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Trabalho da disciplina Legislação e Normas Técnicas - Alexandre Nadal

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO
Resenha Crítica de Caso
Alexandre Nadal
Trabalho da disciplina Legislação e Normas Técnicas
 Tutor: Prof. Maria Carolina Cancella de Amorim
Astorga, PR
2021
RANA PLAZA: SEGURANÇA DO TRABALHO EM BANGLADESH (A)
Referências: QUELCH, John A.; RODRIGUEZ, Margaret L. Rana Plaza: Segurança do Trabalho em Bangladesh (A). Harvard Business School, 2015. 14 p.
O artigo nos traz para leitura, fatos e informações sobre o setor de vestuário, condições de trabalho e também desastres que ocorreram no país de Bangladesh. No dia 24 de abril de 2013, Rana Plaza, uma fábrica de vestuários, situada na cidade de Dhaka,desabou e mais de 1100 pessoas foram mortas, foi o pior acidente industrial desde 1984. 
Os contratos de exportação que Rana Plaza tinha, com clientes europeus, americanos e também empresas canadenses, fizeram com que Bangladesh se tornasse o segundo maior exportador mundial de vestuário. Infelizmente, o incidente ocorrido na fábrica, não foi o único ocorrido dentro do país, e possivelmente não será o último, caso nada seja feito. Com o desastre de Rana Plaza, autoridades competentes, empresas e etc., começaram se mobilizar e discutir quanto as responsabilidades para melhorar as condições de trabalho.
Bangladesh iniciou a privatização de industrias afim de estimular o crescimento econômico após Paquistão, em 1971, anunciar independência. E, em 1974, o ramo de vestuário no país se tornou uma força, após a promulgação do Acordo Multi-Fiber (AMF), este, que regulava a venda de vestuário e têxteis de países em desenvolvimento para países de primeiro mundo. Com isso, países como China, Hong Kong e Índia, tinham quotas sobre as exportações e Bangladesh não, fazendo com que as exportações aumentassem de 12 mil dólares, em 1978, para 21 bilhões de dólares em 2012. 
O acordo se encerrou em 2004, mas mesmo após isso acontecer, Bangladesh manteve seu volume de exportação graças aos baixos custos laborais que continha, e assim em 2012 chegou a ser o segundo maior exportador de vestuário do mundo, atrás apenas da China.
Desta forma, a indústria de vestuários passou a empregar mais de 3,6 milhões de pessoas diretamente e mais de 6 milhões indiretamente, valor que chega a equivalentes 2% da população do país, além disso, representava 13% do PIB, e por se tratar de um ramo que vinha em constante crescimento, tornou-se o que mais pagava para seus funcionários, 13% mais que as demais industrias. 
Vários fatores fizeram com que Bangladesh se tornasse potência no ramo de vestuários, além das mencionadas acima, outros fatores foram cruciais, como a diferença de salário para os demais países, possibilitando um custo baixo para as indústrias de Bangladesh.
Com esta alta de venda e produção, novas fábricas tiveram de ser construídas, e por falta de tempo, essas construções não seguiram padrões de segurança, tornando-as fracas e outras fábricas já construídas, estavam inconformes com as regulamentações, com potenciais riscos de explosão de materiais inflamáveis. 
Ao passar do tempo, numerosas ONGs procuraram melhorar as condições de trabalho e segurança dos trabalhadores, e com isso, os funcionários passaram a receber instrução sobre leis trabalhistas, direitos legais, como se portar perante essas situações de condições de trabalho ruins. E também enquanto isso, autoridades tomavam outras decisões, tentando suspender privilégios comerciais devido a essas condições precárias das fábricas, não sendo nada seguro.
Infelizmente, as devidas decisões não foram tomadas em tempo, e no dia 24 de abril de 2013, um dos edifícios, chamado de Rana Plaza, com nove andares, colapsou e desabou, matando 1100 trabalhadores e ferindo mais de 2500 pessoas. O mais intrigante é que, no dia anterior ao desastre, foi notado diversas rachaduras nas paredes do prédio, onde não se tinha apenas as fábricas de vestuário, mas também shopping center e um banco. 
Um engenheiro foi até o local a pedido do proprietário da Rana Plaza, Sohel Rana, o qual passou informações de que o prédio não estava seguro e sugeriu que fosse evacuado. Porém, mais tarde no mesmo dia, um funcionário do governo local se reuniu com Sohel Rana, e informou que o prédio estava sim em condições normais e que era preciso uma nova inspeção. Logo, foi informado aos funcionários que eles deveriam continuar trabalhando e que eram esperados para o dia seguinte, pois tinha pedidos atrasados para serem feitos e entregues, e caso faltassem, seriam demitidos. Já funcionários do banco, ouviram a opinião do primeiro engenheiro e não foram trabalhar.
O desastre foi causado pelos seguintes fatores: quatro andares adicionais foram construídos de forma ilegal acima dos quatro que já existiam, além do nono andar ainda estar em construção;fora os andares a mais, as paredes de suporte não eram suficientes para manter o alto peso das máquinas e geradores que as fábricas usavam;o terreno no qual o prédio foi construído, era uma lagoa e foi preenchido apenas com areia;e, para economizar, materiais de construção de baixa qualidade foram utilizadas para a construção do edifício, ou seja, tudo ligado à problemas estruturais. Do terceiro ao oitavo piso, havia seis fábricas de vestuário.
Após o incidente, funcionários de outras fábricas e também os da Rana Plaza, se uniram para tentar fechar ou tentar mudar o ramo de vestuário que estava sendo um setor praticamente de escravidão, mas infelizmente acabaram sendo expostos, e muitos, posteriormente, não conseguiram mais emprego no ramo e nem em outros setores e tiveram que voltar para vida no campo. Os trabalhadores atingidos pelo desastre não pertenciam a nenhum sindicato.
Alguns dias após o ocorrido, o governo moveu-se para prender os donos das fábricas que estavam ocupando o edifício que desabou, os quais também foram acusados pela Justiça do Trabalho, mas infelizmente, não para compensar as famílias das vítimas fatais ou as vítimas não fatais, mas sim apenas por negligência.
Porém, o governo de Bangladesh também tinha sua culpa, pois, com medo de espantar o investimento estrangeiro no país, e diminuir o PIB, nunca informou que eles não tinham nem pessoal e nem equipamento suficiente para fazer as devidas inspeções nas fábricas do ramo de vestuário, informações que vieram à tona apenas após o incidente. 
Com todo o problema gerado, após toda a repercussão mundial, consumidores do mundo todo começaram a expressar suas opiniões, diminuindo inclusive a compra de material que vinha de Bangladesh. Por outro lado, os varejistas, ao notar todo o movimento, se defenderam falando que não sabiam que as fábricas de Bangladesh funcionavam de forma tão imprudente e insegura.
Por fim, algumas marcas resolveram tirar suas produções do país, outras, por não ter nenhum envolvimento e por estar trabalhando de forma correta e efetuando inspeções nas fábricas, resolveram manter a produção normal.
Existia também uma terceira possibilidade, que seria investir nas cinco mil fábricas que estavam dentro do país e nenhuma marca sair. Inclusive, foi realizado um levantamento de valores, e um montante de US$3 bilhões seriam necessários para fazer com que todas as fábricas ficassem operáveis de forma segura, além de efetuar inspeções contínuas, sem exceção, para verificar posteriormente as condições das fábricas.
O que se pode tirar de tudo isso é que, infelizmente, em muitos lugares os funcionários ainda são explorados, com salário baixo, condições precárias, visando pelos empregadores, apenas o lucro e não se importando com as pessoas. 
As condições que Rana Plaza entregava aos funcionários eram lastimáveis, foi necessário um desastre desta magnitude para que realizassem mudanças, quem sabe se isso não tivesse ocorrido, até hoje ainda haveria funcionários trabalhando em péssimas condições e com salários baixos, se comparados com os demais do mundo.
Outro fator importante de se destacar, é que em muitos países, funcionários trabalham sem o mínimo de conhecimento sobreseus direitos, e por este motivo, acabam sendo passados para trás pelos empregadores. Esperamos que um dia essa “escravidão” mude, e pessoas humildes consigam ser mais alfabetizadas e, consequentemente, possam se defender.
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