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Prévia do material em texto

ORIENTAÇÃO 
EDUCACIONAL
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol
 Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
 Cristiane Lisandra Danna
 Norberto Siegel
 Camila Roczanski
 Julia dos Santos
 Ariana Monique Dalri
 Bárbara Pricila Franz
 Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Graciele Alice Carvalho Adriano
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2018
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
P581o
 Pianezzer, Lúcia Cristiane Moratelli
 Orientação educacional. / Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer –
 Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 151 p.; il.
 ISBN 978-85-53158-13-3
1.Orientação educacional. II. Centro Universitário Leonardo 
Da Vinci.
CDD 371.42
Impresso por:
Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer
Pedagoga com habilitação em Educação 
Infantil e Séries Iniciais, com especialização na 
mesma área. Professora com 25 anos de experiência na 
Educação Básica. Desenvolve Formações Continuadas 
para Educadores Infantis, Anos Iniciais e Finais, bem 
como para Gestores Educacionais. Atualmente, atua 
como Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil 
e do Ensino Fundamental I, no Colégio Metropolitano 
de Indaial, ministra uma disciplina no Curso de Gestão 
e Coordenação Pedagógica de pós-graduação 
e Formação Continuada IPEGEX (Indaial e 
Blumenau) e é Docente no Curso de Pedagogia 
da Uniasselvi. Especialista também em Gestão 
e Tutoria, pela mesma Instituição.
Sumário
APRESENTAÇÃO ....................................................................07
CAPÍTULO 1
Orientação Educacional: Conceito e Trajetória 
Histórica .................................................................................09 
CAPÍTULO 2
A Formação do Orientador: Gestor no Contexto da 
Atualidade ..............................................................................43
CAPÍTULO 3
O Orientador Educacional e a Gestão Democrática......109
APRESENTAÇÃO
Caro pós-graduando!
É com muito carinho e satisfação que compartilhamos este livro de estudos 
a respeito da Orientação Educacional (OE). Por meio dele, conheceremos o 
conceito, a origem e a importância da OE ao longo da história (especialmente 
no Brasil) e, a partir disto, teceremos significativas reflexões; identificaremos a 
função e a formação do orientador educacional como um gestor no contexto da 
atualidade e o perceberemos como sujeito fundamental às ações e intervenções 
pedagógicas. 
Para tanto, os conteúdos encontram-se distribuídos em três capítulos, 
subdivididos em seções. Ao final de cada capítulo, contemplaremos atividades 
de estudo e algumas considerações que objetivam auxiliá-lo na aquisição do 
conhecimento. 
No primeiro capítulo, apresentaremos o conceito, a história e os objetivos da 
Orientação Educacional, além de trazermos a formação, áreas de atuação e os 
princípios éticos do orientador educacional. No segundo capítulo, detalharemos 
as características e atribuições desse profissional, com os desafios da atualidade, 
tanto dentro, quanto fora da instituição escolar. E para finalizar, no terceiro capítulo, 
trataremos da aproximação entre o orientador educacional, a comunidade escolar 
e as famílias, numa gestão dialógica, participativa e democrática.
 
Além do conteúdo do caderno, sugerimos a realização de algumas leituras 
complementares. Aproveite para ampliar seus conhecimentos! 
Bons estudos!
 
Professora Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer
CAPÍTULO 1
Orientação Educacional: 
Conceito e Trajetória Histórica
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Compreender o conceito e a trajetória histórica da Orientação Educacional.
 Identifi car, reconhecer e valorizar o papel do orientador educacional em suas 
áreas de atuação, com seus princípios, atribuições e características.
10
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
11
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
ContextualiZação
A Orientação Educacional, como se confi gura atualmente, é o resultado de 
processos construídos mediante as manifestações próprias de cada época, como 
a forma de viver de cada povo, de organizar a sociedade e de compreender a 
função da escola. 
Com o passar do tempo, conceitos foram modifi cados e reconstruídos para 
atender às necessidades da escola com seus novos desafi os.
Neste sentido, este capítulo apresenta a trajetória histórica da Orientação 
Educacional, com seus objetivos, além de trazer a formação, princípios éticos e 
áreas de atuação do orientador educacional, do passado e do presente.
Partindo desse pressuposto, não há como compreender e refl etir sobre a 
Orientação Educacional da atualidade sem dar uma voltinha no tempo e conhecer 
esta história, concorda?
 
Antes mesmo de iniciarmos nossa viagem ao passado, cabe aqui uma 
pergunta: o que é Orientação Educacional? Como você defi niria cada uma destas 
palavras? 
DeFinição de Orientação Educacional
Grinspun (2011, p. 11) auxiliará na compreensão do que vem a ser, de fato, 
Orientação Educacional:
[...] vejo, hoje, tal qual o início do século XX, um renascer da 
nova Orientação Educacional que tem - mais do que nunca - 
um compromisso com e para o aluno, não apenas para orientá-
lo no seu desenvolvimento a partir de suas necessidades, mas 
para oferecer os meios e as possibilidades de uma formação 
mais segura e mais abrangente, que não se limita ao aqui e 
agora, não apenas a ajudá-lo nas difi culdades na/da escola, 
mas para orientar para a vida, para ser, cada vez mais, um 
indivíduo multiplicador e transformador de seu tempo. [...] uma 
orientação que tem o papel mediador, dinamizador do contexto 
atual em prol de uma educação de qualidade.
Após esta citação, torna-se fácil perceber a dimensão que permeia a função 
do orientador educacional, pois orientar signifi ca guiar, ajudar, mediar, dinamizar, 
transformar e educar, ou seja, vai muito além dos muros escolares, estende-se à 
vida. Logo, é grande a missão deste profi ssional.
12
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Para Grinspun (2008, p. 70), deve-se:
[...] mostrar o sentido pedagógico da Orientação, identifi cando 
seu papel na instituição, sua colaboração para superar junto 
com/na Escola seus desafi os no/do cotidiano, e as possibilidades 
que temos para um trabalho articulado integrado, no qual a 
mediação é o eixo da realização das nossas atividades na 
escola. A Orientação Educacional é parte de um todo, faz parte 
da escola que com ela interage permanentemente, assim como 
a própria sociedade.
Grinspun (2011, p. 24) diz também que:
A Educação é uma prática social, e a Orientação deve ser 
vista como uma prática que ocorre dentro da escola, mas cujas 
atividades podem e devem ultrapassar seus muros; uma prática 
que caminha no sentido da objetividade, da subjetividade e da 
totalidade da Educação. É perceptível que a Orientação está 
cada vez mais junto à Educação como um todo, na busca das 
fi nalidades de um projeto político-pedagógico formulado para a 
escola, em favor de seus próprios alunos.
Portanto, parte-se do pressuposto de que a Orientação Educacional, nos 
dias atuais, cumpre um papel bastante signifi cativo junto aos professores, alunos 
e familiares, dando-lhes atenção e assistência.
Essa nova Orientação tem o intuito de prevenir, ultrapassando as pequenas 
difi culdades ou falhas no decorrer do percurso escolar, ou seja, preocupa-secom 
a vida do estudante, mas nem sempre isso foi assim. A Orientação Educacional 
sofreu alterações conforme as modifi cações em sua volta, melhorando e tornando-
se mais atuante, participativa e consciente de seu papel na sociedade.
 O esquema a seguir, apresentado por Giacaglia e Penteado (2010, p. 13), 
traz a evolução da Orientação Educacional no Brasil:
Quadro 1 – Evolução da orientação educacional no Brasil
OE de interesse 
social
OE de interesse 
social
OE de interesse 
social
OE de interesse 
individual/social
Pragmática, profi s-
sionalizante. Terapêutica. Preventiva.
Corretiva;
 visa adaptar o aluno.
Centrada no aluno;
visa adaptar o 
aluno.
Visa adaptar o 
aluno.
Visa ao desenvolvi-
mento e à felicidade 
do aluno.
Fonte: Giacaglia e Penteado (2010, p. 13).
Este esquema leva à compreensão de uma mudança de paradigma, pois o 
aluno deixa de ser visto apenas como mão de obra futura, para ser visto como um 
ser em pleno desenvolvimento e em busca de felicidade. 
13
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
Contexto Histórico da Orientação 
Educacional no Brasil
Qualquer sujeito, desde os tempos mais remotos, orientou ou foi orientado por 
alguém. Isso também acontece entre os animais irracionais, que preparam seus 
fi lhotes a partir do nascimento para que aprendam a viver de forma independente. 
Com o ser humano ocorre o mesmo: aprende-se com os pais ou com as pessoas 
mais velhas sobre aspectos culturais, sociais, religiosos ou de sobrevivência, que 
se carrega por toda a vida. Provavelmente, estes conhecimentos serão passados 
aos descendentes, e isto se chama educação informal. Giacaglia e Penteado 
(2010, p. 3) confi rmam essa informação:
Entre os humanos, tem-se notícia de que, desde priscas eras, 
sempre existiu a necessidade, por parte das gerações mais 
velhas, não só de prover como também de socializar e instruir 
as gerações mais novas, utilizando-se, para tanto, a princípio, 
da educação e da orientação informais e, mais tarde, da 
instrução formal, via escolarização.
A educação informal, conforme mencionado, repassada dos mais velhos 
aos mais novos, abrangia principalmente os núcleos familiares ou as pequenas 
comunidades. Porém, quando essa educação passou à formalidade em âmbitos 
escolares, tornou-se necessária a realização de algumas adaptações, passando-
se a focá-la na instrução (especialmente após a Revolução Industrial), buscando 
satisfazer às necessidades da própria sociedade.
A Revolução Industrial foi preponderante à educação escolar, e para melhor 
compreensão, Giacaglia e Penteado (2010, p. 4) acrescentam:
Em primeiro lugar, vale lembrar que tal revolução causou a 
retirada, em grandes proporções, de adultos de seus lares, 
afastando-os, portanto, do cuidado pessoal e próximo dos 
fi lhos. Como primeira consequência, esses passariam a ser 
cuidados e educados por terceiros. Como a grande parte 
da população adulta se encontrava também ocupada nas 
incipientes indústrias, a solução foi agrupar os educandos, 
em números cada vez maiores, em instituições formais e 
especializadas, para que os pais pudessem se dedicar às 
novas formas de trabalho, em novos locais.
A partir de então, a escola deixa de ser um espaço ocupado prioritariamente 
pela elite e passa a atender a outras camadas da população consideradas menos 
favorecidas, mas que a partir daquele momento, e de acordo com os interesses 
da sociedade, passariam a receber instrução. 
14
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Figura 1 – Revolução Industrial
Fonte: Disponível em: <http://www.portaldovestibulando.com/2016/07/
revolucao-industrial-1-e-2-fase.html>. Acesso em: 15 jun. 2017.
De acordo com Giacaglia e Penteado (2010, p. 6):
No novo cenário que se delineara a partir dessa importantíssima 
revolução, a OE tornou-se essencial à nova educação. 
Entretanto, ela agora retornaria de maneira mais diferenciada, 
explícita, profi ssional e com novas fi nalidades. Isso se explica 
pelo motivo de que essa revolução modifi cou profundamente 
a vida dos países em que ela ocorreu, o que veio provocar a 
necessidade da formação de mão de obra especializada, cujo 
provimento foi delegado à escola, e nela, à OE. 
Desde então, passaria a ser papel do orientador educacional identifi car, 
sugerir e aconselhar as pessoas certas para ocuparem os lugares certos, ou seja, 
conhecer de perto as características de cada indivíduo, objetivando seu preparo 
de maneira “conformada” para determinada função. Ele era o profi ssional perfeito 
para realizar este trabalho com as crianças e jovens dentro da escola. 
De acordo com Garcia (1990, p. 10), “Ao orientador caberia selecionar, 
orientar e encaminhar aqueles que pretendiam ingressar em cursos universitários 
e aqueles que precisavam se profi ssionalizar imediatamente”. 
Nesta época, a prioridade de seu trabalho encontrava-se na seleção e 
preparo dos que seriam os próximos líderes ou liderados, numa sociedade 
altamente capitalista. Sua função era encontrar as pessoas certas para ocuparem 
os lugares certos dentro das indústrias, tão equipadas de novos maquinários e, 
justamente por isso, necessitadas de mão de obra.
15
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
Esse caminho percorrido pela Orientação Educacional iniciou-se em alguns 
países da Europa e nos Estados Unidos, mas em nosso país, de acordo com 
Grinspun (2011, p. 26):
No Brasil, a Orientação Educacional teve, em sua implantação, 
uma grande infl uência da orientação americana, em especial 
o ‘counseling’ (aconselhamento), e da orientação educacional 
francesa. [...] as primeiras experiências datam da década de 20.
A partir dos escritos de Grinspun (2011, p. 26-35), será traçada uma espécie 
de linha do tempo da Orientação Educacional no Brasil:
Quadro 2 – Linha do tempo da orientação educacional no Brasil
Ano e local Acontecimento relacionado à Orientação Educacional
1924
São Paulo
Roberto Mange, engenheiro suíço, iniciou no Liceu de Artes e Ofícios 
os primeiros trabalhos para a criação de um serviço de seleção e ori-
entação profi ssional para os alunos do curso de Mecânica.
1930 
São Paulo
Com Roberto Mange e Ítalo Bologna, teve início na Estrada de Ferro 
Sorocaba um serviço de seleção, orientação e formação de alunos 
em cursos de aprendizagem mantidos por aquela instituição.
1931 
São Paulo
Lourenço Filho criou o primeiro serviço público de orientação profi s-
sional no Brasil, que depois prosseguiu no Instituto de Educação da 
Universidade de São Paulo até 1935, quando foi extinto. 
1934 
Rio de Janeiro
Aracy Muniz Freire e Maria Junqueira Schmidt começaram a estrutu-
rar os serviços de Orientação, nos moldes americano ou europeu, no 
Colégio Santo Amaro Cavalcanti.
1942
Surgem as Leis Orgânicas, fazendo com que a orientação tivesse 
sua regulamentação, signifi cativamente ligada à sua origem na orien-
tação profi ssional. 
1942
Com o Decreto n. 4.048, de 22/1/1942, criou-se o SENAI e a orien-
tação foi caminhando em sua trajetória no Brasil, agora fortifi cada por 
ser legalmente instituída.
1961
Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a orientação 
tem destaque legal na Educação brasileira, ressaltando a formação 
de orientadores educacionais para os cursos primário e secundário.
1968
A Lei n. 5.564/68 regulamenta o exercício da profi ssão de orientador, 
ampliando o destaque da Orientação, uma vez que surgiu a profi s-
sionalização na área.
1971
A Orientação foi vista como uma decisão importante dos legisladores, 
que lhe deram um lugar de destaque, através do artigo 10 da Lei 
n. 5.692/71, instituindo-a obrigatoriamente nos estabelecimentos 
de ensino de 1º e 2º graus. O que se pretendia, na realidade, era 
confi rmar um ensino profi ssionalizante, obrigatório que, através do 
aconselhamento vocacional, ofereceria a oportunidade de escolha de 
uma profi ssão futura, compatível com as necessidades do mercado 
de trabalho.
1973
O Decreto-Lein. 72.846/73, que determinou as atribuições do orienta-
dor educacional, confi rmou o caráter psicológico da Orientação, man-
tendo a conceituação de tal área, numa visão individualizada e pes-
soal, comprometida com os que necessitavam de uma “orientação” 
revestida de um aconselhamento psicológico.
16
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
1976
O MEC elaborou o documento “Orientação Educacional e Linhas de 
Ação”, que abordava os dois planos de atuação da Orientação Ed-
ucacional: o plano de ação integrada, atuando junto com a direção, 
professores, alunos e demais técnicos, planejando, executando e 
avaliando a ação educativa, e o plano de ação direta, em que o orien-
tador deveria atingir o aluno, sobretudo através do trabalho de grupo.
1984 Fortaleza/
CE
Ficou tratado no VII Congresso Brasileiro de Orientação Educacional 
que “ninguém poderia ser orientador educacional sem ter compreen-
dido o conceito de homem, de mundo e de sociedade”.
1986 Florianópo-
lis/ SC
Nas recomendações do IX Congresso Brasileiro de Orientação Edu-
cacional, concluiu-se que o “Orientador, a partir de então, deveria ter 
uma linha de trabalho que colocasse as questões sociais, econômi-
cas, políticas e culturais como pontos fundamentais para sua prática”.
1990
Uma série de acontecimentos caracteriza os novos rumos da Orien-
tação, que passa a desempenhar um papel muito mais signifi cativo 
junto à educação. Ela passa a ser parceira inseparável em todos os 
rumos e fi nalidades. Os orientadores passam a ser coadjuvantes da 
prática docente.
1996
A Lei n. 9.394/96 não traz mais a obrigatoriedade da Orientação, mas 
por efetiva consciência profi ssional, o orientador tem espaço próprio 
junto aos demais protagonistas da escola para um trabalho pedagógi-
co integrado, compreendendo criticamente as relações que se esta-
belecem no processo educacional. O orientador, mais do que nunca, 
deve estar atento ao trabalho coletivo da escola, atuando harmonio-
samente com os demais profi ssionais da educação, num trabalho in-
terdisciplinar.
Na atualidade
A Orientação tem que se desenvolver por meio de um trabalho partic-
ipativo, em que o currículo deve ser construído por todos, e onde a in-
terdisciplinaridade deve ser buscada, para uma melhor compreensão 
do processo pedagógico da escola.
Fonte: Grinspun (2011, p. 26 - 35).
Analisando esta linha do tempo, pôde-se perceber que a história da 
Orientação Educacional sofreu modifi cações interessantes. No início, possuíam 
mais características da orientação vocacional (relacionada à vocação profi ssional, 
sendo aplicada na escola) e, com o passar do tempo, tornou-se mais pedagógica, 
democrática e integrada ao processo educativo. 
Quando a autora menciona a palavra interdisciplinaridade, deixa claro 
que todas as áreas do conhecimento contribuem para o trabalho do orientador 
educacional em sua práxis pedagógica, pois deve-se considerar o homem como 
um ser biológico, psicológico, histórico-social e fi losófi co. A seguir, as contribuições 
da psicologia, história e sociologia da educação para o orientador educacional.
17
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
ContriBuiçÕes da PsicoloGia, 
História e SocioloGia da Educação 
Para o Orientador Educacional
O orientador educacional precisa compreender que a criança ou adolescente 
é um “ser psicológico” e que a emoção está presente em suas atitudes, algumas 
vezes, manifestadas por meio do choro, da raiva, da alegria e, em outras vezes, 
escondidas, por meio do silêncio ou isolamento. 
Quando fazemos algo com alegria, as reações emocionais de 
alegria signifi cam que, a partir daquele momento, tentaremos 
fazer o mesmo. Quando fazemos algo com repulsão, isso 
signifi ca que tenderemos, por todos os meios possíveis, 
interromper esta tarefa. (VYGOTSKY, 2003, p. 117) 
Considerar o aluno como um ser psicológico é buscar entender o seu 
comportamento e admitir que as emoções e sentimentos infl uenciam em seu 
processo de ensino-aprendizagem. O orientador educacional, assim como os 
professores, também precisa atentar-se a este fator, pois:
Se quisermos que os alunos recordem melhor ou exercitem 
mais o pensamento, devemos fazer com que essas atividades 
sejam emocionalmente estimuladas. A experiência e a 
pesquisa têm mostrado que um fato impregnado de emoção 
é recordado mais sólido, fi rme e prolongado que um feito 
indiferente. Cada vez que comunicarem algo ao aluno, tentem 
afetar seu sentimento. A emoção não é uma ferramenta menos 
importante que o pensamento. (VYGOTSKY, 2003, p. 121).
Diante disso, há que se considerar que 
[...] a psicologia, [...] contribui para o trabalho de adequação do 
ensino a cada fase do desenvolvimento do educando; leva a 
considerar cada aluno como personalidade única e preconiza 
a canalização dos motivos próprios de cada discente para os 
objetivos de ensino. (NÉRICI, 1986, p. 39).
Além de compreender que o aluno é um ser psicológico, o orientador 
educacional também precisa percebê-lo como um “ser histórico e social”, daí a 
relevância destas áreas do conhecimento em sua formação profi ssional.
Na construção de sua própria história e na interação com outras pessoas 
é que o sujeito aprende a aprender. Nestes momentos, ele é capaz de realizar, 
construir, mudar, rever, transformar e organizar os processos de aprendizagem e, 
consequentemente, obter conhecimento.
18
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
A presença do outro passa a fazer parte da constituição de cada 
ser. É um orientador, uma sentinela, um juiz, mas também um 
facilitador para que o sujeito tenha confi ança em conseguir o 
que deseja. A presença do outro é um estímulo para que sinta 
confi ança em experimentar a vida, desenvolvendo-se como um 
ser integral e interagindo ao meio social. (MOREIRA, 1996, p. 67)
À medida que as crianças e adolescentes vão interagindo com os outros, 
ampliam sua visão de mundo e criam diferentes maneiras de agir, pensar, ser 
e viver em sociedade. Essa interação favorece a percepção do orientador 
educacional, estimulando-o à busca de novas propostas de ensino-aprendizagem, 
adequando-as às necessidades dos alunos em pleno desenvolvimento. 
Neste sentido, vale lembrar o primeiro fundamento da Lei de Diretrizes e 
Bases n. 9.394/96, que em seu artigo 1º diz que
A educação abrange os processos formativos que se 
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no 
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos 
sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações 
culturais.
Ao orientador educacional cabe, portanto, a tarefa de possibilitar o 
desenvolvimento integral do ser humano, a partir do conhecimento de teorias e 
práticas que possibilitem este olhar tão dinâmico e interdisciplinar.
Este é apenas um dos objetivos da orientação educacional na atualidade, a 
seguir outros serão mencionados.
OBjetiVos da Orientação Educacional
 Os objetivos da orientação educacional no passado estavam centralizados 
basicamente nas seguintes questões:
• atendimento a alunos que apresentavam difi culdades de 
aprendizagem;
• identifi cação e aconselhamento a alunos com problemas de 
comportamento;
• assistência a alunos com difi culdades de adaptação;
• estímulo de bons hábitos de estudos, aos alunos;
• busca por recursos ou estratégias que refl etissem na melhoria do 
rendimento escolar, envolvendo os professores.
Para ampliar e atualizar a lista de objetivos da Orientação Educacional na 
atualidade, serão tratadas no texto de Andrade (2010), de maneira completa, as 
19
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
atribuições/ações do orientador educacional, que foram construídas para/pelos 
orientadores educacionais do Distrito Federal, mas que podem ser aplicadas aos 
orientadores de todo o Brasil. Neste momento, essas atribuições/ações serão 
tratadas também como objetivos. 
a) Ações no âmbito institucional
• Objetivo geral: conhecer a clientelae identifi car a demanda 
escolar a ser acompanhada pelo orientador educacional.
Figura 2 – Instituição
Fonte: Disponível em: <http://criancaria.com.br/escola-
manha-ou-tarde/>. Acesso em: 17 jul. 2017.
• Procedimentos específi cos:
 − conhecer o regimento escolar e a proposta pedagógica da 
instituição educacional em que atua;
 − colaborar na análise dos indicadores de aproveitamento escolar, 
evasão, repetência e infrequência;
 − colaborar e participar de ações que viabilizem a avaliação das 
atividades pedagógicas da instituição educacional em que atua;
 − participar do processo de elaboração e de execução da proposta 
pedagógica, promovendo ações que contribuam para a im- 
plantação e para a implementação do currículo em vigor na rede 
pública de ensino do Distrito Federal;
 − orientar a comunidade escolar sobre o sistema de garantia de 
direitos da criança e do adolescente;
20
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
 − elaborar e aplicar instrumentos de coleta de dados, sempre que 
necessário;
 − elaborar e aplicar instrumentos de coleta de dados com a direção, 
secretário escolar, merendeiras, agentes de portaria, vigilantes, 
agentes de conservação e limpeza, para percepção da dinâmica e 
do contexto escolar, sempre que necessário;
 − analisar e interpretar os dados coletados;
 − elaborar hipóteses diagnósticas da situação detectada, bem 
como discuti-las com os professores, com coordenadores e com 
a direção, considerando o contexto pedagógico da instituição 
educacional;
 − elaborar o plano de ação anual do Serviço de Orientação 
Educacional;
 − participar do processo de avaliação das ações realizadas pela 
instituição educacional.
b) Ações junto ao corpo docente 
• Objetivo geral: integrar suas ações às do professor, como 
colaboração no processo de aprendizagem e no desenvolvimento 
do educando.
Figura 3 – Professores
Fonte: Disponível em: <http://centraldeinteligenciaacademica.blogspot.com.
br/2016/03/a-importancia-do-orientador-educacional.html>. Acesso em: 15 jun. 2017.
21
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
• Procedimentos específi cos:
 − participar do planejamento, da execução e da avaliação das atividades 
pedagógicas coletivas;
 − realizar ações integradas com o corpo docente no desenvolvimento de 
projetos sobre saúde, educação sexual, prevenção ao uso indevido de 
drogas, meio ambiente, ética, cidadania, convivência saudável, cultura de 
paz e outros; de acordo com as prioridades elencadas pelo grupo e com a 
proposta pedagógica da instituição educacional;
 − participar das refl exões/discussões referentes à aplicação de normas 
disciplinares;
 − auxiliar na refl exão e na sensibilização do corpo escolar para a prática da 
educação inclusiva;
 − participar das coordenações coletivas semanais com o corpo docente;
 − participar do conselho de classe;
 − acompanhar ações do professor conselheiro de turma;
 − estimular a participação dos professores na identifi cação, no 
encaminhamento e no acompanhamento dos alunos com difi culdades 
de adaptação, de convívio social e/ou com difi culdades específi cas de 
aprendizagem;
 − contribuir com sugestões e informações nas reuniões pedagógicas 
com professores e com o conselho de classe, bem como nas reuniões 
extraordinárias;
 − incentivar o corpo docente, os pais/familiares e os alunos a participarem 
do conselho de classe; 
 − refl etir e dialogar com o corpo docente sobre os resultados das avaliações, 
apresentando propostas de solução às disfunções detectadas;
 − participar de estudo de caso dos alunos em situação de difi culdade, 
quando necessário;
 − promover atividades que contribuam para a formação continuada dos 
professores, bem como refl exões sobre a prática pedagógica;
 − colaborar no encaminhamento de aluno que apresente difi culdades 
de aprendizagem e/ou problemas de ajustamento psicossocial para o 
acompanhamento especializado adequado no âmbito educacional e/ou 
da saúde, quando necessário;
 − proceder à devolutiva dos atendimentos/encaminhamentos dos alunos 
aos professores, à direção, à coordenação e aos familiares.
c) Ações junto ao corpo discente
• Objetivo geral: contribuir para o desenvolvimento integral do 
educando, ampliando suas possibilidades de interagir no meio 
escolar e social, como ser autônomo, crítico e participativo. 
22
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Figura 4 – Alunos
Fonte: Disponível em: <https://gestaoescolar.org.br/conteudo/1034/inclusao-o-
papel-de-articulacao-do-orientador-educacional>. Acesso em: 15 jun. 2017.
• Procedimentos específi cos:
− apresentar aos alunos o Serviço de Orientação Educacional;
− instrumentalizar o aluno para a organização efi ciente do trabalho escolar, 
tornando a aprendizagem mais efi caz;
− acompanhar, individual ou coletivamente, os alunos, dinamizando temas 
que atendam às suas necessidades;
− estimular a participação dos alunos nas atividades escolares e nos 
projetos da instituição educacional, contribuindo para desenvolver a 
capacidade de criticar, de opinar e de assumir responsabilidades.
− acompanhar e orientar ações dos representantes de turma;
− promover atividades que favoreçam ao aluno a refl exão-ação da 
importância de ter atitudes de cooperação, de sociabilidade, de respeito, 
de consideração, de responsabilidade, de tolerância e de respeito às 
diferenças individuais, com vistas à construção de uma convivência 
escolar social e pacífi ca;
− proporcionar ao aluno a análise, a discussão, a vivência e o 
desenvolvimento de valores, atitudes e comportamentos fundamentados 
em princípios universais;
− realizar ações preventivas contra a discriminação por motivos de 
convicções fi losófi cas, religiosas, ou qualquer forma de preconceito 
de classe econômica, social, étnico e sexual, enfatizando o respeito à 
diversidade cultural;
− apoiar e subsidiar os segmentos escolares, como: conselho escolar, 
conselho de segurança escolar, grêmio estudantil e associação de pais e 
mestres, entre outros;
23
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
− utilizar instrumentos específi cos (fi chas e questionários) que 
permitam o registro dos atendimentos, dos acompanhamentos e dos 
encaminhamentos;
− elaborar projetos que favoreçam a socialização, a disseminação de 
valores humanos e a aquisição de atitudes e de hábitos saudáveis;
− promover ações que permitam o conhecimento do Estatuto da Criança e 
do Adolescente;
− participar de reuniões do grêmio estudantil, do conselho escolar e do 
conselho de segurança escolar, sempre que necessário;
− proporcionar ao aluno as informações e refl exões a respeito do mundo do 
trabalho;
− proporcionar ao aluno a vivência em situações de aprendizagem que 
favoreçam a escolha da profi ssão de forma consciente.
d) Ações junto à família
• Objetivo geral: participar ativamente do processo de integração família/
escola/comunidade, realizando ações que favoreçam o envolvimento dos 
pais no processo educativo.
Figura 5 – Família
Fonte: Disponível em: <http://gestao2itag.blogspot.com.
br/2013_04_01_archive.html>. Acesso em: 15 jun. 2017.
• Procedimentos específi cos:
− identifi car e trabalhar, junto à família, as causas que interferem no avanço 
do processo de ensino e de aprendizagem do aluno;
− orientar a família sobre o sistema de garantia de direitos da criança e do 
adolescente;
24
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
 − contribuir com a promoção de relações saudáveis entre a instituição educa-
cional e a comunidade;
 − orientar os pais e/ou responsáveis para a compreensão da cultura escolar e 
para a importância dos hábitos de estudo na criança e no jovem;
 − promover momentos refl exivos (palestras/encontros/ofi cinas) que con-
tribuam com a educação das crianças/adolescentes/jovens, na prevenção 
de confl itos escolares e outros temas que sejam necessários;
 − sondar possíveis infl uências,no ambiente familiar, que possam prejudi-
car o desenvolvimento do aluno na instituição educacional, intervindo e/
ou encaminhando para a rede social de apoio interna/externa, sempre que 
necessário;
 − identifi car as expectativas dos pais e/ou dos responsáveis e as necessi-
dades de informação dos/as alunos/as em relação à orientação sexual;
 − atender individualmente e/ou coletivamente pais e/ou responsáveis;
 − informar aos pais e aos familiares sobre os serviços de apoio social.
e) Ações na área de estágio supervisionado em Orientação Educacional
• Objetivo geral: proporcionar a vivência teórico-prática aos estudantes 
na área de Orientação Educacional.
Figura 6 – Estágio em orientação educacional
Fonte: Disponível em: <http://estagiogestaoufal2016.blogspot.com.br/2016/07/
atividade-1-estagio-supervisionado-i_68.html>. Acesso em: 17 de jul. 2017.
• Procedimentos específi cos:
 − colaborar com a formação e o preparo do futuro profi ssional da área de 
Orientação Educacional;
25
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
 − proporcionar ao estagiário a vivência de situações reais e o conhecimento 
das eventuais difi culdades que permeiam as atividades da Orientação 
Educacional;
 − levar o estagiário à refl exão de condutas éticas para atuar conforme as 
normas do código de ética da Orientação Educacional;
 − apresentar o trabalho do serviço de Orientação Educacional;
 − apresentar a orientação pedagógica do Serviço de Orientação Educacional 
da rede pública, bem como a proposta pedagógica da instituição 
educacional.
Como se pode perceber, o trabalho do orientador educacional é de imensa 
responsabilidade, pois ele atua em várias frentes. Para desempenhar seu trabalho 
com excelência, como qualquer outro profi ssional, necessita estar preparado, 
buscando, para isso, formação específi ca que será tratada a seguir.
O Orientador Educacional: Formação
e Áreas de Atuação 
Antes de prosseguir, faz-se necessário conhecer as leis a respeito deste 
profi ssional desde o seu surgimento da orientação educacional, no Brasil. 
Conforme Garcia (1990, p. 10):
Quadro 3 – Leis que dizem respeito ao orientador educacional
Lei Orgânica do Ensino Industrial (1942): refere-se ao orientador educacional 
facilitando as escolhas profi ssionais, esclarecendo e aconselhando.
Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1961): refere-se à orien-
tação educacional e vocacional como ajuda ao aluno em suas escolhas.
Lei 5.564 (1968): embora amplie as atribuições do orientador educacional, con-
fi rma a sua responsabilidade em relação à orientação vocacional. E quando o 
Decreto 72.846 (1973) especifi ca as responsabilidades do orientador educacio-
nal, é dada grande ênfase à orientação vocacional, à sondagem de aptidões e 
interesses, ao papel do orientador educacional, articulando a escola e o mundo 
fora da escola (família, comunidade e o mundo do trabalho). 
Lei 5.692 (1971): defi ne o orientador educacional como responsável pela articu-
lação escola-família-comunidade e pela preparação para o trabalho.
Fonte: Garcia (1990, p. 10).
26
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Garcia (1990, p. 10) provoca uma refl exão sobre “[...] como e porque os 
orientadores educacionais, criados e formados para desempenhar um papel 
conservador, tornaram-se hoje agentes de transformações nas escolas”. 
Sabe-se que esta mudança foi acontecendo aos poucos, a partir dos 
congressos brasileiros que discutiram a orientação educacional no Brasil, 
especialmente em Fortaleza e em Brasília, ambos em 1984. 
Desde então, o cenário educacional passou a contar com este importante 
profi ssional, que prioriza o bem-estar dos alunos e lhes dá assistência, visando 
sua formação integral. Para Penteado (1976, p. 12):
[...] orientar é auxiliar o aluno a proceder aos ajustamentos 
necessários, relativos à escola em particular e à vida 
extraescolar em geral, procurando promover mudanças de 
comportamento duradouras e prospectivas que permitam ao 
jovem enfrentar o futuro e as transformações com adequado 
preparo. O orientador, tomando como ponto de partida o 
estudante, visa à formação do homem.
Partindo deste pressuposto, o orientador educacional precisa ter formação 
específi ca na área para que possa executar sua função com maior segurança, 
conhecendo o exercício de suas atribuições e seu Regimento, garantidos na 
forma da Lei. É sobre a formação do orientador educacional que se tratará a partir 
deste momento. 
Formação do Orientador Educacional
O orientador educacional é um profi ssional da Educação, formado no curso 
de Pedagogia, em nível de graduação ou especialista na área em nível de pós-
graduação. Cabe a ele realizar o exercício de suas atribuições, conforme o que 
dizem as leis e de acordo com sua formação e experiência docente. 
A partir de Grinspun (2008, p. 151-153) será tratado da estrutura e 
organização histórica e legal da formação de orientadores:
• Decreto-lei n. 1.190, de 4 de abril de 1939: organizou a antiga Faculdade 
Nacional de Filosofi a, tornando obrigatório, juntamente com o diploma 
de licenciado em Pedagogia para o magistério em cursos normais, o 
bacharelado para o exercício dos cargos técnicos em educação;
• Lei de Diretrizes e Bases n. 4.024, de 1961: instrui sobre a formação 
de orientadores educacionais classifi cados em dois tipos: os do Ensino 
Primário (art. 64) e os do Ensino Médio (art. 63) com formação em curso 
27
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
especial a que tinham acesso os licenciados em Pedagogia, Filosofi a, 
Psicologia ou Ciências Sociais; 
• Parecer Conselho Federal de Educação n. 292, de 1969: estabeleceu 
estudos pedagógicos e superiores mínimos de currículo e duração para o 
Curso de Graduação em Pedagogia. Neste parecer foram previstas cinco 
habilitações: Orientação Educacional, Administração Escolar, Supervisão 
Escolar, Inspeção Escolar, Ensino das disciplinas e atividades práticas 
dos cursos normais;
• Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996: a Orientação 
Educacional não aparece explicitamente, mas o artigo 64 diz que a 
formação de profi ssionais de educação para Orientação Educacional 
na educação básica será feita em cursos de graduação em Pedagogia 
ou em nível de pós-graduação, garantindo dessa forma a base comum 
nacional. A partir disso, pode-se dizer que o orientador educacional é 
um profi ssional que procura assistir o orientando, considerando o seu 
ajustamento pessoal e social e relaciona-se com todos os envolvidos no 
processo educativo, como mediador. 
Dentro do Curso de Pedagogia serão abordados, a partir de Grinspun (2008, 
p. 153), os textos legais específi cos da área de Orientação Educacional, são eles: 
Quadro 4 – Textos legais para a OE
Lei n. 5.564, de 21/12/1968 
Provê sobre o exercício da profi ssão 
de orientador educacional;
Lei n. 5.692, de 11/08/1971
Fixa diretrizes e bases para o ensi-
no fundamental e médio e dá outras 
providências;
Decreto-lei n. 72.846, de 26/09/1973 
- que regulamenta a Lei 5.564, de 
21/12/1968
Provê sobre o exercício da profi ssão 
de orientador educacional.
Fonte: Grinspun (2008, p. 153).
Ainda de acordo com Grinspun (2011, p. 158), “O profi ssional da Orientação 
Educacional é o único, no que diz respeito – em termos de especializações – que 
tem características de profi ssão regulamentada pela Lei n. 5.564/68”. 
A formação que possibilita atuar como orientadores educacionais é de 
importância fundamental, não apenas pelas exigências legais, mas pela 
necessidade e consciência de que é preciso estar preparado para executar com 
excelência este papel dentro da escola. De acordo com Grinspun (2008, p. 155):
28
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Enfatiza-se a premência que o Curso de Pedagogia forme 
licenciados cada vez mais sensíveis às solicitações da vida 
cotidiana e da sociedade, profi ssionais que possam conceber 
alternativas de execuçãopara atender às fi nalidades e 
organização da escola básica, dos sistemas de ensino, dos 
processos educativos não escolares, contribuindo para uma 
sociedade mais justa, equânime e igualitária.
Além dos cursos de Pedagogia, esta também é a intenção dos cursos de 
pós-graduação, especialmente em relação à Orientação Educacional: formar 
profi ssionais cada vez mais sensíveis às necessidades da contemporaneidade.
Áreas de Atuação do Orientador 
Educacional
Como visto, os orientadores da atualidade necessitam atuar em várias 
frentes, objetivando o desenvolvimento integral dos sujeitos, tanto dentro, quanto 
fora da escola, na comunidade. Pianezzer (2013, p. 29) sintetiza, no quadro a 
seguir, algumas de suas atribuições:
• planejar e coordenar a OE nas escolas;
• assessorar os professores;
• conhecer os alunos;
• realizar a integração entre escola, família e comunidade;
• participar da construção do currículo e dos processos de avaliação.
• acompanhar e encaminhar, quando necessário, alunos a especialistas.
Com base em Giacaglia e Penteado (2010, p. 66-67), serão abordados 
os artigos 8º e 9º do Decreto n. 72.846, de 26/09/1973, que demonstram mais 
detalhadamente, no âmbito federal, as atribuições do orientador educacional: 
a) São atribuições privativas do orientador educacional (artigo 8º)
• planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de 
Orientação Educacional dos órgãos do serviço público federal, estadual, 
municipal e autárquico; das sociedades de economia mista, empresas 
estatais, paraestatais e privadas;
• coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-o ao 
processo educacional global;
29
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
• coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades 
do educando;
• coordenar o processo de informação educacional e profi ssional com vistas 
à orientação vocacional;
• sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao 
conhecimento global do educando;
• sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando 
a outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial;
• coordenar o acompanhamento pós-escolar; 
• ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional, 
satisfeitas as exigências da legislação específi ca do ensino;
• supervisionar estágios na área da Orientação Educacional;
• emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional.
 
b) Compete, ainda, ao orientador educacional as seguintes atribuições 
(artigo 9º)
• participar no processo de identifi cação das características básicas da 
comunidade;
• participar no processo de caracterização da clientela escolar;
• participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola;
• participar na composição, caracterização e acompanhamento de turmas e 
grupos;
• participar no processo de avaliação e recuperação dos alunos;
• participar no processo de encaminhamento dos alunos estagiários;
• participar no processo de integração escola-família-comunidade;
• realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional.
30
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Com base nestas funções, o orientador, segundo Grinspun (1994, p. 81), terá 
possibilidade de:
• refl etir e analisar o espaço da Orientação segundo uma visão abrangente 
e contínua oferecida pela história do pensamento;
• perceber que a dialética social impõe ao orientador uma visão mais crítica 
e um posicionamento mais preciso de suas funções frente à própria 
sociedade e caminhar em direção a ela;
• utilizar-se de uma metodologia fi losófi ca para interpretar as características 
do orientando, os valores de sua época e sua própria natureza;
• valer-se de uma postura fi losófi ca, podendo-se, dessa forma, construir o 
suporte teórico necessário ao desempenho de suas funções.
Depois de conhecer em detalhes as suas atribuições (que não são poucas), 
o orientador educacional poderá iniciar seu trabalho, traçando metas/objetivos e 
planejando criteriosamente cada passo de sua caminhada, tendo o cuidado de 
não assumir mais funções dentro da escola. 
Figura 7 – Planejando a caminhada
Fonte: Disponível em: <https://www.sewardpublicschools.org/vnews/display.v/
SEC/Our%20District%7CDirections>. Acesso em: 15 jun. 2017.
Por não saber negar um pedido, ou não querer se indispor com os colegas, 
preferindo atender todas as solicitações da equipe, o orientador educacional 
pode sofrer uma sobrecarga de tarefas e ver-se perdido, sem rumo ou direção. É 
preciso manter o foco, como alertam Giacaglia e Penteado (2010, p. 67): 
31
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
Tão e às vezes mais importante que saber quais são as 
atribuições do Or. E. é conhecer quais atribuições não são 
da alçada dele, isto porque ele poderá vir a ser solicitado a 
executar funções ou tarefas não só que não lhe competem, 
como também lhe são vedadas por lei. Dado o caráter 
assistencial de sua atuação profi ssional, o Or. E. pode ser 
solicitado e/ou sentir-se no dever de prestar alguns tipos de 
atendimento que são próprios de outros profi ssionais. 
Após conhecer todas as possibilidades de trabalho e as áreas de atuação do 
orientador educacional, a partir deste momento será compreendida a importância 
deste profi ssional dentro da escola.
Por Que e Para Que ter um 
Orientador Educacional na Escola?
Certamente, há quem questione a importância dos orientadores educacionais 
na escola. Esse fator se deve, muitas vezes, à falta de conhecimento de suas 
funções e atribuições junto à comunidade escolar. De acordo com Pianezzer 
(2013, p. 36):
No momento histórico em que a função social da escola passou 
a ser discutida de maneira a enxergar o aluno como um sujeito 
integral e em pleno desenvolvimento, não focando apenas em 
instrução/preparação para o mercado de trabalho, a Orientação 
Educacional sofreu transformações relevantes e o orientador 
educacional tornou-se presença indispensável na escola. 
O que acontece, em alguns casos, é que por falta de interação, parceria e 
divulgação de seu trabalho junto aos alunos e à comunidade escolar, a presença 
do orientador educacional passa despercebida na escola ou até mesmo 
confundida com os demais profi ssionais que fazem a gestão pedagógica. 
A Orientação Educacional precisa ser atuante na formação dos sujeitos e 
na transformação do ambiente institucional, refl etindo diretamente na comunidade 
escolar.
Para Grinspun (2011, p. 176), a orientação educacional “[...] vai permitir avançar 
- junto com os professores - num conteúdo que possibilite ir além dos conhecimentos 
programados no currículo da escola, atingindo um currículo que esteja comprometido 
com a construção do sujeito/aluno na formação de sua cidadania”.
32
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
A grande missão da Orientação Educacional, atualmente, é diferente do que 
se esperava no passado, pois seu principal objetivo era “ajustar” os alunos que, 
de alguma maneira, não se enquadravam ao que se esperava deles, pois não 
aprendiam ou não sabiam se comportar adequadamente.
Estes alunos, considerados “problemáticos”, eram encaminhados ao 
orientador educacional para que ele “desse um jeito”, utilizando-se de métodos ou 
estratégias didático-pedagógicas ou disciplinares, para resolver a situação.
 Com o passar do tempo, este profi ssional foi ganhando espaço pedagógico, 
objetivando melhorias no processo educativo. Passou a envolver-se com toda 
a comunidade escolar (alunos, pais, gestores e professores), não apenas com 
os alunos considerados “problemáticos”, o que fez dele um conhecedor dos 
diferentes contextos sociais e culturais, capaz de transformar realidades. 
[...] a ação organizacional não depende apenas do desejo 
daqueles que a administram. Ela depende, em grande 
parte, do empenho daqueles que vão pôr em prática as 
decisões, da vontade destes em transformá-la em sucesso. 
(VASCONCELLOS,1996, p. 231). 
Figura 8 – Transformando realidades
Fonte: Disponível em: <https://gestaoescolar.org.br/conteudo/233/o-
papel-do-orientador-educacional>. Acesso em: 15 jun. 2017.
O orientador educacional contemporâneo deve ser “[...] um profi ssional 
competente, interferente, participativo, comprometido, refl exivo, situado 
historicamente”. (URBANETZ; SILVA, 2008, p. 73).
Grinspun (2008, p. 148) apresenta o que ela chama de “doze razões e 
argumentações para a existência desses profi ssionais na escola”, conforme o 
quadro sintetizado a partir disso:
33
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
Quadro 5 – As doze razões
1) A complexidade da vida moderna trouxe para a escola uma complexidade 
específi ca além de sua própria fi nalidade.
2) A problemática dos confl itos sociais e dos dilemas na escola, às vezes, fun-
ciona como único lugar para resolvê-los ou atenuá-los.
3) Os novos conhecimentos e os meios para aquisição desses conhecimentos 
e saberes dispostos na sociedade.
4) A necessidade de se fazer a formação voltada para um sujeito social, e não 
apenas dotar um indivíduo de uma formação escolar. 
5) A educação tem princípios e valores na sua própria dimensão teleológica e, 
portanto, precisa ser percebida não como um rol de disciplinas e programas, 
mas como uma instituição que tem uma fi losofi a própria e específi ca.
6) A dimensão da escola com uma dinâmica própria que precisa ser conhecida, 
compartilhada e entendida em termos de sua cultura escolar.
7) A questão dos currículos em que dois dados são signifi cativos: a interdiscipli-
naridade e a contextualização.
8) O projeto político-pedagógico da escola.
9) As relações pedagógicas que ocorrem no interior da escola e nas suas impli-
cações com os outros fatores da sociedade.
10) A construção do conhecimento aliada à construção de valores e atitudes.
11) A discussão dos dados colocados na sociedade, em especial a questão do 
trabalho.
12) A dimensão da subjetividade, fazendo com que o indivíduo tenha condições 
de receber e vivenciar, além de aspectos cognitivos, os aspectos afetivos/emo-
cionais necessários à sua formação como pessoa.
Fonte: Grinspun (2008, p. 148).
Ter um orientador educacional na escola é um privilégio, pois suas áreas de 
atuação refl etem diretamente na qualidade do trabalho que é desenvolvido na 
instituição. Ele funciona como mediador nos processos educacionais e preocupa-
se com todos os sujeitos que atuam na escola (principalmente com os alunos), 
lançando sobre eles seu olhar pedagógico na busca pela excelência.
[...] A orientação faz um trabalho de interdisciplinaridade entre 
fatos/situações, ações/razões e emoções que levem o indivíduo 
a agir de determinada maneira, ou mesmo a instituição a agir 
de determinada forma. (GRINSPUN, 2008, p. 76)
34
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Quer saber mais? Leia o livro “Supervisão e Orientação 
Educacional: perspectivas de integração na escola”, organizado por 
Mírian Paura S. Zippin Grinspun. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2008. 
Neste livro, você encontrará interessantes sugestões de ações e 
intervenções pedagógicas. Vale a pena conhecer! 
O trabalho do orientador educacional envolve responsabilidade coletiva, 
empatia, solidariedade, respeito às diferenças e postura ética. 
PrincÍPios Éticos do Orientador 
Educacional 
Princípios éticos não se separam do sujeito, ou seja, aquilo que o orientador 
educacional é enquanto pessoa e enquanto profi ssional faz dele um espelho, um 
modelo para todos que o cercam.
Diante desta constatação, reforça-se a importância de o orientador 
educacional manter uma postura exemplar, já que este profi ssional acaba se 
aproximando demais dos alunos, pais e comunidade escolar.
O orientador valoriza a dinâmica das relações e nesse 
sentido estão presentes confl itos, tensões, divergências; 
estão presentes os saberes e as emoções; estão presentes 
as diferenças, as igualdades, os limites e as possibilidades. 
[...] o trabalho do orientador nesta perspectiva é de mediador, 
dinamizador. (GRINSPUN, 2008, p. 79).
Diante disso, será abordado o Código de Ética dos Orientadores 
Educacionais, publicado no Diário Ofi cial de 5 de março de 1979, pois todo 
orientador educacional precisa conhecê-lo para poder vivenciá-lo na prática. 
35
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
CÓDIGO DE ÉTICA DOS ORIENTADORES DO BRASIL
De acordo com a Federação Nacional dos Orientadores 
Educacionais (1979), o presente Código de Ética tem por objetivo 
estabelecer normas de conduta profi ssional para os orientadores 
educacionais. Somente pode intitular-se orientador educacional e, 
nesta qualidade, exercer a profi ssão no Brasil, a pessoa legalmente 
habilitada, nos termos da legislação em vigor.
TÍTULO I
DAS RESPONSABILIDADES GERAIS
CAPÍTULO I
DEVERES FUNDAMENTAIS
Artigo 1º São deveres fundamentais do orientador educacional:
a) Exercer suas funções com elevado padrão de competência, senso de 
responsabilidade, zelo, discrição e honestidade;
b) Atualizar constantemente seus conhecimentos;
c) Colocar-se a serviço do bem comum da sociedade, sem permitir que 
prevaleça qualquer interesse particular ou de classe;
d) Ter uma fi losofi a de vida que permita, pelo amor à verdade e respeito 
à justiça, transmitir segurança e fi rmeza a todos aqueles com quem se 
relaciona profi ssionalmente;
e) Respeitar os códigos sociais e expectativas morais da comunidade em 
que trabalha;
f) Assumir somente a responsabilidade de tarefas para as quais esteja 
capacitado, recorrendo a outros especialistas sempre que necessário;
g) Lutar pela expansão da Orientação Educacional e defender a profi ssão;
h) Respeitar a dignidade e os direitos fundamentais da pessoa humana;
i) Prestar serviços profi ssionais desinteressadamente em campanhas 
educativas e situações de emergência, dentro de suas possibilidades.
CAPÍTULO II
IMPEDIMENTOS
Artigo 2º Ao orientador educacional é vedado:
36
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
a) encaminhar o orientando a outros profi ssionais, visando a fi ns 
lucrativos;
b) aceitar remuneração incompatível com a dignidade da profi ssão;
c) atender casos em que esteja emocionalmente envolvido, por certos 
fatores pessoais ou relações íntimas;
d) dar aconselhamento individual através da imprensa falada e/ou 
escrita;
e) desviar, para atendimento particular próprio, os casos da instituição 
onde trabalha;
f) favorecer, de qualquer forma, pessoa que exerça ilegalmente e, 
em desacordo a este Código de Ética, a profi ssão de orientador 
educacional.
CAPÍTULO III
DO SIGILO PROFISSIONAL
Artigo 3º Guardar sigilo de tudo que tem conhecimento, como 
decorrência de sua atividade profi ssional, que possa prejudicar o 
orientando.
§ Único Será admissível a quebra do sigilo quando se tratar de 
caso que constitua perigo iminente:
a) para o orientando;
b) para terceiros.
Artigo 4º Assegurar que qualquer informação sobre o orientando 
só seja comunicada à pessoa que a utilize para fi ns profi ssionais, 
com a autorização escrita por parte do mesmo, se maior, ou dos pais, 
se menor.
TÍTULO II
DAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS
CAPÍTULO I
COM O ORIENTANDO
Artigo 5º Esclarecer ao orientando os objetivos da Orientação 
Educacional, garantindo-lhe o direito de aceitar ou não sua 
assistência profi ssional.
Artigo 6º Proteger a identidade do orientando, assegurando o 
sigilo dos dados que lhe dizem respeito.
37
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
Artigo 7º Promover assistência contínua, sem interrupção, 
exceto por motivos relevantes.
Artigo 8º Usar quando necessário, e com a devida cautela, 
instrumentos de medidas-teste de nível mental, de interesse, de 
aptidão e escalas de atitudes como técnicas pertinentes ao trabalho 
do orientador educacional.
CAPÍTULO II
COM OS ORIENTADORES EDUCACIONAIS
Artigo 9º Abster-se de interferir junto ao orientando, cujo 
processode orientação educacional esteja a cargo de um colega, 
salvo quando solicitado.
Artigo 10º Dispensar a seus colegas apreço, consideração e 
solidariedade, que refl itam a harmonia da classe.
§ Único O espírito de solidariedade não pode induzir o orientador 
a ser conivente com conduta profi ssional inadequada do colega.
CAPÍTULO III
COM OUTROS PROFISSIONAIS
Artigo 11º Desenvolver bom relacionamento com os componentes 
de outras categorias profi ssionais.
Artigo 12º Reconhecer os casos pertinentes aos demais campos 
de especialização, encaminhando-os aos profi ssionais competentes.
CAPÍTULO IV
COM A INSTITUIÇÃO EMPREGADORA
Artigo 13º Respeitar as posições fi losófi cas, políticas e 
religiosas da instituição em que trabalha, tendo em vista o princípio 
constitucional de autodeterminação.
Artigo 14º Realizar seu trabalho em conformidade com as 
normas propostas pela instituição e conhecidas no ato de admissão, 
procurando o crescimento e a integração de todos.
38
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
CAPÍTULO V
COM A COMUNIDADE
Artigo 15º Facilitar o bom relacionamento Instituição X 
comunidade.
Artigo 16º Respeitar os direitos da família na educação do 
orientando.
Artigo 17º Empenhar-se por uma crescente aproximação entre a 
família e a instituição.
CAPÍTULO VI
COM A ENTIDADE DE CLASSE
Artigo 18º Procurar fi liar-se à entidade de classe.
Artigo 19º Colaborar com órgãos representativos de sua classe, 
zelando pelos seus dirigentes e jamais se escusando de prestar-lhes 
colaboração, salvo por justa causa.
Artigo 20º Comunicar à entidade de classe competente os 
casos de exercício ilegal da profi ssão ou de conduta profi ssional em 
desacordo com este Código.
TÍTULO III
DO TRABALHO CIENTÍFICO
CAPÍTULO I
DA DIVULGAÇÃO
Artigo 21º Divulgar resultados de investigações e experiências, 
quando isso importar em benefício do desenvolvimento educacional.
Artigo 22º Observar, nas divulgações dos trabalhos científi cos, 
as seguintes normas:
a) omitir a identifi cação do orientando;
b) seguir as normas estabelecidas pelas instituições que 
regulam as publicações científi cas.
39
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
TÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO I
DA DIVULGAÇÃO E CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DE ÉTICA
Artigo 23º Divulgar este Código de Ética é obrigação das 
entidades de classe.
Artigo 24º Transmitir os preceitos deste Código de Ética aos 
estudantes de Orientação Educacional é dever das instituições 
responsáveis pela sua formação.
Artigo 25º Fazer cumprir, fi scalizar, prever e aplicar as penalidades 
aos infratores deste Código de Ética é competência exclusiva dos 
Conselhos Federal e Regionais de Orientação Educacional.
Artigo 26º Este Código de Ética entrará em vigor após a sua 
publicação no Diário Ofi cial da União.
Fonte: FEDERAÇÃO NACIONAL DOS ORIENTADORES EDUCACIONAIS. 
ATA n. 88. In: Livro de Atas, folhas 59-62, 1978. v. 2. Publicado no Diário 
Ofi cial [República Federativa do Brasil], em 5 de março de 1979.
Atividades de Estudos:
1) Depois de estudar a respeito das atribuições do orientador 
educacional, apresente e comente pelo menos cinco delas no 
exercício de sua função:
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
2) Faça um breve esquema diferenciando os objetivos da Orientação 
Educacional quando ela surgiu no Brasil e como se confi gura 
atualmente.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
______________________________________________________
_______________________________________________________
40
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
3) O orientador educacional necessita atualizar-se constantemente, 
manter um olhar compreensivo e sensível diante de cada nova 
situação ou problema e, além de tudo isso, manter-se numa 
postura ética. O que signifi ca isso? Escreva o que você entendeu:
__________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
AlGumas ConsideraçÕes
Neste primeiro capítulo, estudamos um pouco da história da Orientação 
Educacional e vimos como foi evoluindo, especialmente com o marco da 
Revolução Industrial, quando a escola deixou de ser um espaço ocupado 
prioritariamente pela elite e passou a atender a outras camadas da população 
consideradas menos favorecidas, mas que a partir daquele momento e de acordo 
com os interesses da sociedade, passaria a receber instrução. 
Neste novo contexto da história, coube então à OE a responsabilidade de 
“orientar/treinar” as crianças para o trabalho, voltada à orientação profi ssional/
vocacional (no fi nal do século XIX, primeiramente nos EUA e na França, 
espalhando-se posteriormente para outros países, inclusive no Brasil), quando 
seu principal objetivo era encontrar e/ou preparar as pessoas certas para 
ocuparem os lugares certos. Com o passar do tempo, os alunos deixaram de ser 
vistos apenas como mão de obra futura, para serem vistos como seres em pleno 
desenvolvimento e em busca de felicidade.
 Além disso, compreendemos a importância da qualifi cação deste 
profi ssional da Educação, formado no curso de Pedagogia, em nível de graduação 
ou especialista na área, em nível de pós-graduação.
Percebemos que a Orientação Educacional sofreu transformações relevantes 
e o orientador educacional tornou-se presença indispensável na escola. Saber o 
que pensam seus alunos; assessorar os professores; compreender a expectativa 
dos pais em relação aos fi lhos e à escola; estar disposto a transformar realidades, 
respeitando os contextos sociais e culturais da comunidade, passaram a ser os 
novos desafi os do orientador educacional a partir de então.
41
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITO E TRAJETÓRIA 
HISTÓRICA
 Capítulo 1 
E, por fi m, destacamos o papel dos princípios éticos do orientador 
educacional, pois ele acaba se aproximando e se expondo demais diante dos 
alunos, dos pais e da comunidade escolar, tornando-se um “modelo” de pessoa, 
tanto dentro da escola, quanto fora dela.
Esperamos que tenha gostado de trilhar seu caminho conosco até aqui, pois 
ainda temos muito a aprender. Continue fi rme em seus estudos. Muito obrigada e 
até o segundo capítulo! 
ReFerÊncias
ANDRADE, L. Atribuições do Orientador Educacional na Rede Pública de Ensino 
do Distrito Federal. Orientação Educacional em Ação. SEEDF, dez. 2010. Dis-
ponível em: <http://orientacaoeducacionalemacao.blogspot.com.br/p/atribuicoes-
do-oe-no-distrito-federal.html>. Acesso em: 24 jun. 2017.
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS ORIENTADORES EDUCACIONAIS. Ata n. 88. 
In: Livro de Atas, folhas 59-62, 1978. v. 2. Publicado no Diário Ofi cial [República 
Federativa do Brasil], 5 mar. 1979.
GARCIA, R. L. (Org.) Orientação educacional: o trabalho na escola. São Paulo: 
Loyola, 1990.
GIACAGLIA, L. R. A.; PENTEADO, W. M. A. Orientação educacional na prática: 
princípios, histórico, legislação, técnicas e instrumentos. 6. ed. São Paulo: Cen-
gage Learning, 2010.
GRINSPUN, M. P. S. Z. A prática do orientador educacional. São Paulo: Cortez, 
1994.
____. (Org.). Supervisão e orientação educacional: perspectivas de integração 
na escola. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
____. A orientação educacional: confl ito de paradigmas e alternativas para a 
escola. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
MOREIRA, A. F; SILVA, T. T. (Orgs.) Cultura popular e pedagogia crítica: a vida 
cotidiana com base para o conhecimento curricular. In: Currículo e programas no 
Brasil. São Paulo: Papirus, 1996. 
42
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONALNÉRICI, I. G. Introdução à supervisão educacional. 5. ed. São Paulo: Atlas, 
1986. 
PENTEADO, W. M. A. Fundamentos de orientação educacional. São Paulo: 
EPU, 1976.
PIANEZZER, L. C. M. Orientação educacional. Indaial: Uniasselvi, 2013.
URBANETZ, S. T.; SILVA, S. Z. Orientação e supervisão escolar: caminhos e 
perspectivas. Curitiba: Ibpex, 2008.
VASCONCELLOS, J. G. M. O coronelismo nas organizações: a gênese da 
gerência autoritária brasileira. In: Recursos Humanos e Subjetividade. Petrópolis: 
Vozes, 1996.
VYGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003.
CAPÍTULO 2
A Formação do Orientador: Gestor 
no Contexto da Atualidade
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Reconhecer as características necessárias a um orientador educacional da 
atualidade.
 Estabelecer relação entre a teoria e a prática nas áreas de atuação do 
orientador.
 Perceber a preocupação com o processo ensino-aprendizagem, envolvendo 
alunos e professores.
 Conhecer o Serviço de Orientação Educacional (SOE) e sua aplicabilidade.
 Aprender estratégias e técnicas de intervenção para auxiliar alunos e 
professores a atingirem seus objetivos.
44
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
45
A FORMAÇÃO DO ORIENTADOR: GESTOR NO CONTEXTO 
DA ATUALIDADE
 Capítulo 2 
ContextualiZação
No capítulo anterior, realizamos uma viagem no tempo para compreender o 
surgimento e os objetivos da Orientação Educacional até chegar ao que é hoje. 
Fizemos a mesma caminhada histórica em relação às atribuições do orientador 
que, ao longo do tempo, teve sua função aprimorada, ou seja, passou a ter uma 
dimensão mais ampla de seu papel dentro da escola, focando no desenvolvimento 
integral dos sujeitos.
Neste capítulo, o orientador educacional será nosso foco de atenção, pois 
conheceremos as características necessárias a este gestor no contexto da 
atualidade.
Além disso, compreenderemos sua preocupação com o processo de ensino-
aprendizagem; suas estratégias de liderança e de acompanhamento a alunos e 
professores e os desafi os que ele terá de enfrentar na escola contemporânea, 
como indisciplina, drogas, bullying, entre outros. 
Ao fi nal do capítulo, tomaremos conhecimento a respeito do Serviço de 
Orientação Educacional (SOE), compreendendo sua funcionalidade dentro da 
escola.
 Bons estudos!
CaracterÍsticas de um Orientador 
Educacional ContemPorÂneo
O orientador educacional contemporâneo necessita ser um profi ssional 
especial, pois deve trabalhar pelo bem-estar dos alunos.
Partindo desse pressuposto, deve oferecer-lhes suporte e assistência nos 
diferentes aspectos de sua vida, dentro e fora da escola, pois fatores psicológicos, 
problemas emocionais ou biológicos certamente causarão interferência em sua 
aprendizagem. 
Vale lembrar que nem tudo estará ao alcance deste profi ssional, mas 
perceber a necessidade e fazer os devidos encaminhamentos também faz parte 
de suas atribuições. 
46
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Figura 9 – O que o orientador educacional precisa
Fonte: Pianezzer (2013, p. 20).
Atividade de Estudos:
1) Ser líder exemplar, o que signifi ca isso para você? 
_______________________________________________________
_______________________________________________________
______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
Giacaglia e Penteado (2010, p. 61) buscam auxiliar na compreensão do 
conceito de liderança, pois elas afi rmam que há basicamente três tipos:
a) a autoritária, em que o líder se impõe e é acatado pelo medo que 
desperta nos seus liderados; 
b) a do tipo laissez-faire, em que o líder se caracteriza por ser omisso, 
pouco engajado, fugindo de situações difíceis e que, portanto, não se 
impõe, é ignorado pelos alunos e por toda a comunidade, mantendo-se 
pela titulação e pela força de seu cargo; 
• Gostar de lidar com todo tipo de gente, com as diferentes idade e 
ser desprovido de qualquer preconceito.
• Servir à comunidade escolar, auxiliando todos os alunos, não 
apenas os que apresentarem difi culdades de aprendizagem.
• Saber ouvir, compreender, aceitar, aconselhar e, 
especialmente, respeitar as pessoas que fazem parte de seu 
contexto educacional.
• Exercer uma liderança democrática, cooperativa e participativa.
• Estabelecer parceria com os pais e com a comunidade, dentro e 
fora da escola.
• Ser líder exemplar e conquistar o respeito de seus orientados, sem 
ser autoritário.
47
A FORMAÇÃO DO ORIENTADOR: GESTOR NO CONTEXTO 
DA ATUALIDADE
 Capítulo 2 
c) e a liderança democrática, em que o líder consegue: 
– a adesão voluntária das pessoas com quem tem de interagir; 
– a confi ança e a colaboração delas, graças à sua personalidade, à 
qualidade de seu trabalho e ao tipo de liderança consensual que 
consegue estabelecer na comunidade, tanto dentro como fora da escola, 
em relação a todos, ou a maior parte de seus membros. 
A liderança recomendável para o orientador educacional da atualidade é a do 
tipo democrática. 
Para ser líder democrático, precisa-se possibilitar que todos “tenham direito 
a vez e voz; sintam-se parte integrante do processo educativo; possam ajudar a 
gerir a instituição escolar e contribuam na tomada de decisões e na defi nição de 
estratégias” (PIANEZZER, 2013, p. 22). 
Se a questão da Gestão Democrática lhe desperta grande 
interesse, não se preocupe! Falaremos mais sobre esta postura no 
terceiro capítulo deste caderno de estudos, aguarde! 
Além de ser um líder democrático, o orientador educacional da atualidade 
precisa apresentar as seguintes características:
• ser consciente de seu papel, mantendo postura ética e profi ssional;
• gostar de ajudar, pois precisará atuar com alunos, pais, professores e comu-
nidade em geral;
• não ter medo de novos desafi os, pois é preciso enfrentá-los com segurança; 
• ser imparcial e justo na tomada de decisões (ninguém gosta de se sentir 
injustiçado);
• estar atento às novidades tecnológicas e às atualidades da vida, para man-
ter-se informado e levar o que acontece no mundo para dentro da escola, 
tornando-a mais interessante;
• ser agente de mudança (sentindo-se responsável pela busca do bem-estar 
de todos), com otimismo e criatividade;
48
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
• colaborar para o bom clima institucional, possibilitando que a escola seja um 
lugar de gente alegre e solidária, em que a confi ança e a união prevaleçam;
• ser pesquisador de comportamentos, estudioso da legislação e um profi s-
sional que busca atualização constante a fi m de sentir-se preparado para os 
desafi os da profi ssão. 
Além destas características, Grinspun (1994, p. 81) apresenta mais algumas:
• refl etir e analisar o espaço da orientação segundo uma visão abrangente e 
contínua oferecida pela história do pensamento;
• perceber que a dialética social impõe ao orientador uma visão mais crítica e 
um posicionamento mais preciso de suas funções frente à própria sociedade 
e caminhar em direção a ela;
• utilizar-se de uma metodologia fi losófi ca para interpretar as características 
do orientando, os valores de sua época e sua própria natureza;
• valer-se de uma postura fi losófi ca, podendo-se, dessa forma, construir o 
suporte teórico necessário ao desempenho de suas funções.
Folberg (1984, p. 21) afi rma que:
Para o desempenho responsável de seu papel como 
profi ssional, é necessário, além do comprometimento pessoal, 
conhecer as atividades inerentes à sua função, a legislação 
em que se apoia, seus direitos e deveres. Quando não há este 
conhecimento, podem ocorrer confl itos de papéis, levando a 
um sentimento de menos valia profi ssional e pessoal.
Como já visto no capítulo anterior, são muitas as áreas de atuação do 
orientador educacional,não obstante, ele ainda é solicitado para a realização 
de outras tarefas (que não lhe competem), gerando um excesso de funções e, 
consequentemente, a falta de tempo para os assuntos que de fato sejam de sua 
competência e responsabilidade.
49
A FORMAÇÃO DO ORIENTADOR: GESTOR NO CONTEXTO 
DA ATUALIDADE
 Capítulo 2 
Figura 10 – Excesso de funções
Fonte: Disponível em: <http://sinpra.blogspot.com.br/>. Acesso em: 16 jun. 2017.
Ressalta-se que o orientador educacional pode auxiliar nas demandas 
da escola na medida do possível e mediante as necessidades da instituição 
naquele dado momento, mas que esta não seja a regra, pois ele não deve servir 
de “bombeiro – apagando incêndios”; nem ser o “quebrador de galhos” e, muito 
menos, o “faz tudo”. Ele tem formação específi ca e, como tal, precisa ter sua 
identifi cação profi ssional respeitada.
O orientador educacional deve ser o agente de informação 
qualifi cado para a ação nas relações interpessoais dentro 
da escola, adotando a prática da refl exão permanente com 
professores, alunos e pais a fi m de que eles encontrem 
estratégias para o manejo de problemas recorrentes. 
Esse profi ssional não deve assumir posturas isoladas, 
pois a excelência de seu papel é a mediação qualifi cada 
(CONCEIÇÃO, 2011, p. 49).
A partir do que já foi visto até o momento, o papel do orientador educacional 
vem sendo delineado, compreendido e valorizado, pois “[...] há necessidade, hoje, 
de se ter na escola um profi ssional que além de ensinar ou ensinar a aprender 
a aprender, ajude o aluno a fazer as novas leituras que o mundo está a exigir de 
forma crítica, investigativa e refl exiva” (GRINSPUN, 2008, p. 86, grifos no original).
Com base em Grinspun (2008, p. 86-95), a seguir, uma lista de ações que 
representam as diferentes atribuições do orientador educacional: 
• formar alunos mais críticos e cidadãos;
• valorizar emoções, valores, afetos e sentimentos;
50
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
• auxiliar o trabalho efetivo de uma educação de qualidade;
• ajudar os agentes da escola a compreenderem e buscarem sua verdadeira 
missão, mesmo num mundo repleto de contradições e desafi os;
• atuar com os demais professores da escola;
• participar de projetos coletivos em prol de uma educação transformadora;
• argumentar, discutir e refl etir sobre as problemáticas existentes;
• tornar o aluno mais crítico e consciente na sociedade, evidenciando os con-
ceitos de parceria, coletividade, solidariedade, num país que se almeja ser 
mais justo, mais humano e mais solidário;
• voltar seu trabalho para a formação do cidadão;
• contribuir para um novo momento da escola, das instituições, agindo coleti-
vamente em prol de uma transformação desejada;
• buscar uma visão mais completa da realidade e do sujeito, caminhando 
junto aos que buscam educação de melhor qualidade e, se possível, numa 
dimensão mais ampla de um mundo melhor;
• estabelecer papel integrador, mediador e, principalmente, de interdisciplin-
aridade entre o saber e o fazer, entre o ter e o ser, entre o querer e o poder;
• articular e mediar a prática educativa;
• construir projetos dentro do projeto político-pedagógico da escola;
• superar difi culdades e construir espaços participativos;
• discutir temas polêmicos com os alunos, como: drogas, violência, aids, éti-
ca, sexualidade, entre outros;
• ser pesquisador da realidade;
• desenvolver trabalhos/atividades a partir da realidade, tentando trans-
formá-la;
• ajudar, propor, provocar, instigar;
• apoiar iniciativas de mudança, confi ar no grupo e pesquisar a própria prática;
• criar espaços para ouvir e entender os anseios dos alunos;
• estabelecer bons relacionamentos na escola, discutir a questão de vínculos 
e promover a refl exão com e dos alunos;
51
A FORMAÇÃO DO ORIENTADOR: GESTOR NO CONTEXTO 
DA ATUALIDADE
 Capítulo 2 
• organizar reuniões que podem ser momentos de: partilha, dúvidas ou 
angústias; troca de experiências; descobertas; sistematização da própria 
prática; estudos e pesquisa; discussão de temas da atualidade; revisão de 
normas/critérios; organização de eventos; participação de fóruns internos 
e externos; discussão de temáticas da escola; organização de atividades 
complementares ao projeto pedagógico, criação de alternativas para vencer 
obstáculos/difi culdades etc.
Depois de se conhecer as características do orientador educacional, 
chegou o momento de se saber como ele atua, mediante o processo de ensino-
aprendizagem, junto aos alunos e professores. 
O Orientador Educacional e o 
Processo de Ensino-APrendiZaGem
Conforme a trajetória histórica do orientador, deixou de se preocupar, 
basicamente, com o ajustamento do aluno à escola e à sociedade para focar 
na transformação do sujeito e da sociedade, pelo viés do conhecimento, numa 
postura mais dialógica, democrática e pedagógica.
De acordo com Grinspun (2008, p. 70): “A Orientação Educacional é parte de 
um todo, faz parte da escola que com ela interage permanentemente, assim como 
com a própria sociedade”. 
Figura 11 – Orientação educacional e a inter-relação com a sociedade
Fonte: A autora.
52
 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
A sociedade e a escola interagem coletivamente, em prol da educação 
integral das crianças – futuros cidadãos –, que devolverão à sociedade tudo o que 
aprenderam na escola, com a mediação do orientador educacional numa inter-
relação proativa, cooperativa e participativa. 
Para sua melhor compreensão, Grinspun (2008, p. 77) apresenta um quadro 
explicativo a partir da fi gura anterior, em que “[...] as partes interferem no todo e o 
todo se dilui nas partes”:
Quadro 6 – As partes do todo
SOCIEDADE EDUCAÇÃO ESCOLA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Social Política Organização civil Papéis
Política Legislação Tipo de escola Mediação (escola/sociedade)
Cultural Valores Relações de poder
Articulação 
(professores/
alunos/Direção)
Econômica Teorias Gestão da escola
Integração
(particular/geral/
particular)
Histórica Dados estatísticos
Relações 
pedagógicas Ações
Questões 
locais Planejamento Difi culdades/confl itos Aluno
Questões 
mundiais Educação formal
Aspectos técnicos 
administrativos
Conhecimento de si 
e de sua realidade
Tecnologia Educação informal Currículo escolar
Construção da 
subjetividade.
Educação 
Profi ssional
Projeto político-
pedagógico
Fonte: Grinspun (2008, p. 77).
Analisando o quadro anterior, pode-se concluir que “o orientador educacional 
é o responsável pela articulação do trabalho pedagógico desenvolvido na escola 
em prol dos alunos e de uma educação de qualidade que refl etirá em mudança/
transformação da sociedade” (PIANEZZER, 2013, p. 87).
A escola atual enfrenta grandes desafi os; a família delega à escola cada vez 
mais responsabilidades; a sociedade espera que ela devolva sujeitos críticos, 
autônomos e instruídos, e o orientador educacional precisa entrar em ação para 
que tudo isso aconteça.
53
A FORMAÇÃO DO ORIENTADOR: GESTOR NO CONTEXTO 
DA ATUALIDADE
 Capítulo 2 
A Orientação Educacional desenvolvida na escola interfere, 
então, no seu projeto, enquanto dele participa sendo seu 
principal papel o da mediação, que deve ser percebido como 
a articulação/explicitação, o desvelamento necessário entre o 
real e o desejado, entre o contexto e a cultura escolar, entre o 
concreto e o simbólico, entre a realidade e as representações 
sociais que fazem os protagonistas da prática escolar 
(GRINSPUN, 2008, p. 70-71).
Não é fácil orientar crianças e adolescentes em um mundo altamente 
tecnológico, complexo e adverso, mas é preciso comprometer-se com a formação 
integral do sujeito, conhecendo suas angústias e necessidades.
Hoje a Orientação Educacional – como já nos referimos – tem o 
papel de mediação na escola para analisar, discutir, refl etir com 
e para todos que atuam na escola – em especial os alunos, 
não com um tom preventivo, corretivo, mas com um olhar 
pedagógico. Mais importante do que resolver

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