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ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Cristiane Lisandra Danna Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Bárbara Pricila Franz Marcelo Bucci Revisão de Conteúdo: Graciele Alice Carvalho Adriano Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2018 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. P581o Pianezzer, Lúcia Cristiane Moratelli Orientação educacional. / Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 151 p.; il. ISBN 978-85-53158-13-3 1.Orientação educacional. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 371.42 Impresso por: Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer Pedagoga com habilitação em Educação Infantil e Séries Iniciais, com especialização na mesma área. Professora com 25 anos de experiência na Educação Básica. Desenvolve Formações Continuadas para Educadores Infantis, Anos Iniciais e Finais, bem como para Gestores Educacionais. Atualmente, atua como Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I, no Colégio Metropolitano de Indaial, ministra uma disciplina no Curso de Gestão e Coordenação Pedagógica de pós-graduação e Formação Continuada IPEGEX (Indaial e Blumenau) e é Docente no Curso de Pedagogia da Uniasselvi. Especialista também em Gestão e Tutoria, pela mesma Instituição. Sumário APRESENTAÇÃO ....................................................................07 CAPÍTULO 1 Orientação Educacional: Conceito e Trajetória Histórica .................................................................................09 CAPÍTULO 2 A Formação do Orientador: Gestor no Contexto da Atualidade ..............................................................................43 CAPÍTULO 3 O Orientador Educacional e a Gestão Democrática......109 APRESENTAÇÃO Caro pós-graduando! É com muito carinho e satisfação que compartilhamos este livro de estudos a respeito da Orientação Educacional (OE). Por meio dele, conheceremos o conceito, a origem e a importância da OE ao longo da história (especialmente no Brasil) e, a partir disto, teceremos significativas reflexões; identificaremos a função e a formação do orientador educacional como um gestor no contexto da atualidade e o perceberemos como sujeito fundamental às ações e intervenções pedagógicas. Para tanto, os conteúdos encontram-se distribuídos em três capítulos, subdivididos em seções. Ao final de cada capítulo, contemplaremos atividades de estudo e algumas considerações que objetivam auxiliá-lo na aquisição do conhecimento. No primeiro capítulo, apresentaremos o conceito, a história e os objetivos da Orientação Educacional, além de trazermos a formação, áreas de atuação e os princípios éticos do orientador educacional. No segundo capítulo, detalharemos as características e atribuições desse profissional, com os desafios da atualidade, tanto dentro, quanto fora da instituição escolar. E para finalizar, no terceiro capítulo, trataremos da aproximação entre o orientador educacional, a comunidade escolar e as famílias, numa gestão dialógica, participativa e democrática. Além do conteúdo do caderno, sugerimos a realização de algumas leituras complementares. Aproveite para ampliar seus conhecimentos! Bons estudos! Professora Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer CAPÍTULO 1 Orientação Educacional: Conceito e Trajetória Histórica A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Compreender o conceito e a trajetória histórica da Orientação Educacional. Identifi car, reconhecer e valorizar o papel do orientador educacional em suas áreas de atuação, com seus princípios, atribuições e características. 10 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 11 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 ContextualiZação A Orientação Educacional, como se confi gura atualmente, é o resultado de processos construídos mediante as manifestações próprias de cada época, como a forma de viver de cada povo, de organizar a sociedade e de compreender a função da escola. Com o passar do tempo, conceitos foram modifi cados e reconstruídos para atender às necessidades da escola com seus novos desafi os. Neste sentido, este capítulo apresenta a trajetória histórica da Orientação Educacional, com seus objetivos, além de trazer a formação, princípios éticos e áreas de atuação do orientador educacional, do passado e do presente. Partindo desse pressuposto, não há como compreender e refl etir sobre a Orientação Educacional da atualidade sem dar uma voltinha no tempo e conhecer esta história, concorda? Antes mesmo de iniciarmos nossa viagem ao passado, cabe aqui uma pergunta: o que é Orientação Educacional? Como você defi niria cada uma destas palavras? DeFinição de Orientação Educacional Grinspun (2011, p. 11) auxiliará na compreensão do que vem a ser, de fato, Orientação Educacional: [...] vejo, hoje, tal qual o início do século XX, um renascer da nova Orientação Educacional que tem - mais do que nunca - um compromisso com e para o aluno, não apenas para orientá- lo no seu desenvolvimento a partir de suas necessidades, mas para oferecer os meios e as possibilidades de uma formação mais segura e mais abrangente, que não se limita ao aqui e agora, não apenas a ajudá-lo nas difi culdades na/da escola, mas para orientar para a vida, para ser, cada vez mais, um indivíduo multiplicador e transformador de seu tempo. [...] uma orientação que tem o papel mediador, dinamizador do contexto atual em prol de uma educação de qualidade. Após esta citação, torna-se fácil perceber a dimensão que permeia a função do orientador educacional, pois orientar signifi ca guiar, ajudar, mediar, dinamizar, transformar e educar, ou seja, vai muito além dos muros escolares, estende-se à vida. Logo, é grande a missão deste profi ssional. 12 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Para Grinspun (2008, p. 70), deve-se: [...] mostrar o sentido pedagógico da Orientação, identifi cando seu papel na instituição, sua colaboração para superar junto com/na Escola seus desafi os no/do cotidiano, e as possibilidades que temos para um trabalho articulado integrado, no qual a mediação é o eixo da realização das nossas atividades na escola. A Orientação Educacional é parte de um todo, faz parte da escola que com ela interage permanentemente, assim como a própria sociedade. Grinspun (2011, p. 24) diz também que: A Educação é uma prática social, e a Orientação deve ser vista como uma prática que ocorre dentro da escola, mas cujas atividades podem e devem ultrapassar seus muros; uma prática que caminha no sentido da objetividade, da subjetividade e da totalidade da Educação. É perceptível que a Orientação está cada vez mais junto à Educação como um todo, na busca das fi nalidades de um projeto político-pedagógico formulado para a escola, em favor de seus próprios alunos. Portanto, parte-se do pressuposto de que a Orientação Educacional, nos dias atuais, cumpre um papel bastante signifi cativo junto aos professores, alunos e familiares, dando-lhes atenção e assistência. Essa nova Orientação tem o intuito de prevenir, ultrapassando as pequenas difi culdades ou falhas no decorrer do percurso escolar, ou seja, preocupa-secom a vida do estudante, mas nem sempre isso foi assim. A Orientação Educacional sofreu alterações conforme as modifi cações em sua volta, melhorando e tornando- se mais atuante, participativa e consciente de seu papel na sociedade. O esquema a seguir, apresentado por Giacaglia e Penteado (2010, p. 13), traz a evolução da Orientação Educacional no Brasil: Quadro 1 – Evolução da orientação educacional no Brasil OE de interesse social OE de interesse social OE de interesse social OE de interesse individual/social Pragmática, profi s- sionalizante. Terapêutica. Preventiva. Corretiva; visa adaptar o aluno. Centrada no aluno; visa adaptar o aluno. Visa adaptar o aluno. Visa ao desenvolvi- mento e à felicidade do aluno. Fonte: Giacaglia e Penteado (2010, p. 13). Este esquema leva à compreensão de uma mudança de paradigma, pois o aluno deixa de ser visto apenas como mão de obra futura, para ser visto como um ser em pleno desenvolvimento e em busca de felicidade. 13 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 Contexto Histórico da Orientação Educacional no Brasil Qualquer sujeito, desde os tempos mais remotos, orientou ou foi orientado por alguém. Isso também acontece entre os animais irracionais, que preparam seus fi lhotes a partir do nascimento para que aprendam a viver de forma independente. Com o ser humano ocorre o mesmo: aprende-se com os pais ou com as pessoas mais velhas sobre aspectos culturais, sociais, religiosos ou de sobrevivência, que se carrega por toda a vida. Provavelmente, estes conhecimentos serão passados aos descendentes, e isto se chama educação informal. Giacaglia e Penteado (2010, p. 3) confi rmam essa informação: Entre os humanos, tem-se notícia de que, desde priscas eras, sempre existiu a necessidade, por parte das gerações mais velhas, não só de prover como também de socializar e instruir as gerações mais novas, utilizando-se, para tanto, a princípio, da educação e da orientação informais e, mais tarde, da instrução formal, via escolarização. A educação informal, conforme mencionado, repassada dos mais velhos aos mais novos, abrangia principalmente os núcleos familiares ou as pequenas comunidades. Porém, quando essa educação passou à formalidade em âmbitos escolares, tornou-se necessária a realização de algumas adaptações, passando- se a focá-la na instrução (especialmente após a Revolução Industrial), buscando satisfazer às necessidades da própria sociedade. A Revolução Industrial foi preponderante à educação escolar, e para melhor compreensão, Giacaglia e Penteado (2010, p. 4) acrescentam: Em primeiro lugar, vale lembrar que tal revolução causou a retirada, em grandes proporções, de adultos de seus lares, afastando-os, portanto, do cuidado pessoal e próximo dos fi lhos. Como primeira consequência, esses passariam a ser cuidados e educados por terceiros. Como a grande parte da população adulta se encontrava também ocupada nas incipientes indústrias, a solução foi agrupar os educandos, em números cada vez maiores, em instituições formais e especializadas, para que os pais pudessem se dedicar às novas formas de trabalho, em novos locais. A partir de então, a escola deixa de ser um espaço ocupado prioritariamente pela elite e passa a atender a outras camadas da população consideradas menos favorecidas, mas que a partir daquele momento, e de acordo com os interesses da sociedade, passariam a receber instrução. 14 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Figura 1 – Revolução Industrial Fonte: Disponível em: <http://www.portaldovestibulando.com/2016/07/ revolucao-industrial-1-e-2-fase.html>. Acesso em: 15 jun. 2017. De acordo com Giacaglia e Penteado (2010, p. 6): No novo cenário que se delineara a partir dessa importantíssima revolução, a OE tornou-se essencial à nova educação. Entretanto, ela agora retornaria de maneira mais diferenciada, explícita, profi ssional e com novas fi nalidades. Isso se explica pelo motivo de que essa revolução modifi cou profundamente a vida dos países em que ela ocorreu, o que veio provocar a necessidade da formação de mão de obra especializada, cujo provimento foi delegado à escola, e nela, à OE. Desde então, passaria a ser papel do orientador educacional identifi car, sugerir e aconselhar as pessoas certas para ocuparem os lugares certos, ou seja, conhecer de perto as características de cada indivíduo, objetivando seu preparo de maneira “conformada” para determinada função. Ele era o profi ssional perfeito para realizar este trabalho com as crianças e jovens dentro da escola. De acordo com Garcia (1990, p. 10), “Ao orientador caberia selecionar, orientar e encaminhar aqueles que pretendiam ingressar em cursos universitários e aqueles que precisavam se profi ssionalizar imediatamente”. Nesta época, a prioridade de seu trabalho encontrava-se na seleção e preparo dos que seriam os próximos líderes ou liderados, numa sociedade altamente capitalista. Sua função era encontrar as pessoas certas para ocuparem os lugares certos dentro das indústrias, tão equipadas de novos maquinários e, justamente por isso, necessitadas de mão de obra. 15 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 Esse caminho percorrido pela Orientação Educacional iniciou-se em alguns países da Europa e nos Estados Unidos, mas em nosso país, de acordo com Grinspun (2011, p. 26): No Brasil, a Orientação Educacional teve, em sua implantação, uma grande infl uência da orientação americana, em especial o ‘counseling’ (aconselhamento), e da orientação educacional francesa. [...] as primeiras experiências datam da década de 20. A partir dos escritos de Grinspun (2011, p. 26-35), será traçada uma espécie de linha do tempo da Orientação Educacional no Brasil: Quadro 2 – Linha do tempo da orientação educacional no Brasil Ano e local Acontecimento relacionado à Orientação Educacional 1924 São Paulo Roberto Mange, engenheiro suíço, iniciou no Liceu de Artes e Ofícios os primeiros trabalhos para a criação de um serviço de seleção e ori- entação profi ssional para os alunos do curso de Mecânica. 1930 São Paulo Com Roberto Mange e Ítalo Bologna, teve início na Estrada de Ferro Sorocaba um serviço de seleção, orientação e formação de alunos em cursos de aprendizagem mantidos por aquela instituição. 1931 São Paulo Lourenço Filho criou o primeiro serviço público de orientação profi s- sional no Brasil, que depois prosseguiu no Instituto de Educação da Universidade de São Paulo até 1935, quando foi extinto. 1934 Rio de Janeiro Aracy Muniz Freire e Maria Junqueira Schmidt começaram a estrutu- rar os serviços de Orientação, nos moldes americano ou europeu, no Colégio Santo Amaro Cavalcanti. 1942 Surgem as Leis Orgânicas, fazendo com que a orientação tivesse sua regulamentação, signifi cativamente ligada à sua origem na orien- tação profi ssional. 1942 Com o Decreto n. 4.048, de 22/1/1942, criou-se o SENAI e a orien- tação foi caminhando em sua trajetória no Brasil, agora fortifi cada por ser legalmente instituída. 1961 Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a orientação tem destaque legal na Educação brasileira, ressaltando a formação de orientadores educacionais para os cursos primário e secundário. 1968 A Lei n. 5.564/68 regulamenta o exercício da profi ssão de orientador, ampliando o destaque da Orientação, uma vez que surgiu a profi s- sionalização na área. 1971 A Orientação foi vista como uma decisão importante dos legisladores, que lhe deram um lugar de destaque, através do artigo 10 da Lei n. 5.692/71, instituindo-a obrigatoriamente nos estabelecimentos de ensino de 1º e 2º graus. O que se pretendia, na realidade, era confi rmar um ensino profi ssionalizante, obrigatório que, através do aconselhamento vocacional, ofereceria a oportunidade de escolha de uma profi ssão futura, compatível com as necessidades do mercado de trabalho. 1973 O Decreto-Lein. 72.846/73, que determinou as atribuições do orienta- dor educacional, confi rmou o caráter psicológico da Orientação, man- tendo a conceituação de tal área, numa visão individualizada e pes- soal, comprometida com os que necessitavam de uma “orientação” revestida de um aconselhamento psicológico. 16 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 1976 O MEC elaborou o documento “Orientação Educacional e Linhas de Ação”, que abordava os dois planos de atuação da Orientação Ed- ucacional: o plano de ação integrada, atuando junto com a direção, professores, alunos e demais técnicos, planejando, executando e avaliando a ação educativa, e o plano de ação direta, em que o orien- tador deveria atingir o aluno, sobretudo através do trabalho de grupo. 1984 Fortaleza/ CE Ficou tratado no VII Congresso Brasileiro de Orientação Educacional que “ninguém poderia ser orientador educacional sem ter compreen- dido o conceito de homem, de mundo e de sociedade”. 1986 Florianópo- lis/ SC Nas recomendações do IX Congresso Brasileiro de Orientação Edu- cacional, concluiu-se que o “Orientador, a partir de então, deveria ter uma linha de trabalho que colocasse as questões sociais, econômi- cas, políticas e culturais como pontos fundamentais para sua prática”. 1990 Uma série de acontecimentos caracteriza os novos rumos da Orien- tação, que passa a desempenhar um papel muito mais signifi cativo junto à educação. Ela passa a ser parceira inseparável em todos os rumos e fi nalidades. Os orientadores passam a ser coadjuvantes da prática docente. 1996 A Lei n. 9.394/96 não traz mais a obrigatoriedade da Orientação, mas por efetiva consciência profi ssional, o orientador tem espaço próprio junto aos demais protagonistas da escola para um trabalho pedagógi- co integrado, compreendendo criticamente as relações que se esta- belecem no processo educacional. O orientador, mais do que nunca, deve estar atento ao trabalho coletivo da escola, atuando harmonio- samente com os demais profi ssionais da educação, num trabalho in- terdisciplinar. Na atualidade A Orientação tem que se desenvolver por meio de um trabalho partic- ipativo, em que o currículo deve ser construído por todos, e onde a in- terdisciplinaridade deve ser buscada, para uma melhor compreensão do processo pedagógico da escola. Fonte: Grinspun (2011, p. 26 - 35). Analisando esta linha do tempo, pôde-se perceber que a história da Orientação Educacional sofreu modifi cações interessantes. No início, possuíam mais características da orientação vocacional (relacionada à vocação profi ssional, sendo aplicada na escola) e, com o passar do tempo, tornou-se mais pedagógica, democrática e integrada ao processo educativo. Quando a autora menciona a palavra interdisciplinaridade, deixa claro que todas as áreas do conhecimento contribuem para o trabalho do orientador educacional em sua práxis pedagógica, pois deve-se considerar o homem como um ser biológico, psicológico, histórico-social e fi losófi co. A seguir, as contribuições da psicologia, história e sociologia da educação para o orientador educacional. 17 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 ContriBuiçÕes da PsicoloGia, História e SocioloGia da Educação Para o Orientador Educacional O orientador educacional precisa compreender que a criança ou adolescente é um “ser psicológico” e que a emoção está presente em suas atitudes, algumas vezes, manifestadas por meio do choro, da raiva, da alegria e, em outras vezes, escondidas, por meio do silêncio ou isolamento. Quando fazemos algo com alegria, as reações emocionais de alegria signifi cam que, a partir daquele momento, tentaremos fazer o mesmo. Quando fazemos algo com repulsão, isso signifi ca que tenderemos, por todos os meios possíveis, interromper esta tarefa. (VYGOTSKY, 2003, p. 117) Considerar o aluno como um ser psicológico é buscar entender o seu comportamento e admitir que as emoções e sentimentos infl uenciam em seu processo de ensino-aprendizagem. O orientador educacional, assim como os professores, também precisa atentar-se a este fator, pois: Se quisermos que os alunos recordem melhor ou exercitem mais o pensamento, devemos fazer com que essas atividades sejam emocionalmente estimuladas. A experiência e a pesquisa têm mostrado que um fato impregnado de emoção é recordado mais sólido, fi rme e prolongado que um feito indiferente. Cada vez que comunicarem algo ao aluno, tentem afetar seu sentimento. A emoção não é uma ferramenta menos importante que o pensamento. (VYGOTSKY, 2003, p. 121). Diante disso, há que se considerar que [...] a psicologia, [...] contribui para o trabalho de adequação do ensino a cada fase do desenvolvimento do educando; leva a considerar cada aluno como personalidade única e preconiza a canalização dos motivos próprios de cada discente para os objetivos de ensino. (NÉRICI, 1986, p. 39). Além de compreender que o aluno é um ser psicológico, o orientador educacional também precisa percebê-lo como um “ser histórico e social”, daí a relevância destas áreas do conhecimento em sua formação profi ssional. Na construção de sua própria história e na interação com outras pessoas é que o sujeito aprende a aprender. Nestes momentos, ele é capaz de realizar, construir, mudar, rever, transformar e organizar os processos de aprendizagem e, consequentemente, obter conhecimento. 18 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL A presença do outro passa a fazer parte da constituição de cada ser. É um orientador, uma sentinela, um juiz, mas também um facilitador para que o sujeito tenha confi ança em conseguir o que deseja. A presença do outro é um estímulo para que sinta confi ança em experimentar a vida, desenvolvendo-se como um ser integral e interagindo ao meio social. (MOREIRA, 1996, p. 67) À medida que as crianças e adolescentes vão interagindo com os outros, ampliam sua visão de mundo e criam diferentes maneiras de agir, pensar, ser e viver em sociedade. Essa interação favorece a percepção do orientador educacional, estimulando-o à busca de novas propostas de ensino-aprendizagem, adequando-as às necessidades dos alunos em pleno desenvolvimento. Neste sentido, vale lembrar o primeiro fundamento da Lei de Diretrizes e Bases n. 9.394/96, que em seu artigo 1º diz que A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Ao orientador educacional cabe, portanto, a tarefa de possibilitar o desenvolvimento integral do ser humano, a partir do conhecimento de teorias e práticas que possibilitem este olhar tão dinâmico e interdisciplinar. Este é apenas um dos objetivos da orientação educacional na atualidade, a seguir outros serão mencionados. OBjetiVos da Orientação Educacional Os objetivos da orientação educacional no passado estavam centralizados basicamente nas seguintes questões: • atendimento a alunos que apresentavam difi culdades de aprendizagem; • identifi cação e aconselhamento a alunos com problemas de comportamento; • assistência a alunos com difi culdades de adaptação; • estímulo de bons hábitos de estudos, aos alunos; • busca por recursos ou estratégias que refl etissem na melhoria do rendimento escolar, envolvendo os professores. Para ampliar e atualizar a lista de objetivos da Orientação Educacional na atualidade, serão tratadas no texto de Andrade (2010), de maneira completa, as 19 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 atribuições/ações do orientador educacional, que foram construídas para/pelos orientadores educacionais do Distrito Federal, mas que podem ser aplicadas aos orientadores de todo o Brasil. Neste momento, essas atribuições/ações serão tratadas também como objetivos. a) Ações no âmbito institucional • Objetivo geral: conhecer a clientelae identifi car a demanda escolar a ser acompanhada pelo orientador educacional. Figura 2 – Instituição Fonte: Disponível em: <http://criancaria.com.br/escola- manha-ou-tarde/>. Acesso em: 17 jul. 2017. • Procedimentos específi cos: − conhecer o regimento escolar e a proposta pedagógica da instituição educacional em que atua; − colaborar na análise dos indicadores de aproveitamento escolar, evasão, repetência e infrequência; − colaborar e participar de ações que viabilizem a avaliação das atividades pedagógicas da instituição educacional em que atua; − participar do processo de elaboração e de execução da proposta pedagógica, promovendo ações que contribuam para a im- plantação e para a implementação do currículo em vigor na rede pública de ensino do Distrito Federal; − orientar a comunidade escolar sobre o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente; 20 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL − elaborar e aplicar instrumentos de coleta de dados, sempre que necessário; − elaborar e aplicar instrumentos de coleta de dados com a direção, secretário escolar, merendeiras, agentes de portaria, vigilantes, agentes de conservação e limpeza, para percepção da dinâmica e do contexto escolar, sempre que necessário; − analisar e interpretar os dados coletados; − elaborar hipóteses diagnósticas da situação detectada, bem como discuti-las com os professores, com coordenadores e com a direção, considerando o contexto pedagógico da instituição educacional; − elaborar o plano de ação anual do Serviço de Orientação Educacional; − participar do processo de avaliação das ações realizadas pela instituição educacional. b) Ações junto ao corpo docente • Objetivo geral: integrar suas ações às do professor, como colaboração no processo de aprendizagem e no desenvolvimento do educando. Figura 3 – Professores Fonte: Disponível em: <http://centraldeinteligenciaacademica.blogspot.com. br/2016/03/a-importancia-do-orientador-educacional.html>. Acesso em: 15 jun. 2017. 21 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 • Procedimentos específi cos: − participar do planejamento, da execução e da avaliação das atividades pedagógicas coletivas; − realizar ações integradas com o corpo docente no desenvolvimento de projetos sobre saúde, educação sexual, prevenção ao uso indevido de drogas, meio ambiente, ética, cidadania, convivência saudável, cultura de paz e outros; de acordo com as prioridades elencadas pelo grupo e com a proposta pedagógica da instituição educacional; − participar das refl exões/discussões referentes à aplicação de normas disciplinares; − auxiliar na refl exão e na sensibilização do corpo escolar para a prática da educação inclusiva; − participar das coordenações coletivas semanais com o corpo docente; − participar do conselho de classe; − acompanhar ações do professor conselheiro de turma; − estimular a participação dos professores na identifi cação, no encaminhamento e no acompanhamento dos alunos com difi culdades de adaptação, de convívio social e/ou com difi culdades específi cas de aprendizagem; − contribuir com sugestões e informações nas reuniões pedagógicas com professores e com o conselho de classe, bem como nas reuniões extraordinárias; − incentivar o corpo docente, os pais/familiares e os alunos a participarem do conselho de classe; − refl etir e dialogar com o corpo docente sobre os resultados das avaliações, apresentando propostas de solução às disfunções detectadas; − participar de estudo de caso dos alunos em situação de difi culdade, quando necessário; − promover atividades que contribuam para a formação continuada dos professores, bem como refl exões sobre a prática pedagógica; − colaborar no encaminhamento de aluno que apresente difi culdades de aprendizagem e/ou problemas de ajustamento psicossocial para o acompanhamento especializado adequado no âmbito educacional e/ou da saúde, quando necessário; − proceder à devolutiva dos atendimentos/encaminhamentos dos alunos aos professores, à direção, à coordenação e aos familiares. c) Ações junto ao corpo discente • Objetivo geral: contribuir para o desenvolvimento integral do educando, ampliando suas possibilidades de interagir no meio escolar e social, como ser autônomo, crítico e participativo. 22 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Figura 4 – Alunos Fonte: Disponível em: <https://gestaoescolar.org.br/conteudo/1034/inclusao-o- papel-de-articulacao-do-orientador-educacional>. Acesso em: 15 jun. 2017. • Procedimentos específi cos: − apresentar aos alunos o Serviço de Orientação Educacional; − instrumentalizar o aluno para a organização efi ciente do trabalho escolar, tornando a aprendizagem mais efi caz; − acompanhar, individual ou coletivamente, os alunos, dinamizando temas que atendam às suas necessidades; − estimular a participação dos alunos nas atividades escolares e nos projetos da instituição educacional, contribuindo para desenvolver a capacidade de criticar, de opinar e de assumir responsabilidades. − acompanhar e orientar ações dos representantes de turma; − promover atividades que favoreçam ao aluno a refl exão-ação da importância de ter atitudes de cooperação, de sociabilidade, de respeito, de consideração, de responsabilidade, de tolerância e de respeito às diferenças individuais, com vistas à construção de uma convivência escolar social e pacífi ca; − proporcionar ao aluno a análise, a discussão, a vivência e o desenvolvimento de valores, atitudes e comportamentos fundamentados em princípios universais; − realizar ações preventivas contra a discriminação por motivos de convicções fi losófi cas, religiosas, ou qualquer forma de preconceito de classe econômica, social, étnico e sexual, enfatizando o respeito à diversidade cultural; − apoiar e subsidiar os segmentos escolares, como: conselho escolar, conselho de segurança escolar, grêmio estudantil e associação de pais e mestres, entre outros; 23 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 − utilizar instrumentos específi cos (fi chas e questionários) que permitam o registro dos atendimentos, dos acompanhamentos e dos encaminhamentos; − elaborar projetos que favoreçam a socialização, a disseminação de valores humanos e a aquisição de atitudes e de hábitos saudáveis; − promover ações que permitam o conhecimento do Estatuto da Criança e do Adolescente; − participar de reuniões do grêmio estudantil, do conselho escolar e do conselho de segurança escolar, sempre que necessário; − proporcionar ao aluno as informações e refl exões a respeito do mundo do trabalho; − proporcionar ao aluno a vivência em situações de aprendizagem que favoreçam a escolha da profi ssão de forma consciente. d) Ações junto à família • Objetivo geral: participar ativamente do processo de integração família/ escola/comunidade, realizando ações que favoreçam o envolvimento dos pais no processo educativo. Figura 5 – Família Fonte: Disponível em: <http://gestao2itag.blogspot.com. br/2013_04_01_archive.html>. Acesso em: 15 jun. 2017. • Procedimentos específi cos: − identifi car e trabalhar, junto à família, as causas que interferem no avanço do processo de ensino e de aprendizagem do aluno; − orientar a família sobre o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente; 24 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL − contribuir com a promoção de relações saudáveis entre a instituição educa- cional e a comunidade; − orientar os pais e/ou responsáveis para a compreensão da cultura escolar e para a importância dos hábitos de estudo na criança e no jovem; − promover momentos refl exivos (palestras/encontros/ofi cinas) que con- tribuam com a educação das crianças/adolescentes/jovens, na prevenção de confl itos escolares e outros temas que sejam necessários; − sondar possíveis infl uências,no ambiente familiar, que possam prejudi- car o desenvolvimento do aluno na instituição educacional, intervindo e/ ou encaminhando para a rede social de apoio interna/externa, sempre que necessário; − identifi car as expectativas dos pais e/ou dos responsáveis e as necessi- dades de informação dos/as alunos/as em relação à orientação sexual; − atender individualmente e/ou coletivamente pais e/ou responsáveis; − informar aos pais e aos familiares sobre os serviços de apoio social. e) Ações na área de estágio supervisionado em Orientação Educacional • Objetivo geral: proporcionar a vivência teórico-prática aos estudantes na área de Orientação Educacional. Figura 6 – Estágio em orientação educacional Fonte: Disponível em: <http://estagiogestaoufal2016.blogspot.com.br/2016/07/ atividade-1-estagio-supervisionado-i_68.html>. Acesso em: 17 de jul. 2017. • Procedimentos específi cos: − colaborar com a formação e o preparo do futuro profi ssional da área de Orientação Educacional; 25 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 − proporcionar ao estagiário a vivência de situações reais e o conhecimento das eventuais difi culdades que permeiam as atividades da Orientação Educacional; − levar o estagiário à refl exão de condutas éticas para atuar conforme as normas do código de ética da Orientação Educacional; − apresentar o trabalho do serviço de Orientação Educacional; − apresentar a orientação pedagógica do Serviço de Orientação Educacional da rede pública, bem como a proposta pedagógica da instituição educacional. Como se pode perceber, o trabalho do orientador educacional é de imensa responsabilidade, pois ele atua em várias frentes. Para desempenhar seu trabalho com excelência, como qualquer outro profi ssional, necessita estar preparado, buscando, para isso, formação específi ca que será tratada a seguir. O Orientador Educacional: Formação e Áreas de Atuação Antes de prosseguir, faz-se necessário conhecer as leis a respeito deste profi ssional desde o seu surgimento da orientação educacional, no Brasil. Conforme Garcia (1990, p. 10): Quadro 3 – Leis que dizem respeito ao orientador educacional Lei Orgânica do Ensino Industrial (1942): refere-se ao orientador educacional facilitando as escolhas profi ssionais, esclarecendo e aconselhando. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1961): refere-se à orien- tação educacional e vocacional como ajuda ao aluno em suas escolhas. Lei 5.564 (1968): embora amplie as atribuições do orientador educacional, con- fi rma a sua responsabilidade em relação à orientação vocacional. E quando o Decreto 72.846 (1973) especifi ca as responsabilidades do orientador educacio- nal, é dada grande ênfase à orientação vocacional, à sondagem de aptidões e interesses, ao papel do orientador educacional, articulando a escola e o mundo fora da escola (família, comunidade e o mundo do trabalho). Lei 5.692 (1971): defi ne o orientador educacional como responsável pela articu- lação escola-família-comunidade e pela preparação para o trabalho. Fonte: Garcia (1990, p. 10). 26 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Garcia (1990, p. 10) provoca uma refl exão sobre “[...] como e porque os orientadores educacionais, criados e formados para desempenhar um papel conservador, tornaram-se hoje agentes de transformações nas escolas”. Sabe-se que esta mudança foi acontecendo aos poucos, a partir dos congressos brasileiros que discutiram a orientação educacional no Brasil, especialmente em Fortaleza e em Brasília, ambos em 1984. Desde então, o cenário educacional passou a contar com este importante profi ssional, que prioriza o bem-estar dos alunos e lhes dá assistência, visando sua formação integral. Para Penteado (1976, p. 12): [...] orientar é auxiliar o aluno a proceder aos ajustamentos necessários, relativos à escola em particular e à vida extraescolar em geral, procurando promover mudanças de comportamento duradouras e prospectivas que permitam ao jovem enfrentar o futuro e as transformações com adequado preparo. O orientador, tomando como ponto de partida o estudante, visa à formação do homem. Partindo deste pressuposto, o orientador educacional precisa ter formação específi ca na área para que possa executar sua função com maior segurança, conhecendo o exercício de suas atribuições e seu Regimento, garantidos na forma da Lei. É sobre a formação do orientador educacional que se tratará a partir deste momento. Formação do Orientador Educacional O orientador educacional é um profi ssional da Educação, formado no curso de Pedagogia, em nível de graduação ou especialista na área em nível de pós- graduação. Cabe a ele realizar o exercício de suas atribuições, conforme o que dizem as leis e de acordo com sua formação e experiência docente. A partir de Grinspun (2008, p. 151-153) será tratado da estrutura e organização histórica e legal da formação de orientadores: • Decreto-lei n. 1.190, de 4 de abril de 1939: organizou a antiga Faculdade Nacional de Filosofi a, tornando obrigatório, juntamente com o diploma de licenciado em Pedagogia para o magistério em cursos normais, o bacharelado para o exercício dos cargos técnicos em educação; • Lei de Diretrizes e Bases n. 4.024, de 1961: instrui sobre a formação de orientadores educacionais classifi cados em dois tipos: os do Ensino Primário (art. 64) e os do Ensino Médio (art. 63) com formação em curso 27 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 especial a que tinham acesso os licenciados em Pedagogia, Filosofi a, Psicologia ou Ciências Sociais; • Parecer Conselho Federal de Educação n. 292, de 1969: estabeleceu estudos pedagógicos e superiores mínimos de currículo e duração para o Curso de Graduação em Pedagogia. Neste parecer foram previstas cinco habilitações: Orientação Educacional, Administração Escolar, Supervisão Escolar, Inspeção Escolar, Ensino das disciplinas e atividades práticas dos cursos normais; • Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996: a Orientação Educacional não aparece explicitamente, mas o artigo 64 diz que a formação de profi ssionais de educação para Orientação Educacional na educação básica será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação, garantindo dessa forma a base comum nacional. A partir disso, pode-se dizer que o orientador educacional é um profi ssional que procura assistir o orientando, considerando o seu ajustamento pessoal e social e relaciona-se com todos os envolvidos no processo educativo, como mediador. Dentro do Curso de Pedagogia serão abordados, a partir de Grinspun (2008, p. 153), os textos legais específi cos da área de Orientação Educacional, são eles: Quadro 4 – Textos legais para a OE Lei n. 5.564, de 21/12/1968 Provê sobre o exercício da profi ssão de orientador educacional; Lei n. 5.692, de 11/08/1971 Fixa diretrizes e bases para o ensi- no fundamental e médio e dá outras providências; Decreto-lei n. 72.846, de 26/09/1973 - que regulamenta a Lei 5.564, de 21/12/1968 Provê sobre o exercício da profi ssão de orientador educacional. Fonte: Grinspun (2008, p. 153). Ainda de acordo com Grinspun (2011, p. 158), “O profi ssional da Orientação Educacional é o único, no que diz respeito – em termos de especializações – que tem características de profi ssão regulamentada pela Lei n. 5.564/68”. A formação que possibilita atuar como orientadores educacionais é de importância fundamental, não apenas pelas exigências legais, mas pela necessidade e consciência de que é preciso estar preparado para executar com excelência este papel dentro da escola. De acordo com Grinspun (2008, p. 155): 28 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Enfatiza-se a premência que o Curso de Pedagogia forme licenciados cada vez mais sensíveis às solicitações da vida cotidiana e da sociedade, profi ssionais que possam conceber alternativas de execuçãopara atender às fi nalidades e organização da escola básica, dos sistemas de ensino, dos processos educativos não escolares, contribuindo para uma sociedade mais justa, equânime e igualitária. Além dos cursos de Pedagogia, esta também é a intenção dos cursos de pós-graduação, especialmente em relação à Orientação Educacional: formar profi ssionais cada vez mais sensíveis às necessidades da contemporaneidade. Áreas de Atuação do Orientador Educacional Como visto, os orientadores da atualidade necessitam atuar em várias frentes, objetivando o desenvolvimento integral dos sujeitos, tanto dentro, quanto fora da escola, na comunidade. Pianezzer (2013, p. 29) sintetiza, no quadro a seguir, algumas de suas atribuições: • planejar e coordenar a OE nas escolas; • assessorar os professores; • conhecer os alunos; • realizar a integração entre escola, família e comunidade; • participar da construção do currículo e dos processos de avaliação. • acompanhar e encaminhar, quando necessário, alunos a especialistas. Com base em Giacaglia e Penteado (2010, p. 66-67), serão abordados os artigos 8º e 9º do Decreto n. 72.846, de 26/09/1973, que demonstram mais detalhadamente, no âmbito federal, as atribuições do orientador educacional: a) São atribuições privativas do orientador educacional (artigo 8º) • planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional dos órgãos do serviço público federal, estadual, municipal e autárquico; das sociedades de economia mista, empresas estatais, paraestatais e privadas; • coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-o ao processo educacional global; 29 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 • coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades do educando; • coordenar o processo de informação educacional e profi ssional com vistas à orientação vocacional; • sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao conhecimento global do educando; • sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial; • coordenar o acompanhamento pós-escolar; • ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional, satisfeitas as exigências da legislação específi ca do ensino; • supervisionar estágios na área da Orientação Educacional; • emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional. b) Compete, ainda, ao orientador educacional as seguintes atribuições (artigo 9º) • participar no processo de identifi cação das características básicas da comunidade; • participar no processo de caracterização da clientela escolar; • participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola; • participar na composição, caracterização e acompanhamento de turmas e grupos; • participar no processo de avaliação e recuperação dos alunos; • participar no processo de encaminhamento dos alunos estagiários; • participar no processo de integração escola-família-comunidade; • realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional. 30 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Com base nestas funções, o orientador, segundo Grinspun (1994, p. 81), terá possibilidade de: • refl etir e analisar o espaço da Orientação segundo uma visão abrangente e contínua oferecida pela história do pensamento; • perceber que a dialética social impõe ao orientador uma visão mais crítica e um posicionamento mais preciso de suas funções frente à própria sociedade e caminhar em direção a ela; • utilizar-se de uma metodologia fi losófi ca para interpretar as características do orientando, os valores de sua época e sua própria natureza; • valer-se de uma postura fi losófi ca, podendo-se, dessa forma, construir o suporte teórico necessário ao desempenho de suas funções. Depois de conhecer em detalhes as suas atribuições (que não são poucas), o orientador educacional poderá iniciar seu trabalho, traçando metas/objetivos e planejando criteriosamente cada passo de sua caminhada, tendo o cuidado de não assumir mais funções dentro da escola. Figura 7 – Planejando a caminhada Fonte: Disponível em: <https://www.sewardpublicschools.org/vnews/display.v/ SEC/Our%20District%7CDirections>. Acesso em: 15 jun. 2017. Por não saber negar um pedido, ou não querer se indispor com os colegas, preferindo atender todas as solicitações da equipe, o orientador educacional pode sofrer uma sobrecarga de tarefas e ver-se perdido, sem rumo ou direção. É preciso manter o foco, como alertam Giacaglia e Penteado (2010, p. 67): 31 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 Tão e às vezes mais importante que saber quais são as atribuições do Or. E. é conhecer quais atribuições não são da alçada dele, isto porque ele poderá vir a ser solicitado a executar funções ou tarefas não só que não lhe competem, como também lhe são vedadas por lei. Dado o caráter assistencial de sua atuação profi ssional, o Or. E. pode ser solicitado e/ou sentir-se no dever de prestar alguns tipos de atendimento que são próprios de outros profi ssionais. Após conhecer todas as possibilidades de trabalho e as áreas de atuação do orientador educacional, a partir deste momento será compreendida a importância deste profi ssional dentro da escola. Por Que e Para Que ter um Orientador Educacional na Escola? Certamente, há quem questione a importância dos orientadores educacionais na escola. Esse fator se deve, muitas vezes, à falta de conhecimento de suas funções e atribuições junto à comunidade escolar. De acordo com Pianezzer (2013, p. 36): No momento histórico em que a função social da escola passou a ser discutida de maneira a enxergar o aluno como um sujeito integral e em pleno desenvolvimento, não focando apenas em instrução/preparação para o mercado de trabalho, a Orientação Educacional sofreu transformações relevantes e o orientador educacional tornou-se presença indispensável na escola. O que acontece, em alguns casos, é que por falta de interação, parceria e divulgação de seu trabalho junto aos alunos e à comunidade escolar, a presença do orientador educacional passa despercebida na escola ou até mesmo confundida com os demais profi ssionais que fazem a gestão pedagógica. A Orientação Educacional precisa ser atuante na formação dos sujeitos e na transformação do ambiente institucional, refl etindo diretamente na comunidade escolar. Para Grinspun (2011, p. 176), a orientação educacional “[...] vai permitir avançar - junto com os professores - num conteúdo que possibilite ir além dos conhecimentos programados no currículo da escola, atingindo um currículo que esteja comprometido com a construção do sujeito/aluno na formação de sua cidadania”. 32 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL A grande missão da Orientação Educacional, atualmente, é diferente do que se esperava no passado, pois seu principal objetivo era “ajustar” os alunos que, de alguma maneira, não se enquadravam ao que se esperava deles, pois não aprendiam ou não sabiam se comportar adequadamente. Estes alunos, considerados “problemáticos”, eram encaminhados ao orientador educacional para que ele “desse um jeito”, utilizando-se de métodos ou estratégias didático-pedagógicas ou disciplinares, para resolver a situação. Com o passar do tempo, este profi ssional foi ganhando espaço pedagógico, objetivando melhorias no processo educativo. Passou a envolver-se com toda a comunidade escolar (alunos, pais, gestores e professores), não apenas com os alunos considerados “problemáticos”, o que fez dele um conhecedor dos diferentes contextos sociais e culturais, capaz de transformar realidades. [...] a ação organizacional não depende apenas do desejo daqueles que a administram. Ela depende, em grande parte, do empenho daqueles que vão pôr em prática as decisões, da vontade destes em transformá-la em sucesso. (VASCONCELLOS,1996, p. 231). Figura 8 – Transformando realidades Fonte: Disponível em: <https://gestaoescolar.org.br/conteudo/233/o- papel-do-orientador-educacional>. Acesso em: 15 jun. 2017. O orientador educacional contemporâneo deve ser “[...] um profi ssional competente, interferente, participativo, comprometido, refl exivo, situado historicamente”. (URBANETZ; SILVA, 2008, p. 73). Grinspun (2008, p. 148) apresenta o que ela chama de “doze razões e argumentações para a existência desses profi ssionais na escola”, conforme o quadro sintetizado a partir disso: 33 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 Quadro 5 – As doze razões 1) A complexidade da vida moderna trouxe para a escola uma complexidade específi ca além de sua própria fi nalidade. 2) A problemática dos confl itos sociais e dos dilemas na escola, às vezes, fun- ciona como único lugar para resolvê-los ou atenuá-los. 3) Os novos conhecimentos e os meios para aquisição desses conhecimentos e saberes dispostos na sociedade. 4) A necessidade de se fazer a formação voltada para um sujeito social, e não apenas dotar um indivíduo de uma formação escolar. 5) A educação tem princípios e valores na sua própria dimensão teleológica e, portanto, precisa ser percebida não como um rol de disciplinas e programas, mas como uma instituição que tem uma fi losofi a própria e específi ca. 6) A dimensão da escola com uma dinâmica própria que precisa ser conhecida, compartilhada e entendida em termos de sua cultura escolar. 7) A questão dos currículos em que dois dados são signifi cativos: a interdiscipli- naridade e a contextualização. 8) O projeto político-pedagógico da escola. 9) As relações pedagógicas que ocorrem no interior da escola e nas suas impli- cações com os outros fatores da sociedade. 10) A construção do conhecimento aliada à construção de valores e atitudes. 11) A discussão dos dados colocados na sociedade, em especial a questão do trabalho. 12) A dimensão da subjetividade, fazendo com que o indivíduo tenha condições de receber e vivenciar, além de aspectos cognitivos, os aspectos afetivos/emo- cionais necessários à sua formação como pessoa. Fonte: Grinspun (2008, p. 148). Ter um orientador educacional na escola é um privilégio, pois suas áreas de atuação refl etem diretamente na qualidade do trabalho que é desenvolvido na instituição. Ele funciona como mediador nos processos educacionais e preocupa- se com todos os sujeitos que atuam na escola (principalmente com os alunos), lançando sobre eles seu olhar pedagógico na busca pela excelência. [...] A orientação faz um trabalho de interdisciplinaridade entre fatos/situações, ações/razões e emoções que levem o indivíduo a agir de determinada maneira, ou mesmo a instituição a agir de determinada forma. (GRINSPUN, 2008, p. 76) 34 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Quer saber mais? Leia o livro “Supervisão e Orientação Educacional: perspectivas de integração na escola”, organizado por Mírian Paura S. Zippin Grinspun. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2008. Neste livro, você encontrará interessantes sugestões de ações e intervenções pedagógicas. Vale a pena conhecer! O trabalho do orientador educacional envolve responsabilidade coletiva, empatia, solidariedade, respeito às diferenças e postura ética. PrincÍPios Éticos do Orientador Educacional Princípios éticos não se separam do sujeito, ou seja, aquilo que o orientador educacional é enquanto pessoa e enquanto profi ssional faz dele um espelho, um modelo para todos que o cercam. Diante desta constatação, reforça-se a importância de o orientador educacional manter uma postura exemplar, já que este profi ssional acaba se aproximando demais dos alunos, pais e comunidade escolar. O orientador valoriza a dinâmica das relações e nesse sentido estão presentes confl itos, tensões, divergências; estão presentes os saberes e as emoções; estão presentes as diferenças, as igualdades, os limites e as possibilidades. [...] o trabalho do orientador nesta perspectiva é de mediador, dinamizador. (GRINSPUN, 2008, p. 79). Diante disso, será abordado o Código de Ética dos Orientadores Educacionais, publicado no Diário Ofi cial de 5 de março de 1979, pois todo orientador educacional precisa conhecê-lo para poder vivenciá-lo na prática. 35 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 CÓDIGO DE ÉTICA DOS ORIENTADORES DO BRASIL De acordo com a Federação Nacional dos Orientadores Educacionais (1979), o presente Código de Ética tem por objetivo estabelecer normas de conduta profi ssional para os orientadores educacionais. Somente pode intitular-se orientador educacional e, nesta qualidade, exercer a profi ssão no Brasil, a pessoa legalmente habilitada, nos termos da legislação em vigor. TÍTULO I DAS RESPONSABILIDADES GERAIS CAPÍTULO I DEVERES FUNDAMENTAIS Artigo 1º São deveres fundamentais do orientador educacional: a) Exercer suas funções com elevado padrão de competência, senso de responsabilidade, zelo, discrição e honestidade; b) Atualizar constantemente seus conhecimentos; c) Colocar-se a serviço do bem comum da sociedade, sem permitir que prevaleça qualquer interesse particular ou de classe; d) Ter uma fi losofi a de vida que permita, pelo amor à verdade e respeito à justiça, transmitir segurança e fi rmeza a todos aqueles com quem se relaciona profi ssionalmente; e) Respeitar os códigos sociais e expectativas morais da comunidade em que trabalha; f) Assumir somente a responsabilidade de tarefas para as quais esteja capacitado, recorrendo a outros especialistas sempre que necessário; g) Lutar pela expansão da Orientação Educacional e defender a profi ssão; h) Respeitar a dignidade e os direitos fundamentais da pessoa humana; i) Prestar serviços profi ssionais desinteressadamente em campanhas educativas e situações de emergência, dentro de suas possibilidades. CAPÍTULO II IMPEDIMENTOS Artigo 2º Ao orientador educacional é vedado: 36 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL a) encaminhar o orientando a outros profi ssionais, visando a fi ns lucrativos; b) aceitar remuneração incompatível com a dignidade da profi ssão; c) atender casos em que esteja emocionalmente envolvido, por certos fatores pessoais ou relações íntimas; d) dar aconselhamento individual através da imprensa falada e/ou escrita; e) desviar, para atendimento particular próprio, os casos da instituição onde trabalha; f) favorecer, de qualquer forma, pessoa que exerça ilegalmente e, em desacordo a este Código de Ética, a profi ssão de orientador educacional. CAPÍTULO III DO SIGILO PROFISSIONAL Artigo 3º Guardar sigilo de tudo que tem conhecimento, como decorrência de sua atividade profi ssional, que possa prejudicar o orientando. § Único Será admissível a quebra do sigilo quando se tratar de caso que constitua perigo iminente: a) para o orientando; b) para terceiros. Artigo 4º Assegurar que qualquer informação sobre o orientando só seja comunicada à pessoa que a utilize para fi ns profi ssionais, com a autorização escrita por parte do mesmo, se maior, ou dos pais, se menor. TÍTULO II DAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS CAPÍTULO I COM O ORIENTANDO Artigo 5º Esclarecer ao orientando os objetivos da Orientação Educacional, garantindo-lhe o direito de aceitar ou não sua assistência profi ssional. Artigo 6º Proteger a identidade do orientando, assegurando o sigilo dos dados que lhe dizem respeito. 37 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 Artigo 7º Promover assistência contínua, sem interrupção, exceto por motivos relevantes. Artigo 8º Usar quando necessário, e com a devida cautela, instrumentos de medidas-teste de nível mental, de interesse, de aptidão e escalas de atitudes como técnicas pertinentes ao trabalho do orientador educacional. CAPÍTULO II COM OS ORIENTADORES EDUCACIONAIS Artigo 9º Abster-se de interferir junto ao orientando, cujo processode orientação educacional esteja a cargo de um colega, salvo quando solicitado. Artigo 10º Dispensar a seus colegas apreço, consideração e solidariedade, que refl itam a harmonia da classe. § Único O espírito de solidariedade não pode induzir o orientador a ser conivente com conduta profi ssional inadequada do colega. CAPÍTULO III COM OUTROS PROFISSIONAIS Artigo 11º Desenvolver bom relacionamento com os componentes de outras categorias profi ssionais. Artigo 12º Reconhecer os casos pertinentes aos demais campos de especialização, encaminhando-os aos profi ssionais competentes. CAPÍTULO IV COM A INSTITUIÇÃO EMPREGADORA Artigo 13º Respeitar as posições fi losófi cas, políticas e religiosas da instituição em que trabalha, tendo em vista o princípio constitucional de autodeterminação. Artigo 14º Realizar seu trabalho em conformidade com as normas propostas pela instituição e conhecidas no ato de admissão, procurando o crescimento e a integração de todos. 38 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL CAPÍTULO V COM A COMUNIDADE Artigo 15º Facilitar o bom relacionamento Instituição X comunidade. Artigo 16º Respeitar os direitos da família na educação do orientando. Artigo 17º Empenhar-se por uma crescente aproximação entre a família e a instituição. CAPÍTULO VI COM A ENTIDADE DE CLASSE Artigo 18º Procurar fi liar-se à entidade de classe. Artigo 19º Colaborar com órgãos representativos de sua classe, zelando pelos seus dirigentes e jamais se escusando de prestar-lhes colaboração, salvo por justa causa. Artigo 20º Comunicar à entidade de classe competente os casos de exercício ilegal da profi ssão ou de conduta profi ssional em desacordo com este Código. TÍTULO III DO TRABALHO CIENTÍFICO CAPÍTULO I DA DIVULGAÇÃO Artigo 21º Divulgar resultados de investigações e experiências, quando isso importar em benefício do desenvolvimento educacional. Artigo 22º Observar, nas divulgações dos trabalhos científi cos, as seguintes normas: a) omitir a identifi cação do orientando; b) seguir as normas estabelecidas pelas instituições que regulam as publicações científi cas. 39 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 TÍTULO IV DAS DISPOSIÇÕES GERAIS CAPÍTULO I DA DIVULGAÇÃO E CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DE ÉTICA Artigo 23º Divulgar este Código de Ética é obrigação das entidades de classe. Artigo 24º Transmitir os preceitos deste Código de Ética aos estudantes de Orientação Educacional é dever das instituições responsáveis pela sua formação. Artigo 25º Fazer cumprir, fi scalizar, prever e aplicar as penalidades aos infratores deste Código de Ética é competência exclusiva dos Conselhos Federal e Regionais de Orientação Educacional. Artigo 26º Este Código de Ética entrará em vigor após a sua publicação no Diário Ofi cial da União. Fonte: FEDERAÇÃO NACIONAL DOS ORIENTADORES EDUCACIONAIS. ATA n. 88. In: Livro de Atas, folhas 59-62, 1978. v. 2. Publicado no Diário Ofi cial [República Federativa do Brasil], em 5 de março de 1979. Atividades de Estudos: 1) Depois de estudar a respeito das atribuições do orientador educacional, apresente e comente pelo menos cinco delas no exercício de sua função: _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 2) Faça um breve esquema diferenciando os objetivos da Orientação Educacional quando ela surgiu no Brasil e como se confi gura atualmente. _______________________________________________________ _______________________________________________________ ______________________________________________________ _______________________________________________________ 40 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 3) O orientador educacional necessita atualizar-se constantemente, manter um olhar compreensivo e sensível diante de cada nova situação ou problema e, além de tudo isso, manter-se numa postura ética. O que signifi ca isso? Escreva o que você entendeu: __________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ AlGumas ConsideraçÕes Neste primeiro capítulo, estudamos um pouco da história da Orientação Educacional e vimos como foi evoluindo, especialmente com o marco da Revolução Industrial, quando a escola deixou de ser um espaço ocupado prioritariamente pela elite e passou a atender a outras camadas da população consideradas menos favorecidas, mas que a partir daquele momento e de acordo com os interesses da sociedade, passaria a receber instrução. Neste novo contexto da história, coube então à OE a responsabilidade de “orientar/treinar” as crianças para o trabalho, voltada à orientação profi ssional/ vocacional (no fi nal do século XIX, primeiramente nos EUA e na França, espalhando-se posteriormente para outros países, inclusive no Brasil), quando seu principal objetivo era encontrar e/ou preparar as pessoas certas para ocuparem os lugares certos. Com o passar do tempo, os alunos deixaram de ser vistos apenas como mão de obra futura, para serem vistos como seres em pleno desenvolvimento e em busca de felicidade. Além disso, compreendemos a importância da qualifi cação deste profi ssional da Educação, formado no curso de Pedagogia, em nível de graduação ou especialista na área, em nível de pós-graduação. Percebemos que a Orientação Educacional sofreu transformações relevantes e o orientador educacional tornou-se presença indispensável na escola. Saber o que pensam seus alunos; assessorar os professores; compreender a expectativa dos pais em relação aos fi lhos e à escola; estar disposto a transformar realidades, respeitando os contextos sociais e culturais da comunidade, passaram a ser os novos desafi os do orientador educacional a partir de então. 41 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA HISTÓRICA Capítulo 1 E, por fi m, destacamos o papel dos princípios éticos do orientador educacional, pois ele acaba se aproximando e se expondo demais diante dos alunos, dos pais e da comunidade escolar, tornando-se um “modelo” de pessoa, tanto dentro da escola, quanto fora dela. Esperamos que tenha gostado de trilhar seu caminho conosco até aqui, pois ainda temos muito a aprender. Continue fi rme em seus estudos. Muito obrigada e até o segundo capítulo! ReFerÊncias ANDRADE, L. Atribuições do Orientador Educacional na Rede Pública de Ensino do Distrito Federal. Orientação Educacional em Ação. SEEDF, dez. 2010. Dis- ponível em: <http://orientacaoeducacionalemacao.blogspot.com.br/p/atribuicoes- do-oe-no-distrito-federal.html>. Acesso em: 24 jun. 2017. FEDERAÇÃO NACIONAL DOS ORIENTADORES EDUCACIONAIS. Ata n. 88. In: Livro de Atas, folhas 59-62, 1978. v. 2. Publicado no Diário Ofi cial [República Federativa do Brasil], 5 mar. 1979. GARCIA, R. L. (Org.) Orientação educacional: o trabalho na escola. São Paulo: Loyola, 1990. GIACAGLIA, L. R. A.; PENTEADO, W. M. A. Orientação educacional na prática: princípios, histórico, legislação, técnicas e instrumentos. 6. ed. São Paulo: Cen- gage Learning, 2010. GRINSPUN, M. P. S. Z. A prática do orientador educacional. São Paulo: Cortez, 1994. ____. (Org.). Supervisão e orientação educacional: perspectivas de integração na escola. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2008. ____. A orientação educacional: confl ito de paradigmas e alternativas para a escola. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2011. MOREIRA, A. F; SILVA, T. T. (Orgs.) Cultura popular e pedagogia crítica: a vida cotidiana com base para o conhecimento curricular. In: Currículo e programas no Brasil. São Paulo: Papirus, 1996. 42 ORIENTAÇÃO EDUCACIONALNÉRICI, I. G. Introdução à supervisão educacional. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1986. PENTEADO, W. M. A. Fundamentos de orientação educacional. São Paulo: EPU, 1976. PIANEZZER, L. C. M. Orientação educacional. Indaial: Uniasselvi, 2013. URBANETZ, S. T.; SILVA, S. Z. Orientação e supervisão escolar: caminhos e perspectivas. Curitiba: Ibpex, 2008. VASCONCELLOS, J. G. M. O coronelismo nas organizações: a gênese da gerência autoritária brasileira. In: Recursos Humanos e Subjetividade. Petrópolis: Vozes, 1996. VYGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003. CAPÍTULO 2 A Formação do Orientador: Gestor no Contexto da Atualidade A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Reconhecer as características necessárias a um orientador educacional da atualidade. Estabelecer relação entre a teoria e a prática nas áreas de atuação do orientador. Perceber a preocupação com o processo ensino-aprendizagem, envolvendo alunos e professores. Conhecer o Serviço de Orientação Educacional (SOE) e sua aplicabilidade. Aprender estratégias e técnicas de intervenção para auxiliar alunos e professores a atingirem seus objetivos. 44 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 45 A FORMAÇÃO DO ORIENTADOR: GESTOR NO CONTEXTO DA ATUALIDADE Capítulo 2 ContextualiZação No capítulo anterior, realizamos uma viagem no tempo para compreender o surgimento e os objetivos da Orientação Educacional até chegar ao que é hoje. Fizemos a mesma caminhada histórica em relação às atribuições do orientador que, ao longo do tempo, teve sua função aprimorada, ou seja, passou a ter uma dimensão mais ampla de seu papel dentro da escola, focando no desenvolvimento integral dos sujeitos. Neste capítulo, o orientador educacional será nosso foco de atenção, pois conheceremos as características necessárias a este gestor no contexto da atualidade. Além disso, compreenderemos sua preocupação com o processo de ensino- aprendizagem; suas estratégias de liderança e de acompanhamento a alunos e professores e os desafi os que ele terá de enfrentar na escola contemporânea, como indisciplina, drogas, bullying, entre outros. Ao fi nal do capítulo, tomaremos conhecimento a respeito do Serviço de Orientação Educacional (SOE), compreendendo sua funcionalidade dentro da escola. Bons estudos! CaracterÍsticas de um Orientador Educacional ContemPorÂneo O orientador educacional contemporâneo necessita ser um profi ssional especial, pois deve trabalhar pelo bem-estar dos alunos. Partindo desse pressuposto, deve oferecer-lhes suporte e assistência nos diferentes aspectos de sua vida, dentro e fora da escola, pois fatores psicológicos, problemas emocionais ou biológicos certamente causarão interferência em sua aprendizagem. Vale lembrar que nem tudo estará ao alcance deste profi ssional, mas perceber a necessidade e fazer os devidos encaminhamentos também faz parte de suas atribuições. 46 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Figura 9 – O que o orientador educacional precisa Fonte: Pianezzer (2013, p. 20). Atividade de Estudos: 1) Ser líder exemplar, o que signifi ca isso para você? _______________________________________________________ _______________________________________________________ ______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ Giacaglia e Penteado (2010, p. 61) buscam auxiliar na compreensão do conceito de liderança, pois elas afi rmam que há basicamente três tipos: a) a autoritária, em que o líder se impõe e é acatado pelo medo que desperta nos seus liderados; b) a do tipo laissez-faire, em que o líder se caracteriza por ser omisso, pouco engajado, fugindo de situações difíceis e que, portanto, não se impõe, é ignorado pelos alunos e por toda a comunidade, mantendo-se pela titulação e pela força de seu cargo; • Gostar de lidar com todo tipo de gente, com as diferentes idade e ser desprovido de qualquer preconceito. • Servir à comunidade escolar, auxiliando todos os alunos, não apenas os que apresentarem difi culdades de aprendizagem. • Saber ouvir, compreender, aceitar, aconselhar e, especialmente, respeitar as pessoas que fazem parte de seu contexto educacional. • Exercer uma liderança democrática, cooperativa e participativa. • Estabelecer parceria com os pais e com a comunidade, dentro e fora da escola. • Ser líder exemplar e conquistar o respeito de seus orientados, sem ser autoritário. 47 A FORMAÇÃO DO ORIENTADOR: GESTOR NO CONTEXTO DA ATUALIDADE Capítulo 2 c) e a liderança democrática, em que o líder consegue: – a adesão voluntária das pessoas com quem tem de interagir; – a confi ança e a colaboração delas, graças à sua personalidade, à qualidade de seu trabalho e ao tipo de liderança consensual que consegue estabelecer na comunidade, tanto dentro como fora da escola, em relação a todos, ou a maior parte de seus membros. A liderança recomendável para o orientador educacional da atualidade é a do tipo democrática. Para ser líder democrático, precisa-se possibilitar que todos “tenham direito a vez e voz; sintam-se parte integrante do processo educativo; possam ajudar a gerir a instituição escolar e contribuam na tomada de decisões e na defi nição de estratégias” (PIANEZZER, 2013, p. 22). Se a questão da Gestão Democrática lhe desperta grande interesse, não se preocupe! Falaremos mais sobre esta postura no terceiro capítulo deste caderno de estudos, aguarde! Além de ser um líder democrático, o orientador educacional da atualidade precisa apresentar as seguintes características: • ser consciente de seu papel, mantendo postura ética e profi ssional; • gostar de ajudar, pois precisará atuar com alunos, pais, professores e comu- nidade em geral; • não ter medo de novos desafi os, pois é preciso enfrentá-los com segurança; • ser imparcial e justo na tomada de decisões (ninguém gosta de se sentir injustiçado); • estar atento às novidades tecnológicas e às atualidades da vida, para man- ter-se informado e levar o que acontece no mundo para dentro da escola, tornando-a mais interessante; • ser agente de mudança (sentindo-se responsável pela busca do bem-estar de todos), com otimismo e criatividade; 48 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL • colaborar para o bom clima institucional, possibilitando que a escola seja um lugar de gente alegre e solidária, em que a confi ança e a união prevaleçam; • ser pesquisador de comportamentos, estudioso da legislação e um profi s- sional que busca atualização constante a fi m de sentir-se preparado para os desafi os da profi ssão. Além destas características, Grinspun (1994, p. 81) apresenta mais algumas: • refl etir e analisar o espaço da orientação segundo uma visão abrangente e contínua oferecida pela história do pensamento; • perceber que a dialética social impõe ao orientador uma visão mais crítica e um posicionamento mais preciso de suas funções frente à própria sociedade e caminhar em direção a ela; • utilizar-se de uma metodologia fi losófi ca para interpretar as características do orientando, os valores de sua época e sua própria natureza; • valer-se de uma postura fi losófi ca, podendo-se, dessa forma, construir o suporte teórico necessário ao desempenho de suas funções. Folberg (1984, p. 21) afi rma que: Para o desempenho responsável de seu papel como profi ssional, é necessário, além do comprometimento pessoal, conhecer as atividades inerentes à sua função, a legislação em que se apoia, seus direitos e deveres. Quando não há este conhecimento, podem ocorrer confl itos de papéis, levando a um sentimento de menos valia profi ssional e pessoal. Como já visto no capítulo anterior, são muitas as áreas de atuação do orientador educacional,não obstante, ele ainda é solicitado para a realização de outras tarefas (que não lhe competem), gerando um excesso de funções e, consequentemente, a falta de tempo para os assuntos que de fato sejam de sua competência e responsabilidade. 49 A FORMAÇÃO DO ORIENTADOR: GESTOR NO CONTEXTO DA ATUALIDADE Capítulo 2 Figura 10 – Excesso de funções Fonte: Disponível em: <http://sinpra.blogspot.com.br/>. Acesso em: 16 jun. 2017. Ressalta-se que o orientador educacional pode auxiliar nas demandas da escola na medida do possível e mediante as necessidades da instituição naquele dado momento, mas que esta não seja a regra, pois ele não deve servir de “bombeiro – apagando incêndios”; nem ser o “quebrador de galhos” e, muito menos, o “faz tudo”. Ele tem formação específi ca e, como tal, precisa ter sua identifi cação profi ssional respeitada. O orientador educacional deve ser o agente de informação qualifi cado para a ação nas relações interpessoais dentro da escola, adotando a prática da refl exão permanente com professores, alunos e pais a fi m de que eles encontrem estratégias para o manejo de problemas recorrentes. Esse profi ssional não deve assumir posturas isoladas, pois a excelência de seu papel é a mediação qualifi cada (CONCEIÇÃO, 2011, p. 49). A partir do que já foi visto até o momento, o papel do orientador educacional vem sendo delineado, compreendido e valorizado, pois “[...] há necessidade, hoje, de se ter na escola um profi ssional que além de ensinar ou ensinar a aprender a aprender, ajude o aluno a fazer as novas leituras que o mundo está a exigir de forma crítica, investigativa e refl exiva” (GRINSPUN, 2008, p. 86, grifos no original). Com base em Grinspun (2008, p. 86-95), a seguir, uma lista de ações que representam as diferentes atribuições do orientador educacional: • formar alunos mais críticos e cidadãos; • valorizar emoções, valores, afetos e sentimentos; 50 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL • auxiliar o trabalho efetivo de uma educação de qualidade; • ajudar os agentes da escola a compreenderem e buscarem sua verdadeira missão, mesmo num mundo repleto de contradições e desafi os; • atuar com os demais professores da escola; • participar de projetos coletivos em prol de uma educação transformadora; • argumentar, discutir e refl etir sobre as problemáticas existentes; • tornar o aluno mais crítico e consciente na sociedade, evidenciando os con- ceitos de parceria, coletividade, solidariedade, num país que se almeja ser mais justo, mais humano e mais solidário; • voltar seu trabalho para a formação do cidadão; • contribuir para um novo momento da escola, das instituições, agindo coleti- vamente em prol de uma transformação desejada; • buscar uma visão mais completa da realidade e do sujeito, caminhando junto aos que buscam educação de melhor qualidade e, se possível, numa dimensão mais ampla de um mundo melhor; • estabelecer papel integrador, mediador e, principalmente, de interdisciplin- aridade entre o saber e o fazer, entre o ter e o ser, entre o querer e o poder; • articular e mediar a prática educativa; • construir projetos dentro do projeto político-pedagógico da escola; • superar difi culdades e construir espaços participativos; • discutir temas polêmicos com os alunos, como: drogas, violência, aids, éti- ca, sexualidade, entre outros; • ser pesquisador da realidade; • desenvolver trabalhos/atividades a partir da realidade, tentando trans- formá-la; • ajudar, propor, provocar, instigar; • apoiar iniciativas de mudança, confi ar no grupo e pesquisar a própria prática; • criar espaços para ouvir e entender os anseios dos alunos; • estabelecer bons relacionamentos na escola, discutir a questão de vínculos e promover a refl exão com e dos alunos; 51 A FORMAÇÃO DO ORIENTADOR: GESTOR NO CONTEXTO DA ATUALIDADE Capítulo 2 • organizar reuniões que podem ser momentos de: partilha, dúvidas ou angústias; troca de experiências; descobertas; sistematização da própria prática; estudos e pesquisa; discussão de temas da atualidade; revisão de normas/critérios; organização de eventos; participação de fóruns internos e externos; discussão de temáticas da escola; organização de atividades complementares ao projeto pedagógico, criação de alternativas para vencer obstáculos/difi culdades etc. Depois de se conhecer as características do orientador educacional, chegou o momento de se saber como ele atua, mediante o processo de ensino- aprendizagem, junto aos alunos e professores. O Orientador Educacional e o Processo de Ensino-APrendiZaGem Conforme a trajetória histórica do orientador, deixou de se preocupar, basicamente, com o ajustamento do aluno à escola e à sociedade para focar na transformação do sujeito e da sociedade, pelo viés do conhecimento, numa postura mais dialógica, democrática e pedagógica. De acordo com Grinspun (2008, p. 70): “A Orientação Educacional é parte de um todo, faz parte da escola que com ela interage permanentemente, assim como com a própria sociedade”. Figura 11 – Orientação educacional e a inter-relação com a sociedade Fonte: A autora. 52 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL A sociedade e a escola interagem coletivamente, em prol da educação integral das crianças – futuros cidadãos –, que devolverão à sociedade tudo o que aprenderam na escola, com a mediação do orientador educacional numa inter- relação proativa, cooperativa e participativa. Para sua melhor compreensão, Grinspun (2008, p. 77) apresenta um quadro explicativo a partir da fi gura anterior, em que “[...] as partes interferem no todo e o todo se dilui nas partes”: Quadro 6 – As partes do todo SOCIEDADE EDUCAÇÃO ESCOLA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Social Política Organização civil Papéis Política Legislação Tipo de escola Mediação (escola/sociedade) Cultural Valores Relações de poder Articulação (professores/ alunos/Direção) Econômica Teorias Gestão da escola Integração (particular/geral/ particular) Histórica Dados estatísticos Relações pedagógicas Ações Questões locais Planejamento Difi culdades/confl itos Aluno Questões mundiais Educação formal Aspectos técnicos administrativos Conhecimento de si e de sua realidade Tecnologia Educação informal Currículo escolar Construção da subjetividade. Educação Profi ssional Projeto político- pedagógico Fonte: Grinspun (2008, p. 77). Analisando o quadro anterior, pode-se concluir que “o orientador educacional é o responsável pela articulação do trabalho pedagógico desenvolvido na escola em prol dos alunos e de uma educação de qualidade que refl etirá em mudança/ transformação da sociedade” (PIANEZZER, 2013, p. 87). A escola atual enfrenta grandes desafi os; a família delega à escola cada vez mais responsabilidades; a sociedade espera que ela devolva sujeitos críticos, autônomos e instruídos, e o orientador educacional precisa entrar em ação para que tudo isso aconteça. 53 A FORMAÇÃO DO ORIENTADOR: GESTOR NO CONTEXTO DA ATUALIDADE Capítulo 2 A Orientação Educacional desenvolvida na escola interfere, então, no seu projeto, enquanto dele participa sendo seu principal papel o da mediação, que deve ser percebido como a articulação/explicitação, o desvelamento necessário entre o real e o desejado, entre o contexto e a cultura escolar, entre o concreto e o simbólico, entre a realidade e as representações sociais que fazem os protagonistas da prática escolar (GRINSPUN, 2008, p. 70-71). Não é fácil orientar crianças e adolescentes em um mundo altamente tecnológico, complexo e adverso, mas é preciso comprometer-se com a formação integral do sujeito, conhecendo suas angústias e necessidades. Hoje a Orientação Educacional – como já nos referimos – tem o papel de mediação na escola para analisar, discutir, refl etir com e para todos que atuam na escola – em especial os alunos, não com um tom preventivo, corretivo, mas com um olhar pedagógico. Mais importante do que resolver
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