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1 Ventilação Mecânica na Emergência: Professor: Paulo Roberto – Aula: II Letícia Moreira Batista A insuficiência respiratória aguda (IRespA), que pode decorrer da falência em ventilar ou em oxigenar, é a principal indicação de ventilação mecânica (VM). Pode ser dividida em: 1. IRespA hipoxêmica (PaO2 < 60 mmHg) associada a esforço respiratório sem melhora após aporte adequado de O2 (cateter nasal, máscara de Venturi, máscara não reinalante e ventilação não invasiva quando indicada). Caracteriza-se por baixa relação PaO2 /FiO2 (P:F) e necessidade de pressão positiva para otimizá-la. o O tratamento de suporte, pois, envolve aumentar a fração inspirada de O2 (FiO2 ), as pressões de vias aéreas e o recrutamento de segmentos pulmonares com a aplicação de pressão expiratória positiva (PEEP). 2. Hipercápnica (PaCO2 > 55 mmHg em pacientes não retentores crônicos), em especial quando associada a falência ventilatória e/ou carbonarcose. Alguns autores apontam para o diagnóstico quando os níveis de PaCO2 aumentam em 10 mmHg em relação aos valores basais. o O manejo envolve a manutenção da ventilação alveolar (ventilaçãoalveolar = ventilaçãominuto – ventilaçãoespaço morto ; sendo a ventilaçãominuto o produto do volume corrente pela frequência respiratória). Não há critérios uniformes na literatura que impõem a necessidade de intubação orotraqueal e instituição da VM invasiva. Essa complexa decisão envolve um montante de variáveis que precisam ser interpretadas em conjunto: o O julgamento clínico é primordial. o Incapacidade de manutenção de adequada oxigenação (frequentemente considerada SatO2 > 90%), a despeito de O2 suplementar. o Ventilação espontânea inadequada e/ou intenso trabalho respiratório (objetivamente associado a taquipneia), a despeito de suporte ventilatório não invasivo. o Incapacidade de proteção de vias aéreas usualmente, todavia não exclusivamente, associada a rebaixamento do nível de consciência (escala de coma de Glasgow ≤ 8). Tipos de VM: VNI e VI – A principal diferença entre eles é a interface utilizada para ofertar a ventilação. A VNI é definida pela utilização de uma via aérea artificial acoplada de maneira externa ao corpo do paciente. Normalmente a VNI é utilizada como alternativa a VM por oferecer vantagens e eliminar complicações associadas a IOT e INT Ventilação Não Invasiva: Consiste no uso de pressão expiratória final contínua (CPAP) ou dois níveis de pressão (BiPAP) nas vias aéreas por meio de uma interface não invasiva. Seu uso pode diminuir taxas de intubação e tempo de internação no pronto-socorro e na unidade de terapia intensiva (UTI), porém, quando utilizada de maneira incorreta, pode acarretar prejuízos ao paciente, incluindo aumento de mortalidade. Os equipamentos utilizados envolvem a interface escolhida (máscara facial total, nasal, oronasal, helmet) e o ventilador (ventiladores não invasivos, ventiladores convencionais de suporte invasivo, dispositivos portáteis para homecare). Os modos de ventilação não invasiva mais frequentemente utilizados são: o CPAP (continuous support ventilation): oferta uma pressão constante ao longo de todo o ciclo respiratório (inspiração e expiração). Utilizado, a princípio, para correção de hipoxemia. Obviamente, não pode ser usado com pacientes sem adequada respiração espontânea nem como suporte àqueles sem drive ventilatório. o BiPAP (bilevel positive airway pressure): trata-se de uma combinação de pressão de suporte e uma pressão positiva contínua nas vias aéreas. As pressões inspiratórias (IPAP) e expiratórias (EPAP) são devidamente ajustadas no aparelho. É um modo adequado para oferecer suporte inspiratório e manter a pressão positiva nas vias aéreas. Contraindicações a VNI: o Indicação de intubação orotraqueal ou VM invasiva o Parada cardiorrespiratória o Impossibilidade de proteção das vias aéreas Secreção abundante com risco de aspiração 2 o Agitação importante ou recusa do paciente o Rebaixamento do nível de consciência (exceto em paciente com DPOC e hipercapnia) o Falência orgânica não respiratória (encefalopatias, arritmias malignas, hemorragia digestiva alta ou instabilidade hemodinâmica) o Trauma ou deformidade facial o Neurocirurgia ou cirurgia facial recente o Obstrução de via aérea Anastomose esofágica recente (evitar pressurização acima de 20 cmH2O) Ventilação Mecânica Invasiva: O ciclo ventilatório: Os componentes da VM incluem as seguintes variáveis: o Variável de controle: trata-se do objetivo ventilatório, definida por volume ou pressão. o Variável de trigger: fator que inicia a inspiração, como alteração na pressão/fluxo ou um tempo definido. o Variável limite: valor máximo durante a inspiração, fluxo em VCV e pressão em PCV. o Variável de ciclagem: fator que encerra a inspiração. Mecânica Ventilatória: o Resistência das vias aéreas (Rva): dada pela variação de pressão no sistema respiratório em razão do fluxo do ar (Rva = Ppico – Pplatô /fluxo) – valores normais entre 4-8 cmH2O/L/s em VM. o Complacência estática (Cst): dada pela variação do volume pulmonar em razão da variação de pressão alveolar (Cst = volume corrente/Pplatô – PEEP) – valores normais entre 50-80 mL/cmH2O. o Constante de tempo: resistência × complacência estática (são necessárias 3-5 constantes de tempo para esvaziamento alveolar adequado). Modos Ventilatórios Básicos: VM nada mais é que um computador ATENÇÃO: Todo paciente em VNI deve ser monitorizado clinicamente com frequência. A SatO2 deve ser medida com constância (alvos entre 88-92%), e a PaCO2 e o pH arteriais, acompanhados de maneira intermitente. 3 o Assisto-controlados: (?) Pressão (PCV): melhor controle das pressões de pico e de platô (o volume corrente é consequência da mecânica ventilatória e dos ajustes das pressões). Volume (VCV): melhor controle do volume corrente (pressões são consequência da mecânica ventilatória e do volume corrente). o Espontâneos: Pressão de suporte (PSV): o paciente necessita ter drive respiratório (iniciar precocemente, sempre que possível). Alvo de Oxigenação: 92-94% Início da IOT: Mesmo para todos (padrão), depois vai ajustar Ex: Considerar PCO2 mais alta – Hipercarbia permissiva Pode-se usar volume ou pressão o FiO2 no início a 100% (Depois desmama, pois hiperóxia é danosa) o Tempo inspiratório: 1s o Relação I:E – Não consegue ajustar no modo VCV (Consequência do tempo e frequência) o Cuidado: Vai aparecer as configurações do último uso o Na sara, a relação I:E é 2:1 – Risco controlado o Frequência: Varia 12-18 (Muda e a proporção também) o Volume corrente: Baseado no peso ideal o Sensibilidade: Recurso para deflagrar o gatilho da respiração, principalmente no modo assistido o PEEP: 3-5 cmH2o (Fisiológico), há casos em que vai ser diferente da fisiólogica, como na atelectasia. Cálculo de PEEP ideal: Modo incremental | Modo decremental (Casos de SARA gravíssima) Tudo configurado? Verificar se o paciente está recebendo o que foi programado. Se =, ok. Se diferente, verificar: o Pré-paciente: Vazamento, manômetro obstruído, falha no fornecimento de O2 o Inerentes ao tubo: Tubo pequeno, obstruído, etc o Pós tudo: Pulmão – Derrame pleural, ascite, queimadura gra, asma. Nesse caso: Melhorar medidas clínicas | PEEP | Mudar modo para PCV PCV. Diferença: Ao invés de garantir volume corrente, garante pressão. Parâmetros PCV VCV Disparo Tempo (ventilador) Pressão ou fluxo (paciente) Tempo (ventilador) Pressão ou fluxo (paciente) Ciclagem Tempo (ciclagem ocorre quando o ventilador atinge a pressão determinada no tempo inspiratório) Volume (ciclagem ocorre quando o ventilador atinge o volume determinado) Volume corrente Regular a pressão inspiratória ou ∆P objetivando Vt = 6-8 mL/kg Regulagem direta do Vt PEEP 3-5 cmH2O inicialmente com ajuste, conformenecessário 3-5 cmH2O inicialmente com ajuste, conforme necessário Volume Corrente: 5-8 ml/kg (Há uma boa margem de erro) Ex: 1,70m de altura = Considera os decimais, ou seja, 70kg, para homem e mulher. 4 FiO2 Inicialmente a 100% com ajuste posterior objetivando SatO2 93-97% Inicialmente a 100% com ajuste posterior objetivando SatO2 93- 97% FR Inicialmente entre 12-16 rpm com ajuste de tempo inspiratório visando à relação I:E em 1:2 ou 1:3 Inicialmente entre 12-16 rpm com ajuste de fluxo visando à relação I:E em 1:2 ou 1:3 Parãmetros específicos dos modos ventilatórios Tempo inspiratório – 0,8-1,2 s visando à relação I:E em 1:2 ou 1:3, a depender da FR Fluxo – 30-60 L/min visando à relação I:E em 1:2 ou 1:3, a depender da FR Aquecimento e umidificação Utilizar métodos passivos, optar por métodos ativos quando o paciente apresentar secreção espessa Utilizar métodos passivos, optar por métodos ativos quando o paciente apresentar secreção espessa Assincronias: São associadas a aumento do trabalho respiratório e prolongamento da VM. VM na insuficiência respiratória hipercápnica: o Pacientes obstruídos graves (asma e DPOC) ASMA: IR crônica agudizada: O2 Broncodilatador: Berotec (fetonerol – cuidado, é arritmogênico) | Atrovent (ipratrópio) (3x) SF + Atrovent + Berotec, se não tiver arritmia, cuidado em especial com idosos Corticoide (Hidrocortisona EV) Sulfato de Magnésio se nada deu certo ou se muito rápido (2g EV) Tudo isso com cabeceira elevada, próxima a 90º Intubação associada a drogas Reavalia em 24h Minimizar a hiperinsuflação dinâmica durante a ventilação controlada com o prolongamento do tempo expiratório (I:E ≥ 1:3) e baixa frequência respiratória (10-15 ipm); níveis de sedação mais profunda podem ser necessários. Em pacientes com obstrução grave ao fluxo aéreo, a estratégia de hipercapnia permissiva (pH entre 7,2-7,25) é adequada para se evitar elevadas pressões e consequente VILI (ventilator induced lung injury). Nesses pacientes, principalmente em DPOC exacerbada, convêm alvos de SatO2 conservadores entre 88-92%. Recomenda-se iniciar ventilações espontâneas assim que possível, porém a hipercapnia crônica e a fraqueza de musculatura respiratória podem requerer VM controlada por mais tempo, eventualmente até que a resistência das vias aéreas seja reduzida. Em asma exacerbada, sugere-se primeiramente tratar a hiperinsuflação dinâmica e, em segundo plano, as anormalidades nas trocas gasosas. Quanto a DPOC é exacerbada, a estratégia é semelhante. A VM foca na correção da hipoxemia, ao passo que evita a hiperinsuflação e permite o adequado tempo para a resolução da condição respiratória. Pode-se realizar uma pausa expiratória no ventilador e verificar que a PEEP aferida pelo equipamento é maior que a PEEP regulada (extrínseca). Como estratégias adicionais, recomenda-se realizar a intubação com cânulas mais calibrosas sempre que possível, a diminuição do espaço morto não fisiológico e o aumento do tempo expiratório. Observações: o Não é necessário o ajuste do valor de CO2 da gasometria arterial para valores fisiológicos. o Pode-se tolerar hipercapnia se o pH estiver em valores aceitáveis. o Em caso de rápida deterioração clínica e hemodinâmica, deve ser excluída a hipótese de pneumotórax hipertensivo secundário a barotrauma. IMPORTANTE: Sempre REAVALIAR, REEXAMINAR, para RETRATAR! Pressão de suporte: Inicialmente alta (8 é a mínima | basal), para isso, avalia-se com gasometria, transfusão, avaliar distúrbios hidroeletrolíticos, etc. (Para diminuir, deve fazer uma varredura antes) 1. Controlada: Paciente não tem drive 2. Assisto-controlada: Transição 3. Assistida: Paciente estável e com drive ventilatório 4. Extubação 5 A medida que o paciente vai acordando: Diminui a sedação de hora/hora, reavaliando a gasometria, se o paciente está desconfortável (tem lesão orgânica ou só agitado?) Se não deu: Regredir com a sedação Tenta outro dia, se despertar tranquilo após lorazepan | prometazina | haldol ótimo Se agitar, regredir para reiniciar o desmame em outro momento Deve ser preconizada a retirada do paciente da VM o mais rápido possível quando clinicamente viável. Em geral, esse processo é realizado no ambiente de terapia intensiva, porém pode ser feito na emergência em vigência de avaliação criteriosa das indicações e da passagem do paciente pelo teste de respiração espontânea Objetivos da aula: Saber quando entubar Como iniciar a IOT Extubação? Preparar material de aspiração Evitar que paciente fale
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