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AULA 5 – SEDAÇÃO E ANESTESIA DANIELA FRANCO SEDAÇÃO A sedação é representada por estágios progressivos que vão de leve a anestesia geral. • Sedação mínima (anisiólise): estado induzido por meio de medicação no qual os pacientes respondem normalmente aos comandos verbais. Embora a função cognitiva e a coordenação possam estar prejudicadas, as funções ventilatórias e cardiovasculares não são afetadas. • Sedação moderadas: “sedação consciente” é um estado de depressão da consciência induzido por medicamentos, no qual o paciente responde de forma proposital aos comandos verbais, isolados ou acompanhados de estímulos táteis leves. Nenhuma intervenção é necessária para manter a potência da via aérea e a ventilação espontânea é adequada e a função cardiovascular é mantida. • Sedação profunda: é uma depressão da consciência induzida por medicamentos na qual os pacientes não podem ser facilmente acordados, mas respondem aos estímulos repetidos ou dolorosos. A habilidade de manter função ventilatória de forma independente pode estar prejudicada. Pacientes podem necessitar de assistência para manter patência das vias aéreas e a ventilação espontânea pode estar inadequada. A função cardiovascular, de forma geral, está mantida. • Anestesia geral: é um estado de perda da consciência induzido por medicamentos durante o qual os pacientes não são despertados, mesmo com estímulos dolorosos. A habilidade de manter a função ventilatória está prejudicada e geralmente os pacientes necessitam de assistência para manter a via aérea prévia. A função cardiovascular pode estar prejudicada. AVALIAÇÃO PRÉ SEDAÇÃO A ASA recomenda a classificação dos pacientes em seis categorias, de acordo com a saúde basal que se encontra. ASA I e II são candidatos a sedação mínima, modera ou profunda ASA III e IV: pacientes com necessidades especiais ou com anomalias anatômicas de vias aéreas, requerem considerações adicionais no que implica sedação moderada ou profunda. BENZODIAZEPÍNICOS Terceira classe de drogas mais prescrita no Brasil. São indicados para tratamento de ansiedade (ansiolíticos), insônia e crises convulsivas. PRINCIPAIS EFEITOS: ansiolíticos, sedativo/hipnótico e anticonvulsivante. • No tratamento de epilepsia são indicados nas crises agudas (Diazepam). • Usados também em abstinência alcoólica, agitação psicomotora, tensão muscular, e para provocar amnesia anterógrada em procedimentos invasivos. • São utilizados pra insônia, procedimentos médicos que necessitam sedação (cirurgias, endoscopia digestiva alta e colonoscopia) OBS: Os BZD nem sempre são a primeira escolha, mas devem ser indicados quando houver falha terapêutica de outro hipnótico, contra indicação ou mesmo indisponibilidade de uso de outras substancias. MECANISMO DE AÇÃO: São hipnóticos, inibem SNC através de efeito inibitório, ligam-se aos receptores GABA pós sinápticos e aumentam a permeabilidade a íons, ocasionando estabilização da membrana neuronal, potencializando o efeito inibitório do SNC. Sua metabolização é hepática e a eliminação é renal. Seus EFEITOS FARMACOLÓGICOS são sedação, hipnose e redução da ansiedade. Além de amnésia, relaxamento muscular e anticonvulsivante. OBS: não tem efeito analgésico, podem ser usados junto com opioides para tal efeito. Apresentam variações na farmacocinética, absorção e excreção, são rapidamente absorvidos, independente da via e administração pois é bastante lipossolúvel. Essa característica confere ainda extensa distribuição pelos tecidos, em sua maioria assim como seus metabólitos, possuem alta ligação a proteínas, e apresentam fácil travessia pela barreia hematoencefálica. Além disso, eles ainda ultrapassam a barreira placentária e são excretados pelo leite materno. As mais utilizadas é Diazepam e o Midazolam (EV). O O Diazepam é rapidamente absorvido, atingindo pico em 1 hora nos adultos e 15 a 30 minutos nas crianças, já o clonazepam apresentam absorção bastante lente após a administração oral, levando a várias horas para atingir seu pico. O alorazolam e o lorazepam possuem velocidades intermediárias de absorção. MIDAZOLAM É mais usado em emergência, pois tem rápida ação, a curta duração e a grande variedade de vias de administração. O Midazolam é metabolizado pelo citocromo p450, portanto o efeito de primeira passagem deve ser considerado como dependente da via de administração. Além disso, sua metabolização pode ser comprometida na presença de processos inflamatórios, hipoxemia ou uso de outras drogas metabolizadas pela mesma via. Sua eliminação é 80% por via renal, deve ser administrado com cautela em pacientes com hepatopatias e nefropatas. Vias: oral, retal, intranasal, intramuscular e intravenosa. 5mg/ml pode ser usado em qualquer via de administração, porém tem efeito irritativo nas mucosas. Devido o efeito depressor do SNC, os benzodiazepínicos podem ter interação farmacológica perigosa quando há associação com outros fármacos que aumentam o efeito de sedação e podem levar a depressão respiratória, como os barbitúricos, os antidepressivos tricíclicos, os tetracíclicos, os antagonistas dos receptores da dopamina, os opioides e os anti-histamínicos. Efeitos colaterais: sonolência, falta de memória, diminuição da atividade psicomotora, entre outros que são mais comuns em doses normais de uso, sendo necessária uma atenção maior com o uso de BDZ em idosos, pois estes estão mais susceptíveis aos efeitos colaterais por conta de suas alterações fisiológicas. O uso prolongado pode causar efeitos colaterais graves como perda da memória e da função cognitiva e desequilíbrio. Devem ser usados durante 2 a 4 meses, não podendo exceder este período, pois o paciente pode ficar no estado de dependência da sua ação e tornando a dosagem ineficiente, tendo que dobrar a quantidade do medicamento. Além desses efeitos, quando administrado EV, podemos ter hipotensão, depressão respiratória (quando associado a outras medicamento tem maior risco) e feito paradoxal. O Midazolam reduz a resistência vascular periférica e a ação do sistema nervoso simpático, o que diminui o débito cardíaco, com implicação principalmente em pacientes hipovolêmicos ou naqueles com cardiopatias. A depressão respiratória é dose dependente. No uso combinado com opioides, há maior risco de hipotensão e depressão respiratória. FLUMAZENIL: é um antagonista de receptor GABA que pode rapidamente reverter os efeitos dos BZD e é efeito apenas intravenoso. Seu início de ação é rápido e duas duração é curta. Administrações frequentes podem ser necessárias para manter a reversão dos BZD de longa ação tendo efeitos adversos mais comuns a tonturas, náuseas, emese e agitação. Tem tropismo central, mostrando mínima atividade anticonvulsivante, não induz a sonolência nem a relaxamento muscular, apresenta a propriedade de bloquear os efeitos dos BZD, mas não dos demais depressores do sistema nervoso central. Pode ser empregado como agente diagnóstico diferencial em caso de intoxicação em que não se conhece a natureza do agente intoxicante. OPIÓIDES Modulam a percepção cortical da dor. Agem através da ligação a receptores centrais e periféricos, causam hiperpolarização celular, diminuem a liberação de neurotransmissores. Sua principal indicação é para alívio da dor moderada a grave. Auxiliam na sedação, pois propiciam analgesia, no geral não causam amnésia. Morfina e Fentanil são os mais usados. MORFINA: é opioide com início de ação 5 – 10 min e duração prolongada (120-180). Uso recorrente na prática clínica no alívio da dor intensa aguda ou crônica. A metabolização da morfina é hepática e extra-hepática, os metabólitos são excretados na urina. A variabilidade de duração de morfina é alta, o que torna difícil prever a duração dos efeitos. Estimula a liberação de quantidades significativas de histamina e inibe respostas simpáticascompensatórias. Esse efeito pode causar bronco constrição e ser deletério em asmáticos. Efeitos colaterais: A vasodilatação produzida pela histamina pode resultar em hipotensão se tiver infusão rápida. O principal efeito colateral é gastrointestinal, como, náuseas e vômitos. Pode ter aumento do tônus e redução da motilidade gastrointestinal. A descontinuação da infusão de morfina está associada a fenômenos de abstinência. Os sinais e sintomas incluem dilatação pupilar, lacrimejamento, sudorese, arrepios na pele, hipertensão, febre, vômitos, dor abdominal, diarreia, dores musculares e articulares, e alterações comportamentais. FENTANIL: opioide sintética, com potencia analgésica maior que a morfina, é altamente lipossolúvel, o que explica seu rápido início de ação. Bastante usado em idosos e em cuidados paliativos. Tem meia-vida de 1 a 4 horas na administração intermitente e de 21 horas após a infusão contínua prolongada. O metabolismo ocorre quase exclusivamente pelo fígado, não tem metabólitos ativos e pequena fração é excretada inalterada na urina. O Fentanil pode causar comprometimento hemodinâmico através da redução do débito cardíaco induzido pela bradicardia. Depressão respiratória é efeito colateral presente e está relacionada a dose empregada, maior a dose maior a depressão. A vantagens potencial do Fentanil em ralação a morfina: início de ação rápido, meia vida mais curta e o fato de não causar liberação de histamina, apresenta pouca náusea, vômitos e prurido generalizado. Além disso, não há reação cruzada com alergia a morfina. NALOXONE é antagonista de receptor opioide. As vias de administração mais usadas são intravenosas e intramusculares. A dosagem varia de acordo com o efeito desejado, ou seja, redução parcial do efeito dos opioides ou reversão completa. As doses podem ser repetidas a cada dois minutos, caso o efeito esperado não seja obtido, ou a reversão tenha sido transitória, já que a meia vida do naloxone é menor do que a dos opioides. Efeitos colaterais possíveis são náuseas, ansiedade, estimulação simpática, hipertensão, taquicardia, edema pulmonar e retorno da dor. CETAMINA É um agente anestésico que atua no receptor do N-metil-D- aspartato-glutamato, fundamentais para a sinalização da dor, desconecta os sistemas límbico e tálamo-cortical, dissocia o sistema nervos centras de estímulos esternos. Permite analgesia potente, sedação e amnésia, mantém a patência das vias aéreas, seus estímulos protetores e a estabilização cardiovascular. Indicação: É amplamente usada em procedimentos dolorosos de curta duração. Tem metabolismo hepático e excreção predominantemente urinária. É tipicamente administrada por via intravenosa ou intramuscular. Efeitos colaterais: A cetamina pode causar laringoespasmo e apneia transitória, hipersalivação, vômitos e agitação na recuperação. Inibe a recaptação de catecolaminas, que resulta em aumento da pressão arterial, frequência cardíaca e débito cardíaco. Uso da cetamina deve ser evitado em paciente cardiopatas, com patologias pulmonares ativas e anomalias do SNC. PROPOFOL É um agente sedativo hipnótico com propriedades anestésicas de ação rápida curta, que exerce sua ação pela ativação do GABA, um neurotransmissor inibitório. Indicação: Pode ser usado para procedimentos breves, associado ou não a agentes analgésicos, como Fentanil e cetamina. O metabolismo é hepático e a excreção é urinária em sua maioria. A administração é exclusivamente intravenosa. Efeitos colaterais: cardiovasculares, como hipotensão. Essa se deve a vasodilatação arterial pela diminuição do tônus simpático, mas também por afetar a contratilidade miocardia e o débito cardíaco. A apneia e a obstrução de vias aéreas é frequente, mesmo com doses habituais, já que deprime o SNC. Contraindicação: pacientes com alergia a ovo e soja. Hipotensão. ETOMIDATO É um derivado de imidazólico usado como agente sedativo- hipnótico de ação rápida que se liga a receptores GABA no SNC. Indicações: Comumente usados na sequência rápida de intubação, pode ser empregado em procedimentos de curta duração e em procedimentos dolorosos associados a uma droga analgésica. Tem pouca repercussão hemodinâmica e os efeitos respiratórios são raros. Trata-se de uma droga altamente lipofílica, com metabolismo hepático e excreção urinária. Tem administração exclusivamente intravenosa. A indicação da analgesia e sedação para tais procedimentos devem ocorrer após avaliação criteriosa do paciente, considerar a finalidade, os riscos e os benefícios associados ao procedimento e ao uso de medicações. Deve-se levar em consideração a idade e o estado de saúde do paciente. O emprego de protocolos para esse fim deve orientar o profissional na escolha da medicação, do material adequado e na avaliação dos critérios de alta e garantir qualidade na assistência. ESCALA DE RAMSAY ESCALA DE RASS ANESTESIA PERIDURAL É um tipo de anestesia neuroaxial. Anestésico local (AE) é injetado no espaço peridural para anestesiar as raízes nervosas do nervo espinhal que atravessam o espaço. É usada em procedimentos abdominais, pélvicos e de membros inferiores. Pode ser usado para complementar a anestesia geral para procedimentos torácico, abdominais e pélvicos e para analgesia pós-operatório. A técnica usual envolve a localização de um cateter no espaço epidural. A solução de AE e os adjuvantes são administrados através do cateter, tanto para iniciar quanto para manter a anestesia durante o procedimento cirúrgico. A raquianestesia é geralmente administrada como uma punica injeção, enquanto a peridural é geralmente administrada por um cateter (portanto, é uma técnica contínua). RAQUIANESTESIA Utilizadas em cirurgias infraumbilicais e de membros inferiores, como cirurgias ortopédicas, ginecológicas, urológicas e abdome inferior. Contraindicação: recusa do paciente, infecção em sítio anatômico, coagulopatias, pressão intracraniana elevada, hipovolemia e duração não estimada de procedimentos cirúrgicos. Cefaleia pós - raqui: a raquianestesia consiste na passagem de uma agulha pela parede do saco dural, chegando ao espaço subaracnóideo, onde se encontra o líquido cefalorraquidiano. Em algumas ocasiões, a perfuração da meninge pode levar a importante crise de cefaleia condicionada ao ortostatismo. USO ABSUIVO DE OPIÓIDES O uso de substancias psicotrópicas pode levar a anormalidades do funcionamento cerebral, com desenvolvimento de dependência química, compulsão e síndrome de abstinência. O aumento de dopamina no sistema mesolímbico desencadeado pelo uso de opioides, com consequente aumento da transmissão dopaminérgica é considerado primordial para desenvolvimento de dependência. • Tolerância: é definida como aumento da dose necessária para obter os efeitos anteriores, ou redução dos efeitos desejados com a mesma dose. • Abuso: é o uso de substancia psicoativas de maneira imprópria para as convenções psicossociais. • Síndrome de abstinência: fenômenos fisiológicos, comportamentais e cognitivos, de intensidade variável, em que o uso de psicoativos assumi uma prioridade. • Dependência química: dependência física ou psicológica para uma ou mais substancias. É uma adaptação a presença contínua do fármaco no organismo, manifestando a síndrome de abstinência com a sua retirada abrupta, diminuição da dose ou utilização de antagonista. • Dependência psicológica: é a necessidade de substancia para efeito positivo ou evitar sintomas de abstinência. • Vicio: perda de controle e uso compulsivo, apesar dos efeitos adversos. • Pseudo dependência: é o que ocorre com tratamento da dor com doses baixas de opioides, levando o paciente a relatar dor mesmo estando sob medicação. QUESTÕES
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