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EDEMA AGUDO DE PULMÃO INTRODUÇÃO É uma doença grave. Requer reconhecimento clínico rápido e atendimento imediato. Causa frequente de IRA. Mortalidade de 12% em ambiente hospitalar e 40% em um ano. É o acúmulo anormal de líquido nos compartimentos extravasculares pulmonares. DEFINIÇÃO É o acúmulo de líquido extravascular no parênquima pulmonar Ocorre quando o movimento de líquido do sangue ao interstício e alvéolos excede o seu retorno e drenagem pelos linfáticos. Em determinadas situações, o extravasamento de líquido para o espaço extravascular é esperado, sendo o mesmo drenado pelo sistema linfático. O problema ocorre quando excede-se a capacidade de drenagem, tendo-se o acúmulo de líquido e aumento de pressão. Em um grau mais avançado, o extravasamento pode ocorrer para o interior dos alvéolos. Fisiologicamente, existem pressões que regulam esses mecanismos: pressão oncótica do plasma (proteínas do plasma puxam o líquido para dentro do vaso, que é em torno de 25 mmHg), pressão capilar pulmonar (pressão que o plasma faz nas paredes dos alvéolos, que é em torno de 7 mmHg), pressão hidrostática intersticial (teoricamente seria uma pressão negativa), pressão oncótica intersticial, pressão de drenagem linfática (-3 mmHg). Nesse somatório de pressões, o resultado final é a permanência do líquido dentro do capilar. Isso origina hipoxemia, comprometimento das trocas gasosas (V/P) e diminuição da complacência pulmonar. FISIOPATOLOGIA Endotélio dos capilares pulmonares é responsável pela síntese, conversão e catabolismo de substâncias vasoativas. Além disso, são permeáveis à água e eletrólitos e não permeáveis a proteínas séricas. O espaço intersticial consiste em tecido conectivo distribuído amplamente em torno de vasos sanguíneos, tecido brônquico e espaços interlobares. Os vasos linfáticos têm como função remover fluidos e solutos do espaço intravascular. A capacidade de drenagem pulmonar varia entre indivíduos, um aumento súbito do líquido intersticial pode encontrar uma rede linfática não adaptada. As células epiteliais escamosas que compõem a parede do alvéolo: pneumócitos tipo I; pneumócitos tipo II (produzem surfactante, reabsorvem fluidos alveolares, transportam ativamente o Na pela NaK ATPase). ETIOLOGIA Alteração das forças de Starling - Aumento da pressão do capilar pulmonar - Sem falência de VE: estenose mitral, sobrecarga volumétrica - Com falência de VE: IAM, HAS grave - Diminuição da pressão oncótica - Hipoalbuminemia - Aumento da pressão negativa intersticial - Drenagem rápida de pneumotórax Alteração da permeabilidade alvéolo capilar - Infecções Pulmonares - Septicemia - Pneumonia aspirativa - Pancreatite aguda hemorrágica - Inalação de toxinas Insuficiência Linfática - Linfangite carcinomatosa - Pós-transplante de pulmão - Linfangites fibrosantes Mecanismos pouco conhecidos - Edema pulmonar neurogênico - Embolia pulmonar - Superdoses de narcóticos Forma cardiogênica (aumento da pressão hidrostática capilar consequente à falência de VE; lesão e aumento da permeabilidade alveolocapilar; inflamação e lesão de pneumócitos devido à hipertensão dos capilares pulmonares) ou não cardiogênica (aumento da permeabilidade capilar secundária à agressão do endotélio por neutrófilos, macrófagos, citocinas, radicais livres de O2; SDRA e SRIS). DIAGNÓSTICO CLÍNICO Edema Pulmonar Cardiogênico - Aumento súbito da pressão capilar pulmonar - Anamnese: doença cardíaca preexistente; adota posição que melhora a respiração - Ansioso, dispneia exuberante, tosse, taquipneia - Aumento da FC, palidez cutânea - Ausculta pulmonar: estertores crepitantes e subcrepitantes - Ausculta cardíaca: presença de sopros, arritmia Edema Agudo por alteração da permeabilidade - Doenças pulmonares: PNM infecciosa ou aspirativa - Doenças não cardíacas: sepse, choque, pancreatite, politrauma, queimaduras - Mediadores celulares e humorais → resposta inflamatória na membrana alveolocapilar - Toxemia, agitação, hipertermia, taquidispneia - Ausculta pulmonar: estertores crepitantes e subcrepitantes - Ausculta cardíaca: apenas taquicardia EXAMES Diagnóstico de EAP é eminentemente clínico Gasometria: Hipoxemia, retenção de CO2 ECG: 10-20% IAMs - primeiro sintoma - EAP // Aumento do VE, bloqueio de ramo, FA e flutter atrial Marcadores IAM: CKMB, troponina Rx de tórax: perda da nitidez dos contornos hilares, acentuação da trama intersticial ou opacificação difusa ECO: acinesia miocárdica, valvopatias, função de VE TC de tórax: condensação pulmonar, perda de áreas aeradas, com distribuição heterogênea Peptídeo natriurético tipo B: proteína secretada pelos ventrículos em resposta a uma sobrecarga volumétrica ou pressórica; correlação tanto com a gravidade quanto ao prognóstico. Hemograma completo, glicemia, creatinina, eletrólitos ESTÁGIO 1 Distensão e recrutamento de pequenos vasos pulmonares Aumentam trocas gasosas e difusão de C02 O exame físico revela discretos estertores inspiratórios por abertura das vias aéreas colabadas Rx: redistribuição da circulação (área dos vasos mais densa) ESTÁGIO 2 Edema intersticial Ocorre compressão das vias aéreas menores Pode haver broncoespasmo reflexo Alteração da ventilação/perfusão levando à hipoxemia proporcional à pressão capilar Taquipneia por estimulação dos receptores J e de estiramento do interstício Rx: mostra borramento para-hilar ESTÁGIO 3 Inundação alveolar Hipoxemia severa e hipocapnia Em casos severos pode haver hipercapnia SEcreção rósea espumosa Estertores crepitantes em maré montante Rx: mostra edema alveolar em asa de borboleta ESTÁGIO 4 Velamento total do pulmão. Taxa de mortalidade extremamente alta. Paciente chega em parada no pronto socorro. RESUMO Síndrome clínica de instalação catastrófica Dispnéia intensa e progressiva com agitação Insuficiência ventilatória pela inundação dos alvéolos, com expectoração rósea Auscultam-se crepitantes profusamente Dor precordial sugere IAM Hipertensão arterial ou choque cardiogênico TRATAMENTO Estabilização Hemodinâmica (ABCDE) Suporte ventilatório e oxigenação (paciente que não se move, MOV) Avaliação da cardiopatia EDEMA AGUDO DE PULMÃO DE CAUSA CARDIOGÊNICA - Posição sentada: diminui o retorno venoso dos MMII com redução da pré-carga e há aumenta da ventilação e da capacidade vital - O2: PaO2 > 65 mmHg e SatO2 > 90% - Suporte Ventilatório: - CPAP: aumento da pressão intratorácica, diminuição do retorno venoso e da PVC; diminuição da pós-carga e aumento do DC Morfina - Redução de 50% do retorno venoso - Reduz a ansiedade e o trabalho respiratório - Reduz a hiperatividade adrenérgica - dilatação venosa e das arteríolas - 1 mg EV a cada 10 minutos // 0,1 mg/kg - Efeitos adversos: náuseas, vômitos, hipotensão - Contraindicado se associado a asma, DPOC ou hipoventilação pois leva à liberação de histamina - Alternativa à morfina: dolantina ou demerol, mas essas drogas já estão sendo retiradas do mercado Diuréticos - Furosemida - 40 a 60 mg de 2 a 4h - Efeitos colaterais: hipovolemia, hipotensão, hipopotassemia, hipocalemia - Alternativa ou complementação: tiazídicos (hidroclorotiazida) Vasodilatadores - Nitratos - Reduz a pré-carga e diminui o retorno venoso - Vasodilatador coronariano - TRIDIL - 5 mcg/min com incrementos de 5 mcg/min até PAS < 100 mmHg - Efeitos colaterais: hipotensão, cefaleia - É de infusão contínua - Nitroprussiato de sódio - Diminuição da pré e da pós carga - Dilatação de veias e artérias - 0,25 a 0,5 mcg/kg/min - Efeito colateral: hipotensão - É de infusão contínua - Nesiritida - Peptídeo natriurético tipo B recombinante - Vasodilatação arterial, venosa e coronária - Aumento de IRA e de mortalidade - Está sendo retirada de mercado - Dobutamina - Atua em receptores alfa e beta - Aumenta o DC e diminui o RVP, diminui a pressão capilar pulmonar e aumenta a FC - 2,5 mcg/kg/min - Efeitos colaterais: aumento de arritmias cardíacas e isquemia miocárdica - É droga de infusão contínua - Dopamina - Efeito alfa e beta adrenérgico - está em desuso atualmente - Efeitos adversos: atividade arritmogênica, aumentodo consumo de eO2 pelo miocárdio Inibidores da Fosfodiesterase - Vasodilatadores, aumentam a contratilidade e pós carga - Mais indicados para pacientes pediátricos - Amrinona e Milrinona - 0,75 mg/kg seguido de infusão contínua de 5 a 10 mcg/kg/min Levosimendana - Aumento da sensibilidade de proteínas cardíacas ao cálcio e vasodilatação periférica - Bolus de 12 a 24 mg/kg seguido de IC de 0,05 a 0,1 mcg/kg/min Digitálicos - Aumento da força de contração - Diminui a FC - Cedilanide - 0,2 a 0,4 mg EV a cada 6 ou 8h - Não ultrapassar 1,6 mg em 24h EDEMA PULMONAR POR PERMEABILIDADE Correção dos distúrbios primários (tratar infecção, sepse etc.) Suporte ventilatório ABCDE Tratamento semelhante ao paciente séptico.
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