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CASO 9 ANEMIA FALCIFORME

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CASO 9| 3P UNIFTC| BRENNA ESTEVES 
Anemia falciforme 
FISIOLOGIA DA HEMATOPOIESE 
 
• De modo geral, podemos definir a 
hematopoiese como o processo de formação 
das células do sangue, incluindo desde a sua 
origem, multiplicação e maturação 
• O sangue, como já sabemos, é composto por 
eritrócitos(hemácias), glóbulos brancos 
(leucócitos) e plaquetas; e apesar de cada 
um desses componentes desempenharem 
funções diferentes, eles tem a mesma origem: 
as células tronco; também chamadas de 
progenitoras pluripotentes 
• Na vida intrauterina, essa formação acontece 
no saco vitelínico (da 8ª semana ao 4º mês) , 
na região mesodérmica (formação de 
hemácias), na placenta, no fígado, baço e 
medula óssea (que a partir dos 6/7 meses de 
vida fetal já é o local de hematopoiese mais 
importante, mantendo-se assim até a vida 
adulta. 
• Nos primeiros anos da infância, a atividade 
hematopoiética pode ser detectada em 
todos os ossos e em toda a medula óssea. 
Próximo da puberdade, há a substituição 
gradual da medula hematopoiética ativa 
(vermelha), por um tecido gorduroso 
(amarelo). Este processo ocorre 
principalmente em ossos longos e inicia-se nas 
diáfases, restringindo gradualmente o tecido 
hematopoiético ativo às epífises, além de 
ossos chatos. 
 
• Essa diferenciação depende essencialmente 
de dois fatores: o padrão de expressão 
genética e os sinais externos que vêm tanto do 
meio ambiente, quando da medula. 
• Falando um pouco do desenvolvimento 
dessas células pluripotentes, elas precisam de 
condições favoráveis para seu funcionamento 
e diferenciação. Então, precisam de um meio 
composto por células de estroma e rede 
microvascular no microambiente da medula 
óssea. 
• As células do estroma são formadas por 
adipócitos, fibroblastos, células endoteliais e 
macrófagos. Juntas, essas células secretam 
moléculas extracelulares, como colágeno, 
glicoproteínas e glicosaminoglicanos (ácido 
hialurônico e derivados condroitínicos) para 
formar uma matriz extracelular; e de modo 
geral as células do estroma secretam fatores 
de crescimento, para que a célula tronco 
sobreviva. 
• O crescimento e reprodução das células 
tronco são controlados por múltiplas proteínas, 
denominadas indutores de crescimento. 
• Dentre esses indutores, temos a interleucina-3, 
que irá promover o crescimento e a 
reprodução de praticamente todos os 
diferentes tipos de células-tronco 
comprometidas. Porém, eles promovem o 
crescimento, e NÃO a diferenciação. Essa 
função será dos próprios indutores de 
diferenciação. A formação desses indutores é 
determinada por fatores externos, como por 
exemplo, exposição do sangue a baixas 
concentrações de oxigênio. 
• Fatores de crescimento 
OBJETIVOS 
1) compreender a fisiologia da 
hematopoiese ✓ 
2) discutir os tipos de anemia com 
ênfase nas hemoglobinopatias ✓ 
3) compreender a fisiopatologia das 
doenças falciformes (polimerização, 
falcização das hemácias e 
trombose)✓ 
4) conhecer os fatores precipitantes e 
agravantes das crises álgicas ✓ 
5) correlacionar o quadro clínico e 
complicações da doença com o 
caso do paciente✓ 
6) entender a importância do teste 
do pezinho✓ 
7) discutir sobre as iniquidades em 
saúde em afrodescendentes 
 
• São substâncias químicas, ou citocinas, 
existentes no organismo e que controlam a 
produção das células sanguíneas: 
• Eritropoietina, hormônio produzido no rim, 
controla a produção dos glóbulos vermelhos. 
• Fator de crescimento dos granulócitos – G-CSF, 
granulocyte-colony-stimulating-factor – regula 
a produção de glóbulos brancos e é 
produzido por algumas células envolvidas na 
defesa contra infecções. 
• Trombopoietina – uma glicoproteína 
produzida pelo fígado e rim e que estimula a 
produção de plaquetas. 
• A célula tronco multipotente dará origem a 
duas linhagens: mieloide e linfoide. A linhagem 
mieloide dará origem as células sanguíneas, 
sendo elas: megacariócito (que irá se 
fragmentar, dando origem aos trombócitos), 
eritrócito, mastócito e mieloblasto. A linhagem 
linfoide, dará origem aos linfócitos e as NK. 
 
ERITROPOESE (PRINCÍPIOS DE ANATOMIA E 
FISIOLOGIA-TORTORA) 
• Consiste na produção de hemácias, começa 
na medula óssea vermelha com uma célula 
percussora: o proeritroblasto 
• O proeritoblasto irá se dividir várias vezes, 
produzindo células que começam a sintetizar 
a hemoglobina 
 
 
• No final da sequência de desenvolvimento, o 
núcleo é ejetado da célula e torna-se um 
reticulócito 
• A perda do núcleo faz com que o centro da 
célula sofra uma endentação, que dará a ela 
o formato bicôncavo; seu diferencial 
• Os reticulócitos retêm mitocôndrias, 
ribossomos, retículo endoplasmático. 
• Os reticulócitos passam da medula óssea 
vermelha para a corrente sanguínea e se 
espremem entre as células endoteliais dos 
capilares sanguíneos; se tornam hemácias 
maduras no período de 1 a 2 dias depois da 
sua liberação da medula óssea vermelha. 
• Normalmente, a produção e a destruição de 
hemácias se equivalem. 
• Se a capacidade de transportar oxigênio 
diminui porque a eritropoese não está 
acompanhando essa velocidade da 
destruição das hemácias; um sistema de 
feedback negativo aumenta a produção de 
hemácias. 
• A condição controlada é a quantidade de 
oxigênio que chega aos tecidos, se ela está 
reduzida, temos uma hipoxia. 
• Isso pode acontecer no caso da anemia, por 
exemplo. 
• Mas independente da causa, a hipoxia 
estimula os rins a intensificarem a liberação da 
eritropetina, acelerando o desenvolvimento 
dos proeritoblastos em reticulócitos na medula 
óssea vermelha. 
• Se a quantidade de hemácias circulantes 
aumenta, o oxigênio pode ser levado aos 
tecidos do corpo. 
 
 
 
HEMOGLOBINA 
 
TIPOS DE ANEMIAS- ENFÂNSE NAS 
HEMINOGLOBINOPATIAS 
 
O QUE É ANEMIA? 
• Segundo o CECIL, a anemia é definida como 
uma redução significativa da massa 
eritrocitária circulante. 
• Como resultado, a capacidade de ligação de 
oxigênio do sangue é diminuída. Como 
ovolume sanguíneo é normalmente mantido 
em um nível quase constante, os pacientes 
anêmicos têm uma diminuição na 
concentração de eritrócitos ou hemoglobina 
no sangue periférico 
• Segundo a OMS é “condição na qual o 
conteúdo de hemoglobina no sangue está 
abaixo do normal”. 
• As causas de anemias podem ser 
• (1) por deficiência de vários nutrientes (Ane- 
• mias Carenciais, como ferropriva e 
megaloblástica), como Ferro, Zinco, Vitamina 
B12 e proteínas 
• (2) por ativação imune aguda ou crônica 
(Anemias Inflamatórias ou de Doenças 
Crônicas), 
• (3) por defeito quantitativo na produção das 
cadeias de globina (Talassemias), 
• (4) por falha na ativação do grupo Heme 
(Anemia sideroblástica, hereditária ou 
adquirida), 
• (5) por substituição do tecido hematopoético 
por gordura (Anemia Aplásica), 
• (6) por sangramento agudo (Anemias 
Hemolíticas) 
• (7) por desregulação endócrina (Anemia 
• das Doenças Endócrinas) 
• (8) por defeito na síntese de DNA (Anemia 
megaloblástica). 
CLASSIFICAÇÃO DAS ANEMIAS 
 
 
As anemias podem ser classificadas baseadas em 
sua fisiopatologia, morfologia ou produção 
eritrocitária, sendo que a combinação destas 
abordagens é geralmente utilizada para 
determinação do diagnóstico diferencial inicial. 
 CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA 
Se baseia nos valores do VCM, porém não 
esclarece a causa da anemia, mas sim o aspecto 
morfológico dos eritrócitos presentes na 
circulação. 
1)Microcíticas (VCM < 80fl): Diminuição da Hb 
dentro do eritrócito, o que torna as hemácias 
hipocrômicas e microcíticas. Geralmente ocorre 
por diminuição da síntese do grupo heme por 
deficiência de Ferro. Também ocorre nas talasse-
mias (redução da síntese de globina), nas anemias 
sideroblásticas (acúmulo de Fe nas 
mitocôndrias),hemoglobinopatia C (mutação no 
gene da cadeia globina beta).2) Macrocíticas (VCM > 100 fl): Hemácias de 
grande volume e, geralmente, hipercrômicas. 
Não necessariamente indica anemia. Causada 
muitas vezes pelo consumo de álcool, 
quimioterapia ou anemia perniciosa. São 
divididasem megaloblásticas, decorrentes de 
deficiência de vit. B12 e/ou áci- do fólico, e não 
megaloblásticas, podendo ser decorrente de 
reticulocitose ou reticulocitopenia associada à 
hipotireoidismo, hepatopatia e aplasia de série 
vermelha. 
3. Normocíticas (VCM 80-100 fl): Também são 
normocrômicas. Corresponde a maioria das 
anemias de doenças crônicas (que, 
eventualmente, podem ser microcíticas).Se tiver 
uma resposta medularinadequada, com 
reticulócitos baixos na presença de anemia, existe 
uma doença de base que afeta medula óssea, 
direta ou indiretamente, porque o normal é 
esperar por aumento dos reticulócitos. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA 
É baseada na contagem de reticulócitos e é 
dividida em três grupos: 
a)Por deficiência de produção ou 
hipoproliferativa: Contagem de reticulócitos 
abaixo de 50.000/ mmᶟ. Ocorre por acometimento 
primário ou secundário da medula óssea ou por 
falta de estímulo à eritropoiese (ex: eritropoietina), 
falta de ferro, vit. B12 e/ou ácido fólico. Podem 
acompanhar doenças inflamatórias, infecciosas e 
neoplásicas. 
b) Por excesso de destruição ou 
hiperproliferativas: 
Típica das anemias hemolíticas, mas também 
pode ocorrer após perdas agudas de sangue. Sob 
estimulação máxima, a medula pode aumentar 
sua produção de 6 a 8 vezes, entretanto a 
sobrevida dos glóbulos vermelhos pode encurtar 
para 15-20 dias (compensação medular), levando 
a presença de reticulocitose, sem presença de 
anemia (estado hemolítico compensado). O 
estado de anemia hemolítico se estabelece 
quando a produção medular não é capaz de 
superar a taxa de destruição. Laboratorialmente 
anemia hemolítica se caracteriza por 
reticulocitose, ↑ bilirrubina indireta, ↑ 
desidrogenase lática,↓ haptoglobina. Pode 
ocorrer por alterações intrínsecas dos eritrócitos 
(maioria genética) ou por agressões por agentes 
extrínsecos (malária, veneno, toxinas) 
c) Por perdas: Pode ser (A) aguda, como as 
anemias pós-hemorrágicas, em que há 
compensação pela medula caso estoques de Fe 
estejam preservados ou (B) crônica, que causam 
espoliação do Fe e, consequentemente, anemia 
por falta de produção 
TIPOS 
 
POR DEFICIÊNCIA NA PRODUÇÃO DE ERITRÓCITOS 
ANEMIA FERROPTIVA- “estado mais avançado da 
deficiência de ferro”. 
A deficiência de ferro instala-se por 
mecanismos diversos: (1) aumento do 
consumo, (2) excesso de perda (hemorragias) 
(3) má absorção. 
Quando o organismo está em balanço 
negativo de ferro o primeiro evento é a 
depleção dos estoques de ferro para a 
produção de hemoglobina. 
O intestino aumentaa absorção de ferro antes 
mesmo do desenvolvimento da anemia. 
A ferritina sérica já se encontra reduzida. 
A eritropoese nesses indivíduos resulta em 
células com conteúdo reduzido de 
hemoglobina, tornando-a hipocrômica e 
microcítica (observado no esfregaço 
sanguíneo) e por redução dos índices 
hematimétricos (VCM < 80 fL e CHCM < 32 
g/dL). Além disso, as dosagens de ferro sérico 
e transferrina saturada de ferro são baixas. A 
contagem de reticulócitos também é 
reduzida. 
Diagnóstico diferencial: A observação do RDW 
é um importante no diagnóstico diferencial da 
anemia ferropriva com talassemias. Na 
anemia ferropriva o RDW está aumentado 
com os eritroblastos medulares picnóticos e 
irregulares. 
Além das manifestações comuns de anemia, 
na ferropenia podem surgir sintomas menos 
típicos como glossite atrófica (língua sem 
papilas tativas), perversão do apetite, 
geofagia ou pica (vontade de comer terra e 
barro), disfagia cervical (síndrome de 
Plummer-Vinson, coiloníquia, estomatite 
angular, amenorreia, cabelos finos e 
quebradiços e diminuição da libido. 
Anemia megaloblástica 
A causa mais comum desse tipo de anemia é 
a carência de folato e/ou cianocobalamina 
(vit. B12), sendo mais comum a deficiência de 
folato. 
O quadro clínico desses pacientes varia desde 
assintomáticos à sintomas clássicos de anemia 
associados a anorexia, emagrecimento, 
alterações do hábito intestinal (diarreia ou 
constipação), glossite, queilite angular, 
púrpuras, icterícia leve e hiperpigmentação 
cutânea. Os quadros severos de deficiência 
de anemia megaloblástica podem apresentar 
ainda polineuropatia periférica, com 
parestesia nos membros inferiores e das mãos, 
alteração de marcha e alterações 
esfincterianas. Sintomas do sistema nervoso 
central, como alucinações, não são comuns, 
mas só são observadas associadas a 
deficiência de B12. 
O diagnóstico é feito a partir de dosagens de 
vitamina B12 e/ou folato no sangue que estará 
reduzida indicando. 
Alterações laboratoriais: hemácias 
macrocíticas, reticulócitos diminuídos, 
leucopenia/ trombocitopenia; neutrófilos 
hipersegmentados; b12 e ou folato diminuídos, 
homocisteína aumentada, acúmulo de ácido 
metilmalônico; bilirrubina indireta e DHL 
aumentados, devido a hemólise, 
hipercelularidade na medula óssea, falta de 
maturação; presença de metamielócitos 
gigantes 
ANEMIA PERNICIOSA 
Doença autoimune; 
Deficiência grave de fator intrínseco seco 
associado a gastrite atrófica; mais comum em 
mulheres de 70 anos; associada a outras 
doenças autoimunes; ocorre produção de de 
autoanticorpos contra células parietais do 
estômago; impedindo sua renovação e 
causando atrofia da mucosa; sem produção 
de fator intrínseco, há diminuição de absorção 
de vitamina B12 no íleo. 
ANEMIA APLÁSICA- pancitopenia com 
hipoplasia medular na ausência de infiltrado 
neoplásico e aumento de reticulina. As 
manifestações clínicas decorrem da anemia, 
neutropenia e plaquetopenia, cursando com 
astenia, palidez, hemorragias e tendência a 
infecções. Não ocorre adenomegalia ou 
hepatoesplenomegalia. Nos achados 
laboratoriais, é uma anemia normo/ normo, 
com reticulócitos diminuído. 
ANEMIA DE DOENÇAS CRÔNICAS 
É a anemia mais comum em pacientes com 
doença inflamatória crônica ou nos 
portadores de neoplasia. Normalmente 
normo/normo. É caracterizada pela redução 
do ferro sérico e da capacidade de ligação 
do ferro e pela ferritina sérica normal ou 
aumentada, com presença de estoques de 
ferro normal (nos macrófagos). A patogênese 
chave nesse tipo de anemia é a produção de 
hepcidina pelo fígado, associado a processos 
infecciosos ou inflamatórios, que impede a 
absorção de ferro no intestino e aumenta o 
seu sequestro por macrófagos. Além disso, a 
hepcidina atua inibindo a liberação de ferro 
nos seus depósitos (fígado e baço), diminuindo 
a transferrina e a eritropoetina. 
 
ANEMIAS HEMOLÍTICAS 
 
• Quando a hemólise é patológica, diminui a 
vida média dos eritrócitos. 
• A hemólise pode ser intravascular,quando a 
hemoglobina é liberada no plasma, ou 
extravascular, quando é liberada no baço. 
• Quando a sobrevida dos eritrócitos está di-
minuída, a medula óssea aumenta o número 
de precursores eritroides, a fim de compensar 
a hemólise. A anemia só ocorre quando a 
hiperprodução medular não consegue se 
igualar ao ritmo da destruição. 
• As anemias hemolíticas podem ser congênitas 
(defeito corpuscular) ou adquiridas (defeitos 
extracorpusculares). 
• Nos achados clínicos, observa-se anemia, 
icterícia, colúria, fezes mais escuras do que o 
habitual e, se o quadro for crônico, 
esplenomegalia. Adenomegalia pode estar 
presente indicando uma anemia hemolítica 
secundária ou linfoma. 
 
 
ESFERICTOSE CONGÊNITA 
• Doença genética de caráter autossômico 
dominante, na qual há defeito na membrana 
dos eritrócitos ao nível do citoesqueleto. 
• Quando as hemácias passam por um local 
pobre em glicose (o baço, por exemplo), elas 
modificam-se, tornam-se mais esféricas e são 
facilmente destruídas, seja no própriobaço ou 
em outros locais ricos em células 
macrofágicas. 
• O quadro clínico varia de assintomático, que é 
o mais comum, à sintomáticos, cursando com 
anemia de grau variado, que pode acometer 
qualquer idade, úlceras nas pernas, 
esplenomegalia, litíase biliar e icterícia 
flutuante 
• 
ANEMIA HEMOLÍTICA POR DEFICIÊNCIA DE G6P 
Como já vimos, a hemácia é uma célula 
anucelada, portanto não participa da síntese 
proteica. Assim, os processos metabólicos ficam 
dependentes das vias enzimáticas, sendo o ciclo 
da glutationa o maior agente redutor do eritrócito. 
A deficiência de G-6PD é a deficiência enzimática 
genética mais comum. Existem quatro síndromes 
associadas à deficiência da G-6PD. Em todas elas, 
a hemólise é agravada ou promovida por 
infecções ou por ingestão de medicamentos ou 
de alimentos que promovam estresse oxidativo. O 
quadro clínico pode variar desde assintomático a 
quadros de HEMÓLISE AGUDA. 
O diagnóstico é feito pela dosagem de G-6PD nos 
eritrócitos. ACHADOS LABORATORIAS: eritrócitos 
fragmentados, remoção do corpúsculo de heinz; 
HEMONOGLOBINOPATIAS 
São as doenças genéticas mais comuns; em 
síndromes talassêmicas (α e β) e 
hemoglobinopatias S, C e E (e suas associações). 
• As hemoglobinopatias são alterações 
hereditárias que afetam a hemoglobina. 
• Estas alterações podem ser estruturais ou por 
deficiência de síntese. 
 
• Nas hemoglobinopatias estruturais ocorre a 
alteração em uma ou mais cadeias da 
hemoglobina. Na grande maioria dos casos, 
tais alterações são causadas por mutações de 
ponto, que determinam a troca de um 
aminoácido por outro. 
 
• Nas hemoglobinopatias por deficiência de 
síntese, ocorre uma depressão parcial ou total 
da síntese de um ou mais tipos de cadeias 
polipeptídicas da globina, determinando as 
talassemias. Existem dois tipos: talassemias do 
tipo alfa e talassemias do tipo beta, com 
incidências variadas no território nacional. 
 
• Entre as hemoglobinopatias estruturais, a 
hemoglobina S é a mais comum das 
alterações hematológicas hereditárias 
conhecidas no homem. 
 
• Sua etiologia é gênica, com padrão 
autossômico recessivo e decorrente de 
mutação no gene da globina beta, 
produzindo uma alteração estrutural na 
molécula. 
 
• Em sua forma homozigótica é denominada 
anemia falciforme e, em alterações onde pelo 
menos um gene é a Hb S, é denominada 
doença falciforme. 
 
• Nessa situação, podem combinar com outras 
anormalidades hereditárias das 
hemoglobinas, como a hemoglobina C (Hb C) 
e a hemoglobina D (Hb D), resultando nas 
duplas heterozigoses Hb SC e Hb SD 
respectivamente. 
 
• Na combinação com a beta talassemia 
resulta em Sbtalassemia, também conhecida 
como microdepranocitose. 
 
 
SÍNDROMES TALASSÊMICAS (Robbins) 
• As síndromes talassêmicas constituem um 
grupo heterogêneo de distúrbios causados por 
mutaçõeshereditárias que diminuem a síntese 
de cadeias de α-globina e β-globina que 
compõem a hemoglobina adulta, HbA (α2β2), 
levando a anemia, hipoxia tecidual e hemólise 
de hemácias relacionada ao desequilíbrio na 
síntese das cadeias de globina. 
• As duas cadeias α na HbA são codificadas por 
um par idêntico de genes de α-globina no 
cromossomo 16, enquanto as duas cadeias β 
são codificadas por um único gene de β-
globina no cromossomo 11. 
• A β-talassemia é causada pela síntese 
deficiente de cadeias β, enquanto a α- 
talassemia é causada pela síntese deficiente 
de cadeias α alfa. 
• As cadeias de α-globina são instáveis e 
precipitam no interior dos eritroblastos, o que 
interfere na maturação. 
• Essa alteração leva à destruição intramedular 
dos precursores eritrocíticos (eritropoese 
ineficaz). 
A degradação dos componentes da cadeia 
globínica leva à alteração da membrana e à 
alteração da deformidade celular, o que 
contribui para o processo hemolítico. 
A betatalassemia pode ser dividida 
em dois tipos: (1) β0- talassemias: há ausência 
total de cadeias beta (ou totalmente não 
funcionantes); e (2) β1- talassemias: há 
diminuição da síntese de cadeias beta. 
EPIDEMIOLOGIA 
A maior prevalência de alfa-talassemia ocorre 
no Sudeste da Ásia e entre as populações 
originárias da costa oeste da África. As beta-
talassemias predominam numa ampla região 
que inclui bacia do Mediterrâneo, Oriente 
Médio, Índia e Sudeste da Ásia. 
Aproximadamente 3% da população do 
mundo é portadora de um gene beta-
talassêmico. Esses genes são particularmente 
prevalentes na Itália e na Grécia. No Brasil, a 
doença predomina entre descendentes de 
italianos, gregos e 
africanos. 
 
FISIOPATOLOGIA 
A deficiência de síntese de uma ou mais 
cadeias globínicas tem duas consequências: 
desequilíbrio de produção entre as cadeias 
alfa e não alfa e síntese diminuída de 
hemoglobina. A gravidade da anemia é 
determinada pelo grau de desequilíbrio da 
síntese de cadeias globínicas. 
 
• Alfa-talassemia: há redução de cadeias alfa 
em relação as cadeias beta na vida fetal, 
consequentemente, ocorre que as cadeias 
beta livres se agrupam em tetrâmeros (beta4). 
A hemoglobina constituída por este tetrâmero 
é denominada hemoglobina H (HbH), é 
instável e se precipita formando corpos de 
inclusão. Esses corpos de inclusão são 
removidos pelo sistema reticulo endotelial 
(SRE) resultando em anemia. Na fase 
intrauterina, as cadeias que sobram são as 
cadeias gama que se agrupam formando 
tetrâmeros gama4 ou Hb Bart’s. As Hb Bart ́s e 
HbH são ineficientes no transporte de oxigênio, 
por isso precipitam dentro do eritrócito, 
causando a destruição precoce da célula 
dentro da medula (eritropoiese 
ineficiente). 
Beta-talassemia: ocorre diminuição da 
produção de cadeias beta, o que acarreta 
um excesso de cadeias alfa. As cadeias alfa 
são insolúveis e precipitam nos precursores 
eritrocitários, acarretando a maturação 
defeituosa e destruição celular, 
principalmente intramedular. As células 
anormais que não são destruídas na medula 
óssea e caem no sangue periférico são 
removidas rapidamente pelo baço e pelo 
fígado. O baço aumenta gradativamente e 
exacerba a anemia pela hemodiluição. A 
anemia grave resultante desse processo 
estimula a produção de eritropoetina, 
causando expansão da medula óssea e 
hematopoese extramedular. Essa expansão 
leva a anormalidades esqueléticas e 
alterações metabólicas diversas. A 
hematopoese acelerada induz sinalização 
para aumentar a absorção de ferro no nível 
intestinal. A ferroportina e a hepcidina são 
proteínas críticas na regulação dos 
mecanismos de absorção e movimentação 
do ferro pelo organismo. Esse processo, 
associado à sobrecarga de ferro iatrogênica, 
secundária ao tratamento transfusional ao 
longo da vida, leva à hemocromatose 
tecidual e suas complicações. 
 
 
MANIFESTAÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICO 
Alfa-talassemias: são pouco diagnosticadas 
na prática clínica, pois necessitam de 
diagnóstico molecular, o qual é pouco 
disponível nos serviços de saúde. Inclui quatro 
apresentações clínicas, conforme a alteração 
genética apresentada no cromossomo 16: 
portador silencioso (sem manifestações), traço 
talassêmico alfa (anemia leve), doença da 
hemoglobina H (anemia moderada a grave) e 
síndrome da hidropsia fetal da hemoglobina 
Bart’s (anemia muito grave e incompatível 
com a vida). 
 
Hidropisia fetal com Hb Bart’s: resulta da 
ausência dos 4 genes alfa, é a mais 
devastadora de todas as talassemias, 
observada principalmente na população do 
Sudeste da Ásia e em algumas regiões do 
Mediterrâneo. Como o feto não produz 
cadeias alfa, sua hemoglobina consiste quase 
completamente de Hb Bart’s (gama4). 
• Quadro clínico: prematuridade, palidez e 
edema, em geral, o neonato morre após o 
nascimento. 
• Diagnóstico: pode ser feito utilizando 
técnicas de análise do DNA em células do 
líquido amniótico a partir da 14a semana e 
pela biópsia de vilosidadecoriônica a partir da 
10ª semana. 
Doença da HbH: afeta indivíduos do Sudeste 
da Ásia, das ilhas do Mediterrâneo e parte do 
Oriente 
Médio, ocorrendo raramente em populações 
de afrodescendentes. 
• Quadro clínico: grande variação da 
gravidade da doença, presença de anemia, 
esplenomegalia e alterações ósseas. A 
anemia é hipocrômica e microcítica, com 
variação da 
Hb entre 7 e 10 g/dL. 
• Diagnóstico: A HbH pode ser identificada por 
eletroforese ou pela coloração supravital de 
sangue com azul brilhante de cresil. A 
eletroforese de hemoglobina mostra 
quantidades 
variáveis de HbH (1 a 40%). 
• Tratamento: em geral, não há necessidade 
de tratamento, sendo aconselhável orientar 
sobre 
evitar o uso de drogas oxidantes pelo risco de 
crise hemolítica. Em alguns casos, podem ser 
necessárias transfusões sanguíneas e a 
esplenectomia está indicada em casos de 
hiperesplenismo. 
 
Traço alfa-talassêmico: condição benigna e 
ocorre, predominantemente, em 
descendentes de 
asiáticos, mediterrâneos ou africanos. 
• Quadro clínico: assintomática, com níveis de 
hemoglobina normais ou discretamente 
reduzidos. A anemia, quando presente, é 
hipocrômica e microcítica. 
• Diagnóstico: é difícil e, frequentemente, 
circunstancial. Somente podem ser 
diagnosticados 
pela medida da relação sintética alfa/beta de 
0,7 ou por métodos de análise de DNA. 
• Tratamento: não há necessidade de 
tratamento, sendo indicado 
acompanhamento 
ambulatorial regular. 
 
Portador silencioso: a deleção de um único 
gene alfa não causa anormalidades clínicas 
ou hematológicas, sendo detectada apenas 
pela demonstração da alteração gênica em 
análise de DNA. As deleções de um ou de 2 
genes são assintomáticas e não requerem 
tratamento. 
 
Beta-talassemias: o quadro clínico das beta-
talassemias reflete o efeito quantitativo da 
mutação presente em cada caso sobre a 
síntese da betaglobina. A talassemia beta 
abrange três apresentações clínicas, 
conforme a alteração genética ocorrida no 
cromossomo 11: talassemia beta menor/traço 
talassêmico beta (anemia leve), talassemia 
beta intermediária (anemia leve a grave, 
podendo necessitar de transfusões de sangue 
esporadicamente) e talassemia beta maior 
(anemia grave, necessitando transfusões de 
sangue a cada 2 a 4 semanas desde os 
primeiros meses de vida). 
Beta-talassemia major: é a forma mais grave 
de beta-talassemia. 
• Quadro clínico: retardo de crescimento, 
anemia e esplenomegalia, com eventual 
hiperesplenismo, osteoporose e outras 
alterações esqueléticas associadas à 
expansão da 
medula óssea e à sobrecarga de ferro 
decorrente da combinação de aumento da 
absorção 
intestinal e transfusões de sangue. O fígado, o 
coração, o pâncreas, a hipófise e outras 
glândulas endócrinas são os principais locais 
de deposição excessiva de ferro, a qual causa 
lesão progressiva e insuficiência desses órgãos. 
O quadro clínico típico só ocorre, atualmente, 
na criança tratada de forma inadequada. 
• Diagnóstico: O hemograma inicial mostra 
anemia microcítica e, intensamente, 
hipocrômica, 
com numerosos eritroblastos circulantes. 
Homozigotos para beta0 apresentam HbA2 - 
talassemia e HbF, com ausência de HbA. 
• Tratamento: 
Transfusão sanguínea para manter níveis de Hb 
superiores a 10 g/dL, acompanhado de 
efeitos favoráveis sobre o crescimento e a 
atividade física, redução da hiperplasia da 
medula 
óssea e, como consequência, redução ou 
ausência de deformidades ósseas e de 
esplenomegalia. 
Controlar a sobrecarga de ferro com terapia 
quelante. 
Curativo: transplante de medula óssea. 
 
Beta-talassemia intermedia: caracteriza-se por 
anemia hemolítica de gravidade variável que 
não 
requer transfusões crônicas. 
• Quadro clínico: amplo espectro de 
manifestações que variam desde uma 
condição próxima 
à da talassemia major até uma doença com 
poucos sintomas. As manifestações clínicas 
predominantes são esplenomegalia, redução 
da massa muscular, úlceras crônicas nas 
pernas 
e alterações faciais. O crescimento de 
grandes massas de tecido hematopoiético 
extramedular pode causar sintomas 
compressivos como massas paravertebrais 
intratorácicas. A concentração de Hb varia, 
geralmente, de 6 a 9 g/dL, com as 
características 
morfológicas típicas das talassemias. A 
composição de hemoglobinas é variável, com 
aumento de HbA2 e quantidades de HbF que 
dependem do grau de deficiência de síntese 
causada pela mutação presente em cada 
caso. 
• Tratamento: a talassemia intermedia, por 
definição, não requer tratamento 
transfusional, 
exceto, em circunstâncias especiais. 
Hiperesplenismo é frequente, causando 
dependência 
transfusional que é, geralmente, revertida pela 
esplenectomia. O tratamento com 
hidroxiureia 
pode aumentar a HbF e ser benéfico em 
alguns casos. 
Beta-talassemia minor: é a mais comum na 
prática clínica 
• Quadro clínico: assintomática, associada a 
alterações na morfologia dos eritrócitos com 
pequena ou nenhuma anemia hipocrômica e 
microcítica (Hb em torno de 10 g/dL). 
• Diagnóstico: ocasional em exames de rotina. 
Eletroforese de hemoglobina: aumento de 
HbA2 e HbF18 (50% dos casos). Principal 
diagnóstico diferencial é a anemia 
ferropenêmica. 
• Tratamento: não requer tratamento. 
 
ANEMIA FALCIFORME 
• VISÃO GERAL 
• É a mais frequente das hemoglobinopatias. 
Ocorre, principalmente, em indivíduos negros 
e pardos. 
• É uma anemia hemolítica crônica hereditária, 
cuja manifestação clínica surge em 
decorrência da HbS que polimeriza e promove 
a deformação do eritrócito de formato 
bicôncavo para a forma de foice em situações 
de baixa tensão de oxigênio. 
• Essa alteração ocorre pela substituição de um 
aminoácido, ácido glutâmico, pela valina, na 
posição 6 da cadeia β da globina. 
• Mesmo nas hemácias de formato normal, a 
presença da HbS reduz a capacidade de 
deformidade e torna o sangue mais viscoso. 
• Episódios repetidos e prolongados de falciza-
ção danificam a membrana da célula. Por isso 
também, as hemácias em foice aderem à 
parede do endotélio, podendo resultar em 
lentificação do fluxo sanguíneo e fenômenos 
vasoclusivos. 
• Devido a esses fenômenos, ocorrem quadros 
dolorosos muito intensos (musculares, dores 
abdominais e priapismo). 
• A fragmentação da membrana do eritrócito 
favorece a lise mediada por complemento, 
promovendo hemólise intravascular. 
• O diagnóstico laboratorial inclui o he-
mograma (anemia hemolítica e presença de 
drepanócitos no esfregaço -Figura14 ), 
eletroforese de hemoglobina (que quantifica a 
hemoglobina S e detecta outras 
hemoglobinas anômalas), triagem neonatal e 
teste de falcização (útil para triagem da 
doença, não quantificação de HbS). 
• No tipo heterozigoto da doença (HbAS), o 
sangue é normal ou pouco alterado e o risco 
de falcemização diminui. 
• A hemoglobina que chamamos de protetora, 
visto que inibe a polimerização da hemácia, é 
a hemoglobina fetal (HbF). Essa está mais 
presente durante a vida fetal e sua produção 
vai diminuindo até a fase adulta. Portanto, 
quanto maior a concentração de HbF o 
indivíduo possuir, menos sintomático ele será. 
FISIOPATOLOGIA 
Fonte: Tratado de Hematologia 
• A alteração molecular primária na anemia 
falciforme é representada pela substituição de 
uma única base no códon 6 do gene da 
globina B, uma adenina (A) é substituída por 
uma timina (T) (GAG GTC). 
• Esta mutação resulta na substituição do 
resíduo glutamil na posição Beta 6 por um 
resíduo valil ( 6Glu Val) e tem como 
consequência final a polimerização das 
moléculas dessa hemoglobina anormal (HbS) 
quando desoxigenadas. 
• A hemoglobina S, quando desoxigenada in 
vitro, torna-se relativamente insolúvel e 
agrega-se em longos polímeros. Esses 
polímeros resultam do alinhamento de 
moléculas de hemoglobina S, unidas por 
ligações não covalentes 
• A polimerizaçãoda desoxi hemoglobina S 
depende de numerosas variáveis, como 
concentração de oxigênio, pH, concentração 
de hemoglobina S, temperatura, pressão, 
força iônica e presença de hemoglobinas 
normais. 
• A polimerização da hemoglobina S é o evento 
fundamental na patogenia da anemia 
falciforme, resultando na alteração da forma 
do eritrócito e na acentuada redução de sua 
deformabilidade. 
• A Hemoglobina Fetal (HbF) inibe a 
polimerização, fenômeno responsável pela 
redução de sintomatologia clínica nos 
pacientes com elevados níveis de Hb S. 
 
PROCESSO DE FALCIZAÇÃO 
• Todas as hemácias contendo 
predominantemente hemoglobina S podem 
adquirir a forma falciforme clássica após 
desoxigenação, em decorrência da 
polimerização intracelular da desoxi-Hb S, 
processo normalmente reversível após a 
reoxigenação. 
• Só que a repetição frequente desse fenômeno 
provoca lesão de membrana em algumas 
células, fazendo com que a rigidez e a 
configuração em forma 
 de foice persistam mesmo após a reoxigenação. 
Assim, esses eritrócitos, denominados 
genericamente “células irreversivelmente 
falcizadas” ou células densas, retêm 
permanentemente a forma anormal, mesmo na 
ausência de polimerização intracelular de 
hemoglobina. 
• Em decorrência de sua acentuada rigidez, as 
células irreversivelmente falcizadas têm vida-
média reduzida e contribuem 
significativamente para a anemia hemolítica 
dos pacientes. 
• No entanto, o quadro clínico da anemia 
falciforme, contrastando com as demais 
formas de anemia hemolítica, não dependem 
substancialmente dos sintomas causados pela 
anemia propriamente, mas, sim, da ocorrência 
de lesões orgânicas causadas pela infl 
amação e obstrução vascular e das 
chamadas “crises de falcização”. 
• Nos períodos entre as crises, a “fase estável”, 
os pacientes evoluem praticamente 
assintomáticos, a despeito da anemia 
persistente, com níveis de hemoglobina 
variáveis, mas, em geral, ao redor de 8 g/d 
VASO OCLUSÃO 
• O fenômeno de vaso-oclusão ocorre 
geralmente na microcirculação. No entanto, 
grandes artérias, principalmente nos pulmões 
e cérebro, também podem ser afetadas. 
• Atualmente, acredita-se que o fenômeno 
vaso-oclusivo compreende um processo com 
várias etapas que envolve interações de 
hemácias, leucócitos ativados, células 
endoteliais, plaquetas e proteínas do plasma. 
• A liberação intravascular de hemoglobina 
pelas hemácias fragilizadas, além da vaso-
oclusão recorrente e dos processos de 
isquemia e reperfusão, leva a dano e ativação 
das células endoteliais da parede do vaso. 
• Como consequência, há indução de uma 
resposta inflamatória vascular e a adesão de 
células brancas e vermelhas à parede dos 
vasos sanguíneos. 
• Tal fato, associado a uma redução na 
biodisponibilidade de Óxido Nítrico (NO) no 
interior do vaso e ao estresse oxidativo, pode 
ocasionar, em alguns casos, uma redução no 
fluxo sanguíneo e, finalmente, a vaso-oclusão. 
Vaso-oclusão e o endotélio. A falcização repetidade 
hemácias SS pode levar a dano da membrana dos eritrócitos 
com a exposição de proteínas na superfície celular e a 
produção de Espécies Reativas de Oxigênio (ROS). As 
células falcizadas, e a própria hemoglobina liberada no vaso 
pelo processo de hemólise, podem ocasionar danos às células 
endoteliais que revestem a parede vascular. 
-> A subsequente ativação das células endoteliais tem 
consequências significativas que incluem a expressão de 
moléculas de adesão, como VCAM-1 (molécula de adesão 
vascular -1), ICAM-1 (molécula de adesão intercelular-1) e 
E-selectina na superfície celular e a produção de citocinas e 
quimiocinas como Interleucina (IL)-8, IL-6 e GM-CSF (fator 
estimulador de colônias de granulócitos-macrófagos). 
O endotélio ativado ainda libera fatores procoagulantes e 
fatores vasoconstritores potentes, como as Endotelinas 1 e 2 
(ET-1, ET-2). 
 
Mecanismo de vaso-oclusão na anemia falciforme. O 
contato direto das hemácias SS e a presença de 
hemólise intravascular levam à ativação das células 
endoteliais que revestem o vaso; a presença do heme 
livre na circulação tem efeito deletério no vaso e ainda 
consome o Óxido Nítrico (NO) sintetizado pelas células 
endoteliais. Juntamente com a presença de Espécies 
Reativas de Oxigênio (ROS), a hipóxia e os 
vasoconstritores como Endotelina-1 (ET-1), esses 
mecanismos contribuem para a ativação das células 
endoteliais. 
O estado de hipercoagulabilidade leva a níveis 
aumentados de Fator Tecidual (FT), Fator Ativador de 
Plaquetas (FAP), Fator de von Willebrand (FvW) e 
ativação plaquetária. A ativação do endotélio também 
conta com a presença das plaquetas ativadas no vaso 
sanguíneo e a sua adesão à parede vascular. Após sua 
ativação, as células endoteliais aumentam a expressão 
das moléculas de adesão (como ICAM-1, VCAM-1 e E-
selectina) na superfície do vaso e também liberam mais 
citocinas e quimiocinas como o IL-8, IL-6 e IL-1 , que 
com o TNF- , contribuem para a inflamação vascular e 
a ativação das células sanguíneas. 
Os leucócitos e as hemácias aderem à parede vascular 
devido à sua ativação 
e expressão de moléculas de adesão e, também, podem 
haver interações heterotípicas entre leucócitos 
aderidos e hemácias. 
A vasoconstrição elevada e a obstrução física do vaso 
ocasionam uma redução no fluxo sanguíneo com 
consequente hipóxia e falcização das hemácias, 
dificultando a passagem do sangue, e finalmente 
resultando na vaso-oclusão 
 
RESUMO DA FISIOPATOLOGIA 
• Na hemoglobina S, o ácido glutâmico 
substituído pela valina no sexto aminoácido da 
cadeia beta. 
• A Hb S oxigenada é muito menos solúvel que a 
Hb. A oxigenada; 
• ela forma um gel semissólido que faz os 
eritrócitos se deformarem de modo falciforme 
nos locais combaixo PO2. 
• Eritrócitos distorcidos e inflexíveis aderem ao 
endotélio vascular e entopem arteríolas e 
pequenos capilares, acarretando, assim, 
infarto. 
• A oclusão dos vasos também lesão endotelial, 
que resulta em inflamação e pode levar à 
trombose 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
• As manifestações clínicas nas doenças 
falciformes são extremamente variáveis, mas 
são derivadas primariamente da oclusão 
vascular e, em menor grau, da anemia. 
Praticamente todos os órgãos podem ser 
afetados pela oclusão vascular. 
• Os recém-nascidos portadores de doenças 
falciformes possuem níveis elevados de HbF e, 
por essa razão, não apresentam 
manifestações clínicas significativas. De fato, 
apenas quando os níveis de HbF declinam 
significativamente aparecem os primeiros 
sinais e sintomas da doença, em geral após os 
seis meses de idade. 
 
Crises de falcização 
Os pacientes com doença falciforme 
apresentam períodos sem manifestações 
clínicas correspondentes à fase estável da 
doença, que pode ser interrompida por 
manifestações agudas, denominadas crises 
de falcização: classificadas em crises vaso-
oclusivas ou episódios dolorosos, crises 
aplásticas, hemolíticas e de sequestro. 
Crises vaso-oclusivas 
Os episódios dolorosos agudos representam as 
manifestações clínicas mais comuns e 
características das doenças falciformes. A 
frequência e a gravidade das crises variam 
consideravelmente de paciente para 
paciente, e em um mesmo paciente, modifi 
cando-se bastante em diferentes períodos da 
vida. Os fatores desencadeantes são variados 
e incluem infecção, desidratação e tensão 
emocional de qualquer natureza. 
As crises dolorosas são mais frequentes na 
terceira e quarta décadas de vida, e a taxa 
de mortalidade é mais alta em adultos que as 
apresentam com maior frequência. 
A oclusão microvascular, sobretudo na 
medula óssea, é o fator inicial do episódio 
doloroso. Essa oclusão, secundária à 
falcização das hemácias, causa isquemia dos 
tecidos o que, por sua vez, provoca uma 
resposta inflamatória aguda. As crises 
dolorosas típicas atingem principalmente ossos 
longos, articulações e região lombar. Outrasregiões podem também ser afetadas, como 
couro cabeludo, face, tórax e pelve. 
Episódios agudos de dor e inchaço de mãos e 
pés (síndrome das mãos e pés ou dactilite) são 
frequentes em crianças entre seis meses e dois 
anos de idade, e extremamente raras após os 
sete anos de idade. Essas crises vaso- -oclusivas 
são autolimitadas e, em geral, desaparecem 
após uma semana, embora possam ocorrer 
ataques recorrentes. O tratamento é 
sintomático e, se os sinais persistirem, é 
importante afastar o diagnóstico de 
osteomielite.Uma crise dolorosa grave é 
definida como aquela que exige tratamento 
hospitalar com analgésico parenteral por mais 
de quatro horas. A ocorrência de mais de três 
episódios graves em um mesmo ano 
caracteriza doença falciforme com evolução 
clínica grave. 
 
CRISES APLÁSICAS 
São caracterizadas por queda acentuada nos 
níveis de hemoglobina, acompanhada de 
níveis de reticulócitos reduzidos, 
caracterizando insuficiência transitória da 
eritropoese. 
Em geral, esse tipo de crise é desencadeado 
pela infecção por parvovírus B19 e ocorre, em 
68% dos casos, em crianças. 
Crises hemolíticas 
Também denominadas de crises hiper-
hemolíticas, derivam de um incremento 
brusco na taxa de hemólise. Esse tipo de crise 
é raro e aparentemente está relacionado a 
infecçõespor Mycoplasma, deficiência de 
G6PD ou esferocitose hereditária associadas. 
As manifestações clínicas podem incluir 
agravamento da anemia e acentuação da 
icterícia 
Crise de sequestro esplênico 
Esse tipo de crise representa um episódio 
agudo caracterizado pelo acúmulo rápido de 
sangue no baço. A crise de sequestro 
esplênico é definida pela queda nos níveis 
basais de hemoglobina de pelo menos 2 g/dL, 
hiperplasia compensatória de medula óssea e 
aumento rápido do baço. Essacomplicação 
ocorre, em geral, após o sexto mês de vida, e 
torna-se menos frequente após os dois anos de 
idade; 
 
INFECÇÕES 
Principal causa de morbilidade e mortalidade 
na anemia falciforme. 
As razões da maior suscetibilidade à infecção 
apresentada pelos pacientes com doenças 
falciformes ainda não são totalmente 
conhecidas. Aparentemente, as múltiplas 
lesões orgânicas e a asplenia (orgânica ou 
funcional) têm papel preponderante. Além 
disso, são descritas deficiências de opsoninas 
séricas, defeito na via alternativa do 
complemento, falta de tuftsina, alteração na 
atividade da via hexose- -monofosfato dos 
leucócitos e defeitos imunes. 
 
ESPLENOMEGALIA 
• As alterações histopatológicas no baço de 
pacientes com anemia falciforme são 
conhecidas. 
• Inicialmente, há esplenomegalia 
consequente à congestão da polpa esplênica 
em virtude da obstrução por grandes 
quantidades de células falcizadas, 
acompanhada de hemorragias ao redor dos 
corpúsculos de Malpighi. 
• A oclusão vascular provoca repetidos 
microinfartos, tornando o órgão fibrótico e 
atrófico. 
• Esses fenômenos são coincidentes com os 
achados clínicos observados à palpação do 
baço nos pacientes com anemia falciforme. * 
Comumente, há esplenomegalia 
nos primeiros anos de vida, seguida de 
ausência do órgão após os seis anos de idade, 
resultante da autoesplenectomia 
acompanhada de fibrose. As repercussões da 
hipofunção esplênica nas doenças falciformes 
concentram-se principalmente na maior 
suscetibilidde a infecções 
Complicações cardíacas 
As manifestações cardíacas são relacionadas 
à circulação hiperdinâmica secundária aos 
mecanismos compensatórios da anemia. A 
radiografia de tórax mostra cardiomegalia 
global mesmo em pacientes jovens. Também 
são observadas artérias pulmonares 
proeminentes e aumento no padrão vascular 
pulmonar. 
As hipóteses para 
 explicar a baixa frequência de oclusão 
importante de artérias coronárias são a circulação 
hiperdinâmica e os baixos níveis de colesterol 
observados nos pacientes com doenças 
falciformes.Alguns pacientes podem evoluir para 
insuficiência cardíaca. A pressão arterial em 
pacientes com doenças falciformes é, em geral, 
inferior à observada em populações controle. 
COMPLICAÇÕES PULMONARES- As alterações 
pulmonares nas doenças falciformes 
sãoprovocadas por fenômenos vaso-oclusivos e 
infecções.Com frequência, ambas ocorrem 
simultaneamente. 
Complicações hepatobiliares 
A excreção contínua e elevada de bilirrubinas 
leva à formação de cálculos biliares. As 
alteraçõesna função hepática podem ser 
relacionadas à falcização intrahepática, 
infecções adquiridas na transfusão ou 
hemossiderose transfusional. A denominação 
síndrome do quadrante superior direitodesigna 
episódio agudo caracterizado por 
hiperbilirrubinemia extrema, aumento rápido do 
fígado, febre e dor acentuada. Os níveis de 
enzimas hepáticas são anormais e os níveis de 
bilirrubina podem chegar até a 100 mg/dL. 
COMPLICAÇÕES GENITOURINÁRIAS 
O rim é extremamente suscetível a complicações 
em pacientes com doenças falciformes devido às 
características peculiares de seu microambiente, 
que incluem reduzidas tensões de oxigênio, pH 
ácido e alta tensão osmótica. Esse tipo de 
ambiente facilita a ocorrência de falcização e 
infarto na medula renal, com consequente 
hematúria e inabilidade de concentrar urina 
(hipostenúria). É importante lembrar que essas 
complicações podem ocorrer não somente em 
pacientes com doenças falciformes, mas também 
em heterozigotos para hemoglobina S (traço 
falciforme, AS. 
A excreção de potássio também está reduzida, e 
episódios de hipercalemia foram descritos. 
Ocasionalmente, podem ser observados níveis 
elevados de ácido úrico devido à hiperplasia de 
medula óssea e consequente aumento na 
produção de urato em razão do metabolismo das 
purinas, além da redução na depuração de urato 
pelos túbulos renais 
PROTEINÚRIA- ocorre em 26% dos pacientes com 
doença falciforme e creatinina sérica elevada em 
7%. A lesão anatomopatológica é representada 
por aumento glomerular e glomeruloesclerose 
periféricafocal segmentar. 
PRIAPISMO- é uma complicação relativamente 
frequente e ocorre quando as células falcizadas 
obliteram os corpos cavernosos e esponjoso e 
impedem o esvaziamento do sangue do pênis. 
• As complicações oftalmológicas são 
frequentes nas doenças falciformes e incluem 
anormalidades na conjuntiva, infartos 
orbitários, hemorragia retiniana e retinopatia 
proliferativa. A retinopatia resulta de lesões 
oclusivas arteriolares que levam a 
microaneurismas e proliferação neovascular 
colateral. Essa alteração é mais frequente em 
pacientes com hemoglobinopatia SC do que 
em outras doenças falciformes. 
COMPLICAÇÕES OSTEOMUSCULARES 
• A complicação mais comum é a necrose 
asséptica da cabeça do fêmur, e afeta cerca 
de 10% das pacientes, podendo chegar a 
mais de 50% dos portadores de 
hemoglobinopatia SC. Outras regiões ósseas 
podem também ser afetadas pela necrose 
vascular, como corpos vertebrais e cabeça do 
úmero. 
• A necrose asséptica da cabeça do fêmur 
aparenta estar associada positivamente com 
a idade, frequência de episódios dolorosos, 
deleção do gene da alfa-globina e níveis 
de hemoglobina 
• Osteoporose precoce 
 
Manifestações cutâneas 
Além de manifestações comuns às demais 
anemias hemolíticas, como icterícia e palidez, 
as doenças falciformes caracterizam-se pela 
presença de úlceras no terço inferior das 
pernas, especialmente na região maleolar. A 
prevalência de úlcera de perna na anemia 
falciforme é estimada em 5 a 10% dos 
pacientes. É mais comum em homens e em 
pacientes mais velhos, e raras nas crianças e 
doenças falciformes heterozigóticas duplas. 
 
 
 
 
 
 
 
SINAIS E S INTOMAS DA ANEMIA FALCIFORME 
✓ Crises dolorosas: ossos, músculos e 
articulações, em razão do vaso-oclusão, com 
redução do fluxo de sangue e oxigênio para os 
tecidos e órgãos. 
✓ Palidez, cansaço fácil, por causa da redução 
do oxigênio circulante. 
✓ Icterícia: cor amarelada mais visívelna 
esclera (branco dos olhos), por causa do 
excesso de bilirrubina no sistema circulatório, 
resultante da destruição rápida dos 
glóbulos vermelhos. 
✓ Em crianças, pode haver inchaço muito 
doloroso nas mãos e pés, em razão da 
inflamação dos tecidos moles que envolvem as 
articulações do punho, tornozelo, 
dedos e artelhos. 
✓ Sequestro do sangue no baço: palidez 
intensa, aumento do baço, desmaio 
(emergência), causado pelo aumento rápido por 
sequestrar todo o sangue podendo 
acarretar em morte por falta de sangue nos 
outros órgãos. 
✓ Retardo do crescimento e maturação sexual 
pela presença da anemia, infecções e 
interferência na produção hormonal. 
✓ Úlceras (feridas), sobretudo, nas pernas. 
Geralmente, iniciam-se na adolescência e 
tendem a se tornar crônicas em razão da 
viscosidade do sangue e má circulação 
periférica. 
 
 
 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico das síndromes falciformes depende 
fundamentalmente da comprovação da hemoglobina S pela 
eletroforese de hemoglobinas, utilizando conjuntos 
complementares de suportes e tampões que permitam a 
distinção das diferentes hemoglobinas anormais. As técnicas 
mais utilizadas incluem a eletroforese de hemoglobina em 
acetato de celulose com pH 8.4, em gel de ágar com pH 6.2, 
e teste de solubilidade da hemoglobina em tampão fosfato 
concentrado Cromatografi a Líquida de Alta Performance 
(HPLC) ou Eletroforese com Focalização Isoelétrica (FIE). 
A alteração molecular pode ser facilmente identificada pela 
Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), seguida de 
sequenciamento do DNA ou digestão com uma enzima de 
restrição apropriada. Este último é o método utilizado no 
diagnóstico pré-natal das doenças falciformes, ou em alguns 
casos de difícil diagnóstico pela eletroforese de 
hemoglobinas. Hemácias em forma de foice presentes. Os 
clássicos dados laboratoriais de hemólise estão presentes: 
elevação de bilirrubina indireta, redução de haptoglobina 
sérica, elevação de urobilinogênio urinário e hiperplasia 
eritroide na medula óssea. Frequentemente, há leucocitose, 
às vezes com desvio à esquerda, alteração que nem sempre 
está relacionada a processo infeccioso. A contagem de 
plaquetas está em geral elevada, podendo atingir até 
1.000.000/ L. Provavelmente, tanto a leucocitose quanto a 
trombocitose estão associadas à hiperplasia de medula óssea 
em pacientes com hipofunção 
esplênica, além do estado inflamatório crônico. 
 
TRATAMENTO 
HIDROXIUREIA 
Abolição ou diminuição dos episódios de dor • 
Aumento da produção de HbF • Aumento, 
mesmo que discreto, da concentração total da 
Hb • Diminuição dos episódios de síndrome 
torácica aguda • Diminuição do número de 
hospitalizações • Diminuição do número de 
transfusões sanguíneas 236 Doença Falciforme 
Doença Falciforme • Regressão ou estabilização 
de danos em órgãos ou tecidos • Melhora do 
bem-estar e da qualidade de vida e maior 
sobrevida 
 
IMPORTÂNCIA DO TESTE DO PEZINHO 
O teste do pezinho é o exame de sangue 
coletado no pé do recém-nascido. Fácil e 
rápido de ser feito, é de extrema importância 
e deve ser realizado entre o terceiro e, no 
máximo, quinto dia após o nascimento do 
bebê. Seu objetivo é diagnosticar 
precocemente - na fase sintomática - 
doenças que causam complicações graves, 
que vão desde retardo mental até a morte. 
Entre as doenças rastreadas pelo teste do 
pezinho estão: 
- Hipotireoidismo congênito: com o 
diagnóstico tardio, a criança terá retardo 
mental grave chamado de cretinismo; 
- Fenilcetonúria: doença rara, congênita e 
genética, que afeta o sistema neurológico; 
- Anemia falciforme: doença do sangue 
causada por uma alteração genética no 
formato das hemácias, diminuindo sua 
capacidade de transportar oxigênio para as 
células do corpo e gerando sintomas como 
dor generalizada, fraqueza e apatia; 
- Fibrose cística: conhecida também como 
mucoviscidose, é uma doença genética, 
hereditária, autossômica e recessiva, ou seja, 
passa de pai/mãe para filho (a). Ela afeta os 
aparelhos digestivo e respiratório e as 
glândulas sudoríparas; 
- Hiperplasia adrenal congênita: doença que 
afeta os hormônios essenciais da vida, como 
cortisol e aldosterona. Sem o tratamento 
precoce, leva o bebê à desidratação grave 
nos primeiros dias de vida, frequentemente 
evoluindo para óbito; 
- Deficiência de biotinidase: doença 
metabólica hereditária que pode causar 
convulsões, surdez, ataxia, hipotonia, 
dermatite, queda de cabelo e atraso no 
desenvolvimento. 
Desde junho de 2014, todos os estados 
brasileiros estão habilitados a realizar o teste, 
tanto no sistema público de saúde quanto na 
rede particular. 
 
INIQUIDADES EM SÁUDE NEGRA 
No Brasil, as doenças, agravos e condições mais 
freqüentes na população negra podem ser assim 
classificados: 7 (i) Geneticamente determinadas - 
anemia falciforme e deficiência de glicose 6-
fosfato desidrogenase; ou dependentes de 
elevada freqüência de genes responsáveis pela 
doença ou a ela associadas - hipertensão arterial 
e diabete melito. Neste grupo, destaca-se a 
anemia falciforme, doença hereditária, 
decorrente de uma mutação genética ocorrida 
há milhares de anos, no continente africano. É 
causada por um gene recessivo, que pode ser 
encontrado em freqüências que variam de 2% a 
6%, na população brasileira, e de 6% a 10% na 
população negra. Em junho de 2001, uma portaria 
do Ministério da Saúde definiu a realização, em 
todo país, de triagem neonatal de doenças 
falciformes, entre outras de caráter congênito.8 
Entretanto, a atenção às síndromes falciformes 
ainda é desconhecida de grande parte da 
população9 e dos profissionais de saúde, exigindo 
uma abordagem ética e terapêutica que não se 
restringe à detecção precoce. Por sua alta 
prevalência e complexidade, estas deveriam ser 
consideradas um problema de saúde pública, e 
Subsídios para o debate sobre a POLÍTICA 
NACIONAL DE SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA: 
UMA QUESTÃO DE EQUIDADE 
________________________________________________
______________________________________ 6 tratadas 
pelo SUS enquanto tal, mobilizando os necessários 
recursos clínicos e de apoio às pessoas portadoras 
e seus familiares. (ii) Adquiridas, derivadas de 
condições socioeconômicas desfavoráveis – 
desnutrição, mortes violentas, mortalidade infantil 
elevada, abortos sépticos, anemia ferropriva, 
DST/AIDS, doenças do trabalho, transtornos 
mentais resultantes da exposição ao racismo e 
ainda transtornos derivados do abuso de 
substâncias psicoativas, como o alcoolismo e a 
toxicomania. Embora acometam todos os grupos 
populacionais, tais ocorrências são agravadas 
quando incidem sobre mulheres e homens negros 
em razão das desvantagens psicológicas, sociais 
e econômicas geradas pelo racismo a que estão 
expostos. Assim, as taxas de mortalidade precoce 
permanecem significativamente mais altas entre 
os negros, em todas as faixas etárias, e a 
esperança de vida é, hoje, sete anos menor do 
que a verificada entre os brancos. 
• É preciso considerar que o racismo é uma 
ideologia que se mantém às custas do 
privilégio de setores autodefinidos como 
racialmente superiores. Tais vantagens, ao 
conferir a esses grupos poder de manejo e 
controle dos bens públicos materiais e 
simbólicos, tendem a tornar extremamente 
difícil seu engajamento na ruptura das 
prerrogativas resultantes da iniquidade e na 
repactuação ética necessária. Um dos 
principais atributos das ideologias é se 
estabelecerem para além das 
individualidades, vontades ou opiniões, 
fixando-se internamente aos mecanismos de 
sociabilidade e grupalização. 
• As manifestações do racismo nas instituições 
são verificadas por meio de normas, práticas e 
comportamentos discriminatórios 
naturalizados no cotidiano de trabalho 
resultantes da ignorância, da falta de 
atenção, do preconceito ou de estereótipos 
racistas. Em qualquer situação, o racismo 
institucional restringe oacesso das pessoas, de 
grupos raciais ou étnicos discriminados aos 
benefícios gerados pelo Estado e pelas 
instituições/ organizações que o representam. 
• Em termos gerais, a dimensão programática 
do racismo institucional é caracterizada pela 
dificuldade em reconhecer o problema como 
um dos determinantes das iniqüidades no 
processo saúde-doença-cuidado e morte; 
falta de investimentos em ações e programas 
específicos de identificação de praticas 
discriminatórias; dificuldade na adoção de 
mecanismos e estratégias de não 
discriminação, enfrentamento e prevenção 
do racismo; ausência de informação 
adequada sobre o tema; falta de 
investimentos na formação especifica de 
profissionais; dificuldade em priorizar e 
implementar mecanismos e estratégias de 
redução das disparidades e promoção da 
equidade. 
• Segundo Whitehead (1990), equidade na 
atenção em saúde deve significar: • acesso 
igual para necessidade igual; • utilização igual 
para necessidade igual; • qualidade igual 
para todos 
• Três princípios de ação sugeridos pela OMS 
para atingir a igualdade na saúde: • Melhorar 
as condições de vida diária – as circunstâncias 
nas quais as pessoas nascem, crescem, vivem, 
trabalham e envelhecem. • Abordar a 
desigual distribuição de poder, riqueza e 
recursos – os agentes estruturais destas 
condições de vida diária – global, nacional e 
localmente. • Avaliar o problema, avaliar a 
ação necessária, expandir a base de 
conhecimento, desenvolver uma equipe de 
trabalho com formação sobre os 
determinantes sociais de saúde e promover a 
sensibilização do público para o tema.

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