em 1738), a máquina a vapor (símbolo 6 https://commons.wikimedia.org/wiki/File:John_Locke_by_Michael_Dahl.jpg da Revolução Industrial, criada por James Watt entre os anos de 1761 e 1768), que aumentaram a capa- cidade de produção das manufaturas têxteis britâ- nicas, permitindo que a Grã-Bretanha conquistasse o monopólio mundial do comércio de tecidos e se tornasse a nação mais rica e poderosa da época� No decorrer do século 19, os avanços da indústria têxtil se espalharam para outros ramos da produção, impulsionando o capitalismo industrial pelo planeta� A Revolução Industrial desestruturou a antiga ordem social europeia, abalando os fundamentos do modo de produção feudal e instituindo uma nova sociedade a partir da divisão social do trabalho industrial, da qual emergiu a burguesia como classe dominante, pois detinha a propriedade dos meios de produção, e o proletariado, a maioria de origem camponesa que, por sua vez, passava por um processo de expulsão das antigas terras comunais que passavam a ser propriedade privada e encontrou na cidade e nas fábricas o local onde poderia vender a sua força de trabalho para sobreviver� Podcast 1 7 https://famonline.instructure.com/files/118632/download?download_frd=1 Figura 2: Revolução Industrial. Fonte: Wikipedia. Outro acontecimento histórico importante que mar- cou o surgimento da Sociologia foi a Revolução Francesa (1789-1799) e o quadro de contradição e tensão social vivenciados na França nas primeiras décadas do século 19� Um contexto marcado pela queda do Antigo Regime e da sociedade estamental que impunha a dominação da nobreza e do alto cle- ro da Igreja Católica sobre o restante da população (denominada na época de Terceiro Estado) e pela emergência da sociedade capitalista, com a burgue- sia consolidando o seu poderio político e econômico na França e em boa parte da Europa Ocidental graças ao império francês construído a partir das conquistas militares do governo de Napoleão Bonaparte (1799- 1815). Nesse contexto, com o início da industrializa- ção na França, assim como na Grã-Bretanha, surgiu um proletariado que, devido à intensa exploração que sofria nas fábricas, começou a se mobilizar politicamente, elaborando suas próprias pautas de 8 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:BASF_Werk_Ludwigshafen_1881.JPG reivindicação e constituindo os seus próprios movi- mentos sociais, o que acabou ganhando expressão no decorrer da Revolução de 1848� Não por acaso, este contexto estimulou vários intelectuais a tenta- rem compreender os problemas existentes na socie- dade e proporem soluções para eles. O surgimento da Sociologia está intrinsecamente relacionado a tal processo� Figura 3: Revolução Francesa. Fonte: Wikipedia. REFLITA A desigualdade social é uma das principais te- máticas da sociologia desde os seus primórdios como disciplina científica. Observando a reali- dade social brasileira, marcada pela gigantesca desigualdade social, é possível reconhecer a im- 9 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Eug%C3%A8ne_Delacroix_-_La_libert%C3%A9_guidant_le_peuple.jpg portância da Sociologia não apenas para analisar as suas causas, mas para propor caminhos de sua diminuição e superação? Por que diversos governos, em suas políticas voltadas para a edu- cação e produção científica, não valorizam tantoa Sociologia? Anteriormente, estudamos o surgimento e as princi- pais características do Positivismo. A teoria filosófica fundada por Augusto Comte (1798-1857), a partir do pensamento de Saint-Simon (1760-1825), tem uma relação direta com a Sociologia� Isto porque o termo originou-se de uma das obras de Comte, Curso de Filosofia Positiva, dividida originalmente em seis volumes e publicada entre os anos de 1830 e 1842. Nessa obra, o fundador do positivismo define a Sociologia como uma ciência que estuda os fenôme- nos sociais, considerando ela, em comparação com as demais ciências, a mais profunda e complexa� Cristina Costa (2010, p. 30) define da seguinte forma as principais características da sociologia positivista proposta por Comte: A filosofia social positivista se inspirava no mé- todo de investigação das ciências da natureza, assim como procurava identificar na vida social as mesmas relações e princípios com os quais os cientistas explicavam a vida natural. A própria sociedade foi concebida como um organismo constituído por partes integradas e coesas, que funcionavam harmonicamente, segundo um modelo físico ou mecânico [...]. 10 A sociologia positivista propõe estudar e analisar a sociedade utilizando os mesmos métodos científicos utilizados nas Ciências Naturais e Exatas. Assim, ca- beria ao sociólogo investigar as leis que norteariam o funcionamento da sociedade, concebida como um grande organismo vivo, cujas partes deveriam estar em bom funcionamento para que fosse man- tida a sua existência� E o pleno funcionamento do organismo social era essencial para que a sociedade progredisse em ordem� Figura 4: Augusto Comte. Fonte: Wikipedia. Apesar de tais propostas, a sociologia de cunho po- sitivista comteana ainda manteve-se presa em refle- 11 https://es.wikipedia.org/wiki/Archivo:Auguste_Comte_monument_in_Paris.jpg xões filosóficas e especulativas. Apenas nas últimas décadas do século 19 que as análises sociológicas nos pressupostos positivistas vão realmente adquirir uma metodologia científica, com análises basea- das a partir da observação da realidade e com uma maior sistematização teórica e metodológica. Para tal processo, foi importante a contribuição de Émile Durkheim, como analisaremos a seguir� FIQUE ATENTO Apesar do materialismo histórico-dialético ter sido contemporâneo do positivismo, no século 19, o segundo é considerado como a base da constituição da Sociologia como uma disciplina científica. Isso decorre de dois aspectos funda- mentais: 1- o nome e o conceito de Sociologia como disciplina científica que analisa os fenôme- nos sociais surgiu no interior da filosofia positi- vista; 2- Émile Durkheim, responsável por estabe- lecer as primeiras metodologias de pesquisa e análise científica da Sociologia, era um represen- tante da concepção teórica positivista, da qual permaneceu vinculado na maior parte de sua tra- jetória acadêmica e científica. 12 AS TEORIAS SOCIOLÓGICAS CLÁSSICAS O Funcionalismo Émile Durkheim (1858-1917) foi o responsável por introduzir a Sociologia nas universidades francesas nas últimas décadas do século 19, passando a ser uma disciplina formadora de profissionais aptos a realizarem pesquisas científicas sobre a realidade social� Para fundamentar a Sociologia como ciência, Durkheim escreveu As regras sobre o método socio- lógico, publicado em 1895, obra na qual estabelece a metodologia de pesquisa e análise sociológica, além de delimitar fronteiras entre a Sociologia e as demais ciências� Foi neste trabalho que Durkheim estabeleceu, como objeto de estudo da Sociologia, os fatos sociais, definidos por ele como as “maneiras de fazer e pensar, reconhecíveis pela particularidade de serem suscetíveis de exercer influência coercitiva sobre as consciências particulares”� (DURKHEIM apud QUINTANEIRO, 2010, pp� 68-69)� 13 Figura 5: Émile Durkheim. Fonte: Wikipedia. Para Durkheim, os fatos sociais correspondem às estruturas existentes na sociedade, que independem da vontade individual e exercem uma influência de natureza coercitiva sobre as pessoas, que se veem obrigadas a seguir determinados padrões sociais para poderem conviver na sociedade� Os fatos so- ciais, segundo Durkheim, seriam coercitivos, pois coagem as pessoas a se adequarem a eles; exterio- res, porque acontecem independente da vontade do indivíduo e, portanto, sem ter a possibilidade dele influenciá-los; e gerais, porque estão presentes em todas as sociedades humanas� Os fatos sociais existem independentemente se es- tão previstos em alguma lei institucional, pois seu 14 https://en.m.wikipedia.org/wiki/File:Emile_Durkheim.jpg poder coercitivo manifesta-se no cotidiano das pes- soas� Segundo Durkheim: Se não me submeto às convenções munda- nas; se, ao me vestir, não levo em considera- ção os usos seguidos em meu país e na mi- nha classe, o riso que provoco, o afastamento em que os outros me conservam, produzem, embora de maneira mais atenuada, os mes- mos efeitos que uma pena propriamente dita. (DURKHEIM apud COSTA, 2010, p. 39) REFLITA Na escola, os casos de bullying, principalmente entre adolescentes, são recorrentes, sendo víti- mas aqueles que não se adéquam às modas e comportamentos seguidos pela maioria. A refle- xão de Durkheim sobre os fatos sociais pode ser útil para a compreensão desse fenômeno tão re- corrente na sociedade atual? 15 Figura 6: Bullying. Fonte: Freepik. O funcionalismo de Durkheim herdou do positivismo a ideia de que o cientista deve manter a distância e a neutralidade em relação ao seu objeto de estudo� Apenas dessa forma seria possível construir um co- nhecimento científico sobre a sociedade. Adotando a mesma postura das Ciências Exatas e Naturais, o sociólogo deveria apenas descrever a realidade ob- servada e representada por meio das diversas fontes de pesquisa disponíveis, evitando emitir opiniões pessoais que distorceriam a análise� Em suma, a construção do conhecimento sociológico deve ser objetiva, desprovida de qualquer paixão ou ideia pre- concebida sobre o tema pesquisado� Para Durkheim, o principal objetivo da Sociologia era explicar o funcionamento da sociedade e indicar soluções para os problemas sociais existentes. O sociólogo francês concebia a sociedade como um organismo vivo, cujos órgãos deveriam estar sadios 16 https://br.freepik.com/fotos-gratis/criancas-abusar-pequeno-desesperado-menina_2533020.htm#page=1&query=bullying&position=19 para a sua boa manutenção� Caso contrário, a so- ciedade poderia entrar em um estado de anomia, ou seja, de doença, cujos sintomas indicam o mau funcionamento do sistema� FIQUE ATENTO Émile Durkheim considerava que uma anomia social poderia ser compreendida como um fenô- meno normal, desde que seja geral (ou seja, que possa ocorrer em todas as sociedades) e tenha uma função social� O crime pode ser um exemplo disso, pois pode ser considerado um fato normal porque é geral e tem como função social delimi- tar aqueles que cumprem ou não cumprem as leis em uma determinada sociedade� Mas, é im- portante ressaltar que, dentro desse entendimen- to, isso não significa que atos criminosos devem ser aceitos e banalizados na sociedade, mas sim torná-los um objeto de estudo sociológico, cujas conclusões poderão auxiliar as instituições em sua prevenção e punição� 17 Figura 7: Criminoso algemado. Fonte: Wikipedia. Outro aspecto importante da metodologia funcio- nalista é o estudo comparativo entre sociedades� Denominada de morfologia social, esta corresponde à classificação dos diversos tipos de sociedade em formas mais simples (como as tribos e os clãs) até as mais complexas (as sociedades industriais)� Foi por meio desse processo que Durkheim identificou dois tipos de solidariedade entre os homens, estabe- lecidas por meio da divisão social do trabalho, sendo elas: • Solidariedade Mecânica: predominava nas socieda- des pré-capitalistas, nas quais a identidade social era estabelecida a partirde um conjunto de instituições como a família, a religião, a tradição e os costumes; • Solidariedade Orgânica: típica da sociedade capi- talista, ela é caracterizada pela intensa divisão social do trabalho que torna os indivíduos mais interdepen- dentes entre si, permitindo assim a coesão social� Cabe ressaltar que a divisão social do trabalho em Durkheim é entendida de forma diferente daquele 18 https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a9/An_Airman%27s_hands_are_secured_behind_his_back_with_handcuffs_during_a_riot_control_procedures_drill_DF-ST-87-11855.jpg preconizada nas análises de Karl Marx. Se para o pensador alemão, fundador do materialismo histórico dialético, a divisão social do trabalho é considera- da um fator preponderante para o estabelecimento da desigualdade social na sociedade capitalista e, por isso, um aspecto fomentador da luta de classes, Durkheim a vê como um fator que estimula a coesão social, pois é a partir dela que se estabelece a solida- riedade orgânica entre os diferentes grupos sociais que formam uma determinada sociedade� SAIBA MAIS Émile Durkheim foi responsável por introduzir a Sociologia nas universidades francesas, tor- nando-a uma disciplina acadêmica� Suas obras foram marcadas por discutirem o objeto de es- tudo sociológico, a metodologia apropriada para a construção do conhecimento científico sobre a sociedade e os aspectos que distinguem a Sociologia das demais disciplinas das Ciências Sociais� Entre as suas principais obras estão Da divisão do trabalho social (1893), As regras do método sociológico (1895) e O Suicídio (1897)� Em 1902, reuniu na Universidade de Sorbonne um grupo de sociólogos (entre eles seu sobrinho e principal discípulo, Marcel Mauss) que ficou co- nhecido como Escola Sociológica Francesa� 19 O MÉTODO COMPREENSIVO Enquanto o funcionalismo considerava os fatos sociais como impositivos e universais, verdadeiras leis que determinariam a realidade social, o método compreensivo propõe outra metodologia de pesquisa e análise da realidade social� Tal método entende que os fenômenos sociais possuem as suas par- ticularidades, cujo significado varia de sociedade para sociedade� Por isso, estes só podem ser com- preendidos pelo sociólogo por meio de métodos de análise e pesquisa específicos das Ciências Sociais, diferentes dos utilizados pelas Ciências Naturais. O método compreensivo é um desdobramento do relativismo alemão, que conquista espaço no meio acadêmico germânico entre as últimas décadas do século 19 e início do século 20, tendo como principal representante o sociólogo Max Weber (1864-1920)� O pensamento weberiano emerge em um contexto marcado pela tardia unificação da Alemanha como Estado-nação (1871), seguida de um rápido processo de industrialização que permitiu ao país tornar-se a segunda potência industrial mundial, com o poten- cial de rivalizar com a Grã-Bretanha. Entretanto, tal modernização econômica não significou mudanças na política alemã, ainda dominada pela aristocracia rural conservadora (os junkers), algo que chamou 20 a atenção de Weber, sendo um de seus objetos de pesquisa� Diferentemente de Durkheim, Weber considera ser possível o sociólogo ser subjetivo em sua análise sobre um fenômeno social, sem que isso significasse um prejuízo para a objetividade da pesquisa científi- ca� Para isso acontecer, caberia ao sociólogo incor- porar conscientemente os seus valores à pesquisa, processo denominado pelo sociólogo alemão de “esquemas de explicação condicional”, um conjunto de procedimentos metodológicos composto pela delimitação da temática a ser pesquisada, seleção das fontes, elaboração das hipóteses, etc� Segundo Barbosa e Quintaneiro (2010, p. 109), “o ponto es- sencial a ser salientado é que o próprio cientista é quem atribui aos aspectos do real e da história que examina uma ordem por meio da qual procura esta- belecer uma relação causal entre certos fenômenos”� FIQUE ATENTO Max Weber opunha-se a escola positivista das Ci- ências Sociais. Suas influências intelectuais eram outras, mais precisamente as escolas filosóficas alemãs dos séculos 18 e 19, tendo como princi- pal referência Immanuel Kant� Embora adepto do liberalismo político e econômico, Weber foi in- fluenciado por Karl Marx, principalmente em suas análises sobre o desenvolvimento do capitalismo e as relações entre as classes sociais. Outra in- fluência de Weber foi o filósofo Friedrich Nietzs- 21 che (1844-1900), do qual herdou a convicção de que a vontade individual pode transformar a rea- lidade social� Já da escola historicista alemã de Wilhelm Dilthey (1833-1911), Weber assimilou a percepção de que a construção de sentido de um fenômeno social ocorre por meio da análise do contexto histórico no qual ele está inserido� O método compreensivo weberiano tem algumas características principais: Historicismo: é a concepção de que cada sociedade é particular e única, cuja realidade é determinada a partir de um processo histórico ininterrupto, no qual a sociedade e a ação dos indivíduos podem interferir, mantendo ou transformando a configuração de um determinado fenômeno social� Para Max Weber, é a partir do estudo da História que é possível identificar as diferenças sociais, e isso exigiria do sociólogo um esforço para interpretar as fontes de pesquisa dis- poníveis� Além disso, a História seria um processo, e não uma sucessão evolutiva de fatos que levariam a sociedade ao progresso, como acreditavam os posi- tivistas. Segundo Costa (2010, p. 50), “Weber descar- tava, em suas análises históricas, todo determinismo e a ideia de uma sucessão necessária de estágios pelos quais passariam todas as sociedades”� Ação Social: corresponde a conduta humana sub- jetiva, racional, cuja ação geralmente provoca uma reação de outro indivíduo� Para Costa (2010, p� 51), “Na teoria weberiana, ao se estabelecer a conexão entre motivo e ação, o homem enquanto agente so- 22 cial ganha sentido e relevância”� Para o sociólogo alemão, existiriam três tipos de ação social: 1. Tradicional: é a ação motivada pelo costume fa- miliar, comunitário, herdado de geração para gera- ção e muitas vezes interpretado como uma atitude “natural”, espontânea. A ação social tradicional pode gerar a dominação tradicional, cuja maior expressão é o patriarcalismo, no qual o poder é exercido pelo “chefe da família”, geralmente a figura paterna. 2. Racional: são as atitudes planejadas� Para Weber, as ações racionais podem ser divididas em dois tipos: • orientada por valores: é aquela na qual o indivíduo planeja uma ação visando defender alguma causa política, social ou moral; • orientada para fins: é quando o indivíduo faz um planejamento visando conquistar um objetivo específico. Para Weber, a racionalidade é uma das principais características da sociedade capitalista industrial� Esta corresponde a um conjunto de ações planejadas cujo objetivo é alcançar uma determinada meta ou finalidade. Assim, nas relações sociais existentes na sociedade contemporânea, a ética e a religião são relegadas para um segundo plano, prevalecendo os interesses particulares visando ganhos materiais e, assim, concretizando o que denominava de desen- cantamento do mundo� 23 Nesse contexto, a racionalidade estabeleceu um novo tipo de dominação, cuja base é o aparato burocrático do Estado� Por meio dele, segundo Weber, é imposta a sociedade dois tipos de dominação que se comple- mentam: a coercitiva (baseada no monopólio legítimo do emprego de atos violentos visando a manutenção da ordem, como é o caso da repressão policial), e a legal (baseada nas leis, onde o Estado consegue impor a dominação consentida por meio das leis, às quais o cidadão deve obedecer)� Figura 8: A Violência Legítima do Estado. Fonte: Unsplash. Além das dominações tradicional e racional-buro- crática, Weber destaca a existência da dominação carismática, na qual a forte personalidade de um líder demagogo é capazde atrair milhares (e até milhões) de seguidores devido às suas qualidades pessoais, estabelecendo uma relação de poder sobre elas� 24 https://unsplash.com/photos/k4ryXO80LoI 3. Mentalidades coletivas: em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, considerado o seu principal trabalho, Max Weber, foi um dos pioneiros do que é chamado de “estudo das mentalidades”, que, segun- do a tradição da filosofia idealista alemã, considera que a cultura, as crenças e as ideias são os verda- deiros impulsionadores da transformação histórica� Nesta obra, Weber defende a ideia de que a visão de mundo dos calvinistas (uma das principais seitas surgidas no movimento da Reforma Protestante), cujos principais aspectos eram a valorização do trabalho como atividade humana e a racionalização das atividades profissionais visando o lucro, impul- sionou o desenvolvimento do capitalismo na Europa e na América do Norte a partir do século 17� 4. Tipos Ideais: corresponde às construções abstra- tas de modelos feitas pelo sociólogo, com o objetivo de compreender e explicar determinados fenômenos sociais� Entretanto, o pesquisador deve ter a plena consciência da impossibilidade de existir concreta- mente um “tipo ideal”, pois este serve apenas para efeito de análise da sociedade� Exemplo: as carac- terísticas comuns de uma família servem como um esboço para delimitar um tipo ideal dela em uma determinada sociedade� Entretanto, o sociólogo não deve se iludir com tal modelo, considerando a exis- tência de diversos tipos de família� 25 SAIBA MAIS Max Weber é considerado o fundador do método compreensivo� Contribuiu para a consolidação da Sociologia como uma ciência por meio de obras como A Ética Protestante e o Espírito do Capitalis- mo (1904), Economia e Sociedade (1910), Sobre algumas categorias da Sociologia Compreensiva (1913) e A Ciência como vocação (1917)� Figura 9: Max Weber. Fonte: Wikipedia. 26 https://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber#/media/Ficheiro:Max_Weber_1894.jpg MATERIALISMO HISTÓRICO-DIALÉTICO Enquanto a Sociologia surgiu inicialmente como uma disciplina do pensamento filosófico positivis- ta, desenvolveu-se quase que simultaneamente uma outra forma de analisar a realidade social� Entretanto, enquanto o positivismo saudava a emergente socie- dade capitalista industrial moderna, o materialismo histórico-dialético problematizava e questionava a nova ordem social que emergia no decorrer do sé- culo 19� Os teóricos fundadores do materialismo histórico- -dialético foram os alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), influenciados pela filo- sofia dialética do compatriota Georg-Friedrich Hegel (1770-1831), que concebia a história não como uma linha evolutiva progressista e linear, como defendiam os positivistas e os evolucionistas, mas sim como um processo que envolve diversas áreas da sociedade (religião, cultura, economia), cujo movimento ocorre a partir das contradições entre as diferentes ideias e ideais existentes na humanidade� Tal processo, dialético, ocorreria em três fases: 1. tese: a ideia ou o conjunto de ideias e crenças predominantes em uma sociedade; 2. antítese: a oposição à ideia ou conjunto de ideias opostas àquelas que predominam em uma sociedade; 27 3. síntese: o resultado da relação entre tese e an- títese, resultando dela uma nova tese, que poste- riormente estimularia uma antítese a ela, e assim sucessivamente� Marx e Engels partiriam dessa concepção hegeliana para a sua metodologia de análise sobre a história e a sociedade, mas ao invés de observarem tal processo a partir do campo das ideias (ou seja, da abstração), colocaram como ponto inicial e principal do proces- so a análise da própria realidade social (a matéria), daí o nome materialismo histórico dialético para o método proposto� Uma realidade social que incomodava Marx e Engels, pois era marcada pela intensificação da desigualdade social, decorrente das relações de trabalho existen- tes no modo de produção capitalista em sua fase industrial, na qual se consolida a burguesia como classe dominante a partir da exploração do trabalho do proletariado nas fábricas, cenário iniciado com a Revolução Industrial, como vimos anteriormente� A Revolução de 1848, na França, teve intensa participa- ção dos movimentos sociais da classe operária, que contaram com a intensa colaboração dos criadores do materialismo histórico-dialético, que defendiam a ideia de que os filósofos não deveriam apenas refletir sobre a sociedade, mas sim atuarem em prol de sua transformação revolucionária, processo denominado por eles de práxis� Podcast 2 28 https://famonline.instructure.com/files/118633/download?download_frd=1 Outras influências teóricas de Marx e Engels foram o socialismo utópico (as primeiras teses socialis- tas, consideradas utópicas por não contarem com rigorosidade científica para as suas elaborações) de autores como os franceses Saint-Simon (o fundador da fisiologia social que antecedeu ao positivismo) e François-Charles Fourier (1772-1837), além do inglês Robert Owen (1771-1858), além das considerações fi- losóficas do iluminista suíço Jean-Jacques Rousseau sobre a desigualdade social, além da leitura crítica dos economistas clássicos britânicos Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823)� O materialismo histórico dialético parte da ideia de que toda e qualquer mudança social tem base na realidade material humana, cuja sociabilidade é definida a partir do modo de produção, isto é, a for- ma como uma sociedade se organiza para produzir aquilo de que necessita para sobreviver, extraindo seus recursos a partir da natureza. Tal processo seria realizado a partir do trabalho, atividade necessária para o homem, como indivíduo, e a sociedade, como um grupo de homens e mulheres, garantir sua so- brevivência em uma natureza inóspita e com recur- sos escassos� Um modo de produção é constituído pelas forças produtivas (mão de obra, ferramentas, técnicas, etc�), necessárias para os seres humanos produzirem tais recursos, e pelas relações de pro- dução, determinadas a partir da divisão social do trabalho. Esta, por sua vez, delimita a sociedade em diversas classes sociais, cuja relação é marcada pela exploração de uma classe sobre as outras, sendo 29 tal processo denominado por Marx e Engels de luta de classes. Segundo Marx e Engels (2010, p. 40), “a história de todas as sociedades até hoje existentes é a história da luta de classes”� FIQUE ATENTO Para Marx, o modo de produção corresponde à base ou estrutura de uma sociedade, pois esta se torna o fundamento de todas as instituições po- líticas e sociais existentes, incluindo a religião, a família e a cultura que, por sua vez, constituiriam a superestrutura de uma sociedade� Segundo o materialismo histórico, no decorrer da história da humanidade tivemos diversos modos de produção, sendo eles os seguintes: • sistema comunal primitivo: corresponde às so- ciedades tribais nômades, caçadoras, coletoras de raízes ou que recém haviam descoberto a agricultura. Aqui, não existe uma grande divisão social do traba- lho e tampouco uma desigualdade social; • modo de produção asiático: sociedades nas quais se estabelecem um Estado teocrático, no qual os trabalhadores são convocados esporadicamente pelos sacerdotes ou pelo imperador (tido como uma divindade) para trabalharem nas propriedades esta- tais ou em grandes obras públicas, como construção de estradas, pirâmides, monumentos, etc�; 30 • modo de produção escravista: corresponde às civilizações que exploram a mão-de-obra escrava, capturada originalmente como prisioneiros de guerra; • modo de produção feudal: tendo como base da ex- ploração do trabalho a servidão, na qual os trabalha- dores camponeses prestam serviços compulsórios e pagam tributos aos grandes proprietários de terras (o senhor feudal), em troca de proteção e moradia; • modo de produção capitalista: é o primeiro que se estabelece deforma hegemônica por todo o planeta, tendo como base o trabalho assalariado no qual a classe dominante (a burguesia) compra a força de trabalho da classe operária (o proletariado), sen- do esta a base da exploração do homem sobre o homem� Figura 10: Industrialização e classe operária. Fonte: Wikipedia. 31 https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_do_trabalho#/media/Ficheiro:William_Bell_Scott_-_Iron_and_Coal.jpg Entretanto, estes não se sucederam de uma forma evolutiva e linear, mas sim por meio de uma relação dialética, contraditória, entre os aspectos do antigo modo de produção e o surgimento de novas forças e relações produtivas cujo desenvolvimento, acarre- tando a consolidação de um novo modo de produ- ção que, por sua vez, não seria desprovido de novas contradições, mantendo assim o funcionamento do motor da história� A obra de Marx e Engels concentrou-se no estudo do capitalismo industrial e, particularmente, na na- ção onde ele desenvolveu-se inicialmente: a Grã- Bretanha� Marx entendeu que uma das principais características do modo de produção capitalista e que os diferencia dos demais é a alienação� Esta corresponde à separação do trabalhador do fruto do seu trabalho e dos meios de produção (instrumentos, ferramentas e máquinas), concretizada por meio da propriedade privada e do trabalho assalariado� Nesse processo, o trabalhador passa por um processo de estranhamento ou coisificação, sendo incapaz com- preender plenamente a sua relação com a natureza e com os outros homens, geralmente rebaixando-as como meras relações de mercado, onde as “coisas” (mercadorias) se relacionam por meio da compra e da venda. Assim, as relações sociais se reduzem a meras relações mercantis. 32 FIQUE ATENTO Ao contrário do feudalismo, onde o trabalhador também produzia o que necessitava com as suas próprias ferramentas e instrumentos, no modo de produção capitalista, o trabalhador atual não dis- põe de meios para produzir sua própria subsis- tência, sendo obrigado a trabalhar para os outros (no caso, a classe burguesa) para receber um sa- lário e consumir no mercado, onde irá comprar o que necessita� É a partir da exploração da força de trabalho, segundo Marx, que se cria o valor necessário para a burguesia acumular capital e estabelecer o seu poder econô- mico, social e político� Tal fenômeno é denominado no materialismo histórico de mais-valia, que ocorre quando o trabalhador, cujo contrato de trabalho es- tabelecido prevê, por exemplo, oito horas diárias de prestação de serviços. Entretanto, inovações tecnoló- gicas e mudanças na organização do trabalho fazem com que o trabalhador produza muito mais do que o previsto no contrato de trabalho, configurando-se assim como trabalho não pago ao trabalhador, que aumenta ainda mais a lucratividade da burguesia, proprietária dos meios de produção� SAIBA MAIS Karl Marx e Friedrich Engels foram dois intelectu- ais e ativistas sociais alemães que se dedicaram ao estudo e análise da sociedade capitalista com 33 o objetivo de contestar as desigualdades sociais inerentes a ela e organizar a luta pela superação revolucionária desse modo de produção, algo vis- to por eles como necessário para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa, sem classes sociais� Entre as principais obras que es- creveram em conjunto, podemos citar A Ideologia Alemã (1846) e O Manifesto Comunista (1848)� Já entre as obras individuais, Karl Marx escreveu O 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852), O Capi- tal (1867) e A Guerra Civil na França (1871), entre outras, enquanto Engels foi autor de A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra (1845) e A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1884)� Figura 11: Karl Marx e Friedrich Engels. Fonte: Wikipedia. 34 https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx#/media/Ficheiro:Karl_Marx_001.jpg CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro estudante, nesta unidade abordamos as origens da Sociologia e as teorias consideradas “clássicas” da disciplina� Vimos que as Ciências Sociais surgem de um processo histórico decorrente de movimentos intelectuais importantes como o Renascimento e o Iluminismo, no qual o racionalismo e o cientificismo emergem como saberes importantes para o desen- volvimento de uma sociedade que, do ponto de vista dos intelectuais integrantes destes movimentos, pa- decia do atraso decorrente dos mandos e desman- dos das forças sociais que mantinham o chamado o Antigo Regime, no caso a nobreza e o alto clero católico. Com a ascensão do pensamento científico, alguns filósofos e intelectuais começaram a refletir sobre a sociedade a partir dos próprios fenômenos sociais, afastando-se das perspectivas e reflexões de base especulativa ou sobrenatural� Com a Revolução Industrial, as profundas trans- formações sociais ocorridas entre os séculos 18 e 19 foram objeto de pesquisa e análise de diversos intelectuais, constituindo assim o ponto de parti- da que permitiu o surgimento da Sociologia, cuja origem está relacionada com as teses do francês Saint-Simon, que tiveram continuidade com o traba- lho de Augusto Comte, do qual se originou a filosofia positivista, da qual a Sociologia fazia parte como a disciplina “mais importante” e que procurava refletir e analisar a realidade social por meio dos mesmos métodos usados pelas Ciências Naturais e Exatas� Posteriormente, no final do século 19, a Sociologia 35 tornou-se disciplina acadêmica por meio do traba- lho de Émile Durkheim, permitindo a profissionali- zação da atividade do cientista social. Por meio de Durkheim, a Sociologia adquiriu maior rigorosidade científica, tendo como principal objeto de estudo o que ele denominava de “fatos sociais”. Enquanto o funcionalismo durkheimiano herdou do positivismo a concepção de estrutura social, que reduzia a individualidade humana a um mero órgão do sistema social, sem qualquer tipo de autonomia e cujo bom funcionamento era essencial para a sobre- vivência de todo o corpo social, Max Weber introduziu o relativismo, o historicismo e as particularidades de cada sociedade por meio do que ficou conhecido como método compreensivo� O sociólogo alemão também foi relevante na incorporação de um método de pesquisa e análise apropriado e específico para a análise da sociedade� Por fim, o materialismo histórico-dialético, devido ao seu caráter crítico e contestador, desenvolveu- -se à margem do campo acadêmico no decorrer do século 19, apesar de trazer importantes reflexões sobre as contradições inerentes à então emergente sociedade capitalista industrial, na qual uma nova forma de exploração e desigualdade social emergia do avanço da Revolução Industrial pela Europa e, posteriormente, pelo mundo. As contribuições de Karl Marx e Friedrich Engels têm grande relevância na contemporaneidade, ainda marcada pelas con- tradições da sociedade capitalista. 36 Síntese Nesta unidade abordamos as origens da Sociologia, re- lacionada a um contexto histórico marcado por transfor- mações econômicas, sociais, políticas e filosóficas na Europa Ocidental e América do Norte entre o final do século XVIII e primeira metade do século XIX. Com a Revolução Industrial, as profundas transformações so- ciais ocorridas entre os séculos XVIII e XIX foram objeto de pesquisa e análise de diversos intelectuais, consti- tuindo assim o ponto de partida que permitiu o surgi- mento da Sociologia, cuja origem está relacionada às teses do francês Sain-Simon, que tiveram continuidade com o trabalho de Augusto Comte. Por fim, veremos as três teorias da Sociologia Clássica: o funcionalismo, o método compreensivo e o materialismo histórico-dialético. Considerações Finais. O Materialismo Histórico-Dialético; O Método Compreensivo; O Funcionalismo; As Teorias Sociológicas Clássicas; Os Primórdios da Sociologia; Introdução A unidade está dividida da seguinte forma: Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação Nesta unidade falaremos sobre a Sociologia, tratandomais especificamente de suas origens, objeto de estudo, as teorias clássicas (funcionalismo, método compreensivo e materialismo histórico dialético), as abordagens contemporâneas da disciplina e a sua relação com as demais ciências humanas. Referências Bibliográficas & Consultadas COSTA, Cristina� Sociologia: Introdução à ciência da sociedade� 4� ed� São Paulo: Editora Moderna, 2010� DIAS, Reinaldo� Introdução à Sociologia� São Paulo: Pearson, 2005� MARX, Karl; ENGELS, Friedrich� Manifesto Comunista� São Paulo: Editora Boitempo, 2010� QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Líria de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro� Um Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber� 2� ed� Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009. ANTONIO, José Carlos� (Org�) Filosofia da Educação. São Paulo: Pearson, 2014� [Biblioteca Virtual]� Acesso em: 09 ago� 2019� COSTA, Cristina� Sociologia: Introdução à ciência da sociedade. 4� ed� São Paulo: Editora Moderna, 2010� CUIN, Charles-Henry� História da Sociologia II. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017. [Biblioteca Virtual]. Acesso em: 09 ago� 2019� DIAS, Reinaldo� Introdução à Sociologia. São Paulo: Pearson, 2005� [Biblioteca Virtual]� Acesso em: 09 ago� 2019� GHIRALDELLI JUNIOR, P� Filosofia da Educação. São Paulo: Ática, 2006� Disponível em: [Biblioteca Virtual]� Acesso em: 09 ago� 2019� GOMES, Mércio Pereira� Antropologia: ciência do homem, filosofia da cultura. São Paulo: Contexto, 2008� Disponível em: Biblioteca Virtual� Acesso em: 09 ago� 2019� MARX, Karl; ENGELS, Friedrich� Manifesto Comunista. São Paulo: Editora Boitempo, 2010� PILETTI, Nelson; PRAXEDES, Walter� Sociologia da educação. 1� ed� São Paulo: Ática, 2010� [Biblioteca Virtual]� Acesso em: 09 ago� 2019� QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Líria de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro� Um Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2� ed� Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009. SCHNEIDER, Laíno Alberto� Filosofia da Educação. Curitiba: Intersaberes, 2013� SOUZA, João Valdir Alves de� Introdução à Sociologia da Educação. 3. ed. rev. amp. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015� Disponível em: Biblioteca Virtual Universitária 3�0� Acesso em: 09 ago� 2019� _GoBack INTRODUÇÃO OS PRIMÓRDIOS DA SOCIOLOGIA AS TEORIAS SOCIOLÓGICAS CLÁSSICAS O Funcionalismo O MÉTODO COMPREENSIVO MATERIALISMO HISTÓRICO-DIALÉTICO CONSIDERAÇÕES FINAIS Síntese
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