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Desenvolvimento Pessoal e Trabalhabilidade Introdução É provável que você já tenha visto em diversos meios de comunicação que o mundo passa por uma crise do emprego. Milhões de pessoas estão desempregadas, lutando para conquistar uma boa colocação. Quem este empregado procura se aprimorar para manter seu posto e, além disso, conquistar promoções e reajustes salariais. Essa realidade já é conhecida, pois acontece com você, com seus familiares e com seus colegas. O que talvez você ainda não saiba é que essa preparação para ingressar no mundo do trabalho e para se manter nele recebe o nome de empregabilidade. Nesta unidade, você vai aprender o que é preciso para melhorar sua empregabilidade, ou seja, para aumentar suas chances de sucesso no mercado de trabalho. Para que isso ocorra, você perceberá que é preciso se cuidar como se você fosse urna empresa. São muitas as áreas que você precisa desenvolver, tais como personalidade, formação académica, relacionamentos interpessoais e iniciativa. Para ter sucesso, não basta, porém, que você cuide de si mesmo se não entender as regras do mercado de trabalho. No segundo tema, você vai saber corno funciona e vai compreender por que às vezes sobram vagas, outras vezes, faltam, e o que as empresas e os candidatos a uma vaga precisam fazer em cada uma dessas situações. Ao longo do terceiro tema, vamos reforçar aquilo que todo mundo já sabe na prática: quem não %3be aonde ir não chega a lugar algum. Vamos estudar a importância dos objetivos e das metas, e como atingi-los. Será o momento de rever um pouco seus planos para o futuro e avaliar se você tem seguido o melhor caminho para realizá- los. Por fim, vamos saber mais sobre competências profissionais, entender quais são as desejadas no mercado de trabalho, além de compreender quais são as características que o mercado rejeita. Seja para integrar ou liderar uma equipe, a compreensão do modelo de gestão por competências é fundamental. Aproveite seus estudos. Lembre-se de que o conhecimento, quando bem aplicado, pode levá-lo muito mais longe do que você imagina. Empregabilidade: conceitos e fatores que a influenciam Empregabilidade As discussões sobre o mundo do trabalho certamente estão presentes em quase todos os grupos sociais com os quais você convive. Nas reuniões familiares, nos encontros com os amigos ou nas conversas entre os colegas de faculdade, sempre há os que perguntam sobre a sua vida profissional, não é mesmo? Isso acontece com todos nós. Esse assunto tornou-se muito recorrente pela importância que assumiu no contexto da sociedade atual. Na sociedade globalizada, o ser humano é forçado a se adaptar cada vez mais rápido às mudanças em todos os âmbitos de sua vida e, no mercado de trabalho, ele encontra grandes exigências e fortes concorrências. Vários aspectos podem ser considerados quando se fala de mercado de trabalho, e a empregabilidade é um deles. Vamos discutir um pouco esse assunto. Todos nós desejamos um bom cargo e um bom salário antes de entrar no marcado de trabalho e, depois que já nos inserimos neste, buscamos cargos ainda melhores e salários ainda mais altos. E assim que se forma uma carreira. Dessa maneira, devemos estar atentos às oportunidades e prontos para encarar novos desafios tão logo eles surjam E provável que você já tenha escutado inúmeras vezes a palavra empregabilidade, mas você sabe o que ela realmente significa? No senso comum, costuma-se associá-la apenas às características que tornam alguém apto a assumir um novo emprego, inserindo-se, assim, no mercado de trabalho. Esse raciocino não está errado, mas empregabilidade não se resume a apenas isso. Vamos entender a abrangência do termo. Lena (201 0, p. 35) conceitua empregabilidade como "a capacidade do indivíduo de conseguir novas oportunidades de emprego, manter-se empregado e também de conseguir promoções, por meio de seus conhecimentos, habilidades e atitudes". Ou seja, a empregabilidade é importante desde a busca por uma posição no mercado de trabalho e deve ser levada em consideração durante toda a carreira de um Indivíduo. Para ser um forte concorrente às melhores vagas que o mercado oferece, as empresas exigem que o profissional solucione com rapidez e de modo economicamente sustentável problemas cada vez mais complexos e específicos. Para isso, ele precisa estar apto, de acordo com suas características técnicas, gerenciais, Intelectuais, humanas e sociais. A empregabilidade sempre existiu, mas antes era cobrada apenas em cargos de alto escalão, porque lá estavam os profissionais com maiores responsabilidades e era deles que se exigiam os resultados positivos da corporação. Esse cenário passou por grandes mudanças e, atualmente, espera-se que os ocupantes de todos os níveis hierárquicos se desenvolvam profissionalmente. Segundo Orlickas (2012), o mercado atual busca profissionais com formações mais generalistas, pois, desse modo, eles apresentam competências mais amplas e múltiplas, possibilitando que atuem em diversas ocupações e em diferentes áreas, desenvolvendo autonomia e autoestima. Podemos perceber, então, que a carreira passou a ser responsabilidade do próprio profissional, que é quem a desenvolve, e não da organização. É por esse motivo que as empresas buscam, para compor sua equipe, profissionais com habilidades variadas e com Iniciativa para Investir na carreira. Essa nova perspectiva pode gerar alto ônus para o profissional, que deve planejar sua carreira e arcar com os custos para investir em SI mesmo. As empresas, por sua vez, podem desfazer sistemas Inteiros criados para o desenvolvimento de seus talentos, o que diminui despesas. No entanto, vale ressaltar que ainda é de extrema importância para as instituições manter programas de desenvolvimento profissional que atendam aos Interesses de ambas as partes: do empregado, que se mantém atualizado e motivado; da organização, que diminui a rotatividade e garante a continuidade do conjunto cultural da empresa. Em qualquer empresa, sempre haverá produtos, serviços e problemas a ser melhorados. Sendo assim, sempre surgirão ocupações para grandes talentos. As empresas necessitam dos talentos para o bom funcionamento dos seus processos. Como profissional, você deve refletir sobre os seus posicionamentos e estar atento às pessoas a seu redor Como você age diante de um problema? Em um cargo de liderança, como escolheria as pessoas para formar a sua equipe? Entenda que os problemas devem ser enxergados como oportunidade de desenvolvimento. Se bem resolvidos, certamente, resultarão em pontos positivos, possibilitando que você dê seus próximos passos rapidamente dentro de uma corporação. Se encarados como barreiras Inalcançáveis, podem fazer com que você seja substituído por alguém meus bem preparado para as dificuldades do mundo corporativo. Componentes da empregabilidade Até agora, falamos sobre quanto o mercado de trabalho se torna cada vez mais competitivo, exigindo que os profissionais estejam cada vez mais preparados, e apresentamos o conceito do termo empregabilidade, e como tal ideia está presente durante toda a nossa carreira. No entanto, você deve estar se perguntando, na prática, como essa empregabilidade é composta? Há diversas características que devem ser consideradas para estabelecer o seu nível de empregabilidade no mercado de trabalho atualmente. Para Lena (2010), a empregabilidade pode ser definida por meio de dez componentes, e, quanto mais componentes você atender, mais preparado estará para encarar as adversidades e mais fácil será sobreviver no mercado, alocando-se em ambientes mais satisfatórios às suas expectativas, I. Como está o mercado de trabalho na área em que você atua? — geralmente, o mercado de trabalho conta com grande número de profissionais, permitindo às empresas selecionarmelhor os seus candidatos. Ao mesmo tempo, quando o mercado está saturado em determinadas áreas, a rotatividade aumenta, tomando menos atrativos os benefícios para se fixar em uma empresa. 2. Há necessidade de formação no seu ramo de atividade? — a formação, atualmente, é uma característica Indispensável para garantir a empregabilidade. As Instituições exigem, cada vez mais, profissionais formados, pois o conhecimento teórico reduz o tempo que eles levariam para aprender apenas com a prática, 3. Você tem experiência de mercado? — a experiência permite que o profissional vivencie o que foi aprendido durante a sua formação. A partir disso, ele terá mais clareza e objetividade para enxergar possíveis soluções para os problemas, podendo implementá-las de maneira eficiente. 4. Seu ramo de atividade está em evidência? — o grau de importância que se dá para determinada área de conhecimento muda de acordo com as exigências do mercado. Uma profissão que não está em evidência hoje pode ser uma das mais procuradas amanhã, facilitando a empregabilidade de quem a exerce. 5. Como andam suas competências gerais e específicas? — o mercado de trabalho, ao mesmo tempo que busca profissionais generalistas, exige também alto nível de especialização. Portanto, se você domina uma ou mais áreas e consegue lidar bem com outras, sua empregabilidade é facilitada, 6. Como anda a sua rede de relacionamento, sua network? — quantas pessoas você conhece? Quantas atuam na mesma área que você? Qual é o posicionamento delas no mercado? Que imagem elas guardam de você? Fazer-se reconhecido positivamente no mercado em que você atua aumenta sua empregabilidade. 7. Quais são suas características de personalidade? — além de dominar os processos, é necessário dominar também os aspectos pessoais de relacionamento com o meio. Essas características envolvem a proatividade, a capacidade de tomar decisões em situações de pressão e estresse, a persistência, a empatia e a capacidade de lidar com as diferenças (cultura, política, religião). 8. Como estão sua postura e sua aparência? — vestimenta, postura corporal, linguajar utilizado, tom de voz, entre outros aspectos, podem influenciar, tanto positiva como negativamente, a empregabilidade de um profissional. 9. Como anda sua automotivação? — as dificuldades encontradas no cotidiano podem impulsionar o crescimento e o desenvolvimento ou se tornar freios para a busca das metas propostas. Esteja motivado para encarar os problemas com autoconfiança. 10. Você se adapta facilmente às novas situações? — para ter alto índice de empregabilidade, o profissional deve se adaptar rapidamente às mudanças, absorvendo o mínimo do estresse gerado por elas. Diante de todos esses critérios, podemos perceber que, diferente do que acontecia no passado, o diploma, ainda que seja importante, não garante a permanência nem o crescimento profissional de um Indivíduo dentro de uma corporação. As instituições exigem pessoas versáteis, competentes para receber tarefas diversas e garantidoras de alto desempenho e produtividade. Nos dias atuais, as empresas estão interessadas em pessoas que não querem se fixar em uma função. Elas buscam profissionais determinados, que traçam metas pessoais e que se empenham para cumpri-las. Saber aonde se quer chegar é uma característica 1mportante para garantir empregabilidade Fique atento Durante os nossos estudos, 0 termo competência é citado diversas vezes, por isso vale apresentarmos uma de suas definições. Para Minarelli (1995 apud BARDIJCHI et al., 2010, p. 37), a competência é "desenvolvida pela formação escolar, pelos treinamentos recebidos pelo autodidatismo e pela vivência cotidiana". Perceba que um profissional, para ser competente. necessita de um conjunto de características que não funcionariam da mesma maneira se fossem consideradas isoladamente, Como melhorar sua empregabilidade O que apresentamos até agora deve ter gerado algumas reflexões sobre suas características pessoais. E importante fazer uma autoanálise sobre como está a sua empregabilidade e sobre quais aspectos você ainda precisa desenvolver, este é um bom recurso para entender o que o aproxima do emprego dos sonhos e o que o distancia dele. Como falamos anteriormente, torna-se cada vez mais sólida a Ideia de que o indivíduo tem a posse de sua carreira. Bridger (1996 apud CHIAVF,NATO, 2013, p. 149) afirma que as pessoas deveriam se rebatizar de Você & Cia. ou Você SIA, sendo elas mesmas administradoras da sua vida profissional. Assim, podemos até fazer uma comparação entre um negócio e a Você & Cia. Observe como os processos se assemelham Como acontece em um negócio, um profissional também deve ter um produto/serviço para colocar no mercado, ou seja, a fonte de lucro é o seu talento e a sua competência. Nessa comparação, o mercado consumidor pode ser os possíveis empregadores. As empresas buscam competitividade e, para isso, devem manter seu produto atualizado e com qualidade elevada. Com a Você & Cia. não é diferente. Todo profissional precisa de um "departamento" de pesquisa e desenvolvimento individual, responsável por formações, treinamentos, atualizações, informações e aquisição de novos conhecimentos e habilidades. A Você & Cia precisa, também, de um marketing estratégico para vender o produto. Para isso, é importante ter uma boa rede de relacionamentos. Acrescente, a cada dia, um nome a mus na sua agenda. Conheça pessoas influentes na sua área de atuação. Envie periodicamente o seu currículo atualizado. O seu produto deve estar à vista dos Interessados. Um dos seus grandes desafios na administração da Você & Cia. é fazer com que todos os departamentos atuem de maneira Integrada e harmónica, de modo que os resultados de um impulsionem os demais. Essa produção de resultados multiplicados é chamada de sinergia. No esquema da Figura I. I, retirado do livro Carreira e competência: você é aquilo que faz! Como planejar e conduzir seu futuro profissional, mostra os departamentos e as funções da Você & Cia Chiavenato (2013) afirma que, para melhorar a empregabilidade, existem nove princípios básicos que devem ser desenvolvidos pela Você & Cia. Vamos entender cada um deles. 1. Avalie e diversifique suas atividades profissionais — faça análises periódicas de suas funções e adéque-as. Procure manter outra atividade rentável fora do trabalho. Não se concentre exclusivamente em uma única fonte de renda, mas tenha cuidado para não diversificar demais, pois pode ser difícil administrar. Busque Investimentos que tragam retorno garantido. Essa diversificação pode ser uma aplicação financeira ou mesmo um segundo emprego, seja ele formal ou informal. 2. Melhore e amplie sua capacidade de comunicação — busque aperfeiçoamento no talento em se comunicar, A facilidade de se expressar é um aspecto indispensável para o trabalho em equipe. As Figura 1.1 Departamentos e funçôes da Você & Cia. orientações devem ser claras e objetivas. Se possível, aprenda outro idioma, POIS isso pode ampliar oportunidades. 3. Não fique parado. Recicle-se constantemente — qualificação e atualização devem ser preocupações permanentes de quem quer alcançar elevada empregabilidade. As formações devem ser continuadas, você não deve passar um dia sem aprender algo novo relacionado à sua carreira. Saiba tirar proveito das tecnologias. Leia livros, revistas e sites especializados. Interprete cuidadosamente textos, notícias e qualquer informação relacionada à sua área de atuação. Entenda como as mudanças podem impactar, positiva ou negativamente, sua empresa e, assim, antecipe-se aos problemas e esteja pronto para aproveitar as oportunidades de negócios. 4. Trate sua carreira como se fosse um verdadeiro negócio — esteja atento a mercados potenciais. Procure algum lugar desocupado dentro da suaempresa e tome conta dele. Seja proativo. Chegue sempre à frente, oferecendo os melhores serviços. 5. Faça o seu próprio marketing pessoal — mostre as suas conquistas profissionais a seus pares, concorrentes, clientes, parceiros e, principalmente, a seus chefes. Mas tenha cuidado. Um bom marketing pessoal não deve ser confundido com arrogância, vaidade ou prepotência. E preciso vender a sua Imagem da maneira correta e, para isso, existem algumas alternativas que podem ser utilizadas. Veja. Apresente relatórios de balanço de algum projeto bem-sucedido. O texto deve começar com as propostas para o desenvolvimento do trabalho e apresentar o histórico dos avanços. Intervalos de repouso e happy hour são bons momentos para relatar suas conquistas profissionais. Em reuniões, quando houver oportunidade, sugira algum trabalho desenvolvido por você como forma de solucionar um problema apresentado por algum dos outros participantes. Fora da empresa, procure se envolver em entidades e associações e participar de atividades como palestras, seminários e viagens de estudo. Utilize a Internet a seu favor. Invista na sua network. Comunique-se bastante, inclusive pelas redes sociais, 6. Desenvolva sua rede de relações sociais — torne-se conhecido dentro e fora da organização em que trabalha. Entenda que você atua em um mercado amplo. Cultivar amizades é um bom investimento. 7. Não pense como mero funcionário, aja como fornecedor — adote uma postura profissional. Por mais que você goste da Instituição em que trabalha, esqueça a condição de lealdade eterna. Não execute apenas as tarefas do seu cargo. Circule pela empresa. Conheça as pessoas e os principais problemas. Não resuma sua função aos processos e às rotinas, foque em metas e resultados. Seja inconformado, não aceite as coisas como prontas e acabadas, considere que elas são sempre passíveis de mudanças. Entenda os problemas que afetam você diretamente e aponte soluções. 8. Aprenda a lidar com as pessoas — o mercado de trabalho atual exige que os profissionais saibam trabalhar em equipe. As empresas não têm mais estruturas rígidas. As equipes de trabalho nascem, crescem, desenvolvem-se e podem até desaparecer, quando as necessidades pelas quais surgiram tiverem sido atendidas, formando, assim, novos núcleos de trabalho, A flexibilidade é primordial para a empregabilidade. 9. Adicione mobilidade e multifuncionalidade — mobilidade (facilidade de deslocamentos e mudanças) e multifuncionalidade (facilidade de acumular funções distintas e trabalhos diferentes) são características que agregam valor a qualquer currículo. Essa polivalência permite que um profissional atue em diferentes atividades dentro da corporação, conhecendo, assim, mais pessoas, processos e Informações. Após a apresentação de todos esses princípios, é hora de você melhorar a sua empregabilidade, buscando atingir excelência em cada um desses pontos. Dessa maneira, você será um profissional disputado pelo mercado de trabalho e poderá escolher o melhor lugar para se posicionar. Dirija Você & Cia. como um negócio A ideia de cada profissional ser responsável por gerir a sua carreira não é novidade no mundo dos negócios. Bridges (1995), em seu livro Mudanças nas relações de trabalho, publicado há mais de 20 anos, já teorizava esse conceito. Para exemplificar, apresentamos alguns exemplos de pessoas que decidiram assumir de vez a gerência de suas carreiras, enxergando os problemas como oportunidades, sendo bem-sucedidas nesse processo. Paul Farrow, ex-vice-presidente executivo da Groundwater Technology, empresa de serviços ambientais de Massachusetts (Estados Unidos), após perder o emprego em uma pequena empresa, decidiu não se recolocar em outra organização. Em vez disso, refletiu sobre suas aspirações e definiu em que queria atuar: em um negócio relacionado a exercícios ao ar livre que fizesse as pessoas se sentirem mais sensíveis a natureza. A grande experiência que ele trazia na atividade de fabricação e um dinheiro guardado durante os anos em que trabalhou eram alguns de seus ativos. Além disso, suas capacidades faziam as pessoas confiarem no sucesso de suas Ideias. Assim, conseguiu reunir profissionais que desenvolveriam com ele um novo negócio. Durante as férias, Farrow levou a família para o estado de Maine, também nos Estados Unidos Seus dois filhos alugaram um caiaque para passear em um lago. A peça era bem simples, feita de plástico, mas os garotos adoraram. Farrow percebeu que estava diante da sua oportunidade. Aquele caiaque custou 400 dólares, mas, em virtude de sua experiência, sabia que a matéria-prima Investida em sua produção não ultrapassava 15 dólares, No mercado, o preço variava entre 400 e 2.500 dólares. A partir desse raciocínio, ele idealizou o desenvolvimento de um caiaque que tivesse bom desempenho, custasse em tomo de 390 dólares e pudesse ser remado por uma pessoa de meia-idade, em uma lagoa tranquila. Para colocar o projeto em prática, Farrow criou uma "corporação virtual", que utilizava fornecedores Independentes, ligados somente por um produto, uma estratégia comercial e um sistema de comunicação. Em seu discurso, ele defendia: "Não estou vendendo caiaques. Estou vendendo acesso [à experiência de se usar um caiaque]" (ERIDGES, 1995, p 113). Virginia Snyder também é um ótimo exemplo para mencionarmos nessa discussão. Aos 50 anos de idade, foi demitida de seu emprego de repórter Investigativa de um Jornal da Flórida (Estados Unidos), Decidiu, então, voltar à escola e Obter a licença de Investigadora particular. Ela conseguiu visualizar as suas capacidades e usou ISSO a seu favor. Começou a trabalhar de forma independente, atuando em diversos tipos de situações, como 15 casos que envolviam sentenciados ao corredor da morte. Obteve êxito, com 5 execuções adiadas, uma transferida para prisão perpétua e 2 completamente canceladas (BRIDGES, 1995, p. 114). Essas pessoas construíram uma carreira de sucesso quando passaram a se considerar um negóc10. Mercado de trabalho Com frequência, ouvimos falar sobre mercado de trabalho. Mas você já parou para pensar no que exatamente significa essa expressão? Originalmente, mercado é o local onde produtos são oferecidos para pessoas que precisam deles. No mercado, trocas são feitas e relacionamentos são construídos. Mas, no mercado de trabalho, o que se oferece e o que se procura? Se você pensou em vagas e candidatos, pensou corretamente. Segundo Chiavenato (2014), o mercado de trabalho Ov'fT) é composto pelas oportunidades de trabalho oferecidas pelos diversos tipos de organizações existentes. Assim como um mercado qualquer (por exemplo, o de automóveis usados), o mercado de trabalho também está estruturado na lei da oferta e da procura. Quanto mais vagas de emprego existem, mais fácil é a vida dos candidatos, pois eles podem escolher onde querem trabalhar. Por outro lado, quando as vagas são escassas e a procura é grande, os candidatos precisam se qualificar mais para conquistar uma das poucas vagas ofertadas. Nesse contexto, é preciso compreender que o MT sofre restrições, advindas, principalmente, da legislação trabalhista, que pretende torná-lo mais solidário, ou seja, equilibrar a oferta e a procura, garantindo aos trabalhadores acesso a vagas e a boas condições de trabalho. Muitas forças, porém, preferem que o mercado não sofra grandes restrições, correndo livremente, ou seja, organizando-se unicamente de acordo com a lei da oferta e da procura. O mercado de trabalho oscila de acordo com o momento e o contexto político e econômico; em alguns momentos há maior procura, em outros, maior oferta. Chiavenato (2014) aponta as principais características de cada um desses períodos. Para a empresa, as consequências de cada situação podem ser vistas no Quadro l. l, a seguir. Quadro 1.1 Ofertaversus procura no mercado de trabalho — impacto para a empresa. Mercado de trabalho em oferta Mercado de trabalho em procura Fortes investimentos em recrutamento para atrair candidatos Baixos investimentos em recrutamento por causa da oferta de candidatos Critérios de seleçáo mais flexíveis e menos rigorosos Critérios de seleção mais rígidos e rigorosos para aproveitar a abundância de candidatos nvestimentos em treinamento para compensar a nadequaçáo dos candidatos Poucos investimentos em treinamento para aproveitar os candidatos já treinados Ofertas salariais mais baixas para aproveitar a competição entre candidatos Ênfase no recrutamento interno, como meio de reter os funcionários atuais e dinamizar planos de carreira Poucos investimentos em benefícios, pois não há necessidade de mecanismos de fixação do pessoal Ênfase no recrutamento externo, como meio de melhorar o potencial humano, substituindo funcionários por candidatos de melhor qualificação Fonte:Chiavenato (2014, p. 95), Como você pôde ver, quando há mais vagas que candidatos, as empresas precisam adotar certas estratégias, como aumentar os salários, fazer grandes investimentos em processos de seleção ou ter pacotes de benefícios que retenham seus colaboradores. Por outro lado, quando há mais candidatos que vagas, as empresas não precisam investir muito para atrair candidatos e podem ser muito rigorosas durante a seleção: tendo multos candidatos à disposição, podem optar apenas pelos melhores Além dos Impactos nas empresas, a situação de oferta ou procura no MT também afeta quem está procurando emprego. Veja no Quadro 1.2 0 que muda em cada uma das situações. Quadro 1.2 Oferta versus procura no mercado de trabalho - impacto para o trabalhador. Mercado de trabalho em oferta Mercado de trabalho em procura Excesso de vagas e oportunidades de emprego no mercado de trabalho Escassez de vagas e oportunidades de emprego no mercado de traba lho Os candidatos escolhem e selecionam as organizações que oferecem melhores oportunidades, salários e benefícios Os candidatos concorrem entre si para conseguir as poucas que surgem, apresentando propostas salariais mais baixas ou candidatando- se a cargos inferiores às suas qualificações As pessoas procuram se fixar nos atuais empregos, com medo de engrossar as filas de candidatos desempregados Os funcionários sentem-se donos da situação e fazem reivindicações de melhores salários e benefícios e tornam-se mais indisciplinados, faltam e atrasam mais, aumentando o absenteísmo Os funcionários passam a não criar atritos em seus empregos, nem a propiciar possíveis desligamentos, tornam-se mais disciplinados e procuram não faltar nem atrasar ao serviço Fonte: Chiavenato (2014, p. 95). Como você pôde ver, quando o MT está em oferta, é o momento mais favorável para os candidatos: eles podem escolher à vontade dentre as oportunidades de emprego, podem deixar seus empregos para buscar melhores colocações, podem reivindicar melhores condições de trabalho. Nessas situações, alguns colaboradores ficam mais indisciplinados e menos assíduos ao trabalho, porque não veem a perda do emprego como grande ameaça. Já na situação oposta, quando o MT está em procura, os candidatos enfrentam verdadeiras batalhas por um emprego, chegando a aceitar menores salários ou cargos inferiores às suas qualificações. Nessas circunstâncias, os funcionários evitam reclamar, faltam menos e mostram-se mais disciplinados, já que temem a perda de seus empregos. Fique atento Especialmente em períodos de oferta, é preciso que a empresa olhe para fora para conseguir atrair bons talentos, uma recomendação é que a área de recursos humanos (RH) identifique onde està0 os candidatos potenciais - universidades, cursos, associações de classe - e estabeleça um relacionamento consistente nesses ambientes. Assim, são maiores as chances de encontrar bons candidatos que preencham essas vagas. Outra saída muito utilizada pelas empresas é deixar para o executivo a tarefa de buscar os candidatos junto a suas redes de contatos. Como já conhece profundamente sua área de atuação o executivo costuma ter mais facilidade em atrair talentos dentro da sua própria rede de relacionamentos Mas o que faz com que o MT esteja em situação de oferta ou procura? São muitos os fatores que podem influenciá-lo, tais como crescimento econômico, natureza e qualidade dos postos de trabalho, produtividade e internacionalização das empresas. Nas duas eras industriais (industrialização clássica e neoclássica), os empregos eram estáveis e permanentes. Basta conversar com uma pessoa idosa e você vai perceber que antigamente as pessoas passavam mais tempo em uma mesma empresa, ou, muitas vezes, a vida toda. Esse era o modelo mais comum de trabalho. Atualmente, esses casos ainda existem, mas são cada vez mais raros. Na Era da Informação, as pessoas mudam bastante de emprego e vivem condições diferentes de trabalho, essa mobilidade cresceu multo com a migração dos postos de trabalho da Indústria para a área de serviços, com o aumento do trabalho ilegal e informal e com a ampliação do trabalho autônomo. Saiba mais Segundo Faria (201 5), no Brasil, o mercado de trabalho é mais estável no primeiro trimestre de cada ano e mais dinâmico no último. A situação atual do mercado de trabalho tem sido de procura, o que quer dizer que há poucas vagas disponíveis e excesso de candidatos, Ao mesmo tempo que a mobilidade aumentou, também aumentou a exigência de qualificação. Hoje em dia, é preciso estar continuamente em formação. Como as habilidades específicas são rapidamente depreciadas, é vital passar por reciclagens permanentes. No cenár10 atual, podem ser percebidos alguns indicativos dessa mudança: redução dos empregos industriais, sofisticação dos empregos, conhecimento como recurso vital para organizações e colaboradores e mercado cada vez mais global e menos local. Para grande parte dos especialistas, o emprego não está desaparecendo, está apenas mudando de perfil: as vagas ofertadas hoje são melhores que as do passado, mas precisam de competências diferenciadas para serem conquistadas. O modelo de emprego no escritório em período Integral está em declínio, enquanto aumentam as vagas de maior mobilidade, trabalhos que podem ser desempenhados a distância, com vínculos diferenciados entre empresa e colaborador. Agora você já sabe que o mercado de trabalho sofre diversas Influências e também modifica comportamentos. Também compreendeu que atualmente é preciso se qualificar de maneira contínua para aproveitar as oportunidades. Nesse contexto, agora você vai saber um pouco mais sobre a relevância da universidade corporativa, uma ferramenta que permite que os colaboradores estejam permanentemente em aprendizagem. Para Munhoz (2015), todo aprendizado que dê suporte teórico e técnico para os colaboradores deve ser incentivado, e as informações teóricas devem ser sempre complementadas por informações práticas, atualmente, existem muitas iniciativas de universidades corporativas pelo mundo, mas é difícil analisá-las a fundo, já que, na maior parte das situações, apenas os casos de sucesso são relatados, ficando difícil estabelecer quais são, de fato, as melhores práticas nessa área. Por trás da importância desse tipo de ferramenta, está o profissional do conhecimento, considerado hoje o recurso mais importante em uma nova economia, Edmondgon e Schein (2012 apud MUNHOZ, 2015, p. 46) afirmam que o conhecimento• Pode ser transmitido e, a partir de certo ponto, ter capacidade de autorreprodução. Pode ser substituído (e isso acontece normalmente quando surgem novas técnicas). Pode ser transportadopara onde se desejar. Pode ser compartilhado e disseminado. Considerando que o mundo atual é instável e Incerto, Munhoz (2015) aponta que o papel da gestão do conhecimento nas empresas é preparar os colaboradores para lidarem com "situações nas quais não se pode ter uma correta previsão do futuro e nas quais se impõe elevado grau de criatividade" (MUNHOZ, 2015, p. 47). Berni (2015 apud MUNHOZ, 2015, p. 47) aponta que a aprendizagem no século XXI é um movimento no qual a responsabilidade sobre o processo é passada aos próprios colaboradores. Ou seja, para Berni, o movimento de aprender deve partir do indivíduo, passar pelo grupo e chegar até a organização, e não o contrário. Para Berni e outros teóricos, nenhum colaborador empregará esforço em qualquer programa de treinamento se não perceber que ali está uma oportunidade de benefício próprio. Para obter resultado, as empresas precisam ter planos claros de treinamento, programas estruturados, que contemplem ações conjuntas e não pequenas ações de treinamento isoladas. Com o programa certo, é preciso engajar os colaboradores para que eles obtenham conhecimento útil para suas vidas e relevante para seu exercício profissional naquela companhia, Evolução histórica do trabalho A história do trabalho é a história de como o ser humano tem evoluído em suas conquistas nos últimos milênios. Barduchi et al (2010) explicam que o início da organização das atividades humanas ocorreu com o fim do nomadismo e a reunião em pequenos grupos para cultivar a terra (agricultura) e domesticar animais, Esse período é conhecido como primeira revolução técnico-científica, porque nele houve aperfeiçoamento de técnicas e pôde-se, pela primeira vez, produzir excedentes, permitindo que algumas pessoas passassem a se dedicar a outras atividades produtivas, como o artesanato. Embora esse início já tenha acontecido há muito tempo, até o século XVIII o trabalho não se parecia em nada com o que é hoje não existia o emprego. Os trabalhadores eram agricultores, artesãos, escravos ou servos que produziam sem acordos formais entre as partes na prestação dos serviços. Foi na segunda metade do século XVIII que o mundo começou a se parecer com o que vemos hoje. Com a Revolução Industrial, marcada pela utilização de máquinas a vapor e pela descoberta da eletricidade, a força bruta começou a ser substituída por ferramentas mais eficientes de trabalho, O uso das novas tecnologias influenciou toda a ordem social e fez com que trabalhadores rurais e artesãos passassem a procurar colocações nas Indústrias. Muitos Inventos foram criados, assim como novas classes sociais e profissões. Essa movimentação obrigou o estabelecimento de relações formais de trabalho entre empresários e funcionários, dando início ao que hoje conhecemos como emprego. Durante todo o século XIX, esse processo teve continuidade e passou a ser chamado de Segunda Revolução Industrial. Como o trabalho é visto nos dias atuais Como mencionado, as condições de trabalho mudaram bastante ao longo do tempo. Uma grande mudança foi a substituição gradativa do esforço humano por tecnologias e máquinas. Essa mudança provocou grande êxodo rural, ou seja, por meio da mecanização do campo, muitas pessoas precisaram deixar a zona rural e passaram a buscar oportunidades nas cidades. Nesse cenário, as pessoas sujeitavam-se a condições desumanas de trabalho. Outra mudança foi a nova divisão do trabalho. Antigamente, os artesãos realizavam seu processo de criação do começo ao fim, ou seja, dominavam todas as etapas do processo produtivo, com a nova divisão do trabalho, os empregados começaram a se ocupar de pequenas partes do processo produtivo, de forma que passaram a ser menos qualificados que os artesãos que conheciam e podiam executar todas as etapas da produção. Na era da informação, criam-se tecnologias a cada dia. Para os trabalhadores, é preciso desenvolver competências em um mercado cada vez mais instável, altamente competitivo, em que as máquinas substituem gradualmente parte significativa do trabalho feito pelos homens. E necessário usar o Intelecto e ter capacidade de criar e de manter boas redes de relacionamento. Como funciona o mercado de trabalho Sobre o mercado de trabalho, o primeiro ponto que deve ser sempre lembrado é que, quanto mais informação você tem, maiores são suas chances de sucesso. Isso quer dizer que, na concorrência com outros candidatos igualmente competentes, costuma se sobressair aquele que sabe mais — sobre sua área de atuação, sobre a empresa, sobre o negócio, sobre si mesmo. Para conquistar uma vaga, é importante saber vender suas qualidades. Para isso, é imprescindível conhecer o terreno em que se está pisando. F, muito difícil obter uma boa colocação simplesmente andando a esmo, sem rumo. Normalmente, para obter as melhores vagas, precisamos conhecer o mercado, ter Informações relevantes sobre as empresas e, acima de tudo, reconhecer nossos pontos fortes e a melhor forma de explorá-los. Como você viu na introdução deste tema, o mercado de trabalho pode estar em situação de oferta ou de procura. Relembrando. quando o mercado está em oferta, há muitas vagas e os candidatos não precisam fazer grandes esforços, pois o esforço maior é da empresa, que precisa contratar e tem poucos candidatos à disposição. Nessa situação, normalmente, os processos seletivos costumam ser mais simples, o caminho para um novo emprego é mais fácil e as empresas costumam oferecer melhores salários e mais benefícios para atrair candidatos. Já na situação inversa, quando o mercado de trabalho está em procura, há poucas vagas e uma legião de candidatos dispostos a ocupá-las. Nesse cenário, as empresas precisam de pouco esforço para atrair pessoas, pois os candidatos lutam pelas vagas, sujeitando-se, inclusive, a menores salários ou cargos inferiores. A situação de procura é a mais frequente hoje em dia, mas nem por isso os candidatos devem desistir de seus objetivos. Com um pouco de planejamento e multo conhecimento, é possível conquistar boas vagas e mantê-las. Segundo Chiavenato (2013), o primeiro passo nesse planejamento é definir que tipo de empresa fará parte do seu alvo, a partir de uma análise aprofundada de características, de objetivos e do perfil de cada companhia. Chama-se essa definição de segmentação do mercado de trabalho. É a hora de você restringir seu foco e decidir se prefere uma empresa grande ou pequena, em qual área de atuação, em qual região geográfica. Ao pensar em qual tipo de empresa interessa a você, é fundamental avaliar se você é o tipo de candidato que interessa a esse modelo de empregador. Em geral, empresas grandes exigem de seus candidatos habilidades diferentes das exigidas por empresas menores. Além disso, empresas em um determinado ramo de atuação podem procurar candidatos com um determinado perfil, em detrimento de outros. Se você tem grande experiência em empresas automobilísticas, por exemplo, é provável que tenha mais sucesso buscando uma colocação em outras empresas automobilísticas, e não em hospitais ou restaurantes. Talvez você já tenha trabalhado em algumas empresas ou ainda esteja buscando sua primeira colocação. Mas será que você sabe como funciona o processo de contratação de funcionários praticado pela maioria das empresas? Quando há uma vaga em determinado setor, o gerente ou responsável pela área elabora uma requisição de empregado (RE), que pode ser feita na Intranet da empresa ou por meio de um formulário próprio para esse fim A partir desse momento, a solicitação segue para o departamento de recursos humanos, que iniciará o processo de seleção. Na requisição, normalmente o gerente define o título do cargo e as características desejadas para a vaga. Existem dois tipos de RE. Em um caso, procura-se um candidato para substituiroutro que deixou o cargo em virtude de demissão ou transferência. Trata-se de uma vaga que já existe e precisa ser preenchida. Nessa situação, não há necessidade de verba extra. Quando a vaga é nova, porém, é necessário que o orçamento para a contratação seja aprovado pela direção da empresa. O departamento de recursos humanos pode atuar de duas formas distintas na seleção: fazendo toda a triagem Inicial e as entrevistas e encaminhando para o líder da área apenas os melhores candidatos, ou deixando que a seleção seja feita inteiramente pelo líder da área solicitante. O RH costuma usar algumas estratégias para atrair candidatos E possível anunciar as vagas em jornais, na portaria da empresa, no Site, em escolas e universidades e em diversos melos de comunicação, além disso, 0 RH pode estimular os colaboradores da empresa a Indicar amigos para as vagas ou, ainda, averiguar se é possível fazer processos Internos de seleção. Também pode captar currículos e armazená-los por algum período de tempo ou contar com a ajuda de consultorias especializadas. Se há diversas formas de atrair os candidatos, o ideal é que você se exponha ao maior número possível delas. Isso amplia suas chances de ser chamado para a triagem inicial, Quando se fala em processos de seleção de executivos, ou seja, de presidentes, vice-presidentes, diretores ou gerentes, a atuação do RH é bem diferente. Normalmente, esse tipo de vaga não é anunciada publicamente. Os altos executivos, com cargos de direção, vice-presidência e presidência, costumam ser recrutados por meio de empresas de consultoria, que podem fazer abordagem direta ou Indireta, que se dá por melo de algum conhecido do candidato, no que se costuma chamar network. Os profissionais que recrutam esse tipo de executivo são chamados de headhunters — ou caçadores de talentos; eles analisam o mercado e a vaga em aberto e, a partir dai, focam os possíveis candidatos a ela, para executivos no nível de gerência, os headhunters são menos utilizados. E comum que esse tipo de vaga seja preenchido por meio de Indicações. Sobre esse assunto, é interessante notar que os processos de seleção de executivos costumam ser bem menos concorridos do que os processos de cargos Inferiores, pois as empresas costumam chamar poucos candidatos para as entrevistas. Outro fato que chama a atenção é que, para esse tipo de vaga, o RH costuma desempenhar papel mais reduzido e, algumas vezes, não chega a participar do processo, que é conduzido diretamente pelos altos executivos da empresa. Muitos cargos ocupados por executivos não existiam anteriormente e são criados para atender a mudanças na forma de atuação dessas empresas no mercado. Por isso, é fundamental manter-se atualizado, ler revistas da área, participar de eventos, para entender os movimentos que o mercado faz e estar preparado para as oportunidades que podem aparecer. Cenário futuro Para Lena (2010), o trabalho formal tal como conhecemos será substituído aos poucos por novas relações de trabalho, capitaneadas por empresas e cooperativas. Pequenas organizações muito bem estruturadas poderão responder com mais agilidade às demandas do mercado do que empresas gigantescas. Hoje em dia, o acesso à informação é uma realidade para milhões de pessoas. Mas, mais do que ter informações disponíveis, o novo cenário pede que saibamos filtrar e transformar esse conhecimento em novas competências que possam gerar empregabilidade, A tendência futura é que multos departamentos em grandes empresas sejam terceirizados, em busca da redução de custos e do aumento na velocidade das operações. Nesse sentido, os trabalhadores devem estar preparados para prestar serviços em modelos diferenciados, em novas relações de emprego, em que a estabilidade e os direitos deixarão de ser realidade. Objetivos e metas Você já se sentiu alguma vez perdido, sem rumo definido, sem saber o que fazer? Sem conseguir enxergar o melhor caminho, sem saber para que lado ir? Pois é, esse tipo de situação é bem comum, mas, quando estamos falando de nosso desenvolvimento profissional, é preciso ter muito foco para crescer e conquistar boas oportunidades. Como aponta Ritossa (2012), o profissional que não tem objetivo definido desperdiça oportunidades, tempo, energia e recursos. Além disso, quem não tem objetivos, tem menos autoestima e se desilude mais. Segundo a mesma autora, objetivos e metas são conceitos distintos. Objetivo é o seu foco principal. Metas são as diversas etapas que você precisa percorrer para atingir seus objetivos. A falta de um objetivo claro e definido dificulta a realização das ações, por isso, quanto mais cedo os objetivos são estipulados, melhores são os resultados em longo prazo. Quando temos um foco definido, também conseguimos nos manter no caminho que nos levará à realização do objetivo. Nesse caso, podemos, inclusive, recusar alguma proposta que nos afastaria do nosso propósito Inicial. Para definir seu objetivo profissional, é preciso considerar seus desejos e aspirações, quais são seus sonhos? O que você deseja realizar? Certamente, um objetivo pequeno pode ser alcançado mais facilmente, mas talvez não traga o mesmo prazer do que alcançar um objetivo que exige muito esforço. Além de pensar no que queremos conquistar, é imprescindível estabelecer um prazo para isso, O prazo precisa ser real, para não gerar desmotivações, mas não pode ser muito longo para que o foco não seja perdido no meio do caminho. Outro ponto importante são os recursos materiais necessários para percorrer o caminho, se você precisa fazer um curso para conquistar determinada posição, por exemplo, é importante avaliar se você dispõe dos recursos para custear o curso ou se consegue algum meio de financiá-lo. Mesmo se você tiver um objetivo claro e definido em mente, é importante saber que eles não são imutáveis, ou seja, podem e devem ser reavaliados com alguma frequência. Você pode ter mudado de ideia ou o cenário pode ter sido modificado, e tudo isso pode influenciar seu objetivo. Para elaborar um planejamento que nos leve ao nosso objetivo, também precisamos conhecer nossos limites e potencialidades. Limite é tudo que nos barra. Por exemplo: em sua empresa, surge uma vaga que estaria dentro do que você planeja, mas ela exige que você viaje semanalmente. Se você não quiser se afastar de sua família, esse é o seu limite, o que o impede de concretizar esse passo. Ao mesmo tempo que temos diversos limites, também temos potencialidades, coisas que podemos realizar se agarrarmos as oportunidades. Enxergar 11mites e potencialidades certamente contribuirá para a elaboração do seu planejamento pessoal. Certo, você já entendeu que é necessário se autoavaliar. Mas qual a dificuldade nisso? O problema é que geralmente tendemos a superestimar nossas qualidades ou nossos defeitos. Isso cria uma visão pouco realista sobre nós mesmos, que nos induz ao erro e ao fracasso. Neste momento, você pode se questionar: o que pode ser uma potencialidade para uma determinada vaga, pode não ser para outra. Então, como avaliar nossos limites e potencialidades? Você pode pensar em três critérios para essa tarefa: 1. Objetivos e metas — se você quer ser diretor de uma empresa, certamente a formação e a experiência que lhe serão exigidas são diferentes das que precisaria mostrar para ter um cargo de analista. 2. Natureza da tarefa — existem características necessárias para desempenhar determinadas tarefas. Se você deseja ser engenheiro, é importante ter Interesse e aptidão para lidar com números, já se você deseja ser professor de uma língua estrangeira, provavelmente sua habilidade com números não será levada em consideração. 3. Concorrência — para sabermos se somos bons ou nuns em algo, precisamos nos comparar a outras pessoas. É na relação com o outro que conseguimos nosanalisar. Esse diagnóstico permite que você identifique o que já consegue fazer imediatamente e em quais áreas você ainda precisa se empenhar mais para estar apto a alcançar seus objetivos. Competência e liderança Em nossa vida profissional, recebemos desafios nos mais diversos tipos de projetos, dos mais simples aos mais complexos. Algumas vezes, estamos envolvidos em um projeto de forma mais operacional; em outras, a responsabilidade sobre ele nos é confiada, ou seja, precisamos gerenciá-lo para obter um resultado de sucesso. Somos, nesse caso, gestores, devendo desenvolver um pensamento estratégico de liderança. Esta não é uma tarefa fácil, pois há demandas e pessoas que devem se encaixar harmoniosamente sob o seu comando. Além disso, há várias interferências externas que estão fora do seu controle, mas que você deve fazer também que funcionem sem atrapalhar o bom andamento e o sucesso do projeto. Para que um gestor consiga sistematizar da melhor maneira suas atividades, ele precisa considerar que existem cinco elementos pelos quais é totalmente responsável. Conheça-os a seguir. O tempo que o projeto está levando para ser entregue — pode ser medido de acordo com o planejamento elaborado para o andamento do projeto. Os recursos que você está usando — devem estar de acordo com o que foi planejado. Considere dinheiro, pessoas, equipamentos. Além disso, é necessário garantir que se tenha acesso a esses recursos até a conclusão do projeto. A qualidade do trabalho feito e dos deliverables produzidos — deve ser medida de acordo com a finalidade do projeto Fique atento Deliverables um termo próprio da gestão de projetos, que, em ing és, significa "entregáveis: No contexto das nossas discussões, podem ser considerados os resulta dos que o gestor deve entregar a seu cliente. O conjunto de deliverables é o que forma o escopo do projeto O escopo e o resultado — para avaliar esses elementos, há três perguntas que podemos utilizar como guias: o escopo do projeto continua a ser considerado? Esse escopo ainda é relevante? Deve ser modificado? O cliente — é fundamental para definir os rumos que o projeto deve tomar. O sucesso do projeto depende do grau de superação das expectativas do cliente. Para entregar os resultados que se esperam dele, um gestor precisa entender quais características são necessárias a ele mesmo e quais são necessárias às pessoas de sua equipe. No contexto, é importante falarmos sobre competência, Para entregar os resultados que se esperam dele, um gestor precisa entender quais características são necessárias a ele mesmo e quais são necessárias às pessoas de sua equipe. No contexto, é importante falarmos sobre competência, Você sabe o que significa o termo competência? O conceito é estudado há muitos anos. Segundo Lévy-Leboyer (apud GRAMIGNA, 2007, p. 230), competências são "repertórios de comportamentos que algumas pessoas dominam melhor que outras, o que as faz eficaz em determinada situação". Mas como esse conceito é aplicado efetivamente nas empresas? Em linhas gerais, podemos dizer que competência é: saber fazer; saber como fazer; ter vontade de fazer. E competente aquele que consegue atender aos três requisitos, entregando os melhores resultados. As competências podem ser divididas em duas categorias: as técnicas e as de apoio. As competências técnicas são aquelas adquiridas durante a formação profissional, em um curso superior, por exemplo; as competências de apoio não são comuns a um grupo de profissionais, são próprias do indivíduo, mas ambas são amplamente valor17.adas no mercado de trabalho. Podem ser consideradas competências de apoio: autodesenvolvimento e gestão do conhecimento; adaptação e flexibilidade; capacidade empreendedora; capacidade negocial, comunicação e Interação; criatividade e inovação; cultura da qualidade; liderança; motivação e energia para o trabalho; orientação para resultados; planejamento e organização; relacionamento interpessoal; tomada de decisão; trabalho em equipe; visão sistémica. As competências de apoio devem ser consideradas não somente por quem está à frente de um projeto, em posição de liderança. São Importantes a qualquer profissional na execução do seu trabalho. Lembra-se de quando falamos de empregabilidade? Então, essas competências de apoio, quando bem demonstradas, aumentam seu nível de empregabilidade em qualquer que seja sua área de atuação. Quando falamos em nível de gestão, devemos considerar que, além de todas as competências citadas anteriormente, o gestor deve comandar todos os processos pelos quais a sua equipe é responsável. Para que consiga alcançar os melhores resultados, é fundamental que o gestor: Mantenha a equipe bem Informada e atualizada sobre o planejamento. Forneça instruções específicas sobre as tarefas que cada membro deve desempenhar. Motive a equipe para que o trabalho seja realizado de maneira eficaz e eficiente. Monitore e comunique o progresso da equipe. Forneça o apoio necessário. Entenda os riscos existentes em cada projeto. Conheça a dinâmica da equipe e intervenha quando for preciso. Ouça a equipe constantemente, Veja como a tarefa de um gestor não é tão simples como parece, Além de tudo que mencionamos, há três características que são fundamentais à equipe de gestão: o senso de posse, o comprometimento e a capacidade de ponderação, vamos explicar cada uma delas, O senso de posse é uma característica que deve estar presente no gestor, e ele deve disseminá-la entre os Integrantes da sua equipe. Os objetivos do projeto somente serão alcançados se a equipe executora também considerá- los seus. O senso de posse deve partir do gestor, ao demonstrar e multiplicar o sentimento de paixão pela causa. Antes de falarmos sobre a segunda característica, vamos a uma pergunta: você sabe qual é a diferença entre comprometimento e envolvimento? Esses termos parecem designar a mesma ideia. De fato, há entre eles certa relação, mas há uma diferença entre um e outro, O envolvimento é algo mais superficial, as pessoas envolvidas são aquelas que têm Interesse em contribuir com um projeto, aplicando suas competências, mas visando apenas ao ganho individual. As pessoas comprometidas são aquelas que agem em prol do ganho coletivo que o projeto pode proporcionar. C) organizador de uma festa, por exemplo, quando está envolvido, utiliza suas competências para conseguir os melhores fornecedores, garantir os orçamentos mais vantajosos, não deixar nada falhar no evento. Quando está comprometido, ele se preocupa, além disso, com o bem- estar do seu cliente, o conforto e a felicidade de seus convidados e o bom relacionamento com o contratante e os contratados. E por ISSO que um gestor precisa estar comprometido com qualquer projeto pelo qual é responsável. O comprometimento demonstra paixão, e isso contagia toda a equipe, gerando motivação e senso de posse. Como falamos, outra característica que deve compor o perfil do gestor é a ponderação. Ele deve ser competente para agir com reflexão, bom senso e prudência. Isso fará com que ele tome as decisões mais acertadas na condução dos processos e de sua equipe. E importante entender que, seja no papel de gestores ou no de executores, o perfil de um líder ultrapassa as competências e as habilidades que foram aqui citadas. Cada ser humano apresenta características pessoais que o definem e que não são explicadas pelas teorias da administração, mas que o tornam único e também podem atrapalhá-lo ou ajudá-lo no exercício de sua liderança. O sucessor Um dos grandes desafios de um gestor é tornar uma pessoa pronta para assumir também uma função de liderança. Muitas vezes, um gestor já está apto a ocupar cargos ainda mais altos, mas a falta de alguém que seja capaz de gerir suaequipe e conduzir os processos pelos quais é responsável pode Impedi- lo de dar o próximo passo. Quando uma equipe foi bem estruturada e desenvolvida, é provável que ela já conte com pessoas que apresentam alta performance e tenham potencial para crescer ainda mais. Porém, nem sempre elas são desafiadas. O gestor que não se preocupa em preparar um sucessor não costuma passar tarefas cada vez mais complexas para as pessoas que já mostram bom desempenho. Por insegurança ou falta de confiança, ele reduz as possibilidades de promoção de um integrante da equipe. É, importante ressaltar também uma outra situação, em que o gestor demanda tarefas cada vez mais complexas aos profissionais que lidera, e estes se enxergam sobrecarregados ou fazendo trabalhos que não são de sua responsabilidade. Portanto, é preciso escolher o momento certo de mudar o escopo de trabalho de algum membro da equipe. Quando os resultados de um profissional já ultrapassam as barreiras de sua função, é hora de desafiá-lo. Para reconhecer um futuro gestor, é necessário perceber se ele apresenta visão sistêmica apurada, ou seja, se conhece os produtos, os serviços, os processos, as funções e os sistemas que compõem a empresa. Além disso, é essencial que 0 gestor mencione à sua equipe quais são os próximos cargos de carreira que a empresa disponibiliza para eles e o que eles precisam para chegar lá. Ter bem definida uma lista de competências necessárias ao gestor facilita no processo de análise de perfil e serve também como guia para o profissional que visa à função. Para Byham, Paese e Smith (2003), as competências que estão normalmente relacionadas aos gestores se dividem em quatro áreas: habilidades interpessoais, habilidades de liderança, habilidades de negócio e atributos pessoais, O autor listou as características de um executivo de sucesso. Veja no Quadro 1 3. Quadro 1.3 Características de um executivo de sucesso. Habilidades interpessoais Habilidades de liderança Habilidades de negócio/de administração Atributos pessoais Comunicação com impacto Construção do talento organizacional Tino comercia Empreendedorismo Autopercepção precisa Adaptabilidade Eficácia cultural interpessoal Liderança de mudança Orientação/ensinamento Estabelecimento de direção estratégica Orientação por resultados Energia Orientação do cliente Desenvolvimento de relacionamentos estratégicos Persuasão Tino gobal Administração do cargo Mobilização de recursos Tomada de decisão operacional Disposição executiva Orientação de aprendizagem DisposiÇão positiva Leitura do ambiente Valorizaç¿o da diversidade Fonte: Byham, Paese e Smith (2003, p. 78). Ter as competências bem definidas torna mais precisa a análise de uma pessoa que vai passar a ocupar um cargo de liderança. Além disso, feedbacks tornam-se mais fáceis tanto para o gestor quanto para o profissional, pois ele saberá exatamente o que precisa fazer para melhorar e receber o reconhecimento. Modelo de gestão por competências Considerando as constantes mudanças organizacionais da sociedade contemporânea, o modelo de gestão por competências é visto como um dos mais adequados nos dias de hoje. Vamos estudá-lo agora, A proposta de gerir uma empresa considerando as competências de seus funcionários e um modelo que garante a competitividade entre as Instituições. Esse modelo de gestão está baseado no desenvolvimento e na valorização do capital Intelectual da empresa. Para entender melhor, podemos utilizar a sigla CHA, que significa conhecimentos, habilidades e atitudes. Na Figura 1.2, veja o círculo CHA, que mostra como essas características se relacionam, Figura 1.2 Circulo CHA. É importante ressaltar que, em nossas discussões, buscamos desvincular competência de qualificação. Enquanto a qualificação e o conhecimento envolvem, respectivamente, o ter e o saber, a competência envolve o ser. Dentro de uma empresa, podemos reconhecer a competência projetada de duas formas: a individual e a organizacional. A competência individual pode ser considerada a capacidade que o indivíduo tem de tomar iniciativas e decisões e assumir as responsabilidades com base em seus conhecimentos. E por melo dessa competência que se consegue agregar algo positivo ao trabalho. Segundo Orlickas (201 2), há três aspectos fundamentais de competência essenciais a uma organização. Veja a seguir. Identificação na empresa de um conjunto único de habilidades. 2. Identificação dos potenciais concorrentes, o que diferencia uma organização da outra. 3. Identificação de oportunidades novas de negóc10. As competências de um profissional podem ser observadas por melo de dinâmicas, entrevistas, provas situacionais e outras avaliações. Por essa razão um processo de seleção bem feito é de extrema Importância. Um profissional que apresenta perfil amplo de competências, além de alcançar resultados estratégicos para a organização, pode equilibrar melhor os conflitos em sua equipe, proporcionando ao gestor mus rapidez e facilidade no cumprimento das metas, Quais são os objetivos de um modelo de gestão por competências? Agora que você já sabe em que se baseia o modelo de gestão por competências, reflita um pouco sobre por que implantar esse método. Não é difícil perceber as vantagens que essa estrutura pode trazer para os resultados da empresa, Um dos principais objetivos é fazer com que a Instituição disponha de vários talentos. O capital intelectual de uma organização é um de seus artifícios mais valiosos. Além de otimizar os resultados, o modelo de gestão por competências visa antecipar tendências de mercado. As empresas que vivem essa metodologia buscam efetivamente detectar e aprimorar as competências de seus profissionais, o que gera encantamento dos clientes internos e externos. Como você se sente quando o seu desempenho é avaliado muito mais pelas suas competências do que pela sua formação? Você julga importante que as suas características Individuais sejam reconhecidas? E provável que você responda que sim. Certamente, as pessoas que têm suas competências valorizadas se sentem muito mais satisfeitas e comprometidas, e o resultado disso reflete na qualidade dos produtos e dos serviços ofertados. A implantação de um modelo de gestão por competências Apesar de todas as características positivas que esse modelo de gestão traz à empresa, a implantação deve ser feita com cautela. As pessoas têm personalidades diferentes e podem reagir de formas distintas diante dessa situação. As mudanças sempre causam receio em alguns. Então, não ache que vai ser uma tarefa tão simples assim! A seguir, algumas etapas que facilitariam o processo de implantação. Leia-as e procure entender o objetivo de cada uma delas. Benchmark conhecer as técnicas e formas de trabalhar de outras empresas é um exercício para avaliar seus próprios processos e as pessoas que os realizam. Desse modo, o gestor pode sugerir novas metodologias que otimizem seu resultado. Programas de conscientização — no momento de Implantação, todos os funcionários devem estar cientes de qual será a nova metodologia e em que ela consiste. Devem ser repassados, de forma clara, os motivos da mudança, os objetivos almejados e as consequências possíveis. Racionalização dos projetos — para aplicar o modelo de gestão por competência, é necessário desburocratizar, em partes, os processos administrativos. Muitas vezes, ao avaliar o próprio processo, as empresas conseguem eliminar alguns e terceirizar outros, investindo mais tempo da equipe Interna com desenvolvimento e pensamento estratégico. Políticas de gestão definidas — vai orientar o gestor a administrar talentos, processos e investimentos. Orientação e consultoria — o trabalho com um coachingpode trazer resultados positivos no momento da implantação, pois vai incentivar que as pessoas olhem para SI e reconheçam quais são suas competências. Capacitação dos profissionais — a empresa deve dar o suporte necessário para que seus profissionais adquiram competências almejadas. Acompanhamento e atualização — a Implantação do modelo deve ser feita mediante planejamento e acompanhamento, Reuniões de alinhamento devem ser feitas periodicamente para que os envolvidos se posicionem quanto à recepção do novo modelo dentro das equipes. Adequação de perfis dos colaboradores — os perfis dos profissionais da equipe devem atender ao que o gestor espera dos resultados. Dessa maneira, as suas competências devem se complementar, tornando a equipe mais completa. Revisões e reavaliações — desde o planejamento de Implantação, devem estar previstas reuniões para revisitar o andamento do novo modelo de gestão, reavaliar suas características atuais e fazer adequações necessárias. Lidando com os dificultadores —principalmente os profissionais mais antigos, que foram formados em sistemas rígidos, com administração centralizada, podem exigir mais trabalho de adaptação. As lideranças devem estar preparadas para encarar esse tipo de situação com cautela, mostrando os resultados de modo que, aos poucos, eles mudem de posicionamento. Após a fase mais complicada, que é a de implantação, o modelo passa a ser comum no cotidiano da empresa, e os profissionais tomam-se cada vez mais exigentes com eles mesmos, buscando evoluir e desenvolver cada uma de suas competências para construir uma carreira de sucesso. Competências profissionais Para compreender o que são competências profissionais, precisamos primeiro pensar no conceito de profissional. Le Boterf (2003 apud LOTZ; GRAMMS, 2012, p. 141) afirma que profissional é quem sabe administrar uma situação profissional complexa. O mesmo autor detalha o que entende por "saber administrar". Trata-se de Saber agir com pertinência. Saber mobilizar saberes e conhecimentos em um contexto profissional. Saber integrar ou combinar saberes múltiplos e heterogéneos, Saber transpor, Saber aprender, e saber aprender a aprender Saber envolver-se. De acordo com o pensamento de Le Boterf, uma vez que os objetivos estejam definidos e as regras de condução também, você precisa saber elaborar e conduzir um projeto, mesmo que o contexto situacional seja adverso. Vamos saber um pouco mais sobre cada um dos itens acima? Saber agir com pertinência — é a capacidade de tomar a 1mciativa, assumir riscos, ir além do prescrito, inovar, corrigir a rota e assumir a responsabilidade por suas escolhas. Saber mobilizar saberes e conhecimentos em um contexto profissional — quer dizer que o profissional precisa conseguir aplicar seus conhecimentos na hora de executar suas ações. "Saber fazer" implica ter uma rede de relações pessoais, pessoas-recursos, informações. Saber integrar ou combinar saberes múltiplos e heterogêneos — Implica a seleção e a organização de recursos para conduzir um projeto profissional. Saber transpor — é a habilidade de conseguir aplicar em novas situações conhecimentos que foram adquiridos em contextos anteriores. Para saber transpor experiência, é importante nos afastarmos do problema, como se olhássemos de fora, e a partir daí perceber as semelhanças entre as situações e as possibilidades de emprego de conhecimentos prévios. Saber aprender e saber aprender a aprender — é importante que a capacidade de aprendizagem e a criação que dela deriva sejam continuamente expandidas, trata-se de aprender sempre e inovar a partir dos aprendizados. Especialmente relevante é a questão da aprendizagem em grupo, que deve ser amplamente incentivada pelas organizações, Saber envolver-se — aqui falamos não apenas do conhecimento que cada profissional possui para agir, mas principalmente da disposição que o profissional tem para se envolver com a situação, de sua personalidade, de sua coragem para agir. Você já pensou no que é bom? Quais são suas competências? O Quadro 1 4 trata das diferenças entre as competências em atividades que englobam níveis micro e macro, Perceba que as competências de cada área evoluem em complexidade ao longo do quadro. Analise com calma, Quadro 1.4 Diferenças de competências em níveis de aç¿o. Níveis de açáo Vida pessoal Comunicação Trabalho industrial Vida artística Microação Deg utir. Colocar um ponto Dar uma volta em um parafuso. Dar uma pincelada em urn quadro. Miniaçáo Comer urna banana, Colar um selo. Encaixar a ferramenta na broca. Colorir uma superffcie. Aç¿o Almoçar Fazer um furo rosqueado. Preparar um fundo. Maxiaç¿o Receber amigos para jantar. Resolver um assunto por correspondência, Montar um motor. Pintar uma casa sobre um fundo. Macroaçâo Receber o presidente da República para jantar. Fazer uma contabilidade. Construir um carro. Pintar um quadro. Fonte Le Boterf (2003 apud LOVZ GRAMMS, 201 2, p. 144). Agora que já sabemos um pouco sobre competências profissionais, vamos entender o que é o modelo de competências? Confira no próximo item Modelos de competências Alguns estudiosos têm se dedicado a estudar como se formam as competências profissionais dos Indivíduos. Há certo consenso de que as competências partem da esfera pessoal e crescem em direção à vida profissional. Dois desses estudiosos são Villas-Boas e Andrade (2009 apud LOTZ; GRAMMS, 201 2, p. 144), em sua obra, postulam um modelo de competências, que pode ser ilustrado pela figura seguinte Cada uma das etapas é detalhada a seguir: Formulação da estratégia — a elaboração do planejamento estratégico de uma empresa deve acontecer antes da definição de quais competências são desejáveis nos colaboradores. Primeiro, é preciso definir a missão, a visão e os valores da empresa, esses aspectos nortearão as aç5es da companhia. 2. Definição dos indicadores de desempenho — os indicadores permitem que a empresa avalie como e se os seus objetivos estão sendo atingidos. 3. Definição das metas — São os pontos de chegada. Por meio deles, cada colaborador pode saber o que a empresa espera dele, 4. Mapeamento das competências — é a definição clara e objetiva de quais são as competências organizacionais e individuais de que a empresa necessita para atingir seus objetivos. O mapeamento inclui a análise de quais competências a empresa Já dispõe e em quais há uma lacuna a ser preenchida, O quadro a seguir detalha esse ponto (Quadro I ,5), 5. Planejamento de ações de gestão de pessoas — uma vez concluído o mapeamento de competências, devem ser traçadas ações para desenvolver as competências necessárias nos colaboradores (treinamento, por exemplo) e na empresa (como Investimento em pesquisa). Também é preciso pensar na necessidade de contratações ou parcerias com organizações externas que tenham as competências desejadas, além de cogitar a transferência de colaboradores entre setores da empresa, quando necessário. 6. Feedback — nesse momento, avalia-se se os passos anteriores resultaram na formação das competências desejadas. Após a avaliação, reinicia-se o ciclo. Quadro 1.5 Mapeamento de competências necessárias para uma empresa. Mapeamento de competências Definição das competências necessárias Identificar as competências dos funcionários aquilo que o profissional ou a ernpe,a é capaz de realízac Entre as técnicas utilizadas para essa tarefa, incluem-se: análise dos documentos da empresa (planejamento estratégico), entrevistas com os funcionários (em especialcom aqueles que conhecem bem a emprew,a); e aplicaçáo de questionários em que os próprios respondestes avaliam o grau das competências utilizadas. Definição das competências reais Lacunas ougap de competências a discrepância ou a diferença entre as competências necessárias e as competências reais. Com base na identificação destas, elaboram-se estratégias e planos de açâo para reduzir ou preencher as lacunas. Fonte: adaptado de Villas-Boas e Andrade (2009 apud LOTZ; GRAMMS, 20 1 2, p. 146). Embora diversos autores sugiram modelos fechados para avaliação de competências, o processo pode ser bastante flexível e cabe à organização adaptar as possibilidades para que se encaixem em sua realidade e em seus objetivos. Competências comportamentais e organizacionais Temos falado sobre competências e já apresentamos, inclusive, alguns conceitos e classificações, mas é importante que você saiba que a definição é um consenso entre os estudiosos, aqui, falaremos sobre como alguns autores compreendem o assunto, para que possamos refletir um pouco sobre a prática nas organizações em que atuamos- Hamel e Prahalad (1990 apud MELLO, 2013, p. 162) falam sobre a noção de competências essenciais, que apresentam relação com uma dimensão organizacional das competências. Sobre as competências individuais, segundo Parry (1996 apud MELLO, 2013, p. 164), os profissionais de recursos humanos costumam defini-las como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que afetam 0 trabalho de uma pessoa e seu desempenho em uma organização. Dentro de tal definição, é possível perceber uma grande carga do modelo taylorista de administração, que dá grande relevância à produtividade do indivíduo a partir de sua posição na empresa. Seguir um modelo de competências amparado por essa linha teórica pode ser bastante simples, em virtude do caráter mecânico que carrega. A crítica que se faz é que a noção de competência Individual deve ir multo além do que a qualificação de uma pessoa para determinada posição. Tem a ver com ir além do que está prescrito para o seu cargo, assumir desafios, dominar novas situações, responsabilizando-se por ações e por resultados. Le Poterf (2003 apud LOTZ; GRAMMS, 2012, p. 141), autor já abordado anteriormente, diz que a competência é construída em torno de três eixos: a biografia do Indivíduo (sua socialização), sua formação educacional e sua experiência profissional. Para ele, competência significa conseguir articular esses conhecimentos advindos das três esferas citadas e aplicá-los em um contexto profissional determinado. Talvez você esteja percebendo que a competência é mais que uma simples habilidade ou capacidade. A competência gera valor para a organização porquê implica que o Indivíduo vá além, faça mais do que o esperado, surpreenda, Inove. A relevância de uma competência individual fica expressa pelo quanto ela gera de resultado econômico para a empresa. Para que a construção de competências Individuais e organizacionais esteja alinhada ao que a empresa pretende, é importante que sejam desenvolvidas competências comportamentais que atendam a esses objetivos. Um breve exemplo: se uma empresa quer ser respeitada e reconhecida por seu caráter Inovador, precisa estimular o desenvolvimento desse caráter em seus colaboradores, por meio de treinamentos, cultura, orientações e recompensas, por exemplo. Uma empresa com colaboradores tradicionais certamente não conseguirá cumprir esse objetivo, É preciso modelar os comportamentos para se caminhar em direção ao objetivo. Estilos pessoais desejados Durante sua vida, é possível que você já tenha ouvido algo como "'fulano tem jeito para ser líder, beltrano não tem". O que faz alguém "ter jeito" para uma atividade e não para outra? Quais características você deve desenvolver para ser um bom líder? Já pensou sobre isso? Newton (2011 apud CARVALHO, 2015, p. 150-153) definiu II elementos que, segundo o autor, fazem parte das características desejáveis no perfil dos integrantes de uma equipe gestora. 1. Empatia com o cliente — o gestor deve manter certa distância do cliente para conservar sua criatividade, mas, ao mesmo tempo, deve saber se colocar no lugar do cliente, demonstrar que compreende o ponto de vista dele. Em cada momento de interação, 0 gestor deve se perguntar 0 que 0 cliente está sentindo, procurar compreender suas atitudes e entender de que maneira é possível ajudá-lo. 2. Habilidades de gestão e relacionamento — significa conseguir alocar recursos humanos dentro de projetos da melhor forma possível. Implica também fornece para a equipe as diretrizes quanto aos objetivos que 0 time precisa alcançar. 3. Capacidade para lidar com o estresse — Imitações de tempo, orçamento e recursos costumam causar estresse nos gestores de projetos. É, importante que 0 gestor alivie suas tensões de alguma forma sem repassá-las à equipe. Isso pode ser feito por melo da prática de atividades físicas, do lazer ou mesmo por meio de encontros com amigos. Ninguém gosta de chefe estressado, não é mesmo? 4. Respeito pelas pessoas — o respeito deve nortear todas as relações dentro de um grupo, para que haja reciprocidade: se eu respeito você, é bem provável que você também me respeite O gestor que respeita sabe comunicar boas e más notícias de modo tranquilo, respeitando todos os envolvidos no projeto 5. Dinamismo e positividade — esse ponto é bem simples. Se você aprecia ter em sua equipe pessoas dinâmicas e positivas, você deve ser a primeira pessoa a agir dessa forma, lembre-se de que seu exemplo influencia muito. A energia positiva, além de melhorar 0 clima na equipe, impulsiona 0 trabalho e amplia o efeito das conquistas. 6. Habilidades para formar redes de relacionamentos — isso não é exatamente uma novidade. Muito se fala sobre a Importância da network. Com os líderes não poderia ser diferente. Espera-se que um bom gestor tenha uma rede de relacionamentos sempre em expansão. 7. Sensibilidade política — considerando que política é a arte de governar e de influenciar pessoas, você já pode imaginar por que essa habilidade é tão importante para um gestor. Ela é necessária para que a equipe de gestão possa dirigir e influenciar as ações e 0 comportamento dos envolvido no projeto em questão. 8. Presença — os colaboradores precisam da presença de seu gestor para que ele transmita segurança, auxilie na tomada de decisões e mantenha ciência sobre o que está sendo realizado. 9. Senso de humor — quem não gosta de conviver com uma pessoa bem-humorada, que ri de seus problemas e de si mesma e encara a Vida com leveza? Sensibilidade ao ambiente — é preciso estar atento ao que acontece no seu ambiente e com as pessoas que o cercam, conhecer os colaboradores da equipe é fundamental para criar um clima de confiança mútua e maior interação. Também é preciso conhecer muito profundamente a cultura do local em que se está inserido. 11. Adaptação do seu estilo à situação — aqui vale a flexibilidade. Em gestão de projetos, não há fórmulas únicas, não há apenas um modo de fazer E preciso que você entenda o contexto do grupo com 0 qual vai trabalhar e aprenda a tirar 0 melhor das pessoas por meio do respeito e da aceitação. Agora que você já viu orientações sobre como proceder em relação à sua equipe de trabalho, é importante analisarmos, também, o que não devemos fazer. Carvalho (2015) expõe estereótipos de perfis que não colaboram para um bom ambiente de trabalho, Gestor briguento — esse tipo de gestor lidera pelo medo e não pelo exemplo. Seus colaboradores têm medo de suas reações e ele confunde liderança com poder. Normalmente, esse tipo de gestor quer uma equipe submissa, que apenas cumpra ordens. Gestor detalhista e obcecado por processo e planejamento trata-se daquele gestor que aprecia mais o processo do que o resultado final. E obcecado por planilhas, fluxos, documentos, modelos. O problema desse tipo de gestor é que acaba por não focar nas entregas e Sim no meio do processo,
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