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Soldador 1 - Via Rápida

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g o v e r n o d o e s ta d o d e s ã o pa u l o
1
Soldador
1
 
Soldador
m e t a l u r g i a
emprego
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Geraldo Alckmin
Governador
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Rodrigo Garcia
Secretário
Nelson Baeta Neves Filho
Secretário-Adjunto
Maria Cristina Lopes Victorino
Chefe de Gabinete
Ernesto Masselani Neto 
Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante
Coordenação do Projeto
CETTPro/SDECT 
Juan Carlos Dans Sanchez
Fundação do Desenvolvimento 
Administrativo – Fundap 
José Lucas Cordeiro
Apoio Técnico à Coordenação
Fundação do Desenvolvimento 
Administrativo – Fundap 
Laís Schalch
Apoio à Produção
Fundação do Desenvolvimento 
Administrativo – Fundap 
Ana Paula Alves de Lavos
Emily Hozokawa Dias
Isabel da Costa M. N. de Araújo
José Lucas Cordeiro
Karina Satomi
Laís Schalch
Maria Helena de Castro Lima
Selma Venco
CETTPro/SDECT 
Bianca Briguglio
Cibele Rodrigues Silva
Textos de referência
Edison Marcelo Serbino
Irineu de Souza Barros
Luiz Cláudio Paula
Marcos Antonio Batalha
FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETA
Presidente 
João Sayad
Vice-Presidentes 
Ronaldo Bianchi
Fernando Vieira de Mello
Diretoria de Projetos Educacionais
Diretor 
Fernando José de Almeida
Gerentes 
Monica Gardelli Franco
Júlio Moreno
Coordenação técnica 
Maria Helena Soares de Souza
Equipe Editorial
Gerência editorial 
Rogério Eduardo Alves
Produção editorial 
Janaina Chervezan da Costa Cardoso
Edição de texto 
Lígia Marques
Marcelo Alencar
Revisão 
Conexão Editorial
Identidade visual 
João Baptista da Costa Aguiar
Arte e diagramação 
Paola Nogueira
Pesquisa iconográfica 
Elisa Rojas
Eveline Duarte
Ilustrações 
Bira Dantas
Luiz Fernando Martini
Consultoria 
Marcos Antonio Batalha
Agradecemos aos seguintes profissionais e instituições que colaboraram na produção deste material:
Carla Cruz Dos Santos, Empresa Servimig, Empresa Signo Arte, Empresa Starrett, Fundição TUPY S.A., Graziele da 
Silva Santos, Grupo Voith, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Neise Nogueira, Valdemar Carmelito dos Santos. 
Secretaria de deSenvolvimento
econômico, ciência e tecnologia
Caro(a) Trabalhador(a)
Estamos felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do Programa 
Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto é importante a capacitação profissional 
para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir o seu próprio 
negócio.
Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo 
desempregado.
Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se manter atualizados ou 
quem sabe exercer novas profissões com salários mais atraentes. 
Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego. 
O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência 
e Tecnologia, em parceria com instituições conceituadas na área da educação profis-
sional.
Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para 
facilitar o aprendizado de maneira rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores 
experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho 
e excelentes cidadãos para a sociedade.
Temos certeza de que iremos lhe proporcionar muito mais que uma formação 
profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a 
realização de sonhos ainda maiores.
 
Boa sorte e um ótimo curso!
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, 
Ciência e Tecnologia
Caro(a) Trabalhador(a)
Aqui começa seu caminho para um novo aprendizado. Um aprendizado que precisa 
ser ampliado. Sabe por quê?
Porque no mundo de hoje não é suficiente conhecer as técnicas e os procedimentos 
necessários ao desempenho da função de soldador.
Também é preciso, por exemplo, saber como você pode melhorar sua busca por um 
novo emprego e perceber que o campo de atuação de um profissional da área não se 
restringe ao ambiente industrial. Para isso, é necessário dominar muito mais do que 
os aspectos técnicos da ocupação.
O ponto de vista do Via Rápida Emprego da Secretaria de Desenvolvimento Eco-
nômico, Ciência e Tecnologia do Governo de São Paulo é o de que o profissional, 
para iniciar sua carreira ou aperfeiçoar aquilo que já sabe, deve conhecer as técnicas, 
mas também precisa se diferenciar em alguns aspectos, para ter mais chances na 
obtenção de um emprego ou conseguir trabalhar por conta própria.
Nesta publicação, você vai conhecer as várias facetas da ocupação de soldador. Onde 
ele atua? O que precisa conhecer para desempenhar melhor seu trabalho? Como este 
ofício surgiu? Questões assim serão discutidas ao longo do curso.
Você vai, também, conhecer a evolução histórica da metalurgia e descobrir a impor-
tância do setor nas lutas pela Independência do Brasil no século 18 (XVIII) e, mais 
recentemente, pela redemocratização do país.
Como você vê, nosso curso será cheio de novidades para que sua formação seja a 
mais completa possível.
Vamos ao estudo!
Sum á ri o
Unidade 1
9
a história da metalurgia
Unidade 2
37
a profissão de soldador
Unidade 3
67
o setor metalúrgico
dados internacionais de catalogação na publicação (cip) 
(bibliotecária silvia marques crb 8/7377)
P964
Programa de qualificação profissional: Metalurgia / 
Soldador . -. -- São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2011. 
v.1, il (série: arco ocupacional) 
Vários autores
Programa de qualificação profissional da Secretaria do
Emprego e Relações do Trabalho -- SERT
ISBN 978-85-8028-001-2 
 1. Ensino profissionalizante 2. Metalurgia-técnico 
I. Título II. Série
CDD 371.30281
 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 9
Unida d e 1
A históriA dA metAlurgiA
A indústria metalúrgica gera milhões de empregos no mundo 
inteiro. É muito fácil entender o que essa gigante faz. Basta 
dar uma olhadinha à sua volta para comprovar: a geladeira, a 
luminária, a moldura de muitas janelas, a torneira, a estrutura 
da cadeira, o fogão, a ponta da caneta esferográfica, os talheres, 
as panelas, as ferramentas, os pregos, o portão de casa, o carro, 
a grade de proteção do canteiro central da avenida, o metrô, os 
trilhos do metrô, o ônibus, o avião...
E você já parou para pensar sobre a origem disso tudo? Escava-
ções arqueológicas mostram que o homem já fabricava objetos 
metálicos na Pré-História (ou seja, desde antes da invenção da 
escrita). Vamos acompanhar, na linha do tempo a seguir, alguns 
dos fatos mais importantes ligados aos primórdios da metalurgia.
Os produtos da indústria metalúrgica estão em toda parte: no metrô, nos trilhos do metrô...
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10 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
6000 a.C.-3500 a.C. 
(antes de Cristo)
Os primeiros instrumentos 
em cobre, moldados com 
pedradas, datam dessa épo-
ca e foram localizados no 
Oriente Médio. Na mesma 
região, cientistas encontra-
ram armas e ornamentos 
do mesmo metal, fundido 
e vazado, produzidos em 
3500 a.C. Em metalurgia, o 
termo vazado significa que 
o metal em estado líquido 
foi despejado num molde 
para preenchê-lo. O cobre, 
a prata e o ouro foram os 
primeiros metais a serem 
descobertos, pois existem 
na natureza em seu estado 
nativo. O ouro, bem distri-
buído pela superfície do pla-
neta, provavelmente atraiu o 
homem primitivo por causa 
do seu forte brilho.
PRÉ-HISTÓRIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA
3,5 mil a.C.
Surgimento 
da escrita
476 d.C.
Queda do 
Império Romano
Você conhece a definição de Pré-História? E de 
História? A fim de facilitar o estudo e a compreen-
são da História, estudiosos a dividiram em grandes 
períodos de tempo.
Vamos ver que períodos são esses e o que os separa:
•	Pré-História: da origem do homem, há cerca 
de 5 milhões de anos, até 3,5 mil a.C. (antes de 
Cristo), quando surgiu a escrita.
•	Antiguidade: do surgimento da escrita até a 
queda do Império Romano (no ano 476 d.C.).
•	 Idade Média: da queda do Império Romano até 
1453, quando ocorreu a tomada de Constantinopla 
pelos turcosotomanos.
•	 Idade Moderna: da tomada de Constantinopla 
até 1789, data da Revolução Francesa.
•	 Idade Contemporânea: da Revolução Francesa 
até nossos dias.
+ 5 milhões 
de anos atrás
 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 11
3300 a.C.
O bronze, que é uma liga (junção) de cobre e estanho, foi produzido 
pela primeira vez, possivelmente por acidente na Suméria. Mais 
dura e resistente do que o cobre puro, essa mistura revelou-se mais 
apropriada para ser vazada (despejada em estado líquido) em moldes. 
2000 a.C.
Os chineses conheceram o ferro nesse período. Pesquisadores acre-
ditam que as primeiras formas desse metal usadas pelo homem eram 
provenientes de meteoritos, pois continham quantidades significa-
tivas de níquel. Mais duro que o ouro, a prata e o cobre, o ferro era 
caro devido à sua raridade. Muito mais tarde, quando nossos ante-
passados aprenderam a extraí-lo das rochas onde se encontra, passou 
a ser utilizado em abundância.
1600 a 600 a.C.
Chineses, persas e palestinos desenvolvem o latão, uma liga de 
cobre e zinco.
IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORÂNEA
1453 d.C.
Tomada de 
Constantinopla
1789 d.C.
Revolução 
Francesa
Atual
Meteoroides são peque-
nas rochas que giram em 
torno do Sol. Algumas 
vezes, são atraídos pela 
Terra ou por outro astro. 
Quando entram na at-
mosfera terrestre, pegam 
fogo por causa do atrito 
com o ar e passam a se 
chamar meteoros, tam-
bém conhecidos, popu-
larmente, como estrelas 
cadentes. Quando uma 
parte do meteoroide atra-
vessa a atmosfera sem se 
desintegrar totalmente e 
atinge o solo, ele é cha-
mado de meteorito.
Você sabia?
12 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
PRÉ-HISTÓRIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA
476 d.C.
Queda do 
Império Romano
1350 a.C.
É dessa data o primeiro artigo fabricado com ferro de que se tem 
notícia: uma lâmina de punhal encontrada no sarcófago (túmulo) do 
faraó egípcio Tutancâmon. Esse punhal ficava no local de maior 
importância do túmulo. Ele resistiu durante tanto tempo sem ser 
corroído porque é um pedaço de ferro que contém pouco carbono, 
o que dificulta o aparecimento da ferrugem. Trocando em miúdos, 
o ferro com baixo teor de carbono apresenta grande resistência à 
corrosão, ou seja, é mais difícil de ser destruído. Guarde essa infor-
mação, pois ela lhe será útil mais tarde, quando tiver de testar a re-
sistência do ferro sob diferentes condições (uma das atividades que 
se faz em um laboratório de metalurgia). 
A sociedade egípcia
O Egito é famoso por suas pirâmides. Vamos ver também como era 
formada a “pirâmide social”, isto é, como era dividida a sociedade no 
antigo Egito.
O faraó era a autoridade máxima do país, a pessoa mais importante, e sua 
vontade precisava ser sempre respeitada. Abaixo dele, vinham os nobres e 
os altos funcionários. Repare no formato da pirâmide: ela é maior na parte 
de baixo. Essa base representa quem estava em maior número naquela 
sociedade: os escravos, os camponeses e os artesãos. Os escravos eram 
obrigados a realizar serviços forçados – carregavam as pedras na construção 
das pirâmides, por exemplo. Eles tam-
bém realizavam o trabalho agrícola, além 
de cuidar do gado. Ou seja, escravos, 
camponeses e artesãos eram a maioria 
da população e possuíam pouco ou ne-
nhum direito. Aqueles que tinham algum 
conhecimento ou poder econômico es-
tavam mais acima na escala social. As 
mulheres não aparecem nessa pirâmide, 
apesar de os egípcios terem sido gover-
nados por várias rainhas, como Cleópatra.
3,5 mil a.C.
Surgimento 
da escrita
+ 5 milhões 
de anos atrás
 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 13
Cerca de 400 a.C.
Os gregos e os romanos desenvolveram uma forma de tratamento 
térmico do ferro chamada têmpera. Esse processo consiste no resfria-
mento rápido de uma peça cuja temperatura está superior à chamada 
temperatura crítica (a partir da qual o metal pode sofrer transformação): 
entre 780°C e 980°C. Sua finalidade é gerar um metal com alta dureza. 
Pouco tempo depois, esses mesmos povos criaram outro processo de 
tratamento térmico, hoje conhecido como revenido. Ele consiste em 
aquecer o ferro abaixo da zona (ou temperatura) crítica (que é de 723°C) 
e, depois, resfriá-lo lentamente. A finalidade é remover as tensões 
internas e a dureza excessiva proporcionadas pela têmpera. 
Cerca de 300 d.C.
Ninguém sabe ao certo quando eles surgiram, mas, nesse período, 
um grupo de químicos/pesquisadores, de origem árabe, ficaram co-
nhecidos como alquimistas. Entre outras coisas, eles tentavam criar 
ouro por meio da transformação de outros metais “menos nobres”. 
Tomavam como base as ideias de Aristóteles, um filósofo grego que 
afirmava que tudo que existia na natureza era formado por terra, 
água, fogo e ar em diferentes proporções. Hoje sabemos que isso 
não é verdade, e a alquimia nunca conseguiu produzir ouro. Mas re-
sultou das experiências dos alquimistas a descoberta de diversas 
substâncias como o arsênico, o fósforo, o nitrato de prata, o acetato 
de chumbo, o bicarbonato de potássio, os ácidos sulfúrico, clorídrico, 
canfórico, benzoico e nítrico e os sulfatos de sódio e de amônia.
IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORÂNEA
1453 d.C.
Tomada de 
Constantinopla
1789 d.C.
Revolução 
Francesa
 Século 13 (XIII)
O homem deu um passo im-
portante para a criação do aço 
(uma mistura de ferro e carbo-
no): a produção do ferro es-
ponja. Ela teve início na Índia, 
por meio de um processo de 
carbonização (inclusão de car-
bono) do ferro conhecido des-
de o tempo dos antigos egíp-
cios. Depois de forjada com 
um martelo, uma esponja de 
ferro era colocada entre placas de madeira num cadinho (recipiente 
usado para fundir metais) que, por sua vez, era posto num forno e 
coberto de carvão vegetal para absorver o carbono. 
Mas o grande salto nesse sentido só ocorreu mesmo em 1856, quando 
a metalurgia finalmente conseguiu fabricar o aço – que é mais resisten-
te que o ferro fundido e pode ser produzido em enormes quantidades.
Atual
Na Antiguidade (período 
que vai de 3,5 mil a.C. até 
o ano 476 d.C.), gregos e 
romanos acreditavam que 
existiam muitos deuses. 
A mitologia desses po-
vos era riquíssima e seus 
deuses eram associados 
– entre outras coisas – a 
elementos e fenômenos 
da natureza. Uma dessas 
divindades era um ferreiro 
gigantesco cujas marreta-
das na bigorna originariam 
os raios das tempestades. 
Para os gregos, esse deus 
chamava-se Hefesto; para 
os romanos, Vulcano.
Você sabia?
Vulcano forjando os raios de Júpiter, 
óleo sobre tela de Peter Paul Rubens, 
1636-1638, Museu Nacional do Prado, 
Madri, Espanha.
Cadinho.
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14 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
Será que é importante saber tudo isso? Por quê?
Quando analisamos a trajetória da humanidade, desco-
brimos muitas coisas e podemos perceber como os acon-
tecimentos do passado moldam o mundo (incluindo as 
relações sociais e de trabalho) do presente.
Existem vários modos de 
produção (escravista, capi-
talista, socialista etc.). Ca-
da um é formado por um 
conjunto de forças pro-
dutivas e pelas relações 
técnicas e sociais que de-
terminam essas forças. O 
capitalismo, por exemplo, 
tem como protagonistas 
das forças produtivas os 
patrões e os empregados.
Você sabia?
PRÉ-HISTÓRIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA
476 d.C.
Queda do 
Império Romano
Idade Moderna
Apesar de a Revolução Francesa ser um marco do final da Idade 
Moderna, vários acontecimentos já sinalizavam a transição que 
ocorria nesse período. Estava sendo gestado um novo modo de 
produção que prevalece até os dias de hoje: o capitalismo. E muitas 
mudanças ocorreram:
•	no	campo	da	economia,	com	a	expansão	comercial	e	a	conquista	
de novos mercados por meio da expansão marítima (as navegações 
que levaram à conquista da América, por exemplo);
•	no	campoda	cultura,	com	o	Renascimento	(cuja	liberdade	esté-
tica propiciou a criação de obras como a Mona Lisa, de Leonardo 
da Vinci, e a escultura Pietá, de Michelangelo); 
•	na	religião,	com	a	Reforma	Protestante	(que	pôs	fim	ao	poder	
irrestrito e a muitos desmandos da Igreja Católica); e
•	na	política,	com	o	surgimento	dos	Estados	Modernos	(países	com	
fronteiras bem definidas, idioma oficial, uma só legislação) e das 
monarquias absolutistas. 
O desenvolvimento desse novo modo de produção contou com a ajuda 
da metalurgia. À medida que o capitalismo – essa nova forma de fazer 
economia – evoluía, também evoluíam as técnicas utilizadas na meta-
lurgia. Mais tarde, em uma outra Idade, a Contemporânea, essas téc-
nicas fariam toda a diferença na conhecida Revolução Industrial. 
Idade Contemporânea
O homem conseguiu unir a evolução tecnológica às últimas des-
cobertas da metalurgia para promover um desenvolvimento indus-
trial tão grande a ponto de ser conhecido como uma revolução: a 
Revolução Industrial. Mas, sobre esse capítulo da história, falaremos 
mais tarde. Antes, é preciso entender melhor como, na história da 
metalurgia, aqueles instrumentos de cobre se transformaram em 
produtos sem os quais hoje não conseguimos viver. Das primeiras 
experiências, na Idade dos Metais, à criação do aço, há um longo 
caminho a percorrer!
3,5 mil a.C.
Surgimento 
da escrita
+ 5 milhões 
de anos atrás
 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 15
IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORÂNEA
1453 d.C.
Tomada de 
Constantinopla
1789 d.C.
Revolução 
Francesa
Atual
Prise de la Bastille, gravura de Francois-Hippolyte Lalaisse (1812-1884). A Bastilha era uma prisão onde ficavam confinados os inimigos 
políticos do rei Luís XVI. Sua tomada, liderada pelo povo parisiense em 14 de julho de 1789, marca o início da Revolução Francesa.
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A pintura La Gioconda, óleo sobre tela (1503-1506): 
popularmente conhecida como Mona Lisa, de Leonardo 
da Vinci, é um dos principais símbolos do Renascimento. 
Hoje faz parte do acervo do Museu do Louvre, em Paris.
Outro ícone renascentista: a Pietá (1499-1500), de Michelangelo Buonarroti, foi esculpida 
em mármore e representa Cristo morto nos braços da Virgem Maria. A obra fica exposta 
na Basílica de São Pedro, em Roma.
16 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
Atividade 1
resgAte histórico
O que você descobriu com este resgate histórico? Debata com os colegas, sob a 
orientação do monitor.
Não é possível entender completamente a importância da metalurgia sem ter em mente 
o que é trabalho. Podemos dizer, de um modo bem simplificado, que trabalho é o 
ato de transformar a natureza. Ele acontece, por exemplo, quando usamos uma tora 
de madeira para fazer um banco ou algum metal para moldar um trinco de porta. 
Ao longo do tempo, o homem foi ampliando seus saberes e criando novas maneiras 
de aplicá-los. A Idade dos Metais, sobre a qual vamos falar a seguir, marca uma fase 
da capacidade humana de transformar a natureza e, portanto, do seu trabalho. 
A Idade dos Metais
Foi o uso de materiais metálicos como o bron-
ze e o ferro pelo homem pré-histórico que deu 
nome ao período hoje conhecido como Idade 
dos Metais. Considerada a última fase da Pré-
-História, ela marca o início do domínio das téc-
nicas de trabalho com metais fundidos pelo Homo 
sapiens (em latim, homem inteligente). Nessa época 
nossos antepassados aprenderam a transformar, 
por meio de seu trabalho, um recurso natural até 
então pouco conhecido. Você pode imaginar qual a 
importância dessa conquista? Ela foi fundamental 
para as sociedades que surgiram depois. 
A partir do momento em que o homem dominou 
técnicas de fundição (processo pelo qual os metais 
são aquecidos e passam para o estado líquido, e 
que ainda hoje é utilizado na indústria metalúrgica, como veremos na Unidade 3), 
conseguiu criar ferramentas para facilitar sua vida. As práticas da agricultura e da 
caça foram bastante aperfeiçoadas na Idade dos Metais com a criação de instrumen-
tos que as auxiliavam. Também a produção de armas foi uma das áreas que mais 
se desenvolveu e influenciou acontecimentos futuros. O domínio sobre os metais 
mudou as formas de disputa entre as comunidades: as primeiras guerras já contaram 
com o desenvolvimento de armas metálicas. 
Ferramentas Pré-Históricas: produtos da Idade dos Metais.
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Atividade 2
A revolução dos metAis
Tente imaginar o impacto que o desenvolvimento de ferramentas e outros instrumentos 
metálicos provocou no cotidiano dos homens pré-históricos. Se possível, reforce essas 
noções com uma pesquisa orientada pelo monitor. Escreva abaixo as informações 
que apurar e, depois, compare-as com os resultados obtidos por seus colegas.
Importante
Os historiadores dividem a Pré-História em três períodos: o Paleolítico (que 
já foi popularmente conhecido como Idade da Pedra Lascada), o Neolítico 
(também chamado de Idade da Pedra Polida) e a Idade dos Metais. No 
Paleolítico, nossos antepassados não tinham moradia fixa, deslocando-se 
constantemente atrás de alimento. O chamado “homem nômade” não 
praticava a agricultura nem criava animais. Quando os alimentos se esgo-
tavam, ele se mudava para outra região. Foi no Período Neolítico que teve 
início o sedentarismo humano, isto é, sua fixação em um lugar. 
18 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
Idade do Cobre (6000 a.C. a 3500 a.C.)
A Idade do Cobre também poderia ser chamada de Era 
da Agricultura, pois, paralelamente ao domínio da ex-
tração (retirada da terra) e da manipulação desse metal, 
o cultivo de alimentos passou a ser fator determinante 
para a organização da sociedade. Canais de irrigação 
tornavam férteis as terras áridas e montanhosas; casas 
feitas de galhos e argila ganhavam a resistência de tijolos 
moldados; a escrita pictográfica, baseada em desenhos, 
evoluía. Esse fato marcou um novo momento na história 
da humanidade. As ideias passavam, assim, a ser mais 
bem expressas e articuladas. 
Os instrumentos feitos de pedra, ossos e madeira foram 
deixados de lado gradativamente enquanto o homem 
descobria as possibilidades oferecidas pelo cobre. Esse 
material tinha maleabilidade, flexibilidade. Podia ser fun-
dido, moldado e remoldado até assumir novas formas 
que facilitavam, por exemplo, o trabalho com a terra e 
ajudaram no desenvolvimento da agricultura. O homem 
também passou a moldar, no metal endurecido após o 
resfriamento, um fio capaz de cortar. 
Para a humanidade, antes limitada ao uso da pedra, 
o cobre representou um gigantesco salto tecnológico. 
Movidos pela curiosidade, nossos antepassados fizeram 
diversas experiências – e esse período foi fechado com a 
descoberta de que se podia misturar o cobre com outros 
metais, como o chumbo. A produção do bronze, uma 
liga formada por cobre e estanho, representou um novo 
passo nessa evolução.
Idade do Bronze (3500 a.C. a 2000 a.C.)
A Idade do Bronze coincidiu com mais um conjunto de 
avanços e conquistas bastante significativos para a espécie 
humana. A escrita tornou-se mais simples e objetiva. Um 
sistema numérico foi desenvolvido para acompanhar a 
evolução nos mais variados setores. E a construção de 
Os metais puros têm 
pouca utilidade para nós. 
Em geral, eles são com-
binados com outros me-
tais nas chamadas ligas. 
Veremos esse assunto 
com mais detalhes na 
Unidade 3.
Você sabia?
 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 19
Foi na Idade do Bronze que 
se criou a roda, uma das 
invenções de maior impac-
to sobre a humanidade. 
Vocêsabia?
grandes obras e templos (as pirâmides egípcias, por exem-
plo) exigiu a padronização de pesos e medidas. Antes da 
Idade do Bronze, os métodos de medição de grandezas 
eram bastante simples e pouco precisos: as pessoas usa-
vam partes do próprio corpo, como as dimensões do pé, 
a largura da mão, a grossura do dedo, o tamanho do 
palmo e dos passos e até o comprimento do nariz! Com 
isso, cada indivíduo tinha uma medida diferente para a 
mesma coisa. E dá para imaginar como devia ser difícil 
chegar a um acordo...
Um grande progresso também ocorreu na metalurgia 
durante esse período. A partir do bronze, implementos 
feitos de metais se multiplicaram e o conhecimento das 
ligas – e de suas características – foi sendo aprimorado pelo 
homem. O bronze começou a ser utilizado para produzir 
diversos instrumentos, principalmente armas.
Arma fabricada durante a Idade do Bronze: na época, os instrumentos metálicos se multiplicaram.
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20 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
Alguns povos do Oriente 
Médio, que viviam na re-
gião onde hoje fica a Tur-
quia, já usavam técnicas 
de metalurgia do ferro em 
1400 a.C. (antes de Cristo). 
Eles fabricavam armas 
que os transformaram em 
guerreiros poderosos. 
Você sabia?
Idade do Ferro (1200 a.C. a + 1000 d.C.)
Com os primeiros experimentos, o homem logo percebeu 
uma grande vantagem do ferro sobre o cobre e o bronze: 
sua abundância na natureza. Por esse motivo, desde mais 
ou menos 1200 a.C. (antes de Cristo), ele se tornou um dos 
materiais mais presentes na civilização. Naquele tempo, 
porém, as fornalhas não atingiam as temperaturas neces-
sárias para a fundição do ferro. Por causa dessa limitação 
surgiu o ferro forjado – que é aquecido e depois moldado 
a golpes de martelo.
Diferentemente do que ocorreu com o cobre e o bronze, 
reservados aos grupos mais abastados, o ferro era acessível 
às camadas pobres da sociedade. Isso porque tanto a ob-
tenção do metal quanto sua moldagem envolviam custos 
baixos. Camponeses passaram a usar machados e arados de 
ferro, e os artesãos, as mais diversas ferramentas. As guerras 
entre os povos se deram com maior igualdade bélica, já 
que todos podiam, finalmente, forjar as próprias armas. 
Ainda hoje é possível encontrar fábricas e institutos de 
pesquisa que utilizam a antiga técnica de fundição de metais 
com a ajuda de um cadinho. Esse conhecimento, que há 
muito tempo vem sendo aplicado, ainda tem lugar, mesmo 
nas fundições mais bem equipadas. 
Fundição, em instituto de pesquisa, com a ajuda de um cadinho. 
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 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 21
O homem transforma a natureza e, ao mesmo tempo, se transforma. Transforma os 
seus instrumentos, os métodos e as relações de trabalho. 
Enquanto aprimoravam-se as técnicas que levaram os homens ao domínio dos me-
tais, o trabalho era artesanal e o sistema de trocas foi organizado gradativamente. 
Com esse sistema, as pessoas trocavam mercadorias entre elas. Cada um produzia 
para sustento próprio e o que sobrava era trocado com os demais. Essa forma de 
troca, associada ao fato de alguns produtos passarem a ter mais procura que outros, 
abriu caminho para mais uma invenção que envolveu a transformação dos metais: 
a moeda. Isso aconteceu por volta dos anos 500 a.C. a 400 a.C. (antes de Cristo). 
Com o advento do dinheiro, os metais foram adquirindo um valor muito maior. 
Muito tempo depois, já na Idade Média, surgiram as “oficinas artesanais”, com 
algumas características da indústria – que só apareceria séculos mais tarde: havia 
o mestre (geralmente um pai de família), o artífice ou companheiro (o filho mais 
velho) e o aprendiz (o filho mais novo). 
É importante saber, no entanto, que, nessas oficinas, todos conheciam o trabalho 
do princípio ao fim e participavam de cada etapa de produção até que a arma, a 
ferramenta, o utensílio ou o ornamento fosse finalizado. Porém fatores variados – 
entre os quais a ampliação das relações mercantis, por exemplo – levaram a uma 
mudança nos processos de trabalho. A produção passou a ser dividida em etapas, 
dando origem ao trabalho especializado: se, no início, a equipe toda participava de 
todas as fases de fabricação de um produto, mais tarde, cada um passou a exercer 
uma só tarefa. Essa transformação foi um dos fatores que criaram condições para 
a Revolução Industrial. 
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Moeda de Lesbos, Grécia, cerca de 500-450 a.C. Moeda de Creta, Grécia, de 300 a 270 a.C.
22 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
A Revolução Industrial
A palavra “revolução” tem, entre outros significados, o 
sentido de grande transformação, mudança expressiva. E 
o que foi a Revolução Industrial? Um conjunto de mu-
danças que aconteceram ao mesmo tempo na economia, 
no modo de vida das pessoas, na política e, também, 
nas artes. Mas vamos nos concentrar naquilo que é mais 
importante para este curso: as mudanças no modo de 
produção de bens e mercadorias. 
As primeiras máquinas a vapor, que usavam carvão como 
combustível, surgiram no século 18 (XVIII) na Inglaterra 
– país rico em carvão mineral e ferro. Essa conquista tec-
nológica marcou o início do que seria a chamada Primeira 
Revolução Industrial. 
As indústrias foram diretamente responsáveis pelo cres-
cimento das cidades, pois, naquela época, muita gente 
do campo precisou deixar o local onde vivia e migrar 
para os centros urbanos em busca de trabalho. E o 
aparecimento das primeiras metrópoles gerou problemas 
(e agravou outros) como alcoolismo, prostituição, fome, 
desemprego etc. 
No entanto, as mudanças não pararam e, em 1860, veio 
uma Segunda Revolução Industrial. Se no século ante-
rior a novidade foi o uso do carvão para movimentar as 
máquinas, agora era vez da descoberta da eletricidade e 
do uso do petróleo. Você pode se aprofundar no assunto 
consultando o Caderno do Trabalhador 1 – Conteúdos 
Gerais, no tema “História do trabalho”. Neste nosso 
curso interessa, principalmente, saber que a transforma-
ção do ferro em aço permitiu aumentar e variar toda a 
forma de produção. Isso porque a nova liga metálica era 
mais resistente e durável, proporcionando, por exemplo, 
a criação de enormes estruturas industriais: máquinas 
que ajudavam a fazer novas máquinas.
Uma vez extraído da natu-
reza, o minério de ferro 
tem endereço certo: a usi-
na siderúrgica, onde é 
transformado em aço. Es-
se processo leva o nome 
de redução. Você saberá 
mais sobre as proprieda-
des do aço na Unidade 3.
Você sabia?
 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 23
Os pioneiros da soldagem
Foi nesse contexto que surgiram os primeiros inventos ligados à área de soldagem, 
como é chamado o processo de unir duas ou mais peças metálicas.
Quer um exemplo? Em 1801, em Londres (Inglaterra), um químico inglês, Humphrey 
Davy, demonstrou de forma experimental uma maneira de unir metais utilizando 
eletrodos. Em seu experimento, a aproximação de dois eletrodos de carbono acom-
panhada de uma fonte de calor de origem elétrica (para isso, ele usou uma bateria) 
resulta na fusão do metal do eletrodo que, dessa maneira, serve para unir as peças. 
Esse calor formado entre os eletrodos é chamado, em função de sua forma, de arco. 
Até hoje as soldagens são feitas com o arco, chamado de arco elétrico. Você verá 
a seguir detalhes de como ele se forma. O arco produzido por Humphrey Davy, 
de intensidade e comprimento variáveis – limitados pela voltagem do circuito –, 
gerava uma luz intensa e bastante calor. A novidade atraiu grande interesse, mas 
foi considerada, por muitos anos, uma experiência científica sem aplicação prática.
Londres nos tempos da Primeira Revolução Industrial: muitos trocaram o campo pela cidade em busca de trabalho.
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Anos mais tarde – após a Segunda RevoluçãoIndustrial 
– com o domínio da eletricidade, algumas técnicas de 
soldagem conquistaram espaço no setor industrial. Em 
1887, o russo Nikolay de Bernardos e o polonês Stanislav 
Olszewski patentearam o primeiro arco com eletrodo de 
carbono. Seguiram-se aparelhos de solda que utilizam 
como fonte de calor a queima de oxigênio (oxicombus-
tível) e o aquecimento do alumínio (aluminotermia), 
ambos criados em 1900.
Registro da patente do arco com eletrodo, inventado por Nikolay Bernardos 
e Stanislav Olszewsky.
Em 1904, o empresário sueco Oscar Kjellberg inventou 
o eletrodo revestido ao imergir (mergulhar) arames de 
ferro em misturas de carbonatos e silicatos. Seu objetivo 
era proteger o metal fundido da ação do oxigênio e do 
hidrogênio. Naquele ano, Kjellberg usou sua criação para 
Antes da invenção de 
Oscar Kjellberg, várias 
tentativas de soldagem 
foram feitas, mas sempre 
esbarravam em um mes-
mo problema: não havia 
nada pra proteger o arco 
das reações da atmosfe-
ra e, por isso, a solda não 
ocorria com sucesso. Com 
o eletrodo inventado por 
Kijellberg foi diferente: o 
núcleo metálico, reves-
tido por um material ce-
lulósico, produzia gases 
que protegiam a solda até 
que ela se resfriasse. Era 
inventado, assim, o eletro-
do revestido, que hoje é 
utilizado pelos soldadores 
de todo o mundo. Na pró-
xima unidade, você conhe-
cerá um pouco mais dessa 
invenção que mudou a his-
tória da soldagem.
Você sabia?
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reparar partes de um antigo navio de guerra que apre-
sentava sinais de ferrugem e corrosão. O resultado foi 
tão bom que diversas companhias de navegação e outras 
indústrias do ramo metalúrgico passaram a usar seus 
serviços regularmente.
Mas como eram realizadas as atividades de soldagem 
naquela época? Será que a união soldada apresentava as 
propriedades mecânicas adequadas? Existia algum tipo 
de teste ou ensaio para avaliar o resultado da soldagem?
O comentário de um comissário dos Estados Unidos, 
presente na Exposição Universal de Paris em 1889, ao 
ver uma solda produzida no evento, nos dá a resposta: 
“O metal soldado é queimado e quebradiço; portanto, o 
processo não é bem-sucedido”.
Os equipamentos de soldagem rudimentares, somados 
aos ainda parcos conhecimentos sobre o assunto, faziam 
desse processo uma atividade pouco confiável, colocando 
em dúvida o desempenho e a qualidade da soldagem.
Sucessivos avanços técnicos e tecnológicos reverteram 
essa situação ao longo do século passado (XX). Hoje, 
com os conhecimentos acumulados sobre a metalurgia e 
o desenvolvimento de processos auxiliados por softwares 
e testes de laboratório, a soldagem tornou-se um recurso 
imprescindível na fabricação, no reparo e no revestimento 
de equipamentos mecânicos em geral.
Atividade 3
1. O processo de soldagem, ontem
 Sabendo que soldar significa unir duas peças metáli-
cas, como você imagina que era realizado o processo 
de soldagem nos primeiros anos do século passado? 
Escreva as suas conclusões na próxima página e depois 
compare-as com as dos colegas.
A técnica está relacionada 
aos procedimentos; a tec-
nologia, por sua vez, refe-
re-se ao desenvolvimento 
e/ou melhoria de equipa-
mentos, componentes etc.
Você sabia?
26 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
2. Vida de operário
 Sob a orientação de seu monitor, faça uma pesquisa na internet sobre as condições 
de vida dos operários na época da Primeira Revolução Industrial. As relações de 
trabalho mudaram desde então? Em quais aspectos? Reflita sobre o que mudou 
e o que permanece igual.
 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 27
O Barroco é um estilo ar-
tístico surgido no século 
16 (XVI) que se manifes-
tou principalmente na 
arquitetura, na pintura e 
na escultura. Suas carac-
terísticas mais marcantes 
são a valorização dos de-
talhes, dos ornamentos e 
das linhas curvas. Nas Vi-
las do Ouro, há belíssimas 
construções nesse estilo, 
especialmente igrejas, 
decoradas com painéis 
pintados por Manuel da 
Costa Ataíde e com es-
culturas moldadas por 
Antonio Francisco Lisboa, 
o Aleijadinho.
Você sabia?
A metalurgia no Brasil
Rico em recursos naturais, o Brasil passou quase 300 anos 
de sua história fornecendo metais para a Europa. Isso acon-
teceu durante todo o período em que foi colônia de Portugal, 
entre 1500 e 1822. A descoberta de grandes reservas de ouro 
em Minas Gerais, no final do século 17 (XVII) e no início 
do século 18 (XVIII), fez daquela região o centro da eco-
nomia do país. Embora quase toda a produção desse metal 
fosse enviada para o Velho Mundo, retirando do Brasil a 
maior parte da riqueza gerada, as áreas que concentravam 
as minas mais ricas deram origem às chamadas Vilas do 
Ouro, entre as quais se destacam as atuais cidades de Ouro 
Preto, Mariana, São João del Rei, Sabará, Tiradentes e 
Diamantina. Nesses lugares, o ouro financiou a construção 
de belíssimas igrejas em estilo barroco.
À esquerda, interior da Igreja de São 
Francisco de Assis, em Ouro Preto. 
Acima, escultura de Aleijadinho.
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28 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
A produção de ouro começou a diminuir na década de 
1750. Para compensar a queda em seus lucros, Portu-
gal passou a cobrar impostos ainda mais altos sobre a 
extração desse metal.
Em outras palavras, a Coroa não aceitava que as reservas das 
Minas Gerais estivessem diminuindo. E, em vez de tomar 
medidas que melhorassem a situação, instituiu a chamada 
“Derrama”, exigindo de cada região produtora o pagamento 
de 100 arrobas (1.500 quilos) do metal – além do “Quinto”, 
imposto de 20% sobre o ouro encontrado, que já era cobrado 
até então. Quando a região não conseguia cumprir a cota, 
soldados invadiam as casas dos moradores e retiravam seus 
pertences até completar o valor devido.
Essa medida, associada à proibição de que a colônia de-
senvolvesse atividades produtivas – o que diminuiria sua 
dependência de Portugal –, causou revolta entre a elite mi-
neira: fazendeiros, escritores, donos de minas e militares. 
Reunidos e organizados, eles começaram a discutir como 
tornar o Brasil um país independente. Esse movimento 
ficou conhecido como Inconfidência Mineira.
Em 1789, a tentativa de rebelião foi abortada e suas li-
deranças, acusadas de infidelidade ao rei. Parte desses 
líderes foi exilada do país. Joaquim José da Silva Xavier, 
o Tiradentes, foi executado, sendo o dia 21 de abril – 
aniversário de sua morte – comemorado como uma data 
histórica no Brasil, um exemplo de luta contra a tirania.
Filme
O longa-metragem Tiradentes, 
dirigido por Oswaldo Caldeira em 
1999, mostra a Inconfidência 
Mineira por um ângulo diferente 
daquele que os livros escolares 
geralmente apresentam. O filme 
sugere que Joaquim José da Silva 
Xavier (interpretado nas telas por 
Humberto Martins) foi condenado 
à morte porque era o único entre 
os revoltosos que não tinha 
grandes posses. 
Entre outras medidas, os 
inconfidentes pretendiam 
criar uma universidade em 
Vila Rica (atual Ouro Pre-
to), transferir a capital da 
colônia para São João del 
Rei e construir fornos side-
rúrgicos em Minas Gerais.
Você sabia?
Joaquim José, “o Liberdade”
Tiradentes (1746-1792), chamado de “o Liberdade” pelos colegas inconfiden-
tes, aprendeu com o tio o ofício de dentista (daí seu apelido mais conhecido). 
Também tentou a vida como tropeiro e minerador. Cansado de ganhar mal, 
alistou-se no Regimento da Cavalaria e recebeu o posto de alferes (o equiva-
lente, hoje, a subtenente). Chegou a pedir licença da tropa, mas depois retor-
nou. Passou a lutar contra a Coroa ao conhecer as ideias de pensadores como 
Rousseau e Montesquieu, que influenciaram a Revolução Francesa.
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Tiradentes esquartejado, óleo sobre tela de Pedro Américo, 1893, Museu Mariano Procópio,Juiz de Fora, MG.
Apesar da fase que envolveu a extração de ouro e da ri-
queza gerada por ela, não houve nenhum considerável 
progresso industrial no país até o século 19 (XIX). Até a 
vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, 
era vetada a instalação de fábricas por aqui. Dessa maneira, 
os brasileiros consumiam apenas produtos portugueses.
Pedro Américo de Figueiredo 
e Melo, autor da tela repro-
duzida ao lado, foi pintor, ro-
mancista e poeta. Nascido em 
1843 na cidade paraibana de 
Areia, estudou na Academia 
Imperial de Belas Artes, no 
Rio de Janeiro, e aperfeiçoou-
-se em Paris. Admirado por 
Dom Pedro II, o artista se 
tornou conhecido por retratar 
cenas históricas como A Ba-
talha do Avaí (1877), quadro 
exposto no Museu Nacional 
de Belas Artes, no Rio, e In-
dependência ou Morte (1888), 
painel gigante que faz parte 
do acervo do Museu Paulista, 
em São Paulo. Pedro Amé-
rico morreu em 1905, em 
Florença, na Itália.
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Mesmo com a chegada de D. João VI e sua corte, a indústria no Brasil não conse-
guiu se desenvolver imediatamente. Em 1o de abril daquele ano, a Coroa liberou 
o estabelecimento de indústrias e manufaturas, mas os produtos brasileiros já 
enfrentavam a concorrência das mercadorias inglesas, que entravam no país sem 
pagar nenhum imposto. 
Assim, depois de um período no qual criar indústrias no país era proibido, houve 
a fase na qual privilégios eram concedidos aos produtos fabricados na Inglaterra, 
fazendo com que a atividade industrial no Brasil tardasse a se desenvolver.
Alguns historiadores chegam a afirmar que o capitalismo – modo de produção baseado 
na indústria e no trabalho assalariado – só se firmou no Brasil depois da década de 
1930, mais de 100 anos após a Proclamação da Independência.
Se considerarmos a indústria metalúrgica, veremos que seu desenvolvimento no país 
é posterior a essa data e está fortemente associado às políticas de desenvolvimento 
implementadas por dois presidentes: Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
Operários em frente a uma fábrica paulista fundada no século 19 (XIX): a indústria metalúrgica se desenvolveu bem depois.
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A Era Vargas
Vargas ficou no poder por 15 anos (de 1930 a 1945), 
comandando o país de forma ditatorial – sem que ocor-
ressem eleições e sem permitir manifestações políticas de 
oposição nem a expressão da população. Depois, voltou 
eleito ao poder, governando entre os anos de 1951 e 1954.
Durante sua primeira passagem pela presidência da 
República, Vargas deparou-se com uma forte crise eco-
nômica – efeito da Depressão que se seguiu à quebra da 
Bolsa de Valores de Nova York, em 1929 – e a combateu 
promovendo o fortalecimento da indústria e investindo 
em infraestrutura. 
De acordo com sua política de desenvolvimento, o governo 
faria intervenções diretas na economia, com o Estado 
ficando responsável pela criação de indústrias de base, 
entre elas, a metalúrgica. 
Indústrias de base são 
aquelas que produzem 
matérias-primas para ou-
tras empresas. Também 
conhecidas como indús-
trias de bens de produção 
ou indústrias pesadas, 
elas incluem principal-
mente os ramos siderúr-
gico, metalúrgico, petro-
químico e de cimento.
Você sabia?
Getúlio Vargas e uma antiga máquina de laminação da Companhia Vale do Rio Doce, criada por ele em 1942: investimento pesado em infraestrutura.
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32 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
Juscelino Kubitschek (em pé, acenando para o público): incentivo à instalação de empresas do setor automobilístico.
Essas indústrias de base, por sua vez, dariam suporte para 
que os demais setores industriais se desenvolvessem. Várias 
indústrias e diversos institutos de pesquisa, todos estatais, 
foram criados nesse período. 
Entre as empresas públicas fundadas por Vargas pode-
mos citar a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a 
Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica Nacio-
nal de Motores (1943-1985) e a Hidrelétrica do Vale do 
São Francisco (1945). Elas são do ramo de metalurgia e 
empregam soldadores. A instalação dessas indústrias fez 
parte da política de substituição de importações adotada 
pelo então presidente.
 JK: 50 anos em 5
Juscelino Kubitschek assumiu a presidência da República 
em 1956, após um período de turbulências na política que 
culminou com o suicídio de Getúlio Vargas em 1954, 
interrompendo seu segundo mandato. O vice de Vargas, 
Substituição de importa-
ções é o nome do proces-
so econômico que leva ao 
aumento da produção 
interna de um país e à 
diminuição de suas im-
portações. Em outras 
palavras, o país passa a 
produzir aquilo que vai 
consumir para não preci-
sar comprar os produtos 
de fora, valorizando, as-
sim, a indústria nacional. 
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A fundação de Brasília, 
que substituiu o Rio de 
Janeiro como capital fe-
deral, ocorreu em 21 de 
abril de 1960, durante a 
presidência de JK. A pro-
messa de deslocar o nú-
cleo do poder político 
para o Planalto Central 
era uma das metas do pla-
no “50 anos em 5”.
Você sabia?
Café Filho, chegou a comandar o governo, mas foi afasta-
do pouco mais de um ano depois por problemas de saúde.
JK, eleito em 1955, seguiu uma política considerada 
“desenvolvimentista” e dizia que sua meta de governo 
era fazer o Brasil avançar “50 anos em 5”. A promessa 
entusiasmou o país.
Na economia, a proposta de Juscelino era dar continuidade 
ao desenvolvimento industrial (e acelerá-lo) e, para isso, 
tinha como um de seus focos as indústrias de base, o que, 
como já vimos, envolve a área metalúrgica. 
Mas o governo também apostou na atração de investimen-
tos estrangeiros, incentivando a instalação de empresas 
internacionais, principalmente do setor automobilístico. 
Isso levou o país a criar uma enorme dívida com conse-
quências sérias para as décadas seguintes. 
O projeto urbanístico de Brasília, que lembra um avião, coube a Lúcio Costa. Já o arquiteto Oscar Niemeyer projetou os principais prédios públicos da 
nova capital, como o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a Catedral de Brasília.
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De 1964 a 1984, o Brasil mergulhou num dos capítulos 
mais sombrios de sua história: uma ditadura militar reple-
ta de censura, violência e repressão. Você pode recordar 
o assunto consultando o Caderno do Trabalhador 5 – 
Conteúdos Gerais, no tema “Repassando a história”.
Em 1968, em represália contra os opositores, o gover-
no baixou o Ato Institucional no 5 (ou AI-5), medida 
que suprimiu as liberdades políticas e de expressão dos 
brasileiros. Qualquer ação considerada subversiva pelos 
agentes do poder poderia resultar em prisão, tortura, 
extradição e até morte. 
Dez anos depois da publicação do AI-5, em 12 de maio 
de 1978, mais de 3.000 metalúrgicos de uma monta-
dora de caminhões em São Bernardo do Campo, no 
ABC Paulista, desafiaram a truculência dos generais: 
eles entraram na fábrica, mas deixaram as máquinas 
desligadas. Tinha início, então, a primeira de uma série 
de greves organizadas pela categoria, que se estenderam 
A região conhecida como 
ABC Paulista engloba 
os municípios de Santo 
André, São Bernardo do 
Campo e São Caetano do 
Sul. Também há quem se 
refira ao ABCD, que inclui 
a cidade de Diadema.
Você sabia?
Trabalhadores da metalurgia na redemocratização do país
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até o ano seguinte. Aumento salarial e melhores condições de trabalho estavam 
napauta de reivindicações. Entretanto, mais do que as demandas relacionadas 
diretamente ao trabalho, as mobilizações dos grevistas das indústrias metalúr-
gicas em São Paulo (e depois em Minas Gerais) tornaram-se símbolos da luta 
pela redemocratização do país, já que, na época, o Estado vetava manifestações 
públicas. Entre outras lideranças, o movimento dos operários do ABC revelou o 
então torneiro mecânico Luiz Inácio Lula da Silva, que, anos mais tarde, chegaria 
à presidência da República por meio do voto.
Operários de São Bernardo do Campo em greve, no final da década de 1970: símbolo da luta contra a ditadura militar.
Atividade 4
reflexão
Com a supervisão do monitor, você e seus colegas vão debater a importância dos 
movimentos grevistas dos metalúrgicos durante a ditadura militar e as vitórias 
conquistadas pela categoria em consequência disso. E o país, o que ganhou a 
médio e longo prazo?
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A profissão de soldador
Soldador, geralmente, é um nome profissional que não cami-
nha sozinho. Ele precisa de “sobrenome”. Isso acontece porque 
existem diversas formas de soldagens e também vários tipos de 
soldadores. O sobrenome de sua futura ocupação dependerá das 
atividades que você irá realizar. 
A lista de possibilidades é grande. Entre os vários “nomes com-
pletos”, é possível destacar: o soldador de manutenção, o soldador 
de eletrodo revestido, o soldador Tig, o soldador MIG/MAG e 
o soldador a oxigás.
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As categorias profissionais 
Com tantas possibilidades, pode haver situações em que 
a empresa definirá o seu nome profissional. É comum as 
empresas gerarem nomes para as atividades de acordo com 
suas próprias necessidades e seus critérios. Mas, como 
veremos adiante, o mais adequado é seguir o que diz a 
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).
Locais de trabalho
O soldador desenvolve suas atividades na área interna das 
fábricas ou em locais destinados às operações de soldagem. 
Ele pode estar: 
•	 no campo, participando da construção ou montagem 
de um equipamento ou uma estrutura; 
•	 na área de manutenção da indústria, realizando a sol-
dagem de revestimento de equipamentos mecânicos 
ou peças desgastadas;
•	 na área de reparação de peças metálicas, realizando 
a soldagem de eixos e peças fraturadas durante o 
trabalho; e
•	 em oficinas mecânicas e serralherias, realizando solda-
gem de vários tipos de peças e objetos. 
Como definir a ocupação
O Ministério do Trabalho e Emprego produz um docu-
mento que organiza as diversas categorias profissionais. 
Esse documento é a Classificação Brasileira de Ocupações 
(CBO). Ele descreve 2.422 ocupações e diz o que é pre-
ciso para exercê-las: a escolaridade necessária, o que cada 
profissional deve fazer, onde pode atuar etc. Entre as in-
formações que constam desse documento, existe uma que 
nos interessa definir neste momento: quem é o soldador. 
As oficinas mecânicas e 
serralherias oferecem uma 
nova oportunidade ao sol-
dador: trabalhar por conta 
própria, ou seja, ser um 
trabalhador autônomo.
Você sabia?
 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 39
Além disso, a CBO indica a formação e as atitudes pessoais e profissionais que são 
esperadas daqueles que pretendem exercer essa ocupação. Vejamos.
Formação/qualificação profissional
•	 Apresentar, pelo menos, o Ensino Médio concluído.
•	 Apresentar curso básico de qualificação 
profissional de até 200 horas-aula.
•	 Desempenhar atividades por um ou dois anos.
Atitudes pessoais
•	 Demonstrar habilidade manual.
•	 Desenvolver acuidade (grande sensibilidade) visual.
•	 Demonstrar responsabilidade.
•	 Demonstrar criatividade.
A descrição de cada ocupação da CBO é feita pelos próprios trabalhado-
res. Dessa forma, temos a garantia de que as informações vêm de quem 
atua no ramo e, portanto, conhece bem a profissão. Você pode consultar 
esse documento na íntegra acessando o site: www.mtecbo.gov.br. 
A ocupação de soldador aparece diversas vezes, mas o nome mais geral 
que se dá a esta família de trabalhadores é “Trabalhadores de Soldagem 
e Corte de Ligas Metálicas” (Família CBO 7243).
De forma resumida, a CBO indica o que fazem os soldadores: “Unem 
e cortam peças de ligas metálicas usando processos de soldagem e 
corte tais como eletrodo revestido, tig, mig, mag, oxigás, arco submer-
so, brasagem, plasma. Preparam equipamentos, acessórios, consumíveis 
de soldagem e corte e peças a serem soldadas. Aplicam estritas normas 
de segurança, organização do local de trabalho e meio ambiente.”
Existem empresas que 
fornecem capacitação 
para trabalhadores dessa 
área quando já estão con-
tratados. Quando você 
estiver buscando empre-
go no setor, procure sa-
ber quem oferece opor-
tunidades de formação.
Você sabia?
40 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
Atitudes profissionais
•	 Desenvolver conhecimento de informática.
•	 Colaborar no trabalho.
•	 Mostrar iniciativa.
•	 Desenvolver resistência física.
•	 Perceber condições desfavoráveis de trabalho.
•	 Reagir às condições desfavoráveis.
•	 Manter-se atualizado.
Algumas posições de soldagem parecem fáceis no começo, mas, com o tempo, exigem resistência 
física do soldador.
DICA
Desenvolver conhecimento de 
informática é muito importante 
para não ficar para trás em sua 
profissão! O soldador, por 
exemplo, muitas vezes ouvirá 
falar de um programa utilizado 
para elaborar o desenho da junta, 
o CAD – Computer Aided 
Design. Ele não precisará utilizar 
o programa, mas saber do que se 
trata já é um diferencial! No 
Caderno 2 deste curso, você 
aprenderá mais sobre o CAD.
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 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 41
Soldar = unir
Com um grampo, podemos unir duas mechas de cabelo. Com cola, unimos um 
pedaço de papel a outro. Com martelo e prego, unimos duas tábuas. O ato de unir 
está sempre presente em nosso dia a dia. E com a metalurgia não é diferente.
Chama-se de soldagem o processo de união de metais, típico da área de metalurgia. 
Por meio dela, é possível juntar duas ou mais partes metálicas. Soldar, portanto, é 
o mesmo que unir. 
A solda, por sua vez, é a zona de união das partes que passaram pelo processo de soldagem. 
Antes de unir duas partes metálicas é preciso cortá-las e prepará-las para a soldagem.
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42 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
Realizada a soldagem, o metal adicionado terá completado o espaço em V (zona de união entre as duas peças).
Após o corte e a preparação das peças, a soldagem por fusão pode ser realizada.
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 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 43
Mas o que fazer para que essa união ocorra?
Existem vários processos de soldagem possíveis, ou seja, maneiras diversas de unir um 
metal a outro. Essas maneiras são divididas, basicamente, em dois grandes grupos:
1. Soldagem por pressão: processo pelo qual as partes de metal são unidas depois 
de pressionadas uma contra a outra.
2. Soldagem por fusão: processo pelo qual as partes são fundidas por meio de 
aplicação de calor, com ou sem aplicação de pressão.
Soldagem por pressão. Soldagem por fusão.
Antes de entendermos esses dois grandes grupos de soldagem, porém, existem alguns 
termos que devemos conhecer. Confira-os no dicionário a seguir.
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Dicionário do soldador
Junta 
O termo junta será mencionado muitas vezes neste curso e também 
fará parte de sua rotina como soldador. Não é difícil entendê-lo. Basta 
pensar no verbo juntar. A junta é a região entre as peças que preten-
demos juntar, ou seja, unir ao realizar o processo de soldagem.
A execução das juntas soldadas requer uma quantidade pequena de 
material, o que torna o processo simples e barato. Por isso, está pre-
senteem vários setores da indústria, desde a fabricação até o reparo 
de máquinas. O campo de atuação do soldador é imenso. 
Existem várias geometrias possíveis de junta. Nos desenhos acima, elas são as partes mais escuras, onde as peças se juntam.
 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 45
Eletrodo revestido 
É composto, basicamente, por duas partes. A primeira é a vareta, 
feita de um metal semelhante ao do material das peças que serão 
soldadas. A segunda é o revestimento, composto de matérias orgâni-
cas e/ou minerais com proporções bem definidas.
Alma do eletrodo revestido 
Sim, o eletrodo revestido tem alma! Embora essa informação possa 
parecer estranha, é a pura verdade. Os eletrodos revestidos são feitos 
do que chamamos de “alma metálica”, que é rodeada por um reves-
timento composto de matérias orgânicas e/ou minerais. A vareta, que 
você viu acima, é a alma metálica do eletrodo revestido. 
Os eletrodos devem ser guardados separadamente, de acordo com as suas propriedades.
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Núcleo metálico (alma)
Extremo não revestido (pega)
Revestimento
46 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
Arco elétrico 
Ele se forma quando o eletrodo e a peça que será soldada, ambos 
condutores de corrente elétrica, são aproximados e depois separa-
dos. O aumento de resistência à passagem de corrente entre eles 
faz com que as extremidades dos eletrodos sejam levadas a altas 
temperaturas e comecem a fundir.
Tocha Mig
Poça de fusão
Metal de solda
solidificada
Arco elétrico
Arame de
soldagem
Proteção
gasosa
Peça
Alimentação
de arame
A matéria-prima da alma metálica depende da junta a ser soldada. O 
eletrodo deverá ter composição semelhante à das peças que passarão 
pelo processo de soldagem. O revestimento, por sua vez, é muito mais 
complexo em sua composição química.
A alma metálica é feita de um metal semelhante ao das peças que serão soldadas.
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 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 47
Avanço do eletrodo
Poça de fusão
Metal depositado
Eletrodo consumível
Comprimento do arco
Profundidade
da fusão
Metal base
A fusão do eletrodo revestido e do material base (partes a serem 
unidas) forma uma poça de metal no estado líquido que preenche o 
espaço da junta.
Eletrodo consumível 
Chamamos assim os eletrodos utilizados no processo de soldagem e 
que são consumidos (gastos) quando depositados na região soldada. 
Para simplificar, é mais comum os especialistas se referirem a esses 
eletrodos apenas como “consumíveis”. 
Temos muitos exemplos de “consumíveis” no nosso dia a dia. O batom, 
por exemplo, é um consumível da maquiagem.
Gases de proteção 
São gases utilizados em diversos processos de soldagem para prote-
ger a poça de fusão contra a contaminação do hidrogênio e do oxigê-
nio contidos no ar atmosférico. Essa contaminação pode reduzir a 
qualidade da solda ou tornar o processo de soldagem mais difícil.
48 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
Metal base
Metal de adição
Porta eletrodo
Revestimento
Gases de proteção
Poça de fusão
Escória
Metal
soldado
Alma
Cabo
elétrico
Arco elétrico
Metal base 
É o material da peça metálica que passa pelo processo de soldagem. 
Metal de adição 
É o material adicionado, no estado líquido, durante a soldagem por 
fusão. O metal base não pode ser escolhido, mas o de adição, sim. Para 
selecionar o metal de adição, é preciso prestar muita atenção no metal 
base. Os dois devem possuir uma correspondência para que respeitem 
as propriedades mecânicas e metalúrgicas exigidas pela junta soldada.
 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 49
Vistos os termos mais usados nesta área, vamos falar sobre os processos de soldagem 
mais conhecidos.
Soldagem com eletrodo revestido 
Esse processo leva o nome do material utilizado durante a soldagem – o eletrodo 
revestido –, que, como vimos, é uma vareta feita de um metal de adição semelhante 
ao das peças que serão soldadas. Ao ser fundida, essa vareta torna-se pastosa e escoa 
para dentro da junta que será soldada, assegurando a continuidade das propriedades 
físicas e químicas do material soldado. 
Tudo isso ocorre com o calor de um arco elétrico mantido entre as extremidades 
do eletrodo revestido e da peça de trabalho. O calor produzido pelo arco funde o 
metal, a alma do eletrodo e o revestimento.
Arco elétrico
A proteção da poça de fusão e do arco, contra a contaminação pela atmosfera, é feita 
pelos gases produzidos na decomposição do revestimento.
Soldagem TIG 
Essa sigla corresponde às iniciais das palavras inglesas Tungsten Inert Gas. Elas indicam 
que o eletrodo é composto por uma substância química chamada Tungstênio e que 
a proteção da poça de fusão e do arco é feita por uma nuvem de gás inerte. Entre os 
gases utilizados, estão o argônio, o hélio e a combinação dos dois. 
50 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
O processo TIG é muito parecido com o de eletrodo revestido: a união das peças 
ocorre por meio do arco elétrico estabelecido entre o eletrodo e as peças a unir. Mas 
há uma diferença importante: o eletrodo de tungstênio não é consumível como o 
eletrodo revestido. O consumível usado no processo TIG é uma vareta de metal, 
que pode ser vista na foto acima.
Processo de Soldagem TIG (Tungsten Inert Gas).
Eletrodo de Tungstênio.
Essa soldagem normalmente é utilizada em uniões que exigem peças soldadas de 
altíssima qualidade. 
Soldagem MIG/MAG
A sigla MIG corresponde às iniciais das palavras inglesas Metal Inert Gas; já a sigla 
MAG remete a Metal Active Gas. Com isso, já é possível imaginar que nos processos 
de soldagem MIG e MAG o que difere são os gases utilizados. Quando a proteção 
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 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 51
da poça de fusão é feita com um gás inerte, o processo 
é o MIG. Quando a proteção gasosa é feita com um gás 
ativo, ou seja, um gás que interage com a poça de fusão, 
o processo é o MAG. 
Processo de soldagem MIG/MAG (Metal Inert Gas / Metal Active Gas).
Melhorias contínuas tor-
naram o processo MIG/
MAG aplicável à soldagem 
de todos os metais comer-
cialmente importantes 
como o aço, o alumínio e 
o cobre. Não só por isso 
esse processo tem sido 
uma boa escolha: o MIG/
MAG apresenta condições 
de soldagem capazes de 
produzir soldas de alta 
qualidade e baixo custo.
Você sabia?
Entre os dois, o processo de “soldagem MIG” é mais 
antigo. O uso de gases de proteção ativos foi introduzido 
mais tarde, possibilitando o emprego do termo “soldagem 
MAG”. Assim como a soldagem TIG e a de eletrodo 
revestido, a soldagem MIG/MAG ocorre com a ajuda 
do arco elétrico. A diferença é que o consumível (eletro-
do), nesse caso, é chamado de arame. Um arco elétrico 
é estabelecido entre a peça e esse arame, de modo que a 
poça de fusão possa ser completada.
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52 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
Soldagem Oxigás
Um dos processos mais antigos de soldagem, essa é uma 
operação mais fácil de ser utilizada porque usa uma cha-
ma produzida na ponta de um maçarico. O processo é 
basicamente manual, e, portanto, o soldador tem controle 
sobre a temperatura. O metal base e o metal de adição se 
misturam numa poça comum e, ao resfriar, se solidificam. 
Arame consumível MAG à esquerda e arame consumível MIG à direita.
Processo de soldagem Oxigás.
DICA
Como a soldagem a oxigás 
dispensa o uso da energia 
elétrica, ela é muito empregada 
em trabalhos de campo, 
principalmente em atividades 
de reparo.
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Soldagem com arco submerso 
Nesse tipo de soldagem, o calor necessário para que a fusão ocorra é gerado por um 
arco formado entre a peça com a qual está se fazendo o trabalho e a extremidade do 
arame de soldagem, que é utilizado como consumível.Processo de soldagem com arco submerso.
Ambos (peça metálica e arame) ficam cobertos por uma camada de um material 
mineral granulado conhecido por fluxo para soldagem. Daí o nome arco submerso: 
o arco fica escondido. Não há arco visível, nem faíscas, respingos ou fumaça. A 
soldagem por arco submerso é geralmente realizada com equipamentos automáticos, 
embora ainda existam pistolas de soldagem manuais para esse processo. 
Mineral granulado (fluxo para soldagem) utilizado no processo de 
soldagem com arco submerso.
Arame utilizado no processo de soldagem com arco submerso.
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54 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
E o soldador com tudo isso?
As atividades do soldador são divididas e nomeadas de acordo com processos de sol-
dagem e corte como esses. Antes de vermos essas atividades, é importante saber que 
existem alguns cuidados dos quais um soldador não poderá se descuidar, qualquer 
que seja o processo de soldagem. 
Trata-se de seguir todos os procedimentos necessários para a realização do trabalho:
•	 organizar o local da soldagem;
•	 preparar os equipamentos; 
•	 preparar os acessórios; 
•	 preparar as peças que serão soldadas; e 
•	 aplicar estritas normas de segurança.
E utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) pertinentes a cada etapa. 
São eles:
•	 gorro;
•	 máscara de proteção de soldagem;
•	 filtro de luz;
•	 avental de couro;
•	 mangas ou mangote de raspa de 
couro;
•	 luvas de raspa de couro;
•	 perneiras de raspa de couro;
•	 sapatos de couro; e
•	 protetores auditivos tipo plug.
A profissão de soldador oferece muitos 
riscos ao trabalhador. Ao escolhê-la, 
você deverá saber que todo o cuidado 
é pouco. Sem esses equipamentos, o 
soldador pode desenvolver problemas 
de visão e audição, doenças respirató-
rias e queimaduras na pele. 
 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 55
O soldador de eletrodo revestido
A rotina de trabalho do soldador que utiliza processos de soldagem mais complexos é 
semelhante à daquele que trabalha com o eletrodo revestido. Mas existem diferenças 
e, para entendê-las melhor, pense nas diferenças entre dirigir um carro e um ônibus.
Quando você tira sua primeira carteira de habilitação, ganha o direito de dirigir carro 
ou moto. Só a partir daí, você poderá mudar de categoria de motorista – elas variam 
de A a E. Para dirigir ônibus, por exemplo, é preciso ter a categoria D indicada em 
sua carteira. Mas, até chegar a esse ponto, é exigida experiência mínima de dois anos 
na categoria B ou de um ano na C. Se você quiser conduzir um ônibus, portanto, 
antes precisará ter dirigido automóveis comuns por um bom tempo.
Em metalurgia, o mesmo ocorre com o eletrodo revestido quando comparado com 
os outros processos. Por ser um processo simples, ele é o mais usado para iniciar o 
aprendizado dos profissionais na área de soldagem. 
Processo de soldagem com eletrodo revestido: a melhor opção para os cursos de formação de soldador.
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56 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
Não é imprescindível que o aluno tenha feito o curso de eletrodo revestido para 
só depois realizar outros tipos de soldagem. Mas o acúmulo de experiência nesse 
processo facilitará o aprendizado dos outros processos, assim como dirigir carros 
facilita o aprendizado de dirigir um ônibus. 
Além de ser mais simples e fácil de aprender, o processo com eletrodo revestido 
possui, ainda, outras vantagens sobre os demais tipos de soldagem. 
O eletrodo revestido dá ao soldador várias possibilidades de aplicação. Ele possi-
bilita grande mobilidade, podendo ser usado dentro de uma fábrica ou em locais 
de difícil acesso. 
Assim como não é em qualquer garagem que cabe um ônibus, o que torna o carro 
bem mais prático, o eletrodo revestido apresenta uma praticidade bem maior de 
aplicação. Não há, por exemplo, construção que dispense um bom eletrodo revestido, 
pois ele chega onde os outros não conseguem chegar e facilita a soldagem nas várias 
posições de trabalho (no segundo volume deste curso, você descobrirá quantas são 
as posições possíveis da soldagem).
No entanto, a soldagem com eletrodo revestido também têm desvantagens. Em 
muitas situações, seu acabamento é inferior e a sua produtividade, menor. Os 
outros processos conseguem fazer uma solda mais bonita e em menos tempo 
porque são automatizados. 
 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 57
Modos de operação 
Já vimos que diferentes processos de soldagem podem ser 
usados e maneiras diversas de soldar podem ser aplicadas. 
A soldagem pode ou não contar com o trabalho humano, 
abrindo ou não postos de trabalho para o soldador. Veja, 
a seguir, quais são os diferentes modos de operação. 
•	 Manual – neste modo de operação, todo o processo é 
feito pelo soldador. A ele cabe controlar, do início ao fim, 
todas as etapas, para que a soldagem seja bem-sucedida. 
•	 Semiautomático – aqui, a alimentação do metal de adição 
é controlada automaticamente. Mas o soldador deve posi-
cionar e acionar a tocha ou o porta-eletrodo. A operação 
semiautomática requer menos habilidade do soldador do 
que a manual. No entanto, de qualquer forma, nessas 
duas operações um bom soldador é sempre requisitado. 
Eletrodo revestido: chega onde os outros não conseguem chegar.
DICA
O setor industrial está em 
constante expansão e oferece 
ótimas oportunidades para o 
soldador. No entanto, 
normalmente são exigidas 
experiência e qualificação. O 
investimento em cursos técnicos 
de soldagem é uma ótima dica 
para os soldadores que já 
exercem a profissão, mas 
desejam melhorar a carreira! 
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58 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
•	 Mecanizado ou Automático – nele, quase todas as etapas da soldagem são rea lizadas 
com controle automático. Ainda assim, conta-se com o operador de soldagem que 
é responsável por acionar a máquina de soldagem, controlar o seu posicionamento 
e supervisar a operação. 
Na Unidade 09, “Qualidade e produtividade”, do Caderno 2, você verá como o uso 
de modos de operação como o mecanizado tem aumentado drasticamente, enquanto 
a procura por uma maior produtividade também aumenta. 
Atividade 1
ConheCendo a profissão
1. Leia a entrevista a seguir. Ela traz o depoimento de um metalúrgico que atua 
como soldador há 36 anos.
P – Qual é o seu nome e o que você faz? 
R. Meu nome é José Pestana de Oliveira e sou soldador. 
P – Qual é a sua idade? 
R. 55 anos.
P – Como iniciou sua carreira? 
R. Eu iniciei minha carreira como ajudante de soldador. 
 P – Há quanto tempo você exerce a profissão de 
soldador? 
R. Eu exerço a profissão de soldador há 36 anos. A 
minha trajetória nessa ocupação tem uma importância 
muito grande para mim. Tudo o que eu construí foi por 
meio da soldagem. A solda faz parte da minha vida. 
P – Onde você trabalha? 
R. Atualmente eu trabalho no setor de Célula de Com-
ponentes Soldados.
P – Qual é a sua rotina de soldador?
R. A minha rotina é como a de qualquer soldador: 
chego de manhã e a primeira coisa que faço é me 
apresentar no setor. Quando chego ao setor o meu 
supervisor já me apresenta as tarefas. O supervisor 
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 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 59
2. Organizados em trios, você e dois colegas vão entrevistar um profissional da área. 
Se possível, escolham alguém que atue num bairro próximo à escola. Segue abaixo 
um modelo de roteiro de perguntas:
a) Quem é o entrevistado? Qual o seu nome? Onde trabalha?
b) Qual sua escolaridade?
c) Há quanto tempo está exercendo essa ocupação?
d) Como é o trabalho que realiza no seu dia a dia?
tem as tarefas programadas de todos os funcionários, a função dele é, justamente, distribuir o pessoal nos 
postos de trabalho. Assim que termino as minhas primeiras atividades, já sou convocado para outras.    
P – O que é preciso para ser um soldador? 
R. Basicamente, vontade e treinamento.
P – Quais são os principaiscuidados que se deve ter ao realizar as soldagens? 
R. O principal cuidado que o soldador deve ter, em qualquer tipo de soldagem, é preparar e estudar o 
local de trabalho. Parte importante desse cuidado é analisar o risco a que se está exposto e, então, utilizar 
os EPI’s necessários.  
P – O que é preciso para ser um soldador qualificado?
R. O primeiro passo para ser um soldador qualificado é participar de todos os treinamentos de qualificação 
exigidos. Mas também é essencial ter vontade de conhecer os processos e, assim, conseguir dominar não 
apenas a teoria, mas também a prática.
60 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
e) Como aprendeu a ocupação? 
f) Quais são as principais dificuldades para exercer o trabalho no dia a dia?
g) O que você recomendaria para que um profissional que está começando possa 
aprimorar seus conhecimentos?
3. Investiguem as oportunidades de trabalho existentes para quem exerce essa ocupação.
4. Criem um cartaz com as principais informações levantadas na entrevista e na 
pesquisa sobre oportunidades de trabalho e exponham os resultados do trabalho 
para a classe. Se houver necessidade complete a sua pesquisa com informações 
sobre a ocupação utilizando um computador e consultando o Portal do Ministério 
do Trabalho e Emprego do governo federal (www.mtecbo.gov.br). 
O mercado de trabalho
A economia nacional cresceu em 
ritmo acelerado nos últimos anos, 
o que gerou, entre outros efeitos, 
um aumento significativo na quan-
tidade de empregos na indústria, 
inclusive no setor metalúrgico.
A boa notícia inclui a área de atua-
ção do soldador, que engloba vários 
setores da metalurgia: da fabricação 
de produtos ao reparo de máqui-
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 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 61
nas. Essa ocupação pode ser desempenhada tanto em 
fábricas (nas unidades de produção ou no campo), como 
em pequenas oficinas (por trabalhadores autônomos ou 
contratados). E a área de trabalho desse profissional vai 
além das indústrias. O soldador pode se dedicar, ainda, a 
atividades de ensino e pesquisa em escolas técnicas e/ou 
estabelecimentos voltados para a capacitação de soldadores.
O setor de ensino e pesquisa oferece boas oportunidades ao soldador qualificado.
O soldador de manutenção e o 
soldador qualificado 
Existem diferenças entre o chamado soldador de manu-
tenção e o soldador qualificado. Com este curso, de nível 
básico, você poderá se tornar um soldador de manutenção, 
um trabalhador que possui certo conhecimento teórico 
do processo e também saberes suficientes para manipular 
equipamentos de solda e soldar materiais metálicos.
DICA
Existe uma qualidade que não 
pode faltar ao soldador de 
manutenção: a criatividade. 
Quando o objetivo é fazer com 
que o equipamento volte a 
funcionar nas mesmas condições 
originais, é preciso considerar que 
cada caso é distinto e, portanto, a 
técnica de soldagem utilizada 
também não poderá ser a mesma. 
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62 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
Já para se tornar um soldador qualificado, você terá que dar mais um passo na área 
de qualificação profissional.
A formação do soldador qualificado, além de conhecimentos técnicos dos processos 
de solda, garante ao profissional a possibilidade de realizar a solda conforme a Es-
pecificação do Procedimento de Soldagem (EPS).
Especificação do procedimento de soldagem
A EPS é um documento que registra valores de diversas variáveis que 
interferem no processo de soldagem. Quando o soldador qualificado 
precisa fabricar uma junta soldada, a EPS mostra a ele as variáveis e 
os respectivos valores a serem considerados para que o procedimen-
to se dê de maneira satisfatória: material base, material de adição, 
chanfro, desenho da junta, posição de soldagem, corrente, voltagem, 
temperatura de pré-aquecimento e processo de soldagem.
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EPS
No 01/2011
ESPECIFICAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE 
SOLDAGEM
PROCESSO DE SOLDAGEM: 
 ELETRODO REVESTIDO
DESENHO DA JUNTA TESTE (mm)
60o
1,0
13
JUNTAS:
METAIS BASE: METAL DE ADIÇÃO:
CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS:
POSIÇÃO: PRÉ-AQUECIMENTO:
TÉCNICA:
Especificação do Material NV ........................................ 
Tipo ou Grau A ..............................................................
De no P ........... 1 G 1 .........a no P ....... 1 G 1 ..................
Espessura .......... 13 mm .................................................
Outros ................. N/A ....................................................
Polaridade ........ INVERSA ELETRODO POSITIVO ...... 
Corrente ............CORRENTE CONTÍNUA ..................... 
Amperagem .......120 A (3,2 mm)..... e ..... 150A (4 mm) ..
Voltagem ...........24 V..... e ..... 26 V ...............................
Outros ................. N/A ....................................................
Posição do 
Chanfro .............HORIZONTAL..2G ............................... 
Progressão da Soldagem ............N/A .............................
Outros ................. N/A ....................................................
Temperatura de Pré-aquecimento............ N/A ................
Temperatura Interpasses .......................... N/A ................
Outros ....................................................... N/A ................
Deposição Retil. ou Oscilante............RETILÍNEA ............ 
Velocidade de Soldagem ...................N/A .........................
Passe único ou multipasse ................MULTIPASSE ........
Oscilação ........................... N/A .......................................
Outros ................................ N/A .......................................
Especificação .............SFA-5. 1 .......................................... 
Classificação ..............AWS E 7018 ...................................
Número F ...........4.............................................................
Diâmetro ............3,2 mm (raiz) e 4 mm (restante) ............
Outros ................. N/A .......................................................
RQPS no:
 01/2011
 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 63
O soldador que executa a solda de acordo com a EPS, por 
ser considerado um soldador qualificado, é requisitado 
para trabalhos mais complexos. Ele atua sob a orientação 
de um inspetor de soldagem. 
Este é o exemplo de uma EPS. Ela contém as variáveis envolvidas no processo para orientação do soldador durante a realização da 
soldagem. (Adaptação simplificada para uso didático.)
O soldador qualificado deve realizar o seu trabalho seguindo a Especificação do Procedimento de 
Soldagem (EPS).
Cada soldador qualificado 
possui um código. Esse 
código, chamado de si-
nete, funciona como uma 
“carteira de identidade” 
do soldador. Por isso, 
após produzir uma solda, 
o sinete do autor deve ser 
colocado ao lado dela, pa-
ra que todos saibam quem 
realizou o trabalho.
Você sabia?
A
C
E
R
V
O
 P
E
S
S
O
A
l
CORPO 
DE PROVA
1
2
38,08
38,08
11,96
12,13
455,44
461,91
21450
21500
461
456
FORA DA SOLDA
FORA DA SOLDA
LARGURA 
(mm)
TIPO 
LATERAL
TRANSVERSAL (RAIZ E FACE)
LONGITUDINAL (RAIZ E FACE)
RESULTADO 
R1=BOM - R2=BOM F1=BOM - F2=BOM
ESPESSURA 
(mm)
ÁREA 
(mm2)
CARGA 
MÁXIMA 
(kgf)
LIMITE DE 
RESISTÊNCIA 
(M Pa)
TIPO E LOCALIZAÇÃO 
DA FRATURA
ENSAIO DE TRAÇÃO - RELATÓRIO No 4397
ENSAIO DE DOBRAMENTO GUIADO (SOLDA EM CHANFRO)
CERTIFICAMOS QUE AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE RELATÓRIO ESTÃO CORRETAS, 
E QUE OS CORPOS DE PROVA FORAM PREPARADOS, SOLDADOS E ENSAIADOS DE 
 ACORDO COM OS REQUISITOS DO CÓDIGO ASME SEÇÃO IX
DATA: ........... / ........ / 11 APROVAÇÃO: ................................
64 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1
Embora a qualificação seja importante, nas situações do dia

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