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MÓDULO 1 Identificar as principais linhas sociológicas aplicadas à Educação A partir do Iluminismo, ocorreu a principal mudança de perspectiva sobre o homem e seu papel na sociedade: a propagação do ideal de igualdade entre os homens. A Sociologia da Educação parte do princípio de que a Educação se desenvolve em uma sociedade que também é resultante da Educação. Sociologia da Educação é um campo específico transdisciplinar. Dialoga com a Sociologia, a Pedagogia e a Educação. Seu fim é perceber que a Escola deve ser entendida como um fenômeno social. Émile Durkheim (1858-1917), sociólogo e psicólogo francês, é considerado o criador da Sociologia como ciência e pai da Sociologia da Educação. O primeiro sociólogo recebeu esse título por ter sido o primeiro a elaborar um método bem estruturado que consolidou a Sociologia como ciência. Para Durkheim, os indivíduos não importam em sua ação, em si. O sentido do ser humano é viver socialmente e se constituir por essa relação. A Educação para Durkheim tinha um papel de garantir que a sociedade humana não se perdesse em uma tábula rasa, ou seja, o homem não traz elementos definidos de antes do nascimento; todas as relações e construções vêm da relação com o mundo e cada indivíduo preenche a sua tábula ao longo da vida, sendo a garantia da continuidade dos valores morais, religiosos, políticos e científicos de uma sociedade. Marx partia da premissa de que toda a história humana é baseada na existência de indivíduos humanos e vivos, e essa premissa é fundamental para compreender a relação existente entre o homem e a natureza. Para Marx, a partir dessa percepção pode-se distinguir o homem da natureza, pois torna possível perceber que o ser humano apresenta uma concepção de religião e, mais importante, a noção da necessidade de produção do seu meio de subsistência, ou seja, de sua vida material. Para Marx, o motor da História é a luta de classes. Toda sociedade é composta por grupos que dominam os meios de produção – terras, estoque, capital –, que são as formas de garantir a subsistência, de se inserir nas dinâmicas econômicas dentro de determinada sociedade. Marx entende que as sociedades são divididas em classes sociais, nas quais existem as classes dominantes e as classes oprimidas. As ideias das classes dominantes são, para ele, em todas as épocas, as ideias dominantes. Para Marx, historicamente, a construção de discursos carismáticos, os treinamentos, as formas de ensinamento sempre atuaram nesse sentido. No entanto, a Escola burguesa sofisticou esse processo. Para legitimar a ascensão da burguesia e o seu direito aos meios de produção, javascript:void(0) passou a ser defendida e consolidada uma estrutura escolar que tinha a finalidade de, entre outras, manter o quadro de alienação da classe proletária e sua fragilidade diante dos dominantes. Marx afirma que uma das estratégias burguesas foi a separação definitiva entre capital e trabalho, fazendo com que a força trabalhadora perdesse a noção sobre o quanto vale sua força produtiva. Esse seria um dos preceitos da alienação. Assim, os educadores que tivessem o interesse em transformar efetivamente a sua sociedade teriam uma função social vital: combater a alienação e a desumanização por meio do aprendizado de competências que permitissem a compreensão tanto do mundo físico como do social. Weber aponta para a valorização da escolha do indivíduo. Ele é o agente, que medeia seus interesses, atende e se permite estar submetido a regras, assim como opta, por interesse como indivíduo, pelo rompimento de regras. Assim, segundo Weber, determinados pontos e conflitos internos são possíveis e adequados à estrutura social, inclusive à realidade educacional. Enquanto Durkheim e Marx tentam compreender a mecânica do funcionamento social, Weber afirma que o que temos é uma interpretação: observar a história é construir modelos inexistentes, e que não precisam existir, mas que dali é possível notar padrões e como cada conjunto social assume características próprias oriundas desses padrões. Weber sugere a construção de um modelo teórico que, como tal, tem a função de oferecer um formato ideal que, porém, é inexistente na prática. As ações, para Weber, partem do indivíduo e podem ser organizadas por suas motivações. Segundo Weber, podemos dividi-las em: AÇÃO RACIONAL AÇÃO EM FUNÇÃO DE VALORES AÇÃO TRADICIONAL AÇÃO AFETIVA Para Weber, status (prestígio social) é um componente vital para os posicionamentos sociais. Desse modo, na busca por prestígio social, o que é fomentado na Educação acaba por dar base para o posicionamento na estratificação social. MÓDULO 2 Relacionar a Escola e alguns conceitos fundamentais da Antropologia Era necessário que a Antropologia servisse à compreensão do entendimento individual dos grupos; notasse sua própria dinâmica evolutiva em termos de cultura e linguagem. Os estudos antropológicos não deveriam construir uma composição linear da cultura, mas um espelho que permitiria a composição de quadros comparativos não hierarquizados. De certa forma, estudos antropológicos não serviriam como curiosidade no entendimento do outro, mas para que as sociedades se percebessem. A provocação é olhar o espelho para que pudessem desnaturalizar seus processos e suas hierarquias. Cultura é fruto de uma concepção das teias culturais. Sociedades são complexas e constroem e reconstroem sentidos culturais constantemente. O estudo dessas interpretações de mundo, de construções de sentido (ainda que sejam constantemente rediscutidos e remodelados), é o processo de entendimento antropológico. A Antropologia, como campo do conhecimento, provocou, ao longo do século XX, uma mudança de entendimento, levando-nos a debater as fórmulas e noções supremacistas – provocou o pensar, o entender e, principalmente, o descobrir formas de convivência. Identidade é outro conceito antropológico fundamental. Também foi construído e modificado ao longo do tempo. Seus primeiros debates e formas – novamente o movimento positivista – associavam identidade à identificação. A identidade de um sujeito era associada à sua configuração, à sua proximidade com o ordenamento social. A maior marca identitária era a de ser civilizado, bárbaro ou selvagem. O século XX trouxe com força uma nova noção de identidade: a ideia de nacionalismo. Sua identidade era a sua nação, a fidelidade à sua terra, a seus familiares e às pessoas que conviviam diretamente com você. Por elas, você deveria viver, por elas você deveria morrer. Se durante o século XIX isso aparecera nos campos de batalha, no século XX eram elementos do cotidiano, como rádios, festividades e governos defendendo a ideia de civismo e luta por sua identidade. MÓDULO 3 Caracterizar a relação entre Educação e Ciências Sociais no cotidiano escolar javascript:void(0) A Educação é um fenômeno muito presente na análise de qualquer formulação de sociedade. A Escola, essa instituição desenvolvida para criar um espaço próprio para formar o sujeito a fim de reproduzir as dinâmicas da sociedade, é uma das invenções mais interessantes para notar como acontecem esses processos. As Ciências Sociais são os exercícios para que os membros do aquário pensem sobre como funcionam o seu mundo e, em especial, percebam que o seu mundo está imerso em outro muito mais complexo do que o das suas relações afetivas e sensoriais. Nilda Alves traz o conceito de Educação em múltiplos espaços, constituindo um sistema de interações em que elementos escolares influenciam e são influenciados por um discurso que apresenta, inclusive, características próximas, mas para espaços e fins diversos. Sua exposição permite que compreendamos os espaços escolares como imersos na sociedade em que convivem, são transformados e transformam as discussões. A Sociologia trabalha com a Educação de formaampla, independentemente de sua restrição institucional, no entanto considera que existem fenômenos diversos: Educação formal Tem forte tentativa de controle de forma, objetivos e processos – independe do grau de institucionalização. Educação informal As relações não são ordenadas, mas estabelecidas por interesses diversos, fruto das relações sociais do indivíduo, das afetividades. CARACTERIZANDO EDUCAÇÃO Avançando sobre a construção dessa possibilidade, podemos formular que educar é um processo que pressupõe como base a intencionalidade do educador. Assim, educar significa: ENSINAR No sentido de transmitir conteúdo, conduta que o outro deve seguir. QUALIFICAR Para que o outro possa ter acesso a locais específicos, aos quais só os que alçam essa nova posição podem ser considerados de alguma forma aptos. ESCLARECER Como forma de desfazer dúvidas e iluminar questões obscuras. VIGIAR À medida que o educador fornece ao educando pressupostos de comportamento, permite ao grupo dos primeiros o controle frente ao não cumprimento dos comportamentos recebidos. DISCIPLINAR Uma vez que o detentor do conhecimento passa a ser o delimitador das regras, permitindo- lhe, portanto, aplicar punição quando do não cumprimento. A partir do pós-guerra, surge uma perspectiva de mudança da Educação e de seu papel com a defesa da sua função de fortalecer a autonomia do sujeito e não a naturalização de sua dominação. Formar um cidadão deixa de ser formar alguém para o coletivo social, para fomentar a capacidade do sujeito de exercer sua cidadania. A atualização do conceito, de certa forma, deixa-o móvel, passando o sentido de que formar o cidadão não é mais instrumentalizá-lo daquilo que seria pressuposto socialmente como verdade, mas, sim, fomentar a capacidade de formação. A Escola não tem, ou não deveria ter mais, a função de ser um espaço de “adestramento” dos sujeitos, mas de promover sua autonomia.
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