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Ebook 3 Fundamentos Sociologicos e Filosoficos da Educação

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FUNDAMENTOS 
SOCIOLÓGICOS E 
FILOSÓFICOS DA 
EDUCAÇÃO
E-book 3
Maurício Tintori
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3
OS PRIMÓRDIOS DA SOCIOLOGIA �������4
AS TEORIAS SOCIOLÓGICAS 
CLÁSSICAS ���������������������������������������������������13
O Funcionalismo ��������������������������������������������������� 13
O MÉTODO COMPREENSIVO ���������������20
MATERIALISMO HISTÓRICO-
DIALÉTICO ��������������������������������������������������27
CONSIDERAÇÕES FINAIS ���������������������� 35
SÍNTESE �������������������������������������������������������37
2
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, falaremos mais sobre a Sociologia, 
tratando, mais especificamente, de suas origens, 
objeto de estudo, as teorias clássicas (funcionalismo, 
método compreensivo e materialismo histórico dia-
lético), as abordagens contemporâneas da disciplina 
e a sua relação com as demais ciências humanas� A 
compreensão desse tema é essencial para entender a 
relação entre a educação e o contexto social na qual 
ela está inserida, algo essencial para o profissional 
da educação e da pedagogia na atualidade�
3
OS PRIMÓRDIOS DA 
SOCIOLOGIA
Reflexões sobre a sociedade são tão antigas quan-
to o próprio homem� Entretanto, o surgimento de 
uma disciplina específica, de caráter científico e com 
o objetivo de compreender os fenômenos sociais 
ocorreu apenas no século 19� Para entendermos as 
origens da Sociologia é importante compreender-
mos um contexto histórico marcado por intensas 
transformações econômicas, sociais e políticas que 
marcou o continente europeu a partir da segunda 
metade do século 18, pois foram estas mudanças 
que estimularam alguns intelectuais a analisarem as 
motivações de tal quadro de instabilidade vivenciado 
naquele momento�
Como ponto de partida, destacamos a emergência do 
movimento filosófico que marcou aquele período, co-
nhecido como Iluminismo� Tendo como principal cen-
tro a França, mas tendo importantes contribuições 
filosóficas de outros países da Europa Ocidental, 
como a Grã-Bretanha e a Prússia (Estado que origi-
nou a Alemanha), o movimento iluminista defendia 
a necessidade de se construir um conhecimento ló-
gico-racional por meio de um rigor científico, capaz 
de impulsionar o progresso e, assim, proporcionar a 
felicidade para todos os seres humanos� Foi com o 
Iluminismo que a ciência moderna, cujos primórdios 
podem ser identificados no Renascimento cultural, 
4
adquiriu suas características atuais, passando a ser 
o tipo de conhecimento mais reconhecido e valo-
rizado socialmente. Ao mesmo tempo, os valores 
iluministas tornaram-se base ideológica da burguesia 
ascendente, que estava conquistando o poder eco-
nômico e desejava que isto fosse refletido na esfera 
política, desafiando o chamando Antigo Regime, o 
absolutismo, no qual o rei monopolizava o poder 
político, apoiado pelas classes dominantes da época, 
a nobreza e o alto clero, que justificavam tal ordem 
por meio de um argumento religioso: O mundo seria 
assim devido à vontade divina� E os ideais iluministas 
contestavam tal ordem�
Alguns pensadores iluministas podem ser conside-
rados precursores do pensamento sociológico, pois 
buscavam explicações racionais e realistas sobre os 
acontecimentos que marcavam a vida social� Temas 
como a liberdade, a moral, as leis, os direitos, os 
deveres, a autoridade do Estado e a desigualdade 
social atraíram a atenção de filósofos como o inglês 
John Locke (1632-1704) e os franceses Barão de 
Montesquieu (1689-1755) e Jean-Jacques Rousseau 
(1712-1778)� Locke foi o precursor do liberalismo, 
defendendo a iniciativa privada e propondo limites 
ao poder do Estado e daqueles que o governam� Na 
mesma linha, Montesquieu defendia que o poder 
absoluto do rei poderia ser limitado por meio da ins-
tituição dos três poderes: o Executivo (o soberano 
que administra o Estado), o Legislativo (o parlamen-
to, que estabelece as leis) e o Judiciário (que julga 
e fiscaliza o cumprimento das leis). Por fim, Jean-
5
Jacques Rousseau foi um dos primeiros filósofos a 
refletir sobre a desigualdade social, questionando a 
existência da propriedade privada� 
Figura 1: John Locke. Fonte: Wikimedia.
A valorização do conhecimento científico foi im-
portante para o avanço tecnológico que estimulou 
um processo histórico que chamou a atenção de 
diversos pensadores, sendo importante para o sur-
gimento da Sociologia� A Revolução Industrial foi 
impulsionada por diversas inovações tecnológicas 
introduzidas inicialmente na Grã-Bretanha, como a 
lançadeira (inventada por John Kay, em 1733), o tear 
mecânico (outra criação de Kay, em conjunto com 
Lewis Paul, em 1738), a máquina a vapor (símbolo 
6
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:John_Locke_by_Michael_Dahl.jpg
da Revolução Industrial, criada por James Watt entre 
os anos de 1761 e 1768), que aumentaram a capa-
cidade de produção das manufaturas têxteis britâ-
nicas, permitindo que a Grã-Bretanha conquistasse 
o monopólio mundial do comércio de tecidos e se 
tornasse a nação mais rica e poderosa da época� 
No decorrer do século 19, os avanços da indústria 
têxtil se espalharam para outros ramos da produção, 
impulsionando o capitalismo industrial pelo planeta� 
A Revolução Industrial desestruturou a antiga ordem 
social europeia, abalando os fundamentos do modo 
de produção feudal e instituindo uma nova sociedade 
a partir da divisão social do trabalho industrial, da 
qual emergiu a burguesia como classe dominante, 
pois detinha a propriedade dos meios de produção, e 
o proletariado, a maioria de origem camponesa que, 
por sua vez, passava por um processo de expulsão 
das antigas terras comunais que passavam a ser 
propriedade privada e encontrou na cidade e nas 
fábricas o local onde poderia vender a sua força de 
trabalho para sobreviver�
Podcast 1 
7
https://famonline.instructure.com/files/118632/download?download_frd=1
Figura 2: Revolução Industrial. Fonte: Wikipedia.
Outro acontecimento histórico importante que mar-
cou o surgimento da Sociologia foi a Revolução 
Francesa (1789-1799) e o quadro de contradição e 
tensão social vivenciados na França nas primeiras 
décadas do século 19� Um contexto marcado pela 
queda do Antigo Regime e da sociedade estamental 
que impunha a dominação da nobreza e do alto cle-
ro da Igreja Católica sobre o restante da população 
(denominada na época de Terceiro Estado) e pela 
emergência da sociedade capitalista, com a burgue-
sia consolidando o seu poderio político e econômico 
na França e em boa parte da Europa Ocidental graças 
ao império francês construído a partir das conquistas 
militares do governo de Napoleão Bonaparte (1799-
1815). Nesse contexto, com o início da industrializa-
ção na França, assim como na Grã-Bretanha, surgiu 
um proletariado que, devido à intensa exploração 
que sofria nas fábricas, começou a se mobilizar 
politicamente, elaborando suas próprias pautas de 
8
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:BASF_Werk_Ludwigshafen_1881.JPG
reivindicação e constituindo os seus próprios movi-
mentos sociais, o que acabou ganhando expressão 
no decorrer da Revolução de 1848� Não por acaso, 
este contexto estimulou vários intelectuais a tenta-
rem compreender os problemas existentes na socie-
dade e proporem soluções para eles. O surgimento 
da Sociologia está intrinsecamente relacionado a 
tal processo�
Figura 3: Revolução Francesa. Fonte: Wikipedia.
REFLITA
A desigualdade social é uma das principais te-
máticas da sociologia desde os seus primórdios 
como disciplina científica. Observando a reali-
dade social brasileira, marcada pela gigantesca 
desigualdade social, é possível reconhecer a im-
9
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Eug%C3%A8ne_Delacroix_-_La_libert%C3%A9_guidant_le_peuple.jpg
portância da Sociologia não apenas para analisar 
as suas causas, mas para propor caminhos de 
sua diminuição e superação? Por que diversos 
governos, em suas políticas voltadas para a edu-
cação e produção científica, não valorizam tantoa Sociologia?
Anteriormente, estudamos o surgimento e as princi-
pais características do Positivismo. A teoria filosófica 
fundada por Augusto Comte (1798-1857), a partir 
do pensamento de Saint-Simon (1760-1825), tem 
uma relação direta com a Sociologia� Isto porque 
o termo originou-se de uma das obras de Comte, 
Curso de Filosofia Positiva, dividida originalmente em 
seis volumes e publicada entre os anos de 1830 e 
1842. Nessa obra, o fundador do positivismo define a 
Sociologia como uma ciência que estuda os fenôme-
nos sociais, considerando ela, em comparação com 
as demais ciências, a mais profunda e complexa� 
Cristina Costa (2010, p. 30) define da seguinte forma 
as principais características da sociologia positivista 
proposta por Comte:
A filosofia social positivista se inspirava no mé-
todo de investigação das ciências da natureza, 
assim como procurava identificar na vida social 
as mesmas relações e princípios com os quais 
os cientistas explicavam a vida natural. A própria 
sociedade foi concebida como um organismo 
constituído por partes integradas e coesas, que 
funcionavam harmonicamente, segundo um 
modelo físico ou mecânico [...].
10
A sociologia positivista propõe estudar e analisar a 
sociedade utilizando os mesmos métodos científicos 
utilizados nas Ciências Naturais e Exatas. Assim, ca-
beria ao sociólogo investigar as leis que norteariam 
o funcionamento da sociedade, concebida como 
um grande organismo vivo, cujas partes deveriam 
estar em bom funcionamento para que fosse man-
tida a sua existência� E o pleno funcionamento do 
organismo social era essencial para que a sociedade 
progredisse em ordem�
Figura 4: Augusto Comte. Fonte: Wikipedia.
Apesar de tais propostas, a sociologia de cunho po-
sitivista comteana ainda manteve-se presa em refle-
11
https://es.wikipedia.org/wiki/Archivo:Auguste_Comte_monument_in_Paris.jpg
xões filosóficas e especulativas. Apenas nas últimas 
décadas do século 19 que as análises sociológicas 
nos pressupostos positivistas vão realmente adquirir 
uma metodologia científica, com análises basea-
das a partir da observação da realidade e com uma 
maior sistematização teórica e metodológica. Para 
tal processo, foi importante a contribuição de Émile 
Durkheim, como analisaremos a seguir�
FIQUE ATENTO
Apesar do materialismo histórico-dialético ter 
sido contemporâneo do positivismo, no século 
19, o segundo é considerado como a base da 
constituição da Sociologia como uma disciplina 
científica. Isso decorre de dois aspectos funda-
mentais: 1- o nome e o conceito de Sociologia 
como disciplina científica que analisa os fenôme-
nos sociais surgiu no interior da filosofia positi-
vista; 2- Émile Durkheim, responsável por estabe-
lecer as primeiras metodologias de pesquisa e 
análise científica da Sociologia, era um represen-
tante da concepção teórica positivista, da qual 
permaneceu vinculado na maior parte de sua tra-
jetória acadêmica e científica.
12
AS TEORIAS 
SOCIOLÓGICAS 
CLÁSSICAS
O Funcionalismo
Émile Durkheim (1858-1917) foi o responsável por 
introduzir a Sociologia nas universidades francesas 
nas últimas décadas do século 19, passando a ser 
uma disciplina formadora de profissionais aptos a 
realizarem pesquisas científicas sobre a realidade 
social�
Para fundamentar a Sociologia como ciência, 
Durkheim escreveu As regras sobre o método socio-
lógico, publicado em 1895, obra na qual estabelece 
a metodologia de pesquisa e análise sociológica, 
além de delimitar fronteiras entre a Sociologia e as 
demais ciências� Foi neste trabalho que Durkheim 
estabeleceu, como objeto de estudo da Sociologia, 
os fatos sociais, definidos por ele como as “maneiras 
de fazer e pensar, reconhecíveis pela particularidade 
de serem suscetíveis de exercer influência coercitiva 
sobre as consciências particulares”� (DURKHEIM 
apud QUINTANEIRO, 2010, pp� 68-69)�
13
Figura 5: Émile Durkheim. Fonte: Wikipedia.
Para Durkheim, os fatos sociais correspondem às 
estruturas existentes na sociedade, que independem 
da vontade individual e exercem uma influência de 
natureza coercitiva sobre as pessoas, que se veem 
obrigadas a seguir determinados padrões sociais 
para poderem conviver na sociedade� Os fatos so-
ciais, segundo Durkheim, seriam coercitivos, pois 
coagem as pessoas a se adequarem a eles; exterio-
res, porque acontecem independente da vontade do 
indivíduo e, portanto, sem ter a possibilidade dele 
influenciá-los; e gerais, porque estão presentes em 
todas as sociedades humanas�
Os fatos sociais existem independentemente se es-
tão previstos em alguma lei institucional, pois seu 
14
https://en.m.wikipedia.org/wiki/File:Emile_Durkheim.jpg
poder coercitivo manifesta-se no cotidiano das pes-
soas� Segundo Durkheim:
Se não me submeto às convenções munda-
nas; se, ao me vestir, não levo em considera-
ção os usos seguidos em meu país e na mi-
nha classe, o riso que provoco, o afastamento 
em que os outros me conservam, produzem, 
embora de maneira mais atenuada, os mes-
mos efeitos que uma pena propriamente dita. 
(DURKHEIM apud COSTA, 2010, p. 39)
REFLITA
Na escola, os casos de bullying, principalmente 
entre adolescentes, são recorrentes, sendo víti-
mas aqueles que não se adéquam às modas e 
comportamentos seguidos pela maioria. A refle-
xão de Durkheim sobre os fatos sociais pode ser 
útil para a compreensão desse fenômeno tão re-
corrente na sociedade atual?
15
Figura 6: Bullying. Fonte: Freepik.
O funcionalismo de Durkheim herdou do positivismo 
a ideia de que o cientista deve manter a distância e 
a neutralidade em relação ao seu objeto de estudo� 
Apenas dessa forma seria possível construir um co-
nhecimento científico sobre a sociedade. Adotando 
a mesma postura das Ciências Exatas e Naturais, o 
sociólogo deveria apenas descrever a realidade ob-
servada e representada por meio das diversas fontes 
de pesquisa disponíveis, evitando emitir opiniões 
pessoais que distorceriam a análise� Em suma, a 
construção do conhecimento sociológico deve ser 
objetiva, desprovida de qualquer paixão ou ideia pre-
concebida sobre o tema pesquisado�
Para Durkheim, o principal objetivo da Sociologia 
era explicar o funcionamento da sociedade e indicar 
soluções para os problemas sociais existentes. O 
sociólogo francês concebia a sociedade como um 
organismo vivo, cujos órgãos deveriam estar sadios 
16
https://br.freepik.com/fotos-gratis/criancas-abusar-pequeno-desesperado-menina_2533020.htm#page=1&query=bullying&position=19
para a sua boa manutenção� Caso contrário, a so-
ciedade poderia entrar em um estado de anomia, 
ou seja, de doença, cujos sintomas indicam o mau 
funcionamento do sistema�
FIQUE ATENTO
Émile Durkheim considerava que uma anomia 
social poderia ser compreendida como um fenô-
meno normal, desde que seja geral (ou seja, que 
possa ocorrer em todas as sociedades) e tenha 
uma função social� O crime pode ser um exemplo 
disso, pois pode ser considerado um fato normal 
porque é geral e tem como função social delimi-
tar aqueles que cumprem ou não cumprem as 
leis em uma determinada sociedade� Mas, é im-
portante ressaltar que, dentro desse entendimen-
to, isso não significa que atos criminosos devem 
ser aceitos e banalizados na sociedade, mas sim 
torná-los um objeto de estudo sociológico, cujas 
conclusões poderão auxiliar as instituições em 
sua prevenção e punição�
17
Figura 7: Criminoso algemado. Fonte: Wikipedia.
Outro aspecto importante da metodologia funcio-
nalista é o estudo comparativo entre sociedades� 
Denominada de morfologia social, esta corresponde 
à classificação dos diversos tipos de sociedade em 
formas mais simples (como as tribos e os clãs) até 
as mais complexas (as sociedades industriais)� Foi 
por meio desse processo que Durkheim identificou 
dois tipos de solidariedade entre os homens, estabe-
lecidas por meio da divisão social do trabalho, sendo 
elas:
• Solidariedade Mecânica: predominava nas socieda-
des pré-capitalistas, nas quais a identidade social era 
estabelecida a partirde um conjunto de instituições 
como a família, a religião, a tradição e os costumes;
• Solidariedade Orgânica: típica da sociedade capi-
talista, ela é caracterizada pela intensa divisão social 
do trabalho que torna os indivíduos mais interdepen-
dentes entre si, permitindo assim a coesão social�
Cabe ressaltar que a divisão social do trabalho em 
Durkheim é entendida de forma diferente daquele 
18
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a9/An_Airman%27s_hands_are_secured_behind_his_back_with_handcuffs_during_a_riot_control_procedures_drill_DF-ST-87-11855.jpg
preconizada nas análises de Karl Marx. Se para o 
pensador alemão, fundador do materialismo histórico 
dialético, a divisão social do trabalho é considera-
da um fator preponderante para o estabelecimento 
da desigualdade social na sociedade capitalista e, 
por isso, um aspecto fomentador da luta de classes, 
Durkheim a vê como um fator que estimula a coesão 
social, pois é a partir dela que se estabelece a solida-
riedade orgânica entre os diferentes grupos sociais 
que formam uma determinada sociedade�
SAIBA MAIS
Émile Durkheim foi responsável por introduzir 
a Sociologia nas universidades francesas, tor-
nando-a uma disciplina acadêmica� Suas obras 
foram marcadas por discutirem o objeto de es-
tudo sociológico, a metodologia apropriada para 
a construção do conhecimento científico sobre 
a sociedade e os aspectos que distinguem a 
Sociologia das demais disciplinas das Ciências 
Sociais� Entre as suas principais obras estão Da 
divisão do trabalho social (1893), As regras do 
método sociológico (1895) e O Suicídio (1897)� 
Em 1902, reuniu na Universidade de Sorbonne um 
grupo de sociólogos (entre eles seu sobrinho e 
principal discípulo, Marcel Mauss) que ficou co-
nhecido como Escola Sociológica Francesa�
19
O MÉTODO 
COMPREENSIVO
Enquanto o funcionalismo considerava os fatos 
sociais como impositivos e universais, verdadeiras 
leis que determinariam a realidade social, o método 
compreensivo propõe outra metodologia de pesquisa 
e análise da realidade social� Tal método entende 
que os fenômenos sociais possuem as suas par-
ticularidades, cujo significado varia de sociedade 
para sociedade� Por isso, estes só podem ser com-
preendidos pelo sociólogo por meio de métodos de 
análise e pesquisa específicos das Ciências Sociais, 
diferentes dos utilizados pelas Ciências Naturais.
O método compreensivo é um desdobramento do 
relativismo alemão, que conquista espaço no meio 
acadêmico germânico entre as últimas décadas do 
século 19 e início do século 20, tendo como principal 
representante o sociólogo Max Weber (1864-1920)� 
O pensamento weberiano emerge em um contexto 
marcado pela tardia unificação da Alemanha como 
Estado-nação (1871), seguida de um rápido processo 
de industrialização que permitiu ao país tornar-se a 
segunda potência industrial mundial, com o poten-
cial de rivalizar com a Grã-Bretanha. Entretanto, tal 
modernização econômica não significou mudanças 
na política alemã, ainda dominada pela aristocracia 
rural conservadora (os junkers), algo que chamou 
20
a atenção de Weber, sendo um de seus objetos de 
pesquisa�
Diferentemente de Durkheim, Weber considera ser 
possível o sociólogo ser subjetivo em sua análise 
sobre um fenômeno social, sem que isso significasse 
um prejuízo para a objetividade da pesquisa científi-
ca� Para isso acontecer, caberia ao sociólogo incor-
porar conscientemente os seus valores à pesquisa, 
processo denominado pelo sociólogo alemão de 
“esquemas de explicação condicional”, um conjunto 
de procedimentos metodológicos composto pela 
delimitação da temática a ser pesquisada, seleção 
das fontes, elaboração das hipóteses, etc� Segundo 
Barbosa e Quintaneiro (2010, p. 109), “o ponto es-
sencial a ser salientado é que o próprio cientista é 
quem atribui aos aspectos do real e da história que 
examina uma ordem por meio da qual procura esta-
belecer uma relação causal entre certos fenômenos”�
FIQUE ATENTO
Max Weber opunha-se a escola positivista das Ci-
ências Sociais. Suas influências intelectuais eram 
outras, mais precisamente as escolas filosóficas 
alemãs dos séculos 18 e 19, tendo como princi-
pal referência Immanuel Kant� Embora adepto do 
liberalismo político e econômico, Weber foi in-
fluenciado por Karl Marx, principalmente em suas 
análises sobre o desenvolvimento do capitalismo 
e as relações entre as classes sociais. Outra in-
fluência de Weber foi o filósofo Friedrich Nietzs-
21
che (1844-1900), do qual herdou a convicção de 
que a vontade individual pode transformar a rea-
lidade social� Já da escola historicista alemã de 
Wilhelm Dilthey (1833-1911), Weber assimilou a 
percepção de que a construção de sentido de um 
fenômeno social ocorre por meio da análise do 
contexto histórico no qual ele está inserido�
O método compreensivo weberiano tem algumas 
características principais:
Historicismo: é a concepção de que cada sociedade 
é particular e única, cuja realidade é determinada a 
partir de um processo histórico ininterrupto, no qual 
a sociedade e a ação dos indivíduos podem interferir, 
mantendo ou transformando a configuração de um 
determinado fenômeno social� Para Max Weber, é a 
partir do estudo da História que é possível identificar 
as diferenças sociais, e isso exigiria do sociólogo um 
esforço para interpretar as fontes de pesquisa dis-
poníveis� Além disso, a História seria um processo, e 
não uma sucessão evolutiva de fatos que levariam a 
sociedade ao progresso, como acreditavam os posi-
tivistas. Segundo Costa (2010, p. 50), “Weber descar-
tava, em suas análises históricas, todo determinismo 
e a ideia de uma sucessão necessária de estágios 
pelos quais passariam todas as sociedades”�
Ação Social: corresponde a conduta humana sub-
jetiva, racional, cuja ação geralmente provoca uma 
reação de outro indivíduo� Para Costa (2010, p� 51), 
“Na teoria weberiana, ao se estabelecer a conexão 
entre motivo e ação, o homem enquanto agente so-
22
cial ganha sentido e relevância”� Para o sociólogo 
alemão, existiriam três tipos de ação social:
1. Tradicional: é a ação motivada pelo costume fa-
miliar, comunitário, herdado de geração para gera-
ção e muitas vezes interpretado como uma atitude 
“natural”, espontânea. A ação social tradicional pode 
gerar a dominação tradicional, cuja maior expressão 
é o patriarcalismo, no qual o poder é exercido pelo 
“chefe da família”, geralmente a figura paterna.
2. Racional: são as atitudes planejadas� Para Weber, 
as ações racionais podem ser divididas em dois 
tipos: 
• orientada por valores: é aquela na qual o indivíduo 
planeja uma ação visando defender alguma causa 
política, social ou moral;
• orientada para fins: é quando o indivíduo faz 
um planejamento visando conquistar um objetivo 
específico.
Para Weber, a racionalidade é uma das principais 
características da sociedade capitalista industrial� 
Esta corresponde a um conjunto de ações planejadas 
cujo objetivo é alcançar uma determinada meta ou 
finalidade. Assim, nas relações sociais existentes na 
sociedade contemporânea, a ética e a religião são 
relegadas para um segundo plano, prevalecendo os 
interesses particulares visando ganhos materiais e, 
assim, concretizando o que denominava de desen-
cantamento do mundo�
23
Nesse contexto, a racionalidade estabeleceu um novo 
tipo de dominação, cuja base é o aparato burocrático 
do Estado� Por meio dele, segundo Weber, é imposta 
a sociedade dois tipos de dominação que se comple-
mentam: a coercitiva (baseada no monopólio legítimo 
do emprego de atos violentos visando a manutenção 
da ordem, como é o caso da repressão policial), e 
a legal (baseada nas leis, onde o Estado consegue 
impor a dominação consentida por meio das leis, às 
quais o cidadão deve obedecer)�
Figura 8: A Violência Legítima do Estado. Fonte: Unsplash.
Além das dominações tradicional e racional-buro-
crática, Weber destaca a existência da dominação 
carismática, na qual a forte personalidade de um líder 
demagogo é capazde atrair milhares (e até milhões) 
de seguidores devido às suas qualidades pessoais, 
estabelecendo uma relação de poder sobre elas�
24
https://unsplash.com/photos/k4ryXO80LoI
3. Mentalidades coletivas: em A Ética Protestante e 
o Espírito do Capitalismo, considerado o seu principal 
trabalho, Max Weber, foi um dos pioneiros do que é 
chamado de “estudo das mentalidades”, que, segun-
do a tradição da filosofia idealista alemã, considera 
que a cultura, as crenças e as ideias são os verda-
deiros impulsionadores da transformação histórica� 
Nesta obra, Weber defende a ideia de que a visão de 
mundo dos calvinistas (uma das principais seitas 
surgidas no movimento da Reforma Protestante), 
cujos principais aspectos eram a valorização do 
trabalho como atividade humana e a racionalização 
das atividades profissionais visando o lucro, impul-
sionou o desenvolvimento do capitalismo na Europa 
e na América do Norte a partir do século 17�
4. Tipos Ideais: corresponde às construções abstra-
tas de modelos feitas pelo sociólogo, com o objetivo 
de compreender e explicar determinados fenômenos 
sociais� Entretanto, o pesquisador deve ter a plena 
consciência da impossibilidade de existir concreta-
mente um “tipo ideal”, pois este serve apenas para 
efeito de análise da sociedade� Exemplo: as carac-
terísticas comuns de uma família servem como um 
esboço para delimitar um tipo ideal dela em uma 
determinada sociedade� Entretanto, o sociólogo não 
deve se iludir com tal modelo, considerando a exis-
tência de diversos tipos de família�
25
SAIBA MAIS
Max Weber é considerado o fundador do método 
compreensivo� Contribuiu para a consolidação da 
Sociologia como uma ciência por meio de obras 
como A Ética Protestante e o Espírito do Capitalis-
mo (1904), Economia e Sociedade (1910), Sobre 
algumas categorias da Sociologia Compreensiva 
(1913) e A Ciência como vocação (1917)�
Figura 9: Max Weber. Fonte: Wikipedia.
26
https://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber#/media/Ficheiro:Max_Weber_1894.jpg
MATERIALISMO 
HISTÓRICO-DIALÉTICO
Enquanto a Sociologia surgiu inicialmente como 
uma disciplina do pensamento filosófico positivis-
ta, desenvolveu-se quase que simultaneamente uma 
outra forma de analisar a realidade social� Entretanto, 
enquanto o positivismo saudava a emergente socie-
dade capitalista industrial moderna, o materialismo 
histórico-dialético problematizava e questionava a 
nova ordem social que emergia no decorrer do sé-
culo 19�
Os teóricos fundadores do materialismo histórico-
-dialético foram os alemães Karl Marx (1818-1883) e 
Friedrich Engels (1820-1895), influenciados pela filo-
sofia dialética do compatriota Georg-Friedrich Hegel 
(1770-1831), que concebia a história não como uma 
linha evolutiva progressista e linear, como defendiam 
os positivistas e os evolucionistas, mas sim como um 
processo que envolve diversas áreas da sociedade 
(religião, cultura, economia), cujo movimento ocorre 
a partir das contradições entre as diferentes ideias 
e ideais existentes na humanidade� Tal processo, 
dialético, ocorreria em três fases: 
1. tese: a ideia ou o conjunto de ideias e crenças 
predominantes em uma sociedade;
2. antítese: a oposição à ideia ou conjunto de 
ideias opostas àquelas que predominam em uma 
sociedade;
27
3. síntese: o resultado da relação entre tese e an-
títese, resultando dela uma nova tese, que poste-
riormente estimularia uma antítese a ela, e assim 
sucessivamente�
Marx e Engels partiriam dessa concepção hegeliana 
para a sua metodologia de análise sobre a história e a 
sociedade, mas ao invés de observarem tal processo 
a partir do campo das ideias (ou seja, da abstração), 
colocaram como ponto inicial e principal do proces-
so a análise da própria realidade social (a matéria), 
daí o nome materialismo histórico dialético para o 
método proposto�
Uma realidade social que incomodava Marx e Engels, 
pois era marcada pela intensificação da desigualdade 
social, decorrente das relações de trabalho existen-
tes no modo de produção capitalista em sua fase 
industrial, na qual se consolida a burguesia como 
classe dominante a partir da exploração do trabalho 
do proletariado nas fábricas, cenário iniciado com a 
Revolução Industrial, como vimos anteriormente� A 
Revolução de 1848, na França, teve intensa participa-
ção dos movimentos sociais da classe operária, que 
contaram com a intensa colaboração dos criadores 
do materialismo histórico-dialético, que defendiam a 
ideia de que os filósofos não deveriam apenas refletir 
sobre a sociedade, mas sim atuarem em prol de sua 
transformação revolucionária, processo denominado 
por eles de práxis�
Podcast 2 
28
https://famonline.instructure.com/files/118633/download?download_frd=1
Outras influências teóricas de Marx e Engels foram 
o socialismo utópico (as primeiras teses socialis-
tas, consideradas utópicas por não contarem com 
rigorosidade científica para as suas elaborações) de 
autores como os franceses Saint-Simon (o fundador 
da fisiologia social que antecedeu ao positivismo) e 
François-Charles Fourier (1772-1837), além do inglês 
Robert Owen (1771-1858), além das considerações fi-
losóficas do iluminista suíço Jean-Jacques Rousseau 
sobre a desigualdade social, além da leitura crítica 
dos economistas clássicos britânicos Adam Smith 
(1723-1790) e David Ricardo (1772-1823)�
 O materialismo histórico dialético parte da ideia 
de que toda e qualquer mudança social tem base 
na realidade material humana, cuja sociabilidade é 
definida a partir do modo de produção, isto é, a for-
ma como uma sociedade se organiza para produzir 
aquilo de que necessita para sobreviver, extraindo 
seus recursos a partir da natureza. Tal processo seria 
realizado a partir do trabalho, atividade necessária 
para o homem, como indivíduo, e a sociedade, como 
um grupo de homens e mulheres, garantir sua so-
brevivência em uma natureza inóspita e com recur-
sos escassos� Um modo de produção é constituído 
pelas forças produtivas (mão de obra, ferramentas, 
técnicas, etc�), necessárias para os seres humanos 
produzirem tais recursos, e pelas relações de pro-
dução, determinadas a partir da divisão social do 
trabalho. Esta, por sua vez, delimita a sociedade em 
diversas classes sociais, cuja relação é marcada pela 
exploração de uma classe sobre as outras, sendo 
29
tal processo denominado por Marx e Engels de luta 
de classes. Segundo Marx e Engels (2010, p. 40), “a 
história de todas as sociedades até hoje existentes 
é a história da luta de classes”�
FIQUE ATENTO
Para Marx, o modo de produção corresponde à 
base ou estrutura de uma sociedade, pois esta se 
torna o fundamento de todas as instituições po-
líticas e sociais existentes, incluindo a religião, a 
família e a cultura que, por sua vez, constituiriam 
a superestrutura de uma sociedade�
Segundo o materialismo histórico, no decorrer da 
história da humanidade tivemos diversos modos de 
produção, sendo eles os seguintes:
• sistema comunal primitivo: corresponde às so-
ciedades tribais nômades, caçadoras, coletoras de 
raízes ou que recém haviam descoberto a agricultura. 
Aqui, não existe uma grande divisão social do traba-
lho e tampouco uma desigualdade social;
• modo de produção asiático: sociedades nas quais 
se estabelecem um Estado teocrático, no qual os 
trabalhadores são convocados esporadicamente 
pelos sacerdotes ou pelo imperador (tido como uma 
divindade) para trabalharem nas propriedades esta-
tais ou em grandes obras públicas, como construção 
de estradas, pirâmides, monumentos, etc�;
30
• modo de produção escravista: corresponde às 
civilizações que exploram a mão-de-obra escrava, 
capturada originalmente como prisioneiros de guerra;
• modo de produção feudal: tendo como base da ex-
ploração do trabalho a servidão, na qual os trabalha-
dores camponeses prestam serviços compulsórios 
e pagam tributos aos grandes proprietários de terras 
(o senhor feudal), em troca de proteção e moradia;
• modo de produção capitalista: é o primeiro que se 
estabelece deforma hegemônica por todo o planeta, 
tendo como base o trabalho assalariado no qual a 
classe dominante (a burguesia) compra a força de 
trabalho da classe operária (o proletariado), sen-
do esta a base da exploração do homem sobre o 
homem�
Figura 10: Industrialização e classe operária. Fonte: Wikipedia.
31
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_do_trabalho#/media/Ficheiro:William_Bell_Scott_-_Iron_and_Coal.jpg
Entretanto, estes não se sucederam de uma forma 
evolutiva e linear, mas sim por meio de uma relação 
dialética, contraditória, entre os aspectos do antigo 
modo de produção e o surgimento de novas forças 
e relações produtivas cujo desenvolvimento, acarre-
tando a consolidação de um novo modo de produ-
ção que, por sua vez, não seria desprovido de novas 
contradições, mantendo assim o funcionamento do 
motor da história�
A obra de Marx e Engels concentrou-se no estudo 
do capitalismo industrial e, particularmente, na na-
ção onde ele desenvolveu-se inicialmente: a Grã-
Bretanha� Marx entendeu que uma das principais 
características do modo de produção capitalista e 
que os diferencia dos demais é a alienação� Esta 
corresponde à separação do trabalhador do fruto do 
seu trabalho e dos meios de produção (instrumentos, 
ferramentas e máquinas), concretizada por meio da 
propriedade privada e do trabalho assalariado� Nesse 
processo, o trabalhador passa por um processo de 
estranhamento ou coisificação, sendo incapaz com-
preender plenamente a sua relação com a natureza 
e com os outros homens, geralmente rebaixando-as 
como meras relações de mercado, onde as “coisas” 
(mercadorias) se relacionam por meio da compra e 
da venda. Assim, as relações sociais se reduzem a 
meras relações mercantis.
32
FIQUE ATENTO
Ao contrário do feudalismo, onde o trabalhador 
também produzia o que necessitava com as suas 
próprias ferramentas e instrumentos, no modo de 
produção capitalista, o trabalhador atual não dis-
põe de meios para produzir sua própria subsis-
tência, sendo obrigado a trabalhar para os outros 
(no caso, a classe burguesa) para receber um sa-
lário e consumir no mercado, onde irá comprar o 
que necessita�
É a partir da exploração da força de trabalho, segundo 
Marx, que se cria o valor necessário para a burguesia 
acumular capital e estabelecer o seu poder econô-
mico, social e político� Tal fenômeno é denominado 
no materialismo histórico de mais-valia, que ocorre 
quando o trabalhador, cujo contrato de trabalho es-
tabelecido prevê, por exemplo, oito horas diárias de 
prestação de serviços. Entretanto, inovações tecnoló-
gicas e mudanças na organização do trabalho fazem 
com que o trabalhador produza muito mais do que 
o previsto no contrato de trabalho, configurando-se 
assim como trabalho não pago ao trabalhador, que 
aumenta ainda mais a lucratividade da burguesia, 
proprietária dos meios de produção�
SAIBA MAIS
Karl Marx e Friedrich Engels foram dois intelectu-
ais e ativistas sociais alemães que se dedicaram 
ao estudo e análise da sociedade capitalista com 
33
o objetivo de contestar as desigualdades sociais 
inerentes a ela e organizar a luta pela superação 
revolucionária desse modo de produção, algo vis-
to por eles como necessário para a construção 
de uma sociedade mais igualitária e justa, sem 
classes sociais� Entre as principais obras que es-
creveram em conjunto, podemos citar A Ideologia 
Alemã (1846) e O Manifesto Comunista (1848)� 
Já entre as obras individuais, Karl Marx escreveu 
O 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852), O Capi-
tal (1867) e A Guerra Civil na França (1871), entre 
outras, enquanto Engels foi autor de A Situação 
da Classe Trabalhadora na Inglaterra (1845) e A 
Origem da Família, da Propriedade Privada e do 
Estado (1884)�
Figura 11: Karl Marx e Friedrich Engels. Fonte: Wikipedia.
34
https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx#/media/Ficheiro:Karl_Marx_001.jpg
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro estudante, nesta unidade abordamos as origens 
da Sociologia e as teorias consideradas “clássicas” 
da disciplina� Vimos que as Ciências Sociais surgem 
de um processo histórico decorrente de movimentos 
intelectuais importantes como o Renascimento e o 
Iluminismo, no qual o racionalismo e o cientificismo 
emergem como saberes importantes para o desen-
volvimento de uma sociedade que, do ponto de vista 
dos intelectuais integrantes destes movimentos, pa-
decia do atraso decorrente dos mandos e desman-
dos das forças sociais que mantinham o chamado 
o Antigo Regime, no caso a nobreza e o alto clero 
católico. Com a ascensão do pensamento científico, 
alguns filósofos e intelectuais começaram a refletir 
sobre a sociedade a partir dos próprios fenômenos 
sociais, afastando-se das perspectivas e reflexões 
de base especulativa ou sobrenatural�
Com a Revolução Industrial, as profundas trans-
formações sociais ocorridas entre os séculos 18 e 
19 foram objeto de pesquisa e análise de diversos 
intelectuais, constituindo assim o ponto de parti-
da que permitiu o surgimento da Sociologia, cuja 
origem está relacionada com as teses do francês 
Saint-Simon, que tiveram continuidade com o traba-
lho de Augusto Comte, do qual se originou a filosofia 
positivista, da qual a Sociologia fazia parte como a 
disciplina “mais importante” e que procurava refletir 
e analisar a realidade social por meio dos mesmos 
métodos usados pelas Ciências Naturais e Exatas� 
Posteriormente, no final do século 19, a Sociologia 
35
tornou-se disciplina acadêmica por meio do traba-
lho de Émile Durkheim, permitindo a profissionali-
zação da atividade do cientista social. Por meio de 
Durkheim, a Sociologia adquiriu maior rigorosidade 
científica, tendo como principal objeto de estudo o 
que ele denominava de “fatos sociais”.
Enquanto o funcionalismo durkheimiano herdou do 
positivismo a concepção de estrutura social, que 
reduzia a individualidade humana a um mero órgão 
do sistema social, sem qualquer tipo de autonomia e 
cujo bom funcionamento era essencial para a sobre-
vivência de todo o corpo social, Max Weber introduziu 
o relativismo, o historicismo e as particularidades 
de cada sociedade por meio do que ficou conhecido 
como método compreensivo� O sociólogo alemão 
também foi relevante na incorporação de um método 
de pesquisa e análise apropriado e específico para 
a análise da sociedade� 
Por fim, o materialismo histórico-dialético, devido 
ao seu caráter crítico e contestador, desenvolveu-
-se à margem do campo acadêmico no decorrer do 
século 19, apesar de trazer importantes reflexões 
sobre as contradições inerentes à então emergente 
sociedade capitalista industrial, na qual uma nova 
forma de exploração e desigualdade social emergia 
do avanço da Revolução Industrial pela Europa e, 
posteriormente, pelo mundo. As contribuições de 
Karl Marx e Friedrich Engels têm grande relevância 
na contemporaneidade, ainda marcada pelas con-
tradições da sociedade capitalista. 
36
Síntese
Nesta unidade abordamos as origens da Sociologia, re-
lacionada a um contexto histórico marcado por transfor-
mações econômicas, sociais, políticas e filosóficas na 
Europa Ocidental e América do Norte entre o final do 
século XVIII e primeira metade do século XIX. Com a 
Revolução Industrial, as profundas transformações so-
ciais ocorridas entre os séculos XVIII e XIX foram objeto 
de pesquisa e análise de diversos intelectuais, consti-
tuindo assim o ponto de partida que permitiu o surgi-
mento da Sociologia, cuja origem está relacionada às 
teses do francês Sain-Simon, que tiveram continuidade 
com o trabalho de Augusto Comte. Por fim, veremos as 
três teorias da Sociologia Clássica: o funcionalismo, o 
método compreensivo e o materialismo
histórico-dialético. 
Considerações Finais. 
O Materialismo Histórico-Dialético;
O Método Compreensivo;
O Funcionalismo;
As Teorias Sociológicas Clássicas;
Os Primórdios da Sociologia;
Introdução
A unidade está dividida da seguinte forma:
Fundamentos Filosóficos e 
Sociológicos da Educação
Nesta unidade falaremos sobre a 
Sociologia, tratandomais 
especificamente de suas origens, 
objeto de estudo, as teorias clássicas 
(funcionalismo, método compreensivo 
e materialismo histórico dialético), as 
abordagens contemporâneas da 
disciplina e a sua relação com as 
demais ciências humanas.
Referências 
Bibliográficas 
& Consultadas
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SCHNEIDER, Laíno Alberto� Filosofia da Educação. 
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Virtual Universitária 3�0� Acesso em: 09 ago� 2019�
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