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Legislação e Normas Técnicas (NPG1438) - Trabalho

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
MBA EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
 
Resenha Crítica de Caso 
Rana Plaza: Segurança do Trabalho em Bangladesh (A). 
Raphael B. M. Azevedo 
 
 
 
Trabalho da disciplina Legislação e Normas Técnicas 
 Tutor: Prof. Carlos Alberto Martins Ferreira 
 
 
 
 
Salvador 
2020 
http://portal.estacio.br/
 
 
 
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RANA PLAZA: SEGURANÇA DO TRABALHO EM BANGLADESH (A) 
 
Referência: 
QUELCH, John A.; RODRIGUEZ, Margaret L. Rana Plaza: Segurança do Trabalho 
em Bangladesh (A). Escola de Negócios de Havard. Fevereiro 2015. 
 
O respectivo artigo comtempla o desmoronamento do Rana Plaza, edifício de 
oito andares que abrigava um complexo de fábricas têxteis em Bangladesh, sendo 
uma das maiores tragédias industriais da história e um dos mais dramáticos e 
simbólicos atentados recentes contra o direito de trabalhadoras e trabalhadores, 
atingindo a lamentável marca de 1100 vítimas fatais, conforme informações oficiais e 
ainda ferindo mais de 2,5 mil pessoas, sendo em grande parte funcionários que 
estavam trabalhando no local, em sua grande maioria mulheres. 
As análises de falhas e negligências cometidas pelas partes envolvidas, 
observamos que lamentavelmente o horror est á profundamente associado à busca 
incessante e desenfreada por lucro, motor central do sistema capitalista. Onde é 
ampla a cadeia alimentada por vantagens político-econômicas, das poderosas grifes 
e empresas internacionais do mundo da moda de países desenvolvidos como EUA, 
Europa e Canadá, que foram cobradas publicamente por serem as grandes 
beneficiárias do esquema em curso aos “empreendedores” e políticos de 
Bangladesh, das auditorias contratadas e dos sistemas de monitoramento de 
cadeias produtivas aos consumidores finais. Empresas essas atraídas pela 
produção de baixo custo e de grande capacidade de produção, oriundos de baixos 
custos laborais, onde os salários eram extremamente inferiores a outros países em 
desenvolvimento, bem como a total ausência de condições de trabalho e do 
cumprimento às leis trabalhistas. 
Se não bastassem todos os atenuantes e a ausência de condições de 
trabalho, baixos salários e não cumprimento da legislação trabalhista, um dia antes 
da tragédia trabalhadores observaram rachaduras nas paredes do edifício onde 
abrigava cinco fábricas de vestuário, um banco e Shopping Center. 
 
 
 
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Um engenheiro ainda teria considerado o edifico inseguro e orientou que 
todos evacuassem o prédio, porém mais tarde um funcionário do governo 
juntamente com o dono do prédio declarou que o prédio estaria apto e sem risco até 
uma nova avaliação, sendo os funcionários orientados a voltarem ao trabalho no dia 
seguinte para atender aos atrasos decorrentes da parada, sob o risco de perderem o 
emprego. 
Nota -se ai uma total ausência de escrúpulo por parte dos envolvidos e 
principalmente do governo que além de não ter uma política que preserve a 
integridade física e moral dos trabalhadores daquele país, sobre tudo no quesito de 
segurança do trabalho, ainda tinha a única preocupação em perder os contratos 
para fornecimento de vestuário que naquele momento batia recordes de exportação. 
O despautério ainda tinha origem no início do processo da cadeia de 
produção, ou seja, as construções que na maioria d as vezes tinham que ser 
executadas de forma rápida para atender a demanda de produção, eram feitas sem 
qualquer embasamento em normas de construção e muitas vezes executavam 
ampliações em prédios existentes sem qualquer reforço estrutural, fato ocorrido no 
edifício Rana Plaza, que teve 4 andares adicionados ilegalmente sobre os 4 andares 
já existentes, onde as paredes não tinham os suportes necessários para tal carga 
estrutural e muito menos para as cargas excedentes das maquinas industriais 
utilizadas nas fabricas. 
Inevitavelmente nos dias seguintes a tragédia, funcionários do setor se 
amotinaram nos distritos industriais em manifestações, causando fechamento de 
muitas fabricas de vestuários locais. Nenhuma das fábricas existentes no edifício da 
tragédia pertencia a um sindicato regido pela lei trabalhista do país, obviamente que 
depois da tragédia o setor ficou abalado e sob os holofotes até mesmo 
internacionais, onde muitos funcionários decidiram retornar as suas aldeias para 
trabalhar no campo, abandonando assim o trabalho na indústria de vestuário. 
O governo de Bangladesh aparentemente alegava que sempre buscara 
melhorias constantes nas condições de trabalho, mas a preocupação com as 
consequências para as milhões de pessoas que dependem da indústria para garantir 
sua sobrevivência também se deve levar em conta. 
 
 
 
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Entretanto, espera-se que a catástrofe convide a uma maior reflexão sobre o 
assunto, uma vez que as grandes empresas contratantes no intuito de obter 
produtos com relativo custo baixo, e que até então não seriam responsabilizadas 
diretamente, uma vez que faziam inspeções nas respectivas fabricas e somente na 
preocupação de manter registros de infrações sem a obrigação de alertar os 
trabalhadores dos possíveis riscos. 
Restavam as multinacionais permanecerem com a parceria com as fábricas 
de Bangladesh para então melhorar as condições de segurança na indústria. No 
entanto estudos feitos estimaram um custo altíssimo para as ad equações visto que 
90% das mesmas tinham necessidades de reparos graves ou até mesmo demolição, 
nota-se ai uma total desorganização e imprudência do governo em estabelecer e 
desenvolver as normas e legislação tanto de segurança do trabalho como também 
de construção civil que notoriamente estava num total abandono. 
A pressão internacional e a proporção do desastre fizeram com que após a 
tragédia houvesse uma grande movimentação para a aprovação de leis mais 
amigáveis à sindicalização em um país conhecido por barrar mobilizações 
trabalhistas. Até mesmo novos sindicatos foram registrados no país. No entanto, 
houve aumento na rejeição do governo a novos registros além de mais relatos de 
violações de direitos. Algo similar aconteceu com os salários, onde o mínimo foi 
quase dobrado, mas depois nunca mais subiu, tendo alcançado em fevereiro de 
2018 um déficit com relação ao dólar, se comparado com a época do desastre. Uma 
saída para esta realidade e talvez para outras várias irregularidades na cadeia de 
produção sobre tudo de países em desenvolvimento é que as empresas pressionem 
os fornecedores a pagar um salário justo aos trabalhadores, e que as normas de 
segurança do trabalho e condições de trabalho sejam respeitadas à risca , e dessa 
forma que incluírem este custo extra diretamente no preço final. Os consumidores 
desta forma saberiam que estão pagando a mais para beneficiar diretamente quem 
mais precisa, e não para aumentar as margens de lucro das grandes empresas. 
Agora para que isto seja feito de fato, seria necessário à união e concordância das 
empresas em mudar a forma como administram e contabilizam seus custos. Fica o 
exemplo do desastre do Rana Plaza, que a busca desenfreada, desorganizada e 
 
 
 
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acima de tudo inconsequente e sem escrúpulos, traz um prejuízo imensurável 
dignidade humana.

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