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I. Transtornos relacionados a substâncias psicoativas Classificação das Drogas: 1- Depressoras do SNC: Diminuem a atividade cerebral, causam sonolência... Ex.: Álcool, Opioides, BZDs, Barbitúricos 2- Estimuladoras do SNC: Aumentam a atividade cerebral, “ligam” as pessoas... Ex.: Cocaína, Anfetamina, Nicotina 3- Perturbadoras do SNC: Alucinógenas, alteram a perceptção e o pensamento Ex.: Maconha, Ecstasy Adaptação cerebral – O efeito da Abstinência é o oposto do efeito da droga 1- Depressoras do SNC → cérebro começa a se “auto estimular” Ex.: Usuário de Álcool, em abstinência, fica hiperestimulado, agitado, sintomas adrenérgicos. 2- Estimuladoras do SNC → cérebro começa a se “auto deprimir” Ex.: Usuário de Cocaína, em abstinência, fica deprimido, hipoativo, sintomas colinérgicos. Drogas Depressoras 1- ÁLCOOL 1.1 Intoxicação Aguda Manifestações Clínicas Inicialmente: Euforia, perda da censura, alteração do raciocínio (desligamento de áreas cognitivas). Intermediário: Tontura, incoordenação (ebrioso), comportamento emocional afetado Tardiamente: Confusão mental, estupor, coma (Sedação). Fechamento do piloro + excesso de aldeído -> êmese Tratamento Suporte; Se → agitação motora/agressividade: BZDs ou Antipsicótico Paciente etilista crônico que interrompe o consumo de álcool devido a uma intercorrência clínica e que desenvolve um quadro típico de abstinência, caracterizado por confusão mental, agitação alucinações (podendo envolver animais ), tremores, inversão do ciclo sono-vigília, hiperatividade autonômica e febre. O tratamento deve ser feito com benzodiazepínico, evitando-se o uso de haloperidol. 1.2 Dependência Questionário CAGE (≥2 respostas positivas) C ut Down – já tentou diminuir ou cortar a bebida? A nnoyed – já se incomodou com os outros porque criticaram seu jeito de beber? G uilty – Já se sentiu culpado por causa do seu jeito de bebe? E ye opener – já teve que beber para aliviar a ressaca? Tratamento Abordagem familiar, grupos de ajuda, intervenção breve Medicamentos: Naltrexona: 1ª linha -> antagonista opioide (“corta” o prazer de beber) – pode iniciar ainda com o consumo de álcool. Acamprosato: não iniciar se houver consumo de álcool. Também “corta” o prazer de beber. Dissulfiram: gera uma aversão ao álcool; potencializa a ressaca: mantém o aldeído (metabólito do álcool) circulando por mais tempo. Gera o efeito “antabuse” OBS.: Anticonvulsivantes (carbamazepina, ácido valpróico, gabapentina e topiramato) se demonstraram bons para o tratamento da síndrome de abstinência e prevenção de recaídas. 1.3 Síndromes de Abstinência Classificação Leve → Hiperatividade simpática/adrenérgica: tremor (1ª manifestação), insônia, agitação. Início de 6-36 horas de abstinência. Grave → Delirium Tremens → sintomas adrenérgicos + DELÍRIO e ALUCINAÇÕES, confusão, taquicardia, hipertensão, febre... Alucinose Alcoólica → Alucinações com Sinais Vitais Normais (SEM DISAUTONOMIAS). Tratamento Suporte + BZDs + TIAMINA (300mg/dia) Obs 1: Benefício extra dos BZDs → aumentam limiar convulsivo. Obs 2: Evitar Antipsicótico → em geral, diminuem limiar convulsivo. Obs 3: Evitar Fenitoína → não é eficaz no controle de crises convulsivas nesse caso. Obs 4: Propanolol pode ser utilizado em pacientes com abstinência + doença cardiovascular. 1.4 Transtornos Amnésticos do Álcool Relacionado à deficiência da Tiamina (Vit. B1), devido a disabsorção causada pelo uso crônico de álcool. Síndrome de Wernicke (SW) Alterações precoce/aguda da falta de Tiamina: Manifestações: Ataxia, confusão mental e alterações da motilidade ocular (musculatura extrínseca) É uma condição REVERSÍVEL com a reposição de Tiamina Síndrome de Korsakoff (SK) Alteração crônica/tardia da falta de Tiamina: Pode ser “primária” ou secundária à Sd de Wernicke Manifestações: Demência com perda da memória recente e CONFABULAÇÃO (não sabe, mas conta alguma história para “preencher” uma lacuna de memória) É uma condição frequentemente IRREVERSÍVEL, apesar da reposição de Tiamina. Tratamento: TIAMINA para as duas condições. 2- OPIÓIDES Exemplos: Morfina, heroína, metadona, fentanil, oxicodono, meperidina 2.1 Intoxicação Aguda: Manifestações clínicas: Euforia, relaxamento, retardo motor, sonolência, fala arrastada... Overdose: Hiperativação Parassimpática Bradicardia, hipotensão, hipotermina, bradipneia, depressão respiratória, MIOSE, coma. Tratamento: Suporte + NALOXONE 2.2 Abstinência: Manifestação: Hiperatividade Simpática (Midríase, hipertensão, sudorese, tremor, dor abdominal). Tratamento: Suporte + METADONA (Opioide forte de meia vida longa, VO, 1x ao dia, com redução gradativa da dose). 3- BENZODIAZEPÍNICOS Agonista GABAérgicos → idealmente, devem ser usados por curtos períodos. 3.1 Intoxicação Aguda: Retardo psicomotor, sonolência, ataxia, depressão dos sinais vitais... Tratamento: Suporte + FLUMAZENIL - Podem causar dependência a partir de 2 semanas de uso; - Dependência de 50% dos usuários após 2 meses de uso. 3.2 Abstinência: Manifestações clínicas: Hiperatividade Simpática → Tremores, palpitações, cefaleias, insônia, pesadelos, náuseas, déficits de memória, delírio, alucinações, convulsões. Tratamento: Substituição por BZDs com meia vida longa + Redução gradativa da dose Os sintomas descritos permitem um diagnóstico clínico de surto psicótico, que de um modo geral apresenta uma ou mais das seguintes características: (1) delírios; (2) alucinações; (3) desorganização do pensamento, (4) agitação psicomotora/agressividade. A letra E propõe o diagnóstico correto e a conduta mais adequada para este momento: a agitação psicomotora e as manifestações de abstinência a múltiplas substâncias são preferencialmente abordadas com o uso de um benzodiazepínico, enquanto que os sintomas psicóticos demandam a associação de um agente antipsicótico. Drogas Estimuladoras 1- COCAÍNA/CRACK Aumentam as MONOAMINAS cerebrais: DOPAMINA*, noradrenalina e serotonina. 1.1 Intoxicação Aguda Manifestações Clínicas: Hiperatividade Simpática → Irritabilidade, agitação, confusão, mania, impulsividade sexual, taquicardia, HAS, MIDRÍASE, sudorese... Tratamento: Suporte + BZDs + Fentolamina (bloqueador alfa-adrenérgico) Não fazer Betabloqueador → faz vasoconstrição → IAM ou AVEi OBS 1: BZDs → Diazepam (VO, EV; mas nunca IM [absorção errática]); Midazolam (VO, EV ou IM) OBS 2: Evitar antipsicóticos → diminuem limiar convulsivo. 1.2 Abstinência Manifestações Clínicas: Disforia, ansiedade, depressão, ideação suicida, sonolência, fadiga... Tratamento: Suporte psicoterápico. 2- ANFETAMINAS Aumentam as MONOAMINAS cerebrais: DOPAMINA*, noradrenalina e serotonina. Exemplos: Metanfetamina, “Bola”, “Rebite”, “Ice”. Ecstasy é uma anfetamina com mais efeito perturbador. 2.1 Intoxiação aguda e Abstinência → Manifestações Clínicas semelhantes às da Cocaína. Obs 1.: No abuso de Anfetamina, pode haver POLIDIPSIA. 3- NICOTINA Agonista NICOTÍNICO dos receptores da Acetilcolina Lembrar: 1- receptores muscarínicos (metabotrópicos) da acetilcolina -> efeitos parassimpáticos típicos 2- receptores nicotínicos (ionotrópicos) da acetilcolina -> estão presentes nos músculos e em alguns neurônios -> possuem atividade simpática intrínseca. 3.1 Abstinência Manifestações Clínicas: Disforia, insônia, ansiedade (fissura pelo cigarro), ganho de peso, depressão... Tratamento: Terapia Cognitivo Comportamental +/- Medicamento (≥ 20 cigarros/dia, Fagerstrom ≥ 5, falha terapêutica, desejo do paciente). Medicamentos de 1ª linha: Nicotina (adesivo, goma, pastilha) – geralmente usa 2 formas: uma basal e uma para fissura. Contraindicação: Doença coronariana (IAM < 15 dias) -> atv simpática intrínseca fecha coronária. Bupropiona– antidepressivo – contraindicação -> História prévia de Convulsão Vareniclina* (mais próspero) – agonista nicotínico – contraindicação -> IR e gestação. Medicamentos de 2ª linha: nortriptilina, clonidina. O modelo transteórico utiliza estágios de mudança para integrar processos e princípios de mudança provenientes das principais teorias de intervenção. De acordo com esse modelo, as alterações no comportamento relacionado à saúde ocorrem por meio de cinco estágios distintos: pré–contemplação, contemplação, decisão, ação e manutenção. 1) PRÉ-CONTEMPLAÇÃO: não há intenção de parar e não possui crítica a respeito do vício. Nessa fase, deve ser realizado o estímulo a pensar em parar de fumar e informar os benefícios de tal ato. 2) CONTEMPLAÇÃO: aqui, o paciente já tem total consciência do hábito ser um problema para sua vida, mas alterna quanto à mudança definitiva. A estratégia, neste momento, deve ser identificar os motivos que fazem o paciente fumar e encontrar maneiras de vencê-los, sempre reforçando os benefícios da cessação. 3) PREPARAÇÃO: quando o paciente aceita escolher uma estratégia para parar de fumar. Nessa etapa, podemos marcar um dia “D”, ou seja, uma data definida para a interrupção do hábito (30 ou 60 dias após), desenvolvendo um plano para facilitar esta atitude (reduzir ingestão de álcool, equilibrar a alimentação, mudar costumes ou hábitos que se associam o tabagismo). 4) AÇÃO: meta atingida (parar de fumar). Chegando o “dia D”, tudo que relembre o cigarro deve ser afastado (isqueiros, cigarros, cinzeiro, café, álcool); atitudes para combater a fissura devem ser adotadas (manter as mãos ocupadas com costura, pintura, escrita, frutas); além de solicitar suporte interpessoal (pedir que cigarros não sejam oferecidos por outras pessoas, avisar que está tentando parar com o tabagismo). A TERAPIA MEDICAMENTOSA ESTÁ INDICADA APENAS QUANDO O PACIENTE JÁ SE ENCONTRA NA FASE DE AÇÃO. 5) MANUTENÇÃO: estratégias para evitar uma possível recaída. Estamos no momento em que as consultas devem ser rotineiras. Como também profilaxia para recaídas, evitar ambientes ou situações que poderiam estimular a fumar nos primeiros 15 dias, sair de lugares com fumantes, tentar se distrair com outras coisas no momento da fissura (em geral, passa em poucos minutos). 6) RECAÍDA: momento em que as estratégias falham e o paciente retorna a fumar. Nosso papel é identificar o possível motivo para a recaída e estimular nova tentativa. Drogas Perturbadoras Exemplos: LSD, chá de cogumelo, cetamina, maconha, ectasy* 1.1 Intoxicação Aguda Manifestações clínicas: Alterações de comportamento e percepção, ansiedade ou relaxamento... Tratamento: Suporte +/- BZDs ou Haloperidol 1.2 Abstinência Pouco risco de abstinência física Mais ligada a uma abstinência psicológica