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A evolução doutrinaria do direito penal Funcionalismo penal – é o movimento doutrinário que surge na Alemanha na década de 1970 com Claus Roxin e posteriormente erradia seus efeitos pelo mundo todo, se propõe a discutir qual o papel/ função do direito penal na sociedade o Não há um único funcionalismo penal, não existe um conceito fechado, existem diversas hipóteses de qual a função do direito penal o Características fundamentais Proteção do bem jurídico – só é legitimo na medida exata da proteção do bem jurídico Desapego da técnica jurídica excessiva – o direito penal deve abrir mão do formalismo exagerado, usando de forma mais flexível Prevalência do jurista sobre o legislador – a lei é meramente um ponto de partida e não engessa o jurista para aplicar ou não a lei o Espécies – existe inúmeras espécies, duas tem maior importância Funcionalismo moderado, dualista ou de política criminal (Claus Roxin, Escola de Munique) – moderado porque o direito penal tem limites e deve respeitar (limites do próprio direito penal, dos demais ramos e da sociedade), dualista por ser um sistema próprio de regras e princípios mas que convive com os demais ramos, de política criminal porque o direito penal é mais um instrumento a serviço da sociedade O direito penal tem que se ajustar a sociedade que ele serve No Brasil, quando se fala apenas de Formalismo é desse que está se referindo, também chamado de Racional-teleológico Funcionalismo radical, monista ou sistêmico (Günther Jakobs, Escola de Born) – radical porque o direito penal só deve respeitar os limites do próprio direito penal, monista porque o direito penal é um sistema próprio de regras e valores que independe dos demais, sistêmica porque o direito penal é um sistema autônomo ( tem vida própria e vive por si só), autorreferente (todos os conceitos e definições ele busca em si próprio) e autopoiético (sistema que se renova por conta própria, se atualiza e renova por conta própria) se baseia na teoria dos sistemas Nickolas Luhman Günther Jakobs a função do direito penal é punir, aplicar a lei penal de forma severa e reiterada, porque a norma penal só adquire autoridade quando dentro do seu âmbito de autoridade quando ele é aplicado de forma severa e reiterada; para ele a sociedade é que se adapta ao direito penal 15 Direito de intervenção (intervencionista) Winfried Hassener – parte da premissa de que o direito penal está sobrecarregado e cresceu demais se tornando ineficaz por tentar resolver todos os problemas e acaba não resolvendo nada, propõe diminuir o direito penal porque grande parte do que está no direito penal transfere para o chamado Direito de Intervenção o O direito de intervenção não tem natureza penal e não é aplicado pela justiça penal, é aplicado pela administração publica o O que fica no direito penal são os crimes de dano e de perigo contra bens individuais; os crimes de natureza difusa e coletiva vai para o direito de intervenção (contrária a teoria da espiritualização do direito penal e existe muitas críticas) Velocidades do direito penal Quem inicia a discussão sobre velocidades é José Maria Silva Sanchéz e estuda a evolução do direito penal na sociedade 1° Velocidade – direito penal da prisão, são os poucos crimes em que se o sujeito cometer vai perder a liberdade (homicídio qualificado, estrupo, latrocínio), poucos crimes ingressão nessa categoria o Possui tramite lento, porque ele depende da aplicação irrestrita dos direitos e garantias fundamentais, então, a ideia de lentidão vem da questão de retirar a liberdade de alguém, precisando ter muito cuidado o Também chamado de direito penal nuclear 2° Velocidade – são os crimes sem prisão, é o direito penal das penas alternativas e dos benefícios despenalizadores o A grande maioria dos crimes pertencem a esse grupo, são caracterizados por serem céleres/rápidos pela flexibilização dos direitos e garantias fundamentais isso só é possível porque a liberdade não está em jogo o Também chamado de direito penal periférico As duas velocidades são aplicadas pelo poder judiciário/ pela justiça penal Direito penal do Inimigo (terceira velocidade do direito penal) Origem histórica – alguns estudiosos dizem que sempre existiu e sempre vai existir, pois, a ideia de inimigo sempre vai ser inerente a sociedade, mas quem esquematizou foi Günther Jakobs na década de 1980 (Contexto da queda do muro de Berlin) e posteriormente na década de 1990 e novamente no 11 de Setembro de 2001 quando ganha destaque devido o contexto do medo nos ataques terroristas 16 O direito penal do inimigo surge do contexto do medo do desconhecido que não pode controlar Quem é o inimigo do direito penal? O direito penal do inimigo é um direito de guerra/disputa. Todo criminoso é um inimigo? o Nessa teoria temos dois extremos: de um lado o cidadão e do outro o inimigo. Todo e qualquer ser humano nasce com status de cidadão. Quando um cidadão se transforma em inimigo? quando pratica um crime grave (não é inimigo), repete o crime (ainda não é inimigo), se transforma em um criminoso habitual (ainda também não). Para ser inimigo ele necessita ingressar em uma organização criminosa. Mas o inimigo por excelência é o terrorista (seja de forma isolada ou coletiva) O inimigo tem em comum querer destruir e se colocar no lugar do estado Nem todo criminoso é inimigo, apenas uma pequena parcela. Também não precisa passar por todas as etapas para se tornar inimigo Efeitos da aplicação do direito do inimigo – o ponto central é que quem sustenta a teoria do direito penal do inimigo sustenta dois direitos penais: direito penal do cidadão e direito penal do inimigo o O direito penal do cidadão é garantista, retrospectivo (por se basear na culpabilidade do agente, o agente é punido por o que ele fez ou deixou de fazer e não por quem ele é, olhando para o passado), do fato (julga o fato típico e ilícito praticado pelo agente) o O direito penal do inimigo é autoritário (suprime e despreza direitos e garantias), isolabilidade do inimigo (ex.: prisão de Guantánamo), prospectivo (se assenta na periculosidade do inimigo, olha para o futuro pensando no que ele pode vim a fazer e com penas indeterminadas enquanto ele representar periculosidade), direito do autor Não está violando as regras ou a constituição, é um direito diferente e aplicado aos inimigos; também não viola os direitos fundamentais do cidadão por que ele não é um cidadão o Um dos principais efeitos é a antecipação da tutela penal – a punição dos atos preparatórios com a mesma pena do crime consumado No Brasil, lei de terrorismo possui antecipação da tutela penal o Produção de provas – a principal prova é a confissão (vai validar a tortura como produção de provas para buscar a confissão justificada pelo princípio da proporcionalidade “milhares de vidas inocentes ou a integridade do indivíduo”) 17 o Fortalecimento da polícia – a polícia faz a ação por conta própria e depois é fiscalizado o Eliminação de direitos e garantias fundamentais Também chamado de 3° velocidade do direito penal – porque é um direito penal de prisão e é extremamente rápido por não ter direitos e garantias fundamentais No Brasil não é possível aplicar o direito penal do inimigo por ofender diversas normas constitucionais (exemplo “todos são iguais perante a lei” não é possível classificar em cidadão e inimigo). o De maneira informal existe o direito penal do inimigo (exemplo, grupos de extermínio; ações da polícia que executa; abate de aeronaves não identificadas). Para saber se é ou não depende da análise do caso concreto. 4° Velocidade do direito penal (Daniel Pator) – Neopunitivismo / Panpenalismo, um direito penal absoluto. O direito penal aplicado a antigos chefes de estado por crimes de guerra.É o mais arbitrário e totalitário, até mesmo do que o direito penal do inimigo. Viola inclusive o princípio da reserva legal, da anterioridade da lei penal e do juízo natural (por ser aplicados por tribunais de exceção), viola o sistema acusatório. [uma teoria que não tem muita relação por não ter relação com a aplicação das penas] 5° Velocidade do direito penal – muita força policial nas ruas [uma teoria que não tem muita relação por não ter relação com a aplicação das penas] 18
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