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1 Beatriz Almeida – Medicina UFCG Turma 78 Talassemias São causadas pela deficiência na síntese das cadeias de globina. São classificadas de acordo com o tipo de cadeia globinica deficiente. Betatalassemias o A betatalassemia é a forma mais comum de talassemia no Brasil. o A maioria dos pacientes é descendente de italianos ou gregos. o É causada pela diminuição ou ausência na síntese de cadeias beta de globina. o O gene da cadeia β de globina está presente no cromossomo 11, juntamente com os genes das cadeias δ (delta) e γ (gama). o As mutações podem resultar em um gene totalmente incapaz de produzir cadeia β (βº) ou um gene que produz uma pequena quantidade de cadeia β (β+). o Possíveis genótipos: β/β (normal) βº/βº e β+/β+ (homozigose) βº/β+ (duplo heterozigoto) βº/β e β+/β (heterozigotos) A gravidade da anemia e do quadro clinico depende da quantidade total de cadeia beta produzida pelos dois alelos. Fisiopatologia: A ausência ou diminuição da cadeia β resulta na diminuição da síntese de hemoglobina → anemia microcítica e hipocrômica. Sobram então cadeias alfa no citoplasma do eritroblastos → cadeias insolúveis → precipitam no citoplasma → efeito tóxico → destruição dos eritroblastos na própria medula → Eritropoiese ineficaz. o Na betatalassemia major somente 15-30% dos eritroblastos escapam. Os poucos eritroblastos que sobrevivem originam hemácias defeituosas → microcíticas e hipocrômicas → hemácias contendo corpúsculos de inclusão que as tornam susceptíveis aos macrófagos do baço → hemólise extravascular crônica. A Eritropoiese ineficaz estimula a absorção intestinal de ferro → hemossiderose: Hemocromatose Eritropoiética Betatalassemia Major Também conhecida como Anemia de Cooley. o Homozigose para o gene βº/βº ou duplos heterozigotos βºβ+, em quem não produzem nenhuma cadeia β ou produzem pouquíssima. o É um quadro de extrema gravidade e letalidade → dependem de hipertransfusão para a sobrevivência. o Ocorre uma super formação de complexos de cadeia α que irão provocar a destruição celular. o Com até 3-6 meses de idade há o predomínio de hemoglobina F, após isso há a redução de seu nível, favorecendo o aparecimento da anemia grave (Hg entre 3 e 5 g/dl) + icterícia. o A destruição de células eritroides estimula a proliferação e maturação dos eritroblastos → hiperplasia eritroide → expansão da medula óssea. o Surgem as deformidades ósseas talassêmicas: Protuberância dos maxilares (fácies de esquilo) Aumento da arcada dentária superior Separação dos dentes Bossa frontal o Enquanto as reservas metabólicas são utilizadas para a expansão do eritroblastos, outras funções como o crescimento, desenvolvimento e resposta imunológica ficam prejudicados. 2 Beatriz Almeida – Medicina UFCG Turma 78 Baixa estatura, disfunção endócrina, inanição e susceptibilidade a infecção. o Pela hemólise crônica, as crianças talassêmicas estão sujeitas à litíase biliar e a úlceras maleolares. o A hepatoesplenomegalia é um achado clássico, pois a hemólise crônica gera hiperplasia reticuloendotelial, e a eritropoieses extramedular faz com que o baço e o fígado retomem a produção de células eritroide. o A esplenectomia é recomendável sempre que as necessidades de transfusão aumentarem mais de 50% em um ano ou ultrapassarem 200 ml/kg/ano, quando há aumento dos estoques de ferro apesar de boa quelação e quando há leucopenia e plaquetopenia. A criança deve ter no mínimo 6-7 anos de idade e deve ser imunizada para pneumococo, hemófilo tipo B e meningococo. o Radiografia de crânio: adelgaçamento da cortical, alargamento da cavidade medular e a imagem do hair-on-end. o Radiografia de mão: adelgaçamento cortical, com expansão dos espaços entre as trabéculas ósseas. o Hipertransfusão crônica: indicada aos pacientes com Hg < 7 g/dl, objetiva-se Hg entre 11-13 g/dl. As complicações descritas podem ser evitadas, permitindo um crescimento adequado e uma qualidade de vida mais razoável, pelo menos até os 15-17 anos de idade, com redução da hepatoesplenomegalia. Utiliza-se hemácias leucodepletadas. o Hemocromatose transfusional: agravamento da hepatoesplenomegalia, coloração bronzeada da pele, hipogonadismo, diabetes mellitus, insuficiência cardíaca congestiva refratária. Para ser evitada, faz- se uso de quelantes de Fe. o Recomenda-se a reposição de ácido fólico. Laboratório: o VCM baixo 48-72 fL o CHCM baixo 23-32 g/dl o Reticulocitose o Hiperbilirrubinemia indireta o Aumento do LDH o Redução da haptoglobina o Leucocitose neutrofílica o Anisopoiquilocitose intensa o Hemácias em alvo o Eritroblastose o Eritroblastos na periferia o Hemácias com pontilhado basofílico O transplante alogênico de medula em crianças sem hepatomegalia e fibrose periportal, com boa adesão à terapia quelante de ferro apresentam uma chance de sobrevida longa livre de doença acima de 90%. Betatalassemia Intermedia o Homozigose para o gene β+, quadro moderadamente grave de talassemia. o O diagnóstico é feito na adolescência ou fase adulta. o São indivíduos cronicamente anêmicos, com Hg na faixa de 6-9 g/dl, e Ht entre 18-27%. o Quadro clínico: deformidades ósseas características, icterícia intermitente, episódios de litíase biliar recorrente e esplenomegalia moderada. o O crescimento, desenvolvimento e fertilidade estão preservados. o A absorção de ferro intestinal também está aumentada, e os sinais e sintomas da hemossiderose só aparecem após os 30 anos. o Seus achados laboratoriais são idênticos ao da betatalassemia major, variando apenas o grau de anemia. o Deve-se fazer avaliação contínua de seus sintomas, função cardíaca e sinais de sobrecarga de ferro. o A reposição de ácido fólico diária está indicada. o A hemotransfusão é indicada para os assintomáticos e para os com sinais de insuficiência cardíaca. o Quando a ferritina sérica for > 1000 ng/ml é indicada a terapia quelante de ferro. Betatalassemia Minor o Heterozigose para o gene βº ou β+, também conhecida como traço talassêmico. 3 Beatriz Almeida – Medicina UFCG Turma 78 o Os indivíduos são assintomáticos, sendo considerada uma entidade benigna. o Apresenta uma anemia discreta: Hg > 10g/dl, porém apresentam microcitose e hipocromia. o No sangue periférico encontra-se hemácias em alvo e pontilhado basofílico. o Não exige tratamento, somente orientação e aconselhamento genético. Diagnóstico Eletroforese de Hemoglobina: quantifica proporcionalmente os tipos de hemoglobina presentes no homogeneizado de hemácias do paciente. Nas Betatalassemias os valores de HbA2 estão entre 3,5 a 8%, há aumento também de HbF. Alfatalassemias o É uma doença rara, decorrente da deleção de um ou mais genes alfa. o Existem 4 genes da cadeias α de globina dispostos no cromossomo 16. o α α /α_ (1 deleção): carreador assintomático o α α / _ _ (2 deleções): alfatalassemia minor o α_ / α_ (2 deleções): alfatalassemia minor o α_ /_ _ (3 deleções): Doença da HbH o _ _ /_ _ (4 deleções): Hidropsia fetal o O indivíduo só apresenta sintomas quando há 3 deleções ou 4 deleções. Hidropsia Fetal: ausência completa de cadeias alfa, é incompatível com a vida extrauterina, resultando em natimorto ou um nascimento rapidamente fatal. A única cadeia que substitui a cadeia α é a ξ (da hemoglobina embrionária), ativa somente até a vida fetal. Sem nenhuma cadeia α, as cadeias gama se juntam, formando tetrâmeros γ4 – Hb Barts, que é ávida por O2, causando anemia e hipóxia grave que provoca falência cardíaca e edema fetal (hidropsia). Doença da Hemoglobina H: a ausência de 3 genes α permite o nascimento da criança sem maiores problemas, mas já com anemia. O quadro clínico se desenvolve como uma talassemia intermedia, com hemólise extravascular e moderada Eritropoiese ineficaz. Apresentam esplenomegalia e anemiamoderada microcítica hipocrômica. Alfatalassemia Minor: são pacientes assintomáticos, mas com microcitose e hipocromia no hemograma. Diagnóstico Eletroforese de hemoglobina: confirma o diagnóstico da hidropsia fetal por mostrar a Hb Barts e ausência completa de HbA. Na Doença da HbH o percentual de HbH detectado varia entre 5-40%, a HbA2 e a HbF estão proporcionalmente normais ou reduzidas. A partir da 10ª semana de gestação pode-se realizar a biópsia do vilo coriônico.
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