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Noções gerais: Na petição inicial, o autor expõe os fundamentos de fato (causa de pedir remota) e de direito (causa de pedir próxima). Na contestação, o réu pode tornar controvertidos os fatos ou apenas as consequências jurídicas que o autor atribuiu a eles. Ou seja, a controvérsia pode ser exclusivamente de direito ou também de fato. No primeiro caso, não há, regra geral, necessidade de provas (jura novit curia), mas se houver fatos controvertidos, o juiz dará às partes a oportunidade de comprová-los, produzindo provas, para que se comprove que o autor ou o réu tem razão no tocante ás suas alegações, então o autor produzirá provas no sentido de demonstrar que os fatos por ele narrados são verdadeiros, já o réu, por sua vez, apresentará provas tentando demonstrar que os fatos trazidos pelo autor na petição inicial não correspondem à realidade. Porém, se o réu impugna apenas as questões jurídicas (os fundamentos de direito), pelo menos a princípio, não há necessidade de apresentar meios probatórios, visto que pela regra do jura novit curia, o juiz conhece o direito. Portanto as provas recairão sempre sobre os fatos controvertidos. Excepcionalmente, o magistrado pode exigir a comprovação do direito: Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe- á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar. Visto que o juiz tem o conhecimento da lei federal do pais, se a parte alegar direito que seja municipal, estadual, estrangeiro e consuetudinário, se o juiz requerer, terá a parte que provar a existência desse direito e também o seu conteúdo. O CPC considera ainda as provas como forma de convencimento do juiz a respeito dos fatos controvertidos que tenham relevância para o processo. Portanto, a finalidade da prova será, em um primeiro momento, buscar o convencimento do magistrado, visto que este não conhece os fatos, portanto, quando as partes apresentarem suas alegações de fato, será necessário que produzam provas destas no sentido de convencer o magistrado acerca da veracidade das alegações apresentadas pelo autor, ou das alegações apresentadas pelo réu, sobre os fatos relevantes para o processo. Alguns doutrinadores afirmam que a prova tem ainda a finalidade de permitir às próprias partes a formação do seu convencimento acerca dos fatos da causa, podendo, como base nisso, evitar uma demanda judicial, quando, de antemão a parte verificar que não tem meios probatórios suficientes para comprovar suas alegações, ou extingui-la por autocomposição, por exemplo, quando verificarem que as suas provas não serão suficientes para o convencimento do magistrado e não puderem derrubar os argumentos da outra parte, verificando que um acordo seria a melhor forma de resolução de conflito. Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz. As provas típicas são aquelas previstas em lei que as partes podem se utilizar para formar o convencimento do juiz acerca das suas alegações e as provas atípicas, que não tem previsão legal, mas que se o magistrado a considerar moralmente legítima, ela poderá ser utilizada para demonstrar a verdade das alegações das partes. Classificação das provas: A) Quanto ao objeto: • Diretas: aquelas que se ligam diretamente ao fato que se pretende demonstrar. Exemplo: o recibo para demonstrar o pagamento. • Indiretas: aquelas que não se prestam a demonstrar diretamente o fato a ser provado, mas algum outro fato a ele ligado e que, por meio de induções, poderá levar à conclusão desejada. Exemplo: testemunha que demonstra que o litigante, em determinado dia, estava viajando e que não podia ser o responsável pela conduta lesiva. B) Quanto ao sujeito: • Prova pessoal: é aquela prestada por uma pessoa a respeito de um fato. Exemplo: oitiva da testemunha, depoimento pessoal da parte. • Prova real: obtida pelo exame de determinada coisa. Exemplo: inspeção judicial ou perícia. C) Quanto à forma: • Prova oral: é a colhida verbalmente. Serão produzidas e reduzida a termo na audiência de instrução e julgamento Exemplo: depoimento das partes e testemunhas. • Prova escrita: é a que vem redigida. Exemplo: documentos e perícias (o laudo pericial). Destinatário da prova: como a finalidade da prova é propiciar o convencimento do magistrado, tem-se que ele, o juiz, é o seu principal destinatário. Ele precisa saber a verdade sobre os fatos para poder decidir. Porém, também são destinatários da prova as partes, permitindo-lhes decidir acerca das condutas que vão adotar no processo ou mesmo fora dele. Enunciado 50 do Fórum Permanente dos Processualistas Civis: “Os destinatários da prova são aqueles que dela poderão fazer uso, sejam juízes, partes ou demais interessados, não sendo a única função influir eficazmente na convicção do juiz. ” Objeto da Prova: O objeto da prova são os fatos controvertidos relevantes para o julgamento do processo. O professor Fredie Didier Jr comenta que na realidade são as alegações de fato controvertidas, no sentido de que as provas recaem sobre as alegações apresentadas pelo autor e pelo réu, e são as suas alegações que devem ser demonstradas para obter o convencimento do magistrado. O fato probando, além de controvertido (fatos alegados por uma parte e impugnados por outra), deve ser relevante, ou seja, deve possuir condições de influir na decisão, sob pena de sua prova ser desnecessária. O professor Fredie Didier Jr acrescenta que o fato a ser provado deve ser também determinado, ou seja, que a prova deva recair sobre um fato específico, que possa ser demonstrado. Fatos que independem de prova: Art. 374. Não dependem de prova os fatos: I - notórios; II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III - admitidos no processo como incontroversos; IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. • Notórios: São aqueles do conhecimento geral da comunidade em que o processo tramita. Não precisa que sejam de conhecimento global, bastando que sejam conhecidos pelas pessoas da região. Não necessariamente por todas as pessoas, mas por grande maioria. • Afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária: O que foi confessado pela parte contrária, expressamente ou por falta de impugnação, não se torna controvertido. Pressupõe-se que o fato admita confissão, portanto não pode se tratar de direitos indisponíveis. A confissão é em si uma prova, bastando ela. • Admitidos no processo como incontroversos: Essa hipótese assemelha-se à anterior, porque pressupõe também a incontrovérsia, que dispensa a produção de prova. Aqui há um consenso entre os litigantes a respeito de determinado fato, da sua existência ou inexistência. • Em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade: Há dois tipos de presunção que podem ser estabelecidas por lei: a absoluta (juris et de jure) e a relativa (juris tantum). Se houver a primeira, nenhuma prova se admitirá que seja contrária ao fato alegado. Se for a segunda, aquele que alegou o fato não precisará comprová-lo, mas o seu adversário poderá fazer prova contrária. A revelia é um exemplo em que há presunção relativa dos fatos alegados pelo autor na Inicial. Presunções judiciais (simples, comuns ou hominis): A presunção judicial resulta do raciocínio do juiz, que a estabelece. Art. 375. O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame pericial. Tem aplicação subsidiária, na falta de normas jurídicas quetratem do assunto. É importante observar que há uma distinção entre as regras de experiência comum, induzidas a partir da observação do cotidiano (p.ex. em determinado local, a partir de determinado horário, há sempre engarrafamento de carros), de regras de experiência técnica, que são conhecimentos técnicos de acesso generalizado (p.ex. o período de gestação de uma mulher, a lei da gravidade). Em se tratando de regra de experiência técnica de conhecimento exclusivo do juiz ou de especialistas no assunto, torna-se indispensável a realização de perícia. O juiz poderá ter outra formação que dá a ele outro tipo de conhecimento técnico, que não é do conhecimento geral, ou também pode ser necessária a intervenção de um especialista propriamente dito no assunto. Prova de fato negativo: É tradicional no Direito a afirmação de que fatos negativos não podem ser provados, mas apenas os afirmativos. Porém, há fatos negativos que podem ser provados, como, por exemplo, a parte pode provar que não possui imóveis em determinada circunscrição imobiliária, ou que não foi a determinada festa, pois estava em outro local. Segundo o professor Marcos Vinícius Rios Gonçalves não se pode exigir prova de fatos negativos, quando eles forem imprecisos, como, por exemplo, que a pessoa não tenha nenhum outro imóvel ou que nunca tenha viajado. Mas é possível a prova de que não tenha imóvel em uma certa circunscrição, ou não tenha ido à uma festa específica. O juiz e a produção da prova: A doutrina, historicamente, cogita de dois modelos de organização do processo: o modelo adversarial e o modelo inquisitorial. O primeiro se desenvolve entre os dois adversários, mantendo o juiz uma postura relativamente passiva, a quem cabe a função de decidir (prevalece o princípio dispositivo, que confere ás partes a prática da maioria dos atos processuais). É mais comumente adotado pelos países da common law. Os poderes instrutórios, de produção de prova, do magistrado aqui são bem reduzidos, o juiz tem basicamente a função de decidir, fica a cargo das partes a produção das provas, estabelecendo entre si uma competição. No segundo, o órgão jurisdicional é o grande protagonista do processo (prevalece o princípio inquisitivo, onde é conferido ao magistrado o poder de produção de provas de ofício). Geralmente adotado pelos países da civil law. Pode-se dizer que no Brasil, adotou-se o inquisitorial system, em que o juiz possui amplos poderes instrutórios. Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. Porém, atualmente, o assunto tem merecido um novo olhar, com o surgimento da doutrina denominada de garantismo processual ou “neoprivatismo processual”, como vem sendo denominado no Brasil. O seu objetivo é proteger o cidadão contra os abusos do Estado, caracterizados, neste caso, pelo aumento dos poderes do juiz, em respeito ao exercício do poder de autorregramento da vontade no processo. Paralelamente, vem se consolidando o entendimento de que existe um terceiro modelo, que fica entre os dois anteriores, o cooperativo, baseado no princípio da cooperação, com o redimensionamento do princípio do contraditório (estabelecer um verdadeiro diálogo entre as partes e o magistrado no curso do processo, de forma que possam juntos cooperar para a busca da solução do litígio), incluindo o magistrado no rol dos sujeitos do diálogo processual. Com base nessas novas premissas de garantismo processual, autonomia privada no processo e modelo cooperativo, surgem três formas de analisar o art. 370, CPC: A) Há quem continue afirmando a existência de amplos poderes instrutórios ao juiz, nos termos do art. 370, CPC. B) Há quem entenda que o disposto no art. 370, CPC é inconstitucional, por contrariar o devido processo legal à luz do garantismo processual, que vislumbra a necessidade de uma redução dos poderes do magistrado dentro do processo, para evitar abuso de poder e aumentar o poder das partes, para que decidam as provas que serão produzidas e como serão produzidas para comprovar a verdade das suas alegações. Então, para esta doutrina, que defende a inconstitucionalidade do art. 370, quando ele confere poderes ao magistrado de produção de provas de ofício, ele viola a garantia do devido processo legal, viola a garantia dada as partes de que cabe a elas a produção de provas para demonstrar a verdade das suas alegações e que o juiz é apenas o destinatário da prova, mas que não pode determinar a produção de prova de ofício pois isto instauraria o princípio inquisitivo e daria a ele um papel de protagonismo no processo, este que ele não deve ter sob pena de violação do contraditório e da ampla defesa, já que há também violação ao princípio da imparcialidade do magistrado. C) Há quem admita essa iniciativa oficial, mas lhe imponha limites. Ou seja, essa terceira corrente fica no meio termo das duas últimas. Nessa última corrente, há quem entenda que a atividade instrutória oficial somente pode ser complementar à atividade das partes, jamais substitutiva, o juiz não pode assumir ele próprio a produção que caberia ao autor e ao réu. Há quem entenda que o juiz que determinou a produção da prova de ofício deve ser afastado do julgamento da causa, para que assim não haja violação ao princípio da imparcialidade, e ainda há quem entenda que depende da análise da relação jurídica controvertida, sendo mais ampla a possibilidade do juiz requerer provas de ofício se o direito for indisponível, já se for um direito disponível, como as partes podem abrir mão do próprio direito, seriam automaticamente menores os poderes instrutórios do juiz. Princípio da aquisição processual da prova (ou princípio da comunhão da prova): Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento. Quando trazida aos autos, a prova sai da esfera de disposição daquele que a produziu (parte, MP, terceiro ou juiz), tornando-se integrante do conjunto probatório, para favorecer ou desfavorecer quem quer que seja. Então, a prova, uma vez produzida, pertence ao processo e não aos sujeitos que a produziram, independentemente de quem é esse sujeito, seja o autor, o réu, um terceiro, o MP ou até o próprio juiz. A prova se desvincula da pessoa que a produziu e passa a fazer parte dos autos do próprio processo. Em virtude disso, a prova pode favorecer ou desfavorecer qualquer uma das partes, não necessariamente a prova será analisada para favorecer aquele que a produziu. Com base nesse princípio não pode o responsável por sua produção pretender retirá-la do processo ou impedir que o juiz a considere por ter se arrependido de tê-la requerido e produzido. Homogeneidade da eficácia probatória: será atribuído um só valor à prova. Ou ela demonstra a veracidade da alegação de fato ou a sua inveracidade, não há meia- verdade. No momento de valorar a prova o juiz irá atribuir um valor único a prova, não levando em consideração quem a produziu. A prova obtida por confissão, que é conduta desfavorável, segue regra distinta, não podendo a confissão de um litisconsorte prejudicar o outro (art. 391, CPC). Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes. A confissão é uma conduta determinante, que é desfavorável, e há uma previsibilidade quanto essa conduta desfavorável, pois no momento em que a parte confessa ela sabe previamente que está confessando um fato que é desfavorável aos seus interesses e favorável aos interesses da parte contrária, então é uma prova que necessariamente acarreta para a parte que a produziu uma conduta determinante, desfavorável para si. Porém em umasituação de litisconsórcio, independentemente de ser simples ou unitário, a conduta determinante de um litisconsorte não prejudicará o outro. Portanto, podemos constatar que a confissão não é abrangida pelo princípio da aquisição processual da prova. Provas Atípicas: Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz. Os meios de prova típicos (ou nominadas) são aqueles que possuem expressa previsão legal (perícia, depoimento pessoal, confissão etc) e os atípicos (ou inominadas) são aqueles que mesmo não previstos em lei são meios lícitos e moralmente legítimos. Exemplos de meios de prova atípicos: prova estatística, prova cibernética e a reconstituição de fatos. A ausência de disciplina legal exige que o magistrado se atente para o princípio do contraditório no momento de sua produção, visto que as provas típicas já têm o procedimento de sua produção estabelecido em lei, que já tem sua garantia de contraditório incluído, agora, quando falamos em provas atípicas, como são provas que não possuem previsão legal, o juiz deve ter uma atenção redobrada ao respeito pelo princípio do contraditório, afinal não existe um procedimento pré fixado para que o magistrado siga. Também é possível cogitar de uma prova atípica (inominada) decorrente de negócio jurídico processual celebrado entre as partes (art. 190, CPC). Ex: as partes aceitam que um testemunho seja apresentado por escrito, acelerando a colheita da prova. Uma prova que não pode ser utilizada como típica porque em sua formação violou uma norma, não pode ser aceita como atípica, sob pena de estar servindo a uma fraude à lei (art. 142, CPC). Proibição da Prova ilícita: CF, art. 5º, LVI. são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; Trata-se de direito fundamental do jurisdicionado de não ver produzida contra si uma prova ilícita ou obtida ilicitamente. Prova ilícita é aquela com conteúdo ilícito, já a prova obtida ilicitamente é aquela cuja colheita o ato de inserção no processo é ilícito. Ambas estão abrangidas pela vedação do art. 5º, LV, da CF. É ilícita a prova que contraria qualquer norma do ordenamento jurídico (ex: confissão obtida por tortura, depoimento de testemunha sob coação moral, interceptação telefônica clandestina, obtenção de prova documental mediante furto etc.) São também ilícitas as provas obtidas sem observância da participação em contraditório. O princípio do contraditório garante o direito de informação e o direito de reação, garante a ambas as partes a participação ativa no processo, tomando ciência de tudo que ocorreu e tudo que vai ocorrer e podendo se manifestar sobre todos os atos processuais. Provas moralmente ilegítimas: É a prova que contraria a boa-fé objetiva, que é uma norma jurídica. Ao violar uma norma jurídica, a prova torna-se ilícita, pois contraria a lei. Parte da doutrina faz contraposição entre a prova ilícita, obtida com violação de regra de direito material, e prova ilegítima, obtida com violação de regra de direito processual. Para essa parte da doutrina, se no momento de produção da prova, criação e inserção no processo ou o próprio conteúdo da prova violar alguma regra de direito material, estaríamos diante de uma prova ilícita, porém, se essa prova no momento de criação, inserção no processo ou também seu conteúdo violar alguma regra de direito processual estaríamos diante da prova ilegítima. Há quem entenda tal distinção como sendo inútil, pois de todo jeito a prova será proibida no processo. Provas ilícitas por derivação: Aqui temos a aplicação da teoria dos frutos da árvore venenosa (fruits of the poisonous tree). Essa metáfora significa que se a árvore estiver envenenada, ela envenena todos os seus frutos. São aquelas em si mesmas lícitas, mas produzidas a partir de outra ilicitamente obtida (ex: documento encontrado após invasão de domicílio, interceptação telefônica autorizada pelo juiz com base em documento falso etc). O STF já se posiciona no sentido de inadmitir a prova ilícita por derivação há muitos anos (HC 69912/RS). Exceções à proibição da prova ilícita por derivação: Há algumas exceções à proibição de prova ilícita por derivação. Aqui se utiliza uma analogia ao código de processo penal, no seu atr. 157, que apresenta algumas exceções. As duas mais conhecidas são: A) Derivação mediata: inexistência de nexo de causalidade, ou seja, as provas que são independentes da prova ilícita não se tornam ilícitas pela simples presença no processo em que está a prova ilícita. B) Descoberta inevitável: prova que seria obtida de toda forma. Ou seja, ainda que a prova tenha sido obtida a partir de uma outra prova ilícita ou da pratica de um ato ilícito, ela teria sido obtida de toda forma, do mesmo modo. O art. 157 do CPP, que consagra expressamente referidas exceções, deve ser aplicado subsidiariamente ao processo civil: CPP, art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. § 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. Enunciado nº 301 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Aplicam-se ao processo civil, por analogia, as exceções previstas nos §§1º e 2º do art. 157 do Código de Processo Penal, afastando a ilicitude da prova”. Prova ilícita negocial: A prova ilícita é aquela que contraria norma jurídica e, tal norma, pode ser um negócio jurídico. É possível que as partes negociem que determinado meio de prova não será admitido no processo, valendo-se do art. 190, CPC, estabelecendo assim um negócio jurídico processual, e a prova que for produzida o contrariando não será admitida, será ilícita. Não havendo simulação ou fraude, não há porque o juiz desconsiderar a norma decorrente desse negócio jurídico processual. Então, antes de admitir o negócio jurídico processual, o juiz deverá analisar se ele se deu por qualquer ato fraudulento ou prática de simulação, se for verificado qualquer um desses, o magistrado poderá desconsiderar aquele meio de prova como um meio ilícito, já que ele vai desconsiderar a norma estabelecida entre as partes através de um negócio jurídico processual. No entanto, se o juiz verificar se o negócio jurídico é valido, que não emanou de nenhum ato fraudulento ou de nenhuma simulação não haverá nenhum motivo para que o magistrado desconsidere o negócio jurídico processual que estabeleceu mecanismos de produção de prova, eliminando outros mecanismos que por lei poderiam ser utilizados para demonstrar a verdade daquelas alegações. Proibição de prova ilícita e proteção da intimidade e da privacidade: Um dos principais pontos de conflito está entre a prova ilícita e o direito à intimidade, que resguarda o relacionamento da pessoa consigo mesma, e à privacidade, que diz respeito ao relacionamento da pessoa com um número restrito de pessoas (art. 5º, X, XI e XII, CF). A doutrina costuma colocar que o direito à intimidade seria aquele direito ao relacionamento que o indivíduo tem consigo mesmo, então, tudo aquilo que respeita isso diz respeito à sua vida íntima. Já o direito à privacidade ou a vida privada, seria a proteção ao relacionamento da pessoa com outras pessoas próximas,como por exemplo familiares, amigos..., um grupo muito determinado de pessoas. Tanto a proteção a vida intima quanto a proteção a vida privada são direitos fundamentais previstos no art. 5º e seus incisos da CF e, portanto, são cláusulas pétreas, que merecem todo resguardo pelo magistrado e verificadas as possibilidades de violação no que diz respeito a produção de provas. Então nós temos provas que são consideradas ilícitas por violar o direito à intimidade e o direito à privacidade. Se a prova foi obtida sem violação à vida íntima ou à vida privada da pessoa, não haverá, a princípio, prova ilícita. Ex: não é ilícita a utilização de imagens captada por detetive particular que flagra o cônjuge da cliente em via pública com a sua amante. Agora, se a foto fosse tirada dentro de um quarto de motel, poderia ser ilícita por violação à vida privada. Nesse mesmo sentido, é lícita a captação de imagens feita por câmeras escondidas em estabelecimentos comerciais e nas áreas comuns de condomínios. Também é lícita a escuta ambiental, feita quando os interlocutores falam em voz alta, permitindo a captação do diálogo. Quanto ao sigilo telefônico, há duas situações: 1ª) Quando a conversa entre duas pessoas é gravada por uma delas, sem o consentimento da outra, caso em que se está diante da escuta telefônica, que vem sendo admitida como prova lícita, principalmente nos casos em que seu conteúdo for utilizado por motivo justificado (como para a defesa de interesses em juízo). 2ª) Quando a conversa entre duas pessoas é gravada por um terceiro sem o consentimento dos interlocutores, caso chamado de interceptação telefônica, que é considerada prova ilícita, salvo se precedida de autorização judicial. Aqui a conversa é gravada por esse terceiro que não tem nenhuma participação naquele diálogo, então, só se considerará essa gravação como uma prova lícita se ela for autorizada pelo juiz, já que os interlocutores não deram consentimento para aquela gravação, que foi feita por um estranho à conversa. Nesse caso, se essa interceptação foi clandestina, feita sem autorização do judiciário, será considerada uma prova ilícita. Existem entendimentos jurisprudenciais no sentido de que essa autorização poderia ser precedente a interceptação, mas também poderia se dar posteriormente, depois que a interceptação já foi realizada, a convalidando. A doutrina majoritária não admite a interceptação telefônica para a instrução processual civil, já que o art. 5º, XII, CF a autoriza apenas para investigação criminal ou instrução processual penal. Porém, é possível utilizar como prova emprestada, no juízo cível, a interceptação telefônica autorizada no juízo criminal. Quando falamos em prova emprestada, falamos de prova que foi produzida em outro processo e que valerá como prova naquele processo em que foi emprestado. Para que a prova emprestada seja usada validamente no processo, se tem que garantir o direito do contraditório, visto que os interlocutores não têm ciência da gravação. Há precedente do STJ autorizando a interceptação telefônica para instrução no processo civil de competência da vara da infância e juventude, sob o fundamento de que a conduta investigada também era criminosa (HC 203405/MS). Nulidade e rescindibilidade da decisão baseada em prova ilícita: A prova ilícita acarreta a nulidade da decisão que a toma por base, desde que o faça como único ou principal fundamento. A ação rescisória deve fundar-se no seguinte dispositivo legal: Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: VI - For fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; A rescisão da decisão que teve como base prova ilícita será feita por meio de ação rescisória, que tem um prazo de 2 anos para ser requerida. Sistema de valoração da prova pelo juiz: Convencimento motivado ou persuasão racional: permite-se que o órgão julgador atribua às provas produzidas o valor que entender que elas mereçam, de acordo com o caso concreto. Ou seja, no nosso ordenamento jurídico, a prova não tem a priori, um valor decidido por lei, é no caso concreto que o magistrado vai conferir a prova o valor que ele entender devido, por isso, a doutrina costuma dizer que no processo brasileiro a prova em abstrato tem sempre valor relativo, pois é o próprio magistrado, no caso concreto que vai valorar a prova. As provas não possuem um valor a priori, previsto em lei, como ocorre no sistema da “prova legal”, em que o legislador atribui valor a cada prova e o magistrado constata que a prova foi produzida e lhe atribui o valor determinado na legislação. Existem ordenamentos jurídicos, que não o nosso, que adotam esse sistema, que também é chamado por alguns doutrinadores de sistema de tarifamento das provas, onde a própria lei atribuiria valor a cada prova. A função do juiz nesse sistema seria apenas verificar que a prova foi produzida, e constatando isso, dar o valor a ela que foi atribuída em lei, se utilizando de um raciocínio matemático para julgar a procedência ou improcedência do pedido. Porém esse sistema não vigora no Brasil, aqui, o juiz terá que motivar (justificar) todas as suas decisões, com base nas provas produzidas nos autos, desde que fundamente sua decisão, observado o art. 93, IX, que diz que toda decisão de magistrado deve ser obrigatoriamente motivada. O convencimento do juiz tem que ser motivado. Não é livre e nem pode ser íntimo, como acontece no Tribunal do Júri, onde vigora o princípio da íntima convicção. Já no processo civil o juiz deve decidir com base nas provas produzidas nos autos, não poderá ir contrário a elas, e principalmente terá que fundamentar sua decisão. O juiz deve apresentar as razões pelas quais entendeu que a prova merece o valor que lhe foi atribuído, evitando-se, assim, juízos discricionários ou puramente subjetivos, para que o juiz decida de forma racional, servindo ainda para permitir e facilitar o controle das decisões. A fundamentação é o que legitima a decisão do magistrado, então, a parte irá se conformar com a decisão do magistrado ou irá decidir por interpor recurso, não apenas baseada no dispositivo da sentença, mas na maneira como o juiz fundamentou, então é indispensável que ao fundamentá-la ele atribua o valor ás provas e demonstre o porquê de estar dando aquele valor a cada uma das provas. Além disso, a fundamentação do magistrado facilita a fiscalização da atividade judicante. Limites à valoração da prova pelo juiz: No CPC de 73 falávamos em livre convencimento motivado ou persuasão racional do juiz, com o CPC de 2015 essa palavra livre foi suprimida e agora falamos do princípio do convencimento motivado ou da persuasão racional do juiz, pelo fato de se entender que existem limitações à decisão jurisdicional e a análise das provas que vão demonstrar a verdade das alegações e que vão servir ao convencimento do magistrado, então, o juiz não é livre para decidir, ele deve motivar suas decisões de acordo com as provas constantes nos autos do processo e possui algumas limitações determinadas na própria lei. 1º) Prova constante dos autos: Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento. Para garantia do contraditório, referido dispositivo legal só autoriza a valoração de prova que tenha sido produzida e que conste dos autos do processo. Prova que não esteja nos autos não pode servir como fundamento da decisão. Aqui, quando se fala que na valoração da prova “o que não está nos autos não está no mundo” é para garantir o princípio do contraditório, que é uma garantia constitucional, e por ele,a tudo que uma parte diz, é dado a parte contrária o direito de contradizer, então a parte tem direito de conhecer os atos praticados dentro do processo (ou que irão ser praticados) e tem o direito de se manifestar em relação a eles, o direito de informação e de reação é garantido pelo contraditório. Então é indispensável que a prova conste nos autos do processo, só assim o juiz saberá se ela respeitou o contraditório. 2º) Motivação racional: A motivação deve ser racional. O que se espera é que o juiz respeite as regras de validade a argumentação e do raciocínio jurídico, embasando sua decisão com ele. O magistrado deve evitar juízos discricionários e subjetivos, sempre seguindo o caminho que as provas produzidas nos autos indicam. A decisão deve ser justificada racionalmente, de modo que o juiz não produza um discurso superficial, meramente retórico, ao qual se adere por emoção. Sendo que esse discurso não encontra nenhum respaldo legal. Por isso, há doutrina que não admite decisão fundada em critérios de fé ou religião, considerando ilícita a prova psicografada, visto que esta não encontra fundamento jurídico, racional, porém, isso se trata de entendimento doutrinário, não se tem um entendimento pacífico a respeito da licitude ou não da prova psicografada. 3º) Motivação controlável: A motivação, além de racional, deve ser controlável, razão pela qual deve ser clara e pública. Clara no sentido de que se dirige não apenas às partes, mas a todos os jurisdicionados interessados na formação daquele precedente, se faltar clareza as partes envolvidas até podem entender, pois vivenciaram todo o processo, porém, a decisão deve ser clara o suficiente para que qualquer jurisdicionado que tenha interesse naquela decisão, na formação do precedente a partir dela, possa dela se valer. Pública, pois, no Brasil, não se admite motivação secreta ou íntima, salvo previsão do art. 145, §1º, CPC, quando o juiz se declara suspeito por motivos de foro íntimo. 4º) Regras episódicas de prova legal: Há hipóteses de aplicação de “prova legal” em nosso ordenamento jurídico, caso em que há um claro limite à valoração da prova pelo juiz. São técnicas desenvolvidas para evitar arbitrariedades judiciais, como decisões lastreadas em qualquer prova, mesmo quando manifestamente inidôneas. O juiz somente poderá superar (não aplicar) essa regra legal se demonstrar a sua inconstitucionalidade ou a falta de razoabilidade, no caso concreto. Exemplos: promessa de compra e venda de imóvel somente se prova por instrumento (art. 1417, C.C.); a prova da emancipação extrajudicial somente pode ser feita por instrumento público (art. 5º, parágrafo único, I, C.C.); doação de imóvel somente se prova por instrumento (art. 541, C.C.) etc. Ou seja, o próprio CPC e legislações extravagantes dão ao magistrado uma limitação no momento de valorar a prova. 5º) Respeito às regras de experiência: As máximas de experiência, sejam elas comuns ou técnicas, servem como forma de controlar a valoração judicial da prova, não podendo o juiz valorar as provas contra essas regras (ex: não pode negar a lei da gravidade). Ônus da prova: Ônus da prova é o encargo que se atribui a um sujeito para demonstrar determinadas alegações de fato. Pode ser atribuído pelo legislador, pelo juiz ou por convenção das partes. Em um primeiro momento, as provas recaem tão somente sobre as alegações de fato, com exceção de quando for alegado direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, nesse caso, o juiz requerendo, a parte deverá fazer prova da existência e conteúdo dessa lei. A atribuição feita pelo legislador é prévia e estática, prévia pois está determinada em lei antes dos fatos ocorrerem, antes da distribuição da demanda e do ajuizamento da ação, já temos a regra prevista em lei para a distribuição do ônus da prova, e é estática por que a lei determina e não se altera pelo legislador, podendo vir a ser alterada pelo juiz ou por consentimento das partes. Ao passo que a atribuição feita pelo juiz e pelas partes é dinâmica, pois leva em consideração o caso concreto. As regras do ônus da prova são analisadas a partir de duas dimensões (ou funções), pela doutrina: 1ª) Ônus subjetivo ou formal: são regras dirigidas aos sujeitos parciais (as próprias partes). Tem por objetivo dar conhecimento a cada parte de sua parcela de responsabilidade na formação do material probatório. Aqui estamos falando do encargo atribuído ás partes, qual seria a parcela de responsabilidade de cada um quando falamos do ônus de provar as alegações de fato trazidas no processo. 2ª) Ônus objetivo ou material: trata-se de regra dirigida ao juiz (regra de julgamento), que indica qual das partes deverá suportar as consequências negativas advindas da ausência de determinado elemento de prova, ao fim da atividade instrutória. Então, o juiz no momento de decidir vai verificar qual das partes assumiu o ônus de provar determinado fato, se a parte não conseguiu se desincumbir da prova daquele fato o juiz então julgará em sentido contrário à parte que deveria ter demonstrado o fato, mas não o fez, por isso que se fala que o ônus objetivo é uma regra material, pois é no momento de proferir a decisão que o juiz irá aplicar o ônus da prova e verificar a ausência desta e quem essa ausência prejudicará, verificando a quem cabia esse encargo. Distribuição legal do ônus da prova: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - Ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - Ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. O inciso I diz que cabe ao autor comprovar os fatos que constituem o seu direito. Então, aquilo que o autor alega na sua petição inicial e que diz constituir o seu direito, os fatos trazidos pelo autor, a causa de pedir articulada na PI, segundo os quais seriam hábeis para o reconhecimento do direito do autor, são de responsabilidade probatória do próprio autor. Em contrapartida, no inciso II, é de responsabilidade do réu que alega fatos novos capazes de impedir, modificar ou extinguir o direito do autor, provar aquilo que alega. Quando há defesa de mérito direta, ou seja, o réu apenas nega os fatos trazidos pelo autor na inicial ou as consequências jurídicas desses fatos, a princípio o réu não precisaria produzir prova, ele simplesmente deveria verificar se o autor vai ser capaz de se desincumbir do seu ônus de demonstrar a verdade das suas alegações, mas se o réu assim o desejar poderá produzir contraprova. Já se o réu apresentar defesa de mérito indireta, trazendo fatos novos, impeditivos, modificativos ou extintivos do direito pleiteado pelo autor aí passa a ser dele o ônus de demonstrar a existência desses fatos novos. Importante lembrar que o ônus não é um dever, uma obrigação, mas sim um encargo atribuído ás partes, pois se elas não cumprem esse encargo, não serão capazes de provar a verdade das suas alegações. E havendo ausência de provas o juiz irá decidir em desfavor da parte que deveria ter provado aquela alegação. Inversão “opie legis” do ônus da prova: há casos em que o legislador altera a regra geral e cria hipóteses excepcionais de distribuição do ônus da prova. Tal fato está previsto em lei e não depende do caso concreto ou da atuação do juiz. É a inversão que se opera por força de lei, que em determinadas situações inverte o ônus da prova, não cabendo à parte que alegou o fato provar que este ocorreu, mas sim a parte contrária. A inversão “ope legis” do ônus da prova é um caso de presunção legal relativa, já que a parte que alega o fato está dispensada de prová-lo. Cabe a outra parte o ônus de provar que o fato não ocorreu. É relativa pois a outra parte poderá provar que aquilo não ocorreu ou não ocorreu da forma que a outraparte alegou. Exemplo de inversão “ope legis” do ônus da prova: propaganda enganosa em ações de consumo (art. 38, CDC), aqui, não irá caber ao consumidor fazer prova da propaganda enganosa, mas sim a parte contrária provar que a propaganda não foi enganosa. Prova diabólica: É aquela cuja produção é considerada impossível ou muito difícil. Essa nomenclatura é dada pela doutrina, que conceitua esta como prova impossível de ser feita ou muito difícil. Exemplo: o autor da ação de usucapião especial teria que fazer prova do fato de não ser proprietário de nenhum outro imóvel, visto que ele teria que percorrer todos os cartórios de registro de imóveis para buscar certidões negativas. Pode-se falar na prova unilateralmente diabólica: impossível ou extremamente difícil para uma parte, mas viável para a outra (caso em que o juiz poderá distribuir o ônus da prova dinamicamente). O CPC admite a chamada regra da distribuição dinâmica do ônus da prova, e essa regra permite ao juiz, de acordo com o caso concreto, redistribuir o ônus da prova tendo em vista a parte que tem mais facilidade ou mais acesso a produção de determinada prova. Há, ainda, a prova bilateralmente diabólica: a prova do fato é impossível ou muito difícil para ambas as partes (nesses casos, uma das partes deverá arcar com as consequências gravosas desse estado de dúvida). Nesse caso ficamos diante de uma situação de dúvida, nesse caso o magistrado irá resolver a situação verificando qual das partes assumiu o risco de produzir aquela prova, e essa pessoa terá que arcar com as consequências gravosas. Se o fato insuscetível de prova for constitutivo do direito do autor pode ocorrer duas situações: A) Se o autor assumiu o risco de inviabilidade probatória (“inesclarecibilidade”), o juiz, na sentença, deve aplicar a regra legal do art. 373, CPC e julgar improcedente o pedido. B) Se o réu assumiu esse risco, o juiz deve, depois da instrução e antes da sentença, inverter o ônus da prova e intimar o réu para que se manifeste (contraditório), para, então, julgar procedente o pedido. Distribuição convencional do ônus da prova: Art. 373: (...) § 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando: I - recair sobre direito indisponível da parte; II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. § 4o A convenção de que trata o § 3o pode ser celebrada antes ou durante o processo. A distribuição convencional do ônus da prova é uma distribuição dinâmica estabelecida por convenção entre as partes. O §3º do art. 373 dá a possibilidade das próprias partes, por meio de um negócio jurídico processual, determinarem que irá produzir determinadas provas, de cada fato dentro do processo. Porém, há duas situações em que as partes não poderão realizar esse tipo de negócio jurídico: • Recair sobre direito indisponível das partes: Pelo risco que o legislador vislumbra da parte a quem incumbir o ônus de provar o fato não conseguir demonstrar a existência de um direito indisponível, e a parte, como já se sabe, não pode abrir mão de um direito indisponível, então ela também não poderia assumir o risco de não conseguir demonstrar a verdade dos fatos ligados a um direito indisponível. • Tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito: As partes podem convencionar entre si o ônus da prova, autor e réu juntos podem decidir quem provará qual fato, mas, se a prova desse fato se tornar excessivamente difícil para a parte que assumiu esse ônus e isso puder gerar o risco de inviabilizar o exercício do direito, principalmente em se tratando de um direito indisponível, nesse caso, não será possível a negociação do ônus da prova. O inciso I pretende evitar que um direito indisponível deixe de ser exercido por dificuldades quanto a prova dos fatos a ele vinculados. Assim como o inciso II pretende evitar a convenção sobre o ônus da prova que torne excessivamente o exercício do direito. Logo, ambas as hipóteses poderiam ser tratadas como uma situação única pelo legislador (crítica feita pelo professor Fredie Didier Jr). Uma vez firmada a convenção e desde que satisfeitos os requisitos de validade, independente de homologação judicial, ela é imediatamente eficaz, (art. 200, CPC): Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. O §4º do art. 373 diz que as partes podem, antes mesmo do processo se iniciar, antes mesmo do ajuizamento da ação, negociar a distribuição do ônus da prova, elas podem juntas, distribuir de forma diversa da prevista em lei, o ônus da prova. E também no curso do próprio processo estabelecer uma convenção para a distribuição do ônus da prova. Tendo assim um negócio jurídico bilateral onde as partes juntas convencionam a quem caberá o encargo de demonstrar a verdade de cada fato das alegações trazidas e nessa situação se tem inclusive o amparo na regra geral de negócio jurídico previsto no art. 190 do próprio CPC, que traz como regra a possibilidade das partes convencionarem regras sobre procedimento, inclusive sobre a distribuição o ônus da prova. A convenção sobre o ônus da prova não impede a utilização da iniciativa probatória do juiz, desde que em seus limites, tendo tal convenção influência apenas na aplicação do ônus objetivo da prova, se for o caso. O fato das partes tendo convencionado o ônus da prova não irá impedir o juiz de requerer provas de ofício, já que tal fato é expressamente autorizado pelo CPC, mas o juiz poderá se valer dessa convenção estabelecida entre as partes no momento de proferir a sua decisão, pois, se qualquer fato não ficar demonstrado, o juiz vai impor a parte que não demonstrou o fato e que teria que ter o feito, as consequências gravosas disso, para isso, o juiz vai verificar como autor e réu distribuíram o ônus da prova, não aplicando a regra da distribuição legal, mas sim a convencional. Distribuição do ônus da prova feita pelo juiz: O juiz poderá, preenchidos certos pressupostos, redistribuir o ônus da prova, diante das peculiaridades do caso concreto. Trata-se da chamada distribuição dinâmica do ônus da prova. Também é dinâmica a distribuição feita por convenção das partes. Essa possibilidade de o magistrado distribuir o ônus da prova de forma diversa do previsto no art. 373 do CPC encontra respaldo no próprio CPC. A redistribuição do ônus da prova pode ser feita de ofício, é uma decisão interlocutória, e é impugnável por agravo de instrumento (art. 1015, XI, CPC). (Se por indeferida só se impõe recurso na apelação) Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões (...) XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ; A decisão que não redistribui o ônus da prova pode ser impugnada por ocasião da apelação ou das contrarrazões de apelação, visto que não preclui de imediato, requerendo ao tribunal á reanalise daquela decisão interlocutória que não redistribuiu o ônus da prova (art. 1009, §1º, CPC). Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. § 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. (...) A distribuição legal do ônus da prova é regra. A distribuição dinâmica do ônus da prova, que pode ter como beneficiário tanto o autor quanto o réu, dependem de decisão do juiz e é exceção, que consagra os princípios da igualdade material e da adequação. Uma diferença importante: a regra que autoriza a redistribuição do ônus da prova pelo juiz (dinâmica) é regrade procedimento e não de julgamento. Já a norma jurídica (legal) que atribui ônus da prova a uma das partes, é norma de julgamento, que serve para que o juiz possa decidir a causa em situações de ausência de prova. Pressupostos para a distribuição dinâmica do ônus da prova: • Pressupostos formais: A) Decisão motivada: A redistribuição deve ser feita em decisão motivada, fundamentada (art. 373, §1º, CPC e art. 93, IX, CF). Ademais, deve o juiz especificar sobre quais fatos recai a dinamização, já que os fatos não referidos expressamente na decisão do magistrado seguirão a regra legal do ônus da prova, previstos no art. 373. B) Momento da redistribuição: O juiz deve redistribuir o ônus da prova antes de proferir sentença, pois se ele fizer isso, não estará dando a parte a chance de se desincumbir do ônus de produzir a prova, deve ser feito antes permitindo que a parte se desincumba do ônus que lhe foi atribuído (art. 373, §1º, CPC). O melhor é que a redistribuição, nos termos do art. 357, III, CPC, se dê na decisão de saneamento e organização do processo. Na decisão de saneamento e organização do processo, que pode ser proferida pelo juiz em seu gabinete ou também poder ser designada uma audiência para tal, o juiz deve analisar alguns pontos, dentre eles: quais são os fatos controvertidos, quais são as provas a serem produzidas, quais são os aspectos de direito relevantes para o julgamento da demanda, designar a audiência de instrução e julgamento se for necessária e, se for o caso, redistribuir o ônus da prova, visto que esse é o momento mais oportuno para que o faça, que é uma decisão, dentre as outras possíveis que se encaixa no “julgamento conforme o estado do processo”. Esse é o melhor momento para se redistribuir o ônus da prova visto que após a fase de saneamento se dará início a fase instrutória, que é onde todas as provas serão produzidas, e o juiz definindo na fase seneatória a redistribuição do ônus da prova, dizendo qual parte deverá provar cada fato, dará as partes, no decorrer da fase instrutória, se desincumbir do ônus que lhe foi entregue pelo magistrado na decisão saneatória. C) Proibição de a redistribuição implicar prova diabólica reversa: Não se pode admitir a redistribuição do ônus da prova se implicar em prova diabólica para a parte que passa a ter o ônus. O magistrado redistribui o ônus da prova quando verifica que é muito mais fácil para a parte contrária provar o fato do que para a parte que teria o ônus legal de prova- la, porém se ao fazer isso o juiz acaba gerando para a parte contrária uma impossibilidade ou uma extrema dificuldade na produção da prova estaria aplicando a chamada prova diabólica reversa, isso não é permitido ao juiz visto que nesse caso estaria prejudicando a parte contrária em detrimento a parte que tem obrigação por lei de produzir aquela prova. Art. 373. O ônus da prova incumbe: (...) § 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. Cumpre ressaltar, ainda, que a redistribuição do ônus da prova não pode ser aplicada para, simplesmente, compensar a inércia ou inatividade processual da parte que, a princípio, detinha o ônus da prova. Pressupostos materiais: Art. 373. § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. Pela leitura de referido dispositivo legal, vê-se que o primeiro pressuposto material ocorre nos casos em que há impossibilidade ou excessiva dificuldade de cumprir o encargo (prova unilateralmente diabólica, não podendo redistribuir se a prova for bilateralmente diabólica). O segundo pressuposto material ocorre quando a obtenção da prova do fato contrário pode ser mais facilmente obtida por uma parte em relação a outra. É quando o juiz verifica que no caso concreto que é mais fácil para a parte contrária obter a prova do que para a parte que, por lei, teria o ônus de produzi-la, e então, pela maior facilidade de produção da prova o juiz pode determinar sua redistribuição. Prova emprestada: Consiste no transporte da prova de um processo para outro. A prova emprestada ingressa no outro processo sob a forma documental (porém possui o mesmo peso do processo originário) e se relaciona com a garantia ao princípio da economia processual, a ideia por trás da economia processual é a de custo benefício, ou seja, alcançar o melhor resultado possível com a prática do menor número de atos processuais. Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. Qualquer prova pode ser tomada de empréstimo: depoimento, perícia, confissão e inspeção judicial. Não há sentido no empréstimo da prova documental, pois bastará a juntada da cópia do documento. A prova emprestada pode originar de qualquer espécie de processo: penal, cível, trabalhista, arbitral, administrativo e até estrangeiro. A prova emprestada pode ser determinada de ofício pelo juiz. A lei não limita que isso deve ser feita tão somente a requerimento da parte, então o requerimento pode ser feito de ofício pelo juiz. O princípio do contraditório deve ser observado no processo de onde se importa a prova e também no processo onde a prova é trasladada. Então, o contraditório deve ter sido observado no momento em que a prova foi produzida no processo originário e também no novo processo em que foi inserido. A prova não pode ser utilizada contra quem não participou de sua produção. ↓ Temos como exemplo uma ação trabalhista a respeito de um acidente de trabalho onde o autor (empregado) ingressa com ação em face do réu (empregador), e foi produzida perícia e constatada a lesão no empregado. Se, mais tarde, o empregado entra com uma ação em face do INSS para pedir uma aposentadoria por invalidez devido ao mesmo acidente, o autor não poderá “emprestar” aquela prova pericial anteriormente feita, visto que o réu no atual processo (INSS) não teve participação na produção daquela prova, porém, o autor poderá anexar uma cópia daquele laudo no novo processo, apenas como prova documental, e nesse processo, ajuizado pelo empregado em face do INSS será necessária a realização de uma nova perícia para demonstrar a situação do autor. A prova emprestada guarda a eficácia do processo em que foi colhida. Se se toma em empréstimo uma prova pericial, por exemplo, a eficácia da prova emprestada será de uma perícia, não de uma prova documental, que é apenas a forma em que a prova irá ingressar no processo, etc... Além disso, a eficácia da prova emprestada está na razão inversa de sua possibilidade de produção, ou seja, se a prova pode ser produzida sem maiores custos, a prova emprestada tem diminuído o seu valor probante. Ou seja, se não houver dificuldade para a produção daquela prova dentro do processo, o transporte da prova de outro processo para aquele naquele em que a prova pode ser produzida facilmente se perde um pouco a relevância e seu valor probante provavelmente será reduzido pelo juiz. Se a prova emprestada foi produzida em segredo de justiça, não poderá ser utilizada por terceiro e nem mesmo por uma das partes em outro processo, para que seja resguardado o segredo de justiça. É possível, porém, a importação da prova para um processo em que envolva as mesmas partes (ambas). É possível a importação de prova que tenha sidoproduzida por juízo incompetente, já que o reconhecimento da incompetência pode gerar somente a invalidação dos atos decisórios, mas não dos atos de produção de prova. Preclusão para o juiz em matéria de prova: Proferida a decisão de organização da atividade instrutória (art. 357, II, CPC), não há preclusão para o juiz, que pode determinar, posteriormente, a produção de outras provas, caso entenda necessário (art. 370, CPC). Então, o momento em que o juiz decide acerca das provas a serem produzidas no processo é na chamada decisão de saneamento e organização do processo, nela o juiz decide: quais os fatos controvertidos e com base nos fatos controvertidos, quais provas terão que ser produzidas. A questão é, pode o juiz, depois de ter proferido essa decisão de saneamento, se verificar necessário no curso do processo, requerer a produção de novas provas? O art. 370 autoriza o juiz a requerer produção de novas provas de ofício caso achar necessário, no curso do processo, portanto, esse poder do juiz de determinar posteriormente a produção de novas provas não preclui. Após a decisão de organização da atividade instrutória, em que o juiz defere a produção de determinada prova, não pode ele rejeitá-la posteriormente, pois atribuiu à parte o direito à produção daquela prova. Há preclusão consumativa, que ocorre quando o ato já foi praticado e a parte ou o sujeito processual pretende praticá-lo novamente. Porém, se o juiz, no caso concreto, em virtude de um fato superveniente (a confissão por uma das partes, por exemplo) verificar que a prova se tornou desnecessária ou excessiva, poderá vir a rejeitá-la. Pode o juiz, contudo, ter indeferido a produção da prova e, posteriormente, arrepender-se e determinar a sua realização. Isso porque, além de não se operar a preclusão imediata (já que a decisão só será discutida no momento do recurso contra a sentença), deve-se sempre priorizar a busca pela melhor prestação jurisdicional. Se a produção da prova for determinada de ofício pelo juiz, ele só pode desistir se houver fato novo que justifique a sua conduta. Do contrário, surge para as partes o direito à produção da prova. Então, em princípio, se o juiz determinou a produção da prova de ofício, ele não poderá desistir da sua produção, pois no momento em que determinou a produção, surge o direito para as partes para que elas produzam as provas, mas se surgir um fato novo que justifique a conduta do magistrado aí sim isso poderia ser feito. A parte requerente pode desistir da produção da prova por ela requerida, já que se está diante de um negócio jurídico processual unilateral que, sendo válido, deve ser respeitado. Questões Pertinentes: • Situação fática: Tratam os autos de ação anulatória ajuizada por Maria da Silva em face do Município de Contagem, com o objetivo de reconhecer a nulidade da pena de demissão que lhe foi aplicada em processo administrativo disciplinar. Na fase instrutória, a autora requereu a juntada de prova extraída de outro processo, consistente em depoimento prestado por testemunha. Nesse caso, caberá ao juiz competente: admitir, se assim entender pertinente, a utilização da prova emprestada na condição de documento, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, após manifestação do Município. • A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar. • Dados representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial. • Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de casamento for o de separação absoluta de bens. • A distribuição diversa do ônus da prova pode ocorrer por convenção das partes e pode ser celebrada antes ou durante o processo. • A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que o prévio conhecimento dos fatos possa evitar o ajuizamento da ação. • Não dependem de prova os fatos constitutivos de direitos. • O Código de Processo Civil estabelece que, em regra, compete ao autor o ônus da prova quanto aos fatos constitutivos do seu direito, e ao réu, por outro lado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Entretanto, o ônus da prova também poderá ser distribuído de modo diverso por convenção das partes, celebrada antes ou durante o processo. • Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. • Sobre a distribuição diversa do ônus da prova que pode ocorrer por convenção das partes, não poderá ocorrer quando tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. • O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso. • Quanto às provas, é correto afirmar que: O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame pericial. • O juiz apreciará a prova constante dos autos, segundo o sistema da persuasão racional ou convencimento motivado. • O ônus da prova pode ser atribuído de modo diverso pelo juízo, desde que o faça por decisão fundamentada, e que as peculiaridades da causa reflitam em impossibilidade ou excessiva dificuldade em cumprir o encargo a que se incumbiu a parte, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. • O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. • O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame pericial. • A legislação processual civil, como regra, distribui estaticamente o ônus da prova entre as partes, excepcionalmente, adota-se a distribuição dinâmica. • Desde que observado o devido processo legal, é possível a utilização de provas colhidas em processo criminal como fundamento para reconhecer, no âmbito de ação de conhecimento no juízo cível, a obrigação de reparação dos danos causados, ainda que a sentença penal condenatória não tenha transitado em julgado. • As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz. • De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade. • O ônus da prova incumbirá à parte que produziu o documento, quando for contestada a autenticidade deste. • O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias. • Embora, de regra, o objeto da prova restrinja-se a fatos, é possível, excepcionalmente, que se exija a comprovação do teor e da vigência de matéria jurídica, como é o caso do direito estadual, municipal, consuetudinário e estrangeiro. • Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito, indeferindo, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias. https://www.qconcursos.com/usuario/perfil/hanny_caroline https://www.qconcursos.com/usuario/perfil/hanny_caroline
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