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1 AVALIAÇÃO DO FRACASSO ESCOLAR – ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO EDUCACIONAL E DO PSICÓLOGO EDUCACIONAL NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL Daniela Rosolen Galetti Psicóloga da Secretaria da Educação do Município de Campo Mourão Mestranda em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá - UEM Tatiane Andressa De Almeida Gomes Fonoaudióloga da Secretaria da Educação do Município de Campo Mourão RESUMO Neste trabalho discute-se a avaliação do fracasso escolar pelos profissionais de psicologia e fonoaudiologia – Avaliação Psicoeducacional - na perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural, com o intuito de refletir acerca de diagnósticos que envolvem dificuldades escolares realizados de forma cada vez mais apressada e centrada na criança, levando em consideração apenas aspectos maturacionais em detrimento aos processos sócio-culturais. Para tanto, serão apontadas algumas formas de avaliação tradicionalmente usadas para o encaminhamento de alunos ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) e, posteriormente, apresentado o Método Instrumental de Vigotsky como proposta para uma avaliação que privilegie os aspectos históricos e sociais que permeiam a criança e possibilite a análise de todo o processo que envolve a aprendizagem e não apenas de seu produto. Palavras-chave: Avaliação Psicoeducacional; Psicologia Histórico-Cultural; fracasso escolar. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo discutir sobre a avaliação psicoeducacional - realizada pelos profissionais de psicologia e fonoaudiologia, que atuam na área educacional -, a partir da perspectiva da Psicologia Histórico Cultural, chamando a atenção para práticas que podem vir a legitimar o fracasso escolar e se tornarem excludentes. Além disso, visa elucidar a necessidade da análise de todo o processo e não apenas de seu produto nas avaliações das queixas escolares. Para tanto, faz-se necessário ressaltar que o trabalho desses profissionais no âmbito escolar não deve estar pautado no modelo clínico, tampouco consiste em retirar a criança de seu contexto e tratá-la de forma individualizada. Pazini e Ribas (2010) 2 destacam a atuação do Fonoaudiólogo Educacional - descrita na Resolução 309/05 -, por meio da discriminação de ações que devem ser realizadas no âmbito escolar: orientações, palestras e estudos de caso; planejamento e desenvolvimento de programas fonoaudiologicos, realização de observações e triagens, em grupos ou individuais; promoção de ações que melhorem a qualidade ambiental e colaboração no planejamento pedagógico da escola. Compete também ao fonoaudiólogo desenvolver ações em parceria com os educadores, que contribuam para a promoção, aprimoramento e prevenção de problemas relacionados à audição, linguagem oral e escrita, motricidade oral e voz. Da mesma forma, a Psicologia Escolar e Educacional também deve procurar coletivizar suas práticas. De acordo com o documento elaborado pelo Centro de Referencia Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP): Referências Técnicas para a Atuação de Psicólogas (os) na Educação Básica, o psicólogo inserido nesta área pode atuar junto aos professores e equipe pedagógica na elaboração do projeto político- pedagógico da escola; intervir no processo de ensino-aprendizagem, resgatando com o aluno a função do conhecimento científico como possibilidade de mudança da realidade; trabalhar na formação de professores; trabalhar com a educação inclusiva e com grupos. Tudo isso, partindo do pressuposto de que o homem conhece o mundo através do trabalho educativo, portanto, a escola deve atuar no processo de humanização. Os psicólogos e fonoaudiólogos adentraram o campo educacional, cada qual em sua especificidade, com o intuito de colaborar com a aprendizagem do aluno e o trabalho do professor, uma vez que podem analisar com ele todos os fatores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem e pensar em ações que podem vir a facilitá-lo. Ao retirar a criança de contexto e não envolver o professor em seu trabalho, esses profissionais correm o risco de cometerem equívocos e contribuírem com a manutenção do fracasso escolar. Uma pesquisa realizada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), em 2011, o Brasil foi classificado em 88° lugar no ranking de educação entre 127 países. Ainda em relação a realidade educacional do Brasil, de acordo com o Índice Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF, 2007), apenas 28% da população brasileira tem plenas possibilidades de interpretar e produzir diferentes tipos de gêneros textuais. Dados como esses são significativos e por isso, os profissionais de Fonoaudiologia, devem estar atentos ao realizar o diagnóstico de dislexia, por exemplo, geralmente dado 3 para crianças que apresentam dificuldades no processo de aquisição de leitura e escrita, sem levar em consideração as condições sócio-culturais que as permeiam. Para Tuleski e Chaves (2011) ao realizar a análise desses dados, é fundamental fazer a avaliação do sistema de ensino, o que evidencia e legitima o papel da educação no processo de desenvolvimento social. Se isso não ocorre e se a leitura dos números for realizada de maneira desatenta e superficial, o baixo rendimento pode vir a ser diagnosticado como patologia e a reavaliação dos procedimentos didático-pedagógicos deixa de ser realizada. Nota-se que a busca incessante por resultados na elevação dos indicadores educacionais pode intensificar a postura de se atribuir causas patológicas ao declínio na aprendizagem das crianças. Com o objetivo de trabalhar com as possíveis causas patológicas das dificuldades de aprendizagem, a Secretaria da Educação do Estado do Paraná tem como proposta o encaminhamento de crianças com necessidades educacionais especiais às Salas de Recursos Multifuncionais ou à Classe Especial. O atendimento em Sala de Recursos Multifuncional está regulamentado pela Instrução 016/2011, redigida pela SEED/SUED – Secretaria de Estado do Paraná, que vem “privilegiar” alunos com laudos de deficiência intelectual, deficiência física neuromotora, transtornos globais do desenvolvimento e transtornos funcionais específicos (dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade). Quando portadoras de um diagnóstico, esses alunos passam a ter o direito de um ensino individualizado e voltado para suas necessidades em salas equipadas com diversos materiais, sob a responsabilidade de um professor especialista para trabalhar com a criança em contraturno. O que a prática tem mostrado, é que, na ânsia de realizar o encaminhamento de alunos a esses serviços, muitos laudos e diagnósticos estão sendo realizados de forma apressada e descuidada, sem se pensar na forma como problema que a criança está enfrentando foi instalado, fato que faz com que as dificuldades de aprendizagem, defasagem de conteúdo e problemas de cunho pedagógico passem a ser encarados como patologias. Com o objetivo de compreender melhor essa temática, ao longo do trabalho serão abordados os seguintes assuntos: a produção do fracasso escolar e a medicalização da educação, e a Avaliação Psicoeducacinal na Perspectiva da Psicologia Histórico- Cultural. 4 A PRODUÇÃO DO FRACASSO ESCOLAR E A MEDICALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO Diferentes autores vêm chamando a atenção para as questões que permeiam o fracasso escolar. Maria Helena Souza Patto, na década de 1980, dedicou-se ao estudo desses fatores e detalhou sua pesquisa em um livro intitulado: A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia (1990). Nessa pesquisa, Patto (1990) observou que as explicações sobre o fracasso escolar costumavam aparecer rodeadas por mitos e preconceitos. Patto (1985) também explora esse tema em outro trabalho, ao falar sobre a criança da escola pública. Para ela, um dos mitos que sustentaalgumas das queixas escolares surgiu nos Estados Unidos, entre a década de 1950 e 1960, com a Psicologia Diferencial. A explicação era a de que crianças que vivem em um meio social, cultural, ou étnicos diferentes, também apresentam um rendimento escolar diferente. Acreditava-se que a criança que vinha de um meio socioeconômico menos favorecido, não obtinha sucesso na escola por ser portadora de deficiências em várias áreas do seu desenvolvimento psicossocial. O conjunto de estudos desenvolvidos com base nesta explicação ficou conhecido como “teoria da carência social”, importada dos Estados Unidos. Este primeiro estudo científico, via na criança a causa do problema de aprendizagem. Infelizmente, essa idéia prevalece até hoje no discurso de muitos educadores. De acordo com Patto (1985), o que aconteceu em um segundo momento foi uma mudança de termo. A criança da classe subalterna não deveria mais ser considerada deficiente, mas diferente, uma vez que, sua forma de falar, de se relacionar e resolver problemas é diferente. Sendo assim, a causa dos problemas de aprendizagem estava na expectativa do professor por alunos ideais e na incompreensão dessas diferenças. Em um terceiro momento, os estudos desenvolvidos sobre a causa dos problemas de aprendizagem colocaram a instituição escola em evidência. Se antes o aluno e a família eram os culpados pelo baixo rendimento escolar, agora o trabalho do professor começa a ser questionado. No entanto, para Patto (1985), não se trata de criar réus, mas de entender as condições de trabalho do professor e sua relação com o aluno. Segundo a autora, uma das práticas que constituem o processo de produção do fracasso escolar dentro da escola é o encaminhamento das crianças que começam a apresentar dificuldades no processo de aprendizagem. Encaminhar crianças com dificuldades pedagógicas a especialistas da área médica é um procedimento que ficou conhecido como medicalização, ou seja, o 5 resultado do processo de transformação das questões sociais e humanas em questões de propriedade médica. Segundo Moysés (2001), “aplicam-se à vida as concepções que embasam o determinismo biológico, tudo sendo reduzido ao mundo da natureza” (p.175). Muito semelhante ao que acontece no processo de biologização, que, de acordo com Meira (2011), significa o “deslocamento do eixo de análise da sociedade para o indivíduo e, muito particularmente, para o organismo do indivíduo” (p. 95). Há muito tempo a saúde vem participando ativamente das práticas escolares, uma vez que determina os encaminhamentos que serão dados às crianças que encontram dificuldades no processo de escolarização. Os problemas de cunho pedagógico passam a ter um caráter médico e o número de crianças diagnosticadas com distúrbios de aprendizagem e que, em decorrência disso, fazem uso de algum tipo de medicamento, tem aumentado cada vez mais. No entanto, de acordo com Moysés (2001), a influência exercida pela medicina sobre a educação tem data anterior ao que geralmente se imagina. De acordo com a autora, no Brasil, final do século XIX e início do século XX, os médicos higienistas1 entendiam o problema da higiene como o grande problema do homem. Se, portanto, os indivíduos se tornassem higienizados, se transformariam em uma raça forte e sadia, pronta para o advento da industrialização e para fazer do Brasil uma grande nação. Por isso, a preocupação dos médicos estava voltada para os hábitos de higiene das famílias e a escola mostrou-se um lugar propício para se realizar intervenções. Neste momento, essas intervenções não estavam relacionadas à aprendizagem dos alunos, mas tinham como objetivo o controle das diferentes epidemias que acometiam os moradores dos grandes centros, recém-urbanizados. De acordo com Boarini e Yamamoto (2004), “estas instituições deveriam ser ‘higienizadas’ e, através delas, o corpo. A infância - e a sua entrada na escola - era apontada como o momento ideal para a criação de hábitos que possibilitariam a ‘higienização’ dos indivíduos” (p. 64). Dessa maneira, as escolas – que a partir da era da industrialização abriram suas portas para a entrada das crianças oriundas das classes populares - tornaram-se alvo dos higienistas porque, por meio delas, eles poderiam atingir os filhos das famílias das camadas mais pobres e carentes da população, que supostamente viviam em condições mais precárias. Por esse motivo, Rosa (1995) considera que essa higiene escolar, 1 Estes médicos, segundo Boarini (2009), - entre eles os membros da Liga Brasileira de Saúde Mental, fundada em meados da década de vinte - preocupavam-se em formar cidadãos hígidos e fazer do Brasil uma grande nação. Para tanto, intervieram em diferentes segmentos da sociedade, ente eles, a escola. 6 individualizante, ganhou um caráter de classe social, uma vez que direcionou maior preocupação a essas crianças. De acordo com Moysés (2001) e Boarini (2009), uma vez na escola, os higienistas passaram a determinar os padrões de construção dos prédios escolares, da organização curricular, implantação das horas de recreio e aulas de educação física. Mas não se restringiram apenas às normas físicas e estruturais, passaram também a normatizar o comportamento adequado dos alunos. Assim, “ao normatizar preceitos para a aprendizagem adequada, estende-se para o não aprender. Medicaliza a educação, transformando os problemas pedagógicos e políticos em questões biológicas, médicas” (MOYSÉS, 2001, p. 190). A medicina, dessa forma, amplia seu campo de atuação às escolas e se apresenta como capaz de tratar e prevenir problemas escolares, antes que eles surjam. Ou seja, a saúde cria demandas de serviços dentro do ambiente escolar, tendo como base o discurso de que existem crianças incapazes de aprender, a menos que sejam submetidas à intervenção médica. Ainda sobre a entrada da medicina no campo da educação, Massi e Santana (2011) ressaltam que, também no século XIX, a discussão da dislexia teve a área médica como precursora, especificamente a neurologia. E essa área continua a buscar por fatores orgânicos, através dos exames de neuroimagem que marcam alterações encefálicas, estruturais e funcionais, capazes de ocasionar atrasos maturacionais, anomalias de células no córtex cerebral e anomalias genéticas. A partir dos anos de 1950, a psicologia entrou nessa discussão trazendo questões relativas a desordens psicomotoras e, no final do século XX, por meio da neuropsicologia, surgiram estudos apontando para um déficit de processamento fonológico da linguagem. As autoras reforçam que a busca de uma explicação genética para questões da aprendizagem da escrita denuncia o fato de que uma visão biológica determinista vem sendo usada para justificar características de atividades humanas como naturais, atribuindo à natureza orgânica questões escolares e, por aí, encobrindo diferenças humanas nos planos sociais e individuais. As desigualdades sociais e as diversidades no desempenho individual da criança são, nessa visão, interpretadas por meio de critérios orgânicos – inevitáveis e imutáveis –, garantindo que as análises do cotidiano escolar e do processo de apropriação da escrita permaneçam restritas ao signo da patologização individual. 7 Ao fazer um resgate histórico, Moysés (2001) chega à conclusão de que o processo de exclusão dos alunos que não correspondem à norma, ao que é esperado pela instituição, não é recente, mas aconteceu logo nos primeiros anos do aparecimento da escola enquanto instituição. Para Moysés (2001), o equívoco de que a incidência do fracasso escolar no Brasil foi causado pela expansão da rede escolar às crianças que não tinham acesso a cultura, provenientes das classes trabalhadoras, é bastante comum. Imagina-se dessa forma, que a escola tenha pedido socorro aos especialistaspara dar conta desta demanda que não conseguia aprender. No entanto, segundo a autora, a análise histórica possibilita outra versão. O fracasso escolar tem no Brasil um início semelhante ao que teve na França, no final do século XIX e início do século XX. De acordo com Moysés (2001), a dificuldade enfrentada com a obrigatoriedade da frequência, sobretudo com as classes mais populares, fez com que os especialistas oferecessem, e até mesmo impusessem, ajuda às escolas. No entanto, estes estavam instrumentalizados com testes que preconizavam a exclusão do aluno da classe regular, ou mesmo da escola, e os encaminhava para classes especiais. De acordo com Souza (2007), estes testes – em sua maioria produzidos nos Estados Unidos - foram elaborados “a partir da eleição do universo de conhecimentos e habilidades das camadas dominantes como critérios de inteligência” (p. 267), sob a égide da suposta neutralidade científica. Por isso, convertem-se em armadilhas quando aplicados a outros grupos sociais, que tendem a não se saírem bem, pois são impossibilitados de demonstrarem seus verdadeiros conhecimentos e habilidades, uma vez que, só são consideradas nos critérios de inteligência as respostas classificadas como corretas nos manuais destes testes. Segundo Patto (1997), estes instrumentos não são produtos de uma ciência neutra, mas fruto de práticas sociais, embutidos de um caráter elitista, pois veiculam conhecimentos construídos a partir dos padrões da classe média, e criam um abismo entre eles e o que é vivenciado pelas crianças das classes populares. Essa diferença de realidade não é levada em consideração na elaboração dos laudos e pareceres, o que contribui para a cristalização da ideia de aptidão e inaptidão natural de cada indivíduo. De acordo com Patto (1997), isso decorre da influência do pensamento capitalista, da concepção de meritocracia, na qual cada um ocupa o lugar que “merece” na hierarquia social. Além disso, 8 A crítica dos testes tem sido feita em diferentes níveis de profundidade: dos conteúdos; da definição de inteligência e de personalidade em que se apóiam; do critério estatístico e adaptativo de normalidade que lhes serve de base; da situação de testagem propriamente dita; da teoria do conhecimento a partir da qual eles são gerados (PATTO, 1997, s/n). Patto (1997) chama a atenção para a exatidão nas respostas que são cobradas pelos testes, respostas estas que exigem uma visão idealizada de mundo. Além disso, ressalta que, nesse tipo de avaliação, o foco de análise sempre esta no produto dos processos mentais e nunca no processo de produção da resposta, como se a capacidade intelectual fosse estática. De acordo com Patto (1997), a pauta da discussão não são os testes em si, mas a concepção de homem e de sociedade da Psicologia que faz uso destes instrumentos para avaliar e classificar indivíduos e grupos. Por isso, o que esses profissionais podem fazer, na opinião de Patto (1997) é “aproximarem-se das teorias que lhes permitem pensar criticamente as condições em que a psicologia se fez e se faz como ciência e profissão” (s/n). A Psicologia Histórico-Cultural é uma teoria psicológica crítica, que considera o sujeito através do seu contexto social e oferece base para a compreensão da realidade histórica. Por esse motivo, ela vem ao encontro da proposta de uma avaliação diferenciada que pretende uma revisão das ações dos profissionais de psicologia e fonoaudiologia, pautadas em um exercício constante de avaliação crítica da realidade – que é produzida historicamente -, objetivando dessa forma, que o indivíduo, em especial o aluno, se desenvolva da melhor e mais completa forma possível. A AVALIAÇÃO PSICOEDUCACINAL NA PERSPECTIVA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL Vigotsky (1995) concebia o homem como um ser social e seria inviável tentar compreendê-lo de outra maneira. Dessa forma, ele fez a crítica às correntes psicológicas que tinham por base ou o idealismo, ou o materialismo e propôs uma psicologia pautada no materialismo histórico-dialético. Para Vigostki (1930), a consciência está relacionada ao modo de vida do homem. Segundo ele, essa relação pode ser observada quase nua e crua na sociedade primitiva, uma vez que a mediação entre o progresso técnico e o psiquismo ainda eram muito escassos. Contudo, na sociedade modera, essa relação 9 acontece de forma muito mais intrincada e já não de forma direta, mas mediada por fatores materiais e espirituais complexos. Sendo o homem capaz de modificar o meio em que vive e podendo também ser influenciado por esse meio, para entendê-lo, é necessário ir muito além da aparência. Se a essência não for buscada, corre-se o risco não compreendê-lo em seu movimento, como parte de um processo histórico. Em seu texto Método de investigação, Vigotsky (1995) afirma que toda nova investigação começa pela busca e elaboração do método, e método e objeto mantém uma relação muito estreita. Entender a relação com outros métodos, saber seus pontos fortes e fracos, entender seu fundamento principal e saber utilizá-lo adequadamente, significa elaborar em enfoque correto e cientifico. Ao falar sobre a necessidade de um novo método, Vigotsky (1995) faz crítica ao estudo do homem culto e do homem nascido em uma sociedade não tão bem desenvolvida, com acesso limitado a cultura, a partir do mesmo método de investigação, sem se levar em conta o contexto social ao qual pertencem. Para Vigotsky (1995), o homem se constitui e se desenvolve a partir da comunicação e relação com outros homens, ou seja, da atividade mediadora. Para ele, a conduta do homem é influenciada pelos signos, que permitem que atue de acordo com sua natureza psicológica. A diferença entre signo e ferramenta, é a distinta orientação entre ambas e as duas são conceitos subordinados a atividade mediadora. Através da ferramenta, o homem influencia o objeto da sua atividade. O signo não modifica nada no objeto da operação psicológica, ele é o meio que o homem utiliza para influenciar psicologicamente sua conduta e a dos demais. Essas questões são fundamentais para compreender o método de investigação proposto pelo autor. A atividade mediadora reconstrói a operação psíquica a semelhança de como a aplicação das ferramentas modifica a atividade natural dos órgãos e amplia a atividade das funções psíquicas, denominada em seu término, função psíquica superior. De acordo com Tuleski (2008), ao longo de seus estudos, Vygotski procurou evidenciar que o desenvolvimento histórico se sobrepõe ao biológico seguindo três linhas principais: evolutiva, histórica e ontogenética. Isso significa entender que o comportamento dos animais superiores tem semelhanças, mas também diferenças em relação ao comportamento humano. Assim como também devem ser observadas as diferenças entre o comportamento do homem primitivo e do homem moderno. Segundo Vygotski, deve-se considerar o processo de apropriação, desenvolvimento e integração 10 da criança ao meio histórico-cultural, que refletirá em seu comportamento e pensamento. Para ele, a principal característica que diferencia o homem do animal é a necessidade de comunicação entre os seres de sua espécie e consequentemente a capacidade de produzir um signo, marcando a cultura humana. Tuleski (2008) ressalta que Vygotski parte das ideias de Engels para desenvolver seus estudos sobre a linguagem. Ele ressalta sua importância no processo de transformação do pensamento prático em pensamento verbal e no desenvolvimento das operações intelectuais. Vale destacar que, para Vygotski, esse processo deve ser analisado como resultado de um processo histórico de apropriação da cultura, não apenas biológico. De acordo com a autora, para melhor evidenciar a importância do processo histórico no desenvolvimento dos mecanismos psicológicos, Vygotski estudou o comportamentoe pensamentos dos povos primitivos. Ao fazer comparações entre o homem moderno e o primitivo, ele conclui que as funções psicológicas não são inatas e, além disso, são suscetíveis a mudanças de acordo com o período histórico ou sociedade que o indivíduo vive. Isso porque, as funções vão sendo desenvolvidas e aprimoradas de acordo com as necessidades do indivíduo, que por sua vez, estão relacionadas ao desenvolvimento social e cultural e à época em que ele vive. Em outras palavras: “As funções psicológicas vão adquirindo um grau cada vez maior de complexidade à medida que os signos produzidos pelos homens são cada vez mais complexos” (TULESKI, 2008, p.130). Sendo assim, a diferença entre o comportamento do homem primitivo e do homem moderno só pode ser compreendida a partir de uma perspectiva histórica, uma vez que cada geração inicia suas experiências com o mundo a partir das criações de gerações passadas, da história dos signos desenvolvidos a partir das necessidades dos homens. Com isso, segundo Tuleski (2008), Vygotski evidencia que o comportamento do homem está relacionado à organização social e às características das relações humanas na sociedade em que ele se insere e supera assim o determinismo biológico. Segundo Tuleski (2001), no que diz respeito às funções psicológicas Vygotski diz ainda que a criança não se difere do adulto apenas em aspectos quantitativos, mas que no início de sua vida, o que predomina é o orgânico e através da ação social, ele vai sendo superado pelo desenvolvimento do pensamento e da linguagem. Com isso, a criança vai deixando de pensar e perceber o mundo de uma forma primitiva. A inserção da criança em um contexto cultural, torna possível o desenvolvimento das funções 11 psicológicas primitivas em superiores. Tuleski (2008) ressalta que, para Vygotski, a escola seria um lugar propício para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, uma vez que podem auxiliar a criança a se apropriar dos signos que permitem um autodomínio de suas capacidades mentais. De acordo com a autora, Vygotski ressalta que a linguagem tem um papel muito importante neste processo, pois proporciona um salto qualitativo no desenvolvimento da criança, já que possibilita uma interação maior dela com os adultos de seu meio social. Quando ocorre a união entre o pensamento e a linguagem, as funções psicológicas são redimensionadas e o indivíduo passa a ter domínio sobre elas. Essa união é capaz de alterar a forma de conteúdo da imaginação, dos sentimentos e da vontade. Tudo isso, de acordo com Vygotski, depende da organização social, ou seja, para ele, a psique é uma construção histórico-social. Ao considerar o homem como um ser social, não se pode deixar de considerar o contexto em que ele esta inserido em um processo de avaliação psicoeducacional. Avaliar a criança de forma individualizada é fechar os olhos para os fatores que podem estar envolvidos de forma direta na elaboração da queixa escolar. Pensando assim, são muitos os aspectos que precisam ser investigados pelos profissionais que lidam com esse tipo de queixa. No que diz respeito às questões relacionadas ao contexto escolar, de acordo com Souza (2007), o ensino público brasileiro encontra-se em situação calamitosa há bastante tempo. A autora aponta alguns funcionamentos escolares que produzem “educadores fracassados”, ou seja, acontecimentos que comprometem o trabalho do professor e consequentemente a aprendizagem do aluno e que, na maioria das vezes, não são levados em consideração na elaboração, análise e encaminhamento das queixas escolares. Seguindo esse viés, Souza (2007) assinala, por exemplo, a questão das políticas públicas na Educação que são, na maioria das vezes, impostas aos professores de maneira autoritária. Para ilustrar, ela cita as políticas de Progressão Continuada (1997), que propõe a re-organização do Ensino Fundamental em ciclos e regulamenta a reprovação; a política de Inclusão (2000), na qual a escola passou a receber autistas, surdos, cegos entre outros tipos de crianças com necessidades especiais, sem que estivessem preparados para isso; e a do “ensino de nove anos” (2007), no qual as crianças iniciam o primeiro ano do Ensino Fundamental um ano mais cedo, o que exige revisão de metodologia e conteúdo por parte dos professores dos anos iniciais. Assim, “convertidos em meros executores de medidas que lhes parecem sem sentido e 12 prejudiciais ao ensino, é comum educadores fazerem apropriações superficiais e distorcidas dos princípios apresentados como sendo os fundamentos das mesmas” (SOUZA, 2007, p. 247). Somam-se a isso as constantes faltas e trocas de professores durante o ano letivo, sejam elas por pedidos de remoção, para preenchimento de cargos administrativos, por novos contratos ou por licença por motivos de saúde. Segundo Souza (2007), para os professores, essa prática faz com que a ideia de se fazer um planejamento eficaz caia em descrédito. Para os alunos, provoca rupturas nos vínculos e cria dificuldades. Para todos os envolvidos, transmite a ideia do desapego à instituição, às pessoas e ao trabalho. Quanto ao vínculo desfeito, Patto (1985) alerta para a necessidade de evitar que isso aconteça, sobretudo nos anos iniciais da escolarização, isso porque “é através dessa relação, inicialmente idealizada da criança com a sua primeira professora, que se cria a condição primeira para que haja aprendizagem” (p. 17). Além das trocas de professores, da interrupção do trabalho e mudanças de metodologia, outros percalços permeiam os processos de ensino-aprendizagem e as relações entre professores e alunos. Para Souza (2007), é necessário considerar que a pedagogia utilizada pelos professores em sala de aula muitas vezes tem sido desinteressante e repetitiva. Outras vezes ainda, com grau de dificuldade incompatível ao nível de aprendizagem dos alunos. Isso sem mencionar, dentre tantos outros acontecimentos, a insatisfação dos professores com o salário, o que os obrigam a acumular cargos, comprometendo sua dedicação ao trabalho. Também a falta de infra- estrutura de apoio dentro das escolas, que de acordo com Souza (2007), é um fenômeno sistêmico e que resulta na solidão do professor no exercício de sua função. Segundo Souza (2007) esse tipo de funcionamento da escola não poderia resultar em outra coisa senão o fracasso escolar. A dificuldade em lidar com o aluno que não corresponde às normas e que não aprende acaba por produzir as queixas escolares e os encaminhamentos dos alunos ao serviço de saúde. Os especialistas recebem essas crianças e, na maioria das vezes, não conhecem e não procuram conhecer o contexto em que se formulou a queixa, e nesse processo, dificilmente a criança consegue escapar sem nenhum diagnóstico, sem o atestado de responsabilidade por não aprender. Massi e Santana (2011) colocam que quanto maior a individualidade de alguém, quanto mais ele explicita as suas características singulares, mais ele se distancia da norma, ou seja, do que é aceito por dada sociedade como normal. Os conceitos de normal e patológico estão ligados tanto a questões sociais quanto a questões de poder. É 13 nesse campo do poder que uma instituição define o que passa a ser doença e saúde, que classifica, que nomeia os signos e os significa, transformando-os em doença. Dessa forma, o sistema educacional associa o fracasso do aluno com a sua própria incapacidade de apropriar-se da escrita, determinando processos sociais de exclusão, de definição de doenças, de criação de associações e de leis especiais para os disléxicos, por exemplo. Por outro, sob a ótica que assume a linguagem como atividade constitutiva, há que se partir do pressuposto de que a relação sujeito/linguagem é permeada por aspectos intersubjetivos, os quais perpassam as relações sociais e escolares que são constituídas desubjetividades. Para Machado (2011), a escola é “efeito de um funcionamento político produtor de muitos alunos que não aprendem, ou que aprendem pouco” (p. 64), o que é preocupante, uma vez que a educação é um processo imprescindível para a constituição do sujeito. Nesse sentido, Leontiev (1978) afirmava que a criança, desde o seu nascimento, já está em relação com outros homens, em comunicação com os mesmos. Ela inicia seu desenvolvimento por imitação, que com sua intervenção, especializa-se, isso só ocorre através da transmissão do desenvolvimento sócio-histórico da humanidade. Quanto mais progride a humanidade, maior é o papel da educação, essa relação é tão certa que pode se julgar o nível do desenvolvimento histórico da sociedade pelo seu sistema educativo. O autor ressaltava ainda a importância da vida em sociedade para o desenvolvido das funções psicológicas na criança. Para tanto, ele descreve o desenvolvimento do psiquismo em diferentes etapas: a primeira diz respeito à idade pré- escolar, na qual a criança vai conhecendo aos poucos o mundo da atividade humana. Nesse período, suas principais necessidades ainda são satisfeitas pelos adultos, independente da produtividade objetiva da sua atividade. A segunda etapa é a da passagem da infância pré-escolar a entrada da criança na escola. Em função disso, ela passa a ter obrigações com os pais, com o professor e com a sociedade e a partir disso todo o sistema das suas relações vitais de reorganiza. Na escola, a criança tem a possibilidade de um contato com uma nova forma de comunicação, os seus contatos passam a ser mais vastos, e as relações íntimas que a criança tinha até então, deixam de ter um papel determinante no círculo de comunicação. 14 A terceira etapa é marcada pela mesma lógica de passagem, ou seja, a mudança do lugar real da criança e de suas relações sociais. Nesse período, o adolescente começa a desenvolver uma atitude mais crítica em relação aos adultos, além disso, passa a ter novos interesses, como os teóricos, que não haviam aparecido até então. Enfatizando a importância da escolarização, Tuleski (2008) cita Vigotski para falar sobre a diferença entre o homem primitivo e a criança, uma vez que para o autor ela já nasce num ambiente cultural-industrial existente, contudo, a mesma não consegue resolver problemas complexos da vida real, e é a partir da escolarização e da experiência, que ocorrem transformações e o comportamento natural torna-se cultural. Nesse sentido, Pasqualini (2006) destaca que a presença do educador, não tem como função simplesmente acompanhar o desenvolvimento da criança, e sim transmitir os resultados do desenvolvimento histórico, ela que para compreender a psique infantil, deve-se entender, analisar e discutir a atividade da criança. Em relação à Avaliação Psicoeducacional realizada sob a perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural, Massi e Santana (2011) pontuam que discussões distanciadas do contexto escolar e do entendimento do seu papel constitutivo, ao tomar aspectos da aprendizagem da escrita como decorrentes de um distúrbio, mostram-se determinantes na propagação e perpetuação de um conceito vago e – cada vez mais – afastado de explicações capazes de esclarecer a natureza e a função social da escrita. Destacam ser imprescindível compreender o trajeto trilhado para se apropriar da escrita, bem como os efeitos de práticas discursivas que circundam esse trajeto. Além disso, ao realizar avaliação com crianças com dificuldades no processo de escolarização, mais importante do que saber o que elas sabem realizar hoje de forma autônoma, é conhecer o seu potencial para solucionar problemas com o auxílio de alguém. Para Vigotsky (2001) o estado de desenvolvimento não limita-se apenas pela marte madura. Para ele, Essa discrepância entre a idade mental real ou nível de desenvolvimento atual, que definida com o auxílio dos problemas resolvidos com autonomia, e o nível que ela atinge ao resolver problemas sem autonomia, em colaboração com outra pessoa, determina a zona de desenvolvimento imediato da criança (VIGOTSKI, 2011, p. 327). Vigotsky (2001) diz ainda que a zona de desenvolvimento imediato, não deve ser apenas levada em consideração, como tida como mais importante que o nível atual do desenvolvimento das crianças. Para ele, com mediação, a criança pode fazer sempre 15 mais do que sozinha e é precisamente a possibilidade maior ou menor de que a criança passe do que sabe fazer sozinha para o que consegue fazer com auxílio é que caracteriza o desenvolvimento intelectual da criança e seu êxito. Por esse motivo, segundo Vigotsky (2001), só é boa a aprendizagem que passa a frente do que a criança já conhece e a conduz. Da mesma forma, a avaliação que limita-se ao que a criança consegue realizar de forma autônoma, não consegue conceber toda sua capacidade. Nessa perspectiva, a avaliação a partir do método instrumental sugerido por Vigotski, deve partir da análise do processo e não do produto, visto que ao longo do processo e por meio da mediação, a criança mostra o que sabe e o que tem a possibilidade de aprender. Dessa forma, entender o processo ensino-aprendizagem e os fatores que estão influenciando nas queixas escolares, ou seja, conhecer o ambiente escolar, os métodos de ensino, a relação professor-aluno e as condições sócio-culturais da criança, possibilitam melhor compreensão da situação posta, contribuindo para a busca da explicação ao invés da mera descrição de fatos isolados, buscando, dessa forma, evitar uma prática de caráter individual e biologizante, que desconsidera fatores históricos presentes no contexto em que a queixa escolar foi instalada. CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisando os itens discutidos, pode-se concluir que há urgência em disseminar a necessidade de uma atuação crítica por parte dos psicólogos e fonoaudiólogos que atuam na área escolar e educacional, de forma a prevenir diagnósticos apressados que acarretam o uso de medicação desnecessária, a exclusão e a discriminação de crianças que encontram dificuldades no processo de aprendizagem por questões externas a elas. É preciso romper com a psicologização, com a medicalização, com a biologização, enfim, com tudo que expropria o indivíduo de sua particularidade Em se tratando de um diagnóstico muito mais subjetivo que objetivo, uma vez que não pode contar com testes e exames que atestam o nível de desenvolvimento intelectual da criança, ou até mesmo a dislexia, a avaliação psicoeducacional deve ser realizada de forma a investigar não apenas aquilo que a criança não sabe, mas de que maneira ela aprende e o que ela é capaz de fazer com o auxílio de outra. Dessa forma, o profissional que atua na área da educação tem condições para orientar o professor em relação à melhor maneira de trabalhar com a criança em sala de aula, sem precisar realizar outros encaminhamentos. 16 Há que se ressaltar ainda sobre a divisão de classes que impera na sociedade capitalista e reflete na falta de acesso à cultura de forma homogênea entre as classes, decorrentes de um processo sócio-histórico. Essa divisão de classes, que propicia a desigualdade econômica também ocasionou o distanciamento da atividade intelectual do trabalho, resultando na alienação do trabalhador. A escola seria, dessa forma, uma instituição de extrema importância, pois deveria transmitir à criança o que foi produzido ao longo da historia da humanidade para que ela se aproprie dos instrumentos e signos que foram construídos pelos homens, de modo que ela consiga perceber as contradições da sociedade e pensá-la de forma crítica. Os diagnósticos realizados de forma acrítica, que retiram a criança do seu contexto, parecem ignorar que o homem é um ser social, que se constitui em um processo histórico e é impossível entendê-lo de forma completa fora desta concepção.Em suma, todos os fatores supracitados devem ser considerados para se realizar uma avaliação, atentando-se ao fato de que cada criança é um ser histórico, tem suas individualidades e está inserida numa dada sociedade. A partir dessa análise, o foco de avaliação e intervenção não se encontra no aluno ou no professor, e sim no processo de ensino-aprendizagem como um todo. REFERÊNCIAS BOARINI, Maria. Lucia; YAMAMOTO, Oswaldo Hajime. Higienismo e eugenia: discursos que não envelhecem. Psicologia Revista, São Paulo/SP, v. 13, n.1, 2004, p. 59-72. Disponível em: <http://www.cocsite.coc.fiocruz.br/psi/pdf/higienismo_eugenia.pdf > Acesso em 6 de set. de 2012. BOARINI, Maria Lucia; BORGES, Roselania Francisconi. 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