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INTRODUÇÃO
Há por trás de uma construção todo um discurso, pensando um pouco na filosofia de Foucault, pode haver um discurso de poder por trás de determinada materialização, ou até pensando no filósofo russo Bakhtin, há um enunciado, uma situação extra verbal por trás de tal coisa que afirma para nós, consumidores visuais, um determinado passado.
Analisando esses dois vieses, imaginemos uma situação: se chegarmos a uma cidadezinha do interior do Brasil e houver uma estátua que retrata uma pessoa, podemos deduzir que essa pessoa retratada interferiu em algum momento da história daquela cidade e mereceu uma estátua para ser lembrado. Podemos dizer que a figura dessa pessoa é aclamada, ou não, pelos moradores da cidade que sabem de sua história e do seu feito e que acabam passando, por meio da oralidade, de geração em geração para que essa pessoa seja lembrada. Além do ser lembrado, a análise vai além desse aspecto, se gera um debate sobre o que foi realizado antes na história para que se fosse construído uma memória, o porquê de estar em determinado lugar e não em outro. Se tem, como Bakhtin destaca, uma situação extra verbal, um discurso. 
E, com o auxílio de políticas públicas e órgãos responsáveis pela área de preservação, podemos resgatar a importância artística e documental dessas construções e, pelo fato de se conseguir um meio de trasladar a posse da propriedade privada para a esfera pública, criando assim espaços públicos como museus para visitações, oficinas. Preservando e dando o espaço outra significação em sua contemporaneidade, podemos gerar pesquisas e, sobretudo, e mais importante obter a memória da história daquele contexto em que o patrimônio está inserido.
A Casa do Bandeirante ou Casa do Butantã, é hoje um dos exemplares típicos das habitações rurais paulistas da época colonial. Localizada predominantemente junto à bacia de dois rios: o Tietê e o seu afluente Pinheiros.
Neste conjunto remanescente, identificado a partir da década de 30 em princípio por Mario de Andrade e depois por Luis Saia, esta casa representa um raro exemplar de edificação que acompanha as mudanças da cidade de São Paulo desde os primeiros séculos da colonização portuguesa, evidenciando em seu partido arquitetônico e em suas paredes a memória dos processos construtivos da arquitetura colonial paulista, em especial da taipa de pilão.
A história do Butantã, região onde a casa se encontra, remonta ao ano de 1566, quando foi concedida uma sesmaria a Jorge Moreira e Garcia Rodrigues, na paragem conhecida como Uvatantan. Em 1602 há registros dessa propriedade como pertencente a Afonso Sardinha, com o nome de Ubatatá, termo tupi que significa "terra dura". Posteriormente foi feita a doação de seus bens à Capela de Nossa Senhora das Graças da ordem dos jesuítas.
Com a expulsão dos jesuítas em 1759, a área foi a leilão e pertenceu a vários proprietários, tendo sido adquirida por Eugênio Vieira de Medeiros em 1875, sendo conhecida na época com o nome de "Rio Abaixo dos Pinheiros". A Cia. City de São Paulo, comprou o imóvel em 1912 e doou à municipalidade, em 1944, a área que incluía a edificação conhecida então como a "Casa Velha do Butantã". Após a doação o imóvel permaneceu sem definição de uso até o início dos anos 50.
Foto do lado externo da casa
CASAS BANDEIRISTAS
As casas bandeiristas, que foram construídas entre os séculos XVII e XVIII, eram construções rurais com extensa planta e área de uso que serviam para receber os viajantes que passavam pelos caminhos em direção ao sertão em busca de escravos e riquezas. Dispunham de vários quartos para os hóspedes, uma sala bem ampla, cozinha, banheiro, possuíam uma capela – modelo de construção cristã – para que se evitasse a ida à cidade, pois a violência dos nativos era intensa. Se tinham o alpendre que, segundo Luis Saia, tinha a função de segregar as pessoas que frequentavam o ambiente. Os telhados eram de quatro abas e se tinha o uso da técnica da taipa de pilão. E uma planta retangular. Esses são os principais elementos que compunham uma casa bandeirista.
Com o passar dos séculos, diversas modificações vão sendo feitas, por influências principalmente mineiras, nas casas bandeiristas. Com isso, segundo Saia, a partir do século XVIII, a arquitetura começa a mudar e um dos motivos dessa mudança, seria o fim da mineração em Minas Gerais. O bandeirismo diminuiu e isso ocasionou mudanças na sociedade da época.
A CASA DO BANDEIRANTE OU CASA DO BUTANTÃ
A Casa do Bandeirante é considerada um dos exemplos mais fiéis do padrão de vida dos bandeiristas e fazendeiros paulistas desse período. Esta casa retangular de 17,70 x 20,20 m é composta por doze cômodos, cada um com seu próprio uso determinado. Há dois alpendres: um na frente, outro nos fundos. O da frente possuí uma mureta de um metro de altura. No alpendre, a porta central dá para a sala que liga os quartos principais. Outra ao centro liga com a sala de jantar, localizada perto de dois quartos, sendo um possivelmente usado para os trabalhos domésticos, abrigando tear de tecidos, tear de redes, dobadoura, roda de fiar, etc. A do meio se comunica com o alpendre de serviço, que dá acesso ao quarto onde se guardavam os arreios, canastras e que também servia de oficina para reparos. 
Do outro lado estava o quarto onde se guardavam os mantimentos e a água para o consumo diário. Uma das portas dão acesso à capela, onde eram celebradas as missas e novenas. Os quartos de dormir eram todos forrados com tábuas largas, de canela preta. Os fogões ultimamente não eram usados nas residências rurais paulistas do século XVII e grande parte do século XVIII. Na “Casa do Bandeirante”, também não foram encontrados vestígios dele. Deduz-se que o habito dos indígenas de cozinhar ao ar livre, sobre pedras, havia sido adotado pelos paulistas. Na casa, provavelmente cozinhavam na varanda do lado de trás da casa, que dava acesso ao jardim traseiro, até pela quantidade de fumaça que saía.
Planta da casa
Já o telhado da casa é largo e inclinado nas pontas, para assim facilitar a queda da água e galhos na chuva. Com telhas de canal, seu material torna a casa vulnerável a frentes frias e ventos, por possuir uma entrada fácil. Por fim, o piso é feito de terra batida, técnica de construção muito usada na época.
Detalhe do telhado de quatro abas
A altura dessas paredes chega a 5,50 m de altura e 50 cm de espessura. A estrutura geral da casa é bastante peculiar: constituída por dois anéis retangulares de paredes, sendo o primeiro mais central, os limites das duas salas de distribuição. O outro anel constitui os limites externos da casa, interrompendo-se nas duas varandas, com altura média de 3,80 m. As outras paredes serviram apenas como ligação e contraventamento dos anéis. A técnica usada para a construção das paredes é a técnica da taipa de pilão. Técnica africana que foi usada nas casas da época, principalmente as casas bandeiristas. A taipa de pilão consistia na utilização de barro socado com dejetos para dar liga e quando colocados horizontalmente e pilava-os, se criavam paredes bastante resistentes.
Detalhe da parede de taipa de pilão
ESTADO ATUAL
Em 1953, a Comissão do IV Centenário de São Paulo torna-se responsável pela casa promovendo sua restauração, realizada pelo arquiteto Luís Saia e nela instalando a partir de 30 de outubro de 1955, um museu evocativo da época das bandeiras, com acervo próprio, a partir do recolhimento de móveis, utensílios e outros objetos históricos no interior de São Paulo, Minas Gerais e Vale do Paraíba. 
Acumulando simbolicamente ao longo dos anos identidades diversas, a Casa do Bandeirante está incluída, em caráter permanente, nos roteiros turísticos históricos da cidade, ícone de um passado histórico idealizado, espaço de crítica e contextualização de mitos e documento arquitetônico preservado. 
Com isso, podemos aludir à Bernard Lepetit em que o espaço sofreu um traço dos agentes sociais contemporâneos e acabou ganhando uma nova significação e coesão com o contexto atual.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAShttp://www.museudacidade.sp.gov.br/casadobandeirante.php
Luís Saia – Morada Paulista, ed. 1972. PERSPECTIVA

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