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Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA1 ÍNDICE COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA GUIA DO ALUNO Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA2 ÍNDICE FUNDAÇÃO IOCHPE Presidência Evelyn Berg Ioschpe Coordenação do Programa Formare Beth Callia Coordenação Pedagógica José Antonio Küller Elaboração Fundação Iochpe / Programa Formare Alameda Tietê, 618 casa 1 01417-020 – São Paulo/SP www.formare.org.br Autoria deste Guia: José Carlos Antonio Coordenação Técnica deste Guia: José Antonio Küller Revisão Ana Maria Viegas Projeto Gráfico e editoração: Amí Comunicação & Design Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) R61g Rodrigo, Natalia Guia do aluno: comunicação oral e escrita / Natalia Rodrigo e Fátima Alves Rodrigo; coordenação técnica, José Antonio Küller. - São Paulo: Fundação Iochpe, 2017. 153 p. : il. ISBN 978-85-98169-99-6 1. Comunicação oral. 2. Comunicação escrita. 3. Linguagem. I. Rodrigo, Natalia. II. Título. CDD 401.4 FICHA TÉCNICA ÍNDICE CLIQUE NOS ITENS PARA NAVEGAR DIRETAMENTE PARA AS PÁGINAS. A IDENTIDADE NA ADOLESCÊNCIA A BUSCA DA IDENTIDADE ENTRE BOMBAS E TIROS DE CANHÕES FORMAR A PRÓPRIA OPINIÃO RUPTURAS INEVITÁVEIS UMA AUTOCRÍTICA ADULTA O QUE VOCÊ VAI SER QUANDO CRESCER? “A PRÓPRIA PESSOA FORMA SEU CARÁTER” NASCE O SENTIMENTO DE IDENTIDADE A CONSCIÊNCIA DO DESTINO QUE SE APROXIMA O EQUILÍBRIO EM MEIO AO CAOS O LEGADO DE ANNE FRANK E AS REDES SOCIAIS APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO 12. 12. 13. 14. 15. 15. 16. 17. 18. 19. 06. 08. CAPÍTULO I:11: O CORPO FALA INTRODUÇÃO PARA COMEÇO DE CONVERSA JOGANDO E APRENDENDO A JOGAR PONDO OS PINGOS NOS IS SAIBA MAIS AGORA É COM VOCÊ SÍMBOLOS GRÁFICOS INTRODUÇÃO PARA COMEÇO DE CONVERSA JOGANDO E APRENDENDO A JOGAR PONDO OS PINGOS NOS IS SAIBA MAIS AGORA É COM VOCÊ 32. 33. 35. 37. 39. 41. 22. 23. 25. 26. 27. 29. CAPÍTULO III: CAPÍTULO II: 31: 21: ÍNDICE CLIQUE NOS ITENS PARA NAVEGAR DIRETAMENTE PARA AS PÁGINAS. OUVINDO E FALANDO PARA COMEÇO DE CONVERSA JOGANDO E APRENDENDO A JOGAR PONDO OS PINGOS NOS IS SAIBA MAIS AGORA É COM VOCÊ LENDO, INTERPRETANDO E ESCREVENDO TEXTOS PROFISSIONAIS PARA COMEÇO DE CONVERSA 45. 47. 51. 55. 61. 63. » Ouvir bem para falar bem; ouvir para aprender e se desenvolver » Como anda sua audição? » Sobre o falar » Transcrição de O Último Discurso, extraído do filme O Grande Ditador – Charlie Chaplin (1940) CAPÍTULO IV: CAPÍTULO V:44: 62: » Ata » Atestado » Aviso » Bilhete » Tutorial » Memorando » Protocolo » Convite » Carta profissional » E-mail » Requerimento » Circular » Relatório » Declaração » Ofício » Procedimento » Textos de divulgação científica » Projeto » Discurso » Apresentação » Informativo » Entrevista » Notícia » Reportagem JOGANDO E APRENDENDO A JOGAR PONDO OS PINGOS NOS IS SAIBA MAIS AGORA É COM VOCÊ: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 93. 96. 118. 124. 146. » Pontuação » Ponto final » Ponto de interrogação » Ponto de exclamação » Vírgula » Ponto e vírgula » Dois pontos » Reticências » Aspas » Parênteses » Concordância verbal » Concordância nominal » Regência verbal » Regência nominal » Links sugeridos » Ortografia » Trema » Acentuação » Hífen » Por que, por quê ou porquê » Palavras homógrafas, homófonas e homônimos perfeitos » Crase » Interpretação de textos » Ler e conversar com o texto » Produção de textos » Preparando a formatura » Projeto de formatura » Roteiro de formatura » E-mail para convidados » Cartas-convite » Confecção do convite de formatura » Script da formatura » Discurso de formatura » Pronomes » Pronomes pessoais do caso reto » Pronomes pessoais oblíquos » Pronomes pessoais de tratamento » Pronomes interrogativos » Pronomes relativos » Pronomes indefinidos » Pronomes possessivos » Pronomes demonstrativos » Pronomes adjetivos » Pronomes substantivos » Colocação pronominal ÍNDICE CLIQUE NOS ITENS PARA NAVEGAR DIRETAMENTE PARA AS PÁGINAS. Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA6 ÍNDICE APRESENTAÇÃO Este Guia é uma orientação para sua participação em uma unidade curricular de um curso do Programa Formare, estando organizado para apoiar o seu desenvolvimento nas competências requisitadas. O Guia busca ampliar a sua capacidade de aprender, seja com o texto, com acessos à internet, com as outras pessoas e consigo mesmo. Além do desenvolvimento das competências previstas pela unidade curricular, o Guia pretende ajudá-lo aprender a aprender. A aprendizagem orientada por competências requer principalmente a atividade do aluno. Portanto, para desenvolver uma competência, você deve agir em situações ou circunstâncias em que o domínio dessa competência seja necessário. A aprendizagem de uma competência somente acontece se ela for exercitada. Para aprender a aprender é necessário que você participe de situações em que precise aprender de forma independente, ou colaborativa. Disso decorre que é fundamental a sua participação nas atividades propostas nas aulas. O seu pleno comprometimento nas situações de aprendizagem recomendadas é requisito essencial para o seu desenvolvimento. Nas situações de aprendizagem propostas pelo educador sempre será necessária a sua participação ativa no desenvolvimento das atividades. Nelas, você terá a possibilidade de usar o que já sabe e aprender com o saber dos seus companheiros de estudo. A sua disponibilidade para interagir com seus colegas de curso é, então, o segundo requisito para uma aprendizagem bem-sucedida. Nesse curso, a base, ou alicerce, ou ponto de partida para a construção do conhecimento e o desenvolvimento das competências é sempre o conjunto das experiências e conhecimentos existente no grupo de alunos. Esteja, então, sempre disponível para aprender através da interação com seus companheiros. Não espere que o educador ensine a você, que lhe dê aulas ou que, simplesmente, lhe repasse a matéria ou ÍNDICE Catarina Destacar Catarina Destacar Catarina Destacar Catarina Destacar Catarina Destacar De fato. Por isso digo que deve ser um aprendizado lúdico. Catarina Destacar Catarina Destacar Catarina Destacar Hm... aí já errei. OLha, sendo muito, muito, muito sincera, eu nunca enxerguei o estudo como algo sério. Via apenas como uam orbigação, mas não que eu tivesse que me doar 100%; ter que interpretar ele como algo que envolva seriedade, comprometimento, que eu tivesse de fato que assumir uma relação concreta com o aprendizado. Uma relação de seriedade, de enxergar aquilo como uma nessidade. Como algo importante. Então, eu estudava por estudar, memso, sem nenhum comrpomentimento, sem ter em mente que aquilo envolve muita seridade, comprometimento, responsabilidade, compromisso, empenho, zelo, e acima de tudo: vontade. Catarina Destacar Catarina Destacar Catarina Destacar Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA7 ÍNDICE seus conhecimentos. Ele será, tão somente, um orientador da aprendizagem que é construída por todos. Em princípio, o educador seguirá basicamente um roteiro de atividades compatível com os capítulos e itens deste Guia. Ele pode, no entanto, para melhor desenvolver as competências, a sua capacidade de aprender e a capacidade de aprender de seu grupo, mudar a sequência das atividades, alterando a ordem prevista. Mesmo assim, não deixe de ler e de fazer os exercícios contidos neste Guia. Eles, com certeza, vão complementar e enriqueceras propostas feitas pelo educador na sala de aula. A intenção do caminho pedagógico, a seguir apresentado, é proporcionar-lhe experiências significativas e atraentes de aprendizagem integradas à vida e ao trabalho. Desejamos sinceramente que você desenvolva as competências previstas, amplie sua capacidade de aprender e que observe, avalie e desfrute das valiosas experiências especialmente idealizadas para você. Boa sorte! ÍNDICE Catarina Destacar Catarina Destacar Catarina Destacar Catarina Destacar Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA8 ÍNDICE INTRODUÇÃO Prezado Aluno, Este é o Guia de Estudos de Comunicação Oral e Escrita. Fornece o material necessário para o desenvolvimento da competência geral: Expressar-se claramente, interpretando e produzindo textos de diferentes gêneros e utilizando recursos verbais e não verbais com finalidades práticas, éticas e estéticas. Envolve, portanto, o desenvolvimento de um conjunto de competências básicas para o trabalho. • Receber, interpretar e responder a sinais gráficos e mensagens corporais. • Receber, interpretar e responder a mensagens verbais. • Ler e interpretar vários gêneros de textos utilizados na situação de trabalho. • Planejar, escrever, rever, reescrever e avaliar textos de diversos gêneros utilizados no contexto das atividades profissionais. O Guia está organizado em capítulos que abordam os diferentes âmbitos da comunicação, orientados para o desenvolvimento dessas competências. ÍNDICE Catarina Destacar Catarina Destacar Catarina Destacar Catarina Destacar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA9 ÍNDICE Capítulo 1 – A identidade na adolescência O livro O Diário de Anne Frank ficou famoso como relato da Segunda Guerra Mundial. Mas a razão para que apareça neste Guia é outra. Confinada a um esconderijo com sua família, tudo o que Anne Frank podia fazer para se distrair era ler e escrever. Ela iniciou um diário para contar o que não podia dizer a mais ninguém, mas ao escrever suas ideias passou a sonhar em ser jornalista ou escritora. Grandes autores defendem que são inseparáveis as ações de escrever e pensar. Ao escrever – organizando ideias e expondo-as de maneira clara – aprendemos a pensar. O que vemos acontecer com Anne Frank é em grande parte o que queremos aqui, desenvolver a capacidade de expressão clara do pensamento, seja quando se lê, interpreta ou escreve. Capítulo 2 – Símbolos gráficos Ao usar um smartphone pela primeira vez, muita gente se surpreende com a facilidade de fazê-lo funcionar. Apesar da tecnologia envolvida, nenhum manual com centenas de páginas explicativas acompanha o aparelho. Em vez disso, uma linguagem intuitiva dispensa explicações. A linguagem dos símbolos gráficos, dos ícones e dos emojis é de compreensão imediata. Você já parou para pensar na importância dessa comunicação sem palavras no seu dia a dia? Capítulo 3 – O corpo fala Ninguém nasce sabendo falar ou escrever, a linguagem verbal tem que ser aprendida. No entanto, desde o nascimento todos nós usamos o corpo para nos comunicar. E pela vida afora, continuamos a exprimir muito mais por meio da linguagem corporal dos gestos, trejeitos faciais, posturas e tons de voz do que por palavras. Por isso a linguagem não verbal é tão importante e pode ajudar o observador atento a interagir em qualquer ambiente, bem como a ter consciência de seu próprio comportamento corporal. ÍNDICE Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Ou vice-versa. Se aprender a pensar se tornará capaz de escrever - já que o ato em si é uma forma de expressar ideias por meio da escrita. Catarina Sublinhar Essa é minha primeira vontade. Ajudem-me. Catarina Sublinhar Quando eu leio não consigo pensar com100% de clareza; embaralho as ideias projetadas pelas frases, pelos parágrafos...as vezes até uma palavra eu não consigo entender. Catarina Sublinhar o primeiro ponto então é esse: desenvolver a capacidade de pensar com clareza, seja para ler, interpretar e, principalmente, para escrever. Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Ah sim, então é isso!!! Os símbolos também são uma forma de linguagem, pois também passam uma mensagem. No celular, por exemplo, quando quando temos um símbolo de uma seta apontada para a direita, sabemos que clicando naquele símbolo vamos ser direcionados à outra página. Essa é a ideia intuitiva, não precisa fala/escrever, basta mostrar um desenho - ou símbolo, e tiramos a própria conclusão através da mensagem que ele passa. Nesse caso, a da seta, é a direção. A mensagem intuitiva que ela passa é a da direção, que indo nela, levará para uma outras página. Catarina Sublinhar Não. Inclusive, acredito que seja por essa falta de noção que dificulta cada vez mais. O semáforo por exemplo, é um símbolo usado para enviar uma mensagem no trânsito. Se estiver vermelho, é para parar; laranja, para tomar cuidado e verde, para passar. No porto, deve envolver muito da linguagem por símbolos, ou, não verbal. Seja por gestos, como fazem muito uso o pessoal que trabalha em embarcaçoes, para poder se comunicar com que está fora. Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Outro ponto: Os gestos corporais também são uma forma de linguagem, porque assim como os símbolos, exprimem uma mensagem (intuitiva). Catarina Sublinhar SIm! Trejeitos faciais também exprimem uma mensagem ao receptor. Assim como a postura, os tons de voz.. No primeiro caso, por exemplo, uma pessoa com o cenho franzido e a boca fechada quase como em um linha ou bico, da ideia de que ela está brava com alguma coisa (depende do contexto). Em alguns casos, se alguém dá um grito (um tom de voz alto e agudo) dá ideia de que a pessoa se assutou, levou um susto. Então, para nós, é uma linguagem comum, fazemos uso dela sem perceber. Catarina Sublinhar Ter conhecimento sobre a linguagem corporal (gestos, trejeitos faciais, entonaçaõ da vzo, etc) auxilia o observador mais atento a compreender o ambiente (envolvendo outras pessoas), a interagir dentro desse e de qualquer ambiente além de ter consciência do seu próprio comportamento -> ou seja, sabendo disso, por mais que já exerçamos a linguagem não verbal as vezes sem nem nos darmos conta, ter conhecimento sobre isso possibilitará que a aperfeiçoamos; que nos tornemos conscientes da nossa linguagem, que as vezes é automática. Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA10 ÍNDICE Capítulo 4 – Ouvindo e falando “Você não está ouvindo!” Não há ninguém que nunca tenha dito ou escutado essa frase. Entre os vários sinônimos de “ouvir” estão: atender, levar em conta; considerar. Como atender, levar em conta e considerar o que é dito pelo outro se cada ouvinte entende a mesma frase de acordo com suas próprias ideias? O que se vê são vários monólogos em vez de um diálogo com interação entre as pessoas. Como ultrapassar o simples escutar o som da fala para ouvir o pensamento do outro? Qual a responsabilidade de quem fala em ser ouvido? De saber ouvir e falar depende a comunicação de uma mensagem com clareza e objetividade. Vamos aprender? Capítulo 5 – Lendo, interpretando e escrevendo textos profissionais Aos poucos, na comunicação empresarial, vai sendo enterrada a formalidade vazia que usa palavras demais e conteúdo de menos. Mas é bom lembrar que não se escreve como se fala. A escrita exige respeito às normas gramaticais, o que nada tem a ver com o floreio inútil das frases. Tudo o que se quer na redação dos vários gêneros textuais que circulam nas empresas – carta, ofício, memorando etc. – é que as ideias sejam claras e bem construídas. E para isso é preciso conhecer um mínimo de pontuação, ortografia e concordância. Ler, saber interpretar o que selê e escrever bem são competências inter-relacionadas que podem ser desenvolvidas, se forem praticadas. Não tem ideia de como começar o texto da carta que precisa escrever? Leia uma ou várias cartas não para fazer uma cópia, mas para interpretar o texto e aprender a fazer o seu. Bons estudos! ÍNDICE Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Sim, é subjetivo. Eu vi isso em sociologia, e cheguei a essa conclusão relacionando com a minha realidade. Geralmente as pessoas fazem uso do conhecimento comum, do senso comum. Não fazem uso da ciência ou da filosofia, e na verdade, são os meios mais seguros de se aprender. Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar PROFUNDO! Como fazer mais do que simplesmente escutar a voz e OUVIR o pensamento do outro? Ou seja, compreender aquela fala como uma expressão de um pensamento, de uma ideia. É algo mais profundo que isso. Catarina Sublinhar No discurso, quem fala e quem escuta assumem uma responsabilidade. O locutor assume a posição de expor uma ideia, e o receptor de a interpretá-la. M Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar "palavras de mais e conteúdos de menos". Foi na raiz da questão. Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Nas redações que circulam nas empresas -> ideias claras e texto bem construído, justamente para fazer jus à essa ideia. Catarina Sublinhar Não tenho conhecimentos sobre nenhum! Concordância principalmente. Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar ÍNDICE CAPÍTULO I: A IDENTIDADE NA ADOLESCÊNCIA Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA12 ÍNDICE A BUSCA DA IDENTIDADE ENTRE BOMBAS E TIROS DE CANHÕES A jovem judia Anne Frank escreveu o diário mais famoso do mundo em todos os tempos. Sem saber ela descrevia, durante a Segunda Guerra Mundial, seus últimos dois anos de vida antes de ser enviada pelos nazistas ao campo de concentração onde morreria de tifo, em 1944, aos 15 anos de idade. A menina relatou a vida da família e de mais quatro pessoas que tiveram de viver limitadas ao anexo do sótão do escritório de seu pai, em Amsterdam, na Holanda. O grupo não podia abrir as janelas ou fazer qualquer barulho que levantasse suspeitas. Anne Frank nasceu na Alemanha, em 1929. Com a chegada de Adolph Hitler ao poder, seus pais foram obrigados a fugir do país. A Holanda, o novo e querido lar de Anne a partir dos quatro anos, também acabou invadida pelos alemães. Com o início da perseguição aos judeus, sua família foi obrigada a se esconder juntamente com mais quatro pessoas. Por dois anos (1942/1944), quando provavelmente foram delatados, todos viveram clandestinamente em Amsterdam. FORMAR A PRÓPRIA OPINIÃO Em seu diário, Anne Frank faz um relato minucioso de como era a vida no que chamou de “Anexo Secreto”, onde ficou confinada dos treze aos quinze anos. Fala também do processo interno de crescimento que vivencia, do qual tem absoluta consciência. Anne Frank, aos 6 anos de idade, na escola em que estudava, em Amsterdam. 1940. [Fonte da imagem: Wikipedia] Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA13 ÍNDICE Anne expressa com clareza solar que compreende a importância crucial do momento que vivencia – de construção da sua identidade pessoal para ingressar no mundo adulto. RUPTURAS INEVITÁVEIS Corajosa, a jovem mantém a esperança e reconhece suas fraquezas, limitações e dúvidas. Tudo isso em meio ao som estridente das sirenes, que avisam dos bombardeios sobre a cidade, seguido do revidar dos canhões antiaéreos durante toda a noite. Ela sabe que terá de percorrer o seu caminho sozinha, uma vez que, ainda mais do que o isolamento físico, Anne sente a aridez da convivência forçada com adultos que não respeita como modelos, ao mesmo tempo que questiona a rigidez do tratamento dispensado aos três jovens – ela mesma, sua irmã e Peter, filho do outro casal – que devem se limitar a cumprir as regras como quando eram crianças. Expõe, ainda, suas diferenças com a mãe e a falta de intimidade com o pai amado. Enfim, sente-se só na difícil tarefa de aprender a se tornar adulta, mas encara com coragem o desafio. “Tenho minhas próprias ideias, meus planos e ideais, mas ainda não consigo verbalizá-los.” “Quero ver as coisas com olhos novos e formar minha opinião, não somente copiar meus pais, como no provérbio ‘A maçã não cai longe da árvore’”. “Olhando para trás, noto que esse período de minha vida terminou de vez; meus dias de escola, felizes e despreocupados, se foram para sempre. Nem sinto falta. Superei. Não posso mais ficar de brincadeira, porque o meu lado sério sempre aparece.” Catarina Sublinhar Boa. Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA14 ÍNDICE UMA AUTOCRÍTICA ADULTA Anne Frank questiona-se à exaustão. Não se acomoda ao papel de jovem meramente contestadora, pelo contrário, mais tarde revisita o juízo que fez dos adultos, agora questionando a si mesma. “Vou ter de me tornar uma boa pessoa por conta própria, sem ninguém para servir de modelo ou me aconselhar, mas no fim isso vai me tornar mais forte.” “Eu preenchia o dia com conversa fiada, tentava atrair Pim [o pai] e não conseguia. Isso me deixou sozinha com a tarefa de me desenvolver, para que não tivesse de ouvir suas críticas, porque elas me deixavam desanimada.” “Ainda amo papai do mesmo jeito e Margot ama papai e mamãe, mas quando você tem a nossa idade, quer tomar algumas decisões sozinha, sair debaixo da asa deles.” “Mesmo tendo somente 14 anos, sei o que quero, sei quem está certo e quem está errado, tenho minhas opiniões, ideias e meus princípios, e mesmo que pareça estranho vindo de uma adolescente, me sinto mais como uma pessoa do que como uma criança – me sinto completamente independente dos outros.” “A gente não faz ideia de como mudou até que a mudança já tenha acontecido. Eu mudei de um jeito radical, tudo em mim é diferente: minhas opiniões, minhas ideias, a visão crítica. Por dentro, por fora, nada é igual. E posso afirmar com segurança, já que é verdade: mudei para melhor.” “Até que enfim alguém me colocou no lugar certo, quebrou meu orgulho, e isso é bom, porque tenho sido orgulhosa demais. Nem tudo o que a senhorita Anne faz é bom!” “Bom, Anne, você ainda tem muito que aprender. Já é hora de começar, em vez de olhar os outros de cima e sempre culpá-los!” Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA15 ÍNDICE O QUE VOCÊ VAI SER QUANDO CRESCER? A todo o momento, Anne examina sua infância, as mudanças por que passou e quem gostaria de ser no futuro. Pensa muito na profissionalização e declara várias vezes que não quer ser uma dona de casa como a mãe. “A PRÓPRIA PESSOA FORMA SEU CARÁTER” Nada fica fora de seu diário, que ela chama de Kitty, como uma amiga com quem estabelece uma relação honesta e verdadeira, a quem relata todas as transformações pelas quais passam seu corpo e sua mente; a paixão por Peter (o terceiro jovem no esconderijo, além dela mesma e da irmã); o interesse por sexo; os conflitos consigo mesma e com os outros; o reconhecimento dos próprios erros; as angústias existenciais e os momentos de desespero. “Não consigo me imaginar vivendo como mamãe (...). Preciso ter alguma coisa além de um marido e de filhos aos quais me dedicar! Não quero que minha vida tenha passado em vão, como a da maioria das pessoas. Quero ser útil ou trazer alegria a todas as pessoas, mesmo àquelas que jamais conheci. Quero continuar vivendo depois da morte!” “Há muito tempo você sabe que meu maior desejo é ser jornalista, e mais tarde uma escritora famosa. Teremos de esperar para ver se essas grandes ilusões (ou desilusões) irão se cumprir, mas até agora não sinto falta de assunto.De qualquer modo, depois da guerra, eu gostaria de publicar um livro chamado O Anexo Secreto. Resta ver se conseguirei, mas meu diário pode servir de base.” “Eu me condeno de tantas maneiras que estou começando a perceber a verdade no ditado de papai: ‘Todo filho tem de se criar’. Os pais só podem aconselhar os filhos ou apontar a direção certa. Em última análise, a própria pessoa forma seu caráter.” Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA16 ÍNDICE “Agora é muito mais fácil falar com Peter as coisas que normalmente eu guardava para mim; por exemplo: eu disse que no futuro quero ser escritora e que, se não puder, quero escrever nas horas vagas”. “Criei na mente uma imagem dele, pintei-o como um rapaz calmo, delicado e sensível, necessitando de amizade e amor! Eu precisava abrir a alma para uma pessoa viva. Queria um amigo que me ajudasse a reencontrar o caminho.” “Não tenho dinheiro nem posses terrenas, não sou linda, inteligente nem esperta, mas estou feliz e pretendo continuar assim! Nasci feliz, adoro as pessoas, tenho uma natureza estável, e gostaria que todo mundo também fosse feliz.” “Finalmente percebi que devo fazer os deveres de escola para não ficar ignorante, para continuar com a vida, para me tornar uma jornalista, porque é isso que desejo! Eu sei que posso escrever. Algumas de minhas histórias são boas, minhas descrições do Anexo Secreto são bem humoradas, boa parte de meu diário é vivo e interessante, mas... resta saber se realmente tenho talento.” “Eu costumo me sentir mal, mas nunca me desespero. Vejo nossa vida no esconderijo como uma aventura interessante, cheia de perigo e romance, e cada privação é algo divertido a acrescentar no diário.” NASCE O SENTIMENTO DE IDENTIDADE A menina cresce e se transforma diante dos nossos olhos. O amadurecimento de Anne Frank é visível, ela descobre sua singularidade e seus talentos; sabe o que ainda precisa mudar e entende que precisa estudar até álgebra, que odeia. Conforme avançam as páginas de seu diário, ela adquire um forte sentimento de identidade, sabe quem é e o que deseja alcançar. Demonstra grande força em se manter positiva frente ao futuro incerto, mas nunca esquece a guerra como a grande ceifeira pairando acima de seus sonhos, projetos e ideais. Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA17 ÍNDICE “Sou jovem e tenho muitas qualidades ocultas; sou jovem, forte e vivo uma grande aventura; estou no meio dela e não posso passar o dia inteiro reclamando porque é impossível me divertir! Sou abençoada com tantas coisas: felicidade, alegria e força. A cada dia me sinto amadurecendo, sinto a libertação se aproximar, sinto a beleza da natureza e a bondade das pessoas ao redor. A cada dia penso em como essa aventura é fascinante e divertida!” “Quando escrevo, consigo afastar todas as preocupações. Minha tristeza desaparece, meu ânimo renasce! Mas – e esta é uma grande questão – será que conseguirei escrever alguma coisa importante, será que me tornarei jornalista ou escritora?” “Se Deus me deixar viver, vou realizar mais do que mamãe jamais realizou, vou fazer com que minha voz seja ouvida, vou para o mundo e trabalharei em prol da humanidade!” “Simplesmente não consigo imaginar que o mundo volte a ser normal para nós. Falo sobre depois da guerra, mas é como se estivesse falando de castelos no ar, de uma coisa que pode nunca acontecer.” “Como, sem dúvida, você pode imaginar, nós costumamos perguntar, em desespero: ‘Qual é o sentido da guerra? Por que, por que as pessoas não podem viver juntas em paz?’” Não é mais uma voz infantil! Nenhuma criança falaria de guerra com tanta verdade. Às vezes, esperança, medo e desalento estão presentes na mesma frase, fazendo parte da mesma realidade cruel. Anne Frank alcança sua identidade, complexa e multifacetada. A CONSCIÊNCIA DO DESTINO QUE SE APROXIMA As reflexões da jovem sobre a guerra e as injustiças sofridas pelos judeus são cada vez mais profundas e recorrentes. Enquanto se esforça para manter a confiança na iminente invasão dos aliados, Anne sente o cerco dos nazistas se fechar, a perseguição recrudescer e teme pelo desfecho de seu destino. Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA18 ÍNDICE “Ainda amamos a vida, ainda não esquecemos a voz da natureza e continuamos com esperança de... tudo.” “Os mais velhos têm uma opinião formada sobre tudo, são seguros de si e de seus atos. Para nós, jovens, é duas vezes mais difícil sustentar nossas opiniões numa época em que os ideais são estilhaçados e destruídos, quando o pior lado da natureza humana predomina, quando todo mundo duvida da verdade, da justiça e de Deus.” “Vejo o mundo ser transformado aos poucos numa selva, ouço o trovão que se aproxima e que, um dia, irá nos destruir também, sinto o sofrimento de milhões. E, mesmo assim, quando olho para o céu, sinto de algum modo que tudo mudará para melhor, que a crueldade também terminará, que a paz e a tranquilidade voltarão.” “Como posso me sentir triste enquanto isso existir, pensei, esta luz e este céu sem nuvens, e enquanto eu puder desfrutar essas coisas?” “Enquanto isso existir – e deve existir para sempre –, sei que haverá consolo para toda tristeza, em qualquer circunstância. Acredito firmemente que a natureza pode trazer conforto a todos que sofrem.” “A beleza continua a existir, mesmo na desgraça. Se a procurar, você descobrirá cada vez mais felicidade, e recuperará o equilíbrio. Uma pessoa feliz tornará as outras felizes; uma pessoa com coragem e fé nunca morrerá na desgraça!” O EQUILÍBRIO EM MEIO AO CAOS Mesmo imersa nos estilhaços de seus ideais, Anne Frank foi capaz de deixar mensagens positivas da vivência de sua breve juventude. Catarina Sublinhar Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA19 ÍNDICE O LEGADO DE ANNE FRANK E AS REDES SOCIAIS O pai de Anne, Otto Frank, é o único a sobreviver aos campos de concentração para onde são enviadas as oito pessoas descobertas no Anexo Secreto. A mãe morre de fome no campo de concentração de Auschwitz, para onde ela e as filhas são levadas. As duas meninas são transferidas para o campo de Bergen-Belsen. Anne é a última a morrer, um ou dois dias depois da irmã e algumas semanas antes da libertação. A publicação de seu diário pelo pai, em 1947, torna-a famosa no mundo inteiro. O livro inspira uma peça de teatro. Em 1959, o filme “O Diário de Anne Frank”, de George Stevens, recebe três Oscars. Desde 1960, o Anexo Secreto e o prédio da empresa de Otto Frank, em Amsterdam, abrigam o Museu Casa Anne Frank, onde o famoso diário está exposto. Todos os anos, um milhão de pessoas visita o esconderijo da família. No site oficial Anne Frank1 é possível conhecer, em português, um resumo de toda a história com muitas fotos <https://goo.gl/d78vrc>, passear pelo museu virtual e navegar pelo Anexo Secreto <https://goo.gl/YrTEmb>. A linha do tempo de Anne Frank mostra a história da família Frank no contexto da história mundial <https://goo.gl/7DKfHz>. No filme “A culpa é das estrelas”, de 2014, o casal protagonista visita o museu Casa de Anne Frank, em Amsterdam, percorrendo os locais retratados no livro. Em 2001, a rede americana ABC de televisão produziu a minissérie Anne Frank com base no livro “Anne Frank, uma Biografia”, da jornalista austríaca Melissa Muller. 1. <www.annefrank. org/pt/ > Em 2001, a rede americana ABC de televisão produziu a minissérie Anne Frank com base no livro “Anne Frank, uma Biografia”, da jornalista austríaca Melissa Muller. Imagem da minissérie Anne Frank, da rede ABC. Vídeo legendado disponível em: <https:// youtu.be/8skcEbuKJD8> Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO:COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA20 ÍNDICE Quantas vezes Anne Frank se perguntou se teria talento, se conseguiria escrever alguma coisa importante, tornar-se jornalista ou escritora? O que mais desejava era que sua voz fosse ouvida! A menina de 15 anos ultrapassou suas próprias expectativas, foi profética ao dizer “quero continuar vivendo depois da morte!” Seu livro é um dos mais lidos no mundo e já foi traduzido para 67 idiomas. Supondo que a internet existisse, na época, e Anne Frank tivesse acesso às redes sociais sem ser importunada pelos nazistas, quantos seguidores ela teria? Quantos jovens na mesma situação poderiam compartilhar temores e anseios comuns? As redes sociais, os jogos online, os sites de compartilhamento de vídeo e os telefones celulares são aliados na comunicação e autoexpressão do jovem ao atingir a idade da luta pela autonomia e identidade, fase pela qual Anne Frank passou em solidão quase absoluta no seu esconderijo. Além de permitir que os jovens se conectem com seus pares de novas maneiras, essas tecnologias ajudam na aquisição de novas competências, como criar um vídeo, personalizar um jogo ou uma página no Facebook. O mundo digital reduz as barreiras para a aprendizagem autônoma e seria uma ferramenta preciosa também para Anne Frank. Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA21 ÍNDICEÍNDICE CAPÍTULO II: SÍMBOLOS GRÁFICOS Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA22 ÍNDICE Há controvérsias. O pensador e humorista Millôr Fernandes acrescenta a esse outro pensamento desafiador: “Uma imagem vale mais do que mil palavras. Vai dizer isto com uma imagem”. Entretanto, o pensamento “Uma imagem vale mais do que mil palavras” está associado ao poder de comunicação da imagem. E, por conseguinte, à possibilidade de uma imagem sintetizar uma mensagem e comunicá-la prontamente, de forma muito mais clara e precisa do que seria possível fazê-lo por meio de palavras. É preciso fazer a ressalva de que nem sempre isso é totalmente possível, como alerta o pensamento de Millôr. INTRODUÇÃO “Uma imagem vale mais do que mil palavras.” (Citação atribuída a Confúcio) Catarina Sublinhar Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE23 PARA COMEÇO DE CONVERSA Quantas vezes ao observar a imagem de um acontecimento chega- nos a ideia clara e imediata da ocorrência! Às vezes, o texto que acompanha a imagem apenas complementa a informação principal que ela comunica de forma instantânea. Quando a referência é um mundo tecnológico e globalizado, a citação “uma imagem vale mais do que mil palavras” faz ainda mais sentido porque a imagem é compacta, rápida e supera barreiras linguísticas. Se uma pessoa viajar para um país cujo idioma desconheça totalmente e não encontrar as conhecidas placas sinalizadoras em inglês, é provável que siga imagens para se alimentar, usar a toalete ou chegar ao seu portão de embarque. Na hipótese de não existir comunicação por meio de imagens, ou comunicação visual, essa pessoa não chegará a lugar algum. Provavelmente recorrerá aos gestos e terá dificuldades imensas apenas no esforço de circulação, sem falar em todos os outros. Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA23 ÍNDICE [Ilustração: Seri] Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE24 Nesse caso, o que salvaguarda o estrangeiro são os chamados pictogramas organizados adequadamente para que ele possa atender suas necessidades básicas num ambiente social onde não consegue fazer uso da linguagem verbal, escrita ou falada. Antes da invenção da escrita, na pré-história, o homem fazia registros de acontecimentos por meio de pictogramas. As figuras das pinturas rupestres podem ser consideradas como pictogramas; elas transmitiram e transmitem alguma realidade da vida do homem na terra, ao longo de milênios. Pictogramas são signos, símbolos ou sinais indicativos, de comunicação visual, usados para transmitir mensagens de compreensão imediata. Apresentam uma funcionalidade comunicativa que elimina barreiras dos idiomas; são autoexplicativos e compreensíveis em âmbito universal. São usados como sinais, comunicando informação de utilidade pública ou fazendo advertências. Pintura rupestre encontrada em Nevada, EUA. [Fonte da im agem : Pixabay] [Ilustração: Seri] Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE25 JOGANDO E APRENDENDO A JOGAR Uma programação visual, vamos chamar assim a concepção e posicionamento de pictogramas em espaços abertos e fechados, serve para comunicar, informando e orientando. Ao olhar para um pictograma, pessoas de diferentes lugares captam, imediatamente, a mesma mensagem. Pictogramas são construídos e muito utilizados também em ambientes profissionais específicos. Informam instruções de uso, fazem advertências sobre perigos do ambiente, orientam a movimentação de pessoas e profissionais como, por exemplo, num hospital ou numa fábrica. Podem ser também utilizados para indicar ou resumir a ideia presente em regra ou código de conduta como, por exemplo, um contrato de aprendizagem. Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA25 ÍNDICE Assista ao vídeo indicado a seguir. É bem rápido e sintetiza uma quantidade enorme de informações sobre a construção e utilização de pictogramas. Vídeo: O que é Pictograma (tempo: 3min37seg). Link do vídeo: <https://youtu. be/rFhFNS2W3xA> Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA26 ÍNDICE PONDO OS PINGOS NOS IS Para obter algumas informações de como deve ser o processo criativo e as características de um bom símbolo gráfico, assista ao vídeo Pictogramas – Rio 2016. Vídeo Pictogramas - Rio 2016. Link do vídeo: <https://youtu. be/WlY2BRJxyKI> Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA26 ÍNDICE Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA27 ÍNDICE SAIBA MAIS Hoje, o ambiente urbano é repleto de pictogramas, nos espaços abertos e fechados. E há uma história bem bacana por trás disso. Tudo começa com a criação de um sistema de representação pictórica universal na década de 1920, em Viena, pelo chamado movimento ISOTYPE (International System of Typographic Picture Education, ou Sistema Internacional de Educação Tipográfica Pictórica). Esse movimento de educação pública é criado por um cientista social, Otto Neurath, com o objetivo de facilitar a comunicação, torná-la acessível a todos e ultrapassar fronteiras. A meta é democratizar a comunicação, ou seja, fazer a informação chegar a todas as pessoas, incluindo as que têm mais dificuldades de compreensão. O designer responsável pelo sistema pictórico do ISOTYPE, o alemão Gerd Arntz, cria um conjunto de quatro mil símbolos para transmitir informações econômicas e sociais para o público leigo. Esse é um dos projetos de design e informação de maior sucesso do século 20. Esses símbolos criados para o Isotype tornam-se referência e influenciam a criação dos pictogramas que se veem comumente em placas de estradas e aeroportos, websites, manuais de instrução etc. Muitos desses pictogramas são criados na década de 1970, nos EUA, pela parceria do Departamento de Transportes com a AIGA1, organização americana de designers gráficos. Programa Formare | Aprendiz 27 ÍNDICE 1. Acesse o site da AIGA e veja algunsdos ícones criados para serem usados em inúmeros lugares. <http://www.aiga.org/ symbol-signs/> GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA Catarina Sublinhar Catarina Sublinhar Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE28 O Isotype acaba por tornar-se uma escola de síntese visual, influenciando gerações de designers. Nas olimpíadas, o grande impulso ao desenvolvimento de pictogramas surge em Tóquio, 1948. A equipe de designers japonesa liderada por Katsumi Masaru e inspirada no Isotype cria um projeto amplo que inclui o conjunto de pictogramas usados durante o evento e também pelos meios de comunicação. Nas olimpíadas de Munique, em 1972, o alemão O. Aicher cria uma série de pictogramas para representar as modalidades esportivas em disputa. Mais uma vez a simplicidade e padronização da linguagem Isotype constituem a inspiração, e também para os jogos olímpicos seguintes. A partir dos jogos olímpicos de Sidney, em 2000, nota-se influência cultural dos países sede. Por exemplo, Sidney utiliza a forma do bumerangue na construção da figura humana; Atenas emprega formas, cores e desenhos de sua cultura milenar e o mesmo pode-se dizer de Pequim com seus desenhos lembrando imagens produzidas nos primórdios da humanidade. Em cada edição dos jogos olímpicos é possível notar a evolução2 do design gráfico e das modalidades nos jogos. Novos esportes são incluídos e outros eliminados a cada quatro anos, então novas famílias de pictogramas são criadas. A preparação dos pictogramas das olimpíadas do Rio/20163 conta com um grupo de 28 designers. O trabalho inclui o estudo do movimento dos atletas e pode- se dizer, também, da chamada ginga do brasileiro. Pela primeira vez são criados pictogramas para o paradesporto. No total, 64 pictogramas: 41 olímpicos4 e 23 paralímpicos. 2. Acesse <https:// goo.gl/wV5iEa> para ver a comparação dos pictogramas criados em cada uma das edições dos jogos olímpicos, a partir de 1964. 3. Pictogramas oficiais das Olimpíadas e Paralimpíadas de 2016. <https://goo. gl/PKQ3q9> 4. 41 pictogramas dos Jogos Olímpicos Rio 2016. <https:// goo.gl/nAV4qv9> Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA29 ÍNDICE AGORA É COM VOCÊ Programa Formare | Aprendiz 29 ÍNDICE Na informática, o sistema de representação pictórica Isotype oferece suporte, com sua proposta sobre o que seria universal em comunicação por imagem, para transformar a informação em símbolo e dessa forma facilitar o entendimento e democratizar a comunicação. Isso significa a inclusão digital de um imenso contingente de pessoas de todo o mundo que com o sistema de codificação alfanumérico utilizado anteriormente teria dificuldades de acesso aos recursos da informática. Os computadores, máquinas complexas até a década de 1980, ganham interfaces acessíveis repletas de ícones para serem facilmente operados por qualquer pessoa. Quanto aos smartphones, sua operação vai se tornando quase intuitiva graças aos ícones de compreensão imediata. Estes ainda oferecem uma galeria de emojis e emoticons, também aparentados com o sistema Isotype, que possibilitam até a comunicação sem palavras. A motivação para a criação do sistema de comunicação por imagens, depois conhecido como Isotype (1920), é humanitária. Nascido em classe abastada, Otto Neurath (1882-1945), um cientista social com ideais socialistas, tem contato com a dura realidade da população rural pobre e percebe a dificuldade extrema de compreensão e comunicação das pessoas. Essa é a inspiração BREVE HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DO ISOTYPE GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA30 ÍNDICE para criar seu projeto de facilitar e universalizar a comunicação não verbal por meio de imagens simples e sintéticas. Seu desejo é acelerar a transmissão de informações para o público leigo. Com a matemática Marie Reidemeister, também envolvida no projeto e sua futura esposa, O. Neurath funda o ISOTYPE (International System of Typographic Picture Education, ou, Sistema Internacional de Educação Tipográfica Pictórica). O casal trabalha com mapas, gráficos e outras visualizações que interpretam e explicam ideias complexas sobre o cotidiano, indústria e ciência na Áustria. O trabalho começa a ser realizado com uma equipe de desenhistas, mas ainda é preciso encontrar um designer com envergadura para a empreitada de traduzir ideias em desenhos. Depois de muita procura, Neurath se depara com a parceria certa: um designer alemão talentoso, Gerd Arntz, que compartilha com ele os mesmos ideais. Juntos criam um sistema de representação gráfica que torna dados estatísticos acessíveis para o grande público. Criam um grande e rico acervo de imagens tão identificáveis que as palavras podem ser dispensadas. Qualquer ideia pode ser expressa por uma ou várias imagens combinadas. A projeção do Isotype chega a muitos outros países, à medida que designers do mundo todo passam a contribuir com suas próprias ideias. A União Soviética, EUA e nações africanas, por exemplo, criam versões próprias do Isotype. Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA31 ÍNDICEÍNDICE CAPÍTULO III: O CORPO FALA Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA32 ÍNDICE Sem uma única palavra, o bebê comunica todas as suas necessidades e sensações como fome, sono, dor, irritação, alegria, entusiasmo pela vida. Muito antes de aprender a falar, ele usa o choro, o riso, as expressões faciais, os gestos, o corpo inteiro para se expressar. O sorriso é a melhor arma do bebê para convencer o mais carrancudo dos adultos a satisfazer suas vontades. Seria bem mais difícil, se ele contasse apenas com o choro e as fraldas sujas para se comunicar. O sorriso, aprendido e usado a partir das primeiras semanas de vida, amplia muito as suas chances de ser amado e bem cuidado, convenhamos. Antes de aprender a linguagem verbal, por meio de palavras faladas ou escritas, todos nós transmitimos nossas necessidades físicas e emocionais empregando a comunicação corporal. Começamos ao nascer e nunca mais paramos de usar a linguagem não verbal, ainda que não tenhamos consciência ou controle absoluto sobre ela. Nossa comunicação corporal – expressa por gestos, trejeitos faciais, posturas, tons de voz, distâncias físicas e contato visual – pode exprimir mais do que as próprias palavras. INTRODUÇÃO TODOS NÓS NASCEMOS ESPECIALISTAS EM LINGUAGEM NÃO VERBAL Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE33 Quantas vezes você mal é apresentado a alguém e imediatamente classifica a pessoa como antipática? Por que, se ela apertou sua mão e disse “muito prazer” como manda a regra da boa educação? Bom, é verdade que ela não sorriu. Talvez estivesse distraída ou preocupada com a possibilidade de uma multa por estacionar em local proibido. De qualquer forma, o sorriso, que aprendemos a usar quase ao nascer, é o mais poderoso sinal de ligação social. O recém- apresentado perdeu a oportunidade de passar a você a agradável impressão de simpatia ou afinidade. Tudo porque não sorriu ao dizer que tinha prazer em conhecer você. A linguagem verbal, emitida pelas palavras, não foi acompanhada pela linguagem não verbal (sorriso), o que deu a você a impressão contrária do que foi dito. Atentos ou não ao que fazemos, expressamos mais por meio da linguagem não verbal do que por palavras. Também controlamos melhor o que dizemos do que aquilo que nosso corpo comunica involuntariamente. Um dos muitos cálculos a respeito, embora nenhum seja muito preciso, aponta que os sinais não verbais da comunicação humana representam 65% do total de mensagens que enviamos. Há até estimativas para mais de 90%, se além dos gestos forem considerados outros fatores, como a postura e o tom de voz, por exemplo. Um aperto de mão firme ou fraco; a postura ereta ou curvada;alguém que passa o dia PARA COMEÇO DE CONVERSA Programa Formare | Aprendiz 33 ÍNDICEGUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA [Ilustração: Seri] Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE34 bocejando; um olhar fixo para o chão; o desvio constante do olhar; alguém que mexe as mãos ansiosamente ou não pode parar de balançar as pernas durante uma reunião. Podemos nos lembrar de ter reparado em expressões de linguagem corporal, ou não verbal, em outras pessoas. E não foi por acaso que interpretamos esses sinais, eles fazem parte da comunicação não verbal de todo ser humano. No filme O baile, de Ettore Scola, podemos ver o quanto os gestos, a postura e as expressões faciais são capazes de transmitir sem necessidade da linguagem verbal. Num único cenário – o salão de baile – a história é contada sem diálogos, e ainda assim identificamos perfeitamente quem são os personagens por suas atitudes. Estão presentes o tímido, o pretensioso, o vaidoso, o convencido, o bajulador etc. Também podemos reconhecer as diferentes personagens femininas. O significado da linguagem não verbal está ligado à cultura, ou seja, ao conjunto de costumes, conhecimentos e regras sociais que distinguem as pessoas que vivem num mesmo lugar. Filme “O Baile”, de Ettore Scola. Link do vídeo: <https://youtu.be/iOex5la0EvY> No entanto, certas expressões faciais são entendidas universalmente. Independentemente da cultura local onde as pessoas nascem, seja qual for o país, elas são capazes de entender demonstrações de alegria, tristeza, surpresa, medo, aversão, e raiva. A face é a parte do corpo que mais tem recursos emocionais para apresentar graças a uma complexa rede de músculos, que nos permite movimentar olhos, pálpebras, sobrancelhas e lábios. Apenas entre o sorriso, o riso e a gargalhada, temos incontáveis expressões de linguagem não verbal. [Ilustração: Seri] Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE35 De nada adianta medir as palavras, o corpo transmite a verdadeira mensagem sobre nós. Por isso mesmo a linguagem não verbal, corporal, é tão importante. É difícil acreditar na sinceridade de alguém que diz que está calmo e disposto a ouvir, mas não para de mexer com as mãos, quebrar clips e mudar de posição na cadeira. Qualquer um que esteja falando para um grupo de pessoas sabe que não está despertando o mínimo interesse naquela que olha em outras direções, rabisca um papel sem parar, ou fica tamborilando com os dedos na mesa. Pior ainda se a pessoa em questão não largar o celular. Ao contrário, aqueles que olham nos olhos do interlocutor demonstram interesse ou pelo menos lhe dão uma chance. Programa Formare | Aprendiz 35 ÍNDICE JOGANDO E APRENDENDO A JOGAR GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA [Il us tr aç ão : S er i] Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE36 “Nervoso, eu?” Numa situação de estresse, mordemos os lábios, roemos as unhas, entrelaçamos os dedos, esfregamos as mãos, tocamos a nuca ou o rosto. Bobagem negar, todo mundo pode ver nosso nervosismo. Um simples aperto de mão, se muito fraquinho, pode passar a impressão de insegurança. Para garantir, melhor demonstrar confiança com um aperto mais decidido, o olhar nos olhos da pessoa cumprimentada e um sorriso de simpatia. A voz firme passa mais autoridade sobre o assunto do que um tom oscilante, todos já percebemos. Não há dúvida de que a linguagem não verbal ajuda o observador atento a interagir em qualquer situação, favorável ou desfavorável, e também a controlar seu próprio comportamento corporal. Mas não se trata de uma bola de cristal que vai desvendar o íntimo das pessoas, uma vez que um sinal pode não ter qualquer significado. Uma pessoa pode cruzar os braços porque está com frio e não por se sentir resistente às ideias que estão sendo apresentadas. Ver e ouvir com atenção é o melhor remédio para quem precisa se adaptar a um novo ambiente. Quem já passou pela síndrome do primeiro dia sabe bem disso. No seu primeiro dia no trabalho ou numa nova escola, você não sabe como as pessoas se comportam naquele lugar. Sua confiança será maior quanto mais você dominar esse conhecimento, que pode adquirir a partir da observação direta. Lembrando que cada sinal pode ser muito relativo, dependendo da situação, veja algumas ilustrações que facilitam a compreensão da linguagem não verbal: <https://goo.gl/BQS9nR> Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA37 ÍNDICE PONDO OS PINGOS NOS IS Programa Formare | Aprendiz 37 ÍNDICE O corpo fala e por meio dele demonstramos alegria e tristeza, raiva, amor etc. Sem uma única palavra expressamos o que estamos sentindo, aquilo que desejamos ou não queremos. Da mesma forma, percebemos as outras pessoas. Como não compreender a diferença entre atitudes favoráveis, neutras ou desfavoráveis? Desde crianças, ao insistir num argumento aprendemos a avaliar nossa possibilidade de sucesso apenas pela tonalidade do “não” de nossos pais. Ao cruzar uma rua aqui mesmo, ou em qualquer outro país de idioma desconhecido, podemos identificar o estado de espírito das pessoas por meio de sua linguagem corporal, não verbal. A expressão do rosto diz muito da satisfação ou não da pessoa naquele momento, mas o corpo todo transmite outros sinais. A postura ereta ou de ombros curvados, o caminhar seguro ou desanimado falam pelo indivíduo. GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA [Il us tr aç ão : S er i] Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE38 Um exercício interessante é assistir qualquer filme em idioma desconhecido e reconhecer as emoções que os personagens transmitem apesar de não entendermos uma palavra do que dizem. Outra experiência que vale a pena é assistir filmes da época do cinema mudo. Muitos filmes se tornaram clássicos e são sucesso até hoje. Quase toda a filmografia do genial Charlie Chaplin, que imortalizou o vagabundo Carlitos, pode ser encontrada no YouTube. No mundo do trabalho o corpo fala e revela a verdade nua e crua. Realização pessoal, satisfação ou insatisfação com o que se faz ficam evidentes no ânimo das pessoas, no seu interesse e atenção, na produtividade e no prazer ou desprazer de realizar as atividades. Em uma sequência do filme Tempos modernos (9min30seg), Charlie Chaplin nos obriga a encarar, com humor e sem palavras, a rotina de trabalho massacrante da automação industrial: <https://youtu.be/KPgxcat-zYo> Cena do filme O Grande Ditador. Link do vídeo: <https://youtu.be/ qIXQoLISn2E> Cena do filme Tempos Modernos. Link do vídeo completo: <https://youtu.be/CozWvOb3A6E> A expressividade e a força da linguagem não verbal podem ser conferidas na sátira de Chaplin ao nazismo no filme O grande ditador, de 1940. A famosa sequência em que o ditador, uma caricatura de Hitler, contracena com o globo terrestre não deixa dúvidas sobre seu desejo de poder e dominação. Nenhuma palavra é pronunciada, mas tudo está dito em menos de três minutos. Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA39 ÍNDICE Usada há milhões de anos, a linguagem corporal, não verbal, foi das primeiras formas de comunicação humana e continua entre as mais expressivas. Mais forte do que nós, ela mostra até o que gostaríamos de esconder. A comunicação não verbal é importante para reforçar ideias, dar ênfase ao que se diz, facilitar o entendimento e o diálogo. Mas também expõe verdades e mentiras sem nosso consentimento. Assim como se diz da imagem, um gesto pode dizer mais do que mil palavras. O livro O corpo fala, de Pierre Weil e Roland Tompakow, faz interessante iniciação ao tema da comunicação não verbal, mostrando que o corpo tem uma linguagem própria que muitas vezes contradiz as palavras. Desvendar a linguagem corporal pode ajudar as pessoas a se compreenderem melhor – a si mesmas e umas às outras– levando a relacionamentos profissionais e interpessoais mais equilibrados. No livro, a esfinge é usada para representar o ser humano dividido em três partes: boi (abdômen), leão (tórax) e águia (cabeça), que correspondem, respectivamente, à vida instintiva e vegetativa, vida emocional e vida mental (intelectual e espiritual). O homem é comandado por esses três animais em constante conflito dentro de si e o necessário e desejado equilíbrio depende de conseguir SAIBA MAIS Programa Formare | Aprendiz 39 ÍNDICEGUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE40 dominá-los. A linguagem corporal evidencia a preponderância de uma dessas partes sobre as outras. O livro explicita gestos corporais e seus significados, e adverte que o importante para uma comunicação coerente é que a linguagem não verbal esteja em concordância com a linguagem verbal. Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA41 ÍNDICE AGORA É COM VOCÊ Programa Formare | Aprendiz 41 ÍNDICE Charles Darwin é o primeiro a estudar cientificamente a linguagem corporal, não verbal. O resultado desses estudos está publicado no livro A expressão das emoções em homens e animais (1872). A partir da década de 1960, o psicólogo americano Paul Ekman também se dedica ao estudo da linguagem corporal. Para ele, Darwin teria se enganado ao afirmar que os mamíferos nascem sabendo demonstrar e interpretar determinadas expressões faciais. Depois de cinquenta anos dedicados ao estudo das emoções humanas Ekman comprova o pressuposto de Darwin e identifica sete expressões faciais que nascem com o ser humano: alegria, tristeza, raiva, medo, surpresa, aversão e desprezo, esta última às vezes considerada por outros autores como uma variante da aversão. São expressões encontradas em todas as culturas, de distintas épocas da história, registradas em estátuas e pinturas e percebidas mesmo em crianças que nasceram cegas. Reconhecido como uma das maiores autoridades no assunto, Paul Ekman se dedica a catalogar as combinações dos movimentos musculares da face humana, chegando a mais de 10 mil expressões. As chamadas microexpressões faciais são involuntárias e aparecem, por um segundo ou menos, no rosto da pessoa que tenta esconder uma emoção em situações de tensão. Somente estudiosos e pessoas treinadas conseguem captar essas emoções reprimidas consciente ou inconscientemente. GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA42 ÍNDICE Série Engana-me, se puder. Link do vídeo: <https://youtu.be/WamPAPl1HDs> Os estudos de Paul Ekman servem de base para o seriado americano Lie to me (Engana-me, se puder), disponível na Netflix. Os episódios tratam das investigações de uma equipe especializada em detectar mentiras. O trabalho desses cientistas do comportamento é interpretar, além dos gestos, microexpressões faciais que ocorrem por frações de segundo. O líder da equipe é um cientista que dedicou a vida ao estudo do comportamento humano, das microexpressões e da linguagem corporal, como o próprio Ekman, que parece ter inspirado a série e é consultor da equipe de produção. Embora o seriado seja muito interessante para o tema, uma vez que usa uma abordagem científica da linguagem corporal, é preciso lembrar que se trata de entretenimento com o realce próprio do cinema. Veja o início do primeiro episódio. Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA43 ÍNDICE Essas técnicas passam a ser aplicadas a episódios da vida real que já são históricos, como a participação de Richard Nixon no escândalo de Watergate, desvendando mentiras célebres de personalidades públicas. É o que faz o documentário Os segredos da linguagem corporal, produzido pelo canal de TV a cabo The History Channel (2008), disponível no YouTube com locução portuguesa. Especialistas em leitura da linguagem corporal interpretam seus significados usando vários exemplos reais ocorridos com políticos e celebridades. Vale como curiosidade, descontados os exageros típicos de quem procura audiência televisiva. Cena do documentário Os segredos da linguagem corporal. Link do vídeo: <https://youtu.be/ fbgEG-Rgl0U> Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA44 ÍNDICEÍNDICE CAPÍTULO IV: OUVINDO E FALANDO Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE45 OUVIR BEM PARA FALAR BEM; OUVIR PARA APRENDER E SE DESENVOLVER Ouvir, essa habilidade rara e importante, pode ser considerada como um dos maiores desafios da comunicação humana. Ouvir bem para falar bem; ouvir as solicitações da equipe de trabalho para atendê-las em conformidade; ouvir as demandas dos clientes para respondê-las e satisfazê-los; ouvir as pessoas do relacionamento familiar e afetivo para não se distanciar dos laços fundamentais. Ouvir para desempenhar com sucesso; ouvir para aprender e se desenvolver; ouvir para ser feliz. Ao mesmo tempo em que a arte de saber ouvir é tão importante, é também negligenciada. A experiência de não ouvir e não ser ouvido é uma constante na vida profissional, social e familiar da maioria das pessoas. Você sabe ouvir? Para ilustrar a questão, assista a um breve trecho do filme Erin Brockovich, ou Uma mulher de talento. Cena do filme Uma mulher de talento. Link do vídeo: <https://youtu.be/30TT- V33Vts> PARA COMEÇO DE CONVERSA Programa Formare | Aprendiz 45 ÍNDICEGUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE46 Se alguém fizer o exercício de prestar atenção em toda a sua experiência de comunicação verbal de um dia inteiro, vai se surpreender ao constatar o quanto as pessoas não ouvem o que as outras falam. Apenas escutam sem chegar a compreender a mensagem de quem está falando, em toda a sua extensão e profundidade. Ao não ouvir, as pessoas não falam de maneira consistente, ou produtiva, então uma enxurrada de palavras vazias tende a se perder no ar. Se essa mesma pessoa fizer o exercício de ouvir alguém, ou simplesmente ouvir os sons ao seu redor, perceberá o quanto ela própria deixa de ouvir, no seu cotidiano. Ou seja, ouvir vai muito além do simples e involuntário ato de escutar5. Para experimentar, tente ouvir o poema Padrão, do poeta português Fernando Pessoa, musicado pelo compositor e cineasta baiano André Luiz Oliveira. A música é cantada por Caetano Veloso. 5. Para pensar mais na questão de ouvir, leia o texto O Difícil Facilitário do Verbo Ouvir, de Artur da Távola, acessando: <https://goo. gl/5kykSx>COMO ANDA SUA AUDIÇÃO? Print de tela do vídeo do poema Padrão, de Fernando Pessoa. Link do vídeo: <https://youtu.be/ CN3hNysWXnc> Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE47 No texto O Difícil Facilitário do Verbo Ouvir, Artur da Távola caracteriza, como observador atento, doze reações de não ouvir o que o outro fala. Todas as reações por ele descritas decorrem de um fato: a falta de disponibilidade do ouvinte para limpar a própria mente, abandonar suas crenças, valores e expectativas pessoais para se concentrar apenas e exatamente naquilo que a outra pessoa fala. E a pessoa que fala? Como ela deve se preocupar com seu ouvinte, que recebe a mensagem? Como deve proceder para cativar o ouvinte, ganhar sua atenção e conseguir se comunicar como gostaria? É preciso identificar indícios do não ouvir e, para um bom observador, não é difícil perceber quando uma pessoa não está ouvindo. Em geral, ela demonstra em suas expressões faciais, oculares e gestuais uma atitude em relação ao que ela não está ouvindo, relacionada a disposições internas, como os exemplos a seguir. • Falta de interesse: o ouvinte mostra-se disperso ou distraído por falta de interesse no assunto comunicado. Essa manifestação pode ser identificada por meio da posturacorporal, expressões faciais e olhar distante. A pessoa não se mobiliza no papel de ouvinte, permanece indiferente ou apática e, às vezes, chega a desestimular o comunicador. Programa Formare | Aprendiz 47 ÍNDICE JOGANDO E APRENDENDO A JOGAR GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA [Ilustração: Seri] Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE48 Ao comunicador cabe organizar o assunto com clareza e objetividade. A comunicação deve ser feita numa linha de pensamento com começo, meio e fim, dosando o conteúdo para evitar estendê-lo além do necessário. É muito importante, ainda, para cativar a atenção do ouvinte, cuidar da forma de transmitir o assunto: encontrar o tom de voz apropriado; imprimir ritmo e emoção na fala, tornando-a atrativa e agradável; manter contato visual com o ouvinte, ou plateia, enquanto fala; adotar gestual que ajude a dar ainda mais expressividade à fala; outros recursos obtidos ou criados pelo comunicador que o ajudem a comunicar. Entretanto, tudo deve acontecer de forma natural e harmônica. Que nenhum comunicador se apresente como pessoa diferente do que realmente é. Seria um artifício capaz de colocar em dúvida a veracidade do conteúdo da comunicação. • Reação a crenças e atitudes: o ouvinte reage como se estivesse ameaçado, ao não concordar com as crenças e atitudes da pessoa que fala, deixando de ouvir o conteúdo da mensagem. Costuma interromper a pessoa que fala, discordar antes desta completar seu pensamento, alterar o tom de voz, como vimos na cena do filme Uma mulher de talento <https://youtu.be/30TT-V33Vts>. O comunicador pode e deve evitar polemizar, chocar ou agredir o ouvinte com palavras que provoquem reações violentas, pois o confronto inviabiliza a comunicação e o entendimento. Na maioria das vezes, ninguém ganha com a situação de confronto. • Reação à pessoa que fala: o ouvinte não aceita a pessoa que fala, seja pela classe social, sotaque, vestimenta, então não consegue ouvir a mensagem de forma isenta. Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE49 O comunicador pode evitar caracterizar-se ou posicionar-se como uma tribo específica que possa encontrar resistências no seu ouvinte, ou público. Como norma geral, deve ainda evitar vestimenta e adornos extravagantes ou chamativos que atrapalhem a atenção do ouvinte. Entretanto, a ideia não é negar seu próprio modo de ser. Buscar a ponderação entre não abdicar de ser quem é e evitar provocar ou agredir é uma boa alternativa. • Preconceitos diversos: o ouvinte manifesta aversões, reage a determinado tipo de vocabulário, palavras específicas ou citações, por exemplo, deixando de ouvir o que o outro está falando. O comunicador pode prevenir, em certa medida, esse tipo de reação ao evitar linguajar não aceito por determinado tipo de ouvinte ou público. É desejável a utilização de linguagem clara, evitando ao máximo os jargões, as gírias ou frases de efeito que irritam o ouvinte e comprometem a comunicação. É provável que se posicione contra o que a pessoa falou, entretanto se o mesmo conteúdo for comunicado por alguém de sua aceitação reagirá de forma cordata. [Ilustração: Seri] [Ilustração: Seri] Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE50 • Distrações: o ouvinte não resiste às distrações do ambiente, ou dos aparelhos eletrônicos, esquece a pessoa que fala e deixa-o sem interlocutor, a falar para as paredes. A preocupação do comunicador em manter o interesse e evitar que o ouvinte se distraia deve ser permanente. Ainda que não seja possível o total controle das fontes de distração do ouvinte, quanto mais estimulante for sua fala, menores serão as chances de perder público para a distração. Outras reações que impedem a audição de alguém que fala poderiam ser relacionadas. Cada pessoa no seu dia a dia, estando atenta para esse âmbito da comunicação verbal, poderá identificar muitos outros impedimentos para a audição. Cada ambiente, de acordo com sua cultura, tende a produzir ou abrigar diferentes formas de não ouvir. Por outro lado, o trabalho dos comunicadores sempre será o de superar, o quanto for possível, um a um, os obstáculos para a comunicação. Como diz Artur da Távola, ouvir é um grande desafio! Desafio de abertura interior, pois é preciso disponibilidade interna para acolher e compreender o pensamento do outro, abrindo inclusive a possibilidade de rever e/ou ampliar o próprio pensamento. Desafio de impulso na direção do próximo, de comunhão com ele, de aceitação dele como é e como pensa, independentemente de concordar ou não. Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA51 ÍNDICE PONDO OS PINGOS NOS IS Programa Formare | Aprendiz 51 ÍNDICE A análise das experiências de ouvir e falar deve ensinar como fazer melhor sempre. Essa é a estratégia mais eficaz para aprender a falar e ouvir: praticando. Mesmo quando há prática acumulada de vários anos, cada situação é única e proporciona aprendizagem valiosa. Para o comunicador, aproveitar a aprendizagem de uma experiência de falar significa superar falhas e tornar-se um comunicador melhor na próxima experiência. Assistir à gravação de sua performance representa mais uma oportunidade para se aperfeiçoar. Ao rever o vídeo poderá analisar como aconteceu sua comunicação verbal e não verbal para verificar os pontos de que não gostou ou que gostaria de fazer diferente. A partir daí, terá a chance de trabalhar um a um para a próxima experiência. Essa análise pode e deve incluir a expressão verbal, considerando: 1. Organização da mensagem: a mensagem deve ter começo, meio e fim. Preparar a fala pensando em uma forma de introduzir o assunto para que o ouvinte tenha logo uma ideia do que se trata ao mesmo tempo em que seja estimulado a ouvir o seu desenvolvimento. A comunicação deve ter, ainda, uma parte final, ou a conclusão do desenvolvimento do assunto. Essa parte final pode ser um desfecho decorrente da própria exposição do conteúdo, mas GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE52 pode ser também uma pergunta, um desafio, ou outra conclusão que encerre a comunicação. 2. Objetividade e clareza: a mensagem falada deve ser transmitida com objetividade, sem as chamadas enrolações ou delongas; tal procedimento chateia o ouvinte, tira o ritmo da fala e desestimula a audição logo no início. Ao organizar a fala, o comunicador sempre pode fazer a pergunta: é possível retirar elementos supérfluos, ou dispensáveis da mensagem? O caminho escolhido para a apresentação das ideias é direto e objetivo? Com certeza, a fala ficará mais interessante para quem ouve se o assunto for apresentado de forma clara e direta. A linguagem simples e clara será sempre a melhor escolha. Se o assunto for técnico, é preciso ter informações sobre o ouvinte para saber de que forma o assunto deve ser exposto; evitar termos técnicos sem explicação é um cuidado valioso. 3. Adequação da fala ao ouvinte: O que é familiar para o comunicador pode não ser para o ouvinte por diferentes razões: ou porque o ouvinte pertence a outro contexto social ou profissional, ou porque é um iniciante no assunto em pauta, ou por outra razão qualquer. Há também a situação inversa, de o ouvinte ser iniciado e até muito entendido no assunto em pauta. Nesse caso, a abordagem muito elementar vai desestimular a audição ou mesmo frustrar expectativas de quem recebe a mensagem. Resumindo, a mensagem deve ser adequada ao tipo de ouvinte que vai recebê-la. Saber das características do ouvinte ao preparar a comunicação contribui para o acerto da mensagem. 4. Tom de voz: é uma questão importante. O tom de voz deve ser audível para todos os presentes, estejam mais perto ou mais longe do comunicador. Algumas pessoas têm dificuldade em falar mais alto do que ProgramaFormare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE53 estão acostumadas por timidez ou por falta de prática. Nesses casos, os exercícios vocais podem ajudar, bem como a prática de falar para grupos maiores. É muito útil conhecer com antecedência o local onde deverá acontecer a comunicação, para que o comunicador tenha ideia do problema acústico e se prepare para superá-lo. 5. Ritmo: é imprescindível. Não é desejável que o comunicador fale rápido demais, dificultando a recepção da mensagem, mas também não é desejável uma comunicação lenta, arrastada, sem ritmo, pois isso mina o interesse e a motivação de quem ouve. Conseguir uma boa medida quanto ao ritmo é um desafio para o comunicador. Entretanto, pode acontecer de o comunicador iniciar sua exposição num ritmo adequado, mas se perder com interferências ou comentários longos de ouvintes. Uma situação como essa precisa ser prevenida. Deixar o momento de comentários, debate e perguntas para o fim da exposição pode ser estratégico para manter o ritmo. 6. Emoção da fala: a comunicação oral deve vir sempre acompanhada de emoção como parte dela. A emoção traduzida em gestos, olhares e tom de voz, comunica tanto ou mais do que as palavras. Basta reparar nas pessoas que mais conseguem se fazer ouvir. Elas se expressam pelo olhar, tom de voz e expressão corporal, além das palavras. Essa expressividade não verbal, motivada pela emoção do que se fala, também é uma aprendizagem. A prática e exercícios de falar em frente à câmara ajudam a desenvolvê-la. Entretanto, é preciso cuidado com micagens e cacoetes; esses vícios atrapalham a expressividade. 7. Empatia com o ouvinte: como já vimos, ao preparar sua mensagem o comunicador precisa saber quem são os ouvintes. É muito diferente preparar a comunicação para Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE54 os colegas que fazem o mesmo trabalho, para pessoas de outro departamento ou para a equipe gerencial. Nesse caso, o mesmo conteúdo seria transmitido de três formas diferentes. Essa “forma” inclui a apresentação do assunto levando em conta a ótica desse ouvinte, a visão que ele tem do que será apresentado e os sentimentos que a acompanham. A empatia com o ouvinte se traduz no cuidado com as suas características emocionais e no esforço para comunicar a partir de suas formas de ver e sentir. Isso aproxima comunicação e ouvinte, estimulando a audição. A análise do desempenho da comunicação deve incluir também a expressão não verbal, incluindo expressões facial, gestual e do olhar. A expressão não verbal é parte integrante da comunicação oral – ver item anterior, Emoção da fala. Contudo, é preciso manter a naturalidade na comunicação. O que é expresso em palavras será acompanhado com emoção estampada no olhar, gestos e face, de forma integrada, que ajuda a comunicar. Cada comunicador encontrará sua forma de expressão não verbal gradualmente, com exercícios, autocrítica e aprendizagem. Para ilustrar a atividade de análise e avaliação da comunicação, assista a cinco minutos do vídeo Dica Prática: Como se expressar melhor – Neuro Persuasão. Print de tela do vídeo Dica Prática: Como se expressar melhor – Neuro Persuasão. Link do vídeo: <https://youtu.be/ yxutKRhxPdc> Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA55 ÍNDICE Recomendação fundamental para desenvolver a competência de ouvir: o ouvinte deve sempre manter a atenção na fala. Prestar atenção ao discurso é um pré-requisito para começar a ouvir. Quantas vezes deixamos de acompanhar a comunicação por falta de atenção e percebemos, durante a audição, ter perdido o fio da meada? Com tantos estímulos em torno, preocupações na cabeça e tensões presentes no dia, perder a atenção chega a ser um fato comum. Por essas razões é preciso empreender um esforço pessoal, como um compromisso consigo mesmo, para ouvir o que outra pessoa fala com toda atenção possível, do começo ao fim do discurso. Nem sempre é tarefa fácil, entretanto é possível desenvolver essa habilidade e incorporar o hábito de ouvir bem. Manter a atenção implica estar totalmente voltado para a audição. Requer: 1. Postura física: convém manter o corpo voltado e levemente inclinado para quem está falando; isso dificulta a dispersão e indica que a pessoa está preocupada em ouvir. Demonstra que o ouvinte, ou receptor, está disponível para o que de mais importante está acontecendo no momento: a mensagem a ele dirigida. SAIBA MAIS Programa Formare | Aprendiz 55 ÍNDICEGUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA [Ilustração: Seri] Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE56 Ouvir não é atividade estática. Adotar estratégias ativas de ouvir ajudam a conseguir uma audição efetiva e proveitosa. Existem algumas maneiras ativas de ouvir. Vamos considerar algumas delas. • Fazendo perguntas sobre a fala: a atitude de fazer perguntas demonstra interesse, compreensão, encoraja, investiga sentimentos. As perguntas ajudarão o ouvinte a interpretar as palavras da pessoa que fala. Além disso, perguntas podem ser uma forma de fazer uma breve revisão ou resumo sobre os fatos e as ideias centrais ou a essência da mensagem: “Então, pelo que você disse...”; “se compreendi bem...”. As perguntas são indicação positiva de atenção psicológica, característica do bom ouvinte. Podem também ser desafiadoras, mas é importante evitar o confronto e a agressividade. • Emitindo sinais não verbais de apoio: o sorriso, os olhares de surpresa e os movimentos de cabeça do ouvinte podem funcionar como estímulos positivos para a pessoa que fala. 2. Contato visual: o contato visual com a pessoa que fala ajuda a manter a atenção e a obter outras informações sobre a mensagem, captadas pela linguagem não verbal das expressões faciais e gestual do comunicador, conforme já foi apresentado em capítulo anterior. 3. Concentração, ou atenção psicológica: evitar a interrupção procurando manter uma postura neutra, sem levantar objeções ou fazer gestos que provoquem a suspensão da fala. 4. Atenção verbal: acompanhar o que a pessoa está falando, fazendo perguntas que ajudem a esclarecer a mensagem. 5. Ouvir com a mente: procurar entender as intenções, aspirações ou propósitos da pessoa que fala. Programa Formare | Aprendiz GUIA DO ALUNO: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ÍNDICE57 • Fazendo declarações de apoio: Frases como “Entendo...”, “Interessante...” são outras maneiras de dizer: “Continue, estou acompanhando o que você está dizendo. Fale mais”. • Sendo empático: aqui, a empatia consiste em tentar compreender sentimentos e emoções de quem fala, colocando-se em seu lugar. Prestar atenção às emoções que, de alguma forma, acompanham a mensagem. Uma forma de entender melhor essas emoções é fazer declarações e solicitar confirmação, como por exemplo: “Você acha que...?” ou “Você pensa que.…?” Essa é uma estratégia para captar e compreender emoções implícitas que se escondem por trás das palavras e, ainda, demonstrar compreensão em relação a elas. Isso é empatia, uma vez que o ouvinte ensaia considerar situações e ideias sob o mesmo ponto de vista daquele que fala. É uma atitude que demonstra capacidade de ouvir efetivamente. Ouvir não é um passatempo fácil e descompromissado; exige esforço da pessoa que quer se tornar um bom ouvinte. Esforço que certamente será recompensado, pois esse ouvinte estará dando a si mesmo oportunidades preciosas de desenvolvimento. Estará demonstrando seu próprio valor e seu respeito pelo próximo, seus pontos de vista, conhecimentos e experiência. Citando mais uma vez Artur da Távola, depois que a pessoa aprende a ouvir ela passa a fazer descobertas incríveis, escondidas ou patentes em tudo o que os outros estão dizendo a propósito de falar. SOBRE O FALAR Medo de falar em público é um sentimento que quase todas as pessoas experimentam, em maior ou menor intensidade. E, de alguma
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