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PLANEJAMENTO INSTITUCIONAL Autoras: Aracy Santos Sens Rita de Cássia Santos Vanin Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald Profa. Jociane Stolf Revisão de Conteúdo: Vera Lúcia dos Passos Fagundes Revisão Gramatical: Márcia Maria Junkes Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci 658.5 S547a Sens, Aracy Santos. Planejamento Institucional / Aracy Santos Sens (e) Rita de Cássia Santos Vanin. Centro Universitário Leonardo da Vinci – Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2009.x ; 88 p.: il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-777-6 1. Planejamento. I. Vanin, Rita de Cássia Santos. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Programa de Pós-Graduação EAD. III Título. Reimpressão setembro/2012 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090 Copyright © UNIASSELVI 2009 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Aracy Santos Sens Possui graduação em História pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Palmas, PR, 1978, especialização em Psicopedagogia e Metodologia do Ensino da Geografia e mestrado em Educação e Cultura pela Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC-2004. Atualmente é professora do Ensino Superior, do Ensino Médio e do Instituto Catarinense de Pós-Graduação (ICPG). Docente em cursos de formação continuada para profissionais em Educação. Autora da “Proposta de Estudos Sociais para o Programa de Alfabetização Solidária” CEREJA (Centro de Educação de Adultos) Brasília-DF (2004). Rita de Cássia Santos Vanin Possui graduação em Pedagogia – Administração Escolar pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (1981), especialização em Metodologia de Ensino pelo Centro Universitário de Jaraguá do Sul – UNERJ (1993), mestrado em Educação – com ênfase na formação do educador para a gestão pela PUC/PR (2001). Atualmente é administradora escolar em instituição pública estadual, em Jaraguá do Sul. Tem experiência na área da educação superior com ênfase na Estrutura e Funcionamento de Ensino; Disciplina e Indisciplina nos paradigmas vigentes; Administração: teoria e prática; Avaliação Institucional e Metodologia da Pesquisa. Trabalhos apresentados na Universidade de Lisboa (Portugal) em 2003 e Anped – Sul, em 2000, entre outros. E, atualmente, cursando Doutorado em Educação. Sumário APRESENTAÇÃO ....................................................................7 CAPÍTULO 1 Planejamento inStitucional: eSfera Pública e Privada .......................................................... 9 CAPÍTULO 2 Planejamento eStratégico na educação ................................. 27 CAPÍTULO 3 Projeto Político Pedagógico: o cérebro e o coração da eScola ......................................... 47 CAPÍTULO 4 avaliação inStitucional ............................................................67 7 APRESENTAÇÃO Planejamento é uma ação inerente a qualquer ser humano. Planejar é uma atividade mestra no seio da educação formal. Esse ato incorporado pela escola tende a evitar a improvisação, estabelecer caminhos que possam nortear mais apropriadamente a execução da ação educativa e sistematizar o acompanhamento e a avaliação da própria ação. A disciplina que está iniciando tem o propósito de apresentar argumentos teóricos e práticos que favoreçam à execução do Planejamento e da Avaliação Institucional na escola de maneira dialógica e coletiva buscando com isso, a confirmação da sua eficiência na condução do processo gestor e pedagógico da Instituição de Ensino. O primeiro capítulo aborda o Planejamento Institucional de maneira sistêmica no contexto educacional. Procura apresentar a disciplina, as concepções conceituais e alguns elementos de historicidade e os aspectos legais que norteiam o Planejamento Institucional no ambiente escolar. Pontua que ao elaborar o Planejamento é preciso ter em mente, qual a natureza jurídica da escola. Para tanto, é importante conhecer os procedimentos cabíveis que diferenciam o Planejamento na Instituição Pública e na Instituição Privada. O Segundo Capítulo traz um novo olhar sobre o Planejamento Estratégico, como um procedimento integrante do Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE. O Planejamento Estratégico nasceu no berço do mercado produtivo e foi trazido para o seio da escola como um rico incremento para se estabelecer parâmetros para ação e alcance de objetivos de maneira eficaz. Por esse motivo, é mister que conheçamos os meandros do saber/fazer do Planejamento Estratégico e verificar a sua real importância na linha diretiva da e na escola. Com as informações colhidas no capítulo anterior, você caro estudante, poderá estabelecer um comparativo, não apenas semântico, mas no real da sua prática cotidiana. É com esse intuito que o Terceiro Capítulo apresenta aspectos teóricos e de aplicação do Projeto Político-Pedagógico. Oferece subsídios norteadores que farão a lembrança do que já foi visto na graduação ser compreendido e construído na unidade escolar sob uma motivação maior. O Quarto Capítulo discute a Avaliação Institucional no âmbito escolar como construção da identidade própria da escola. É algo recente, até mesmo no âmbito da graduação, e era somente difundida em larga escala na pós-graduação. Atenha-se a aprofundar o assunto, pois em breve, você poderá aplicar na escola onde atua ou pretende atuar. As autoras. CAPÍTULO 1 Planejamento inStitucional: eSfera Pública e Privada A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Conceituar Planejamento Institucional e identificar os diferentes níveis. 3 Entender a importância do Planejamento Participativo como mecanismo para o Planejamento Institucional. 3 Conhecer alguns elementos de historicidade do Planejamento da Educação no Brasil. 3 Identificar mecanismos do processo de produção do Planejamento Institucional. 3 Definir Público e Privado e verificar o que difere a aplicação do Planejamento Institucional na esfera pública e privada. 11 Planejamento InstItucIonal: esfera PúblIca e PrIvada Capítulo 1 contextualização O capítulo 1 que você está iniciando tem como princípio básico desmistificar estigmas existentes sobre o ato de planejar. Planejar, ação eminentemente política, possui no seu viés condutor as projeções que por ele se expressa. O que faz dele um mecanismo de dominação ou de libertação. Depende do olhar de quem o elabora. Seguindo esse raciocínio, você é também, “objeto e sujeito” deste planejamento por nós elaborado. Somos seres eminentemente pensantes. Se não pensarmos a forma do nosso planejar, alguém o fará por nós. Nesse caso, seremos objetos de ação idealizada por outrem, segundo a ideologia e a visão política desse alguém. Percebeu o grau de importância da ação planejada? O homem, o profissional, as instituições, em especial a instituição educacional, na busca de traçar os caminhos viáveis para obter êxito na investida, isto é, no que pretende alcançar, elaboram planejamento. As ações pensadas e realizadas estão imbricadas na sua concepção e na forma como se dá o planejamento. O resultado do processo trilhado oferece ao caminhante o panorama real do grau de eficiência do planejamento elaborado. É oportuno afirmar que, na esfera institucional, ainda persistem resistências em transpor para a escrita, o traçado real a ser cumprido pela escola devido à doato de planejar. Vasconcellos (2006, p.13) corrobora com essa expressão “visão distorcida” nos dados apresentados referente à uma pesquisa de campo; e, posteriormente publicada, relatando, que “O planejamento é uma estruturação inútil. É um papel que permanecerá no arquivo; não é consultado e muito menos levado a sério. [...] fica só na gaveta [...]”. Seguindo a mesma ideia Menegolla (2001, p.39) ressaltava que “... planejar por planejar tem se tornado realidade da vida escolar”. Todavia, não é por ignorância ou inoperância da ação planejada, que encontramos dados como os apresentados anteriormente, mas, por uma questão histórica da visão de planejamento que permeia a formação do profissional da educação, que vê no planejamento, apenas, um processo formal de expor sua intenção do saber/ fazer à Instituição Educacional. O homem, o profissional, as instituições, em especial a instituição educacional, na busca de traçar os caminhos viáveis para obter êxito na investida, isto é, no que pretende alcançar, elaboram planejamento. (FREIRE, 1987, p. 83-84). 12 Planejamento Institucional No processo da gestão de Instituições, sejam elas públicas ou privadas, o planejamento é a ação mor. Por esse motivo, é mister que dialoguemos, por meio deste instrumento didático, as etapas compostas pela definição do termo. Bem como, os elementos de historicidade que formaram a ideia de planejamento e por fim, conceber um outro olhar da ação, na ação e sobre a ação de planejamento. Uma vez que, vem contribuir para a compreensão do saber-fazer a gestão da/na instituição. Então, convido você para irmos além destas questões, quando e onde traremos à baila instâncias públicas e privadas e, refletiremos a respeito do movimento que envolve o processo, com as intenções e a necessidade de se manter ativo no ato de planejar. conceituação e definição do Planejamento inStitucional na eSfera Pública e Privada Planejamento Institucional é a integração entre planejamento e execução em todos os níveis. A escola é a instância de formação e informação sistematizada que se aprimorou no discurso falado e escrita das teorias de planejamento e sobre o ato de planejar. Todos os setores da instituição educacional devem ser planejados. A direção, a supervisão, os docentes, os estudantes, enfim, a comunidade escolar deve elaborar seu planejamento. Planejar para qualificar a escola. No Capítulo 4 abordaremos a avaliação e qualidade como conceitos indissociáveis do Planejamento Institucional. Nosso compromisso neste estudo é, inicialmente, debruçarmos na mobilização de desmistificar a ação de planejar, buscando alguns conceitos que irão clarificar a ideia de planejamento, por múltiplos olhares, como os de (KANT apud, ZAINKO, 2000, p.127) que nos convoca a refletir que “... todo conhecimento humano começa com intuições, eleva-se até conceitos e termina com ideias”. Sendo assim, o caminho é construído no caminhar e se quisermos que este caminho seja claro, bem traçado, vislumbrando horizontes, precisamos planejar a nossa ação. Gandin (1995, p.9) reforça esta expressão ao afirmar que “não 13 Planejamento InstItucIonal: esfera PúblIca e PrIvada Capítulo 1 se compreende todo o caminho num grande e único passo: novas estradas se abrem quando se persiste no caminhar“. É por meio do planejamento persistente que se consegue prever com clareza o traçado de nossas ações presentes com perspectivas futuras que poderão interferir e/ou criar novas situações, sem perder de vista a avaliação das ações já realizadas para recriar sempre novas ações e ou reforçar as que apresentaram resultados satisfatórios. Mas, o que é mesmo planejamento? Vejamos a opinião de alguns autores na área: Planejamento “é uma questão de respeito a si e ao grupo; ao não nos dedicarmos ao planejar, desvalorizamos nossa própria atividade. É também uma questão de ética, de responsabilidade por uma tarefa que assumimos e nos é delegada socialmente” (VASCONCELLOS, 2006, p. 62). Planejamento “é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas, em prazos determinados e etapas definidas a partir dos resultados das avaliações” (PADILHA, 2001, p. 30). Planejamento “é um ato de intervenção técnica e política, seria essencial que o profissional por ele responsável (planejador) estivesse preparado para manter uma articulação permanente a fim de estabelecer coordenação entre a esfera técnica, o nível político e o corpo burocrático” (CALAZANS, in KUENZER, 1996, p.15). Planejamento nada mais é do que “um modelo teórico para a ação. Propõe-se a organizar o sistema econômico, social ou educacional, a partir de certas hipóteses sobre a realidade para onde está focada sua intervenção” (GANDIN, 1995, p. 45). ... prever o que se quer alcançar, com que elementos, com quais estratégias e para que, buscando uma resposta segura para idéias e ideais previstos, através de um questionamento global sobre a melhor maneira de concretizarmos o que pretendemos. [...] de forma integrada e inteirada, a fim de que a canalização da idéia para ação se processe com uma margem mínima de desvios (SANT’ANNA, 1998, p.153). Em síntese, podemos afirmar que planejar é refletir sobre a realidade. É perceber as necessidades, re-significar o trabalho, buscar Planejar é refletir sobre a realidade. É perceber as necessidades, resignificar o trabalho, buscar formas de enfrentamento e comprometer- se com a transformação da prática.(FREIRE, 1987, p. 83-84). 14 Planejamento Institucional formas de enfrentamento e comprometer-se com a transformação da prática. Enfim, planejar está associado à ideia de preparação, pensar a prática, organizar ideias e controle do futuro a partir do presente, através da reflexão sistemática sobre a realidade a enfrentar e os objetivos a atingir. Não há mudança sem direção; portanto, ao planejar é preciso que se saiba onde se pretende chegar! Atividade de Estudos: 1) A partir dos conceitos apresentados elabore um conceito próprio de Planejamento. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Utilizamos para a Educação Básica Escolar as indicações de Vasconcellos (2006, p. 53-54) para a melhor compreensão dos diferentes níveis de planejamento: • Planejamento do Sistema de Educação – É o de maior abrangência, correspondendo ao que é feito em estância nacional, estadual ou municipal. Incorpora e reflete as grandes políticas educacionais. Enfrenta os problemas de atendimento à demanda, alocação e gerenciamento de recursos entre outros. • Planejamento da Escola – Trata-se do Projeto Político-Pedagógico. É um plano integral da instituição e compõe-se de Marco Referencial, Diagnóstico e Programação; e, envolve as Dimensões Pedagógica, Comunitária e Administrativa de escola. • Planejamento Curricular – É a proposta geral das experiências de aprendizagem que serão oferecidas pela escola, incorporada nos diversos componentes curriculares. Para Vasconcellos (id.) é como se fosse a espinha dorsal de todas as séries ou ciclos, podendo contemplar os seguintes elementos: - fundamentação da Disciplina/Área de Estudo; - desafios Pedagógicos; 15 Planejamento InstItucIonal: esfera PúblIca e PrIvada Capítulo 1 - encaminhamentos Metodológicos; - proposta de Conteúdos; - processo de Avaliação. • Planejamento de Ensino-Aprendizagem– É o planejamento mais próximo do professor e da sala de aula, ligado especificamente ao aspecto didático, podendo ser dividido em Projeto/Plano de Curso e Plano de Aula. Na elaboração dos diferentes níveis do planejamento é importante ressaltar o processo coletivo do seu saber/fazer. A participação dos seus pares no contexto escolar é o que assegurará o alcance dos objetivos previstos e na resolução de problemas. Neste sentido, é pertinente ressaltar que o Planejamento Participativo é uma ação dinâmica e que exige do gestor a eficácia para administrar as tensões que surgirem durante o processo. Como se opera o Planejamento Participativo? Observe o que alguns autores colocam: Conforme Dalmás, (1994, p. 12) Planejamento Participativo [...] é um processo em que as pessoas realmente participam porque à elas são entregues não só as decisões específicas, mas os próprios rumos que se deve imprimir a escola. Os diversos saberes são valorizados, cada pessoa se sente construtora – e realmente o é- de um todo que vai fazendo sentido à medida que a reflexão atinge a prática e esta vai se esclarecendo a compreensão, e à medida que os resultados práticos são alcançados em determinado rumo. Já para Cornelly (apud PADILHA, 2001, p. 35) Planejamento Participativo, [...] se constitui num processo político, num contínuo propósito coletivo, numa deliberada e amplamente discutida construção do futuro da comunidade, na qual participe o maior número possível de membros de todas as categorias que a constituem. [...] um processo vinculado à decisão da maioria, tomada pela maioria, em benefício da maioria. O Processo do Planejamento Participativo pode ser assim representado: 16 Planejamento Institucional A Escola, como instância realizadora do Planejamento Participativo, envolve a comunidade onde está inserida num processo de construção social e de formação dos que nela vivenciam com a finalidade de transformar o meio em que vive, sendo este querer, uma ação inerente da discussão com a maioria, pela maioria e para a maioria. Portanto, é esta a modalidade de planejamento que expressa o sentido democrático do fazer coletivo, o ato de pensar a ação e o fazer o Planejamento Institucional. O Planejamento Institucional é o “pensar e o discutir” as ações a serem escritas no plano, que por sua vez engloba o todo da instituição e tem na avaliação institucional o feedback dessa ação. O resultado da aplicação do planejamento institucional reflete a identidade da instituição. Assim como todo planejamento, o institucional não é um ato neutro, mas sim, carregado de intencionalidade, de caráter político e ideológico que deve levar em conta “as condições do presente, as experiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos filosófico, cultural, econômico e político de quem planeja e com quem se planeja” (MENEGOLLA et al, 2001, p. 63). E, por isso mesmo, exige uma atividade engajada, participativa, efetiva e científica dos envolvidos no processo de fazer a instituição. Planejamento Institucional deve estar associado a um tipo de gestão que o leve para a realização de objetivos nele definidos, identificando os elementos facilitadores e/ou os que impossibilitam o alcance dos mesmos, no nível macro da instituição. Para elaborar o planejamento institucional é necessário coordenar as atividades de modo integrado, preparando-se para o inevitável e contar com opções frente ao indesejável para controlar o incontrolável, adotando procedimentos formalizados, padronizados e sistemáticos. O Planejamento Institucional é o “pensar e o discutir” as ações a serem escritas no plano, que por sua vez engloba o todo da instituição e tem na avaliação institucional o feedback dessa ação. O resultado da aplicação do planejamento institucional reflete a identidade da instituição. 17 Planejamento InstItucIonal: esfera PúblIca e PrIvada Capítulo 1 A seguir, apresentamos de maneira comparativa, os termos “planejamento, plano e programa”, com o intuito de facilitar a compreensão entre os três enfoques, com base no que nos propõe Libâneo (2001, p. 131): PLANEJAMENTO PLANO PROGRAMA - É o processo sistematizado de previsão de objetivos, metas, ações, procedimentos como forma de racionalização da ação. - É o documento mais abrangente que resulta do processo de planejamento, por sua vez subdivididos em programas. - É o documento que registra o que se pensa fazer, como, quando, com que e com quem. - Explicita linha de ações globais que permite agrupar as decisões por áreas de ações semelhantes sob o mesmo título. Cada programa é detalhado em projetos. - É o processo (é o ato de pensar e discutir) - É o registro do processo (é o ato de escrever) - É a subdivisão do registro (é o registro em etapas – projetos). Como vimos, o planejamento como processo, necessita ser consistente para o médio e longo prazo. É preciso fazer frente às mudanças no cenário social, tecnológico, econômico e político. Tanto que o planejamento só tem sentido se o sujeito se coloca numa perspectiva de mudança. Pensar a Instituição Educacional e sua função social no contexto do mundo contemporâneo, impõe-se um duplo desafio: o primeiro se refere à natureza de suas relações, suas dinâmicas e a configurações institucionais; o segundo, à mudança dos padrões societários, transformações dos patamares e formas de interação, reordenamento e redefinição das instituições. Atividade de Estudos: 1) Observe no texto a comparação feita, conforme Libâneo, dos termos “Planejamento, Plano e programa”. Depois escreva exemplificando o seu entendimento. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 18 Planejamento Institucional aSPectoS HiStóricoS e legaiS do Planejamento da educação no braSil Iniciamos esta seção mapeando algumas questões sobre o Planejamento da Educação no Brasil, quanto aos aspectos históricos e legais, oportunizando a uma investigação. Nosso objetivo é discutir o presente. Mas, para chegar ao momento atual, faz-se necessário enunciar, mesmo que em breves palavras, a trajetória do Planejamento da Educação no Brasil. A ideia da elaboração de um plano educacional para o Brasil, presente no Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, em 1932, foi o que iniciou o Planejamento mais específico para a educação que previa reformas profundas, a adesão de conhecimentos necessários à preparação para o trabalho e ao mesmo tempo o reforço da escola como instância formadora do cidadão. Esse plano de reestruturação educacional se tornou um plano de organização e de administração do sistema educacional. A Educação, até então, vinha sendo prevista nos PDNB (Plano de Desenvolvimento Nacional Brasileiro) no tocante ao setor econômico, apenas como gasto ou despesa, de saúde, porque a educação estava até 1930 juntamente com a Pasta da Saúde, e de expansão na oferta de matrícula. Ou seja, não havia preocupação com o específico da formação educacional. A Educação Brasileira teve grande avanço com a adesão das principais ideias da Carta do Manifesto na Constituição de 1934. Mesmo passando por momentos políticos adversos à pacificação, como a ocorrência do “Estado Novo”, em que houve a derrocada de algumas conquistas do Manifesto e a incorporação de neutralidade no Planejamento Educacional, passando a constar somente como “adendo” no PDNB, os educadores brasileiros não cessaram da sua luta em trazer a educação para o palco como ator principal, deixando de ser coadjuvante. Foi o que aconteceu com a organização da mais longa produção de uma Lei, no Brasil – a Lei 4.024/61. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) Nº 4.024/61,de inspiração liberal, é a primeira que estabelece exigências de formulação e implementação da educação num instrumento planejado. O Plano Nacional de Educação, pautado na LDB, que nasceu em 1962 e foi revisado em 1965, teve um período efêmero. Em janeiro de 1967, a LDB é revogada pela Constituição do Governo Militar. E, a partir daí (1964 a 1985), seguiram os planos, fundados na perspectiva tecnicista. 19 Planejamento InstItucIonal: esfera PúblIca e PrIvada Capítulo 1 Entende-se por perspectiva tecnicista a ideologia do trabalho, da lei do mercado, do siga o modelo e da ciência líquida e certa, pronta e acabada. Ou seja, não se interessa na formação integral do cidadão; mas, na sua capacidade de produção mediante o que lhe é proposto, sem indagação ou crítica. Os militares ao tomarem o poder, passaram a “ver” em cada professor, diretor de escola ou especialista em educação, um inimigo em potencial, que deveria ser mantido sob vigilância rigorosa. Num regime político de contenção, o Planejamento passa a ser bandeira altamente eficaz para o controle e ordenamento de todo o sistema educativo. Nessa época, com o intuito de “planejar e promover o desenvolvimento” foram promovidos seis planos nacionais de educação, programados com objetivos na mesma direção da tecnoestrutura estatal e pelo discurso neutro tecnicista. Isto é, sem ênfase na formação integral intelectual, mas na pura formação de repetição de tarefas. A instalação de atividades curriculares tipo: siga o modelo. A função de planejamento descaracterizou-se ao longo dos anos de vigência do regime militar e trouxe como consequência a perda de capacidade do Ministério da Educação de influir de maneira significativa nos rumos da educação nacional. Com o objetivo de sedimentar o contexto educacional brasileiro, os militares organizaram, por meio de tecnocratas americanos, a Reforma Universitária – Lei 5.540/68. Observem que esta Lei foi direcionada apenas para a formação superior, não inclusa nesta Lei a Educação Básica. O objetivo principal desta Lei foi de desmantelar o sistema Universitário Brasileiro, que era forte e coeso, tanto no nível estudantil, UNE, como no docente, cátedras. Somente no ano de 1971 foi promulgada a Lei Nº 5.692 – a 2ª Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que apontava os ditames para a Educação Básica, que trazia no bojo da sua essência a fragmentação exacerbada do ensino fundamental. O currículo não mais por área, mas sim, focado nas disciplinas fragmentadas, originado pela Lei da Reforma Universitária. A concepção de planejamento no interior da escola era o que se recebia pronto, pois esta ação era reservada aos planejadores, isto é, pessoas com ocupação exclusiva para pensar e planejar a ação. A concepção de planejamento no interior da escola era o que se recebia pronto, pois esta ação era reservada aos planejadores, isto é, pessoas com ocupação exclusiva para pensar e planejar a ação. 20 Planejamento Institucional Nessa ocasião, o permitido era a utilização ‘cega’ do livro didático, a didática que previa o planejamento diário do professor e os objetivos que deveriam seguir: o comportamento, o critério e as condições. ‘Siga o modelo’ era comando da atividade pedagógica. Na administração da escola os especialistas em assuntos educacionais assumiram postos de destaque na organização da instituição como profissionais voltados a ‘dominar’ o espaço de forma a manter o status quo. A perda da função do Planejamento, por não ser capaz de dar respostas satisfatórias aos desafios do cotidiano educacional, reforça a concepção que planejar é orçamentar. A par disso, vemos o predomínio do Ministério do Planejamento nas decisões referentes à educação. A partir da década de 90, percebe-se uma mudança nas reformas educativas no Brasil, em âmbito Federal, Estadual e Municipal. Essas reformas estão congruentes com os compromissos assumidos pelo Brasil na Conferência Mundial de Educação Para Todos, em Jontien, na Tailândia, e na Declaração de Nova Delhi de dezembro de 1993, sobre atendimento à demanda de universalização do Educação Básica. São proposições que convergem para novas formas de gestão do ensino público, calcadas em formas mais flexíveis, participativas e descentralizadas de administração dos recursos e das responsabilidades. Nesse contexto, a população é convidada a propor melhorias para a educação nacional, por meio do Plano Nacional da Educação – PNE. Devido aos acordos do Brasil com o Banco Mundial, FMI (Fundo Monetário Internacional) e o BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento), para continuar recebendo empréstimos a juros baixos, nasceu a Lei Nº 9.394/96 – LDB. Esta veio para, além de expressar a realidade educacional existente, normatizar ou legalizar ações que surtirão efeitos no cumprimento do acordo. A LDB, 9.394/96, veio abrir possibilidade de elaboração do Planejamento Participativo nas Unidades Escolares. Os artigos 12,13 e 14 evidenciam a obrigatoriedade da escola em efetuar sua Proposta Pedagógica ou Projeto Pedagógico – PPP. A partir desta Lei o Planejamento Institucional ganhou status de legalidade. Sendo o PPP o instrumento legal da escola, elaborado e produzido coletivamente. Sintetizando: A LDB, 9.394/96, veio abrir possibilidade de elaboração do Planejamento Participativo nas Unidades Escolares. A partir desta Lei o Planejamento Institucional ganhou status de legalidade. 21 Planejamento InstItucIonal: esfera PúblIca e PrIvada Capítulo 1 Na historicidade do Planejamento Institucional ficaram evidentes as fases em que o mesmo foi considerado como manutenção do status quo, instrumento de controle e paulatinamente, como meio de mudança para a ação. Observe a ideologia dominante da sua execução no âmbito nacional, estadual e escolar e verifique que somente a partir da implantação da LDB Nº. 9.394/96 teve fortemente invocado o Planejamento Participativo. Fato que até então, era elaborado por grupos estipulados para tanto. É importante que o Planejamento seja visto e produzido na dimensão dialógica e participativa. Atividade de Estudos: 1) Você percebeu na historicidade do planejamento institucional as dificuldades que passou para ser compreendido numa dimensão dialógica, participativa e de efetivação como meio de se promover a mudança. Neste sentido, pensando seu contexto histórico- educacional, comente como o Planejamento Institucional (PI) é visto e formalizado. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 22 Planejamento Institucional ProceSSo de Produção de Planejamento na inStituição Pública e Privada Antes de focarmos o Planejamento Institucional na esfera Pública e Privada, vamos conhecer alguns elementos do próprio termo: Público e Privado. Será que a forma de elaboração do Planejamento é a mesma? O que muda então? Veja a seguir. É importante ressaltar que no embate entre o público e o privado, seus desdobramentos efetivos vinculam-se às determinações estruturais e conjunturais de uma dada realidade sócio-político-cultural. Neste sentido, os debates sobre a educação brasileira têm sido permeados, a partir dos anos trinta, pelos confrontos resultantes das disputas político- ideológicas por hegemonia entre os defensores da escola pública e os defensores da escola privada. Nessa perspectiva, Pinheiro (2001, p. 258) afirma que: No Brasil, após a década de 30, concomitante ao processo de intervenção do Estado na esfera econômica, como principal agente do desenvolvimento, ocorreu uma tendência de privatização da esfera pública. Mas o processo de interpenetraçãoentre essas esferas caracterizou-se por um duplo prejuízo da esfera pública, pois tanto a intervenção do Estado na área econômica quanto do setor privado na esfera pública favoreceram primordialmente interesses privados e não públicos (grifo nosso). As duas esferas assumem, assim, conotações diversificadas, dependendo do olhar que lhes é lançado. Todavia, enquanto caracterização jurídico-formal, essas categorias carregadas de historicidade indicam demarcadores que as vinculam à explicitação do regime jurídico. A esse respeito, Pinheiro (2001, p.14) registra que: Saber se uma atividade é pública ou privada é mera questão de indagar do regime jurídico a que se submete. Se o regime que a lei lhe atribui é público, a atividade é pública; se o regime é de direito privado, privada se reputará a atividade, seja, ou não, desenvolvida pelo Estado. Em suma: não é o sujeito da atividade, nem a natureza dela que lhe outorgam caráter público ou privado; mas o regime a que, por lei, for submetida (grifo nosso). Se o regime que a lei lhe atribui é público, a atividade é pública; se o regime é de direito privado, privada se reputará a atividade, seja, ou não, desenvolvida pelo Estado. 23 Planejamento InstItucIonal: esfera PúblIca e PrIvada Capítulo 1 Veja que, as expressões indicativas do rótulo privado, são marcadas por vinculações ideológicas, tais como, escola privada, particular, livre, confessional, não-estatal, leiga, laica e, são enriquecidas por um repertório menos explícito que inclui escolas para-estatais, comunitárias, não-governamentais, cooperativas, organizações sociais, entre outras. Que critérios são adotados para a identificação das instituições educativas? Bem, a princípio, a distinção realiza-se com base em aspectos singulares ou combinados, tais como: perfil institucional do mantenedor (propriedade), natureza jurídica, fonte principal de recursos, existência de contrapartida financeira para o benefício que oferecem e assim por diante. Na perspectiva jurídico-administrativa, o público identifica-se pela manutenção/gestão do poder governamental ou de entidades de direito público e o privado pela gerência e propriedade de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Todavia, há possibilidade de haver uma Instituição privada na Organização Pública, porque não é o sujeito da atividade e nem a natureza dela que lhe outorgam caráter público ou privado, mas o regime jurídico que está submetido. O Público aparece, amiúde, colado ao sistêmico, ao manifesto, ao formal, ao generalizável. Ao passo que o Privado, na esteira de sua etimologia, é vinculado a certo sentido de privação, ao que se encontra afastado ou isolado da sociedade pública e, simultaneamente, ligado aos recursos próprios, isto é, ideia de propriedade, ao uso individual e doméstico, ao íntimo, ao que não está sujeito à intrusão de outros. Ou seja, o privado é reservado para o secreto, o informal, o particular, o individual ou o interpessoal, e ainda para o poder oculto. A multiplicidade de dimensões que atravessa a relação pública e privada na área educacional vem assim exigir, cada vez mais, a atenção das instituições para que objetivem o foco para o bem comum. As questões ideológicas e de valoração, transpostas de forma subjetiva no planejamento institucional devem ir ao encontro com o coletivo, por meio da participação contínua dos envolvidos no processo de fazer o espaço escolar. Portanto, o planejamento institucional na esfera pública ou na privada, se distingue pelo seu viés ideológico Na perspectiva jurídico- administrativa, o público identifica-se pela manutenção/ gestão do poder governamental ou de entidades de direito público e o privado pela gerência e propriedade de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. O planejamento institucional na esfera pública ou na privada, se distingue pelo seu viés ideológico (manutenção ou transformação), condutor de sua missão, ou seja, a quem e para quem se aplica. 24 Planejamento Institucional (manutenção ou transformação), condutor de sua missão, ou seja, a quem e para quem se aplica. algumaS conSideraçõeS Procuramos, a partir de aportes teóricos/práticos trazer a compreensão do tema em questão: Planejamento Institucional na Esfera Pública e Privada. Para isto, foi necessário abordar conceitos, história e a legislação pertinente para clarificar este importante segmento deste Caderno de Estudos. Os aspectos expostos e trabalhados ao longo deste capítulo nos ofereceram subsídios para entender que planejar é antever ações futuras de forma ordenada, metódica e sistemática. Não é um ato neutro, mas, permeado de intencionalidades subjetivas e ideológicas. Influencia e é influenciado pela conjuntura histórica- política e legal. A participação ativa na elaboração do Planejamento faz você um ser na inteireza do fazer, ou seja, ser sujeito no e do processo. Caso contrário, passa a ser objeto, passível de dominação, ou ser apenas um reprodutor de ações sem a devida conscientização do que está fazendo. Conscientização do sentido ideológico da ação. O Planejamento Institucional é determinante na condução de seu lócus. Dele resulta o crescimento ou o fracasso da organização. Nas Instituições das esferas Pública e Privada, o Planejamento assume procedimento semelhante. O que diverge, no entanto, é a ideologia por ele permeada. Saber se uma atividade é pública ou privada é uma questão de verificar o seu regime jurídico. Lembrar a diferença entre Planejamento, Plano e Programa irá facilitar o saber/fazer o Planejamento Institucional. Pontuamos que o planejamento é o suporte do seu trabalho, é o ato de pensar a ação, sem perder de vista o registro de pensamento, em um Plano. Sem ele, perdem-se a linha mestra e os instrumentos para perceber tanto o crescimento do grupo, quanto o seu. A princípio, parece que o planejamento remove o encanto do sonho da realidade. Todavia, somente planejando poderemos considerar a realidade e dar forma às ideias e aos sonhos. O planejamento possibilita que a visão de futuro se torne realizável. Sem ele, estaremos sempre partindo do zero. Sonhar é preciso, transformar é possível planejando a ação. No capítulo seguinte abordaremos o Planejamento Estratégico e o Planejamento de Desenvolvimento para a Educação - PDE. O Planejamento é o suporte do seu trabalho, é o ato de pensar a ação, sem perder de vista o registro de pensamento, em um Plano. Sem ele, perdem-se a linha mestra e os instrumentos para perceber tanto o crescimento do grupo, quanto o seu. 25 Planejamento InstItucIonal: esfera PúblIca e PrIvada Capítulo 1 primeiro, considerado um modelo empresarial, é questionada a sua aplicação nas Instituições de Ensino. O PDE é a mais recente ‘novidade’ no contexto educacional no século XXI, sendo um dos focos do Plano de Aceleração do Crescimento, na Educação, no Governo Lula. referênciaS BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996. CALAZANS; KUENZER; GARCIA. Planejamento e educação no Brasil. 3 ed. São Paulo, Cortez,1996. DALMÁS, Ângelo. Planejamento participativo na escola: Elaboração, acompanhamento e avaliação. Petrópolis: Vozes, 1994. GANDIN, D. A prática do planejamento participativo. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1995. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: teoria e prática. 3 ed. Goiânia, Editora Alternativa, 2001. MENEGOLLA, Maximiliano; SANT’ANA, Ilza Martins. Por que Planejar? Como planejar? – Currículo – Área – Aula. 6 ed. Petrópolis: Vozes, 2001. PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto político- pedagógico da escola. 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CAPÍTULO 2 Planejamento eStratégico na educação A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Conceituar Estratégia e Planejamento Estratégico. 3 Conhecer e apresentar as razões para a elaboração do Planejamento Estratégico na Educação. 3 Identificar os princípios que norteiam o Plano de Desenvolvimento da Educação, verificando a relação deste com o Planejamento Estratégico. 3 Demonstrar o processo de implementação do PDE e sua aplicabilidade na escola. 29 Planejamento estratégico na educação Capítulo 2 contextualização No capítulo 1, enfocamos elementos introdutórios do Planejamento Institucional com o propósito de situá-lo no panorama global deste Caderno de Estudos. Os elementos de historicidade, bem como, os aspectos legais e administrativos, proporcionaram encaminhamentos para uma profícua reflexão acerca da importância de ser o sujeito no pensar/fazer o planejamento, tanto na esfera pública como privada. O presente capítulo tem a preocupação de discutir procedimentos de planejamento estratégico inerente as Instituições, sejam elas de ensino ou de produção material. O título sugere alguns questionamentos, pois não é comum aplicar este tipo de planejamento na escola básica. Você deve estar inquirindo: Não é esta uma metodologia empregada nas empresas e, portanto, adequada às organizações voltadas para o capital com o intuito do lucro? Então, por que adotar o Planejamento Estratégico – PE na escola? Nosso intuito é apresentar algumas ideias básicas a respeito da natureza do PE de modo a estabelecer um entendimento mais amplo sobre o mesmo, seus elementos básicos e etapas, como forma de orientar a sua produção na Instituição Educacional. Serão propostas algumas ações no sentido de aproximar o pensar e o agir estratégico na escola. Sem essa interação, qualquer esforço desenvolvido nessa área se limita a uma programação estratégica com benefícios, nem sempre, eficientes para a melhoria do desempenho institucional. Na realidade, Planejamento Estratégico – PE é mais uma ferramenta que a escola possui para projetar ações de maneira previsível e mais segura. Este procedimento é sugerido no Plano de Desenvolvimento da Escola - PDE instituído na educação no Governo Lula dentro do Programa de Aceleração da Economia – PAC como forma mais eficiente de se alcançar os objetivos nele previstos. Para tanto, trataremos também, deste tema para o seu entendimento e aplicabilidade. Planejamento eStratégico: conceituação, definição e relevância A implementação do planejamento estratégico é muito recente no meio PE é mais uma ferramenta que a escola possui para projetar ações de maneira previsível e mais segura. 30 Planejamento Institucional escolar. A escola até então, vislumbrava somente o planejamento pedagógico, com as questões relacionadas apenas aos aspectos de ensino e aprendizagem. Outros enfoques da escola seguiam a reboque neste planejamento, sem muita ênfase. A autora Andrade, (2004, p.11) em consonância com o afirmado, coloca que, atualmente, essa situação mudou em virtude das grandes e contínuas transformações do espaço político, social, técnico, científico-informacional, que passaram a exigir um novo modelo de escola, um novo perfil de diretor-gestor. A par disso, a escola também deverá lidar e se preocupar com as questões organizacionais, seja ela particular ou privada. Adequar a escola para acompanhar a “metamorfose ambulante” do mundo informacional deve ser uma das preocupações primeiras do gestor na condução da escola. Albuquerque (2002, p. 35) alerta que, “A rapidez das mudanças tecnológicas, a globalização da economia e o acirramento da competição entre empresas e entre países geram impactos significativos sobre a gestão das organizações, levando à necessidade de repensar seus pressupostos e modelos”. Essas mudanças são perceptíveis no nosso entorno devido à intensidade com que penetram e modificam o modo operante de nossas vidas. Elas interferem de forma incisiva na condução das instituições escolares, requerendo procedimentos dinâmicos de gestão educacional, com vistas à flexibilização, à contínua adequação e a lidar com o inesperado. Por estes motivos é necessário que conheçamos, compreendamos e apliquemos na escola, o Planejamento Estratégico. Não como mais um documento, mas, como o documento a ser construído pela comunidade escolar. Planejar estrategicamente possibilita a gestão educacional antever dificuldades, projetar possíveis ações que visem ao sucesso da instituição, calcular com maior precisão custos, despesas e investimentos, estar mais preparado para conviver num ambiente de mudanças rápidas e de intensa competição. Para tanto, é imprescindível que o Planejamento Estratégico seja materializado nas diversas áreas que compõem estas instituições. Ou seja, que o gestor escolar desenvolva ações que viabilizem a integração entre o planejamento e sua implantação, entre o planejamento e o pensamento estratégico e entre pensamento e ação estratégica. Que estratégias? O que significa o termo estratégia? Planejar estrategicamente possibilita a gestão educacional antever dificuldades, projetar possíveis ações que visem ao sucesso da instituição, calcular com maior precisão custos, despesas e investimentos, estar mais preparado para conviver num ambiente de mudanças rápidas e de intensa competição. 31 Planejamento estratégico na educação Capítulo 2 O termo estratégia é originário da Grécia. Deriva-se da palavra estratego, que significa general, cargo de um comandante de armada, uma espécie de ministro da guerra da antiga Atenas. Segundo Houaiss (2001, p. 1261) estratégia é “[...] a arte de coordenar a ação das forças militares, políticas, econômica e morais simplificadas na condução de um conflito ou na preparação da defesa de uma nação ou comunidade de nações”. É um termo que deve ser levado a efeito não somente num campo de guerra, com o intuito de derrotar o inimigo; mas, em todo contexto que se necessita vencer desafios. Colombo (2004, p.18) reforça que este “É o caminho ou a maneira considerada adequada para alcançar, de forma diferenciada, os desafios estabelecidos”. Estrategicamente a instituição utiliza seus pontos fortes e fracos, existentes e potenciais para que seus objetivos sejam atingidos, levando em conta as oportunidades e contexto em que está inserida. Neste sentido, o saber/fazer o caminho é um indicativo da possibilidade da chegada. Mas, cuidado para não confundir as ações estratégicas com as ações de rotina da escola. As Estratégicas são as ações previstas com início, meio e fim, voltadas para o objetivo de melhorar o desempenho da escola. E, Rotinas são aquelas que realizamos continuadamente na escola, por exemplo, matrícula dos alunos, emissão de transferências, limpeza. Pode-se, no entanto, pensar estrategicamente um modo de oferecer maior qualidade aos serviços que são prestados à escola. Aliando à compreensão mais elaborada de estratégia, procuramos a seguir, apresentar alguns conceitos de Planejamento Estratégico, na tentativa de ampliar o entendimento e socializá-lo no cotidiano institucional, onde a escola, frente ao panorama volátil que descrevemos anteriormente, não poderáfurtar-se desta produtiva e eficiente tarefa. Estabelecer parâmetros comparativos entre os conceitos apresentados por alguns autores, remete-nos à reflexão exata do saber/fazer, ou seja, o tema em estudo. Partindo deste pressuposto, dizemos que não há conceitos certos ou errados, mas, que há conceitos que expressam a mesma realidade com uma ótica diferente. Na opinião de Luck (2000, p.10), “o planejamento estratégico é o esforço disciplinado e consistente, destinado a produzir decisões fundamentais e ações que guiem a organização escolar, em seu modo de ser e de fazer, orientado para resultados com forte visão de futuro.” É possível observar neste conceito a ênfase ao processo disciplinador do trabalho, a seriedade que a ele deve ser desprendido. O planejamento estratégico é o esforço disciplinado e consistente, destinado a produzir decisões fundamentais e ações que guiem a organização escolar, em seu modo de ser e de fazer, orientado para resultados com forte visão de futuro. 32 Planejamento Institucional Colombo (2004, p. 17), considera “Planejamento Estratégico um importante instrumento de gestão que auxilia, consideravelmente, o administrador educacional em seu processo decisório na busca de resultados mais efetivos e competitivos para a instituição de ensino”. Daft, (1999,p.129.) nos oferece um conceito mais amplo e pormenorizado, em que afirma que o plano estratégico é um esquema que define as atividades das organizações e a elaboração de recursos na forma de capital, de pessoal, de espaço e de instalações exigidas para se atingir esses alvos. O planejamento estratégico tende a ser de longo prazo e deve definir as ações para os próximos dois a cinco anos. O planejamento é transformar as metas da organização em realidade dentro desse período de tempo. Conforme sustentam os autores, acima citados, as escolas precisam ser administradas estrategicamente para que vislumbrem seus objetivos, estratégias e metodologias que devem ser adotadas de acordo com a instituição e suas especificidades. Qualquer que seja a metodologia a ser empregada, deve prever ações fortemente sintonizadas com o momento histórico da instituição. A metodologia processual do Planejamento Estratégico servirá para identificar as ações que irão garantir um potencial de excelência no desempenho da escola. A forma mais eficaz de se construir um plano estratégico é por meio do Planejamento Participativo, conforme já discutimos no 1º. Capítulo, que é o procedimento que envolve e agrega sugestões e contribuições dos diversos segmentos da comunidade escolar, com definição clara de funções e responsabilidades. Assim, o desafio inicial do dirigente envolvido na implantação de práticas inovadoras na sua realidade é definido como uma visão de futuro integrada e flexível. Lembrar que o plano é dinâmico e que o planejamento estratégico não pode “engessar” a instituição, ao contrário, deve prepará-la para responder pro- ativamente à dinâmica do ambiente e ao sujeito que pretende formar. O Planejamento Estratégico envolve uma reflexão ampla e aprofundada sobre a organização, iniciando pela definição da missão, da visão e de estratégias organizacionais, incluindo a definição de objetivos, finalidades, metas e diretrizes organizacionais. Ou seja, ao planejar estrategicamente, percebe-se claramente, o porquê e para quê a instituição existe, o que ela faz e como faz. Ao definir a missão da escola, deve-se ter claro o motivo pelo qual ela foi criada, tendo presente as novas exigências do mundo atual; e, se questionar: Quem somos nós? O que fazemos? E por que fazemos o que fazemos? Estas três questões auxiliarão na identificação real da escola, a missão; que funciona como uma espécie de “pano de fundo” da instituição. O planejamento estratégico tende a ser de longo prazo e deve definir as ações para os próximos dois a cinco anos. 33 Planejamento estratégico na educação Capítulo 2 A visão, outro aspecto importante a identificar, é composta pelo modo como a instituição/escola se projeta, como se vê, estabelecendo uma análise interna. Sem perder de vista a oportunidade, analisando as situações favoráveis e desfavoráveis, deve-se elaborar uma análise externa. Toda a instituição de ensino precisa ter bem clara a sua filosofia, composta pela missão e a visão, cujos princípios e valores devem estar internalizados por todos que fazem parte do processo educativo. O sucesso ou o fracasso da instituição de ensino está muito ligado ao que ela acredita e naquilo que transmite para a comunidade. fundamentoS teóricoS e PráticoS do Planejamento eStratégico como ferramenta Para geStão da educação inStitucional Historicamente, a construção de Planejamento Estratégico é recente. Passou a ser assimilado e utilizado nas empresas comerciais e industriais a partir de 1950 e mais tarde por outros tipos de organizações, como as de educação superior. Atribuíam os problemas de administração à ausência de um instrumento que fosse capaz de antever problemas e de propor possíveis soluções para enfrentar e vencer os desafios. A partir dessa necessidade, que foi concebido o Planejamento Estratégico, como um processo pelo qual uma coletividade estabelece uma opção e um compromisso por transformar uma dada realidade. Tornando-a mais significativa pela adoção de novas formas de agir e o de largo alcance. Sua efetivação, entretanto, deve estar assentada na metodologia participativa delineada na literatura sobre planejamento participativo. É no nível estratégico que as questões operacionais ganham significado. Se os planejamentos são feitos de modo participativo, assegura-se a compreensão e o comprometimento das pessoas. 34 Planejamento Institucional Considerando que o planejamento e os seus modelos devem ser específicos de cada escola, expomos a seguir algumas etapas que podem ser adaptadas conforme a realidade da escola pública ou privada. O primeiro passo é o diagnóstico. Esta etapa oferece subsídios necessários para verificar como está a instituição. É a reflexão inicial. Com base nas indicações de Colombo, (2004) discutiremos detalhadamente esse processo de elaboração do Planejamento Estratégico que se constitui dos seguintes momentos: Diagnóstico Estratégico, Estratégia – foco e posicionamento, Desdobramento e Ativação. a) Diagnóstico Estratégico O diagnóstico estratégico é o primeiro passo do processo de planejamento e através dele que a organização irá obter informações que direcionará todo o trabalho. O diagnostico estratégico divide-se em dois momentos: o de fundamentos e o de análise e alinhamento. Os Fundamentos do Planejamento estratégico são: • Negócio: Negócios consistem no conhecimento profundo dos pontos fortes da base competitiva da escola e no entendimento do principal benefício esperado. • Missão: É o norte. É a razão de ser da instituição de ensino no seu negócio. É um forte componente para a estruturação do planejamento estratégico, servindo de alicerce para o seu desenvolvimento. • Princípios: Pode–se dizer que constituem a carta magna da instituição. São os compromissos assumidos pela instituição de ensino e servem de base para as estratégias, ações e decisões. Somente serão válidos se forem adotados e praticados por todos, portanto, devem ser concisos e simples. Exemplos: Compromisso com a qualidade. Responsabilidade social. Ética em todas as ações. Fazem parte dos fundamentos da análise e alinhamento os seguintes aspectos: • Análise do ambiente: São visões consistentes do que poderá ser o amanhã. Não devem ser conclusivas, pois não são fatos, apenas instrumentos de diagnóstico. É o processo de identificação de oportunidades, ameaças, forças e fraquezas que afetam a organização no cumprimento da sua missão. Este processo deve observar trêsmomentos: os fatores internos, os fatores externos, a concorrência e a quem serve. 35 Planejamento estratégico na educação Capítulo 2 • Competências competitivas: “Competência não é um estado, e sim um processo de transformação e de refinamento contínuo” (COLOMBO 2004, p, 24). Consiste na mobilização do saber/fazer/ser/querer. A inovação deve ser o valor máximo e envolver uma profunda competência da instituição de ensino. • Alinhamento: Todos os dados adquiridos nos fundamentos e na análise, não podem ser considerados isoladamente, devem ser conectados formando um conjunto de aspectos que nortearão a composição da estratégia. Se você deseja saber mais sobre estratégias, indicamos o livro: CLAVEL, J. A Arte da Guerra: Sun Tzu. Rio de Janeiro: Record, 2000. “Se conhecemos o inimigo (ambiente externo) e a nós mesmos (ambiente interno), não precisamos temer o resultado de uma centena de combates. Se nos conhecemos, mas não ao inimigo, para cada vitória sofreremos uma derrota. Se não nos conhecemos nem ao inimigo, sucumbiremos em todas as batalhas” (Sun Tzu). b) Estratégia: foco e posicionamento A importância da estratégia está diretamente alinhada ao foco e posicionamento, que são: visão, perspectivas equilibradas, objetivos, indicadores, metas e estratégias competitivas. • Visão: É projetada de maneira coletiva e deve representar a aspiração maior da instituição, por exemplo: Ser referencial de excelência na educação infantil; Tornar-se a maior instituição de ensino na Região; ou ainda, Ser uma escola presente, auto-sustentável, referência para as demais escolas, contribuindo para a formação de pessoas íntegras, competentes e socialmente respeitáveis. • Perspectivas equilibradas. Formam o direcionamento e o foco de atenção. São cinco as perspectivas: - Financeira: O Planejamento estratégico e o orçamento anual devem caminhar juntos, pois cada instituição encontra-se numa base financeira 36 Planejamento Institucional específica e os objetivos futuros não podem perder isto de vista. - Cliente e mercado: Identificação do público-alvo da escola é altamente relevante para se estabelecerem estratégias seguras. É recomendada a utilização de pesquisas para saber o que o cliente e o mercado esperam para tomar decisões precisas e resultados mais efetivos. - Processos internos: Cabe ao gestor educacional analisar em quais processos críticos deve buscar alcançar e manter a excelência para se destacar perante o mercado. Cabe fazer questionamentos, definir e mapear toda a cadeia de valores da instituição de ensino. Deve concentrar-se em seus pontos fortes, não ignorar suas deficiências, mas sim, potencializar as competências. - Tecnológica: O gestor deve estar atento a todas as tendências e inovações tecnológicas, pois é um diferencial na concorrência. É relevante o gestor considerar: Qual é a vida útil dos diversos equipamentos em uso na instituição? Os profissionais da educação e da administração estão capacitados? Precisarão de novas qualificações? - Aprendizado e crescimento: A instituição de ensino deveria ser como uma empresa, um modelo de aprendizagem para toda a comunidade. É importante incluir nos objetivos, ações como investimentos e reciclagem da equipe acadêmica. • Objetivos Estratégicos: Os objetivos devem constituir um desafio, portanto, é recomendável apresentarem certo nível de dificuldade e de exigência. Não podem ser inatingíveis, pois causaria frustração aos profissionais envolvidos. Outro aspecto a ser considerado é com relação ao custo para a concretização dos objetivos, e analisar a proporcionalidade perante o benefício a ser obtido. Os objetivos precisam ser priorizados; pois, orientam o processo decisório. • Indicadores: Os indicadores servem de estímulo e mobilização para as mudanças. Não se devem criar muitos indicadores, apenas aqueles mais relevantes para a escola. É melhor ter poucos indicadores, mas que agregam valor à estratégia, a ter muitos, perdendo-se um precioso tempo na coleta de dados. - Indicadores Operacionais: comuns em rotinas, como por exemplo: número de horas de capitação; quantidade de professores com especialização, mestrado; Índice de acidente de trabalho, de falta, entre outros. - Indicadores de Resultados: direcionados para o desempenho global 37 Planejamento estratégico na educação Capítulo 2 da organização. Exemplo: Índice de aumento do número de alunos; índice de evasão; lucratividade; índice de satisfação dos clientes. • Metas: A quantificação do que deve ser alcançado em determinado prazo. As metas podem ser de curto, médio ou longo prazo para os indicadores, os gestores educacionais projetam o que vai ser alcançado e quando (limite), bem como, assumem o compromisso e reiteram a responsabilidade de alcançar a visão estabelecida pela organização. • Estratégias Competitivas: Abrange a análise do que fazer e também do que não fazer para alcançar os objetivos. Para cada estratégia é interessante considerar sua possível eficácia nos cenários que foram levantados na etapa de análise de ambiente. O gestor educacional, ao fazer escolhas estratégicas, deve considerar o impacto e as consequências que elas trarão ao próprio segmento educacional, a longo prazo. É necessário verificar se as estratégias estão sintonizadas com a visão de futuro. Lembre-se que a estratégia não deve ser considerada como único fator determinante para o sucesso ou fracasso da instituição de ensino. c) Desdobramento e ativação Outro aspecto importante na gestão escolar é o desdobramento e ativação, em que são apresentados o plano de ação, a consistência e aprovação, divulgação e implementação. • Plano de ação: Segundo Colombo (2004, p.33), os planos de ação “[...] prevêem atividades programadas contendo o detalhamento de como deverá ser realizada e concretizada a estratégia para atingir o objetivo. É o desdobramento da estratégia para as diversas áreas da empresa a curto, médio e longo prazo”. Cabe ao gestor educacional determinar as áreas de ação e as respectivas equipes prevenindo possíveis conflitos interpessoais. • Consistência e aprovação: Geralmente é nesta etapa, após a elaboração dos planos de ação e a verificação da consistência, que se providencia a documentação para a devida homologação. • Divulgação: Os objetivos a serem alcançados precisam ser comunicados a todos o membros da equipe para que a estratégia da escola seja bem sucedida. • Implementação: A estratégia precisa ser posta em prática. São várias as barreiras que as instituições de ensino encontram ao direcionar seus esforços 38 Planejamento Institucional para colocar em prática o que foi desejado. Exemplos: falta de clareza e entendimento dos profissionais quanto à visão; desperdício de tempo ao realizar ações ineficazes. É preciso motivar a equipe e deixar muito claro o que se deseja. Para diminuir as barreiras e superar os obstáculos é preciso preservar o foco e a determinação. Com o foco obtém-se a atenção centrada nos objetivos; com a determinação, surge a energia, manifestada no vigor, no compromisso do profissional. d) Controle Na gestão escolar é necessário um controle sistemático, acompanhando e participando ativamente no desenvolvimento dos trabalhos, realizando comparações entre situações alcançadas e previstas para assegurar-se de forma mais efetiva o desempenho a ser alcançado. e) Aprendizado Ao melhorar o processo ou inovar a sistemática de se fazer bem feito, os gestores levarão a instituição a patamares superiores de excelência, permitindo, com isso, conduzi-la à liderança de mercado. Sobre a Gestão da Qualidade leia: COLOMBO, Paulo Heitor. Gestão da Qualidade no Sistema Instituição de Ensino. In: COLOMBO, Sônia Simões. Gestão educacional: uma nova visão. Porto Alegre:Artmed, 2004, Capítulo 3, p. 51-66. Com o foco obtém-se a atenção centrada nos objetivos; com a determinação, surge a energia, manifestada no vigor, no compromisso do profissional. 39 Planejamento estratégico na educação Capítulo 2 Atividades de Estudos: 1) Escreva a Missão, a visão, e os princípios da escola em que trabalha ou ainda, de uma escola que já trabalhou, ou que conhece. a) MISSÃO: __________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) VISÃO: ____________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ c) PRINCÍPIOS: _______________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Para a escola permanecer “viva” é necessário se adaptar às regras do jogo do momento, com respostas cada vez mais rápidas, eficazes e flexibilizar-se para a mudança. Neste sentido, comente o que afirmou Tito Lívio, cônsul romano: “Em tempo de emergência e dificuldade, o plano mais ousado é sempre o mais seguro”. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 40 Planejamento Institucional PDE é uma ação governamental composto de diretrizes que as instituições de ensino básico e superior, deverão estar em sintonia por meio de um processo gerencial que resultará na construção do Planejamento estratégico. A fim de se planejar estrategicamente, é preciso levar em consideração os seus elementos e suas etapas, que delineamos no decorrer desta seção. A seguir, apresentaremos o Plano de Desenvolvimento da Escola - PDE do FUNDESCOLA, que explicita também, as etapas e orienta o seu processo de elaboração. Plano de deSenvolvimento da eScola - Pde O Plano de Desenvolvimento da Escola - PDE faz parte do Programa de Aceleração de Crescimento – PAC. É um Programa do Governo Federal Brasileiro lançado em 28 de janeiro de 2007, que engloba um conjunto de políticas econômicas planejadas para os quatro anos seguintes. Tem como objetivo acelerar o crescimento econômico do Brasil, prevendo investimentos de 503 bilhões de reais até 2010, sendo uma de suas prioridades a infra-estrutura, como portos e rodovias. Mas o que é o PDE? Qual a sua relação com a escola? O PDE é um plano voltado para a educação, também conhecido como “PAC da Educação”. Tem como objetivos a qualidade e universalização. Qualidade no tocante à elevação do nível de escolaridade da população, à melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis, à democratização da gestão do ensino público, à valorização dos profissionais da educação, desenvolvimento de sistemas de informação e da avaliação em todos os níveis e modalidades de ensino. E, a universalização visa à redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública na Educação Básica e Superior. É importante que fique bem claro, o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE é uma ação governamental composto de diretrizes que as instituições de ensino básico e superior, deverão estar em sintonia por meio de um processo gerencial que resultará na construção do Planejamento estratégico. O PDE, como Processo de gestão, passa a ser o resultado do trabalho da comunidade escolar; pois, encontra no seu ambiente as informações necessárias à tomada de decisão, a respeitar as propostas da escola e ser instrumento para a gestão democrática. Os Princípios que fundamentam o PDE são: - liderança efetiva do Diretor; 41 Planejamento estratégico na educação Capítulo 2 - trabalho em equipe; - decisões com base em fatos e dados; - capacitação da equipe para trabalhar com a metodologia; - suporte técnico da Secretaria; - transferência de recursos financeiros para as escolas. Um dos grandes objetivos do Ministério da Educação, com relação ao PDE, é de mostrar à sociedade o que se passa dentro e fora da escola e realizar uma ampla prestação de contas. É importante a participação da sociedade nesse processo, tanto no planejameto com a gestão da escola, como no controle e avaliação das ações do governo nessas iniciativas do MEC. O Compromisso de Todos pela Educação deu o impulso a essa ampla mobilização social. O PDE é um instrumento guia para a gestão. Auxilia a escola na implantação ou revisão do seu Projeto Político Pedagógico, Planejamento Estratégico, na organização de seus Conselhos e no planejamento da formação continuada dos profissionais da e na escola. Para a elaboração e execução do PDE é necessário um grupo de sistematização, responsável pela organização das discussões, o Conselho Escolar e uma Equipe interna da escola. Etapas de Implementação do PDE: Figura 1 – Etapas de Implementação do PDE Fonte: BRASIL. FNDE-DIPRO – Diretoria de Assistência a Programas Especiais-Fundescola (2009). O PDE é um instrumento guia para a gestão. Auxilia a escola na implantação ou revisão do seu Projeto Político Pedagógico, Planejamento Estratégico, na organização de seus Conselhos e no planejamento da formação continuada dos profissionais da e na escola. 42 Planejamento Institucional Sobre as etapas de implementação do PDE, a preparação é o primeiro momento. Esta etapa compreende o conhecimento do processo de elaboração e a mobilização para a ação. Grande parte das informações necessárias está disposta no Projeto Político Pedagógico – PPP e no Planejamento Estratégico da Escola. A partir daí, seguem-se as etapas conforme sequência cronológica elencada na figura anterior. Observe que é um processo circular de retroalimentaçao, que ao concluir o ciclo, retorna ao processo inicial. Para possibilitar aos profissionais da educação um contato mais direto com o PDE, foi disponibilizado quites para as escolas compostos de 02 manuais do PDE, 01 manual de orientação financeira, 01 caderno de estudo de caso, 01 DVD instrucional e um folder. Verifique na escola este material e tome conhecimento do todo para ampliar sua compreensão. O PDE serve como referencial maior da unidade escolar. Nele está contido o conjunto das ações da escola, incluindo o Projeto Político Pedagógico e o cálculo dos recursos financeiros necessários ao desenvolvimento do plano. É um processo coordenado pela direçao da escola e conta com a participaçao dos profissionais que atuam no estabelecimento, a critério do gestor. A consolidação dos diversos PDEs por delegacias regionais de ensino e regiões socioeconômicas dos estados constitui a principal base do planejamento estratégico plurianual e do orçamento do programa anual das secretarias de educação. O PDE é elaborado para um período de cinco anos e aprovado pelo colegiado escolar. Este Colegiado deve ser composto pela representatividade do grupo de professores, alunos, funcionários, direção, especialistas, técnicos e pais. Para a concretizaçãode muitas medidas do PDE, as escolas necessitam identificar as metas e ações que a viabilizarão, indicando para cada ação os recursos necessários para a sua execução. Ou seja, o agente ou a linha de crédito de que a escola dispõe para financiar a execução da ação. As metas e ações selecionadas poderão ser A consolidação dos diversos PDEs por delegacias regionais de ensino e regiões socioeconômicas dos estados constitui a principal base do planejamento estratégico plurianual e do orçamento do programa anual das secretarias de educação. 43 Planejamento estratégico na educação Capítulo 2 financiadas com os recursos do MEC/FNDE. Mas, para os recursos serem liberados, faz-se necessário, que os Planos de Aplicação sejam aprovados pelo Conselho Escolar e Secretaria; e, os municípios têm de ter aderido ao Programa de Dinheiro Direto na Escola – PDDE e estarem cadastrados no Sistema de Assistência à Educação - SAE. Ações pedagógicas, de gestão e de infra-estrutura, propostas no PDE, podem ser financiadas com recursos do MEC/FNDE. Este aporte nos faz refletir sobre um importante segmento da escola, que fica a mercê da vontade política dos governantes, principalmente nas escolas públicas, para que haja cursos de aperfeiçoamento de formação continuada. É possível planejar para realizar na escola onde atua, juntamente com outras mais próximas, um curso para sanar deficiências constatadas nos planejamentos realizados na escola – PPP, PDE ou PE financiados com verbas federais. Conheça de perto o PDE/Escola que está no seu local de trabalho e “mãos à obra”. É imprescindível, neste momento, que a instituição de ensino tenha conhecimento e discuta todas as medidas e ações estabelecidas pelo PDE para que ela seja, não apenas objeto, mas, sujeito e agente da mudança. Lançado há pouco mais de um ano, o Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE impressiona pelos números. É composto de mais de 50 programas, o que torna difícil resumir neste capítulo. Para saber mais sobre o PDE, acesse: http://portal.mec.gov.br/ http://campconsultoria.com.br/forumcamp/downloads/Forum_Gestao/ CGE%20-%20Estudo%20Dirigido%206/pde_escola-recorte.pdf Dentre todas as medidas adotadas pelo PDE citamos aqui algumas: - PROVA BRASIL. - Programa Mais Educação. - Novo censo escolar (educacenso). - Olimpíada Brasileira da Língua Portuguesa. - Programa caminho da escola. 44 Planejamento Institucional - Provinha Brasil. - Programa Olhar Brasil. - Unidade de professor-equivalente. - Coleção sobre a obra de educadores. - Programa Incluir. - Laboratório de Informática para todas as escolas públicas. - Pl 619- Piso salarial para profissionais do Magistério. - Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB). - Programa Saúde da Família. - Pl Lei do Estágio. - Brasil Alfabetizado. Atividade de Estudos: 1) Após a leitura deste capítulo, questionamos: quais suas conclusões sobre o PDE? Qual sua importância para o desenvolvimento da educação? Qual a possibilidade de ser elaborado, na escola, os seus objetivos? Enfim, exponha sua opinião com base crítica de quem possui conhecimento do assunto. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 45 Planejamento estratégico na educação Capítulo 2 algumaS conSideraçõeS Este capítulo abordou enfoques pertinentes ao atual momento em que vivemos. Período de turbulência devido à velocidade que recebemos novas informações, a mutação de procedimentos e a urgência do que fazemos nos atropelam provocando, muitas vezes, danos irreparáveis. Parece catastrófica esta conclusão, no entanto, a escrita não tem esta intenção. E sim, de reconhecer no Planejamento Estratégico o grande parceiro para conquistarmos o sucesso da Instituição Educacional. Porém, para que o Planejamento Estratégico produza resultados concretos é necessário que haja a integração entre as ações de formulação e as de implementação. Prever um plano de ação que inclua o que, o como, o quando será realizado e quem dinamizará o processo, o estabelecimento dos prazos de execução, com as respectivas implicações financeiras da implementação e a definição de indicadores, que permitirão o devido acompanhamento e avaliação. Sem esta integração, torna-se difícil a Instituição conviver num ambiente competitivo e dinâmico e, ao mesmo tempo, cumprir a missão institucional. O ponto de partida, para uma mudança sólida, é o “querer” do corpo diretivo. Que, por sua vez, promoverá o engajamento de todos os integrantes da instituição. Em última análise, são as pessoas que irão garantir o sucesso da implementação de novas propostas e, com isto, a permanência da instituição no sistema e o devido cumprimento de seu papel na sociedade. O planejamento estratégico deverá ser paulatinamente, introjetado e absorvido na vida das escolas. Mesmo os que demonstram resistência na aceitabilidade do PDE, confessam que as suas exigências e seu controle de execução, impostos pela secretaria de educação, fez com que ele fosse internalizado pelos gestores das unidades escolares. O PDE conseguiu seu intento, que foi introduzir nas escolas brasileiras as práticas do planejamento estratégico. Mesmo sendo concebido por instâncias externas à escola (Banco Mundial/Fundescola), sem a participação da mesma, o PDE implementou um novo modo de ser e de agir na gestão e na organização escolar. O PDE, de forma geral, é a trajetória que a escola, com seus mecanismos de participação e envolvimento, traça para si mesma, tendo por base a avaliação de sua identidade. O plano tem por base as finalidades da escola, a avaliação do aprendizado dos alunos, suas finalidades e as expectativas e consenso da comunidade escolar. É uma das formas de a escola exercer sua autonomia. É também, o instrumento que credencia todas as demandas da escola referentes à sua gestão pedagógica, aos seus recursos humanos, à sua infra-estrutura e aos seus recursos materiais. Define a situação em que a escola deseja estar ao final de cinco anos, em termos de eficiência e rendimento dos alunos, do processo 46 Planejamento Institucional de ensino-aprendizagem a ser utilizado, das melhorias a serem introduzidas na infra-estrutura, dos serviços de apoio aos alunos, e dos processos administrativos e financeiros. As mudanças na educação não acontecem apenas por obra de Decretos, mas principalmente, pelo conhecimento e discussão do que está sendo oferecido e pelo poder de intervir e interagir no seio da Instituição Educacional, por meio do Planejamento de suas Ações, conquistando sua autonomia. Acreditamos ser a educação “chave mestre” da construção de uma sociedade mais solidária, mais organizada, mais justa, e com a consciência de seus direitos e deveres. No capítulo seguinte, abordaremos outra importante modalidade de Planejamento: Projeto Político Pedagógico. Estabeleceremos uma relação reflexiva entre os objetivos, elaboração, princípios que norteiam o Projeto Político Pedagógico - PPP e o que acabamos de apresentar neste capítulo sobre o PDE. referênciaS ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão de. A Gestão Estratégica de Pessoas. In: FLEURY, Maria Tereza Leme (Org.). As Pessoas na Organização. São Paulo: Gente, 2002. ANDRADE, Rosamari Calaes (Org.). Introdução: gestão da escola.
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