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ROTEIRO ANATOMIA TEÓRICO-PRÁTICO DIGESTÓRIO Elaborado por João Felipe Serrão – Medicina UFPA 2015.D OSSOS MAXILA Processo Alveolar; Eminência Alveolar; Túber da Maxila (lateral e inferior) Processo Palatino da Maxila Fossa Incisiva + Forame Incisivo Espinha Nasal Anterior MANDÍBULA Processo Condilar – 1ª estrutura (cabeça + colo) Cabeça – ponta do processo condilar Colo – abaixo da cabeça Processo Coronoide – 2ª estrutura Incisura da Mandíbula – entre processo condilar e coronoide Fóvea Pterigoidea Ramo Mandibular Ângulo Mandibular Corpo da Mandíbula Protuberância Mentual Forame Mentual D/E Tubérculo Mentual D/E Linha Oblíqua Língula Forame da Mandíbula – próximo à língua Sulco milo-hioideo Tuberosidade pterigoidea Linha milo-hioidea Fóvea Sublingual Fóvea Submandibular Espinhas Genianas Forame Lingual Eminências Alveolares + Arco Alveolar + Processo Alveolar PALATINO Espinha Nasal Posterior Lâmina Perpendicular Lâmina Horizontal Forames Palatinos (Maiores e Menores) Processo Piramidal Sutura Palatina Mediana Sutura Palatina Transversa TEMPORAL Processo Estiloide Fossa Mandibular Tubérculo Articular ESFENOIDE Processo Pterigoideo (Lâmina lateral e medial) + Fossa Escafoidea Hâmulo Pterigoideo Espinha do Osso Esfenoide HIOIDE Corpo Corno Maior – se liga ao corpo vertebral de CIII Corno Menor – se liga ao ligamento estilohioideo *Ligamento estilomandibular e ligamento estilohioideo DENTES Faces 1. Face Vestibular 2. Face Lingual 3. Face Mesial 4. Face Distal 5. Face Oclusal Regiões 1. Coroa 2. Colo 3. Raiz Estruturas 1. Esmalte – recobre a dentina sobre a coroa 2. Dentina – constitui a maior parte do dente 3. Cavidade Pulpar – c/ tecido conjuntivo + vasos + nervos 4. Canal da Raiz do Dente – passam nervos e vasos 5. Ápice da raiz do dente 6. Forame do ápice do dente 7. Cemento – recobre a dentina na porção da raiz 8. Periodonto – fixa a raiz ao alvéolo dentário ou periósteo alveolar LÍNGUA 1. Ápice 2. Corpo 3. Raiz 4. Dorso 5. Face Inferior 6. Sulco Terminal (V lingual) 7. Sulco Mediano 8. Septo Fibroso (região branca no ventre da língua) 9. Tonsilas Linguais 10. Frênulo da Língua 11. Papilas Circunvaladas 12. Papilas Fungiformes 13. Papilas Filiformes 14. Papilas Foliadas 15. Forame Cego PALATO 1. Palato duro 2. Palato mole 3. Rafe do palato (mediano) 4. Fossa Tonsilar 5. Tonsilas Palatinas 6. Pregas Palatinas Transversas (enrugadinho do céu da boca) 7. Arco palatoglosso (+ anterior: liga palato com a língua) 8. Arco palatofaríngeo (+ posterior: liga palato c/ faringe) ÓRGÃOS DO TUBO DIGESTIVO ESÔFAGO Constrição faringo-esofágica Constrição broncoaórtica Constrição diafragmática ESTÔMAGO Óstio da Cárdia Fundo Corpo Antro pilórico + canal pilórico + piloro (região pilórico) Incisura Cárdica Incisura Angular Curvatura Maior Curvatura Menor Pregas Gástricas OMENTO Omento Maior Omento Menor (ligamento hepatoduodenal e ligamento hepatogástrico) Forame Omental (de Winslow) Bolsa Omental INTESTINO DELGADO Duodeno - Ampola duodenal - Parte Superior - Parte Descendente - Parte Horizontal/Inferior - Parte Ascendente - Papila duodenal maior (de Vater) - Ampola Hepatopancreática - Flexura Duodenojejunal - Flexura Inferior - Flexura Superior - M. Suspensor do Duodeno (Ligamento de Treitz) Jejuno Íleo - Óstio ileal Válvula ileocecal Vilosidades (microvilosidades – microscopia) INTESTINO GROSSO Mesocólon Apêndice Vermiforme Ceco Colo Ascendente Flexura Direita do Colo Colo Transverso Flexura Esquerda do Colo Colo Descendente Colo Sigmoide Reto Flexura Sacral do Reto Ampola do Reto Flexura Anorretal Canal Anal Saculações ou Haustrações Tênia Livre (transverso – sem apêndice) Tênia Mesocólica – inserida com apêndices mesocólicos Tênia Omental – superior Pregas Semilunares Apêndices Omentais ÓRGÃOS ACESSÓRIOS VESÍCULA BILIAR Fundo Corpo Colo Ducto Cístico Ducto Hepático Comum Ducto Colédoco PÂNCREAS Cabeça Colo Corpo Cauda Processo Uncinado da Cabeça do Pâncreas Incisura Pancreática Ducto Pancreático Principal (Wirsung) Ducto Pancreático Acessório (Santorini) FÍGADO Face Diafragmática Face Visceral Lobo Direito Lobo Esquerdo Lobo Caudado (superior em relação ao quadrado) Lobo Quadrado Hilo Hepático Fossa da Vesícula Biliar Ligamento Coronário Ligamento Triangular D/E Ligamento Falciforme (anterior) Ligamento Redondo (vestígio embrionário da veia umbilical) Ligamento Venoso (posterior) Fissura do Ligamento Redondo Fissura do Ligamento Venoso Sulco da Veia Cava Inferior Impressões: - Lado Direito: Suprarrenal, Renal, Duodenal, Cólica - Lado Esquerdo: Gástrica, Esofágica Processo Caudado Processo Papilar Obs: a vesícula biliar é formada por fundo, corpo e colo e dela sai o ducto cístico (porção com prega em espiral e porção lisa, que se une ao ducto hepático comum (oriundo da junção dos ductos hepáticos direito e esquerdo) para formar o ducto colédoco, que por sua vez, desemboca junto com o ducto pancreático pela ampola hepatopancreática na papila maior do duodeno. MÚSCULOS QUE ATUAM NO SISTEMA DIGESTÓRIO MUSCULATURA OROFACIAL MÚSCULO FUNÇÃO BUCINADOR Pressiona a bochecha contra os molares ORBICULAR DA BOCA Fechamento e protusão dos lábios LEVANTADOR DO LÁBIO SUPERIOR Move o lábio superior p/ cima e p/ lateral ABAIXADOR DO LÁBIO INFERIOR Move o lábio superior p/ baixo e p/ lateral LEVANTADOR DO ÂNGULO DA BOCA Move a rima bucal medialmente e p/ cima ABAIXADOR DO ÂNGULO DA BOCA Puxa o ângulo da boca p/ baixo ZIGOMÁTICO MAIOR Eleva a comissura bucal MUSCULATURA DA MASTIGAÇÃO MÚSCULO FUNÇÃO TEMPORAL Elevação e retrusão da mandíbula MASSETER Elevação e protusão da mandíbula PTERIGOIDEO MEDIAL Protusão da mandíbula PTERIGOIDEO LATERAL Protusão da mandíbula MUSCULATURA INTRÍNSECA DA LÍNGUA MÚSCULO FUNÇÃO LONGITUDINAL SUPERIOR Curva a língua longitudinalmente p/ cima, elevando o ápice e as laterais; retrai/encurta a língua LONGITUDINAL INFERIOR Curva a língua longitudinalmente p/ baixo, abaixando o ápice; retrai/encurta a língua TRANSVERSO DA LÍNGUA Estreita e alonga (protrai) a língua VERTICAL DA LÍNGUA Achata e alarga a língua MUSCULATURA EXTRÍNSECA DA LÍNGUA MÚSCULO FUNÇÃO GENIOGLOSSO Abaixa a língua HIOGLOSSO Depressão das laterais da língua ESTILOGLOSSO Retrusão da língua PALATOGLOSSO Elevação da parte posterior da língua MUSCULATURA DO PALATO MOLE MÚSCULO FUNÇÃO TENSOR DO VEU PALATINO Tensiona o palato mole durante a deglutição LEVANTADOR DO VEU PALATINO Eleva o palato mole durante a deglutição PALATOGLOSSO Eleva o palato mole sobre a língua PALATOFARÍNGEO Tensiona o palato mole e traciona as paredes da faringe durante a deglutição M. DA ÚVULA Eleva e encurta a úvula MUSCULATURA SUPRA-HIOIDE MÚSCULO FUNÇÃO DIGÁSTRICO (ventre ant + post) Eleva o osso hioide + mandíbula ESTILO-HIOIDE Eleva o osso hioide + mandíbula MILO-HIOIDE Eleva o osso hioide + mandíbula GENIOHIOIDE Eleva o osso hioide + mandíbula. Principalmente, protusão do osso hioide). MUSCULATURA INFRA-HIOIDE MÚSCULO FUNÇÃO TIREO-HIOIDE Abaixa o osso hioide OMO-HIOIDE Abaixa e retrai o osso hioide ESTERNO-HIOIDE Deprime do osso hioide ESTERNO-TIREOIDEO Abaixa a cartilagem tireoide e osso hioide MUSCULATURA DA FARINGE MÚSCULO FUNÇÃO CONSTRITOR SUPERIOR Contração da parede da faringe na deglutição – circular interna CONSTRITOR MÉDIO CONSTRITOR INFERIOR SALPINGOFARÍNGEO Eleva, encurta e alarga a faringe ESTILOFARÍNGEO Eleva, encurta e alarga a faringe PALATOFARÍNGEO Tensiona o palato mole e traciona as paredesda faringe durante a deglutição MUSCULATURA ABDOMINAL MÚSCULO FUNÇÃO RETO ABDOMINAL Flexão do tronco OBLÍQUO INTERNO Rotação ipsilateral do tronco OBLÍQUO EXTERNO Rotação contralateral do tronco TRANSVERSO DO ABDÔME Compressão das vísceras abdominais MUSCULATURA DA DEFECAÇÃO MÚSCULO FUNÇÃO LEVANTADOR DO ÂNUS (Puborretal + Pubococcígeo + Íleococcígeo) Eleva o canal anal durante a defecação ÍSQUIOCOCCÍGEO Sustenta o cóccix ESFÍNCTER EXTERNO Impede defecação (controle voluntário) BULBO COCCÍGEO BULBO RETAL DESCREVA TUDO O QUE VOCÊ SABE SOBRE O SISTEMA DIGESTÓRIO O sistema digestório é um dos mais complexos sistemas do corpo humano, mas seu entendimento é de suma importância para a prática médica. Essa importância do sistema digestório está associada às suas principais funções: ingestão – entrada de alimentos e líquidos por meio da boca; processamento mecânico – ato da mastigação com laceração e trituração realizada pelos dentes, além de movimentos de mistura e propulsão realizados pelo TGI para dar continuidade ao processamento mecânico após deglutição; digestão – quebra enzimática de carboidratos, lipídeos e proteínas para posterior absorção pelo epitélio gastrintestinal; secreção – por meio de enzimas produzidas principalmente pelas glândulas anexas, que auxiliam no processo de digestão; absorção – movimento de moléculas orgânicas por meio o epitélio do TGI em direção ao líquido intersticial; excreção – produtos residuais são secretados, principalmente pelo fígado; compactação – desidratação de materiais não digeridos para posterior eliminação (fezes); defecação – eliminação das fezes do corpo. O sistema digestório ainda possui plasticidade, que consiste na capacidade de tolerar distensão por meio de filamentos contráteis de células musculares lisas sendo importante para órgãos que passam por modificações em seu volume, como por exemplo, o estômago. Além disso, conceitos de peristalse e segmentação são importantes para o trajeto realizado pelo bolo alimentar ao longo do TGI, sendo a peristalse, ondas de contração muscular (camada circular interne e longitudinal externa) que permitem o movimento desse bolo alimentar, seja por meio de fibras eferentes ou aferentes de nervos (pélvicos, glossofaríngeo, vago). Já a segmentação, que ocorre nos intestinos, fragmentam e revolvem materiais digestivos, auxiliando na movimentação e na compactação das fezes. A histologia do sistema digestório é de suma importância para o entendimento de sua anatomia bem como de seu funcionamento no organismo. É composto por 4 camadas: mucosa, mais interna e de contato direto com o bolo alimentar, possui uma lâmina própria e uma camada muscular da mucosa, que auxilia tanto na movimentação do alimento como impede a adesão de partículas ao longo do tecido epitelial; submucosa, que contém o plexo submucoso ou plexo de Meissner, além de ser rica em nervos e possuir vascularização; muscular, formada por uma camada longitudinal externa e outra circular interna e possuir entre elas o plexo mioentérico ou plexo de Auerbach; serosa ou adventícia, que é um tecido de revestimento, mais externo, que envolve órgãos intraperitoneais (serosa) e retroperitoneais (adventícia). Essa parte nervosa do sistema digestório é importante para que o próprio plexo entérico promova as informações necessárias sem que SNC precise atuar diretamente nesse processo, ou seja, o plexo entérico apresenta certo caráter autônomo. Como já citados anteriormente, os principais são o plexo de Meissner ou plexo submucoso, localizado na camada submucosa e com função de controle da secreção glandular e o plexo de Auerbach ou plexo mioentérico, localizado entre as subcamadas da camada muscular (circular interna e longitudinal externa), cuja função é regular a atividade glandular bem como controlar a musculatura. Para a sua sustentação e estabilidade, o sistema digestório conta com o peritônio, que reveste as superfícies internas das paredes da cavidade abdominopélvica, impedindo assim aderência e conferindo mobilidade aos órgãos e demais estruturas localizadas nessa cavidade. Lâminas duplas fundidas de peritônio formam os mesentérios que estabilizam o enovelamento intestinal durante os movimentos peristálticos e demais movimentos do corpo. O omento (tecido gorduroso), também formado pelo peritônio é classificado em maior, começa na curvatura gástrica maior e se insere no cólon transverso; e menor, que auxilia na posição do estômago associado ao fígado, sendo formado por 2 ligamentos: hepatoduodenal e hepatogástrico, vindos da curvatura menor do estômago. Sendo que há o mesocolo, que é um mesentério anexo ao intestino grosso, podendo ser mesocolo transverso e mesocolo sigmoide. Detalhando a anatomia topográfica, tem-se o sistema digestório dividido em tubo digestivo e glândulas anexas, que serão detalhadas posteriormente. Inicialmente, tem-se a cavidade oral ou boca, constituída pela cavidade própria da boca e pelo vestíbulo e localizada desde os lábios anteriormente, bochechas lateralmente até os arcos palatoglossos das fauces internamente. O assoalho da boca é constituído pelo músculo milo-hioideo e é ocupado pela língua. Lateralmente a boca é delimitada pelas bochechas e pelas regiões retromolares. A cavidade oral ainda é constituída de glândulas, sejam elas maiores como parótida – localizada lateralmente ao ramo da mandíbula, sublingual, localizadas nas fóveas sublinguais; e submandibulares – localizadas nas fóveas submandibulares; além de inúmeras glândulas menores (linguais, palatinas, labiais). A cavidade oral está relacionada à função de ingestão, mastigação, fonação e ventilação. A mucosa oral ainda é dividida em mucosa de revestimento, mastigatória e especializada, relacionada com a sua função específica e sua localização. Sendo a mucosa de revestimento a de coloração avermelhada, que reveste grande parte da cavidade oral; mucosa mastigatória é a submetida ao estresse da mastigação, sedo firmemente aderida ao osso subjacente. Na porção orofacial, há músculos e ossos que irão compor essa estrutura que atua na mastigação. Dentre os principais músculos orofaciais, tem-se o bucinador (pressiona a bochecha contra os molares), orbicular da boca (protusão labial), levantador e abaixador dos lábios tanto superior quanto inferior, bem como levantador e abaixador do ângulo da boca, e também o zigomático maior, que atua elevando a comissura labial. Esses músculos atuam no movimento da rima bucal e é importante no ato da mastigação. Ainda sobre músculos, é importante falar sobre os músculos da mastigação, sendo eles 4: temporal (retrusão da mandíbula), masseter (protusão da mandíbula), bem como o pterigoideo medial e lateral (atuam na protusão da mandíbula). É válido ressaltar que a articulação temporomandibular (ATM) é do tipo gínglimo, sinovial. Em relação à parte óssea ligada à porção digestiva tem-se: maxila, mandíbula, palatino, esfenoide, temporal, hioide. As principais estruturas desses ossos são processos alveolares, arco alveolar, eminências alveolares, fossa e forame incisivo na maxila; processo condilar, processo coronoide, incisura da mandíbula, ramo, ângulo, corpo, língula, fóveas suglinguais e submandibulares, espinhas genianas, forame lingual, forames mentuais, tubérculos mentuais, protuberância mentual, sulco e linha milo-hoidea na mandíbula; espinha nasal posterior, lâmina perpendicular e horizontal, processo piramidal, forames palatinos maiores e menores no osso palatino; processo estiloide, fossa mandibular, tubérculo articular no osso temporal; processo pterigoide com lâminas laterais e mediais, hámulo pterigoide, espinha do osso esfenoide no osso esfenoide; corpo, cornos maiores e cornos menores no osso hoide. Na cavidade oral, há também os dentes, inseridos nos alvéolos dentários tanto na maxila como na mandíbula por meiodos ligamentos periodontais. Há 4 tipos de dentes: incisivos (cortam alimento); caninos (furam alimento); pré-molares e molares (esmagam e trituram o alimento). Cada dente apresenta 5 faces (lingual, labial, mesial, distal e oclusal), sendo divididos em coroa, colo e raiz. Os dentes apresentam uma camada mais externa (esmalte), uma camada intermediária (dentina) e uma camada mais interna (polpa). O esmalte dentário é um material extremamente duro e rígido que recobre as coroas dos dentes. A dentina é um tecido amarelado avascular que forma a maior parte de um dente, sendo um material composto duro e complacente, sendo formada lentamente ao longo da vida. A polpa dentária fornece o suporte nutritivo para a atividade de síntese da camada de odontoblastos. Cemento é um tecido semelhante ao osso que sobre as raízes dentárias, sendo avascular e não possui nervos. O ligamento periodontal promove sustentação dos dentes, gera força para erupções dentárias, bem como fornece informações sensitivas sobre a posição do dente para facilitar a atividade reflexa da mandíbula. O teto da cavidade oral é constituído pelo palato duro e pelo palato mole, sendo o primeiro constituído por osso e o segundo por músculos. No palato duro, encontram-se as rugas palatinas, rafe palatina, enquanto no palato mole encontra-se a úvula. Entre os palatos, encontram-se tonsilas e fossas tonsilares, onde se alojam as tonsilas, como a tonsila palatina devido à presença de 2 arcos: palatoglosso, que une o palato mole à língua (mais anterior) e o palatofaríngeo, que une o palato à faringe (mais posterior). O palato mole apresenta uma musculatura que atua no ato da deglutição: músculo da úvula (eleva e encurta a úvula); tensor do véu palatino (tensiona o palato mole durante a deglutição); levantador do véu palatino (eleva o palato mole durante a deglutição); palatoglosso (eleva o palato mole sobre a língua) e palatofaríngeo (tensiona o palato mole e traciona as paredes da faringe durante a deglutição). Ademais, há a língua, órgão altamente vascular que participa da deglutição, paladar e fala. Posição parcialmente oral e parcialmente faríngea, sendo fixada pelos seus músculos ao osso hioide, mandíbula, processos estiloides, palato mole e parede da faringe. Apresenta raiz, ápice, dorso curvo e face inferior. As fibras musculares intrínsecas estão dispostas em um padrão de entrelaçamento que permite maior mobilidade dentre o complexo de fascículos transversais, longitudinais, verticais e horizontais. A raiz da língua está fixada ao osso hioide e à mandíbula. O dorso da língua é dividido em sulco terminal em forma de V uma porção oral (anterior e uma porção faríngea (posterior). Apresenta diversas papilas gustativas, relacionadas com o sentido da gustação, são elas as papilas foliadas, filiformes, circunvaladas e fungiformes. A parte móvel da língua corresponde à região anterior (ápice e corpo), inervados pelo nervo facial. Já o segmento fixo é a raíz da língua, posterior ao sulco terminal, sendo inervado pelo nervo glossofaríngeo. A musculatura da língua é dividida em intrínseca e extrínseca, sendo os músculos intrínsecos (longitudinal superior – curva a língua para cima e eleva seu ápice e laterais; longitudinal inferior – curva a língua para baixo, abaixando seu ápice; transverso – estreita e alonga a língua; vertical – achata e alarga a língua; sendo estes todos relacionados com a mudança na morfologia da língua). Os músculos extrínsecos, que por sua vez, conferem mobilidade à língua, são genioglosso (abaixa a língua; hioglosso (depressão das laterais da língua); estiloglosso (retrusão da língua) e palatoglosso (elevação da parte posterior da língua). As glândulas salivares são glândulas exócrinas compostas e tubuloacinares com ductos que se abrem na cavidade oral. Secretam saliva, que por sua vez é um líquido que lubrifica os alimentos para ajudar na deglutição, umidifica a mucosa oral, é importante para a fala, fornece solvente aquoso para a gustação, sendo também um selante líquido para sucção e amamentação. Secretam enzimas digestivas como a amilase salivar, agentes antimicrobianos como IgA, lactoferrrina e lizosima. São classificadas em maiores pares e em inúmeras menores. As maiores e pares são as parótidas, submandibulares e sublinguais. A parótida está localizada lateralmente ao ramo da mandíbula em ambos os lados D e E; as sublinguais nas fóveas sublinguais na mandíbula e as submandibulares nas fóveas submandibulares na mandíbula. No processo de deglutição, os movimentos voluntários seguem até a orofaringe, a partir de então os movimentos tornam-se involuntários. A musculatura hioidea já apresenta controle involuntário e é dividida em musculatura supra-hioide (acima do osso hioide) e infra-hioide (abaixo do osso hioide). A musculatura supra-hioide é composta pelos ventres anterior e posterior do músculo digástrico, estilo-hioide, milo-hioide e genio-hioide, todos esses relacionados com a aelevação do osso hioide e da mandíbula, sendo que o músculo gênio-hioide atua principalmente na protusão do osso hioide. A musculatura infra-hioide está relacionada principalmente com a retração e abaixamento do osso hioide e é composta pelos músculos tireo-hioide, omo-hioide, esterno-hioide e esterno-tireoideo. A faringe é composta por músculos pertencentes à subcamada circular interna da camada muscular (constritores superior, médio e inferior) com função de contração da parede faríngea durante a deglutição e os músculos da subcamada longitudinal externa, com função de elevação, encurtamento e alargamento da faringe (salpingofarínego, estilofaríngeo e palatofaríngeo, sendo este último relacionado com a tensão no palato mole, além da tração da parede faríngea durante a deglutição). A deglutição é um processo que inicia voluntário, mas passa a ser involuntário, sendo dividido em fases oral, faríngea e esofágica. Da orofaringe é ainda importante ressaltar que existe o esfíncter cricofaríngeo que está contraído em repouso, mas se alarga quando o bolo alimentar chega para ajudar na passagem deste. Isto através do alargamento do esôfago pela protusão e elevação do osso hioide e também pela elevação da laringe, bem comopela diferença de pressão (que é menor em direção ao estômago). Em seguida, tem-se o esôfago que é um tubo muscular, sendo composto de músculo estriado esquelético em seus 2/3 superiores e o 1/3 inferior composto de músculo liso. Apresenta cerca de 25 cm e é localizado posteriormente à traqueia. Faz conexão da orofaringe com o estômago, sendo dividido em 3 porções: cervical, torácica e abdominal. Ao longo da sua extensão é perceptível dois esfíncteres: um superior anatômico e outro inferior fisiológico, que funciona como uma válvula mantendo o esfíncter fechado quando não há deglutição. Além dos esfíncteres, se percebem quatro constrições: uma a nível do esfíncter esofágico superior, outra na passagem do arco aórtico, uma na passagem do brônquio principal esquerdo e uma última na passagem pelo hiato esofágico. O esôfago termina no estômago, chegando neste na região da cárdia. O estômago é intraperitonial, tem forma de “J”, está localizado à esquerda do fígado, posterolateral ao pâncreas e lateralmente ao baço, que está à sua esquerda. Funções do estômago são de acumular transitoriamente os alimentos ingeridos e preparar mecânica e quimicamente os alimentos, seja pela ação de contração das pregas gástricas, seja pela ação de enzimas e HCl (que iniciam a digestão de proteínas). É dividido em cárdia, fundo, corpo e região pilórica (onde se destaca o antro pilórico, o canal pilórico e o próprio piloro). Na cárdia se percebe a incisura cárdica e na região pilórica se nota a incisura angular. Ao longo da curvatura menor do estomago pode se observar o omento menor, enquanto que ao longo da curvatura maior se observa o omento maior. Vale ainda lembrar que amucosa do estômago apresenta ainda uma dupla camada espessa de muco que protege o epitélio da ação do HCl, além da muscular da mucosa (própria do tubo digestivo) e a túnica muscular conta com mais uma camada: obliqua interna, circular média e longitudinal externa. A gastrina, produzida mais na região pilórica, aumenta a motilidade gástrica, que também é regulada pelos hormônios entéricos. A regulação nervosa para secreção gástrica se dá por reflexos longos (estímulos externos tratados pelo SNC e SNA) da fase cefálica, e curtos (estímulos são logo detectados e processados no próprio órgão através de captação por mecanorreceptores) da fase gástrica, sendo que há ainda uma fase intestinal, regulada pela passagem do quimo para o duodeno. Antes de passar para o duodeno, o quimo vai se acumulando na região pilórica em decorrência das contrações no órgão que além de auxiliarem na trituração do alimento, ficam mais potentes a medida que se aproxima da região pilórica, pois a camada muscular vai ficando mais espessa (nota-se uma propulsão que acontece através de onda peristálticas do fundo ao piloro). O acúmulo do quimo na região pilórica acontece, pois existe uma retropulsão que faz com que 10% do quimo só passe para o duodeno, além do piloro ser estreito, pois quando fechado apresenta apenas uma pequena abertura que permite a passagem apenas de água. Após o piloro do estômago, tem-se o intestino delgado. Sua função majoritária é a absorção. Ele é um órgão longo e sinuoso que ocupa a maior parte da cavidade abdominal e é dividido em duodeno (menor parte), jejuno e íleo (maior parte). É separado do intestino grosso por meio da valva ileocecal. A única parte do intestino delgado que não é retroperitonial é a ampola duodenal, de resto todas as partes são retroperitoneais. O duodeno, primeira porção do intestino delgado e a mais curta tem formato de “C” e começa a partir do piloro. Possui quatro segmentos: superior (suspendido pelo ligamento hepatoduodenal), descendente (faz uma curva sob a cabeça do pâncreas e recebe secreções do fígado e maior parte do pâncreas através da papila duodenal maior, e recebe secreções do colo e da cabeça do pâncreas pela papila duodenal menor quando o ducto de Santorini está presente), inferior (abaixo da cabeça do pâncreas) e ascendente (na margem inferior do corpo do pâncreas, sendo suspendida pelo músculo suspensor do duodeno, que também se contrai para facilitar a passagem do quilo), terminando na flexura duodeno-jejunal. A partir desta flexura, começa o jejuno. Não existe uma divisão clara que separa o jejuno do íleo, uma das diferenças é enquanto a coloração: o jejuno é mais avermelhado enquanto que o íleo é mais pálido. O mesentério fixa o jejuno e o íleo na parede abdominal posterior. Tanto o jejuno quanto o íleo apresentam pregas circulares na mucosa, em decorrência da tonicidade. Tais pregas são importantes, pois desaceleram a passagem do quilo, aumentam a superfície de contato e permitem a rotação desse material ao longo das pregas, misturando com os sucos entéricos. Tudo isso contribui para melhorar a absorção, que é feita pelas vilosidades (com muitas microvilosidades - histológico) presentes ao longo de todo o intestino. Vale lembrar que quanto mais perto se chega na válvula ileocecal mais glândulas mucosas estão presentes. O intestino delgado (íleo) termina na junção íleo-cecal. O intestino grosso vem logo em seguida, a partir da junção íleo-cecal, uma valva que possui um lábio íleo-cólico e um lábio íleo-cecal. Essa valva é influenciada pela gastrina produzida no estômago e relaxa, permitindo passagem do quilo para o intestino grosso. A gastrina tem participação também no íleo aumentando a intensidade das contrações de segmentação, e no intestino grosso também contribui para aumentar o deslocamento de massa no cólon. A função principal do intestino grosso é absorver água dos resíduos não digeridos, formar as fezes e servir como um armazenamento temporário dos resíduos para defecação. Os componentes do intestino grosso são o ceco (segmento inferior a valva ileocecal), o apêndice vermiforme (órgão importante para o sistema imune), colo ascendente, flexura cólica direita (hepática), colo transverso, flexura cólica esquerda (esplênica), colo descendente, colo sigmoide, reto e ânus. Apenas o colo transverso e o sigmoide são intraperitoniais, o resto do intestino grosso é retroperitonial. Estruturalmente, o intestino grosso apresenta 3 tênias do colo (bandas de musculatura lisa longitudinal): uma livre central que não tem associação com nenhuma estrutura; uma epiploica que tem associação com os apêndices epiploicos, inferiormente; e uma mesocólica que tem associação com o mesocolon. As tênias finalizam na junção retossigmoidea, a nível da 3ª vértebra sacral. É ainda percebido no intestino grosso as haustrações (dilatações), que possuem no seu interior as pregas semilunares (largura maior que as circulares do intestino delgado) separando essas haustrações. O reto tem uma mucosa mais espessa e possui 3 flexuras retais (superior, intermediaria e inferior) que impedem a volta das fezes e de gases. É separado do canal anal por um esfíncter interno de tecido muscular liso e um esfíncter externo de tecido estriado esquelético. Não existem mais vilosidades e no canal anal existem musculaturas que se opõem ao aumento de pressão abdominal exercida pela musculatura abdominal (reto abdominal, obliquo externo e interno e transverso do abdômen) que são o músculo levantador do ânus (puborretal, pubococcigeno e ileococcigeno) e o isquiococcigeno, que são considerados os músculos da defecação. Sobre as glândulas anexas que irão compor o sistema digestivo, é importante falar sobre o fígado e pâncreas. O fígado, é a maior glândula do corpo e se encontra no epigástrio. É um órgão peritonial visceral, mas possui uma parte superior nua. Voltado ao sistema digestório, sua função é de produzir a bile. Anatomicamente, o fígado possui uma face diafragmática superoanterior, uma face visceral inferoposterior e quatro lobos (direito, esquerdo, caudado e quadrado). Ele apresenta alguns ligamentos que o fixam em sua posição: na face diagramática pode ser observado o ligamento falciforme ao centro, que se divide superiormente em ligamentos coronários direito e esquerdo, os quais continuam e formam os ligamentos triangulares direito e esquerdo; na face visceral, podem ser vistos o ligamento redondo inferiormente e o ligamento venoso superiormente, e o ligamento da veia cava inferior estabilizando a veia cava inferior. As fissuras onde se alojam os ligamentos venoso e redondo podem formar também a fissura sagital esquerda, enquanto que a fissura onde está o ligamento venoso forma também a fissura sagital direita. Outros acidentes anatômicos do fígado são o próprio hilo hepático na parte visceral, onde chegam artéria hepática e veia portal e saem os ductos hepáticos; a fossa da vesícula biliar com a própria vesícula biliar (dividida em fundo, corpo e colo); incisura do ligamento redondo, ápice, túber omental, e as impressões de estruturas importantes no parênquima hepático: esofágica, gástrica, renal, suprarrenal, cólica e duodenal. O pâncreas é um órgão retroperitonial, localizado posteriormente ao estômago, estendendo-se lateralmente a partir do duodeno em direção ao baço cujas porções são a cabeça (circundada pelo duodeno), o colo (posterior aos grandes vasos), o processo uncinado da cabeça do pâncreas, o corpo (à esquerda da artéria mesentérica superior) e a cauda (anterior ao rim esquerdo). Possuem componentes endógeno (ilhotas de Langerhans) e exógeno (ácinos produtores de enzimas digestivas). Possui um grande ducto pancreático principal (ducto de Wirsung) que conduz secreções digestivas à ampola hepatopancreática. Um pequeno ducto pancreático acessório (ducto de Santorini) se ramifica a partir do ducto pancreáticoprincipal e deixa o pâncreas, esvaziando-se no duodeno por meio da papila menor do duodeno, superiormente à papila maior do duodeno. A bile é uma solução alcalina que é produzida no fígado cuja função é de emulsificar as gorduras ingeridas. Na vesícula biliar ela se torna mais concentrada na forma de sais biliares, sendo que a reabsorção aumentada de sais biliares quando estes chegam ao intestino é um sinal para produção de mais bile (fatores nervosos e hormonais estão presentes também, como a secretina e colecistoquinina). A colecistoquinina age contraindo a vesícula biliar e liberando os sais biliares que seguem para o intestino delgado, passando pelo fundo, corpo e colo. Em seguida chegam nos ductos hepáticos direito e esquerdo e formam o ducto hepático comum que, junto com o ducto cístico, formam o ducto colédoco. Tal ducto desce e adentra a cabeça do pâncreas se juntando ao ducto pancreático principal na ampola hepatopancreatica. Quando o esfíncter de Oddi relaxar, o conteúdo da bile do pâncreas passa pela papila duodenal maior e cai no duodeno, local de ação de todas essas secreções. A colecistoquinina é quem traz informação para os esfíncteres de Oddi, do ducto colédoco e do ducto pancreático relaxarem e, assim, permitirem o escoamento das secreções, ela também permite a produção de enzimas pancreáticas nos ácinos.
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