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g o v e r n o d o e s ta d o d e s ã o pa u l o 1 Soldador 1 Soldador m e t a l u r g i a emprego GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Geraldo Alckmin Governador SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Rodrigo Garcia Secretário Nelson Baeta Neves Filho Secretário-Adjunto Maria Cristina Lopes Victorino Chefe de Gabinete Ernesto Masselani Neto Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante Coordenação do Projeto CETTPro/SDECT Juan Carlos Dans Sanchez Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap José Lucas Cordeiro Apoio Técnico à Coordenação Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap Laís Schalch Apoio à Produção Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap Ana Paula Alves de Lavos Emily Hozokawa Dias Isabel da Costa M. N. de Araújo José Lucas Cordeiro Karina Satomi Laís Schalch Maria Helena de Castro Lima Selma Venco CETTPro/SDECT Bianca Briguglio Cibele Rodrigues Silva Textos de referência Edison Marcelo Serbino Irineu de Souza Barros Luiz Cláudio Paula Marcos Antonio Batalha FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETA Presidente João Sayad Vice-Presidentes Ronaldo Bianchi Fernando Vieira de Mello Diretoria de Projetos Educacionais Diretor Fernando José de Almeida Gerentes Monica Gardelli Franco Júlio Moreno Coordenação técnica Maria Helena Soares de Souza Equipe Editorial Gerência editorial Rogério Eduardo Alves Produção editorial Janaina Chervezan da Costa Cardoso Edição de texto Lígia Marques Marcelo Alencar Revisão Conexão Editorial Identidade visual João Baptista da Costa Aguiar Arte e diagramação Paola Nogueira Pesquisa iconográfica Elisa Rojas Eveline Duarte Ilustrações Bira Dantas Luiz Fernando Martini Consultoria Marcos Antonio Batalha Agradecemos aos seguintes profissionais e instituições que colaboraram na produção deste material: Carla Cruz Dos Santos, Empresa Servimig, Empresa Signo Arte, Empresa Starrett, Fundição TUPY S.A., Graziele da Silva Santos, Grupo Voith, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Neise Nogueira, Valdemar Carmelito dos Santos. Secretaria de deSenvolvimento econômico, ciência e tecnologia Caro(a) Trabalhador(a) Estamos felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do Programa Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto é importante a capacitação profissional para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir o seu próprio negócio. Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo desempregado. Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se manter atualizados ou quem sabe exercer novas profissões com salários mais atraentes. Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego. O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, em parceria com instituições conceituadas na área da educação profis- sional. Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para facilitar o aprendizado de maneira rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho e excelentes cidadãos para a sociedade. Temos certeza de que iremos lhe proporcionar muito mais que uma formação profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a realização de sonhos ainda maiores. Boa sorte e um ótimo curso! Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia Caro(a) Trabalhador(a) Aqui começa seu caminho para um novo aprendizado. Um aprendizado que precisa ser ampliado. Sabe por quê? Porque no mundo de hoje não é suficiente conhecer as técnicas e os procedimentos necessários ao desempenho da função de soldador. Também é preciso, por exemplo, saber como você pode melhorar sua busca por um novo emprego e perceber que o campo de atuação de um profissional da área não se restringe ao ambiente industrial. Para isso, é necessário dominar muito mais do que os aspectos técnicos da ocupação. O ponto de vista do Via Rápida Emprego da Secretaria de Desenvolvimento Eco- nômico, Ciência e Tecnologia do Governo de São Paulo é o de que o profissional, para iniciar sua carreira ou aperfeiçoar aquilo que já sabe, deve conhecer as técnicas, mas também precisa se diferenciar em alguns aspectos, para ter mais chances na obtenção de um emprego ou conseguir trabalhar por conta própria. Nesta publicação, você vai conhecer as várias facetas da ocupação de soldador. Onde ele atua? O que precisa conhecer para desempenhar melhor seu trabalho? Como este ofício surgiu? Questões assim serão discutidas ao longo do curso. Você vai, também, conhecer a evolução histórica da metalurgia e descobrir a impor- tância do setor nas lutas pela Independência do Brasil no século 18 (XVIII) e, mais recentemente, pela redemocratização do país. Como você vê, nosso curso será cheio de novidades para que sua formação seja a mais completa possível. Vamos ao estudo! Sum á ri o Unidade 1 9 a história da metalurgia Unidade 2 37 a profissão de soldador Unidade 3 67 o setor metalúrgico dados internacionais de catalogação na publicação (cip) (bibliotecária silvia marques crb 8/7377) P964 Programa de qualificação profissional: Metalurgia / Soldador . -. -- São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2011. v.1, il (série: arco ocupacional) Vários autores Programa de qualificação profissional da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho -- SERT ISBN 978-85-8028-001-2 1. Ensino profissionalizante 2. Metalurgia-técnico I. Título II. Série CDD 371.30281 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 9 Unida d e 1 A históriA dA metAlurgiA A indústria metalúrgica gera milhões de empregos no mundo inteiro. É muito fácil entender o que essa gigante faz. Basta dar uma olhadinha à sua volta para comprovar: a geladeira, a luminária, a moldura de muitas janelas, a torneira, a estrutura da cadeira, o fogão, a ponta da caneta esferográfica, os talheres, as panelas, as ferramentas, os pregos, o portão de casa, o carro, a grade de proteção do canteiro central da avenida, o metrô, os trilhos do metrô, o ônibus, o avião... E você já parou para pensar sobre a origem disso tudo? Escava- ções arqueológicas mostram que o homem já fabricava objetos metálicos na Pré-História (ou seja, desde antes da invenção da escrita). Vamos acompanhar, na linha do tempo a seguir, alguns dos fatos mais importantes ligados aos primórdios da metalurgia. Os produtos da indústria metalúrgica estão em toda parte: no metrô, nos trilhos do metrô... S h u t t e r S t o c k 10 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 6000 a.C.-3500 a.C. (antes de Cristo) Os primeiros instrumentos em cobre, moldados com pedradas, datam dessa épo- ca e foram localizados no Oriente Médio. Na mesma região, cientistas encontra- ram armas e ornamentos do mesmo metal, fundido e vazado, produzidos em 3500 a.C. Em metalurgia, o termo vazado significa que o metal em estado líquido foi despejado num molde para preenchê-lo. O cobre, a prata e o ouro foram os primeiros metais a serem descobertos, pois existem na natureza em seu estado nativo. O ouro, bem distri- buído pela superfície do pla- neta, provavelmente atraiu o homem primitivo por causa do seu forte brilho. PRÉ-HISTÓRIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA 3,5 mil a.C. Surgimento da escrita 476 d.C. Queda do Império Romano Você conhece a definição de Pré-História? E de História? A fim de facilitar o estudo e a compreen- são da História, estudiosos a dividiram em grandes períodos de tempo. Vamos ver que períodos são esses e o que os separa: • Pré-História: da origem do homem, há cerca de 5 milhões de anos, até 3,5 mil a.C. (antes de Cristo), quando surgiu a escrita. • Antiguidade: do surgimento da escrita até a queda do Império Romano (no ano 476 d.C.). • Idade Média: da queda do Império Romano até 1453, quando ocorreu a tomada de Constantinopla pelos turcosotomanos. • Idade Moderna: da tomada de Constantinopla até 1789, data da Revolução Francesa. • Idade Contemporânea: da Revolução Francesa até nossos dias. + 5 milhões de anos atrás Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 11 3300 a.C. O bronze, que é uma liga (junção) de cobre e estanho, foi produzido pela primeira vez, possivelmente por acidente na Suméria. Mais dura e resistente do que o cobre puro, essa mistura revelou-se mais apropriada para ser vazada (despejada em estado líquido) em moldes. 2000 a.C. Os chineses conheceram o ferro nesse período. Pesquisadores acre- ditam que as primeiras formas desse metal usadas pelo homem eram provenientes de meteoritos, pois continham quantidades significa- tivas de níquel. Mais duro que o ouro, a prata e o cobre, o ferro era caro devido à sua raridade. Muito mais tarde, quando nossos ante- passados aprenderam a extraí-lo das rochas onde se encontra, passou a ser utilizado em abundância. 1600 a 600 a.C. Chineses, persas e palestinos desenvolvem o latão, uma liga de cobre e zinco. IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORÂNEA 1453 d.C. Tomada de Constantinopla 1789 d.C. Revolução Francesa Atual Meteoroides são peque- nas rochas que giram em torno do Sol. Algumas vezes, são atraídos pela Terra ou por outro astro. Quando entram na at- mosfera terrestre, pegam fogo por causa do atrito com o ar e passam a se chamar meteoros, tam- bém conhecidos, popu- larmente, como estrelas cadentes. Quando uma parte do meteoroide atra- vessa a atmosfera sem se desintegrar totalmente e atinge o solo, ele é cha- mado de meteorito. Você sabia? 12 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 PRÉ-HISTÓRIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA 476 d.C. Queda do Império Romano 1350 a.C. É dessa data o primeiro artigo fabricado com ferro de que se tem notícia: uma lâmina de punhal encontrada no sarcófago (túmulo) do faraó egípcio Tutancâmon. Esse punhal ficava no local de maior importância do túmulo. Ele resistiu durante tanto tempo sem ser corroído porque é um pedaço de ferro que contém pouco carbono, o que dificulta o aparecimento da ferrugem. Trocando em miúdos, o ferro com baixo teor de carbono apresenta grande resistência à corrosão, ou seja, é mais difícil de ser destruído. Guarde essa infor- mação, pois ela lhe será útil mais tarde, quando tiver de testar a re- sistência do ferro sob diferentes condições (uma das atividades que se faz em um laboratório de metalurgia). A sociedade egípcia O Egito é famoso por suas pirâmides. Vamos ver também como era formada a “pirâmide social”, isto é, como era dividida a sociedade no antigo Egito. O faraó era a autoridade máxima do país, a pessoa mais importante, e sua vontade precisava ser sempre respeitada. Abaixo dele, vinham os nobres e os altos funcionários. Repare no formato da pirâmide: ela é maior na parte de baixo. Essa base representa quem estava em maior número naquela sociedade: os escravos, os camponeses e os artesãos. Os escravos eram obrigados a realizar serviços forçados – carregavam as pedras na construção das pirâmides, por exemplo. Eles tam- bém realizavam o trabalho agrícola, além de cuidar do gado. Ou seja, escravos, camponeses e artesãos eram a maioria da população e possuíam pouco ou ne- nhum direito. Aqueles que tinham algum conhecimento ou poder econômico es- tavam mais acima na escala social. As mulheres não aparecem nessa pirâmide, apesar de os egípcios terem sido gover- nados por várias rainhas, como Cleópatra. 3,5 mil a.C. Surgimento da escrita + 5 milhões de anos atrás Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 13 Cerca de 400 a.C. Os gregos e os romanos desenvolveram uma forma de tratamento térmico do ferro chamada têmpera. Esse processo consiste no resfria- mento rápido de uma peça cuja temperatura está superior à chamada temperatura crítica (a partir da qual o metal pode sofrer transformação): entre 780°C e 980°C. Sua finalidade é gerar um metal com alta dureza. Pouco tempo depois, esses mesmos povos criaram outro processo de tratamento térmico, hoje conhecido como revenido. Ele consiste em aquecer o ferro abaixo da zona (ou temperatura) crítica (que é de 723°C) e, depois, resfriá-lo lentamente. A finalidade é remover as tensões internas e a dureza excessiva proporcionadas pela têmpera. Cerca de 300 d.C. Ninguém sabe ao certo quando eles surgiram, mas, nesse período, um grupo de químicos/pesquisadores, de origem árabe, ficaram co- nhecidos como alquimistas. Entre outras coisas, eles tentavam criar ouro por meio da transformação de outros metais “menos nobres”. Tomavam como base as ideias de Aristóteles, um filósofo grego que afirmava que tudo que existia na natureza era formado por terra, água, fogo e ar em diferentes proporções. Hoje sabemos que isso não é verdade, e a alquimia nunca conseguiu produzir ouro. Mas re- sultou das experiências dos alquimistas a descoberta de diversas substâncias como o arsênico, o fósforo, o nitrato de prata, o acetato de chumbo, o bicarbonato de potássio, os ácidos sulfúrico, clorídrico, canfórico, benzoico e nítrico e os sulfatos de sódio e de amônia. IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORÂNEA 1453 d.C. Tomada de Constantinopla 1789 d.C. Revolução Francesa Século 13 (XIII) O homem deu um passo im- portante para a criação do aço (uma mistura de ferro e carbo- no): a produção do ferro es- ponja. Ela teve início na Índia, por meio de um processo de carbonização (inclusão de car- bono) do ferro conhecido des- de o tempo dos antigos egíp- cios. Depois de forjada com um martelo, uma esponja de ferro era colocada entre placas de madeira num cadinho (recipiente usado para fundir metais) que, por sua vez, era posto num forno e coberto de carvão vegetal para absorver o carbono. Mas o grande salto nesse sentido só ocorreu mesmo em 1856, quando a metalurgia finalmente conseguiu fabricar o aço – que é mais resisten- te que o ferro fundido e pode ser produzido em enormes quantidades. Atual Na Antiguidade (período que vai de 3,5 mil a.C. até o ano 476 d.C.), gregos e romanos acreditavam que existiam muitos deuses. A mitologia desses po- vos era riquíssima e seus deuses eram associados – entre outras coisas – a elementos e fenômenos da natureza. Uma dessas divindades era um ferreiro gigantesco cujas marreta- das na bigorna originariam os raios das tempestades. Para os gregos, esse deus chamava-se Hefesto; para os romanos, Vulcano. Você sabia? Vulcano forjando os raios de Júpiter, óleo sobre tela de Peter Paul Rubens, 1636-1638, Museu Nacional do Prado, Madri, Espanha. Cadinho. P H O T O l Ib R A R y /l A T IN S T O C k © V U l C A N IS F O R g IN g J U P IT E R ’S w E A P O N S .P E T E R P A U l R U b E N S /I N T E R F O T O /l A T IN S T O C k 14 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Será que é importante saber tudo isso? Por quê? Quando analisamos a trajetória da humanidade, desco- brimos muitas coisas e podemos perceber como os acon- tecimentos do passado moldam o mundo (incluindo as relações sociais e de trabalho) do presente. Existem vários modos de produção (escravista, capi- talista, socialista etc.). Ca- da um é formado por um conjunto de forças pro- dutivas e pelas relações técnicas e sociais que de- terminam essas forças. O capitalismo, por exemplo, tem como protagonistas das forças produtivas os patrões e os empregados. Você sabia? PRÉ-HISTÓRIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA 476 d.C. Queda do Império Romano Idade Moderna Apesar de a Revolução Francesa ser um marco do final da Idade Moderna, vários acontecimentos já sinalizavam a transição que ocorria nesse período. Estava sendo gestado um novo modo de produção que prevalece até os dias de hoje: o capitalismo. E muitas mudanças ocorreram: • no campo da economia, com a expansão comercial e a conquista de novos mercados por meio da expansão marítima (as navegações que levaram à conquista da América, por exemplo); • no campoda cultura, com o Renascimento (cuja liberdade esté- tica propiciou a criação de obras como a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, e a escultura Pietá, de Michelangelo); • na religião, com a Reforma Protestante (que pôs fim ao poder irrestrito e a muitos desmandos da Igreja Católica); e • na política, com o surgimento dos Estados Modernos (países com fronteiras bem definidas, idioma oficial, uma só legislação) e das monarquias absolutistas. O desenvolvimento desse novo modo de produção contou com a ajuda da metalurgia. À medida que o capitalismo – essa nova forma de fazer economia – evoluía, também evoluíam as técnicas utilizadas na meta- lurgia. Mais tarde, em uma outra Idade, a Contemporânea, essas téc- nicas fariam toda a diferença na conhecida Revolução Industrial. Idade Contemporânea O homem conseguiu unir a evolução tecnológica às últimas des- cobertas da metalurgia para promover um desenvolvimento indus- trial tão grande a ponto de ser conhecido como uma revolução: a Revolução Industrial. Mas, sobre esse capítulo da história, falaremos mais tarde. Antes, é preciso entender melhor como, na história da metalurgia, aqueles instrumentos de cobre se transformaram em produtos sem os quais hoje não conseguimos viver. Das primeiras experiências, na Idade dos Metais, à criação do aço, há um longo caminho a percorrer! 3,5 mil a.C. Surgimento da escrita + 5 milhões de anos atrás Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 15 IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORÂNEA 1453 d.C. Tomada de Constantinopla 1789 d.C. Revolução Francesa Atual Prise de la Bastille, gravura de Francois-Hippolyte Lalaisse (1812-1884). A Bastilha era uma prisão onde ficavam confinados os inimigos políticos do rei Luís XVI. Sua tomada, liderada pelo povo parisiense em 14 de julho de 1789, marca o início da Revolução Francesa. © M O N A l IS A (15 0 5) .l E O N A R D O D A V IN C I/ w Ik IM E D IA .O R g D E S E l V A /C O R b IS /C O R b IS (D C )/ l A T IN S T O C k © P IE T á (1 49 9 ).M IC H E l A N g E l O D I l O D O V IC O b U O N A R R O T I/ w Ik IM E D IA .O R g A pintura La Gioconda, óleo sobre tela (1503-1506): popularmente conhecida como Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, é um dos principais símbolos do Renascimento. Hoje faz parte do acervo do Museu do Louvre, em Paris. Outro ícone renascentista: a Pietá (1499-1500), de Michelangelo Buonarroti, foi esculpida em mármore e representa Cristo morto nos braços da Virgem Maria. A obra fica exposta na Basílica de São Pedro, em Roma. 16 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Atividade 1 resgAte histórico O que você descobriu com este resgate histórico? Debata com os colegas, sob a orientação do monitor. Não é possível entender completamente a importância da metalurgia sem ter em mente o que é trabalho. Podemos dizer, de um modo bem simplificado, que trabalho é o ato de transformar a natureza. Ele acontece, por exemplo, quando usamos uma tora de madeira para fazer um banco ou algum metal para moldar um trinco de porta. Ao longo do tempo, o homem foi ampliando seus saberes e criando novas maneiras de aplicá-los. A Idade dos Metais, sobre a qual vamos falar a seguir, marca uma fase da capacidade humana de transformar a natureza e, portanto, do seu trabalho. A Idade dos Metais Foi o uso de materiais metálicos como o bron- ze e o ferro pelo homem pré-histórico que deu nome ao período hoje conhecido como Idade dos Metais. Considerada a última fase da Pré- -História, ela marca o início do domínio das téc- nicas de trabalho com metais fundidos pelo Homo sapiens (em latim, homem inteligente). Nessa época nossos antepassados aprenderam a transformar, por meio de seu trabalho, um recurso natural até então pouco conhecido. Você pode imaginar qual a importância dessa conquista? Ela foi fundamental para as sociedades que surgiram depois. A partir do momento em que o homem dominou técnicas de fundição (processo pelo qual os metais são aquecidos e passam para o estado líquido, e que ainda hoje é utilizado na indústria metalúrgica, como veremos na Unidade 3), conseguiu criar ferramentas para facilitar sua vida. As práticas da agricultura e da caça foram bastante aperfeiçoadas na Idade dos Metais com a criação de instrumen- tos que as auxiliavam. Também a produção de armas foi uma das áreas que mais se desenvolveu e influenciou acontecimentos futuros. O domínio sobre os metais mudou as formas de disputa entre as comunidades: as primeiras guerras já contaram com o desenvolvimento de armas metálicas. Ferramentas Pré-Históricas: produtos da Idade dos Metais. t h e G r a n G e r c o l l e c t io n , n e w Y o r k / t h e G r a n G e r c o l l e c t io n Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 17 Atividade 2 A revolução dos metAis Tente imaginar o impacto que o desenvolvimento de ferramentas e outros instrumentos metálicos provocou no cotidiano dos homens pré-históricos. Se possível, reforce essas noções com uma pesquisa orientada pelo monitor. Escreva abaixo as informações que apurar e, depois, compare-as com os resultados obtidos por seus colegas. Importante Os historiadores dividem a Pré-História em três períodos: o Paleolítico (que já foi popularmente conhecido como Idade da Pedra Lascada), o Neolítico (também chamado de Idade da Pedra Polida) e a Idade dos Metais. No Paleolítico, nossos antepassados não tinham moradia fixa, deslocando-se constantemente atrás de alimento. O chamado “homem nômade” não praticava a agricultura nem criava animais. Quando os alimentos se esgo- tavam, ele se mudava para outra região. Foi no Período Neolítico que teve início o sedentarismo humano, isto é, sua fixação em um lugar. 18 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Idade do Cobre (6000 a.C. a 3500 a.C.) A Idade do Cobre também poderia ser chamada de Era da Agricultura, pois, paralelamente ao domínio da ex- tração (retirada da terra) e da manipulação desse metal, o cultivo de alimentos passou a ser fator determinante para a organização da sociedade. Canais de irrigação tornavam férteis as terras áridas e montanhosas; casas feitas de galhos e argila ganhavam a resistência de tijolos moldados; a escrita pictográfica, baseada em desenhos, evoluía. Esse fato marcou um novo momento na história da humanidade. As ideias passavam, assim, a ser mais bem expressas e articuladas. Os instrumentos feitos de pedra, ossos e madeira foram deixados de lado gradativamente enquanto o homem descobria as possibilidades oferecidas pelo cobre. Esse material tinha maleabilidade, flexibilidade. Podia ser fun- dido, moldado e remoldado até assumir novas formas que facilitavam, por exemplo, o trabalho com a terra e ajudaram no desenvolvimento da agricultura. O homem também passou a moldar, no metal endurecido após o resfriamento, um fio capaz de cortar. Para a humanidade, antes limitada ao uso da pedra, o cobre representou um gigantesco salto tecnológico. Movidos pela curiosidade, nossos antepassados fizeram diversas experiências – e esse período foi fechado com a descoberta de que se podia misturar o cobre com outros metais, como o chumbo. A produção do bronze, uma liga formada por cobre e estanho, representou um novo passo nessa evolução. Idade do Bronze (3500 a.C. a 2000 a.C.) A Idade do Bronze coincidiu com mais um conjunto de avanços e conquistas bastante significativos para a espécie humana. A escrita tornou-se mais simples e objetiva. Um sistema numérico foi desenvolvido para acompanhar a evolução nos mais variados setores. E a construção de Os metais puros têm pouca utilidade para nós. Em geral, eles são com- binados com outros me- tais nas chamadas ligas. Veremos esse assunto com mais detalhes na Unidade 3. Você sabia? Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 19 Foi na Idade do Bronze que se criou a roda, uma das invenções de maior impac- to sobre a humanidade. Vocêsabia? grandes obras e templos (as pirâmides egípcias, por exem- plo) exigiu a padronização de pesos e medidas. Antes da Idade do Bronze, os métodos de medição de grandezas eram bastante simples e pouco precisos: as pessoas usa- vam partes do próprio corpo, como as dimensões do pé, a largura da mão, a grossura do dedo, o tamanho do palmo e dos passos e até o comprimento do nariz! Com isso, cada indivíduo tinha uma medida diferente para a mesma coisa. E dá para imaginar como devia ser difícil chegar a um acordo... Um grande progresso também ocorreu na metalurgia durante esse período. A partir do bronze, implementos feitos de metais se multiplicaram e o conhecimento das ligas – e de suas características – foi sendo aprimorado pelo homem. O bronze começou a ser utilizado para produzir diversos instrumentos, principalmente armas. Arma fabricada durante a Idade do Bronze: na época, os instrumentos metálicos se multiplicaram. E R IC H l E S S IN g / A l b U M /A l b U M A R T /l A T IN S T O C k 20 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Alguns povos do Oriente Médio, que viviam na re- gião onde hoje fica a Tur- quia, já usavam técnicas de metalurgia do ferro em 1400 a.C. (antes de Cristo). Eles fabricavam armas que os transformaram em guerreiros poderosos. Você sabia? Idade do Ferro (1200 a.C. a + 1000 d.C.) Com os primeiros experimentos, o homem logo percebeu uma grande vantagem do ferro sobre o cobre e o bronze: sua abundância na natureza. Por esse motivo, desde mais ou menos 1200 a.C. (antes de Cristo), ele se tornou um dos materiais mais presentes na civilização. Naquele tempo, porém, as fornalhas não atingiam as temperaturas neces- sárias para a fundição do ferro. Por causa dessa limitação surgiu o ferro forjado – que é aquecido e depois moldado a golpes de martelo. Diferentemente do que ocorreu com o cobre e o bronze, reservados aos grupos mais abastados, o ferro era acessível às camadas pobres da sociedade. Isso porque tanto a ob- tenção do metal quanto sua moldagem envolviam custos baixos. Camponeses passaram a usar machados e arados de ferro, e os artesãos, as mais diversas ferramentas. As guerras entre os povos se deram com maior igualdade bélica, já que todos podiam, finalmente, forjar as próprias armas. Ainda hoje é possível encontrar fábricas e institutos de pesquisa que utilizam a antiga técnica de fundição de metais com a ajuda de um cadinho. Esse conhecimento, que há muito tempo vem sendo aplicado, ainda tem lugar, mesmo nas fundições mais bem equipadas. Fundição, em instituto de pesquisa, com a ajuda de um cadinho. IV A N C A R N E IR O Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 21 O homem transforma a natureza e, ao mesmo tempo, se transforma. Transforma os seus instrumentos, os métodos e as relações de trabalho. Enquanto aprimoravam-se as técnicas que levaram os homens ao domínio dos me- tais, o trabalho era artesanal e o sistema de trocas foi organizado gradativamente. Com esse sistema, as pessoas trocavam mercadorias entre elas. Cada um produzia para sustento próprio e o que sobrava era trocado com os demais. Essa forma de troca, associada ao fato de alguns produtos passarem a ter mais procura que outros, abriu caminho para mais uma invenção que envolveu a transformação dos metais: a moeda. Isso aconteceu por volta dos anos 500 a.C. a 400 a.C. (antes de Cristo). Com o advento do dinheiro, os metais foram adquirindo um valor muito maior. Muito tempo depois, já na Idade Média, surgiram as “oficinas artesanais”, com algumas características da indústria – que só apareceria séculos mais tarde: havia o mestre (geralmente um pai de família), o artífice ou companheiro (o filho mais velho) e o aprendiz (o filho mais novo). É importante saber, no entanto, que, nessas oficinas, todos conheciam o trabalho do princípio ao fim e participavam de cada etapa de produção até que a arma, a ferramenta, o utensílio ou o ornamento fosse finalizado. Porém fatores variados – entre os quais a ampliação das relações mercantis, por exemplo – levaram a uma mudança nos processos de trabalho. A produção passou a ser dividida em etapas, dando origem ao trabalho especializado: se, no início, a equipe toda participava de todas as fases de fabricação de um produto, mais tarde, cada um passou a exercer uma só tarefa. Essa transformação foi um dos fatores que criaram condições para a Revolução Industrial. R E P R O D U Ç Ã O Moeda de Lesbos, Grécia, cerca de 500-450 a.C. Moeda de Creta, Grécia, de 300 a 270 a.C. 22 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 A Revolução Industrial A palavra “revolução” tem, entre outros significados, o sentido de grande transformação, mudança expressiva. E o que foi a Revolução Industrial? Um conjunto de mu- danças que aconteceram ao mesmo tempo na economia, no modo de vida das pessoas, na política e, também, nas artes. Mas vamos nos concentrar naquilo que é mais importante para este curso: as mudanças no modo de produção de bens e mercadorias. As primeiras máquinas a vapor, que usavam carvão como combustível, surgiram no século 18 (XVIII) na Inglaterra – país rico em carvão mineral e ferro. Essa conquista tec- nológica marcou o início do que seria a chamada Primeira Revolução Industrial. As indústrias foram diretamente responsáveis pelo cres- cimento das cidades, pois, naquela época, muita gente do campo precisou deixar o local onde vivia e migrar para os centros urbanos em busca de trabalho. E o aparecimento das primeiras metrópoles gerou problemas (e agravou outros) como alcoolismo, prostituição, fome, desemprego etc. No entanto, as mudanças não pararam e, em 1860, veio uma Segunda Revolução Industrial. Se no século ante- rior a novidade foi o uso do carvão para movimentar as máquinas, agora era vez da descoberta da eletricidade e do uso do petróleo. Você pode se aprofundar no assunto consultando o Caderno do Trabalhador 1 – Conteúdos Gerais, no tema “História do trabalho”. Neste nosso curso interessa, principalmente, saber que a transforma- ção do ferro em aço permitiu aumentar e variar toda a forma de produção. Isso porque a nova liga metálica era mais resistente e durável, proporcionando, por exemplo, a criação de enormes estruturas industriais: máquinas que ajudavam a fazer novas máquinas. Uma vez extraído da natu- reza, o minério de ferro tem endereço certo: a usi- na siderúrgica, onde é transformado em aço. Es- se processo leva o nome de redução. Você saberá mais sobre as proprieda- des do aço na Unidade 3. Você sabia? Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 23 Os pioneiros da soldagem Foi nesse contexto que surgiram os primeiros inventos ligados à área de soldagem, como é chamado o processo de unir duas ou mais peças metálicas. Quer um exemplo? Em 1801, em Londres (Inglaterra), um químico inglês, Humphrey Davy, demonstrou de forma experimental uma maneira de unir metais utilizando eletrodos. Em seu experimento, a aproximação de dois eletrodos de carbono acom- panhada de uma fonte de calor de origem elétrica (para isso, ele usou uma bateria) resulta na fusão do metal do eletrodo que, dessa maneira, serve para unir as peças. Esse calor formado entre os eletrodos é chamado, em função de sua forma, de arco. Até hoje as soldagens são feitas com o arco, chamado de arco elétrico. Você verá a seguir detalhes de como ele se forma. O arco produzido por Humphrey Davy, de intensidade e comprimento variáveis – limitados pela voltagem do circuito –, gerava uma luz intensa e bastante calor. A novidade atraiu grande interesse, mas foi considerada, por muitos anos, uma experiência científica sem aplicação prática. Londres nos tempos da Primeira Revolução Industrial: muitos trocaram o campo pela cidade em busca de trabalho. A l b U M /A k g -IM A g E S /A k g -IM A g E S /l A T IN S T O C k 24 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Anos mais tarde – após a Segunda RevoluçãoIndustrial – com o domínio da eletricidade, algumas técnicas de soldagem conquistaram espaço no setor industrial. Em 1887, o russo Nikolay de Bernardos e o polonês Stanislav Olszewski patentearam o primeiro arco com eletrodo de carbono. Seguiram-se aparelhos de solda que utilizam como fonte de calor a queima de oxigênio (oxicombus- tível) e o aquecimento do alumínio (aluminotermia), ambos criados em 1900. Registro da patente do arco com eletrodo, inventado por Nikolay Bernardos e Stanislav Olszewsky. Em 1904, o empresário sueco Oscar Kjellberg inventou o eletrodo revestido ao imergir (mergulhar) arames de ferro em misturas de carbonatos e silicatos. Seu objetivo era proteger o metal fundido da ação do oxigênio e do hidrogênio. Naquele ano, Kjellberg usou sua criação para Antes da invenção de Oscar Kjellberg, várias tentativas de soldagem foram feitas, mas sempre esbarravam em um mes- mo problema: não havia nada pra proteger o arco das reações da atmosfe- ra e, por isso, a solda não ocorria com sucesso. Com o eletrodo inventado por Kijellberg foi diferente: o núcleo metálico, reves- tido por um material ce- lulósico, produzia gases que protegiam a solda até que ela se resfriasse. Era inventado, assim, o eletro- do revestido, que hoje é utilizado pelos soldadores de todo o mundo. Na pró- xima unidade, você conhe- cerá um pouco mais dessa invenção que mudou a his- tória da soldagem. Você sabia? w Ik IM E D IA .O R g Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 25 reparar partes de um antigo navio de guerra que apre- sentava sinais de ferrugem e corrosão. O resultado foi tão bom que diversas companhias de navegação e outras indústrias do ramo metalúrgico passaram a usar seus serviços regularmente. Mas como eram realizadas as atividades de soldagem naquela época? Será que a união soldada apresentava as propriedades mecânicas adequadas? Existia algum tipo de teste ou ensaio para avaliar o resultado da soldagem? O comentário de um comissário dos Estados Unidos, presente na Exposição Universal de Paris em 1889, ao ver uma solda produzida no evento, nos dá a resposta: “O metal soldado é queimado e quebradiço; portanto, o processo não é bem-sucedido”. Os equipamentos de soldagem rudimentares, somados aos ainda parcos conhecimentos sobre o assunto, faziam desse processo uma atividade pouco confiável, colocando em dúvida o desempenho e a qualidade da soldagem. Sucessivos avanços técnicos e tecnológicos reverteram essa situação ao longo do século passado (XX). Hoje, com os conhecimentos acumulados sobre a metalurgia e o desenvolvimento de processos auxiliados por softwares e testes de laboratório, a soldagem tornou-se um recurso imprescindível na fabricação, no reparo e no revestimento de equipamentos mecânicos em geral. Atividade 3 1. O processo de soldagem, ontem Sabendo que soldar significa unir duas peças metáli- cas, como você imagina que era realizado o processo de soldagem nos primeiros anos do século passado? Escreva as suas conclusões na próxima página e depois compare-as com as dos colegas. A técnica está relacionada aos procedimentos; a tec- nologia, por sua vez, refe- re-se ao desenvolvimento e/ou melhoria de equipa- mentos, componentes etc. Você sabia? 26 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 2. Vida de operário Sob a orientação de seu monitor, faça uma pesquisa na internet sobre as condições de vida dos operários na época da Primeira Revolução Industrial. As relações de trabalho mudaram desde então? Em quais aspectos? Reflita sobre o que mudou e o que permanece igual. Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 27 O Barroco é um estilo ar- tístico surgido no século 16 (XVI) que se manifes- tou principalmente na arquitetura, na pintura e na escultura. Suas carac- terísticas mais marcantes são a valorização dos de- talhes, dos ornamentos e das linhas curvas. Nas Vi- las do Ouro, há belíssimas construções nesse estilo, especialmente igrejas, decoradas com painéis pintados por Manuel da Costa Ataíde e com es- culturas moldadas por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Você sabia? A metalurgia no Brasil Rico em recursos naturais, o Brasil passou quase 300 anos de sua história fornecendo metais para a Europa. Isso acon- teceu durante todo o período em que foi colônia de Portugal, entre 1500 e 1822. A descoberta de grandes reservas de ouro em Minas Gerais, no final do século 17 (XVII) e no início do século 18 (XVIII), fez daquela região o centro da eco- nomia do país. Embora quase toda a produção desse metal fosse enviada para o Velho Mundo, retirando do Brasil a maior parte da riqueza gerada, as áreas que concentravam as minas mais ricas deram origem às chamadas Vilas do Ouro, entre as quais se destacam as atuais cidades de Ouro Preto, Mariana, São João del Rei, Sabará, Tiradentes e Diamantina. Nesses lugares, o ouro financiou a construção de belíssimas igrejas em estilo barroco. À esquerda, interior da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto. Acima, escultura de Aleijadinho. T H O M A z V IT A N E T O /P U l S A R IM A g E N S M A U R IC IO S IM O N E T T I/ P U l S A R IM A g E N S 28 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 A produção de ouro começou a diminuir na década de 1750. Para compensar a queda em seus lucros, Portu- gal passou a cobrar impostos ainda mais altos sobre a extração desse metal. Em outras palavras, a Coroa não aceitava que as reservas das Minas Gerais estivessem diminuindo. E, em vez de tomar medidas que melhorassem a situação, instituiu a chamada “Derrama”, exigindo de cada região produtora o pagamento de 100 arrobas (1.500 quilos) do metal – além do “Quinto”, imposto de 20% sobre o ouro encontrado, que já era cobrado até então. Quando a região não conseguia cumprir a cota, soldados invadiam as casas dos moradores e retiravam seus pertences até completar o valor devido. Essa medida, associada à proibição de que a colônia de- senvolvesse atividades produtivas – o que diminuiria sua dependência de Portugal –, causou revolta entre a elite mi- neira: fazendeiros, escritores, donos de minas e militares. Reunidos e organizados, eles começaram a discutir como tornar o Brasil um país independente. Esse movimento ficou conhecido como Inconfidência Mineira. Em 1789, a tentativa de rebelião foi abortada e suas li- deranças, acusadas de infidelidade ao rei. Parte desses líderes foi exilada do país. Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi executado, sendo o dia 21 de abril – aniversário de sua morte – comemorado como uma data histórica no Brasil, um exemplo de luta contra a tirania. Filme O longa-metragem Tiradentes, dirigido por Oswaldo Caldeira em 1999, mostra a Inconfidência Mineira por um ângulo diferente daquele que os livros escolares geralmente apresentam. O filme sugere que Joaquim José da Silva Xavier (interpretado nas telas por Humberto Martins) foi condenado à morte porque era o único entre os revoltosos que não tinha grandes posses. Entre outras medidas, os inconfidentes pretendiam criar uma universidade em Vila Rica (atual Ouro Pre- to), transferir a capital da colônia para São João del Rei e construir fornos side- rúrgicos em Minas Gerais. Você sabia? Joaquim José, “o Liberdade” Tiradentes (1746-1792), chamado de “o Liberdade” pelos colegas inconfiden- tes, aprendeu com o tio o ofício de dentista (daí seu apelido mais conhecido). Também tentou a vida como tropeiro e minerador. Cansado de ganhar mal, alistou-se no Regimento da Cavalaria e recebeu o posto de alferes (o equiva- lente, hoje, a subtenente). Chegou a pedir licença da tropa, mas depois retor- nou. Passou a lutar contra a Coroa ao conhecer as ideias de pensadores como Rousseau e Montesquieu, que influenciaram a Revolução Francesa. Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 29 Tiradentes esquartejado, óleo sobre tela de Pedro Américo, 1893, Museu Mariano Procópio,Juiz de Fora, MG. Apesar da fase que envolveu a extração de ouro e da ri- queza gerada por ela, não houve nenhum considerável progresso industrial no país até o século 19 (XIX). Até a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, era vetada a instalação de fábricas por aqui. Dessa maneira, os brasileiros consumiam apenas produtos portugueses. Pedro Américo de Figueiredo e Melo, autor da tela repro- duzida ao lado, foi pintor, ro- mancista e poeta. Nascido em 1843 na cidade paraibana de Areia, estudou na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e aperfeiçoou- -se em Paris. Admirado por Dom Pedro II, o artista se tornou conhecido por retratar cenas históricas como A Ba- talha do Avaí (1877), quadro exposto no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, e In- dependência ou Morte (1888), painel gigante que faz parte do acervo do Museu Paulista, em São Paulo. Pedro Amé- rico morreu em 1905, em Florença, na Itália. © T IR A D E N T E S E S q U A R T E JA D O (18 9 3) .P E D R O A M é R IC O /w Ik IM E D IA .O R g 30 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Mesmo com a chegada de D. João VI e sua corte, a indústria no Brasil não conse- guiu se desenvolver imediatamente. Em 1o de abril daquele ano, a Coroa liberou o estabelecimento de indústrias e manufaturas, mas os produtos brasileiros já enfrentavam a concorrência das mercadorias inglesas, que entravam no país sem pagar nenhum imposto. Assim, depois de um período no qual criar indústrias no país era proibido, houve a fase na qual privilégios eram concedidos aos produtos fabricados na Inglaterra, fazendo com que a atividade industrial no Brasil tardasse a se desenvolver. Alguns historiadores chegam a afirmar que o capitalismo – modo de produção baseado na indústria e no trabalho assalariado – só se firmou no Brasil depois da década de 1930, mais de 100 anos após a Proclamação da Independência. Se considerarmos a indústria metalúrgica, veremos que seu desenvolvimento no país é posterior a essa data e está fortemente associado às políticas de desenvolvimento implementadas por dois presidentes: Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Operários em frente a uma fábrica paulista fundada no século 19 (XIX): a indústria metalúrgica se desenvolveu bem depois. A R q U IV O E D g A R D l E U E N R O T H /U N IC A M P , C O l E Ç Ã O H IS T Ó R IA D A IN D U S T R IA l Iz A Ç Ã O Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 31 A Era Vargas Vargas ficou no poder por 15 anos (de 1930 a 1945), comandando o país de forma ditatorial – sem que ocor- ressem eleições e sem permitir manifestações políticas de oposição nem a expressão da população. Depois, voltou eleito ao poder, governando entre os anos de 1951 e 1954. Durante sua primeira passagem pela presidência da República, Vargas deparou-se com uma forte crise eco- nômica – efeito da Depressão que se seguiu à quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929 – e a combateu promovendo o fortalecimento da indústria e investindo em infraestrutura. De acordo com sua política de desenvolvimento, o governo faria intervenções diretas na economia, com o Estado ficando responsável pela criação de indústrias de base, entre elas, a metalúrgica. Indústrias de base são aquelas que produzem matérias-primas para ou- tras empresas. Também conhecidas como indús- trias de bens de produção ou indústrias pesadas, elas incluem principal- mente os ramos siderúr- gico, metalúrgico, petro- químico e de cimento. Você sabia? Getúlio Vargas e uma antiga máquina de laminação da Companhia Vale do Rio Doce, criada por ele em 1942: investimento pesado em infraestrutura. F O l H A P R E S S F O l H A P R E S S 32 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Juscelino Kubitschek (em pé, acenando para o público): incentivo à instalação de empresas do setor automobilístico. Essas indústrias de base, por sua vez, dariam suporte para que os demais setores industriais se desenvolvessem. Várias indústrias e diversos institutos de pesquisa, todos estatais, foram criados nesse período. Entre as empresas públicas fundadas por Vargas pode- mos citar a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica Nacio- nal de Motores (1943-1985) e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945). Elas são do ramo de metalurgia e empregam soldadores. A instalação dessas indústrias fez parte da política de substituição de importações adotada pelo então presidente. JK: 50 anos em 5 Juscelino Kubitschek assumiu a presidência da República em 1956, após um período de turbulências na política que culminou com o suicídio de Getúlio Vargas em 1954, interrompendo seu segundo mandato. O vice de Vargas, Substituição de importa- ções é o nome do proces- so econômico que leva ao aumento da produção interna de um país e à diminuição de suas im- portações. Em outras palavras, o país passa a produzir aquilo que vai consumir para não preci- sar comprar os produtos de fora, valorizando, as- sim, a indústria nacional. Você sabia? A C E R V O IC O N O g R A P H IA Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 33 A fundação de Brasília, que substituiu o Rio de Janeiro como capital fe- deral, ocorreu em 21 de abril de 1960, durante a presidência de JK. A pro- messa de deslocar o nú- cleo do poder político para o Planalto Central era uma das metas do pla- no “50 anos em 5”. Você sabia? Café Filho, chegou a comandar o governo, mas foi afasta- do pouco mais de um ano depois por problemas de saúde. JK, eleito em 1955, seguiu uma política considerada “desenvolvimentista” e dizia que sua meta de governo era fazer o Brasil avançar “50 anos em 5”. A promessa entusiasmou o país. Na economia, a proposta de Juscelino era dar continuidade ao desenvolvimento industrial (e acelerá-lo) e, para isso, tinha como um de seus focos as indústrias de base, o que, como já vimos, envolve a área metalúrgica. Mas o governo também apostou na atração de investimen- tos estrangeiros, incentivando a instalação de empresas internacionais, principalmente do setor automobilístico. Isso levou o país a criar uma enorme dívida com conse- quências sérias para as décadas seguintes. O projeto urbanístico de Brasília, que lembra um avião, coube a Lúcio Costa. Já o arquiteto Oscar Niemeyer projetou os principais prédios públicos da nova capital, como o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a Catedral de Brasília. A R q U IV O P ú b l IC O D O D IS T R IT O F E D E R A l 34 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 De 1964 a 1984, o Brasil mergulhou num dos capítulos mais sombrios de sua história: uma ditadura militar reple- ta de censura, violência e repressão. Você pode recordar o assunto consultando o Caderno do Trabalhador 5 – Conteúdos Gerais, no tema “Repassando a história”. Em 1968, em represália contra os opositores, o gover- no baixou o Ato Institucional no 5 (ou AI-5), medida que suprimiu as liberdades políticas e de expressão dos brasileiros. Qualquer ação considerada subversiva pelos agentes do poder poderia resultar em prisão, tortura, extradição e até morte. Dez anos depois da publicação do AI-5, em 12 de maio de 1978, mais de 3.000 metalúrgicos de uma monta- dora de caminhões em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, desafiaram a truculência dos generais: eles entraram na fábrica, mas deixaram as máquinas desligadas. Tinha início, então, a primeira de uma série de greves organizadas pela categoria, que se estenderam A região conhecida como ABC Paulista engloba os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul. Também há quem se refira ao ABCD, que inclui a cidade de Diadema. Você sabia? Trabalhadores da metalurgia na redemocratização do país Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 35 até o ano seguinte. Aumento salarial e melhores condições de trabalho estavam napauta de reivindicações. Entretanto, mais do que as demandas relacionadas diretamente ao trabalho, as mobilizações dos grevistas das indústrias metalúr- gicas em São Paulo (e depois em Minas Gerais) tornaram-se símbolos da luta pela redemocratização do país, já que, na época, o Estado vetava manifestações públicas. Entre outras lideranças, o movimento dos operários do ABC revelou o então torneiro mecânico Luiz Inácio Lula da Silva, que, anos mais tarde, chegaria à presidência da República por meio do voto. Operários de São Bernardo do Campo em greve, no final da década de 1970: símbolo da luta contra a ditadura militar. Atividade 4 reflexão Com a supervisão do monitor, você e seus colegas vão debater a importância dos movimentos grevistas dos metalúrgicos durante a ditadura militar e as vitórias conquistadas pela categoria em consequência disso. E o país, o que ganhou a médio e longo prazo? h o m e r o S é r G io /F o l h a p r e S S Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 37 unida d e 2 A profissão de soldador Soldador, geralmente, é um nome profissional que não cami- nha sozinho. Ele precisa de “sobrenome”. Isso acontece porque existem diversas formas de soldagens e também vários tipos de soldadores. O sobrenome de sua futura ocupação dependerá das atividades que você irá realizar. A lista de possibilidades é grande. Entre os vários “nomes com- pletos”, é possível destacar: o soldador de manutenção, o soldador de eletrodo revestido, o soldador Tig, o soldador MIG/MAG e o soldador a oxigás. 38 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 As categorias profissionais Com tantas possibilidades, pode haver situações em que a empresa definirá o seu nome profissional. É comum as empresas gerarem nomes para as atividades de acordo com suas próprias necessidades e seus critérios. Mas, como veremos adiante, o mais adequado é seguir o que diz a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Locais de trabalho O soldador desenvolve suas atividades na área interna das fábricas ou em locais destinados às operações de soldagem. Ele pode estar: • no campo, participando da construção ou montagem de um equipamento ou uma estrutura; • na área de manutenção da indústria, realizando a sol- dagem de revestimento de equipamentos mecânicos ou peças desgastadas; • na área de reparação de peças metálicas, realizando a soldagem de eixos e peças fraturadas durante o trabalho; e • em oficinas mecânicas e serralherias, realizando solda- gem de vários tipos de peças e objetos. Como definir a ocupação O Ministério do Trabalho e Emprego produz um docu- mento que organiza as diversas categorias profissionais. Esse documento é a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Ele descreve 2.422 ocupações e diz o que é pre- ciso para exercê-las: a escolaridade necessária, o que cada profissional deve fazer, onde pode atuar etc. Entre as in- formações que constam desse documento, existe uma que nos interessa definir neste momento: quem é o soldador. As oficinas mecânicas e serralherias oferecem uma nova oportunidade ao sol- dador: trabalhar por conta própria, ou seja, ser um trabalhador autônomo. Você sabia? Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 39 Além disso, a CBO indica a formação e as atitudes pessoais e profissionais que são esperadas daqueles que pretendem exercer essa ocupação. Vejamos. Formação/qualificação profissional • Apresentar, pelo menos, o Ensino Médio concluído. • Apresentar curso básico de qualificação profissional de até 200 horas-aula. • Desempenhar atividades por um ou dois anos. Atitudes pessoais • Demonstrar habilidade manual. • Desenvolver acuidade (grande sensibilidade) visual. • Demonstrar responsabilidade. • Demonstrar criatividade. A descrição de cada ocupação da CBO é feita pelos próprios trabalhado- res. Dessa forma, temos a garantia de que as informações vêm de quem atua no ramo e, portanto, conhece bem a profissão. Você pode consultar esse documento na íntegra acessando o site: www.mtecbo.gov.br. A ocupação de soldador aparece diversas vezes, mas o nome mais geral que se dá a esta família de trabalhadores é “Trabalhadores de Soldagem e Corte de Ligas Metálicas” (Família CBO 7243). De forma resumida, a CBO indica o que fazem os soldadores: “Unem e cortam peças de ligas metálicas usando processos de soldagem e corte tais como eletrodo revestido, tig, mig, mag, oxigás, arco submer- so, brasagem, plasma. Preparam equipamentos, acessórios, consumíveis de soldagem e corte e peças a serem soldadas. Aplicam estritas normas de segurança, organização do local de trabalho e meio ambiente.” Existem empresas que fornecem capacitação para trabalhadores dessa área quando já estão con- tratados. Quando você estiver buscando empre- go no setor, procure sa- ber quem oferece opor- tunidades de formação. Você sabia? 40 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Atitudes profissionais • Desenvolver conhecimento de informática. • Colaborar no trabalho. • Mostrar iniciativa. • Desenvolver resistência física. • Perceber condições desfavoráveis de trabalho. • Reagir às condições desfavoráveis. • Manter-se atualizado. Algumas posições de soldagem parecem fáceis no começo, mas, com o tempo, exigem resistência física do soldador. DICA Desenvolver conhecimento de informática é muito importante para não ficar para trás em sua profissão! O soldador, por exemplo, muitas vezes ouvirá falar de um programa utilizado para elaborar o desenho da junta, o CAD – Computer Aided Design. Ele não precisará utilizar o programa, mas saber do que se trata já é um diferencial! No Caderno 2 deste curso, você aprenderá mais sobre o CAD. IV A N C A R N E IR O Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 41 Soldar = unir Com um grampo, podemos unir duas mechas de cabelo. Com cola, unimos um pedaço de papel a outro. Com martelo e prego, unimos duas tábuas. O ato de unir está sempre presente em nosso dia a dia. E com a metalurgia não é diferente. Chama-se de soldagem o processo de união de metais, típico da área de metalurgia. Por meio dela, é possível juntar duas ou mais partes metálicas. Soldar, portanto, é o mesmo que unir. A solda, por sua vez, é a zona de união das partes que passaram pelo processo de soldagem. Antes de unir duas partes metálicas é preciso cortá-las e prepará-las para a soldagem. IV A N C A R N E IR O 42 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Realizada a soldagem, o metal adicionado terá completado o espaço em V (zona de união entre as duas peças). Após o corte e a preparação das peças, a soldagem por fusão pode ser realizada. IV A N C A R N E IR O IV A N C A R N E IR O Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 43 Mas o que fazer para que essa união ocorra? Existem vários processos de soldagem possíveis, ou seja, maneiras diversas de unir um metal a outro. Essas maneiras são divididas, basicamente, em dois grandes grupos: 1. Soldagem por pressão: processo pelo qual as partes de metal são unidas depois de pressionadas uma contra a outra. 2. Soldagem por fusão: processo pelo qual as partes são fundidas por meio de aplicação de calor, com ou sem aplicação de pressão. Soldagem por pressão. Soldagem por fusão. Antes de entendermos esses dois grandes grupos de soldagem, porém, existem alguns termos que devemos conhecer. Confira-os no dicionário a seguir. IV A N C A R N E IR O IV A N C A R N E IR O 44 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Dicionário do soldador Junta O termo junta será mencionado muitas vezes neste curso e também fará parte de sua rotina como soldador. Não é difícil entendê-lo. Basta pensar no verbo juntar. A junta é a região entre as peças que preten- demos juntar, ou seja, unir ao realizar o processo de soldagem. A execução das juntas soldadas requer uma quantidade pequena de material, o que torna o processo simples e barato. Por isso, está pre- senteem vários setores da indústria, desde a fabricação até o reparo de máquinas. O campo de atuação do soldador é imenso. Existem várias geometrias possíveis de junta. Nos desenhos acima, elas são as partes mais escuras, onde as peças se juntam. Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 45 Eletrodo revestido É composto, basicamente, por duas partes. A primeira é a vareta, feita de um metal semelhante ao do material das peças que serão soldadas. A segunda é o revestimento, composto de matérias orgâni- cas e/ou minerais com proporções bem definidas. Alma do eletrodo revestido Sim, o eletrodo revestido tem alma! Embora essa informação possa parecer estranha, é a pura verdade. Os eletrodos revestidos são feitos do que chamamos de “alma metálica”, que é rodeada por um reves- timento composto de matérias orgânicas e/ou minerais. A vareta, que você viu acima, é a alma metálica do eletrodo revestido. Os eletrodos devem ser guardados separadamente, de acordo com as suas propriedades. IV A N C A R N E IR O Núcleo metálico (alma) Extremo não revestido (pega) Revestimento 46 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Arco elétrico Ele se forma quando o eletrodo e a peça que será soldada, ambos condutores de corrente elétrica, são aproximados e depois separa- dos. O aumento de resistência à passagem de corrente entre eles faz com que as extremidades dos eletrodos sejam levadas a altas temperaturas e comecem a fundir. Tocha Mig Poça de fusão Metal de solda solidificada Arco elétrico Arame de soldagem Proteção gasosa Peça Alimentação de arame A matéria-prima da alma metálica depende da junta a ser soldada. O eletrodo deverá ter composição semelhante à das peças que passarão pelo processo de soldagem. O revestimento, por sua vez, é muito mais complexo em sua composição química. A alma metálica é feita de um metal semelhante ao das peças que serão soldadas. IV A N C A R N E IR O Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 47 Avanço do eletrodo Poça de fusão Metal depositado Eletrodo consumível Comprimento do arco Profundidade da fusão Metal base A fusão do eletrodo revestido e do material base (partes a serem unidas) forma uma poça de metal no estado líquido que preenche o espaço da junta. Eletrodo consumível Chamamos assim os eletrodos utilizados no processo de soldagem e que são consumidos (gastos) quando depositados na região soldada. Para simplificar, é mais comum os especialistas se referirem a esses eletrodos apenas como “consumíveis”. Temos muitos exemplos de “consumíveis” no nosso dia a dia. O batom, por exemplo, é um consumível da maquiagem. Gases de proteção São gases utilizados em diversos processos de soldagem para prote- ger a poça de fusão contra a contaminação do hidrogênio e do oxigê- nio contidos no ar atmosférico. Essa contaminação pode reduzir a qualidade da solda ou tornar o processo de soldagem mais difícil. 48 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Metal base Metal de adição Porta eletrodo Revestimento Gases de proteção Poça de fusão Escória Metal soldado Alma Cabo elétrico Arco elétrico Metal base É o material da peça metálica que passa pelo processo de soldagem. Metal de adição É o material adicionado, no estado líquido, durante a soldagem por fusão. O metal base não pode ser escolhido, mas o de adição, sim. Para selecionar o metal de adição, é preciso prestar muita atenção no metal base. Os dois devem possuir uma correspondência para que respeitem as propriedades mecânicas e metalúrgicas exigidas pela junta soldada. Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 49 Vistos os termos mais usados nesta área, vamos falar sobre os processos de soldagem mais conhecidos. Soldagem com eletrodo revestido Esse processo leva o nome do material utilizado durante a soldagem – o eletrodo revestido –, que, como vimos, é uma vareta feita de um metal de adição semelhante ao das peças que serão soldadas. Ao ser fundida, essa vareta torna-se pastosa e escoa para dentro da junta que será soldada, assegurando a continuidade das propriedades físicas e químicas do material soldado. Tudo isso ocorre com o calor de um arco elétrico mantido entre as extremidades do eletrodo revestido e da peça de trabalho. O calor produzido pelo arco funde o metal, a alma do eletrodo e o revestimento. Arco elétrico A proteção da poça de fusão e do arco, contra a contaminação pela atmosfera, é feita pelos gases produzidos na decomposição do revestimento. Soldagem TIG Essa sigla corresponde às iniciais das palavras inglesas Tungsten Inert Gas. Elas indicam que o eletrodo é composto por uma substância química chamada Tungstênio e que a proteção da poça de fusão e do arco é feita por uma nuvem de gás inerte. Entre os gases utilizados, estão o argônio, o hélio e a combinação dos dois. 50 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 O processo TIG é muito parecido com o de eletrodo revestido: a união das peças ocorre por meio do arco elétrico estabelecido entre o eletrodo e as peças a unir. Mas há uma diferença importante: o eletrodo de tungstênio não é consumível como o eletrodo revestido. O consumível usado no processo TIG é uma vareta de metal, que pode ser vista na foto acima. Processo de Soldagem TIG (Tungsten Inert Gas). Eletrodo de Tungstênio. Essa soldagem normalmente é utilizada em uniões que exigem peças soldadas de altíssima qualidade. Soldagem MIG/MAG A sigla MIG corresponde às iniciais das palavras inglesas Metal Inert Gas; já a sigla MAG remete a Metal Active Gas. Com isso, já é possível imaginar que nos processos de soldagem MIG e MAG o que difere são os gases utilizados. Quando a proteção IV A N C A R N E IR O IV A N C A R N E IR O Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 51 da poça de fusão é feita com um gás inerte, o processo é o MIG. Quando a proteção gasosa é feita com um gás ativo, ou seja, um gás que interage com a poça de fusão, o processo é o MAG. Processo de soldagem MIG/MAG (Metal Inert Gas / Metal Active Gas). Melhorias contínuas tor- naram o processo MIG/ MAG aplicável à soldagem de todos os metais comer- cialmente importantes como o aço, o alumínio e o cobre. Não só por isso esse processo tem sido uma boa escolha: o MIG/ MAG apresenta condições de soldagem capazes de produzir soldas de alta qualidade e baixo custo. Você sabia? Entre os dois, o processo de “soldagem MIG” é mais antigo. O uso de gases de proteção ativos foi introduzido mais tarde, possibilitando o emprego do termo “soldagem MAG”. Assim como a soldagem TIG e a de eletrodo revestido, a soldagem MIG/MAG ocorre com a ajuda do arco elétrico. A diferença é que o consumível (eletro- do), nesse caso, é chamado de arame. Um arco elétrico é estabelecido entre a peça e esse arame, de modo que a poça de fusão possa ser completada. IV A N C A R N E IR O 52 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Soldagem Oxigás Um dos processos mais antigos de soldagem, essa é uma operação mais fácil de ser utilizada porque usa uma cha- ma produzida na ponta de um maçarico. O processo é basicamente manual, e, portanto, o soldador tem controle sobre a temperatura. O metal base e o metal de adição se misturam numa poça comum e, ao resfriar, se solidificam. Arame consumível MAG à esquerda e arame consumível MIG à direita. Processo de soldagem Oxigás. DICA Como a soldagem a oxigás dispensa o uso da energia elétrica, ela é muito empregada em trabalhos de campo, principalmente em atividades de reparo. IV A N C A R N E IR O T H O R J O R g E N U D V A N g / S H U T T E R S T O C k IV A N C A R N E IR O Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 53 Soldagem com arco submerso Nesse tipo de soldagem, o calor necessário para que a fusão ocorra é gerado por um arco formado entre a peça com a qual está se fazendo o trabalho e a extremidade do arame de soldagem, que é utilizado como consumível.Processo de soldagem com arco submerso. Ambos (peça metálica e arame) ficam cobertos por uma camada de um material mineral granulado conhecido por fluxo para soldagem. Daí o nome arco submerso: o arco fica escondido. Não há arco visível, nem faíscas, respingos ou fumaça. A soldagem por arco submerso é geralmente realizada com equipamentos automáticos, embora ainda existam pistolas de soldagem manuais para esse processo. Mineral granulado (fluxo para soldagem) utilizado no processo de soldagem com arco submerso. Arame utilizado no processo de soldagem com arco submerso. IV A N C A R N E IR O M IR A Ç Ã O M IR A Ç Ã O 54 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 E o soldador com tudo isso? As atividades do soldador são divididas e nomeadas de acordo com processos de sol- dagem e corte como esses. Antes de vermos essas atividades, é importante saber que existem alguns cuidados dos quais um soldador não poderá se descuidar, qualquer que seja o processo de soldagem. Trata-se de seguir todos os procedimentos necessários para a realização do trabalho: • organizar o local da soldagem; • preparar os equipamentos; • preparar os acessórios; • preparar as peças que serão soldadas; e • aplicar estritas normas de segurança. E utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) pertinentes a cada etapa. São eles: • gorro; • máscara de proteção de soldagem; • filtro de luz; • avental de couro; • mangas ou mangote de raspa de couro; • luvas de raspa de couro; • perneiras de raspa de couro; • sapatos de couro; e • protetores auditivos tipo plug. A profissão de soldador oferece muitos riscos ao trabalhador. Ao escolhê-la, você deverá saber que todo o cuidado é pouco. Sem esses equipamentos, o soldador pode desenvolver problemas de visão e audição, doenças respirató- rias e queimaduras na pele. Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 55 O soldador de eletrodo revestido A rotina de trabalho do soldador que utiliza processos de soldagem mais complexos é semelhante à daquele que trabalha com o eletrodo revestido. Mas existem diferenças e, para entendê-las melhor, pense nas diferenças entre dirigir um carro e um ônibus. Quando você tira sua primeira carteira de habilitação, ganha o direito de dirigir carro ou moto. Só a partir daí, você poderá mudar de categoria de motorista – elas variam de A a E. Para dirigir ônibus, por exemplo, é preciso ter a categoria D indicada em sua carteira. Mas, até chegar a esse ponto, é exigida experiência mínima de dois anos na categoria B ou de um ano na C. Se você quiser conduzir um ônibus, portanto, antes precisará ter dirigido automóveis comuns por um bom tempo. Em metalurgia, o mesmo ocorre com o eletrodo revestido quando comparado com os outros processos. Por ser um processo simples, ele é o mais usado para iniciar o aprendizado dos profissionais na área de soldagem. Processo de soldagem com eletrodo revestido: a melhor opção para os cursos de formação de soldador. IV A N C A R N E IR O 56 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Não é imprescindível que o aluno tenha feito o curso de eletrodo revestido para só depois realizar outros tipos de soldagem. Mas o acúmulo de experiência nesse processo facilitará o aprendizado dos outros processos, assim como dirigir carros facilita o aprendizado de dirigir um ônibus. Além de ser mais simples e fácil de aprender, o processo com eletrodo revestido possui, ainda, outras vantagens sobre os demais tipos de soldagem. O eletrodo revestido dá ao soldador várias possibilidades de aplicação. Ele possi- bilita grande mobilidade, podendo ser usado dentro de uma fábrica ou em locais de difícil acesso. Assim como não é em qualquer garagem que cabe um ônibus, o que torna o carro bem mais prático, o eletrodo revestido apresenta uma praticidade bem maior de aplicação. Não há, por exemplo, construção que dispense um bom eletrodo revestido, pois ele chega onde os outros não conseguem chegar e facilita a soldagem nas várias posições de trabalho (no segundo volume deste curso, você descobrirá quantas são as posições possíveis da soldagem). No entanto, a soldagem com eletrodo revestido também têm desvantagens. Em muitas situações, seu acabamento é inferior e a sua produtividade, menor. Os outros processos conseguem fazer uma solda mais bonita e em menos tempo porque são automatizados. Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 57 Modos de operação Já vimos que diferentes processos de soldagem podem ser usados e maneiras diversas de soldar podem ser aplicadas. A soldagem pode ou não contar com o trabalho humano, abrindo ou não postos de trabalho para o soldador. Veja, a seguir, quais são os diferentes modos de operação. • Manual – neste modo de operação, todo o processo é feito pelo soldador. A ele cabe controlar, do início ao fim, todas as etapas, para que a soldagem seja bem-sucedida. • Semiautomático – aqui, a alimentação do metal de adição é controlada automaticamente. Mas o soldador deve posi- cionar e acionar a tocha ou o porta-eletrodo. A operação semiautomática requer menos habilidade do soldador do que a manual. No entanto, de qualquer forma, nessas duas operações um bom soldador é sempre requisitado. Eletrodo revestido: chega onde os outros não conseguem chegar. DICA O setor industrial está em constante expansão e oferece ótimas oportunidades para o soldador. No entanto, normalmente são exigidas experiência e qualificação. O investimento em cursos técnicos de soldagem é uma ótima dica para os soldadores que já exercem a profissão, mas desejam melhorar a carreira! IV A N C A R N E IR O 58 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 • Mecanizado ou Automático – nele, quase todas as etapas da soldagem são rea lizadas com controle automático. Ainda assim, conta-se com o operador de soldagem que é responsável por acionar a máquina de soldagem, controlar o seu posicionamento e supervisar a operação. Na Unidade 09, “Qualidade e produtividade”, do Caderno 2, você verá como o uso de modos de operação como o mecanizado tem aumentado drasticamente, enquanto a procura por uma maior produtividade também aumenta. Atividade 1 ConheCendo a profissão 1. Leia a entrevista a seguir. Ela traz o depoimento de um metalúrgico que atua como soldador há 36 anos. P – Qual é o seu nome e o que você faz? R. Meu nome é José Pestana de Oliveira e sou soldador. P – Qual é a sua idade? R. 55 anos. P – Como iniciou sua carreira? R. Eu iniciei minha carreira como ajudante de soldador. P – Há quanto tempo você exerce a profissão de soldador? R. Eu exerço a profissão de soldador há 36 anos. A minha trajetória nessa ocupação tem uma importância muito grande para mim. Tudo o que eu construí foi por meio da soldagem. A solda faz parte da minha vida. P – Onde você trabalha? R. Atualmente eu trabalho no setor de Célula de Com- ponentes Soldados. P – Qual é a sua rotina de soldador? R. A minha rotina é como a de qualquer soldador: chego de manhã e a primeira coisa que faço é me apresentar no setor. Quando chego ao setor o meu supervisor já me apresenta as tarefas. O supervisor M IR A Ç Ã O Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 59 2. Organizados em trios, você e dois colegas vão entrevistar um profissional da área. Se possível, escolham alguém que atue num bairro próximo à escola. Segue abaixo um modelo de roteiro de perguntas: a) Quem é o entrevistado? Qual o seu nome? Onde trabalha? b) Qual sua escolaridade? c) Há quanto tempo está exercendo essa ocupação? d) Como é o trabalho que realiza no seu dia a dia? tem as tarefas programadas de todos os funcionários, a função dele é, justamente, distribuir o pessoal nos postos de trabalho. Assim que termino as minhas primeiras atividades, já sou convocado para outras. P – O que é preciso para ser um soldador? R. Basicamente, vontade e treinamento. P – Quais são os principaiscuidados que se deve ter ao realizar as soldagens? R. O principal cuidado que o soldador deve ter, em qualquer tipo de soldagem, é preparar e estudar o local de trabalho. Parte importante desse cuidado é analisar o risco a que se está exposto e, então, utilizar os EPI’s necessários. P – O que é preciso para ser um soldador qualificado? R. O primeiro passo para ser um soldador qualificado é participar de todos os treinamentos de qualificação exigidos. Mas também é essencial ter vontade de conhecer os processos e, assim, conseguir dominar não apenas a teoria, mas também a prática. 60 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 e) Como aprendeu a ocupação? f) Quais são as principais dificuldades para exercer o trabalho no dia a dia? g) O que você recomendaria para que um profissional que está começando possa aprimorar seus conhecimentos? 3. Investiguem as oportunidades de trabalho existentes para quem exerce essa ocupação. 4. Criem um cartaz com as principais informações levantadas na entrevista e na pesquisa sobre oportunidades de trabalho e exponham os resultados do trabalho para a classe. Se houver necessidade complete a sua pesquisa com informações sobre a ocupação utilizando um computador e consultando o Portal do Ministério do Trabalho e Emprego do governo federal (www.mtecbo.gov.br). O mercado de trabalho A economia nacional cresceu em ritmo acelerado nos últimos anos, o que gerou, entre outros efeitos, um aumento significativo na quan- tidade de empregos na indústria, inclusive no setor metalúrgico. A boa notícia inclui a área de atua- ção do soldador, que engloba vários setores da metalurgia: da fabricação de produtos ao reparo de máqui- A R T P O S E A D A M b O R k O w S k I/ S H U T T E R S T O C k Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 61 nas. Essa ocupação pode ser desempenhada tanto em fábricas (nas unidades de produção ou no campo), como em pequenas oficinas (por trabalhadores autônomos ou contratados). E a área de trabalho desse profissional vai além das indústrias. O soldador pode se dedicar, ainda, a atividades de ensino e pesquisa em escolas técnicas e/ou estabelecimentos voltados para a capacitação de soldadores. O setor de ensino e pesquisa oferece boas oportunidades ao soldador qualificado. O soldador de manutenção e o soldador qualificado Existem diferenças entre o chamado soldador de manu- tenção e o soldador qualificado. Com este curso, de nível básico, você poderá se tornar um soldador de manutenção, um trabalhador que possui certo conhecimento teórico do processo e também saberes suficientes para manipular equipamentos de solda e soldar materiais metálicos. DICA Existe uma qualidade que não pode faltar ao soldador de manutenção: a criatividade. Quando o objetivo é fazer com que o equipamento volte a funcionar nas mesmas condições originais, é preciso considerar que cada caso é distinto e, portanto, a técnica de soldagem utilizada também não poderá ser a mesma. C A R l O S A V Il A g O N z A l E z /S A N F R A N C IS C O C H R O N IC l E /C O R b IS /l A T IN S T O C k 62 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Já para se tornar um soldador qualificado, você terá que dar mais um passo na área de qualificação profissional. A formação do soldador qualificado, além de conhecimentos técnicos dos processos de solda, garante ao profissional a possibilidade de realizar a solda conforme a Es- pecificação do Procedimento de Soldagem (EPS). Especificação do procedimento de soldagem A EPS é um documento que registra valores de diversas variáveis que interferem no processo de soldagem. Quando o soldador qualificado precisa fabricar uma junta soldada, a EPS mostra a ele as variáveis e os respectivos valores a serem considerados para que o procedimen- to se dê de maneira satisfatória: material base, material de adição, chanfro, desenho da junta, posição de soldagem, corrente, voltagem, temperatura de pré-aquecimento e processo de soldagem. Logo companhia EPS No 01/2011 ESPECIFICAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE SOLDAGEM PROCESSO DE SOLDAGEM: ELETRODO REVESTIDO DESENHO DA JUNTA TESTE (mm) 60o 1,0 13 JUNTAS: METAIS BASE: METAL DE ADIÇÃO: CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS: POSIÇÃO: PRÉ-AQUECIMENTO: TÉCNICA: Especificação do Material NV ........................................ Tipo ou Grau A .............................................................. De no P ........... 1 G 1 .........a no P ....... 1 G 1 .................. Espessura .......... 13 mm ................................................. Outros ................. N/A .................................................... Polaridade ........ INVERSA ELETRODO POSITIVO ...... Corrente ............CORRENTE CONTÍNUA ..................... Amperagem .......120 A (3,2 mm)..... e ..... 150A (4 mm) .. Voltagem ...........24 V..... e ..... 26 V ............................... Outros ................. N/A .................................................... Posição do Chanfro .............HORIZONTAL..2G ............................... Progressão da Soldagem ............N/A ............................. Outros ................. N/A .................................................... Temperatura de Pré-aquecimento............ N/A ................ Temperatura Interpasses .......................... N/A ................ Outros ....................................................... N/A ................ Deposição Retil. ou Oscilante............RETILÍNEA ............ Velocidade de Soldagem ...................N/A ......................... Passe único ou multipasse ................MULTIPASSE ........ Oscilação ........................... N/A ....................................... Outros ................................ N/A ....................................... Especificação .............SFA-5. 1 .......................................... Classificação ..............AWS E 7018 ................................... Número F ...........4............................................................. Diâmetro ............3,2 mm (raiz) e 4 mm (restante) ............ Outros ................. N/A ....................................................... RQPS no: 01/2011 Soldador 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 63 O soldador que executa a solda de acordo com a EPS, por ser considerado um soldador qualificado, é requisitado para trabalhos mais complexos. Ele atua sob a orientação de um inspetor de soldagem. Este é o exemplo de uma EPS. Ela contém as variáveis envolvidas no processo para orientação do soldador durante a realização da soldagem. (Adaptação simplificada para uso didático.) O soldador qualificado deve realizar o seu trabalho seguindo a Especificação do Procedimento de Soldagem (EPS). Cada soldador qualificado possui um código. Esse código, chamado de si- nete, funciona como uma “carteira de identidade” do soldador. Por isso, após produzir uma solda, o sinete do autor deve ser colocado ao lado dela, pa- ra que todos saibam quem realizou o trabalho. Você sabia? A C E R V O P E S S O A l CORPO DE PROVA 1 2 38,08 38,08 11,96 12,13 455,44 461,91 21450 21500 461 456 FORA DA SOLDA FORA DA SOLDA LARGURA (mm) TIPO LATERAL TRANSVERSAL (RAIZ E FACE) LONGITUDINAL (RAIZ E FACE) RESULTADO R1=BOM - R2=BOM F1=BOM - F2=BOM ESPESSURA (mm) ÁREA (mm2) CARGA MÁXIMA (kgf) LIMITE DE RESISTÊNCIA (M Pa) TIPO E LOCALIZAÇÃO DA FRATURA ENSAIO DE TRAÇÃO - RELATÓRIO No 4397 ENSAIO DE DOBRAMENTO GUIADO (SOLDA EM CHANFRO) CERTIFICAMOS QUE AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE RELATÓRIO ESTÃO CORRETAS, E QUE OS CORPOS DE PROVA FORAM PREPARADOS, SOLDADOS E ENSAIADOS DE ACORDO COM OS REQUISITOS DO CÓDIGO ASME SEÇÃO IX DATA: ........... / ........ / 11 APROVAÇÃO: ................................ 64 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Soldador 1 Embora a qualificação seja importante, nas situações do dia
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