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Contratos e mercados de swaps O que são as operações de swaps? A operação de swap consiste em uma troca de preços, índices, ou taxas. Um exemplo simples é o de uma empresa (ou investidor) que toma recursos emprestados para sua atividade a taxas de juros pós-fixadas, suponhamos à taxa do CDI. Ela, então, deseja fixar esta taxa de juros por recear ascensão dos juros em geral. Então, ela poderia se dirigir a um banco e contratar uma operação de swap de juros, na qual pagaria uma taxa de juros prefixada ao banco, e receberia em troca, do banco, a taxa CDI do período compreendido pela operação de swap. O período da operação de swap deve ser determi- nado de modo a coincidir com a data de vencimento do empréstimo feito à taxa pós-fixada (CDI). Assim sendo, o pagamento ou o recebimento da ope- ração de swap ocorreria exatamente na data de vencimento do empréstimo com taxa pós-fixada. Esta operação de troca de taxas de juros é o que se denomina contrato de swap. Na realidade, a empresa e o banco combinariam trocar somente a dife- rença entra a taxa de juros prefixada no início do contrato de swap e a taxa CDI observada no final do swap, que, como observamos acima, seria feita na data de vencimento do empréstimo inicial feito pela empresa e que gerou a necessidade da operação de swap. Se a taxa prefixada for maior do que a taxa CDI, então, a empresa pagaria a diferença entre elas para o banco; ao passo que, se fosse menor, o banco pagaria a diferença para a empresa. Como está sendo fixada uma taxa de juros para a empresa, conforme po- demos confirmar pela figura 1, a seguir, a empresa, neste sentido, estaria fa- zendo uma operação semelhante à que poderia fazer com contratos futuros de DI, onde também é possível fixar uma taxa de juros antecipadamente. Considerando as duas operações em conjunto, o empréstimo e o swap, a empresa estaria fixando a taxa de juros de sua dívida. 250 Derivativos Financeiros A fixação da taxa de juros pode ser melhor visualizada na figura 1. Nesta figura, a empresa recebe um empréstimo com taxa pós-fixada com base no CDI, e ao mesmo tempo, na operação de swap, com o banco contratado para este fim, ela recebe a taxa CDI e paga uma taxa fixa acordada com o banco do swap no início deste contrato. O prazo do swap é de 6 meses. Somando os fluxos financeiros para empresa, no vencimento do empréstimo, que coinci- de com o vencimento do contrato de swap, a empresa teria como taxa final paga a taxa fixa do swap. Figura 1 – Swap de taxas de juros. Banco Taxa fixa Capta à taxa CDI + spread Prazo: 6 meses Taxa flutuante (CDI) X taxa fixa CDI Empresa O a ut or . Portanto, o resultado final para a empresa é pagar liquidamente a taxa fixa, já que as taxas CDI se anulam, conforme a figura 1 nos mostra. Empresa paga = taxa CDI – taxa CDI + taxa fixa = taxa fixa. Observa-se que as taxas CDI seriam as mesmas, tanto no empréstimo da empresa quanto no contrato de swap. Se o contrato de swap é feito no mo- mento em que a empresa está levantando o empréstimo com base na taxa CDI, as taxas CDI de ambas as operações cobririam exatamente o mesmo período de tempo. A empresa, portanto, trocou a taxa de juros pós-fixada de seu emprés- timo por uma taxa de juros prefixada através de uma operação de swap de taxa de juros. Este tipo de swap, troca de taxa pós-fixada para taxa prefixada de juros, é o mais tradicional. Se, no vencimento das operações, empréstimo e swap de juros, a taxa CDI ficar abaixo da taxa fixa do swap, a empresa teria uma saída líquida de caixa, ao ter que pagar esta diferença entre taxa fixa e taxa CDI para o banco do Contratos e mercados de swaps 251 swap. Se, ao contrário, a taxa CDI ficar acima da taxa fixa do swap, a empresa receberia esta diferença do banco do swap. Mas, nos dois casos, a empresa teria que desembolsar, no total, a taxa prefixada no swap, não importando, portanto, se a taxa CDI do swap foi maior ou menor do que a taxa fixa do swap. A única diferença é que ela, em um caso paga ao banco do swap, e, no outro caso, ela recebe deste mesmo banco. Esta diferença nos remete à questão do risco de crédito em um contrato de swap. Estes contratos estão, a princípio, sujeitos ao risco de crédito de ambas as partes. A empresa pode não pagar ao banco, ou o banco também pode não pagar à empresa no ven- cimento do swap. Alguns contratos de swap são cobertos por depósitos de garantia, para reduzir ou eliminar as perdas possíveis. Outro aspecto importante em um contrato de swap diz respeito às taxas de troca que são determinadas na operação. Neste exemplo, a troca é de taxas de juros. Surge, então, a pergunta: como se determina a taxa fixa es- tabelecida no início da operação? Esta taxa prefixada advém das taxas de juros CDI negociadas a termo, ou seja, da curva de taxas CDI futuras ne- gociadas no mercado no momento em que a operação de swap é contra- tada. Portanto, a taxa prefixada no swap nada mais é do que uma taxa CDI a termo (futura) que está sendo negociada nos mercados futuros de CDI. Na verdade, a taxa prefixada não será exatamente igual à taxa CDI nego- ciada no mercado futuro de juros, pois o banco do swap coloca um spread em cima desta taxa futura, que se constitui no ganho bancário na operação de swap. No nosso exemplo, como a taxa prefixada seria igual à taxa CDI a termo (futura), referente ao prazo da operação de swap somada ao spread bancário. Se a taxa futura é 11% a.a. e o spread bancário é 1,0% a.a., a taxa do swap seria 12,0% a.a. Diz-se que a empresa, nesta posição no contrato de swap, estaria na posição ativa na taxa CDI, e na posição passiva em termos de taxa fixa. O banco estaria nas posições exatamente opostas, ativa na taxa fixa e passiva na taxa CDI. Vamos colocar alguns números na nossa operação, para visualizar melhor os resultados obtidos. Consideremos que a taxa fixa do swap é igual a 12% ao ano. Neste caso, teríamos o pagamento pela empresa de 12% ao ano, convertida para semes- tre, contra o pagamento da taxa CDI pelo banco, também para seis meses. O swap é de seis meses. 252 Derivativos Financeiros Consideremos também que o valor da operação do swap é de R$1.000.000,00, que seria o mesmo valor do empréstimo tomado pela empresa. Suponhamos que a taxa CDI tenha ficado, no semestre, em 11,60% ao ano. Então, os resultados do swap seriam: (a) Empresa paga pelo empréstimo inicial: R$1.000.000,00 . (1,1160)126/252 = R$1.000.000,00 . 1,05641 = R$1.056.409,01. Na operação de swap de taxa de juros, a empresa paga e recebe os se- guintes valores: 1. Empresa paga taxa fixa de 12% ao ano, totalizando: R$1.000.000,00 . (1,12)126/252 = R$1.000.000,00 . 1,05830 = R$1.058.300,52 2. Empresa recebe taxa CDI, totalizando: R$1.000.000,00 . (1,1160)126/252 = R$1.000.000,00 . 1,05641 = R$1.056.409,01. 3. Empresa paga em termos líquidos no swap: R$1.891,51. A empresa terá que pagar, pelo empréstimo, somado aos fluxos do swap, o valor de R$1.058.300,52, que representa uma taxa de juros de 12% ao ano. Se a empresa não tivesse feito o swap de juros, ela pagaria 11,6% ao ano. Observações: (1) Como dito anteriormente, a taxa de swap de 12% ao ano é obtida pela curva de taxas futuras de juros no mercado financeiro. A partir desta taxa futura, os bancos colocam um acréscimo, isto é, um spread, na taxa a receber em uma operação de swap. Desse modo, a taxa de 12% do contrato de swap, inclui a taxa de juros futura mais o acréscimo cobrado pelo banco. Por exem- plo, com taxa futura igual a 11,00% ao ano, e o spread igual a 1,0% ao ano, a taxa cobrada pelo banco seria 12% a.a. Se o banco estivesse na outra ponta da operação do swap, ele pagaria a taxa fixa ao cliente, mas reduziria este valor pelo spread que cobraria na operação, e receberia a taxa CDI do mesmo cliente. Considerando ainda nosso exemplo, o banco pagaria 10% a.a. (=11% a.a. – 1% a.a. de spread), e receberia a taxa DI do cliente. (2) Na operação do exemplo, não foram consideradas garantias pelos riscosde nenhuma das partes. Contratos e mercados de swaps 253 (3) Os riscos de crédito da operação de swap, no entanto, estão limitados à diferença nas taxas de juros, já que somente esta diferença é trocada pelas partes. No exemplo acima, o valor trocado é R$1.891,51 (=R$1.058.300,52 – R$1.056.409,01), que consiste em um valor realmente muito pequeno. Este valor certamente poderia ser bem maior, em função do valor financeiro do swap e da diferença entre as taxas de juros no vencimento da operação. Como está sendo fixada uma taxa de juros para a empresa, conforme podemos confirmar pela figura 1, a empresa, nesse sentido, estaria fazendo uma operação semelhante à que poderia fazer com contratos futuros de DI, onde também é possível fixar uma taxa de juros antecipadamente. Swaps e contratos futuros O contrato de swap foi comparado com o contrato futuro ao longo do exemplo anterior. No entanto, algumas diferenças entre esses contratos devem ser ressaltadas, com o objetivo de mostrar as vantagens e desvanta- gens de cada uma delas entre si. Apresentaremos três diferenças entre essas duas operações financeiras. 1.ª diferença – os contratos futuros são padronizados, enquanto que os swaps são ajustados entre as partes. Isto significa que os swaps podem ter prazos de vencimentos variados e, portanto, de forma diferente da padroni- zação de tempo característica das bolsas de futuros. Desse modo, um con- trato de swap oferece mais flexibilidade para uma das partes (ou até mesmo para ambas) que deseja estabelecer a data de pagamento ou recebimento de swap como sendo a mesma em que ocorre a situação que gerou o con- trato de swap. Neste caso, o swap poderia estar servindo com instrumento de hedging. Por exemplo, na situação anterior, o pagamento do empréstimo feito pela empresa poderia ter vencimento no dia 15 de um determinado mês, e ela, com o contrato de swap, poderia estabelecer esta data como a do vencimento do próprio swap, casando as taxas de juros DI no mesmo dia 15 do mês. Esta possibilidade não existe nos contratos futuros, já que eles vencem em data determinada pela bolsa de futuros. No caso de futuro de DI na BM&F Bovespa o vencimento se dá no primeiro dia útil de cada mês, ou seja, ele reflete a taxa DI no último dia do mês anterior. 254 Derivativos Financeiros 2.ª diferença – nos contratos de swap existe o risco de crédito da contra- parte, exceto se a operação for registrada em uma Bolsa ou instituição que assuma o risco de crédito das partes. Também existe a figura de depósitos de garantia em certas operações de swap, embora não seja da maneira que é realizada nas operações com contratos futuros, nos quais ocorre a marcação a mercado dia a dia. Com os contratos futuros, a operação é feita pela bolsa de futuros e, por isso, o risco da contraparte é atenuado pela posição de mar- gens de garantias, ajustes diários, e reduzido ainda mais pela Bolsa onde a transação financeira é realizada. 3.ª diferença – a liquidação antecipada da posição em um swap é mais complicada do que a liquidação antecipada de uma posição com contratos futuros. Nas operações de swaps, uma parte que queira antecipar a liquidação deste contrato deve procurar a contraparte e tentar negociar a interrupção do contrato antes de seu vencimento, ou alternativamente tentar negociar este contrato com uma terceira parte. Um contrato ainda poderia ser com- pensado financeiramente por uma posição com contratos futuros contrária à do swap. Se em um contrato de swap, por exemplo, uma empresa recebe a taxa de juros DI, ela pode abrir posição vendida em contratos futuros de DI para tentar anular financeiramente o contrato de swap; mas deve atentar para o fato de que o contrato de swap continuará, de fato, em vigor, com os riscos de crédito nele existentes permanecendo, somente, seus fluxos fi- nanceiros sendo compensados. Já nos contratos futuros basta a parte inte- ressada entrar em contato com seu corretor e tomar posição contrária à sua posição inicial na bolsa de futuros. Vejamos, agora, alguns exemplos de swaps comuns no Brasil. Exemplos de swaps Exemplo 1: Swaps de taxas de juros prefixadas e pós-fixadas no Brasil Um investidor possui ativo de R$1.000.000,00, com vencimento em 90 dias corridos (ou 65 dias úteis), prefixado à 10,0% a.a. e deseja realizar um swap pré-CDI (troca de taxa CDI por taxa de juros préfixada). Um banco consultado oferece as seguintes condições: Contratos e mercados de swaps 255 Paga 8,5% a.a. contra 100% do CDI e recebe 10,0% a.a. contra 100% do CDI (estas taxas são efetivas para 252 dias). Nesses 90 dias, a taxa efetiva do CDI no período foi 3,0%. Pergunta-se: (a) Qual o valor do swap para o investidor? (b) Qual o valor líquido recebido após os 90 dias? (a) O investidor deve trocar a taxa prefixada pela taxa DI no seu investi- mento. Ele, então, contratará um swap com o banco, no qual pagará ao banco 10,00% a.a. e receberá a taxa DI do banco, conforme figura 2. Figura 2 – Swap de taxas de juros. Banco Taxa fixa = 10% a.a. Investe à taxa 10% a.a. Prazo: 90 dias Taxa flutuante (CDI) X taxa fixa CDI Investidor O a ut or . Se a taxa DI no período de 90 dias foi 3,0%, teremos os seguintes valores para a empresa ao final do swap: Investidor paga 10% a.a., isto é, paga R$1.000.000,00 . (1,10) � 65/252 = R$1.024.888,65. Investidor recebe 3,0% no período, ou seja, recebe R$1.000.000,00 . 1,03 � = R$1.030.000,00. Como somente ocorre a troca da diferença, o investidor receberá R$5.111, 35 (= R$1.030.000,00 – R$1.024.888.65). (b) O valor líquido para o investidor será dado pela taxa DI do período, isto é, ele receberá, no total, R$1.030.000,00, já que os fluxos de 10% de taxa de juros se anulam na operação combinada, investimento mais swap. 256 Derivativos Financeiros Exemplo 2: Swaps de taxas de juros prefixadas e dólar no Brasil Uma empresa possui uma dívida de R$10.000.000,00, com vencimento em 120 dias, e com pagamento de juros dado pela variação cambial + 7,5% a.a. e deseja realizar um swap para trocar seu pagamento de juros em dólar para juros prefixados. Considere que uma instituição financeira oferece uma operação de swap, na qual pagaria a variação cambial mais 7,5% a.a. (taxa linear para 360 dias corridos) e receberia 12,5 % a.a. (taxa efetiva para 360 dias corridos) Considere, também, que a variação cambial no período do swap será igual a 4,0% a.a. Pergunta-se: (a) Qual o valor do swap para a empresa? (b) Qual o valor líquido pago após estes 120 dias? a) Operação de swap Empresa recebe (posição ativa): R$10.000.000,00 . 1,04 . (1 + 0,075 . 120/360) = R$10.660.000,00 Empresa paga (posição passiva): R$10.000.000,00 . (1,125)^(120/360) = R$10.400.419,12 Valor swap para empresa: R$259.580,88. b) Pagamento da dívida = R$10.000.000,00 . 1,04 . (1 + 0,075 . 120/360) = R$10.660.000,00. Valor líquido pago: R$10.400.419,12. Origens das operações de swaps As operações de swaps tiveram início no começo da década de 1980. A importante operação de swap, realizada entre o Banco Mundial e a IBM, em 1981, é considerada como aquela que inaugurou o mercado de swap; foi uma operação entre moedas, havendo troca de francos suíços e marcos ale- mães por dólares dos EUA. O Banco Mundial pagava francos suíços e marcos alemães diretamente para a IBM e recebia dólares. Contratos e mercados de swaps 257 Nas primeiras operações de swaps era possível, para os bancos interme- diários, obterem ganhos de até 100 pontos básicos, remuneração esta que veio decaindo ao longo dos anos, chegando, em contratos de swap do tipo plain vanilla (os mais comuns), a cerca de um décimo do valor anterior; isto se deu em decorrência do aumento da concorrência entre os bancos e outras instituições financeiras neste mercado. Uma grande vantagem das operações de swap está na troca de fluxos de caixa, sendo feita somente em termos da diferença de valores represen- tados pelo preço de uma mercadoria, pela taxa de juros etc.,não havendo, portanto, troca dos volumes financeiros que definem a operação de swap. Estes volumes financeiros são chamados de valor de referência do swap. Se, por exemplo, o contrato de swap envolve a troca de taxas de juros, prefixada e pós-fixada, e o volume da transação definida através do contrato de swap é 1 milhão de reais, o volume financeiro trocado é a diferença entre as taxas de juros, a qual incidirá sobre o valor de referência, 1 milhão de reais; mas o valor 1 milhão de reais não entra na troca. No entanto, em swaps de moedas podem ocorrer trocas do valor de referência. Swaps e vantagens comparativas Vantagens comparativas em um swap de taxa de juros Um dos motivos que impulsionaram o crescimento das operações de swaps diz respeito à troca somente das diferenças dos fluxos de caixa, como vimos acima. Outro aspecto importante no desenvolvimento deste mercado reside nos ganhos decorrentes das vantagens comparativas por vezes existentes. Vejamos como ocorrem estes ganhos em uma operação de swap. Consi- dere um swap de taxas de juros, onde duas empresas, A e B, são atendidas por um banco intermediário. Estas empresas desejam tomar empréstimos em dólares, sendo que A quer tomar recursos a taxas fixas, enquanto B deseja recursos a taxas flutuantes. Um banco que tem como clientes essas duas em- presas, sabendo das taxas de captação que elas podem obter em seus res- pectivos empréstimos, oferece uma operação de swap para cada uma delas. 258 Derivativos Financeiros As taxas de captação para as empresas A e B são apresentadas na tabela 1. Consideremos que as empresas pagarão juros semestrais nos empréstimos, que terão prazo de 2 anos, e também que o valor tomado por empréstimo será US$50 milhões. Tabela 1 – Custos de captação para as empresas A e B Taxa fixa (% a.a.) Taxa flutuante (% a.a.) Empresa A 5,0% Libor – 6mo + 0,30 Empresa B 5,5% Libor – 6mo + 1,30 A Empresa A pode captar recursos pagando 5,0% ao ano como taxa fixa, ou pagando Libor1 – 6mo (6 meses) + 0,30% ao ano em um empréstimo com taxas pós-fixadas, enquanto que a Empresa B pode pagar 5,5% ao ano de taxa fixa ou Libor – 6mo + 1,30% ao ano como taxa flutuante. Portanto, para A, que deseja captar recursos a taxas fixas, conseguir cap- tações que exijam pagamentos abaixo deste valor serão preferíveis. Para a empresa B, que quer captar recursos pagando taxas flutuantes, qualquer valor abaixo de Libor + 1,30% ao ano seria vantajoso. Podemos observar que a empresa A consegue captar recursos a taxas mais baixas do que B, em qualquer dos dois mercados. Isto provavelmente se deve a melhor capacidade de crédito da Empresa A. Também podemos constatar que a diferença de custo de captação entre as duas empresas é maior no mercado de taxas flutuantes, 1% ao ano, do que no de taxas fixas, 0,50% ao ano. Com isso, podemos dizer que a Empresa A apresenta vantagem comparativa no mercado de taxas fixas e a Empresa B no mercado de taxas flutuantes. Esta diferença permite que ambas e o banco intermediário ganhem com a construção de duas operações de swaps entre o banco e as empresas. Os swaps entre o banco e as duas empresas são apre- sentados nas figuras 3 e 4 e na tabela 1. 1 A Libor (London Inter- bank Offer Rate) é uma taxa de juros do mercado interbancário em Londres. É a taxa que os bancos ofertam dinheiro. No caso, estamos usando a Libor em dólares. Contratos e mercados de swaps 259 Figura 3 – Swap de taxas de juros predefinidas e pós-fixadas. Banco Taxa fixa = 4,5% a.a. Capta à taxa Libor + 0,3% a.a. Prazo: 2 anos, com pagamentos semestrais Taxa flutuante (Libor) X taxa fixa Valor de referência: US$50 milhões Libor de 6 meses Empresa A O a ut or . Na figura 2, a Empresa A toma recursos emprestados à taxa flutuante Libor de 6 meses + 0,3% ao ano e realiza um swap com o banco, no qual ela pagará ao banco a taxa fixa 4,5% ao ano e receberá Libor de 6 meses ao ano do banco. Para a Empresa A, haverá, com este arranjo, uma economia de 0,2% ao ano, pois pagaria 4,8% a.a., em comparação à taxa fixa que ela pagaria se captasse recursos diretamente no mercado de taxas fixas, 5,0% a.a. Portanto, a Empresa A estaria captando recursos em melhores condições buscando empréstimos à taxa pós-fixada e fazendo um swap com o banco do que se captasse diretamente à taxa fixa de 5% ao ano. O banco também ofereceria à Empresa B uma captação de recursos com taxa fixa e a concomitante troca da taxa fixa por uma taxa pós-fixada através de um swap, conforme apresentado na figura 4 Figura 4 – Swap de taxas de juros predefinidas e pós-fixadas. Banco Libor de 6 meses Capta à taxa 5,5% a.a. Prazo: 2 anos, com pagamentos semestrais Taxa flutuante (Libor) X taxa fixa Valor de referência: US$50 milhões Taxa fixa = 4,4% a.a. Empresa B O a ut or . 260 Derivativos Financeiros Assim, a Empresa B captaria recursos pagando 5,5% a.a., e faria um swap com o banco, pagando a taxa Libor de 6 meses e recebendo a taxa fixa 4,4% a.a. Para a Empresa B, com este arranjo, também haveria uma economia de 0,2% ao ano, pois pagaria Libor + 1,1 % a.a., em comparação à taxa flutuante que ela pagaria se captasse recursos diretamente no mercado de taxas flutu- antes, Libor + 1,3% a.a. Portanto, a Empresa B estaria captando recursos em melhores condições buscando empréstimos à taxa prefixada e fazendo um swap com o banco do que se captasse diretamente à taxa flutuante Libor de 6 meses + 1,3% a.a. E, finalmente, para o banco também haveria um ganho de 0,1% a.a. ao realizar os dois swaps para as duas empresas. O banco receberia a taxa Libor da Empresa B e pagaria a taxa Libor para a Empresa A, e, ao mesmo tempo, receberia 4,5% da Empresa A e pagaria 4,4% a.a. à Empresa B. A figura 5 mostra os dois swaps em conjunto, com o banco pagando e recebendo os fluxos acima definidos às duas empresas. Figura 5 – Banco faz swap com as duas empresas. Banco Empresa B 4,5% a.a. 4,4% a.a. Libor Libor Empresa A Prazo: 2 anos, com pagamentos semestrais Taxa flutuante (libor) X taxa fixa Valor de referência: US$50 milhões O a ut or . Para as empresas e o banco os empréstimos acoplados aos contratos de swap foram melhores do que as empresas captarem recursos diretamente nos mercados desejados, sem o uso dos swaps. Os ganhos decorrentes dos dois swaps, 50 pontos, ou 0,5% a.a., são a soma de 20 pontos para cada empresa com 10 pontos para o banco. O mecanismo das trocas de pagamentos Nos dois swaps, as datas de pagamentos entre as empresas e o banco ocorreriam nas mesmas datas de pagamentos dos juros dos empréstimos, isto é, a cada 6 meses, visto que os empréstimos seriam feitos com paga- Contratos e mercados de swaps 261 mentos de juros semestrais, e os contratos de swaps também especificariam que os ajustes de taxas de juros dos swaps se dariam nas mesmas datas dos pagamentos de juros dos empréstimos. Portanto, a cada seis meses, uma das partes dos swaps pagaria a outra a diferença entre as taxas estipuladas em cada contrato de swap, já que neste tipo de contrato somente se troca a di- ferença entre os dois fluxos. O pagamento do principal não é trocado em um swap de taxas de juros, pois não há sentido em trocar, no exemplo em questão, US$50 milhões por US$50 milhões. A diferença de juros a ser paga a cada semestre é dada pela equação 1. 1) Juros pagos = [(taxa fixa – taxa Libor de 6meses) / 200] . 50 milhões. Suponhamos que a taxa Libor de 6 meses em uma determinada data de pagamento de juros seja 4,2% ao ano. Esta taxa, então, determinaria os se- guintes pagamentos nos dois contratos de swaps. No contrato da Empresa A, esta pagaria 4,5%/2 no semestre e receberia 4,2%/2 no semestre, resultando no pagamento líquido de (2,25% – 2,10%) . 50 milhões, ou seja, US$75 mil, que seria feito pela Empresa A ao banco, pois a taxa Libor deste semestre ficou abaixo da taxa fixa do swap. No caso do swap da Empresa B, esta pagaria 4,2%/2 e receberia 4,4%/2, estabelecendo o recebimentolíquido de (4,4%/2 – 4,4%/2) . 50 milhões, ou seja, de US$50 mil pela Empresa B. As tabelas 2a e 2b ilustram os resultados possíveis para estas operações de swap, em função da taxa Libor de 6 meses ao longo dos dois anos do swap. Tabela 2a – Resultados dos swaps em função da taxa Libor de 6 meses Período Libor (6 meses) Swap para A Swap para B Primeiro (início) 4,5 0,00 – 0,10 Segundo 4,8 + 0,30 – 0,40 Terceiro 4,0 – 0,50 + 0,40 Quarto 5,2 + 0,70 – 0,80 262 Derivativos Financeiros Tabela 2b – Resultados dos swaps em função da taxa Libor de 6 meses Período (semestre) Libor (6 meses) Banco no swap de A Banco no swap de B Primeiro (início) 4,5 0,00 + 0,10 Segundo 4,8 – 0,30 + 0,40 Terceiro 4,0 + 0,50 – 0,40 Quarto 5,2 – 0,70 + 0,80 Observações: (1) A tabela 2a mostra que a empresa A receberá pagamentos na ope- ração de swap nos segundo e quarto trimestre, isto é, quando a taxa Libor supera a taxa fixa que ela deve pagar ao banco, 4,5% a.a. Porém, consideran- do o total do empréstimo somado com o swap de juros, a Empresa A está captando recursos à taxa fixa de 4,8%, independentemente das oscilações da libor ao longo destes dois anos da validade do contrato de swap. E isto era o que ela desejava. (2) A tabela 2a mostra que a empresa B receberá pagamentos na ope- ração de swap somente no terceiro trimestre, pois, é quando a taxa libor é inferior à taxa fixa que ela deve receber do banco, 4,4% a.a. Porém, conside- rando o total do empréstimo somado com o swap de juros, a Empresa B está captando recursos à libor de 6 meses mais 1,1 % a.a. ao longo destes dois anos da validade do contrato de swap. E isto era o que ela desejava. (3) O banco, como pode ser visto na tabela 2b, ganha 10 pontos básicos de forma fixa, independente das oscilações da libor ao longo da duração dos dois contratos de swaps. Observação: Também poderia existir arbitragem em outras operações de swaps, como, por exemplo, em swaps de moedas. Valor de um swap Observamos que a taxa fixa de um swap de juros de taxa DI para taxa prefixada foi dada pela taxa DI futura (ou a termo) somada ao spread que o banco cobrava na operação. A taxa futura (ou a termo) é utilizada porque representaria o valor disponível para qualquer agente econômico que qui- sesse usá-la. É a taxa que estaria disponível para uma empresa, um investidor Contratos e mercados de swaps 263 etc., que desejasse fixar taxas de juros antecipadamente através de contratos futuros (ou a termo); exatamente da mesma maneira que se poderia fixá-la utilizando um contrato de swap. Uma instituição financeira, então, ao oferecer uma taxa de swap deve se balizar com o mercado de futuros (a termo) e colocar um spread acima deste valor, o qual representaria as vantagens que ele pode oferecer ao cliente em termos de operação sob medida. Se o banco colocasse taxas muito superio- res às taxas futuras (ou a termo), muito provavelmente o cliente que procu- rasse outras instituições financeiras para cotar taxas na forma de uma con- corrência, recusaria as taxas muito elevadas da instituição financeira inicial. Ao se colocar a taxa futura e se calcular os valores presentes dos fluxos de pagamento e de recebimento em um swap, no momento em que a operação é cotada e contratada, o valor da diferença dos fluxos será nula. Isto ocorre porque a taxa fixa do swap é obtida exatamente a partir das taxas futuras (ou a termo), e, portanto, estes fluxos são equivalentes. Assim sendo, o valor presente e um swap, em sua origem, é normalmente nulo, a menos do spread cobrado pela instituição financeira. Com este spread, os valores presentes já não serão mais exatamente iguais. Este raciocínio vale para operação de swaps de moeda, commodities, ín- dices etc. Na prática, a grande maioria das operações de swap iniciam com valor presente nulo, a menos do spread cobrado. No entanto, ao longo da vida do swap, os valores presentes a pagar e a receber vão variando de acordo com as novas taxas futuras, de juros, de câmbio, ou dos preços de mercadorias, vigentes nos respectivos mercados. Na seção seguinte, passamos para a avaliação de dois tipos de contratos de swaps. Valor de um swap de taxa de juros Para avaliarmos um contrato de swap de taxa de juros suporemos, inicial- mente, que não haverá possibilidade de inadimplência. Sob a hipótese de não inadimplência, podemos avaliar o swap, avaliando os dois fluxos de caixa, a pagar e a receber para uma das partes do swap. Para 264 Derivativos Financeiros avaliar o swap para a contraparte, devemos somente trocar o sinal do valor obtido inicialmente. O valor de um swap pode ser obtido a qualquer instante durante a vigên- cia do contrato, e esta avaliação pode ser feita exatamente como se analisa- ria o preço de um título de dívida prefixado ou pós-fixado. Vamos considerar o swap anterior de taxa de juros Libor versus taxa de juros prefixada. No nosso exemplo, a Empresa A estaria pagando um fluxo de caixa com taxas de juros fixas, 4,5% a.a. e recebendo um fluxo de caixa com pagamentos indexados à libor de 6 meses. A cada instante, estes dois fluxos de caixa podem ser avaliados, bastando para isso descontá-los às taxas de juros vigentes no mercado no momento da avaliação. O valor instantâneo do swap para a Empresa A será dado, portanto, pela equação: VPA = R – D Onde: VPA = o valor do swap para a Empresa A; R = o valor atual das receitas futuras da Empresa A; D = o valor atual das despesas futuras da Empresa A. Para a instituição financeira, o valor do swap com a Empresa A é o valor dado pela equação 2 com o sinal trocado. Vale o mesmo raciocínio no swap da instituição financeira com a Em- presa B. Então, temos que para a Empresa B o valor instantâneo do swap será dado pela equação: VPB = R – D Onde: VPB = o valor do swap para a Empresa B; R = o valor atual das receitas futuras da Empresa B; D = o valor atual das despesas futuras da Empresa B. Para avaliarmos o valor destes dois swaps em um dado momento, utiliza- remos os valores da Libor. Contratos e mercados de swaps 265 Consideremos inicialmente o valor do swap da Empresa A um ano após o início do swap. Neste momento, ainda faltaria um ano para encerrar o contra- to de swap; portanto, a empresa e o banco teriam ainda dois acertos semes- trais de taxas de juros a fazer. A Empresa A deveria pagar 4,5% a.a. e receber a Libor nestes dois acertos. Olhando VPA = R – D, vemos que a Libor no momento da avaliação do swap é 4,0% a.a. Esta taxa definirá o pagamento no semestre seguinte.1 No entanto, ainda não sabemos a Libor que vai vigorar seis meses à frente. Desse modo, o valor presente das receitas e despesas para a Empresa A no swap com o banco, um ano antes do término do contrato será dado por: VPA = {Libor0 / (1 + s1/2) + Libor1 / (1 + s2/2) 2 – [4,5% /(1 + s1/2) + 4,5% / (1 + s2/2) 2} . (100/2). Onde: Libor0 é a taxa no momento da avaliação e que servirá para definir o pró- ximo pagamento, seis meses à frente; Libor1 é a taxa seis meses após o momento da avaliação e que servirá para definir o pagamento um ano à frente, ou seja, o último pagamento; s1 é a taxa de seis meses no momento da avaliação, isto é, 4% a.a., e que servirá para descontar o valor do pagamento a ser feito seis meses à frente; s2 é a taxa de um ano, no momento da avaliação, e que servirá para des- contar o valor do pagamento a ser feito um ano à frente, isto é, o último pagamento. 4,5% a.a. é a taxa fixa do swap; e, 100 representa 100 unidades monetárias (se o valor de referência do swap é igual 100 mil ainda teríamos que multiplicar o valor final por 1 000). Suponhamos que as taxas libor1, s1, e s2, sejam, respectivamente iguais a, 5,2% a.a., 4,5% a.a., e 4,7% a.a. Assim, teríamos como valor presente: VPA = {4,0% / (1 + 4,5%/2) + 5,2% / (1 + 4,7%/2) 2 – [4,5% /(1 + 4,5%/2) + 4,5% / (1 + 4,7%/2)2} . (100/2). Então, VPA = 0,0896 para cada 100 unidades monetárias. 266 Derivativos Financeiros Considerando o valorde referência do swap como sendo 50 milhões de dólares, teremos: VPA = 0,0896 . 50 milhões/100 = US$44.806,72 dólares. O resultado obtido é positivo para a Empresa A, o que significa que ela teria mais a receber do que pagar até o fim do swap, e que se ela tentasse negociar o contrato de swap, teria a receber este valor, 44.806,72 dólares. Este resultado depende das taxas de juros no mercado em que a avaliação é feita. Portanto, se a avaliação fosse feita com outras taxas e/ou em outro momento, o resultado para a Empresa A poderia ser negativo, significando o oposto do exposto acima, ou seja, ela teria um valor negativo a receber, isto é, teria que pagar, se decidisse negociar este contrato no mercado. Consideremos, o swap de juros no Brasil apresentado na quarta página deste capítulo. Vamos avaliá-lo, supondo que após 45 dias do início do con- trato, a taxa CDI para 45 dias corridos ou 32 dias úteis (até o vencimento do contrato) seja igual a 1,5% no período, e que a taxa CDI nos últimos 45 dias tenha sido 1,7% no período. Qual o valor do swap para o investidor? Para calcularmos o valor do swap, devemos observar que o investidor pagará 10% a.a. ao banco e receberá a taxa DI no período de 45 dias. Então, temos que: Investidor receberá R$1.000.000,00 . 1,017 . 1,015/1,015 = R$1.017.000,00. � Investidor pagará R$1.000.000,00 . (1,10) � 65/252 / 1,015 = R$1.009.742,50. O investidor teria valor positivo para seu swap, no montante de R$7.257,50. Avaliação de swaps de moedas O valor de um swap de moedas segue o mesmo princípio do de taxas de juros, isto é, ele é dado pelo valor presente dos fluxos de caixa a receber e a pagar no instante da avaliação. Consideremos o swap, no qual uma empresa possui uma dívida de R$10.000.000,00, com vencimento em 120 dias, e com pagamento de juros dado pela variação cambial + 7,5% a.a. e deseja realizar um swap para trocar seu pagamento de juros em dólar para juros prefixados. Contratos e mercados de swaps 267 Considere que após 60 dias do início da operação de swap, tenhamos a seguinte situação: A variação cambial nestes 60 dias passados foi igual a 2,5%. � A variação cambial nos próximos sessenta dias esteja sendo avaliada � em 2,5% no período. A taxa de juros para estes próximos sessenta dias é igual a 10,5% a.a. � Pergunta-se: (a) Qual o valor do swap para a empresa neste instante, isto é, a sessenta dias do vencimento do swap? a) Operação de swap Valor presente da posição ativa da empresa: R$10.000.000,00 . 1,025 . 1,025 . (1 + 0,075 . 120/360) / [(1,105)(60/360)] = R$10.591.184,90. Valor presente da posição passiva da empresa: R$10.000.000,00 . (1,125)(120/360) / [(1,105)(60/360)] = R$10.228.778,98. Então, o valor do swap para a empresa neste momento será igual a R$362.405,92. Este resultado mostra que o valor do swap para a empresa saiu de zero no início para R$540.127,27, sessenta dias após. A mudança ocorrida se deveu a maior desvalorização do câmbio, tanto nos sessenta dias decorri- dos quanto nos sessenta dias a decorrer, e também ao valor das taxas de juros no mercado para sessenta dias, até o vencimento do contrato de swap. Financiamento com swap de juros Na figura 6, a Empresa X assina um contrato de swap de taxa de juros de 4 anos com o Banco 1. Neste swap, a Empresa X recebe a taxa de juros fixa de 6% a.a. e paga libor ao Banco 1. Após dois anos, um novo swap de libor. taxa prefixada está cotado à taxa de 4,0% a.a. A Empresa A, então, decide fazer um novo contrato de swap para com- pensar financeiramente o primeiro swap. Neste novo swap, agora, com o Banco 2, a empresa deveria pagar 4,0% a.a. e receber a libor. 268 Derivativos Financeiros Somando os dois swaps, a Empresa X receberia liquidamente 2% a.a., pois o recebimento da libor no swap com o Banco 2 eliminaria financeiramente o pagamento da libor que ela tem que fazer no swap com o Banco 1. Além disso, ela recebe 6% no swap inicial e pagaria 4% no segundo swap. Ocorre que a Empresa X decide pagar 6% a.a. no segundo swap, em vez de 4% a.a. Este pagamento a mais, no entanto, será recebido no início do contrato do segundo swap, funcionando como uma fonte de financiamento de recursos. A Empresa X pode fazer este financiamento porque ao longo dos dois anos do swap inicial a libor caiu, permitindo a ela acumular valores positivos neste contrato de swap. Quando, então, ela faz o segundo, ela pre- fere captar recursos recebendo o valor presente da diferença entre a taxa 6% a.a. que ela vai pagar e a taxa 4% a.a. que ela poderia pagar. Figura 6 – Financiamento com swap de juros. Banco 1 Empresa X Banco 2 6.00% 6,0% Libor Libor $Financiamento O a ut or . Contratos e mercados de swaps 269 Swap cambial não é ideal, dizem os exportadores Para eles, melhor opção seria o BC comprar dólar à vista para conter a forte queda da taxa de câmbio (O ESTADO DE SÃO PAULO, 7 maio 2009) A intervenção do Banco Central no câmbio, para conter a rápida queda do dólar na terça-feira, foi positiva para os exportadores em um primeiro mo- mento, mas seria melhor para as exportações que o BC optasse por comprar dólar à vista em vez de usar swap cambial reverso como fez. A opinião é de especialistas da Confederação Nacional do Comércio (CNC), da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (FUNCEX). O consenso entre eles sobre o tema, porém, não vai muito além disso. Para o economista-chefe da CNC e ex-diretor do BC, Carlos Thadeu e Frei- tas, o swap cambial reverso não é bom para o exportador porque “induz uma trajetória mais longa de queda do dólar”. Já se o BC comprasse dólar à vista e reduzisse rapidamente os juros, isso poderia conter a queda do dólar e até daria mais oportunidade de alta no dólar no futuro próximo. Para Freitas Gomes, a estratégia para o câmbio indicada pelo BC com a es- colha desse instrumento estaria associada a uma redução lenta dos juros. O economista da Funcex, Fernando Ribeiro, por sua vez, acredita que a in- Ampliando seus conhecimentos 270 Derivativos Financeiros tervenção do BC no câmbio não tem como objetivo apoiar as exportações, e sim reduzir a volatilidade. “O BC está seguindo o mesmo discurso dos últimos anos e sempre disse que não tinha nenhuma taxa específica para o câmbio”. Ribeiro entende que o BC pode ter preferido o swap cambial reverso à compra de dólar à vista “para indicar que não estava indo contra a tendência de valori- zação da moeda brasileira, mas apenas contra a volatilidade”. Para ele, o BC só olha o comércio exterior para monitorar o equilíbrio das contas externas. “O saldo comercial até aumentou porque as importações estão caindo mais que as exportações”, disse. Comentários: O swap cambial reverso é uma operação pela qual o BC recebe a variação do dólar e paga juros em reais em troca. Ele tem sido usado pelo BC nos últimos anos durante os períodos de valorização do real frente ao dólar. Anteriormente, o BC utilizava o swap direto, no qual ele pagava a varia- ção do dólar e recebia juros em reais, mas nessa época o real sofria constantes desvalorizações frente ao dólar. Na verdade, o BC usou o swap direto durante um período recente de desvalorização do real ocasionado pela crise externa, quando a taxa de câmbio chegou a 2,50R$/US$. Quando o BC faz o swap reverso, ele está dando proteção aos setores que perdem com a valorização do real, como, por exemplo, os exportadores.
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