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1 Acadêmica: Bárbara Martins de Oliveira 
2 Tutor externo: Karen Sartori 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - História (FLX1037) – Prática Interdisciplinar Medievo 
Modernidades e Transições - 07/12/20 
 
 
 
 
 
Autor: Bárbara Martins de Oliveira 
Tutor externo: Karen Sartori 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 
Curso: História Turma: FLX1037 
 
RESUMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este trabalho tem por objetivo analisar o processo de transição entre a Idade Média e a 
Modernidade, com base em pesquisas de alguns historiadores, com o intuito de levar a uma 
maior compreensão dessas transições e de como refletem até os dias atuais. 
Nesse período observamos incontáveis mudanças, como o crescimento do comércio, que 
podemos dizer que foi o início da globalização, o desenvolvimento das cidades, a burguesia que 
modificou seu status e passou a ser muito poderosa, ao passo que os nobres e a igreja perderam 
sua importância com o advento da racionalidade. 
Os ideais da modernidade começaram durante a Idade Média e cresceram durante esse 
processo de transição e é por esse motivo que este período histórico não pode ser considerado 
inferior, pois foi muito importante no contexto de mudanças do mundo, como um momento de 
preparação para a transformação que seguiria de um mundo feudal para um mundo capitalista e 
burguês. Observaremos dentro das relações humanas como a individualidade foi responsável por 
modificar um mundo sólido para um mundo líquido e como tudo que era conhecido deixou de 
existir ou mudou. Tudo que aconteceu no passado transformou e continua transformando nosso 
presente, assim como nosso presente vai influenciar e ter consequências sobre nosso futuro. 
 
Um dos períodos históricos de mais mudanças e transformações culturais, políticas, 
tecnológicas, arquitetônicas entre outros aspectos foi durante a transição entre a Idade Média e 
a Idade Moderna. Atualmente sabemos que foi um processo longo e que não ocorreu de forma 
igual nas diversas partes do mundo. A proposta desse trabalho é observar esse processo de 
transição com ênfase nas relações humanas, a individualidade e as grandes mudanças que 
iniciaram naquele período das quais podemos ver reflexos até hoje. Muitos foram os estudiosos 
que verificaram os aspectos positivos da modernidade e os projetos que não tiveram êxito, 
então podemos dizer que não foi uma época “dourada e superior” assim como aprendemos nos 
livros. Observamos muitas contradições e problemas, nas grandes cidades, assim como o 
descuido e o desdém com quem permanecia no campo, as profundas transformações na 
sociedade, que antes acreditava que tudo se justificava pela fé e com a racionalização das 
explicações percebeu-se que os modos de viver e pensar se alteraram radicalmente, trazendo 
para o centro o ser humano e não o divino, sobrepondo as ciências ao espiritual No entanto, a 
superioridade da Idade Moderna e a Idade Média vista como Idade das Trevas é relativo e 
questionado. 
 
Mundo Líquido, Individualidade, Transição. 
O MUNDO LÍQUIDO E AS MUDANÇAS ENTRE A 
IDADE MÉDIA E A MODERNIDADE 
2 
 
 
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Segundo o autor Zigmunt Bauman (2004) no livro “Amor Líquido” a modernidade traz 
fragilidade nas relações humanas, tanto familiares, conjugais, assim como as relações amorosas. 
Nesse aspecto, o que antes era sólido torna-se líquido, ou seja, tudo que de que se tinha certeza 
passa a ser incerto e menos resistente ao tempo. 
Todos os tipos de relacionamentos e em sua maioria passam a ser fluidos como água, 
feitos e desfeitos rapidamente e frequentemente sem a solidez de outrora. Existe dificuldade no 
ser humano moderno de amar o próximo, enxergar o outro e suas necessidades. Com essa nova 
realidade as relações são completamente modificadas, prevalecendo a autovalorização. 
 
Conforme o autor Bauman, com a evolução da afetividade humana, assim como “o 
consumo cada vez mais rápido, fácil e descartável”, as relações seguem nesse caminho de 
volubilidade. 
 
 
“E assim é numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto pronto para 
uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam 
esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do 
dinheiro. A promessa de aprender a arte de amar é a oferta (falsa, enganosa, mas que 
deseja ardentemente que seja verdadeira) de construir a “experiência amorosa” à 
semelhança de outras mercadorias, que fascinam e seduzem exibindo toas essas 
características e prometem desejo sem ansiedade, esforço sem suor e resultados sem 
esforço.” (BAUMAN, 2004, p.18). 
Segundo Berman (1986) autor marxista, ser moderno é fazer parte de um universo no 
qual, como disse Marx, “tudo o que é sólido desmancha no ar”. Nesse contexto compreendemos 
que tanto Marx quanto Berman concordavam na mudança de estado “físico” do mundo e que a 
sociedade experimentava com a modernidade uma fluidez desconhecida até então. 
 
Sabemos que o termo Idade Média vem carregado de pré-conceitos sendo vista por 
muitos como o período das trevas, no entanto, nessa época que começaram as inovações 
tecnológicas, culturais e de alguns costumes que perduram até os dias de hoje. A mudança da 
sociedade feudal para a moderna não aconteceu somente por questões econômicas e muitas 
mudanças culturais durante o processo, não aconteceram apenas por conta do aumento do 
comercio. Cada parte do mundo mudou ao seu tempo, o processo não aconteceu de forma 
homogênea, e as transições foram diferentes para os diferentes locais no mundo. 
As relações humanas mudaram com o predomínio da racionalidade e com a 
individualidade se sobrepondo ao coletivo. O ser humano passa ser o centro em si deixando em 
um segundo plano o sobrenatural ou divino, tendo uma autonomia do espírito, a liberdade da 
razão e exercício da vontade como fundamentais. A partir das filosofias iluministas o homem 
começa a buscar o conhecimento e querer aprimoramento pessoal. As relações de trabalho 
mudam também, grupos sociais, que antes eram desvalorizados passam a ter papeis de 
importância e poder nessa nova sociedade. Algumas dessas mudanças foram responsáveis por 
alterar radicalmente o modo de viver e pensar no homem que viveu essa transição. 
 
O filósofo Kant definiu esse conceito como “a saída do homem de sua menoridade, da 
qual ele próprio é culpado”, o que dava à modernidade um sentido de busca progressiva da 
autonomia individual, condição essencial para o homem se tornar consciente de si. 
 
Berman analisa o Manifesto Comunista e sua relação com o tema da modernidade, e 
identifica que com o êxito da economia burguesa toda a humanidade obteve ganhos, porém 
mesmo com o reconhecimento que se tem a burguesia permanecem contradições. Afirma ainda 
que Karl Marx reconhece que a burguesia foi fundamental na construção e transformação do 
mundo em um curto espaço de tempo, tanto economicamente quanto nos aspectos geográficos e 
arquitetônicos. 
3 
 
 
 
As cidades ficam irreconhecíveis com a escalada social da burguesia, porém o que 
“incomoda” Karl Marx é o fato de a burguesia manter-se focada apenas no acúmulo do capital, 
descuidando do desenvolvimento, propriamente dito, preocupando-se apenas com o lucro. A 
burguesia ascendeu socialmente e passou a influenciar nas questões políticas, a ter poder, pois não é 
possível fazer política sem poder e assim alterou suas estruturas, transitando em núcleos 
anteriormente exclusivos dos nobres e da igreja. 
 
Com um papel de destaque e poder na sociedade moderna, a burguesia esteve à frente de 
inúmeras mudanças no que diz respeito ao trabalho eno papel do homem nesse contexto. Além 
disso, a lógica capitalista burguesa, os meios de produção, em que tudo que é sólido e material, 
como as indústrias, máquinas e seus produtos existem hoje, no entanto devem deixar de existir 
amanhã, ou mesmo que simplesmente não deixem de existir devem ser “melhorados” e assim 
gerarem mais e mais lucro. Visto isso, podemos afirmar que, com a modernidade o que é perene é 
mais interessante financeiramente e as relações humanas seguem essa lógica. 
 
 
3. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FIGURA 1 FIGURA 2 FIGURA 3 FIGURA 4 
 Capa do livro Capa do livro Capa do livro Capa do livro 
 Amor Líquido Tudo que é sólido História Moderna Cultura e Sociedade 
 Zygmunt Bauman se desmancha no ar Uniasselvi na Modernidade 
 Rio de Janeiro São Paulo Indaial - 2008 Uniasselvi 
 Editora Zahar - 2004 Cia das Letras - 1986 Indaial - 2013 
 Indaial – 2008 1ª Edição Rio de Janeiro Editora Schwarcz 
 1ª Edição 2004 São Paulo 
 1982 
 
 
 
Com o objetivo de refletir e construir este trabalho a modalidade de pesquisa utilizada foi 
a qualitativa, questionando e analisando de forma subjetiva os objetos de estudo. As pesquisas 
foram feitas com base em acervos digitais do livro “Amor Líquido” de Zygmunt Bauman, do 
livro “Tudo que é sólido desmancha no ar” de Marshal Berman e também sendo utilizados os 
livros do curso de História “Cultura Sociedade e Modernidade” e “História Moderna”, com 
intuito de refletir sobre as transições da Idade Média à Idade Moderna, como sociedade 
complexa levando em conta principalmente as relações humanas, e a mudança do estado “físico” 
do mundo de sólido para líquido. 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 
O tema proposto é apenas uma pequena parte de tantas mudanças que temos conhecimento 
sobre a Idade Média e a Modernidade e essa breve discussão não dá conta de tantos séculos e 
transições, no entanto podemos perceber que houve renovações e grandes alterações tanto 
econômicas, religiosas, culturais entre outros aspectos. Podemos identificar as questões da liberdade 
e da autonomia, a individualidade sobrepondo o coletivo que tiveram seu início com o advento do 
racionalismo. Existe uma diferença radical entre o indivíduo pré-moderno, orientado através do viés 
religioso, e o indivíduo moderno, orientado principalmente pela liberdade, pela razão e por sua 
vontade. 
 
A partir da queda de Constantinopla as grandes obras de pensadores, filósofos gregos e 
humanistas, que no Oriente eram traduzidas e difundidas na sociedade, com a vinda desses 
intelectuais para Europa, trazendo seus acervos, todo esse legado é redescoberto pelo Ocidente, 
momento conhecido como Renascimento cultural, intelectual e artístico. A partir daí, até mesmo a 
alfabetização que era anteriormente para poucos, e os livros que eram mantidos nos mosteiros 
passam a se popularizar. Um fato que contribui para a massificação e produção dos livros foi a 
prensa de tipos móveis criada por Johann Gensfleish Gutenberg no interior da Alemanha por volta 
do ano de 1450. Com esse fato a Igreja perdeu espaço, pois havia outros objetos de estudo além de 
temas religiosos e com os manuscritos traduzidos e impressos em grandes quantidades a filosofia, 
matemática, contabilidade, estatística entre outros estudos passaram a fazer parte cada vez mais da 
vida da sociedade moderna. 
 
Tivemos após esse período, o início de um movimento contrário à Igreja proposto por John 
Wyclif, Jan Hus e Calvino e posteriormente com as 95 teses de Martinho Lutero tivemos a Reforma 
Protestante em 1517. A própria Igreja Católica, a partir do Concílio de Trento que era ecumênico 
abrangendo as religiões cristãs se destinava a rever suas práticas e com objetivo principal de dar 
uma resposta às posições religiosas de Lutero, questões como a cobrança de indulgência, a simonia 
os abusos doutrinários, a participação do clero nos governos, entre outros. Durante esse concílio 
houve muitas revoltas e conflitos políticos, perseguições militares aos protestantes, o que dificultava 
a aproximação entre as religiões. O concílio teve várias interrupções devido a guerras, trocas de 
imperadores e após dezoito anos de seu início, foi finalizado com inúmeras mudanças na Igreja, 
porém mantendo a crença no pecado original, manutenção dos sete sacramentos e a liturgia em 
latim com a Bíblia e missa e ficou definido que a formação dos padres seria no seminário. 
Figura 1 Livro “Amor Líquido, sobre a fragilidade dos laços humanos” descreve uma sociedade 
que tem mudanças profundas, das quais refletem diretamente nas relações humanas. 
 
Figura 2 Livro “Tudo que é sólido se desmancha no ar” faz relação das mudanças sociais da Idade 
Média a Moderna com as teorias Marxistas e como tudo pode se alterar. 
 
Figura 3 Livro “História Moderna” fala sobre a Europa, e como na transição da Idade Média e 
Moderna tornou-se extremamente poderosa, e também sobre a politica, religião e economia 
daquela época, e desenvolvimento da cultura moderna. 
 
Figura 4 Livro “Cultura e Sociedade da Modernidade” tem como foco principal analisar a 
sociedade e as transições entre a Idade Média e a Idade Moderna, e desfazer em nosso 
entendimento os pré-conceitos sobre esse período. 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
A Modernidade trouxe grandes conquistas e ganhos para humanidade, dando início a um 
mundo mais democrático com a divisão dos governos em três poderes como conhecemos hoje, 
assim como os avanços nas áreas da ciência e saúde deixaram um legado de maior qualidade de 
vida para à sociedade. A Revolução Industrial implementou formas de trabalho mecanizadas com 
máquinas a vapor entre outras melhorias. Mesmo com todas essas mudanças observamos a 
desigualdade nas “classes sociais”, as sub-remunerações, os empregos cada vez mais insalubres, 
tanto por cargas horárias que chegavam há dezesseis horas por dia quanto por contato com produtos 
tóxicos sem proteção alguma, além do caos experimentado nas grandes cidades com aumento 
populacional devido ao êxodo rural, guerras e revoluções. 
 
 
 
 
 
 
 
O crescimento desordenado e sem planejamento visto inicialmente nas grandes cidades 
europeias, o caos do qual nos referimos se percebia nas condições precárias da maior parte das 
moradias, um centro urbano repleto de pobres, mendigos, prostitutas e crianças. As ruas eram 
estreitas e os perigos variados, com grande criminalidade. Muitos oriundos dos feudos não se 
encaixavam nessa nova sociedade e não encontravam possibilidades de trabalho, nem nas fábricas 
nem nas corporações de ofício. As contradições com a sociedade racional eram inegáveis e com 
intuito de eliminar as ameaças a essa nova configuração social o Estado, aplicando uma ideologia 
de controle, atuou buscando implantar meios de observação e vigilância, legislações e punições para 
a população através de autoridades que patrulhavam e zelavam pela segurança e mantinham certa 
ordem e visavam tornar uma sociedade disciplinar. 
 
Na Idade Moderna foram implantadas prisões, manicómios, hospitais, praças, cemitérios e 
até mesmo dentro das escolas se percebia o poder do Estado determinando como as carteiras 
deveriam ser dispostas em sala de aula, com os alunos sentados um atrás do outro, em filas 
ordenadas, com os alunos mantidos o tempo todo em silêncio, ouvindo atentamente e obedecendo 
sem manifestar suas opiniões ou dúvidas. Em casos de desobediência eram exemplarmente punidos. 
As escolas atualmente ainda mantem, em sua maioria a disposição das classes inalteradas, e vemoscomo uma decisão tomada no século XIX está presente em nosso dia a dia, muitas vezes sem o 
devido questionamento. 
 
Após um momento inicial de total desordem urbana nas grandes cidades europeias, 
começaram os projetos arquitetônicos, com dois estilos predominantes, o neoclássico que resgatava 
os padrões da Grécia antiga e o art nouveau que trazia elementos da Revolução Industrial com ferro 
e aço, dando andamento ao planejamento, revitalização e higienização dos espaços públicos. Foram 
retirados os pobres e as moradias precárias dos centros urbanos, destruindo tais construções que 
deram lugar a ruas e avenidas amplas e como foi em Paris com seus Boulevares, e nessas 
circunstâncias as periferias recebiam os enjeitados e os trabalhadores passavam a morar cada vez 
mais longe dos empregos, enquanto as áreas centrais eram destinadas a espaços públicos de 
convivência e para moradia das classes mais abastadas. Era uma busca por padronização que 
começava sempre do centro para a periferia. 
 
Nesse contexto, o ser humano busca por algo que nunca realiza, como uma felicidade 
“inalcançável” e as relações humanas passam a ser consideradas como produtos, substituíveis, 
perenes. A partir da modernidade tudo que era conhecido e sólido muda ou desaparece e o mundo 
se torna líquido e fluído como água, assim como as relações individuais de todos os tipos e essa 
“Os projetos de industrialização da produção, urbanização, secularização da sociedade e 
laicização do Estado modificaram os espaços públicos e privados/particulares e, por 
conseguinte, os comportamentos dos indivíduos na convivência no interior destes 
espaços.” (FOCHI, 2013, p.77). 
6 
 
 
 
mudança se percebe até os dias atuais, em que cada um persegue seu interesse privado e apenas seu 
interesse privado com independência e mantendo-se indiferente ao coletivo. 
 
Os indivíduos são incentivados à competição por posições sociais e recursos que nunca lhe 
parecerão suficientes e seus vínculos se tornam cada vez menos duradouros, flexíveis e volúveis. Os 
relacionamentos seguem a lógica de consumo que vem desde o início da idade moderna sendo 
considerados como mercadorias, que podem ser trocadas. Com essa mudança nas relações sociais a 
confiança no outro é abalada e com esse dilema poucas relações perduram como anteriormente, 
passam a ser descartáveis e quando apresentam qualquer obstáculo ou dificuldade, nos mantemos 
distantes delas. 
 
A globalização fez com que as distâncias se encurtassem, no início da Idade Moderna 
tivemos o aumento significativo do comércio internacional, as navegações, as conquistas de novas 
terras, as novas tecnologias como telégrafo e o telefone, as ferrovias que cortavam nações assim 
como outros tantos novos meios de transporte e ainda hoje vivemos cercados por evoluções 
tecnológicas. Isso tudo trouxe muitos benefícios para a sociedade, no entanto o que se imaginava de 
um mundo ideal, racional era cooperação e igualdade e não foi o que se seguiu. 
 
O individualismo, o egoísmo, a cobiça, a luta por poder, a segregação dos seres diferentes, 
“anormais” trouxe fome, guerra, revoltas e inúmeros problemas na convivência com a diversidade. 
Muitos foram expulsos de seus países nativos, e ainda não foram aceitos em nos outros países 
perdendo seu lugar na terra. 
 
 
 
 
 
 
 
Segundo Bauman a invocação de "amar o próximo como a si mesmo", Freud (em O mal-
estar na civilização)', é um dos preceitos fundamentais da vida civilizada. É também o que mais 
contraria o tipo de razão que a civilização promove: a razão do interesse próprio e da busca da 
felicidade. O preceito fundador da civilização só pode ser aceito como algo que "faz sentido" e 
adotado e praticado se nos rendermos à exortação teológica credere quia absurdum — acredite 
porque é absurdo. E a obrigação de amar o próximo talvez tenha menos probabilidade de ser 
obedecida do que qualquer outra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Um espectro paira sobre o planeta: o espectro da xenofobia. Suspeitas e animosidades 
tribais, antigas e novas, jamais extintas e recentemente descongeladas, misturaram-se e 
fundiram-se a uma nova preocupação, a da segurança, destilada das incertezas e 
intranqüilidades da existência líquido-moderna.” (BAUMAN, 2004, p.101). 
 De um lado, tiveram acesso à vida forças industriais e científicas que nenhuma época 
anterior, na história da humanidade, chegara a suspeitar. De outro lado, estamos diante 
de sintomas de decadência que ultrapassam em muito os horrores dos últimos tempos do 
Império Romano. Em nossos dias, tudo parece estar impregnado do seu contrário. O 
maquinado, dotado do maravilhoso poder de amenizar e aperfeiçoar o trabalho humano, 
só faz, como se observa, sacrificá-lo e sobrecarregá-lo. As mais avançadas fontes de 
saúde, graças a uma misteriosa distorção, tornaram-se fontes de penúria. As conquistas 
da arte parecem ter sido conseguidas com a perda do caráter. Na mesma instância em 
que a humanidade domina a natureza, o homem parece escravizar-se a outros homens ou 
à sua própria infâmia. Até a pura luz da ciência parece incapaz de brilhar senão no 
escuro pano de fundo da ignorância. Todas as nossas invenções e progressos parecem 
dotar de vida intelectual às forças materiais, estupidificando a vida humana ao nível da 
força material. (BERMAN, 1986, p.18 citando Karl Marx.) 
7 
 
 
 
 
5. CONCLUSÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Continuamos buscando um mundo melhor e o passado tal qual ocorreu nos trouxe a nossa 
realidade atual, portanto não nos cabe julgar, apenas aprender a não repetir os projetos 
equivocados, e a entender que as mentalidades de outras épocas pensavam diferente e seguiam 
outros princípios e ao longo do tempo foram mudando, evoluindo e se hoje temos a possibilidade 
de estudar e refletir sobre tantos assuntos, só é possível devido às mudanças que começaram lá 
no final da Idade Média, assim como tantas outras melhorias que iniciaram nessa mesma época. 
Além disso, a humanidade se manteve em um movimento, e é esse movimento que nos traz 
elementos para crer que podemos sim fazer a diferença em nosso futuro e das próximas gerações, 
deixando um legado não só de prosperidade, mas de igualdade, liberdade, cooperação e justiça 
social. 
 
 
 
 
São inúmeras contradições que podemos observar na transição da Idade Média para a 
Modernidade, foi um longo e complexo período, em que o ser humano buscava 
aperfeiçoamento, descobria suas capacidades e acreditava poder fazer um mundo mais 
igualitário e justo, pois um ser humano, mais culto, estudado, racional e preparado 
“obrigatoriamente” poderia gerar apenas bons resultados, no entanto cresceram a desigualdade e 
a injustiça social. Havia muitas revoltas contra o governo com base na nobreza e clero pelas 
grandes crueldades cometidas, porém com o capitalismo a distribuição desigual das riquezas, a 
fome mundial e o descuido com a natureza tornaram-se igualmente cruel ou pior. 
 
O racionalismo se tornou central e o homem capaz e dono de suas vontades. Eram uma 
efervescência de novos conhecimentos e possiblidades. Estudamos na história mundial 
inúmeras crueldades justificadas pelas “verdades” de cada povo. Temos alguns exemplos bem 
claros, assim como a segregação racial e cultural, também vimos como os países da Europa que 
precisava buscar recursos fora dos seus territórios em função da decadência e esgotamento de 
suas matérias primas e acabaram por escravizar e tomar os recursos oriundos da conquista das 
Américas, assim como outros tantos desmandos de seres ditos superiores em prol de um “bem 
maior”. 
 
O mundo experimentou mudanças em suas estruturas e o homem em seu viver e pensar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O mundo não é humano só por ser feito de seres humanos, nem se torna assim somente 
porque a voz humana nele ressoa, mas apenas quando se transforma em objetodo 
discurso... Nós humanizamos o que se passa no mundo e em nós mesmos apenas falando 
sobre isso, e no curso desse ato aprendemos a ser humanos. Esse humanitarismo a que se 
chega no discurso da amizade era chamado pelos gregos de filantropia, o "amor do 
homem", já que se manifesta na presteza em compartilhar o mundo com outros homens. 
(BAUMAN, 1986, p. 124) 
 
8 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BAUMAN, Zygmunt. Amor Líquido – Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar, 2004. 
 
BERMAN, Marshal. Tudo que é sólido se desmancha no ar. São Paulo: Cia das Letras, 1986. 
 
DAUWE, Fabiano. História Moderna. Indaial: Centro Universitário Leonardo Da Vinci - 
Uniasselvi 2008. 
 
FOCHI, Graciela Márcia. Cultura e Sociedade na Modernidade. Indaial: Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci - Uniasselvi 2013.

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