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TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO PESSOAS abertura_noe.indd 1 15/12/2014 10:57:12 N763t Noe, Raymond A. Treinamento e desenvolvimento de pessoas : teoria e prática / Raymond A. Noe ; tradução: Amanda Alice Weber Schmitt ; revisão técnica: Ana Carolina de Aguiar Rodrigues. – 6. ed. – Porto Alegre : AMGH, 2015. xix, 388 p. : il. ; 25 cm. ISBN 978-85-8055-483-0 1. Administração – Desenvolvimento de pessoas. 2. Administração – Treinamento de pessoas. I. Título. CDU 005.963 Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 abertura_noe.indd 2 15/12/2014 10:57:12 Capítulo 1 Introdução ao treinamento e desenvolvimento de funcionários Objetivos As forças que afetam o ambiente de trabalho tornam o treinamento uma parte essencial do sucesso da empresa Atendimento ao consumidor, produtividade, segurança, retenção e crescimento de funcio- nários, incertezas no cenário econômico, aposentadoria de funcionários qualificados e uso de novas tecnologias são apenas algumas das questões que afetam empresas de todos os ramos e tamanhos e influem nas práticas de treinamento. Os exemplos apresentados a seguir mostram como essas questões afetaram empresas de diversos setores e como o treinamento auxiliou no seu êxito. Percebendo que o aprendizado vai muito além das tradicionais aulas teóricas, muitas empresas estão utilizando a tecnologia para possibilitar que funcionários em diferentes lo- calidades possam aprender e compartilhar conhecimentos através de cursos formais e tam- bém de colaborações. A Jiffy Lube International, por exemplo, utiliza o treinamento para preparar e reter funcionários, além de oferecer serviços de qualidade ao consumidor. Os proprietários de veículos sabem que o óleo deve ser trocado a cada cinco ou oito mil quilô- metros (fato ou ficção?). A Jiffy Lube International depende do treinamento para preparar 1. Discutir as forças que influenciam o traba- lho e o aprendizado e explicar como o trei- namento pode ajudar as empresas a lidar com elas. 2. Desenhar uma figura ou um diagrama e explicar como o treinamento, o desenvol- vimento, o aprendizado informal e a ges- tão do conhecimento contribuem para o sucesso de um negócio. 3. Discutir vários aspectos do processo de ela- boração de um treinamento. 4. Descrever as práticas de treinamento de empresas norte-americanas. 5. Falar sobre as funções do profissional de trei namento. 6. Identificar recursos apropriados (p. ex., periódicos, sites) para aprender sobre pes- quisa e prática em treinamento. cap1_noe.indd 2 09/12/2014 14:21:55 Capítulo 1 ▪ Introdução ao treinamento e desenvolvimento de funcionários 3 os funcionários das mais de duas mil franquias norte-americanas para a correta troca de óleo, oferecimento de serviços consistentes e precisos e satisfação dos seus mais de dois milhões de clientes. Todos os funcionários precisam realizar certificações específicas ao longo da carreira, podendo adicionar mais voluntariamente para se prepararem para novos empregos. Essas certificações têm como base treinamentos que focam no serviço ao con- sumidor, gestão, procedimentos técnicos e padrões de serviço. Mais de 150 horas de trei- namento estão disponíveis aos funcionários no primeiro ano de serviço. Nos primeiros 30 dias de contratação, por exemplo, os técnicos precisam ser certificados em segurança e conhecimento do produto. Quase todo o treinamento é oferecido on-line e por demanda, ou seja, a qualquer hora que o funcionário desejar acessá-lo. Depois de fazer um curso, os funcionários passam por testes também on-line para comprovar o domínio do assunto que foi abordado. Os gerentes oferecem coaching para garantir que aquilo que foi aprendido seja posto em prática corretamente. Os funcionários podem acessar um sistema de gestão de aprendizado que simula um medidor de combustível para mostrar seu progresso no curso. Os gerentes das lojas podem baixar relatórios que mostram o avanço dos funcioná- rios em relação aos requisitos para a certificação. O treinamento ajudou a empresa dimi- nuindo a rotatividade de funcionários (superior a 50% em algumas localidades) e melho- rando a percepção do cliente quanto ao treinamento dos funcionários. Além disso, contribuiu para que a empresa mudasse a mentalidade do cliente em relação às trocas de óleo e outros serviços baseados em quilometragem para serviços embasados nas recomen- dações do fabricante e nas condições de rodagem do veículo. Os funcionários estão melhor preparados para auxiliar o consumidor na seleção de um serviço que atenda o seu orça- mento, veículo e condições de rodagem. A satisfação do cliente aumentou porque gosta da sinceridade do funcionário e sente que está no controle de como são feitos os serviços no seu próprio carro. A Blue Cross Blue Shield of Michigan utiliza o portal KnowIt e o MISource para atingir funcionários em 40 locais diferentes. O KnowIt inclui wikis, cursos web, podcasts, painéis de discussão e aprendizado eletrônico (e-learning) para fornecer informações sobre mais de 80 tópicos empresariais. O MISource permite que os funcionários do serviço ao consumidor e reclamações acessem as informações necessárias para melhorar o atendimento ao cliente. O Scotiabank Group, que opera em mais de 50 empresas, desenvolveu um aplicativo de rede social interno chamado FaceForward, que conta com perfis de usuários, blogs, wikis e favoritos. A companhia elétrica municipal Seattle City Light projeta que mais de 25% do seu quadro de funcionários aposente-se nos próximos cinco anos. A Seattle City Light está usando treinamentos e interações com funcionários experientes e mentores para ajudá-los a aprender tecnologias inovadoras, além de conhecer o passado do sistema elétrico, evi- tando que a demanda sobrecarregue represas e túneis de energia antigos. Após o treina- mento são realizadas provas finais e testes práticos para garantir que os novos funcionários adquiriram o conhecimento e as habilidades necessários para serem operadores competen- tes. A empresa também utiliza programas de aprendiz para capacitar técnicos, como me- cânicos hidráulicos. Eles rodam por toda a empresa para que compreendam como o seu papel e as suas interações com outros funcionários contribuem para uma operação efi- ciente e eficaz. O U.S. Airways Group oferece treinamento extensivo para comissários de bordo e pilo- tos. Comissários recém-contratados recebem um treinamento de cinco semanas que inclui uma introdução à aviação e simuladores de cabines de um Airbus com “instrutores de portas” para praticar a abertura de saídas de emergência em condições adversas de evacua- ção, como escuridão total ou fumaça. O treinamento abrange ainda saltar em uma piscina, cap1_noe.indd 3 09/12/2014 14:21:55 4 Parte 1 ▪ Treinamento e desenvolvimento em contexto aprender a inflar um bote salva-vidas e ajudar os passageiros a entrarem e saírem do bote. Nos Estados Unidos, a lei exige a realização de treinamentos anuais sobre segurança em sala de aula para comissários de bordo e exercícios de treinamento a cada dois anos. Já o treinamento de pilotos realiza a prática de habilidades em um simulador que apresenta di- versos cenários como a falha em ambos os motores e a recriação de sensações e sons expe- rimentados durante um voo, como a turbulência. Em sala de aula, ensinam-se pousos for- çados e na água. O resultado desse tipo de treinamento extensivo ficou bastante evidente no sensacional pouso do Voo 1549, que garantiu a segurança dos seus 155 passageiros e tripulantes no Rio Hudson, em 2009. Tendo como base as respostas quase automáticas desenvolvidas em anos de treinamento, os comissários conseguiram manter os passageiros calmos, prepará-los para um pouso com impacto, abrir as portas e inflar os botes salva-vi- das para ajudar na evacuação ordeira e rápida do avião que afundava lentamente. A tripu- lação na cabine seguiu o treinamento recebido para lidar com falhas no motor, realizando um pousobem-sucedido na água. Fontes: Baseado em J. Salopek, “Keeping learning well-oiled,” T+D (October 2011), 32-35; Training Top 125, training (January/February 2011): 54-93. “Seattle’s Strategy, Water Power and Dam Construction,” training (February 29, 2009): 36; S. McCartney, “Crash Courses for the Crew,” The Wall Street Journal (January 27, 2009): D1, D8. INTRODUÇÃO Os exemplos apresentados na abertura deste capítulo ilustram de que forma o treina- mento contribui para a competitividade da empresa. A competitividade é a capacidade de uma empresa em manter e ganhar participação de mercado em uma indústria. Ainda que pertençam a tipos de negócio diferentes, essas quatro empresas possuem práticas de treinamento que as ajudaram a obter uma vantagem competitiva nos seus respectivos mercados. Isso quer dizer que as práticas contribuíram para o crescimento do negócio e melhoria do serviço ao consumidor ao oferecer aos seus funcionários o conhecimento e as habilidades necessários para serem bem-sucedidos. As empresas estão passando por grandes mudanças decorrentes de novas tecnolo- gias, desenvolvimento acelerado do conhecimento, globalização do negócio e incremen- to do comércio eletrônico (e-commerce). Além disso, elas precisam tomar medidas para atrair, reter e motivar a força de trabalho. O treinamento não é um luxo: é uma necessi- dade para as empresas que pretendem participar dos mercados globais e eletrônicos, oferecendo produtos e serviços de qualidade superior. Ele prepara os funcionários para usar novas tecnologias, trabalhar em sistemas inovadores (como equipes virtuais), e comunicar-se e cooperar com colegas ou clientes que possam ser provenientes de meios culturais diferentes. A gestão de recursos humanos diz respeito a políticas, práticas e sistemas que in- fluenciam o comportamento, a atitude e o desempenho dos funcionários. As práticas de recursos humanos desempenham um papel importante na atração, motivação, compen- sação e retenção de funcionários, e incluem o recrutamento e seleção de pessoal, o de- senho do cargo, a compensação dos funcionários e o desenvolvimento de boas relações de trabalho. O Capítulo 2, “Treinamento estratégico”, detalha a relevância do treina- mento em relação às outras práticas de gestão de recursos humanos, que para ser eficaz, deve ter um papel estratégico no negócio. A gestão de recursos humanos é um entre vários setores importantes na maioria das empresas. Outros são contabilidade e financeiro, produção e operacional, pesquisa e de- senvolvimento e marketing. Tenha em mente que embora as práticas de gestão de recursos cap1_noe.indd 4 09/12/2014 14:21:56 Capítulo 1 ▪ Introdução ao treinamento e desenvolvimento de funcionários 5 humanos (como o treinamento) ajudem as empresas a obter vantagem competitiva, é pre- ciso que a empresa entregue um produto ou ofereça um serviço que tenha valor para os consumidores. Sem os recursos financeiros e materiais (p. ex., equipamentos) necessários para a produção ou prestação de serviço, a empresa não sobreviverá. Para iniciar este capítulo, definiremos treinamento e desenvolvimento e falaremos sobre como ele evoluiu. Depois serão abordadas as forças que estão moldando o ambien- te de trabalho e o aprendizado, e como elas estão influindo na capacidade de a empresa atender às necessidades das partes interessadas. As partes interessadas (stakeholders) dizem respeito à comunidade, consumidores, funcionários e todas as outras partes que tenham algum interesse no êxito da empresa. A abordagem das forças que moldam o ambiente de trabalho (tecnologia, globalização, atração e conquista de talentos) ressalta o papel do treinamento na obtenção de vantagem competitiva nas empresas. A segunda parte do capítulo foca nas tendências atuais da área. Esta seção também introduz o papel do instrutor em um negócio e o modo como o setor de treinamento é organizado. Essa parte o ajudará a entender as práticas de treinamento atuais, os tipos de trabalho que instrutores podem realizar e as competências necessárias para ser um bom instrutor (ou para identificar um bom instrutor, caso você seja um gerente). O capí- tulo finaliza com uma visão geral dos tópicos abordados no livro. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO: ELEMENTOS-CHAVE DO APRENDIZADO Nosso foco neste livro é ajudá-lo a entender o papel do treinamento e do desenvolvimen- to nas organizações atuais. Para isso, é importante que você compreenda o que eles significam em um contexto mais amplo de negócio. A Figura 1.1 mostra o papel do treinamento e do desenvolvimento para o negócio. A sua principal meta é o aprendizado. O aprendizado diz respeito à aquisição de conhecimento, habilidades, competên- cias, atitudes ou comportamentos. Mas o foco do treinamento e do desenvolvimento não é que os funcionários aprendam por aprender. Atualmente, a simples oferta de progra- mas de treinamento não é o bastante para conseguir o apoio e o investimento de execu- tivos e estabelecer a credibilidade do setor de treinamento e desenvolvimento junto aos gerentes e funcionários. O aprendizado precisa demonstrar de que forma contribui para FIgURA 1.1 Papel do treinamento e do desenvolvimento no negócio Aprendizado Capital humano Treinamento formal e desenvolvimento de funcionários Gestão do conhecimento Aprendizado informal Melhoria de desempenho Alcance das metas de negócio cap1_noe.indd 5 09/12/2014 14:21:57 6 Parte 1 ▪ Treinamento e desenvolvimento em contexto a vantagem competitiva da empresa por meio da melhoria do desempenho dos funcioná- rios, do apoio à estratégia de negócio (como o crescimento da empresa) e da colaboração significativa para os resultados da empresa, como qualidade, produtividade, desenvolvi- mento de novos produtos e retenção de funcionários importantes. Da perspectiva da empresa, o que os funcionários aprendem contribui para o desenvolvimento de ativos intangíveis, como é o caso do capital humano, que é a soma de conhecimento (saber o quê), habilidades avançadas (saber como), entendimento do sistema e criatividade (saber por quê) e motivação para oferecer produtos e serviços de alta qualidade (preocupar-se por quê).¹ O capital humano pode ser mais valioso que o capital material (equipamento ou tecnologia) ou o capital financeiro (ativos monetários, dinheiro), dando à empresa uma vantagem em relação aos seus competidores, já que é difícil de imitar ou comprar, sendo exclusivo da empresa. O aprendizado se dá de diversas maneiras em uma empresa. Cada uma delas está representada na parte externa do círculo na Figura 1.1. O treinamento é o esforço pla- nejado de uma empresa para facilitar o aprendizado de competências, conhecimentos, habilidades e comportamentos relacionados ao trabalho. Seu objetivo é que os funcio- nários tenham domínio de conhecimentos, habilidades e comportamentos e possam aplicá-los às atividades do dia a dia. O desenvolvimento é semelhante ao treinamento, porém mais focado no futuro. Ele engloba tanto treinamento quanto educação formal, experiências de trabalho, contatos e avaliações de personalidade, habilidades e talentos que ajudem o funcionário a se preparar para futuros empregos ou funções. Treinamen- to e desenvolvimento formais dizem respeito aos programas, cursos e eventos desen- volvidos e organizados pela empresa. Normalmente, exige-se que os funcionários com- pareçam ou realizem esses programas, que podem incluir treinamentos presenciais (como cursos conduzidos por um instrutor) e on-line. Neste capítulo, você verá que as empresas norte-americanas investem bilhões em treinamento formal. O aprendizado informal também é um importante facilitador do desenvolvimento do capital humano,² e é aquele em que o estudante toma a iniciativa motivado por uma vontade de crescer. É um aprendizado que envolve ação e esforço e que não acontece em um cenário de aprendizado formal.³ O aprendizado informal acontece sem instrutor, sendo que a extensão, a profundidade e a duração sãocontroladas pelo funcionário. Esse aprendizado acontece conforme sua necessidade e vontade em aprender sozinho ou por meio de interações sociais presenciais ou que façam uso de tecnologias. Também abran- ge interações não planejadas com colegas, trocas de e-mail, mentoring informal ou uso de redes sociais desenvolvidas pela empresa ou disponíveis ao público, como Twitter e Facebook. A aplicação das mídias sociais a partir de uma estratégia de marketing para uma estratégia de aprendizado e a disponibilidade de tecnologias Web 2.0, como redes sociais, blogs e wikis, facilitam o acesso dos funcionários à aprendizagem social ou aprendizado por meio da colaboração e compartilhamento com uma, duas ou mais pes- soas.4 Estima-se que o aprendizado informal possa representar até 75% do aprendizado dentro das organizações. Um dos motivos pelos quais o aprendizado informal é tão importante é que ele pode levar ao desenvolvimento efetivo de conhecimento tácito, em oposição ao conhecimen- to explícito.5 O conhecimento explícito é aquele bem documentado, facilmente articu- lado e transferido de pessoa para pessoa. Alguns exemplos desse tipo de conhecimento são processos, checklists, fluxogramas, fórmulas e definições, tendendo a ser o foco principal do treinamento formal e do desenvolvimento de funcionários. Já o conheci- cap1_noe.indd 6 09/12/2014 14:21:57 Capítulo 1 ▪ Introdução ao treinamento e desenvolvimento de funcionários 7 mento tácito é o conhecimento pessoal baseado em experiências individuais, difíceis de sistematizar. As características do treinamento formal e dos programas de desenvol- vimento (curta duração do treinamento em sala de aula, presencial ou on-line e poucas oportunidades de praticar) podem limitar até que ponto o conhecimento tácito pode ser adquirido. Por isso, o aprendizado informal é vital para o desenvolvimento de conheci- mento tácito, já que envolve interações entre os funcionários e trocas pessoais com seus pares, colegas e especialistas. Entretanto, é importante salientar que o aprendizado in- formal não deve substituir o treinamento e o desenvolvimento formais, necessários para preparar os funcionários para as suas tarefas e ajudá-los a avançar para postos mais elevados. O aprendizado informal é um complemento do treinamento na medida em que ajuda os funcionários a obterem o conhecimento tácito que não é adquirido pelo treina- mento formal. A gestão do conhecimento é um processo que visa melhorar o desempenho da em- presa através da elaboração e implantação de ferramentas, processos, sistemas, estrutu- ras e culturas que aprimorem a criação, o compartilhamento e o uso do conhecimento,6 contribuindo para o aprendizado informal. A empresa de tecnologia global Cerner Cor- poration, localizada na cidade de Kansas no Missouri, desenvolveu o uCern, um sistema que pode ser usado por funcionários e clientes para compartilhar conhecimento sobre soluções, projetos e interesses profissionais.7 Com a ajuda da gestão do conhecimento, a Caterpillar Inc. está se tornando uma organização de aprendizado contínuo.8 Há 30 anos, essa fabricante de equipamentos, motores e turbinas a gás para as indústrias de construção e mineração tinha na sua fábrica e equipamentos o seu maior valor. Hoje, o maior valor da empresa são os seus ativos intangíveis. O sistema de gestão com base na web da Caterpillar, conhecido como Knowledge Network, possui milhares de comuni- dades de prática, que vão desde pequenas equipes até centenas de funcionários em todo o mundo. Essas comunidades são válidas para que os funcionários obtenham tanto co- nhecimento explícito quanto tácito, podendo ser usadas para distribuir informações, postar dúvidas e armazenar materiais para consulta. Uma das comunidades de prática foca em junções parafusadas e fixadores. Isso dá aos engenheiros especializados, que normalmente trabalham sozinhos na produção de instalações, a oportunidade de con- sultar outros engenheiros ou pedir uma segunda opinião em projetos e problemas. A comunidade de prática resultou em uma melhoria na tomada de decisões, aumento na colaboração e trabalho em equipe e melhoria no desenvolvimento e design de produtos. Os membros da comunidade sobre junções, Bolted Joints and Fastener, com a comuni- dade Dealer Service Training, economizaram mais de $ 1,5 milhão com as suas intera- ções on-line. Muitas empresas que reconhecem o valor da aprendizagem tomaram medidas para garantir que o treinamento e o desenvolvimento formais de funcionários estejam asso- ciados aos objetivos e metas estratégicos do negócio. Outras medidas usadas incluem utilizar um projeto de processo educativo para garantir que os programas sejam eficazes e comparar ou fazer o benchmarking dos programas da empresa em relação aos seus competidores ou outras empresas na indústria.9 Observe o papel da aprendizagem na PricewaterhouseCoopers.10 A equipe Learning and Education (Aprendizagem e Educação, L&E) sofreu uma reestruturação para ser ali- nhada com as metas do negócio relacionadas a valor e impacto. A L&E trabalha com o negócio para entender o que ele deseja que a educação represente. Isso garante a inovação contínua no fornecimento de treinamentos e métodos educacionais através da avaliação cap1_noe.indd 7 09/12/2014 14:21:57 8 Parte 1 ▪ Treinamento e desenvolvimento em contexto de novas tecnologias e do teste das mesmas em pequenos projetos-piloto. O gestor da aprendizagem encarregado da L&E é membro da equipe de liderança da empresa, o que lhe dá a oportunidade de debater ideias sobre métodos, oferta e conteúdo dos treinamentos com outros gerentes de níveis altos. A L&E patrocina cursos tradicionais e virtuais, estu- do autônomo, aprendizado em equipe, projetos de aprendizado ativo, coaching e mento- ring, e conferências, atendendo mais de 150 mil usuários por ano em mais de 6 mil cursos, 12 mil sessões de treinamento em sala de aula e 19 mil sessões de treinamento na web. A PricewaterhouseCoopers utiliza um sistema de gestão do aprendizado para criar um ponto de acesso único para as atividades de treinamento. Para ajudar os funcionários a aprenderem conforme a necessidade, os programas on-line da empresa incluem conferên- cias de vídeo e áudio, salas de aula virtuais e webcasting (sistema de transmissão de áudio e vídeo). Para avaliar a eficácia do treinamento, a L&E leva em consideração sua influên- cia nos resultados da empresa, como a retenção de funcionários de alto padrão. Além disso, discussões em grupos focais são utilizadas para conferir se os aprendizes e os ge- rentes estão satisfeitos com o treinamento. Também foi desenvolvido um programa em sustentabilidade para ajudar os associados a saberem como oferecer soluções para seus clientes. O investimento da empresa no programa valeu a pena: estima-se que ela obteve um retorno de mais de 1.000% no incremento de novos negócios e reputação no mercado. No futuro, a L&E pretende fortalecer a relação entre treinamento, desenvolvimento e o negócio, focando em como tornar o aprendizado ainda mais acessível e próximo às neces- sidades dos funcionários. A L&E quer integrar o aprendizado e o conhecimento para acelerar o desenvolvimento do seu pessoal e aprimorar as suas competências. Essa discussão não tem como intuito minimizar a importância do “treinamento tra- dicional” (foco em aquisição de conhecimento, habilidades e competências), mas mos- trar que para muitas empresas o treinamento está caminhando do foco nas habilidades para a ênfase no aprendizado contínuo, criação e compartilhamento do conhecimento. Essa evolução no treinamento será trabalhada no Capítulo 2. ELABORAÇÃO DE TREINAMENTOS EFICAZES O processo de elaboração do treinamento refere-se a uma abordagem sistemática do desenvolvimento de programas de treinamento. A Figura 1.2 apresenta os sete passos desse processo. O passo 1 é uma avaliação das necessidades. O passo 2 é certificar-se de que os funcionários estão motivados e possuem as habilidadesbásicas para serem capazes de dominar o conteúdo do treinamento. O passo 3 é a criação de um ambiente que tenha os recursos necessários para o aprendizado. O passo 4 é garantir que os fun- cionários apliquem o conteúdo em seu trabalho, entendam como gerenciar as melhorias nas habilidades e obtenham o apoio de colegas de trabalho e da gerência. O passo 5 é desenvolver um plano de avaliação, que inclui três etapas: ■ Identificar os tipos de resultados que se deseja influenciar através do treinamento (p. ex., aprendizado, comportamento ou habilidades). ■ Escolher um modelo de avaliação que permita determinar a influência do treina- mento nos resultados. ■ Planejar uma demonstração da forma como o resultado final é afetado pelo treina- mento (ou seja, usar uma análise de custo-benefício). cap1_noe.indd 8 09/12/2014 14:21:57 cap1_noe.indd 30 09/12/2014 14:22:03 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. abertura_noe.indd 5 15/12/2014 10:57:14
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