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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 02 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institu- ições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquis- taram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibil- idade, segurança e modernidade, visando à satis- fação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 03 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com EDITORIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Helber Barcellos da Costa Conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão de Língua Portuguesa Leandro Siqueira Lima Revisão Técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Juliana Lima Barboza Tatiana de Santana Vieira Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Felix Soares NEAD – Núcleo de Educação à Distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Coordenação Geral de EAD 04 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO - R E I T O R APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na modalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprovada pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo entre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, procura fazer a sua parte, investindo em projetos sociais, ambientais e na promoção de oportunidades para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segu- rança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix 05 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO Olá, acadêmico(a) Bem-vindo(a) à disciplina de Comunicação e Expressão, na qual iremos aprofun- dar seus conhecimentos acerca de linguagem, língua e códigos comunicacionais da Faculdade Multivix – Serra. Para que seu estudo se torne proveitoso e prazeroso, esta disciplina foi organizada em seis unidades, com temas e subtemas que, por sua vez, são subdivididos em seções (tópicos), atendendo aos objetivos do processo de ensino-aprendizagem. Nesta disciplina, desenvolveremos estudos no campo da Língua Portuguesa e da Comunicação e procuraremos compreender as formas de expressão, a lingua- gem e suas transformações com o passar dos tempos, assim como a inserção das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na sociedade contemporânea. Detalharemos na disciplina os novos signos e códigos, bem como as formas de expressão em um contexto cada vez mais dinâmico. Para tanto, partiremos da premissa de que a expressão pressupõe, cada vez mais, um processo interacional. Cabe destacar que esse modelo interativo se aplica também ao estudo da disci- plina de Comunicação e Expressão no ensino a distância, destacando que, para se realizar um bom curso, sua participação nos fóruns de discussão é de suma importância, para que os intercâmbios conceituais possam reverberar. Esperamos que, até o final da disciplina você possa: - ampliar a compreensão acerca da linguagem e do uso dos códigos linguísticos; - conhecer os elementos da comunicação; - identificar os níveis e as funções da linguagem na expressão e na comunicação; - compreender a importância da classificação das mensagens escritas. Para tanto, fiquem atentos aos conceitos e façam as atividades propostas. Antes de iniciar a leitura, gostaríamos de solicitar a você que pare um instante e reflita acerca da importância de se observar as características comunicacionais e da comunicação na contemporaneidade. Enfim, esperamos promover reflexões acerca do assunto e desejamos sucesso e bons estudos! APRESENTAÇÃO 06 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO PLANO DE ENSINO OBJETIVOS DA DISCIPLINA Linguagem e língua: Conceito de linguagem e língua. Código. Variedades Lin- guísticas. Dialetos e Registros. Norma padrão e norma popular. Ato comunicativo: Comunicação. Elementos da Comunicação. Funções da Linguagem. Ruídos na comunicação. Técnicas de Comunicação Oral. Leitura: Processamento da leitura. Concepções de Leitura. Estratégias de leitura. Processamento da escrita: Conceito de texto. Tipos textuais. Textualidade: Coerência textual. Coesão textual. Modelos de escrita: Escrita comercial. Escrita acadêmica. Escrita oficial.Tópicos gramati- cais: Crase. Correção ortográfica. Palavras e expressões que oferecem dificuldade. Compreender o processo de comunicação nas organizações, utilizando adequa- damente técnicas e instrumentos para o exercício da profissão. Refletir acerca do funcionamento da língua por meio de textos, em situações con- cretas de interação comunicativa, principalmente nas organizações. Aperfeiçoar o desempenho linguístico com o exercício tanto das práticas de lei- tura e de interpretação de textos quanto da compreensão da funcionalidade dos elementos linguísticos. Avaliar a importância da linguagem como garantia de nossa capacidade de comuni- cação, ou seja, de compartilhar sentidos no dia a dia como agentes sociais. Conhecer os elementos que condicionam os processos de produção e recepção de textos, bem como a eficácia dos processos de comunicação. Compreender as noções de variedade e unidade linguística, assim como as cau- sas mais comuns da ineficácia dos processos de comunicação. Compreender o processo de leitura como atividade dinâmica e interativa entre autor, texto e leitor, na interpretação e na compreensão de sentidos. Aplicar os diferentes enfoques sobre os processos de leitura e as estratégias de interpretação. 07 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO OBJETIVOUNIDADE Linguagem e língua01 Leitura03 Textualidade05 Ato comunicativo02 Processamento da escrita04 Modelos de escrita06 CRONOGRAMA DE CONTROLE DO ALUNO PRAZO PARA ENTREGA UNIDADE 01 0402 0503 06 Planejar, eficientemente, um texto, considerando a função da escrita, suas estra- tégias e, por fim, os processos de produção de um texto escrito. Reconhecer os elementos que tornam um texto incoerente, o que inviabiliza o compartilhamento de sentidos e, consequentemente, desestabiliza o processo de comunicação. Utilizar, com eficácia, os mecanismos da coesão textual, isto é, as relações que se estabelecem entre os elementos linguísticos que funcionam na superfície do texto e que estabelecem seu sentido. Reconhecer as características e a funcionalidade dos principais modelos de escri- ta comercial e oficial. Produzir, com eficácia, diferentes modelos de escrita técnica utilizados no âmbito profissional das instituições públicas e das empresas privadas. 08 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SUMÁRIO 2UNIDADE 3UNIDADE 4UNIDADE 5UNIDADE 1UNIDADE DESENVOLVIMENTO 13 1.1 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 13 1.2 LÍNGUA 18 1.2.1 – LÍNGUA E LINGUAGEM 18 1.2.2 A LÍNGUA É MUTÁVEL 19 1.3 GRAUS DE FORMALIDADE 26 DESENVOLVIMENTO 31 2.1 COMUNICAÇÃO 32 2.1.1 MODELOS DE COMUNICAÇÃO/ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO 32 2.1.2 COMUNICAÇÃO E INTENCIONALIDADE DISCURSIVA 34 2.1.3 RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO 37 2.2 RESUMO 40 DESENVOLVIMENTO 43 3.1 CONCEPÇÕES DE LEITURA 43 3.2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA 44 3.3 FATORES DE COMPREENSÃO DA LEITURA 45 3.4 ESCRITA E LEITURA: CONTEXTO DE PRODUÇÃO E CONTEXTO DE USO 49 3.5 RESUMO 51 DESENVOLVIMENTO 54 4.1 CONCEITO DE TEXTO 54 4.2 RESUMO 58 DESENVOLVIMENTO 60 5.1 - COERÊNCIA TEXTUAL 60 5.2- COESÃO TEXTUAL 67 5.2.1 MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL 68 5.2.2 ESTRATÉGIAS DE COESÃO REFERENCIAL 69 5.2.3 COESÃO SEQUENCIAL 71 09 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO 5.3 CONCLUINDO 73 5.4 RESUMO 74 DESENVOLVIMENTO 77 6.1 ESCRITA COMERCIAL 77 6.2 ESCRITA OFICIAL 80 6.3 RESUMO 87 REFERÊNCIAS 88 SUMÁRIO 6UNIDADE 10 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO ICONOGRAFIA ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO UNIDADE 1 OBJETIVOS Ao final desta unidade o aluno será capaz de: • compreender os conceitos de língua e linguagem e diferenciá-los. • diferenciar linguagem verbal, não verbal e mista. • entender a definição de código e sua relação com a língua. • conhecer e reconhecer variedades linguísticas. • conscientizar-se da existência das variedades linguísticas. • compreender as noções de norma padrão e norma popular. • conscientizar-se de que cada modalidade das variedades linguísticas não é superior à outra. 12 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1 DESENVOLVIMENTO Como salvar a dimensão soberba da comunicação, uma das mais belas do homem, aquela que lhe faz desejar entrar em relação com os outros, interagir com os outros? Nas palavras do sociólogo e pesquisador da área de comunicação, Dominique Wol- ton, “[...] Como salvar a dimensão humanista da comunicação, quando triunfa sua dimensão instrumental?” (WOLTON, 2004, p. 28). Tais interrogações nos trazem uma perspectiva comunicacional dialógica e voltada para a potência na geração de laço social e estabelecimento de vínculos. A comunicação é um processo social básico e primário, pois é a partir dela que se torna viável e possível a vida em sociedade. Ela preside, rege todas as relações hu- manas, de modo que não há sociedade organizada sem comunicação. Dessa forma, está relacionada a um padrão cultural, a um modelo de cultura. Para que a comunicação realmente possa se efetivar, é necessário o domínio da linguagem. Especialmente, de uma de suas formas: a língua. Devemos considerar, nesse contexto, tanto a língua na sua forma oral quanto na sua forma escrita. As di- versas variedades linguísticas, bem como as narrativas imagéticas também devem ser consideradas, pois convivemos intensamente, na contemporaneidade, com a lin- guagem visual. Sendo assim, nesta unidade, serão apresentados conceitos e reflexões que habilitem ao discente o uso da comunicação, da linguagem verbal e da linguagem não verbal de forma correta. É, portanto, de suma importância o estudo da linguagem, nos pro- cessos de interação na contemporaneidade. 1.1 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO É importante perguntar: em que consiste a linguagem? Na realidade, ela consiste em símbolos, que são representações de pessoas, eventos e de tudo o que ocorre conosco e ao nosso redor (WOOD, 2009, p. 103). Assim, toda linguagem é simbólica, entretanto nem todos os símbolos são linguísticos. No caso da linguagem não ver- bal, estão inclusos símbolos que não são palavras, como expressões faciais, roupas e 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO tons de voz, assim como imagens expressas pelo homem em suportes diversificados. Segundo Émile Benveniste (2005), a linguagem é um sistema de signos socializados. Símbolos que apresentam um sentido uniformizado em uma comunidade linguísti- ca. A premissa de socialização explicitada remete a uma proposição comunicacional da linguagem. Quanto à menção “sistema de signos”, seu emprego refere-se à de- finição de linguagem como um conjunto cujos elementos se determinam em suas inter-relações, ou seja, um conjunto no qual nada significa por si, mas tudo significa em função dos outros elementos. Dito de outro modo, o sentido de um termo, bem como o de um enunciado, é função do contexto em que ele ocorre (VANOYE, 2003, p. 21). Dessa forma, a linguagem é considerada fruto de aprendizagem social e refle- xo da cultura de uma comunidade; além disso, seu domínio é primordial na inserção do indivíduo na sociedade. Observeas imagens a seguir para exemplificar a ideia de uso da linguagem na co- municação intermediada ou não por dispositivos eletrônicos. 14 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Figura 1 - Comunicação intermediada ou não por dispositivos eletrônicos Figura 2 – Interação social 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO Observe que, tanto na comunicação entre as pessoas da Figura 1, mediada por dis- positivos eletrônicos, quanto da Figura 2, há formas de comunicação. A diferença é que, na segunda imagem, os movimentos e gestos também auxiliam na construção de sentidos e são formas de expressão da linguagem. A linguagem cria a realidade. Ao nomear as coisas, a linguagem as traz até a cons- ciência humana. As linguagens têm características particulares. Dividem-se em dois grupos: a linguagem verbal e a não verbal. A linguagem verbal tem por unidade a palavra. A não verbal, por sua vez, tem outros tipos de unidades: gestos, imagens, desenhos, pinturas etc. Quando há, em um texto, linguagem verbal e não verbal, di- zemos que existe a linguagem mista. Observe os exemplos a, b, c. a) Desenho: linguagem não verbal Figura 3 – Linguagem não verbal 16 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO b) Poema: linguagem verbal Soneto de Fidelidade De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento [...] O Soneto de Fidelidade de Vinícius de Morais corresponde a um exemplo de lingua- gem verbal, por meio de palavras. c) Quadrinho: linguagem mista (verbal+não verbal) Na comunicação diária, uti- lizamo-nos de meios que dispensam o uso da palavra. Nossos gestos e olhares são provas disso. A maneira como nos vestimos e até como nos portamos nos variados am- bientes que frequentamos também serve para comuni- car aos que nos observam mo- dos de ser. Assim, podemos naturalmente concluir que há, no cotidiano, uma mistura natural de linguagens. Temos por hábito utilizar a lingua- gem verbal, juntamente com a não verbal, como forma de estabelecer comunicação. Figura 4 – Linguagem mista 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO 1.2 LÍNGUA As línguas sempre refletem a diversidade de condições históricas e socioculturais em que são utilizadas. Para Vanoye (2003, p. 21), as línguas são casos particulares de um fenômeno, a linguagem, que é estudada pela linguística geral. Embora não exista a linguagem verbal universal, a linguística geral esforça-se no sentido de isolar e estu- dar as características comuns das diferentes línguas. A língua é um código, formado por palavras e leis combinatórias, por meio das quais as pessoas se comunicam e interagem entre si. Quanto maior o domínio que temos da língua, maiores são as possibilidades de termos um desempenho linguístico eficiente. 1.2.1 – LÍNGUA E LINGUAGEM Um dos principais conceitos para diferenciar língua e linguagem vem de um impor- tante linguista, considerado o pai da Linguística Geral, Ferdinand de Saussure (2006). Para o estudioso, a linguagem é de natureza heterogênea, portanto, é multiforme, além disso, pertence ao domínio individual e social. O que tudo isso quer dizer? Heterogênea significa que assume mais de uma forma. Então, pode ser verbal, não verbal, feita por meio de gestos e movimentos. É, portanto, multiforme, pois assume mais de uma forma. A linguagem pode ser de domínio individual (uma pessoa iso- lada pode conceber símbolos para compreender o mundo) e social (várias pessoas usam os mesmos símbolos). Para Saussure (2006), a língua é um produto social da linguagem, sendo assim, é sempre algo adquirido e convencional. Ou seja, uma comunidade de pessoas preci- sa atribuir o mesmo sentido aos mesmos símbolos. Por exemplo, em língua portu- guesa, o símbolo verbal GATO representa o animal doméstico felino. A língua é um sistema homogêneo: tem uma única forma e, portanto, é estável. 18 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.2.2 A LÍNGUA É MUTÁVEL A mutabilidade das línguas é enorme e resulta da dinâmica da história, da própria vida, das relações sociais e até da maneira de ser de cada indivíduo. Um exemplo são as chamadas línguas mortas, ou em desuso, como o latim. A língua evolui, transfor- mando-se, e os processos de globalização, os avanços tecnológicos, têm intensifica- do as variações linguísticas. A fala também se modifica de acordo com a história de cada indivíduo, suas intenções, sua formação escolar, sua cultura, com as influências que ele recebe do grupo social ao qual pertence (SAUSSURE, 2006). Algumas palavras perdem ou ganham sílabas, como é o caso do pronome de trata- mento “Vossa Mercê” que passou por transformações tornando-se “Você”. Quem sabe daqui a alguns anos já teremos a palavra Cê no dicionário? Além disso, novas palavras surgem de acordo com as necessidades, incluindo os empréstimos de outras línguas com as quais a comunidade linguística mantém contato, denominados estrangeiris- mos (empréstimos linguísticos provenientes de línguas estrangeiras, em diferentes épocas). A palavra “bife”, por exemplo, veio do inglês beef; a palavra “abajur” veio do francês abat-jur, dentre milhões de exemplos possíveis. Também é importante pontuar que a convergência digital, o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), com o uso da internet e das redes sociais, tem potencializado a mutabilidade linguística. A internet propiciou o surgi- mento e o empréstimo de novas palavras (digitar, teclar, twittar, facebook, blogueiros); outras, porém, deixam de ser utilizadas, gradativamente, como é o caso de datilografar. • SIGNO Vanoye (2003, p.21) define signo como uma noção básica na linguística. Signo é a menor unidade dotada de sentido em um código dado. Decompõe-se em um elemento material, perceptível: o significante, e em um elemento conceitual, não perceptível, o significado. O referente é o objeto real ao qual remete o signo em uma instância de enunciação. Exemplo: vamos pensar em maçã. Significante: o som da palavra, a união de fonemas que forma o vocábulo maçã. Significado: ideia de uma determinada fruta específica. Referente: a fruta real que existe. 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO • CÓDIGO Código é um conjunto de regras que permi- te a construção e a compreensão de men- sagens. É, portanto, um sistema de signos. A linguagem é, por conseguinte, um dentre outros códigos (VANOYE, 2003, p. 22). A linguagem verbal é um código, porém, di- ferente dos demais, apresenta características únicas (SAUSSURE, 2006). Uma delas é a de falar acerca dos signos que constituem ou- tros signos, ou seja, pode explicar a arbitra- riedade que existe entre significante e signi- ficado. Outra possibilidade é fazer jogos de sentido, criando ambiguidades, metáforas, brincadeiras de palavras, novas significações. Percebe-se que o significado das palavras, embora possa parecer algo fixo, não o é, já que a língua é viva: as palavras nascem, crescem, evoluem, podem mudar de forma e de senti- do e até desaparecer de determinado idioma. A imaginação do homem também pode con- tribuir para ampliar o significado das palavras e ela deixa de significarapenas a ideia origi- nal, que é aquela básica e objetiva. Daí os conceitos de denotação e conotação. • DENOTAÇÃO/CONOTAÇÃO Referem-se ao sentido das palavras da língua. Denotação é a designação do objeto ao qual remete o significante, ou seja, é o sentido imediato, possível de localizar ra- pidamente em um dicionário. Conotação faz referência a tudo que um termo possa sugerir, clara ou vagamente (varia de pessoa para pessoa e conforme o espaço e o tempo). Nessa categoria, estão as metáforas e a linguagem figurada. (KOCH, 2009). No caso do signo maçã, diversos significantes (um som, ou melhor, uma combinação de sons ou uma combinação gráfica) correspondem a um significado (o conceito de maçã), que, por sua vez, designa uma classe de referentes: maçã do amor, doce de maçã, maçã argentina. Há casos em que um mesmo significante pode remeter a vários significados: folha (pode remeter à folha de árvore ou à folha de caderno). Nesses casos, o contexto elimina a ambiguidade. 20 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Dominar bem uma língua não significa apenas conhecer seu vocabulário; é preciso também ter domínio de suas leis combinatórias. Conhecemos o sentido de cada uma das palavras deste enunciado: Na foi comunidade Amazônica descoberta indígena Porém ele nada significa para nós, porque não foram respeitadas as leis de combina- ção das palavras. Veja como o enunciado ganha sentido se combinarmos as palavras desta forma: Foi descoberta comunidade indígena na Amazônia. Para compreender melhor a relação dos signos na constituição da linguagem, vamos explicar as três características dos símbolos, conforme assinala Wood (2009, p. 104-108). a) Arbitrariedade – a linguagem é arbitrária, o que significa que os símbolos verbais não são intrinsecamente relacionados com o que representam. Exemplo: sala de bate-papo não tem nenhuma relação natural com espaços para interação dentro de comunidades virtuais específicas. Dessa forma, não há nenhuma regra que diga que o termo “mesa” faça referência ao objeto que consideramos ser uma mesa. É apenas um convenção. É disso que se trata a arbitrariedade. A linguagem também muda à medida que inventamos novas palavras ou atribuímos novos significados a palavras existentes. Quando determinada palavra é utilizada com um sentido diferente daquele que lhe é comum, estamos diante de uma linguagem conotativa. Além de ser bastante explorada na Literatura, a conotação é empregada em letras de músicas, anúncios publicitários, conversas do nosso cotidiano etc. Para demonstrar que tanto a conotação quanto a denotação são bastante exploradas no nosso dia a dia, leia o exemplo a seguir: Ex: Marina quebrou a cara. Observe que, no exemplo, podemos interpretar o enunciado de duas maneiras: entender que Marina sofreu algum acidente e fraturou o rosto ou que ela não se deu bem em determinada situação. 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO b) Ambiguidade – a linguagem é ambígua, ou seja, não tem significados bem defi- nidos e precisos. A linguagem é a mesma, mas seu sentido muda, dependendo de experiências, interesses, identidade e formação pessoal. A ambiguidade relaciona-se aos aspectos culturais. Exemplo: cachorro pode se referir a determinado animal de quatro patas ou, em algumas culturas, dar nome a um alimento. c) Abstração – a linguagem é abstrata, ou seja, as palavras não são os fenômenos concretos ou tangíveis aos quais elas se referem. Elas representam esses fenômenos – ideias, pessoas, eventos, objetos, sentimentos e assim por diante –, mas não são as coisas que representam. À medida que a linguagem se torna cada vez mais abstrata, o potencial de confusão aumenta rapidamente. Exemplo: a comunicação em geral utiliza uma linguagem altamente genérica e abstrata para descrever grupos de pes- soas – juventude urbana, imigrante, terceira idade etc. O Gigolô das palavras Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal pro- fessor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa (“Culpa da revisão! Culpa da revisão!”). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então va- mos em frente. LEITURA COMPLEMENTAR 22 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gra- mática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessaria- mente certo. Por exemplo: dizer “escrever claro” não é certo mas é claro, certo? O im- portante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de inte- resse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua, mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura. Claro que eu não disse isso tudo para meus entrevistadores. E adverti que minha im- plicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sem- pre fui péssimo em Português. Mas - isso eu disse - vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto pas- sageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito. Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramáticaprecisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda. VERÍSSIMO, Luis Fernando. O gigolô das palavras. In: ______. Para gostar de ler. Luis Fer- nando Verissimo: o nariz e outras crônicas. 10. ed. v. 14. São Paulo: Ática, 2002. p. 77-78. 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO VARIEDADES LINGUÍSTICAS Apesar de uma língua ser uma construção social e sofrer padronizações para se tor- nar o mais uniforme possível, sempre haverá variação em seu uso. Ou seja, a variação “sempre existiu e sempre existirá, independentemente de qualquer ação normativa. Assim, quando se fala em ‘Língua Portuguesa’ está se falando de uma unidade que se constitui de muitas variedades [...]” (BRASIL, 1998, p. 29). É preciso destacar que as variações de uma língua ocorrem de acordo com condições/peculiaridades de natureza social, cultural, regional ou até histórica. Gorski e Coelho (2010) destacam que há três importantes tipos de variações linguís- ticas: variação regional ou geográfica, variação social e variação estilística. Vamos nos ater um pouco em cada uma delas. Variação Regional: é aquela que acontece por razões geográficos. Por exemplo, o sotaque Gaúcho falado no Rio Grande do Sul, o sotaque baiano falado na Bahia etc. Variação Social: essa variação (também conhecida como variação diastrática - GOR- SKI; COELHO, 2010) está relacionada a fatores econômicos, a classes sociais e ao acesso à educação. Também podem influenciar fatores como o sexo, a idade, o grau de escolaridade, a profissão do indivíduo. Segundo Gorski e Coelho (2010), são exem- plos típicos de variação social: a vocalização do -lh- > -i-, como em “mulher/muié”; “blusa/brusa”; “cantando/cantano”; a concordância nominal e verbal, como em “os meninos saíram cedo/os menino saiu cedo”. Variação estilística: também chamada de registro. Manifesta-se nas diferentes situ- ações comunicativas que nos envolvem todos os dias. Por exemplo, em casa, com familiares e amigos íntimos, usamos uma variação da língua mais coloquial, mais despreocupada. Em situações formais, como uma entrevista de emprego, é mais indicado o uso de uma linguagem mais cuidada e elaborada – o registro formal. Al- gumas esferas de comunicação vão exigir um uso diferenciado da língua – a igreja, o clube, o tribunal, dentre outros possíveis exemplos. Gorski e Coelho (2010, p. 77) destacam que “tanto a variação geográfica como a variação social estão intimamente associadas às forças internas que promovem ou impedem a variação e a mudança e à identidade do falante”. Ou seja, ao abrir a boca e falar, um sujeito pode revelar muitas informações sobre si, como a sua região de 24 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO origem; “como se ele, pela sua forma de falar, se identificasse como pertencente ou não a determinada comunidade e a determinado grupo social” (GORSKI, COELHO, 2010, p. 77). É nesse contexto que pode acontecer o preconceito linguístico, que diz respeito ao julgamento, com preconceito, da forma de falar de um indivíduo. Onde se fala melhor o português no Brasil? Como vimos, as variações linguísticas são normais e podem ser de diferentes nature- zas: geográficas, sociais ou estilísticas. Portanto, é absolutamente inadequado eleger uma maneira de falar como superior às demais, principalmente quando estivermos nos referindo a sotaques (GORSKI; COELHO, 2010) . Aprendemos nossa língua em casa, no contato com a família, imitando o que ouve e apropriando-se do vocabulário e das leis combinatórias da língua. Exercitamos tam- bém o aparelho fonador para produzir sons que se transformam em palavra, frases e textos inteiros. Dessa forma, é preciso levar em conta que [...] Embora no Brasil haja relativa unidade linguística e apenas uma lín- gua nacional, notam-se diferenças de pronúncia, de emprego de palavras, de morfologia e de construções sintáticas, as quais não somente identifi- cam os falantes de comunidades linguísticas em diferentes regiões, como ainda se multiplicam em uma mesma comunidade de fala. Não existem, portanto, variedades fixas: em um mesmo espaço social convivem mescla- das diferentes variedades linguísticas, geralmente associadas a diferentes valores sociais (BRASIL, 1998, p. 29). Por isso, temos de compreender as diferentes manifestações da língua e evitar ações de preconceito linguístico. É importante ter consciência das diferentes variedades da língua e, também, do valor social que manifestam as formas em variação. Desse modo, a pergunta “Onde se fala o melhor português do Brasil?” é absolutamente inadequada: não há maneira melhor ou pior, certa ou errada. Entretanto, quando estivermos em situações de formalidade, alguns usos da língua precisam ser obser- vados. Nesse caso, estaremos diante de um uso adequado ou inadequado da língua, não de um “pior” ou “melhor”. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO 1.3 GRAUS DE FORMALIDADE Formal - linguagem cuidada, na variedade culta e padrão. Exemplos: artigos acadêmicos, notícias, informativos, dicionários. Na linguagem formal, observamos a aplicação de regras gramaticais, lexicais, orto- gráficas e a maior precisão vocabular possível. Existem situações comunicativas de maior formalidade, como um tribunal, uma en- trevista de emprego, uma entrevista com autoridade. A linguagem formal sempre trará a norma padrão da língua, aquela manifestada nas gramáticas, nos dicionários. Linguagem coloquial, informal ou popular – ocorre quando a língua se manifesta naturalmente de forma coloquial e despreocupada com regras específicas da gra- mática. Exemplo: conversas em redes sociais, bilhetes. Existem situações comunicativas de maior coloquialidade, como conversa entre amigos. A linguagem coloquial trará como norteadora a norma popular da língua, baseada no uso direto das situações comunicativas. 26 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Texto 1: Todo mundo fala errado?* Lya Luft Frequentemente se ouve alguém afirmar, desamparado, que “todo mundo fala erra- do”. Se apenas observarmos superficialmente, poderemos achar que a afirmação está correta. É verdade: ninguém ou quase ninguém fala “certo”. Talvez devêssemos então indagar o que é falar “certo”. A maioria das respostas será que é “falar como está nas gramáticas”, isto é: todo mundo deveria usar, com naturalidade e frequência, as formas mais sofisticadas da chamada língua-padrão. Nesse caso, diríamos aos amigos, aos fi- lhos, aos empregados coisas como na página seguinte: - Maria, viste meu filho na escola? - Não, Teresa, vê-lo-ei amanhã somente. Ou ainda: - Poderias dizer-me aonde irás esta noite? - Dir-te-ei unicamente quando tiver regressado. E ainda coisas deliciosas, como: - Que pensais da cultura dos nossos universitários? - Não vos posso dar essa resposta, porque seria demasiado desanimadora. Ora, dirão os meus leitores, que linguajar mais horrível. Que pedantismo, que erudição falsa, que inadequação à nossa realidade. Ninguém fala assim. Enfim uma observação inteligente: ninguém fala assim, porque essas formas, e muitas outras que não estão nos livros, não se usam. Tornaram-se arcaicas, pertencem a um nível de linguagem culto formal, que se aceita, com dor nos ouvidos, em discursos, em sermões de igreja (e olhe lá! Pelo que nossa liturgia e posturas na Igreja andam evoluindo, em breve a música religiosa será considerada blasfêmia...). São formas apenas aturadas, como se aturam trastes velhos pela casa, enquanto não sabemos onde os colocar. Isso significa que aquilo que os mais ingênuos julgam ser a maneira correta de falar,não passa de fórmula livresca, seca, sem vida. Mas não é, nem de longe, o que devemos empregar LEITURA COMPLEMENTAR 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO 1.4 RESUMO • A linguagem é um sistema de signos utilizado para o estabelecimento da co- municação. • A linguagem é dividida em verbal e não verbal. • A língua é um código que permite a comunicação entre as pessoas, por meio de um sistema de signos e combinações. • Há dois tipos básicos de variação linguística: os dialetos e os registros. • A norma popular refere-se a todas as variedades linguísticas diferentes da nor- ma padrão, esta é caracterizada como prestigiosa, utilizada em situações for- mais, em sua maioria, por falantes escolarizados. • Existem três graus de formalidade formal, informal e coloquial diariamente, muito menos na fala. Pois na língua se distinguem duas maneiras de registrar o pensamento: a fala, registro primeiro, e a escrita, registro segundo, isto é, re- gistro da fala. Observando isso, podemos concluir que a escrita é que deve reproduzir a fala, e não vice-versa. Assim não é correto que devêssemos falar como se escreve, mas deveríamos, isso sim, escrever como se fala, o que é impossível por uma série de moti- vos, um dos quais o de ser a escrita um código determinado por decretos oficiais. Por isso, não é correto somente o que está “nos livros”. Mas há outros aspectos, como a linguagem ser um comportamento social do homem. Não se usa um calção em uma conferência, nem terno e gravata para ir à piscina (entre amigos), como não se fala de maneira descontraída em uma conferência. Na escrita, para aprendermos realmente a escrever, é necessário um treinamento intenso, pois o código é mais complicado, obedece a regras fixas e rígidas. Nadar se aprende nadando; guiar se aprende guiando; falar se aprende falando, e escrever se aprende escrevendo e lendo, para internalizar estruturas. O assunto linguagem é complexo demais para ser tratado num artigo, e todos os livros escritos a respeito ainda nos deixam saudavelmen- te curiosos e perplexos. *LUFT, Lya. Todo mundo fala errado? In: SMITH, Marisa Magnus; MOREIRA, Maria Eunice; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Org.). ENADE comentado: letras 2011. Dados eletrôni- cos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2013. 122p. 28 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO ANOTAÇÕES LEITURA COMPLEMENTAR ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. Português do Brasil: a variação que vemos e a variação que esquecemos de ver. In:______. O português da gente: a língua que estudamos e a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006. p. 151-196. Os autores tratam da incapacidade que o falante da Língua Portuguesa tem de lidar com situações cotidianas que afetam diretamente o uso da língua. Além disso, Ilari e Basso asseveram que a língua está à mercê de mudanças e variações irremediavelmente. 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO UNIDADE 2 OBJETIVOS Ao final desta unidade, esperamos que o aluno seja capaz de: a) compreender o conceito de comunicação e seus elementos. b) reconhecer a importância da comunicação no ambiente acadêmico e profissional. c) entender as funções da linguagem no discurso. d) conscientizar-se de que o conhecimento das funções da linguagem pode propiciar a melhoria na produção oral e escrita. e) compreender os ruídos da comunicação e evitá-los no processo comunicativo. 30 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2 DESENVOLVIMENTO Devido à comunicação ser um mosaico composto de processos peculiares, que de- mandam o desenvolvimento de habilidades perceptivas e expressivas, as quais ne- cessitamos compreender e explorar em nosso cotidiano de convivência social, é in- dispensável estudar a comunicação em todas as suas modalidades: comunicação e autoimagem, comunicação nos relacionamentos pessoais, comunicação em grupos e equipes, comunicação nas organizações, comunicação pública, comunicação de massa e tecnologias da comunicação. Diversos estudiosos da linguagem reconhecem no processo comunicativo um pa- pel relevante. Nem sempre, porém, a função comunicativa da linguagem foi assim reconhecida. Saussure foi considerado o criador da Linguística, que atribuiu à lín- gua a função de instrumento comunicacional. Anteriormente, a língua era vista como representação do pensamento, não tendo a função de transmitir informa- ções. Reconhecendo a importância atual da comunicação para as diversas orga- nizações, trabalharemos, nesta unidade, o conceito, os elementos e as funções da linguagem na comunicação. 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO 2.1 COMUNICAÇÃO A comunicação é um processo sistêmico no qual as pessoas interagem com símbo- los e por meio deles para criar e interpretar significados. A comunicação tem quatro elementos centrais, segundo Wood (2009, p. 37-40): Processo – a comunicação é um processo, o que significa que é contínua e dinâmica. É difícil dizer quando a comunicação começa e quando ter- mina, pois o que ocorre antes de falarmos com alguém pode influenciar a interação, e o que ocorre em um contato específico pode afetar o futuro. A comunicação está em constante movimento, evoluindo e mudando conti- nuamente. Não é possível congelar a comunicação. Sistemas – a comunicação ocorre dentro de sistemas. Um sistema consiste em partes inter-relacionadas que afetam umas às outras [...]. Pelo fato de as partes de um sistema serem interdependentes e interagirem continu- amente, uma alteração em qualquer uma delas altera o sistema como um todo. Os sistemas tentam manter o equilíbrio, mas são incapazes de sustentá-lo. Símbolos – a comunicação é simbólica. Não temos acesso direto aos pen- samentos e sentimentos dos outros. Usamos, portanto, os símbolos, que são representações abstratas, arbitrárias e ambíguas (como vimos na Uni- dade I) de outras coisas. Podemos simbolizar o amor dando um anel, ou dando um abraço apertado em alguém. A comunicação humana envolve interações com símbolos e por meio deles. Significados – estes representam o coração da comunicação. Os significa- dos são o sentido que conferimos aos fenômenos, ou o que eles significam para nós. Não encontramos significados na experiência em si. Em vez disso usamos símbolos para criar significados. De modo geral, construímos ati- vamente o significado por meio de interação com os símbolos. 2.1.1 MODELOS DE COMUNICAÇÃO/ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO Assim ocorre a comunicação: o EMISSOR envia uma MENSAGEM CODIFICADA por meio de um CANAL ao RECEPTOR, com o qual compartilha do mesmo CONTEXTO (JAKOBSON, 1991). Observe o processo comunicativo ilustrado no quadro a seguir. 32 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • Locutor (emissor): aquele que diz algo a alguém. • Interlocutor (receptor): aquele com quem o locutor se comunica. • Mensagem: é o texto, o que foi transmitido entre os interlocutores. • Código: a convenção social que permite ao interlocutor compreender a mensagem. • Canal: o meio físico que conduz a mensagem ao receptor. • Referente: o assunto da mensagem. Fonte: adaptado de Jakobson (1991) Para compreender melhor os elementos da comunicação, observe o texto a seguir. Caro Jorge, Amanhã não poderei ir à aula. Por favor, avise ao professor que entregarei o trabalho na semana que vem. Joaquim. O texto, como podemos observar, é o bilhete de Joaquim para Jorge. Em relação aos elementosda comunicação, podemos considerar: • Locutor (emissor): Joaquim • Interlocutor (receptor): Jorge. • Mensagem: o texto que está escrito no bilhete, o qual Jorge precisa ler para fazer o favor solicitado por Joaquim. • Código: Língua portuguesa na modalidade escrita e formal. • Canal: um bilhete escrito. • Referente: o assunto, que, no caso, é o fato de Joaquim não ir à aula e precisar de um favor de Jorge. Observe que todos os elementos são fundamentais para que a comunicação real- mente se efetive! QUADRO 1 – ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO 2.1.2 COMUNICAÇÃO E INTENCIONALIDADE DISCURSIVA A intencionalidade discursiva diz respeito às intenções explícitas ou implícitas exis- tentes nos enunciados. Observe o exemplo: A mãe para o filho, que entra com os pés cheios de lama: - “Marcelo, eu acabei de limpar o chão da sala”. A intenção implícita da mãe é dizer ao filho para que ele não suje o chão da sala entrando com os pés cheios de lama. A mãe deseja, portanto, que seu filho tome algumas destas atitudes a fim de manter o chão limpo: limpar os pés antes de entrar, limpar a sujeira que fez no chão etc. Dessa maneira, o modo como cada falante da língua utiliza a linguagem articulada depende do objetivo que pretende atingir, isto é, da intenção discursiva: explicar algo, informar, influenciar outra pessoa, expressar seus sentimentos etc. Assim, o indivíduo: SELECIONA » ORGANIZA » COMBINA AS PALAVRAS CONFORME SUA INTENÇÃO COMUNICATIVA Nesse contexto, as intenções discursivas podem ser nomeadas como funções da lin- guagem. Isso quer dizer que, para cada elemento da comunicação, há uma função da linguagem específica. O linguista Roman Jakobson (1991) propôs um esquema das funções da linguagem a partir dos elementos da comunicação: EMISSOR Função Emotiva RECEPTOR Função Conativa REFERENTE: Função Referencial MENSAGEM: Função Poética CANAL: Função Fática CÓDIGO: Função Metalinguística Figura 5 – Funções da linguagem - Fonte: adaptado de Jakobson (1991). 34 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A linguagem sofre variações de acordo com a situação e assume funções que levam em consideração o que se pretende transmitir, bem como os efeitos que se espera obter com o que se transmite. A partir dessas considerações, analisar as funções da linguagem nos textos alheios contribui para a descoberta dos objetivos que direcio- naram sua elaboração. Aplicá-las aos nossos textos ajuda-nos a planejar melhor a comunicação, que se torna, portanto, eficiente. Segundo essa perspectiva, existem seis funções de linguagem. Vamos conhecer cada uma delas. Função Referencial ou denotativa (referente) – o objetivo é traduzir a realidade (o referente), informando com o máximo de clareza possível. Nos textos científicos e alguns jornalísticos, predomina essa função. Ela é a que se volta para a informação, para o próprio contexto, na intenção de transmitir dados da realidade de uma forma direta e objetiva. Nessa função, prevalece normalmente o texto escrito em terceira pessoa, com palavras empregadas no sentido denotativo, como em trabalhos cientí- ficos e noticiários jornalísticos. É a função mais utilizada na comunicação e é comum vê-la associada a outras funções. Exemplo: grande maioria das notícias e reportagens. Função Emotiva ou expressiva (emissor) – o objetivo é expressar emoções, senti- mentos, estados de espírito. O que importa é o emissor, por isso, o predomínio do registro em primeira pessoa. Exemplos: alguns poemas, relatos em primeira pessoa, diários. Função conativa ou apelativa (receptor) – o objetivo é convencer o receptor a ter determinado comportamento, por meio de uma ordem, uma invocação, uma exor- tação, uma súplica etc. Essa função centra-se no receptor. É persuasiva e se configura como uma ordem ou apelo, procurando modificar no receptor ideias, opiniões e 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO Exemplo: algo que ocorre em um diálogo de telefone. Veja: - Alô, Maria, como vai? - Oi, José, vou bem! - Você está melhor, Maria? - Já disse que sim! - Eu também estou bem... Você está bela! - Ah, bem, é que eu... - Tá certo! Então... vou desligar. estados de ânimo. As propagandas e os discursos autoritários abusam dessa lingua- gem. Ela se caracteriza pelo uso de verbos no imperativo, pela utilização de vocativos e da segunda pessoa. Exemplos: propagandas, publicidade, campanhas publicitárias. Função Fática (canal) – o objetivo é apenas estabelecer, manter ou prolongar o con- tato (por meio do canal) com o receptor. As expressões usadas nos cumprimentos, ao telefone ou em outras situações apresentam esse tipo de função. A palavra fático sig- nifica ruído, rumor.É a função utilizada para abrir, fechar ou, simplesmente, testar a efi- ciência do canal usado na comunicação, estabelecendo, prolongando ou testando-o. Função Metalinguística (código) – o objetivo é o uso do código para explicar o pró- prio código. A língua, por exemplo, é um código; os sinais de trânsito são outro. Me- talinguagem são textos que interpretam outros textos. Utiliza-se a linguagem para falar dela própria. Uma gramática, um dicionário, esta apresentação, uma explicação oral acerca do uso da língua ou quando procuramos explicitar com outras palavras o que foi dito anteriormente são exemplos desta função. Exemplo: dicionários. 36 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Função Poética (mensagem) – o objetivo é dar ênfase à elaboração da mensagem. O emissor constrói seu texto de maneira especial, realizando um trabalho de seleção e combinação de palavras, de ideias ou de imagens, de sons e/ou de ritmos. Explora-se bastante a conotação. Uma das características da poesia é nos remeter, por meio da sonoridade de seus versos, a uma ideia acerca de algo do que o texto fala. É na composição rítmica, mas também nos sons dos fonemas que essa construção se dá. É centrada na mensagem, na seleção, na combinação das palavras e da estrutura do texto, buscando construí-lo de forma original, criativa e inovadora. É comum o uso de figuras de linguagem e recursos poéticos. É importante ressaltar que a função poéti- ca não é exclusiva da poesia, sendo também encontrada em anúncios publicitários. Exemplo: a grande maioria dos textos literários. 2.1.3 RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO Para que uma situação de comunicação ocorra efetivamente, é necessário que todos os ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO - locutor, interlocutor, mensagem, canal, código e contexto - estejam presentes. Porém pode haver situações em que um ou mais elementos sofram interferências, gerando RUÍDOS. Assim, o ruído é toda interferência indesejável que atrapalha a transmissão e a com- preensão de uma mensagem. Exemplos: o barulho de uma sirene durante um diálogo; muitos erros de português em um texto escrito; caligrafia ruim; o boato etc. 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO RUÍDOS QUE CRIAM BARREIRAS NO ATO DE COMUNICAÇÃO 1- O receptor não dedica suficiente atenção e concentração para a recepção da mensagem, gerando mal-entendidos. Exemplo: Um funcionário informa o resultado da reunião com um cliente, Sr. Ricardo, ao supervisor, que não deixa de ler e-mails enquanto ouve e, por isso, não dá a menor atenção à fala do funcionário. O funcionário sai da sala e toca o telefone, é o Sr. Ricardo; como o supervisor não prestou atenção, o funcionário não entende o que está acontecendo e deixa o Sr. Ricardo muitonervoso. 2- O emissor ou o receptor não tem domínio completo do código utilizado. Exemplo: Imagine um vendedor gritando a plenos pulmões a seguinte frase: - Olha a tapioca, olha a tapioca, fazida na hora. Pida! Pida! Provavelmente, sua intenção é fazer com que seu produto desperte o interesse das pessoas. Entretanto a forma que ele enuncia denota que o código (língua portuguesa) não é totalmente dominado pelo emissor na sua modalidade padrão. E no momento de convencer pessoas a comprar produtos, usar a forma culta poderia ser mais efetiva para o ato comunicativo. Assim, corre-se o risco de muitas pessoas não entenderem a intenção comunicativa (para comprar e pedir por tapioca) e, assim, a comunicação não se efetivar. 3- O canal sofre interferências, o que impossibilita a perfeita transmissão da men- sagem. Exemplo: Durante uma reunião em uma sala próxima à rua, o gerente interrompe a fala cada vez que o barulho da britadeira começa. 38 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4- O emissor e o receptor têm percepções diferentes do contexto da comunicação, ou o receptor o desconhece. Exemplo: Em uma reunião de uma empresa, um executivo elogia uma colega e a chama de mulherão. Ela, porém, se ofende e sai da sala. Para o emissor, isso pode ter sido um elogio, mas, de acordo com o contexto e com a forma como foi enunciada, a palavra pode ser interpretada de outra maneira, como acontece no exemplo posto. 5 - O receptor não consegue clarificar qual a principal mensagem do texto. Exemplo: textos confusos, sem coesão, sem coerência, que impedem a interpretação. Com o objetivo de ter uma locução mais clara: evite mensagens soterradas por um monte de informações secundárias, as quais impedem que o assunto principal seja entendido com clareza. evite carga excessiva de dados e fatos, pois o excesso deixa a transmissão seriamente comprometida, exigindo esforço e capacidade maiores do receptor para acompanhar o raciocínio. 6 - Redundância Não chega a perturbar a transmissão da mensagem, mas torna o texto extenso e cansativo, podendo levar o receptor a se desinteressar pela informação. A repetição de termos objetiva a clareza e a prevenção de possíveis equívocos na mensagem; no entanto, quando se usa repetidamente esse recurso, pode-se prejudicar a compre- ensão pelo excesso. 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO 2.2 RESUMO • Conceito de comunicação. • Elementos da comunicação: emissor, receptor, código, referente, mensagem e canal. • Funções da linguagem: emotiva, apelativa, fática, metalinguística, poética e re- ferencial. • Ruídos na Comunicação. • Tipos de ruídos. 1) CHALHUB, Samira. Funções da linguagem. 7.ed. São Paulo: Ática, 1995. O livro de Chalhub aborda as funções da linguagem de modo bem detalhado. Além disso, a autora discute que as mensagens exploram uma ou mais funções, explicitando que o predomínio de uma delas é extremamente relevante na construção do objetivo de uma comunicação. 2) Nós na fita Trecho da comédia de Leandro Hassum e Marcius Melhen em que tratam da redundância. INDICAÇÃO DE VÍDEOS E LEITURA 40 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO ANOTAÇÕES 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO UNIDADE 3 OBJETIVOS Ao final desta unidade, o aluno será capaz de: • conhecer as estratégias de leitura, a fim de aperfeiçoar a capacidade leitora. • conscientizar-se das concepções de leitura. • entender os objetivos da leitura, bem como suas funções sociais. • compreender a pluralidade de leituras que um texto pode propiciar. 42 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 3 DESENVOLVIMENTO A leitura ocupa um importante papel em nossas vidas por motivos infinitos. É por meio dela que desenvolvemos o conhecimento de mundo, vivemos experiências novas e nos formamos como indivíduos. Ela é, também, uma importante habilidade a ser desenvolvida pelo estudante, a fim de ampliar seus horizontes, o mercado de trabalho, o crescimento individual etc. Por isso, dedicamos uma unidade desta apos- tila para que você, aluno(a), conheça mais a respeito dessa competência primordial ao ser humano. 3.1 CONCEPÇÕES DE LEITURA A leitura é o resultado de uma série de convenções que uma comunidade estabe- lece para a comunicação entre seus membros e fora dela. Aprender a ler e ser leitor são práticas sociais que medeiam e transformam as relações humanas (COSSON, 2011, p. 40). As concepções (conceitos) de leitura são decorrentes das concepções de sujeito, de língua, de texto e de sentido. Há três concepções de leitura - com foco no autor, com foco no texto e com foco na interação autor-texto-leitor. Foco no autor A língua, nessa concepção, é vista como representação do pensamento. O sujeito é psicológico, individual dono de sua vontade e de suas ações. Assim, o interlocutor deve captar a mensagem do locutor da maneira como foi mentalizada por este. O texto é visto como um produto do pensamento do autor. Portanto, a leitura é enten- dida como atividade de captação de ideias do autor, sem levar em conta as experi- ências e os conhecimentos do leitor (KOCH; ELIAS, 2010). Foco no texto A língua é observada como estrutura, como código. O sujeito é “assujeitado” pelo sistema (não de forma consciente). O texto é produto da codificação de um emissor, a ser codificado pelo ouvinte, bastando a este o conhecimento do código usado. A leitura é focada no texto. Cabe ao leitor reconhecer os sentidos das palavras e das estruturas do texto (KOCH; ELIAS, 2010). 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO Foco na interação autor-texto-leitor A concepção de língua é interacional. Os sujeitos são construtores sociais que inte- ragem, dialogam com o texto. O sentido é construído na interação texto-sujeitos. A leitura é uma atividade interativa complexa de produção de sentidos. É uma ativi- dade na qual se consideram as experiências e os conhecimentos do leitor. A leitura do texto exige do leitor bem mais que o conhecimento do código linguístico (Língua Portuguesa) (KOCH; ELIAS, 2010). 3.2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA O que é ler? Ler nada mais é do que decifrar símbolos e atribuir significados a eles. É por meio da leitura que decodificamos textos, dessa forma, é seguro pontuar que é lendo que aprendemos, é lendo que construímos conhecimento e descobrimos melhor o mundo que nos cerca. Para entender melhor o que é leitura, vamos visitar o conceito de Leffa (1996), que considera a leitura uma forma de representação, já que, quando lemos, entende- mos melhor nossa realidade, não tendo aceso ao real, mas sim a representações da realidade: A leitura não se dá por acesso direto à realidade, mas por intermediação de outros elementos da realidade. Nessa triangulação da leitura o elemen- to intermediário funciona como um espelho; mostra um segmento do mundo que normalmente nada tem a ver com sua própria consistência física. Ler é portanto reconhecer o mundo através de espelhos. Como esses espelhos oferecem imagens fragmentadas do mundo, a verdadeira leitura só é possível quando se tem um conhecimento prévio desse mundo (LE- FFA, 1996, p. 10). Como a leitura é fundamental, todo leitor competente tem estratégias de leitura. Estratégias de leitura também podem ser consideradas planos flexíveis que apre- sentam grande adaptação às mais diversas situações comunicativas presentes nos textos,facilitando a compreensão dos leitores. Ler diz respeito a procedimentos de ordem elevada, que envolvem o cognitivo e o metacognitivo. Não são técnicas precisas, tampouco receitas infalíveis ou habilida- 44 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO des específicas. O que caracteriza a mentalidade estratégica é a sua capacidade de representar e de analisar os problemas e a flexibilidade para encontrar e buscar so- luções. Trata-se mais de fomentar as competências leitoras dos sujeitos (SOLÉ, 1998, p. 69-70). Destacamos quatro principais estratégias: seleção, antecipação, inferência e verificação; essas estratégias são retiradas dos estudos de Goodman (1987) e Me- negassi (1995). SELEÇÃO O leitor precisa selecionar quais as informações são mais importantes. Pela relevân- cia, escolhe algumas informações para interpretar e reter. ANTECIPAÇÃO Antecipar significa adiantar sentidos. Então, a antecipação se realiza nas hipóteses de leitura criadas pelo leitor, seja antes ou durante a leitura. Ele tenta antecipar o que está por vir e tentará comprovar suas hipóteses. Uma vez comprovadas, o leitor estará satisfeito por estar compreendendo o que lê. Caso não tiver uma hipótese compro- vada, o leitor terá que rever sua compreensão e, assim, terá de trocar de estratégia ou hipótese. INFERÊNCIA A partir de informações postas no texto, o leitor é capaz de inferir outras. A inferência acontece quando o que está posto no texto ativa os conhecimentos de mundo dos leitores. VERIFICAÇÃO É quando o leitor comprova ou refuta todas as suas antecipações e inferências. A verificação que faz com que o leitor ajuste a sua interpretação do texto. 3.3 FATORES DE COMPREENSÃO DA LEITURA Quais fatores auxiliam na compreensão do que lemos? Podemos destacar etapas que podem auxiliar na leitura de textos e aspectos gerais importantes. 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO a) Etapas de análise de texto: No momento de analisar um texto, seja ele da natureza que for, quatro passos pode- rão ser executados. Primeiro passo: decodificação. O texto é lido e as letras formam um sentido compreensível. Segundo passo: compreensão. Uma primeira leitura por meio de uma visão panorâmica permite que o leitor busque esclarecimentos para melhor compre- ensão do texto. Ele entende o assunto e o tema e compreende o vocabulário. Terceiro Passo: interpretação. Quando as informações do texto podem ser rela- cionadas com outros conhecimentos. A busca de dados a respeito do autor do texto pode auxiliar nessa etapa. Quarto Passo: retenção. As informações mais importantes serão memorizadas. b) Questões a serem observadas no texto: O momento da leitura está imbricado ao momento que um texto foi produzido. Koch (2006) aponta que um texto é compreendido a partir de uma intensa atividade interativa que envolve três fatores: o produtor, o texto e o leitor. Observe, a seguir, a relação que podemos traçar entre esses fatores: Quadro 2 – Elementos do ato de Leitura Produtor/Planejador O texto O leitor É o indivíduo responsável pela organização dos sentidos do texto. Isso é operacionalizado por meio de sinalizações textuais (indícios, pistas, marcas). A materialidade do texto (seu gênero, estilo, marcas de autoria) são pistas deixadas pelo autor para a construção de sentidos. Porém, as informações que estão no texto podem ser relacionadas com leituras anteriores de cada leitor e, assim, construir novos sentidos. Constrói efetivamente os sentidos apresentados no texto a partir da leitura. Fonte: Adaptado de Koch (2006). 46 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Em suma, trata-se de aplicar estratégias de leitura e, também, de colocar em prática os quatro passos para a análise do texto. Vamos ver um exemplo prático? Veja, a se- guir, que transcrevemos um miniconto do autor Dalton Trevisan. NO VELÓRIO No velório, a viúva: - O que separou a gente foi a morte. - Coragem, Maria. Um longo suspiro. - A vida dele acabou... - ... - ...e a minha hoje começa! Dalton Trevisan Vamos observar os três fatores envolvidos na produção do texto? • Autor: Dalton Trevisan. Para compreender a obra, convém pesquisar acerca do autor, entender suas publicações e, dentro do possível, conhecer sua biografia. • Texto: ler e entender o texto que está diante do leitor (um miniconto literário). • Leitor: o leitor precisa saber se tem leituras anteriores que o auxiliam na inter- pretação do conto. Agora, vamos aplicar os quatro passos da análise de um texto? • Primeiro passo: na decodificação do texto, o leitor precisa juntar as letras, fone- mas, vocábulos e entender a colocação das frases. No caso do miniconto, preci- sa entender, também, o que é um travessão e o que são reticências. 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO • Segundo passo: para compreender esse texto, é necessário entender o funcio- namento de um miniconto, ou seja, uma unidade narrativa com tamanho res- trito; o mínimo de palavras, com o máximo de sentidos. Também, é preciso que o leitor entenda o significado social dos termos velório e viúva, pois é essa compreensão que permitirá que o miniconto seja resumido. • Terceiro passo: para interpretar o conto, o leitor precisa relacionar o seu conhe- cimento de mundo com as informações que o texto apresenta. Assim, ao ver a palavra velório, vai mobilizar o significado que velório apresenta na nossa cul- tura: uma ocasião solene, em que se espera que a viúva enlutada esteja triste. O final do conto pode ser surpreendente para o leitor, mas é sua compreensão que pode fazer com que várias interpretações surjam. Pela leitura, percebemos que a morte do marido não é algo a se lamentar, e sim motivo de comemora- ção. O leitor ao interpretar o conto pode elencar razões que possam explicar a frase final da viúva. • Quarto passo: a retenção pode estar relacionada tanto à compreensão quanto à interpretação. O primeiro tipo de retenção pode fazer com que o leitor memo- rize quais são as características de um miniconto. A retenção do segundo tipo, por sua vez, pode fazer com que o leitor tenha outra percepção sobre velórios e viúvas e tenha uma opinião a respeito da parte da obra do autor, Dalton Tre- visan. Outras retenções são possíveis de acordo com as interpretações de cada leitor. A partir disso, vamos relacionar a leitura do texto analisado com as estratégias de leitura que exploramos no nosso estudo. SELEÇÃO O miniconto é um gênero conciso, então, não há muitas possibilidades de selecionar informações. Na leitura, porém, alguns vocábulos são importantes para a construção dos sentidos, como velório, viúva, vida, começa. Esses termos são encadeadores de sentido e precisam ser selecionados pelos leitores. 48 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO ANTECIPAÇÃO O texto possibilita várias antecipações: 1. ao ler a palavra velório, o leitor pode antecipar que o miniconto abordará a dor da perda. 2. ao compreender o termo viúva, o leitor pode antecipar que ela está triste e en- lutada por perder o marido. 3. a construção “coragem, Maria” permite que o leitor reforce as antecipações an- teriores, pois parece ser alguém amparando o pranto da viúva. INFERÊNCIA A leitura do conto também possibilita várias inferências. A partir do diálogo da viúva, o leitor pode inferir qual era o relacionamento dela com o falecido. Como os três pontos pode inferir que o interlocutor da viúva ficou em suspense com a respostaque ela estava por dar. O final do miniconto possibilita outras inferências relaciona- das aos motivos de a viúva ter feito a afirmação que fez. VERIFICAÇÃO Após fazer antecipações e inferências, o leitor, no ato da leitura, vai fazendo verifica- ções. No decorrer da leitura, perceberá que a sua primeira percepção acerca da pa- lavra velório não se confirma, a viúva não lamenta a morte do marido. Isso desmonta uma possível hipótese de leitura, obrigando o leitor a rever os sentidos que estava atribuindo ao texto. 3.4 ESCRITA E LEITURA: CONTEXTO DE PRODUÇÃO E CONTEXTO DE USO Depois de escrito, o texto tem uma existência independente do autor. Entre a pro- dução do texto escrito e sua leitura, pode passar muito tempo, as circunstâncias da escrita (contexto de produção) podem ser diferentes das circunstâncias da leitura (contexto de uso), fato esse que interfere na produção de sentido (KOCH; ELIAS, 2010. 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO Quadro 3 – Passos para interpretação de texto Passo a passo para uma boa interpretação de texto 1. Ler todo o texto, para ter uma visão geral do assunto. 2. Se encontrar palavras desconhecidas na primeira leitura, não a interrompa, vá até o fim. 3. Ler o texto pelo menos três vezes. 4. Voltar ao texto todas as vezes que precisar. Aplicar as quatro etapas de análise (deco- dificação, interpretação, compreensão e retenção). 5. Esclarecer e compreender o vocabulário (procure as palavras no dicionário, se preciso). 6. Dividir o texto em parágrafos, fazer a leitura e sublinhar as partes mais importantes. 7. Anotar, ao lado de cada parágrafo, o que você compreendeu da leitura. 8. Pensar na ideia de que o autor quer defender, criticar ou refletir. 9. Identificar personagem, espaço, enredo e tempo, caso seja uma narrativa. 10. Relacionar as ideias e os fatos do texto ao conhecimento de mundo que você já tem. 11. Anotar as dúvidas e discutir com algum colega a compreensão que fez do texto. Fonte: adaptado de Koch e Elias (2010); Leffa (1996). A leitura, de um modo geral, é fundamental para a formação, pois, segundo Petit (2009, p. 13), “a leitura tem o poder de desper- tar em nós regiões que estavam até então adormecidas”. Além disso, “ela contribui para que crianças e adolescentes encami- nham mais no sentido do pensamento do que da violência. Em certas condições, a leitura abre possibi- lidades onde parecia não existir margem de manobra”. A leitura possibilita a construção de subjetividades, juntamente a um enten- dimento do mundo. Ler para quê? Para obter informações. Resolver problemas práticos do dia a dia. Satisfazer curiosidades. Passar o tempo. Ter momentos de lazer. Coletar argumentos e dados. 50 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 3.5 RESUMO Concepções de leitura. Objetivos da leitura. Funções sociais da leitura. Importância da leitura. Estratégias de leitura. Passos para uma boa interpretação de texto. SUGESTÕES DE LEITURA 1) KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006. As autoras aprofundam a noção de leitura, abordando que, ao exercer essa atividade, exige-se mais do que o simples conhecimento linguístico compartilhado pelos interlocutores. 2) TATIT, Luiz. Abordagem do texto. In: FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à linguística: I – objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2003. p. 187-209. Aborda a passagem do estudo das frases para o estudo dos textos. 2) PETIT, Michèle. Leituras: do espaço íntimo ao espaço público. São Paulo: Editora 34, 2013. São ensaios que destacam a leitura para assegurar um espaço, próprio, íntimo e privado. 3) SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. Porto Alegre, Ed. Artmed, 1998. A obra de Solé traça uma importante reflexão sobre a importância da leitura e as possíveis estratégias para a interpretação e compreensão de textos. 51 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO ANOTAÇÕES 52 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO UNIDADE 4 OBJETIVOS Ao final desta unidade, o aluno será capaz de: • compreender a noção de texto. • entender a noção de tipo textual. • conhecer os tipos textuais. • compreender o que é um gênero textual. • diferenciar texto verbal e não verbal. 53 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO SUMÁRIO 4 DESENVOLVIMENTO Nesta unidade, dedicamos nosso estudo à noção de texto, importantíssima para o estudante que quer desenvolver e aperfeiçoar sua produção escrita. Será apresenta- da a definição de texto, bem como alguns conceitos relacionados a texto (contexto discursivo, discurso etc.). Além disso, é fundamental estudar os tipos textuais mais presentes no cotidiano e seu papel na constituição dos gêneros textuais. 4.1 CONCEITO DE TEXTO Texto – vem do latim texere (construir, tecer), cujo particípio passado textus também era usado como substantivo e significava ‘maneira de tecer’, ou ‘coisa tecida’, e, ain- da mais tarde, ‘estrutura’. Foi por volta do século XIV que a evolução semântica da palavra atingiu o sentido de ‘tecelagem ou estruturação de palavras’, ou ‘composição literária’, e passou a ser usado em inglês, proveniente do francês antigo texte (FER- REIRA, 2009). Tipos são formas de usar a linguagem que podem ser expressas nos textos. Podem ser cinco: narração, argumentação, exposição, descrição e injunção. Um gênero pode ter mais de um tipo em sua composição. Por exemplo, um artigo de opinião é mar- cadamente dissertativo, mas pode ter uma pequena história em sua constituição. A narração é o relato de fatos contados por um narrador, envolvendo personagens, localizadas em um tempo e em um espaço. Já a argumentação, também chamada de dissertação, é a expressão de opinião a respeito de um assunto. Exposição é a sim- ples menção de uma situação ou comentário. Descrição é o registro de característi- cas de objetos, de pessoas, de lugares. Injunção é a tentativa de convencer alguém a fazer algo. Os tipos de textos são articulados em gêneros textuais. Gêneros textuais são as for- mas básicas em que os textos circulam em sociedade, como cartas, reportagens, bulas, ofícios, notícias, contos, poemas, propagandas, e-mails, dentre outros. Os gêneros são infinitos, pois eles se definem pela função social. Marcuschi (2010, p. 54 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 23) descreve-os como “textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentem características sociocomunicativas definidas por conteúdos, pro- priedades funcionais, estilo e composição característica”. Compreendemos e agimos no mundo por meio de gêneros. Quando conversamos com amigos, lemos notícias, falamos em aplicativos, estamos manipulando gêneros textuais. Um texto é sempre verbal? Um texto pode ser formado apenas pela linguagem verbal (uma notícia) ou apenas pela linguagem não verbal (um desenho, uma pintura). Ainda, pode ser formado pelo cruzamento de mais de uma linguagem: verbal e não verbal (história em qua- drinhos). Um texto sempre será uma totalidade que tem sentido completo. Nessa perspectiva, um anúncio publicitário, uma notícia de jornal, uma frase pichada no muro, um artigo de opinião serão textos se tiverem sentido completo. O sentido completo só é possível se considerarmos todas as partes do texto. Outro ponto fundamental para o conceito de texto é o contexto. O que é contex-