Buscar

3- Lesões Celulares

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
 
 
 
LESÃO E MORTE CELULAR 
 A lesão celular ocorre quando as células 
são submetidas a um estímulo estressante 
tão excessivamente que não são mais 
capazes de se adaptar (ou quando são 
expostas a agentes lesivos ou por anomalias 
intrínsecas); 
 Esses estímulos lesivos afetam muitas 
vias metabólicas e organelas celulares, e 
isso pode fazer com que uma lesão 
reversível possa progredir para uma lesão 
irreversível e culminar em morte celular. 
LESÃO REVERSÍVEL 
 Nesse tipo de lesão, nos estágios iniciais 
ou nas formas de lesão leve, as alterações 
morfológicas e funcionais são reversíveis se 
o estímulo nocivo for removido; 
 Nesse estágio, embora já existam 
anomalias estruturais e funcionais 
significativas, a lesão ainda não avançou 
para um dano severo à membrana e 
dissolução nuclear. 
 
 
 
LESÃO IRREVERSÍVEL 
 Com a persistência do estímulo lesivo, a 
lesão reversível progride e se torna 
irreversível e, com o tempo, a célula não 
pode mais se recuperar e morre; 
 Existem 2 tipos de morte celular: a 
necrose e apoptose, que diferem uma da 
outra em suas morfologias, mecanismos e 
papéis na fisiologia e na doença; 
A) Necrose: quando o dano às membranas é 
acentuado, as enzimas dos lisossomos 
extravasam, entram no citoplasma e digerem 
a célula, resultando na necrose; 
 Os conteúdos celulares também 
extravasam através da membrana 
plasmática lesada, iniciando uma 
reação inflamatória no hospedeiro. 
B) Apoptose: quando a célula é privada de 
fatores de crescimento ou quando o DNA 
celular ou proteínas são danificadas sem 
reparo, a célula se suicida por apoptose; 
 A apoptose é caracterizada pela 
dissolução nuclear sem a perda da 
integridade da membrana. 
 Além disso, a apoptose, em certos 
papéis fisiológicos, não desencadeia 
uma resposta inflamatória. 
 Enquanto que a necrose representa 
sempre um processo patológico, a apoptose 
auxilia muitas funções normais e não está 
necessariamente associada à lesão celular 
patológica. 
OBS: A necrose é a principal via de morte 
celular em muitas lesões, como as que 
resultam de isquemia, exposição a toxinas, 
infecções e trauma. 
Lesões Celulares 
Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
 
CAUSAS DA LESÃO CELULAR 
 As causas da lesão celular podem variar 
desde um trauma físico grosseiro, como em 
um acidente de automóvel, até um defeito de 
um único gene; 
 A maioria dos estímulos nocivos pode ser 
agrupada nas seguintes categorias: 
PRIVAÇÃO DE OXIGÊNIO 
 A hipóxia (deficiência de oxigênio) 
interfere na respiração oxidativa aeróbica e 
constitui uma causa comum e importante de 
lesão e morte celular; 
 Hipóxia ≠ Isquemia (perda do suprimento 
sanguíneo devido ao impedimento do fluxo 
arterial ou à redução da drenagem venosa); 
OBS: A isquemia é a causa mais comum de 
hipóxia. 
AGENTES QUÍMICOS 
 Existe uma gama de substâncias químicas 
que podem lesar as células, como: 
a) Venenos; 
b) Álcool; 
c) Inseticidas; 
d) Intoxicação por CO. 
 Mesmo substâncias inócuas, como 
glicose, o sal e até mesmo a água, se 
absorvidas ou administradas em excesso, 
podem perturbar o ambiente osmótico, 
resultando em lesão e morte da célula. 
AGENTES INFECCIOSOS 
 Vários agentes infecciosos podem causar 
lesões celulares, dentre eles temos: vírus, 
bactérias, protozoários, fungos e outros. 
REAÇÕES IMUNOLÓGICAS 
 As reações imunes, além de proteger 
nosso organismo, também pode causar lesão 
à célula ou ao tecido (reações autoimunes e 
reações alérgicas). 
FATORES GENÉTICOS 
 Os defeitos genéticos causam lesão 
celular por causa da deficiência de proteínas 
funcionais, que acabam disparando a morte 
celular quando são irreparáveis; 
 Os polimorfismos (variações genéticas) 
podem influenciar na susceptibilidade das 
células a lesão por substâncias químicas e 
outras lesões ambientais. 
DESEQUILÍBRIOS NUTRICIONAIS 
 É a principal causa de lesão celular; 
 Deficiências nutricionais, por exemplo, 
proteico-calóricas e de vitaminas, assim 
como, o excesso nutricional, como a 
obesidade (que aumenta o risco da diabetes 
melito tipo 2), são causas importantes de 
morbidade e mortalidade. 
AGENTES FÍSICOS 
 Traumas, temperaturas elevadas, 
radiação, choque elétrico e outros podem 
causar efeitos profundos nas células. 
ENVELHECIMENTO 
 A senescência celular causa alterações 
nas habilidades replicativas e de reparo das 
células, o que leva à diminuição da 
capacidade de responder ao dano e, 
consequentemente, a morte das células. 
Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
MECANISMOS DA LESÃO CELULAR 
 Alguns princípios gerais são importantes 
para a maioria das formas de lesão celular: 
1) A resposta celular ao estímulo nocivo 
depende do tipo, da duração e da gravidade 
do estímulo; 
2) As consequências de um estímulo nocivo 
dependem do tipo, estado, adaptabilidade e 
fenótipo genético da célula lesada; 
3) A lesão celular resulta de alterações 
bioquímicas e funcionais em um ou mais dos 
vários componentes celulares essenciais. 
Sendo os alvos mais importantes dos 
estímulos nocivos: 
 As mitocôndrias e sua habilidade em 
gerar ATP e ERO; 
 Desequilíbrio na homeostasia do ca2+; 
 Danos às membranas celulares 
(plasmática e lisossômica); 
 Danos ao DNA e ao dobramento das 
proteínas. 
 
4) As várias alterações bioquímicas podem 
ser disparadas por qualquer lesão nociva. 
 A lesão celular ocorre por mecanismos 
distintos que envolvem: 
a) Redução da disponibilidade de 
oxigênio às células (Hipóxia e Anóxia); 
b) Radicais livres; 
c) Anormalidades em ácidos nucléicos 
(DNA e RNA) e proteínas; 
d) Resposta imunitária; 
e) Distúrbios metabólicos. 
HIPÓXIA E ANÓXIA 
- Hipóxia: Redução no fornecimento de O2; 
- Anóxia: Interrupção no fornecimento de O2; 
 Diversas lesões produzem obstrução 
vascular que acaba reduzindo o fluxo 
sanguíneo (isquemia parcial, com hipóxia) ou 
causa sua interrupção (isquemia total, com 
anóxia)  dependendo da intensidade e da 
duração do fenômeno e da suscetibilidade à 
privação de O2 e nutrientes, as células 
degeneram ou morrem; 
OBS: Agentes agressores que impedem a 
utilização de O2 na respiração celular 
provocam lesões semelhantes àquelas 
decorrentes da cessação de seu 
fornecimento por obstrução vascular. 
 Quando surge a hipóxia, as células 
modificam seu metabolismo no sentido de se 
adaptar a essa condição  se a capacidade 
adaptativa é ultrapassada, surgem lesões 
reversíveis ou irreversíveis; 
 Frente a hipóxia, as células procuram se 
adaptar mediante a mudança na maneira de 
utilizar energia. Essa adaptação promove: 
A) Aceleração do processo da glicólise; 
B) Aumento da captação da glicose; 
C) Inibição da gliconeogênese e da síntese 
de ácidos graxos, de triglicerídeos e de 
esteroides. 
 Lesões Reversíveis por Hipóxia: 
 A redução na síntese de ATP, não 
compensada por produção de energia via 
glicólise no citosol, leva ao surgimento de 
várias alterações (degenerações), como: 
A) Redução de bombas eletrolíticas 
dependentes de ATP, o que leva à retenção 
de Na+ no citosol, aumento da osmolaridade 
e expansão isosmótica do citoplasma (início 
da lesão chamada degeneração hidrópica); 
Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
B) Alteração da permeabilidade a outros 
íons, especialmente ao Ca2+, que saem dos 
depósitos (R.E.L e mitocôndrias) e alcançam 
o citosol, ativando proteínas cinases Ca2+ 
calmodulina-dependentes, as quais 
promovem a desestruturação do 
citoesqueleto; 
C) A oferta excessiva de acetil-CoA às 
mitocôndrias com cadeia respiratória 
parcialmente inativada, provoca acúmulo 
dessa molécula, o que favorece a síntese de 
ácidos graxos, podendo levar ao acúmulo de 
triglicerídeos sob a forma de pequenas gotas 
no citosol (Esteatose) – o acúmulo de 
triglicerídeos só não é mais intenso na 
hipóxia,porque uma resposta adaptativa 
precoce a hipóxia é a redução de genes para 
a síntese de ácidos graxos. 
OBS: As alterações moleculares descritas 
até aqui são reversíveis e chamadas de 
degenerações  quando a hipóxia é 
cessada, a célula recompõe a atividade 
metabólica, reajusta o equilíbrio hidroelétrico 
e volta ao aspecto normal. 
 Lesões Irreversíveis por Hipóxia: 
 Se a hipóxia persiste, as alterações que 
ela gera (perturbações eletrolíticas e na 
síntese de lipídios e proteínas) passam a 
agredir as membranas citoplasmáticas e de 
organelas, agravando progressivamente as 
condições da célula, fazendo com que a 
lesão torne-se irreversível e a célula morra; 
 Até o aparecimento de lesões irreversíveis 
é possível observar algumas modificações: 
A) As membranas celulares se alteram 
devido à perda de moléculas estruturais e 
pela incapacidade de repor os componentes 
perdidos (perda da capacidade de reacilação 
de fosfolipídeos)  o nível elevado de Ca
2+ 
no citosol ativa fosfolipases e aumenta a 
demolição dos lipídeos da membrana 
citoplasmática, que se torna mais fraca e 
passa a apresentar bolhas na superfície. 
OBS: Além da ativação das fosfolipases, o 
aumento de Ca2+ citosólico ativa: proteases 
(que clivam proteínas da membrana e do 
citoesqueleto), endonucleases (que 
fragmentam cromatina e DNA) e as 
trifosfatases de adenosina (ATPases). 
 
B) As membranas formam figuras em bainha 
de mielina, por demolição de partes das 
membranas do retículo endoplasmático; 
C) As modificações na membrana das 
mitocôndrias leva a expansão da matriz 
interna e o desaparecimento de cristas 
floculares, a lesão mitocondrial leva à 
abertura de poros permitindo a saída de íons, 
resultando em redução do potencial de 
membrana e consequente da fosforilação 
oxidativa; 
OBS: Se a alteração na permeabilidade 
mitocondrial se torna irreversível, cessam a 
atividade de ATPase e a síntese de ATP 
(essa alteração representa o ponto de não 
retorno). 
Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
 
D) Os lisossomos se tornam tumefeitos e 
perdem a capacidade de conter suas 
hidrolases, que são liberadas no citoplasma e 
iniciam a autólise (digestão dos componentes 
celulares que permite evidenciar que a célula 
morreu). 
 A lesão irreversível causada por 
hipóxia/anóxia mais grave é a necrose. A 
hipóxia moderada pode levar a apoptose em 
vez de induzir degeneração e/ou necrose, 
por causa do citocromo C e de outras 
proteínas mitocondriais ativadoras de 
caspases pelo aumento da permeabilidade 
mitocondrial. 
RADICAIS LIVRES 
 Os radicais livres são moléculas que 
apresentam um elétron não emparelhado no 
orbital externo, o que as torna, geralmente, 
muito reativas com outras moléculas (como 
lipídios, proteínas e ácidos nucleicos); 
 Os radicais livres surgem quando os 
elétrons do último orbital de um átomo ficam 
desemparelhados por ganho ou perda de um 
deles (reações de oxidorredução); 
 O oxigênio molecular (O2) é a principal 
fonte de radicais livres nas células (ERO); 
 Diversas agressões produzem lesões por 
liberar radicais livres: 
A) Substâncias químicas produzem radicais 
livres quando são metabolizadas nas células; 
B) Radiações ionizantes geram radicais livres 
ionizando a água; 
C) A fumaça do cigarro e alguns elementos 
oxidativos também contém radicais reativos. 
 Nas células, a principal fonte de radicais 
livres é a mitocôndria, oriundos dos 
processos oxidativos da respiração; 
OBS: Além da mitocôndria, também são 
formados no citosol, lisossomos, RE e 
membranas, pela ação de enzimas como o 
citocromo P-450 e xantina oxidade. 
 
 Os principais radicais livres são derivados 
do oxigênio (ERO): Ânion Superóxido (O2°) 
e Íon Hidroxila (OH°). O Óxido Nítrico (NO) 
também pode agir como radical livre (que 
pode reagir com o O2° para formar o 
Peroxinitrito, que também participa da lesão 
celular). Além do oxigênio, o Peróxido de 
Hidrogênio (H2O2) é oxidante e fonte 
importante de radicais livres. 
 
Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
 Os radicais livres produzem lesões 
celulares porque reagem com as proteínas, 
lipídios e ácidos nucleicos. Então, as 
espécies reativas do oxigênio causam lesão 
celular através de três principais reações: 
A) Peroxidação Lipídica das Membranas: 
a peroxidação em cadeia que ocorre quando 
um radical livre reage com lipídeos de 
membrana provoca uma lesão celular pela 
modificação estrutural das membranas 
celulares (a reação é autocatalítica, a 
molécula atacada torna-se ativa e forma uma 
cadeia de reações); 
B) Ligação Cruzada e Outras Alterações 
das Proteínas: a lesão celular pode surgir 
também pela modificação da conformação de 
proteínas inativando-a ou induzindo a sua 
degradação em proteossomos; 
C) Lesões do DNA: quando interage com o 
DNA podem formar adutos e causar quebras 
na molécula, favorecendo mutações. 
 
As células também desenvolveram vários 
mecanismos para a remoção de radicais 
livres (mecanismos antioxidantes) e, desse 
modo, minimizar a lesão. São alguns deles: 
a) Superóxido Dismutases (SODs)  
degrada O2
°; 
b) Glutationa Peroxidases (GSH)  
degrada H2O2; 
c) Catalase  degrada H2O2; 
d) Antioxidantes Endógenos ou Exógenos 
(ex: vitaminas E, A, C e o β-caroteno)  
podem bloquear a formação de radicais livres 
ou removê-los (uma vez já formados). 
 Até o momento, não há evidências que 
doses maciças de antioxidantes na dieta 
possam prevenir lesões por radicais livres. 
Tudo indica, no entanto, que a ingestão 
regular de antioxidantes naturais é benéfica e 
está associada a menor risco de doenças 
degenerativas, como aterosclerose. 
ALTERAÇÕES NO DNA E PROTEÍNAS 
 Por cumprirem funções tão essenciais às 
células, defeitos na quantidade e/ou na 
função de proteínas resultam em agressões 
variadas, como estresse oxidativo e por 
modificações na expressão gênica; 
 Dessa forma, alterações na quantidade ou 
na qualidade de proteínas são causas 
frequentes e importantes de lesões e 
doenças, como: 
a) Deficiências de uma enzima leva ao 
acúmulo do seu substrato, o que resulta em 
doenças de depósitos (ex. glicogenoses); 
b) Anormalidades em proteínas contráteis 
provocam doenças musculares; 
c) Defeitos em proteínas estruturais causam 
vários efeitos, inclusive morte do indivíduo; 
d) Alterações na expressão de proteínas do 
ciclo celular podem resultar em neoplasias. 
RESPOSTA IMUNITÁRIA 
 A resposta imunológica é o mecanismo de 
defesa mais importante que o organismo tem 
contra agentes infecciosos, além disso, ela 
Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
também faz parte do processo de reparo de 
lesões causadas pelos mais diferentes 
agentes agressores; 
 Como a resposta imunológica é capaz de 
destruir ou eliminar agentes vivos, ela é 
também causa muito comum de lesões e 
doenças, pois pode agredir células e tecidos 
normais; 
 Nas inflamações crônicas, como 
observado na tuberculose, a resposta 
imunológica contribui para a destruição 
tecidual e progressão da doença; 
 Uma ou outra forma de agressão pode 
ocorrer quando existe falhas nos 
mecanismos de tolerância imunológica e as 
células do sistema imune reconhecem 
antígenos próprios como estranhos, 
desencadeando uma resposta lesiva contra 
essas células. 
MORFOLOGIA DA LESÃO CELULAR 
 Todos os estresses e influências nocivas 
exercem seus efeitos, primeiro, em nível 
molecular ou bioquímico; 
 A função celular pode ser perdida antes 
que ocorra a morte celular, e as alterações 
morfológicas na lesão (ou morte) celular 
surgem posteriormente; 
 Os desarranjos celulares da lesão 
reversível podem ser reparados e, se o 
estímulo cessa, a célula retorna à sua 
normalidade. Entretanto, a lesão persistente 
ou excessiva faz com que as células passem 
do “ponto de não retorno” e progridam para 
uma lesão irreversível e mortecelular; 
 Embora não existam correlações 
morfológicas ou bioquímicas definitivas 
dessa irreversibilidade, dois fenômenos 
caracterizam essa irreversibilidade: 
a) A incapacidade de reverter a 
disfunção mitocondrial; 
b) Profundos distúrbios na função da 
membrana (plasmática e lisossômica). 
 
 Os diferentes estímulos nocivos induzem a 
morte por necrose ou por apoptose. 
LESÃO REVERSÍVEL 
 As duas principais características 
morfológicas da lesão celular reversível são: 
a) Tumefação Celular; 
b) Degeneração Gordurosa. 
 A tumefação celular é resultado da 
falência das bombas de íons dependentes de 
ATP na membrana plasmática, levando a 
uma incapacidade de manter a homeostasia 
iônica e líquida; 
 A degeneração gordurosa se manifesta 
pelo surgimento de vacúolos lipídicos, 
grandes ou pequenos, no citoplasma. 
OBS: Em algumas situações, lesões 
potencialmente nocivas induzem alterações 
específicas nas organelas celulares, como 
na hipertrofia do retículo endoplasmático liso 
em resposta a agente químicos. 
MORFOLOGIA DA NECROSE 
 A necrose é o tipo de morte celular que 
está associado à: 
a) Perda da integridade da membrana; 
b) Extravasamento do conteúdo celular. 
 Os conteúdos celulares que escapam 
sempre iniciam uma reação local no 
indivíduo, conhecida como inflamação 
Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
(eliminar as células mortas e iniciar o 
processo de reparo subsequente); 
 As enzimas responsáveis pela digestão da 
célula são derivadas dos lisossomos da 
própria célula que está morrendo ou dos 
lisossomos dos leucócitos que são 
recrutados como parte da reação inflamatória 
às células mortas. 
 Necrose significa morte celular ocorrida 
em organismo vivo e seguida de autólise. 
Quando a agressão é suficiente para 
interromper as funções vitais, os lisossomos 
perdem a capacidade de conter as hidrolases 
no seu interior e estas saem para o 
citoplasma, são ativadas pela alta 
concentração de Ca2+ no citoplasma e 
iniciam a autólise. É a partir da ação dessas 
enzimas que dependem as alterações 
morfológicas observadas após a morte 
celular. Após a necrose são liberadas 
alarminas que são reconhecidas em 
receptores celulares e desencadeiam a 
reação inflamatória; 
- A necrose é caracterizada por alterações no 
citoplasma e no núcleo das células lesadas: 
ALTERAÇÕES MICROSCÓPICAS 
 Muitos agentes lesivos podem produzir 
necrose. O aspecto macroscópico da morte 
celular varia de acordo com a causa que a 
provocou. Ao microscópio, as alterações 
morfológicas só podem ser observadas 
depois de algum tempo decorrido da morte, 
pois eles são resultado da autólise. O tempo 
decorrido para que estas alterações sejam 
visíveis dependerá do tipo de lesão; 
 Os principais achados microscópicos são: 
 Alterações Citoplasmáticas: 
 Aumento da eosinofilia (células com 
citoplasma rosa, corante eosina), devido a 
desnaturação das proteínas citoplasmáticas 
que se ligam a eosina, à perda do RNA 
citopasmático (gera perda de basofilia, 
coloração azul do corante hematoxilina). 
 Alterações Nucleares: 
 As alterações nucleares são todas 
causadas pela degradação da cromatina e 
DNA; 
A) Picnose: retração e adensamento do 
núcleo, com perda da individualidade dos 
grânulos de cromatina. Aumento da basofilia; 
B) Cariorrexe: fragmentação e dispersão do 
núcleo no citoplasma; 
C) Cariólise: coloração nuclear pálida e 
fraca, provavelmente devido à atividade da 
desoxirribonucleases (DNase), que promove 
a digestão da cromatina. 
 
PADRÕES DE NECROSE 
NECROSE POR COAGULAÇÃO: 
 Esse tipo de necrose é visto quando há 
uma isquemia ou hipóxia em qualquer tecido 
(exceto o tecido cerebral, que desenvolverá 
uma necrose por liquefação – por ser rico em 
lipídios, que não sofrem coagulação); 
 A necrose de coagulação é determinada 
pela desnaturação da maioria das proteínas 
celulares (inclusive autolíticas) devido à 
queda acentuada do pH celular durante o 
processo de lesão por hipóxia ou isquemia; 
 Com isso, o citoplasma celular se 
torna bastante eosinofílico e como a 
maioria das enzimas autolíticas foram 
desnaturadas, a célula não é destruída 
e a morfologia do tecido é mantida por 
alguns dias até a digestão e remoção 
necrótico por leucócitos. 
 Outra característica importante da necrose 
de coagulação é a perda do contorno celular 
das células (Cariólise, ou perda de basofilia 
nuclear) devido à quebra inespecífica do 
Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
DNA (provavelmente pela ação de uma 
DNase lisossômica)  Pode haver também, 
no mesmo tecido necrótico, células com 
núcleo muito condensado e basofílico (núcleo 
picnótico) ou células com núcleo picnótico e 
fragmentado (cariorréxis); 
 Resumindo, neste tipo de necrose temos: 
a) Manutenção da morfologia geral do tecido; 
b) Perda da nitidez dos elementos nucleares 
das células; 
c) Algumas células apresentando núcleo 
picnótico, ou seja, núcleos extremamente 
condensados e fortemente corados por 
hematoxilina (fortemente basófilos); 
d) Alguns núcleos picnótico fragmentados, 
tomando um aspecto granular. 
 
NECROSE GOMOSA 
 Trata-se de uma variedade de necrose por 
coagulação na qual o tecido necrosado 
assume aspecto compacto e elástico como 
borracha (Goma), ou fluido e viscoso como 
a goma-arábica; é encontrada na sífilis tardia. 
NECROSE DE LIQUEFAÇÃO 
 Essa necrose está associada à infecção 
por agentes biológicos (principalmente 
bactérias) a um tecido, ou no caso específico 
da lesão por isquemia ou hipóxia no tecido 
cerebral (fenômeno ainda não muito bem 
compreendido); 
 Em tecidos infectados, forma-se um 
processo inflamatório devido ao recrutamento 
de leucócitos para neutralizar os micro-
organismos. Neste caso pode haver lesão e 
morte celular mediada por toxinas 
bacterianas ou fúngicas ou então devido ao 
processo inflamatório, e como o tecido 
inflamado é rico em leucócitos as células 
mortas são rapidamente fagocitadas e 
digeridas. Em todo caso a digestão do tecido 
necrótico resultará na formação de uma 
massa residual amorfa, composta por pus 
limitado a uma região geralmente cavitária 
(abscesso); 
 Resumindo, neste tipo de necrose temos: 
a) Completa destruição da morfologia do 
tecido; 
b) Transformação do tecido em uma massa 
amorfa (por isso liquefação). 
 
NECROSE CASEOSA 
 O tecido necrótico adquire um aspecto 
morfológico macroscópico semelhante ao 
queijo, como indica a própria etimologia da 
palavra; 
 As áreas de caseificação se apresentam: 
a) Macroscopicamente: Como massas 
circunscritas, amarelas, secas e friáveis; 
b) Microscopicamente: A principal 
característica é a transformação das células 
necróticas em uma massa homogênea, 
acidófila, contendo núcleos picnóticos e, 
principalmente na periferia, núcleos 
fragmentados (Cariorrexe)  as células 
perdem totalmente os seus contornos e os 
detalhes estruturais. 
 Esse tipo de necrose é comum na 
tuberculose, mas pode ocorrer em outras 
Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
doenças, como a paracoccidiodomicose e em 
algumas infecções fúngicas. 
 
NECROSE FIBRINÓIDE 
 Refere-se a uma alteração dos vasos 
sanguíneos lesados, nos quais o exsudato e 
o acúmulo de proteínas plasmáticas fazem 
com que a parede se core intensamente com 
eosina  Neste tipo, o tecido adquire um 
aspecto hialino, acidófilo, semelhante a 
fibrina. 
 
ESTEATONECROSE OU NECROSE 
GORDUROSA 
 Também denominada necrose enzimática 
do tecido adiposo, é uma forma de necrose 
que compromete adipócitos; 
 Trata-se da necrose encontrada 
tipicamente na pancreatite aguda necro-
hemorrágica, que resulta do extravasamento 
de enzimas ácinos pancreáticos destruídos; 
 Por ação de lipases sobre os 
triglicerídeos, os ácidos graxos liberados 
sofrem processo de saponificação pois 
reagem com sais alcalinos (Ca2+), originandodepósitos esbranquiçados ou machas com 
aspecto mascroscópico de pingo de vela. 
 
OBS: Os próprios ácidos graxos e as 
enzimas pancreáticas são lesivos às células 
vizinhas intactas, favorecendo a 
disseminação da necrose. 
APOPTOSE 
 A apoptose é a via de morte celular 
programada e controlada intracelularmente, 
através da ativação de enzimas que 
degradam o DNA nuclear e as proteínas 
citoplasmáticas; 
 A membrana celular permanece intacta (o 
que difere bastante das situações de 
necrose), com alteração estrutural para que a 
célula seja reconhecida como um alvo 
fagocitário; 
OBS: A célula é eliminada rapidamente, de 
maneira que não dá tempo de o seu 
conteúdo extravasar, evitando processos 
inflamatórios, como na necrose. 
 A apoptose acontece tanto em eventos 
patológicos como em eventos fisiológicos; 
 São exemplos de apoptose fisiológica: 
a) Morte de células nos processos embrionários; 
b) Involução dependente de hormônios (adultos); 
c) Eliminação de linfócitos auto-reativos danosos; 
Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
d) Eliminação celular em populações celulares 
em proliferação. 
 A apoptose patológica ocorre 
principalmente: 
a) Na presença de vírus; 
b) Estímulos nocivos (radiação e drogas 
citotóxicas anticancerosas); 
c) Atrofia patológica dos órgãos e tumores. 
 A degradação intracelular de proteínas 
ocorre por meio de enzimas denominadas 
caspases, outrora inativas  essas enzimas 
clivam muitas proteínas nucleares vitais e do 
citoesqueleto, além de ativarem DNases; 
 A apoptose pode acontecer: (1) Após a 
privação de fatores de crescimento; (2) 
Mediada por danos ao DNA; (3) Induzida 
pela família de receptores do Fator de 
Necrose Tumoral (TNF) ou mediada pelo 
linfócito T citotóxico. 
MORFOLOGIA DA APOPTOSE 
 Morfologicamente, as células apoptóticas 
apresentam: 
A) Encolhimento celular (citoplasma denso e 
organelas mais agrupadas); 
B) Condensação da cromatina (a cromatina 
se agrega na periferia do núcleo, em massas 
densas de várias formas e tamanhos  o 
próprio núcleo pode se romper em dois ou 
mais fragmentos); 
C) Formação de bolhas citoplasmáticas; 
D) Formação de corpos apoptóticos. 
 Posteriormente, ocorre a fagocitose das 
células ou corpos apoptóticos por 
macrófagos, principalmente  Com isso, as 
células saudáveis migram e proliferam. 
VIAS APOPTÓTICAS 
 A apoptose pode ocorrer por duas vias, 
uma Intrínseca e outra Extrínseca; 
VIA INTRÍNSECA OU MITOCONDRIAL 
 A via intrínseca ou mitocondrial ocorre 
quando há retirada de fatores de crescimento 
ou de hormônios, ou quando acontece lesão 
ao DNA (por radiação, toxinas ou radicais 
livres); 
 Essa via é regulada por membros da 
família Bcl-2, ativando moléculas pró-
apoptóticas, como o citocromo C. Além disso, 
há a participação do gene supressor p53; 
 Tudo isso culmina na ativação das 
caspases iniciadoras e efetoras, 
levando às alterações celulares e à 
morte. 
VIA EXTRÍNSECA 
 A via extrínseca acontece por meio da 
interação receptor-ligante, como, por 
exemplo, o Faz e o receptor de TNF; 
 Isso ativa uma cascata de proteínas 
adaptadoras, que também culminará 
na ativação das caspases. 
OBS: A apoptose e necrose podem ocorrer 
simultaneamente e compartilhar mecanismos 
e características. 
 
REFERÊNCIAS 
 FILHO, G. S. Bogliolo patologia. 9. ed. 
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 
 KUMAR, V. et. al. Robbins patologia 
básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

Continue navegando