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Fundamentos Básicos das Grupoterapias A obra de David E. Zimerman traz uma reflexão sobre o receio relacionado à maneira de composição das práticas grupoterápicas e da constituição de profissionais deste âmbito. De maneira geral, apresenta uma visão abrangente a respeito das categorias referentes aos grupos, utilizando uma perspectiva baseada na psicanálise. Cabe ressaltar que cada capítulo da obra traz à tona o pensamento de que os grupos fazem parte de uma organização recente e única, levando em consideração que um dos participantes não percam suas próprias essências e que estes possam presenciar as mesmas experiências de cunho psicológico que formam uma junção terapêutica bipessoal. O livro traz quatro partes fundamentais, que abordam os princípios gerais da psicodinâmica, das grupoterapias, os fenômenos do campo grupal, e por fim, outras grupoterapias. A primeira parte da obra, dividida em 03 capítulos, faz referência sobre como é formada e os processos da evolução psíquica do sujeito, partindo de uma premissa relacionada à indefinição relacionada à mãe, e por consequência a sujeição para com a mesma, e chegando a uma condição de adulto independente. Afirma-se que os procedimentos para construção da personalidade do indivíduo tornam-se bastante significativos para a constituição de valores, e principalmente para incumbência das atitudes e procederes do sujeito durante sua vida. É importante frisar que as grupoterapias geram, de forma translúcida, a representação das experiências vividas no campo familiar, destacando este âmbito como bastante dominante. Foi realizado um resumo com os principais autores e suas contribuições, destacando a interação biopsicossocial, as pulsões, ego incipiente, representações, evolução e função do ego, o papel do grupo familiar, as etapas evolutivas, fixação, regressão, compulsão à repetição, desenvolvimento da sexualidade, ansiedade, mecanismos de defesa, funções da mente, e por fim, a aquisição do senso de identidade. O autor aborda as principais síndromes clínicas, as quais geram um jogo dialético entre as relações objetais, as ansiedades, chegando aos mecanismos de defesa usados pelo ego. Fica claro que para a realização de um diagnóstico clínico, é importante realizar uma diferenciação entre o sintoma, a inibição e o caráter. A segunda parte determina, de forma vasta, as circunstâncias necessárias para as grupoterapias, partindo de uma visão histórico-evolutiva e conceitual. São explanados os diversos aspectos relacionados à evolução dos grupos, sendo os empíricos, psicodramáticos, sociológicos, filosóficos, operativos, instituicionais, comunitários, comunicacionais, gestálticos, sistemáticos, comportamentais e psicanalíticos. Conceitualiza-se como grupo, uma junção de pessoas, uma junção de grupos que são associados a subgrupos, são as chamadas comunidades, e por sua vez, uma junção interativa de comunidades são as sociedades. O conhecimento, juntamente com a psicologia grupal, tornam-se fundamentais devido ao fato de que todo sujeito demanda maior parte do tempo interagindo e vivendo com diferentes grupos. Os grupos podem ser classificados de acordo com a técnica utilizada pelo coordenador, associado ao vínculo que este estabeleceu com os participantes, dividindo-os em quatro tipos: pelo grupo, em grupo, do grupo e de grupo. Esta divisão utilizada, tem como base os quesitos aos quais os grupos se propõem e grande parte desta classificação pode ser inseridas nos ramos operativos ou terapêuticos. São os principais requisitos que caracterizam um grupo: · Um grupo não é apenas um somatório de pessoas, o mesmo se constitui como uma nova entidade, regida por leis e mecanismos próprios e específicos; · Os integrantes, em sua totalidade, estão cercados por uma tarefa e objetivo comuns; · Deve haver um setting e o cumprimento das combinações nele feitas. Os objetivos deverão ser definidos de forma clara, deve-se levar em consideração a estabilidade do espaço utilizado, do tempo, as regras e outras variáveis que normatizam as atividades realizadas no grupo. · Considera-se o grupo como uma unidade que se manifesta como sua totalidade, sendo importante o fato de ele se organizar a serviço de seus membros e vice-versa. · É indispensável que as identidades específicas de cada componente sejam preservadas; · É indispensável a formação de uma espaço grupal dinâmico, para que possam gravitar as fantasias, ansiedades, identificações, papeis, etc. · É inerente a existência entre seus componentes de uma interação afetiva, podendo ser de natureza múltipla e variada. · Todos os grupos são compostos por duas forças contraditórias, uma tendente à sua coesão e outra à sua desintegração. · O campo grupal se processa em dois planos, um da intencionalidade consciente e outro da interferência de fatos conscientes. · Sempre são processados fenômenos de resistência e contra resistência, transferência e contratransferência, de actings, de processos identificatórios, etc. · É composto pelo fenômeno da Ressonância e também na continência; · Deve-se fazer a distinção sobre uma simples emergência de fenômenos grupais e um processo grupal terapêutico; · O grupo pode ter finalidade operativa ou terapêutica, e independente disso, é necessária uma coordenação para que sua integração seja mantida. O coordenador deve estar equipado com uma logística e técnica definidas, com recursos táticos e estratégicos. Destacam-se também, os aspectos, segundo a visão psicanalista para formação dos grupos terapêuticos, abordando as questões para encaminhamento, seleção, constituição, bem como em que casos a modalidade é indicada ou não. São descritas, inclusive as sessões das grupoterapias, de forma minuciosa, relatando todos os procedimentos necessários para a boa condução. Na terceira parte, são abordadas as questões que emergem autêntica, que são inevitáveis aos grupos, seja ele de qualquer cunho. O que se pode afirmar sobre a diferenciação dos grupos, é o foco principal para sua formação, onde caberá ao condutor/facilitador o uso de metodologias para a condução assertiva e alcance dos objetivos. É fundamental que o grupoterapeuta saiba discriminar os principais elementos emergentes na dinâmica do espaço grupal. As ansiedades, defesas e identificações são os principais aspectos que definem a formação de processos de cunho inconsciente que giram em torno das grupoterapias. Os grupos terapêuticos também possuem uma distribuição de papéis e posições de cada indivíduo que o compõe, sendo os papéis ligados às expectativas, às necessidades e às crenças de cunho irracional dos indivíduos. A última parte da obra de Zimerman, proporciona um local para ponderações referentes a outras grupoterapias, que podem ser formadas por diferentes tipos de público, sejam crianças, adolescentes, adultos, idosos, entre outros. Por fim, são discutidas as atuais e futuras condições das grupoterapias. Para os psicoterapeutas que estão dando início aos estudos relacionados aos grupos, torna-se de suma importância a apreciação desta obra, e os casos clínicos citados ao longo da obra, se tornam fundamentais para uma leitura mais dinâmica, pois o uso de exemplo torna mais claro o entendimento dos conceitos discutidos pelo autor.
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