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Universidade Estácio de Sá CURSO DE DIREITO THIFANY GALANTE DE OLIVEIRA 202002135255 RESPONSABILIDADE CIVIL DE NATUREZA OBJETIVA DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS CARAPICUÍBA 2021 THIFANY GALANTE DE OLIVEIRA – 202002135255 RESPONSABILIDADE CIVIL DE NATUREZA OBJETIVA DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS Trabalho apresentado ao curso de Direito, como requisito e complemento de nota da AV1 na disciplina de Obrigações e Responsabilidades Civil. Profª DEBORA QUEIROZ OLIVEIRA FERES RIBEIRO CARAPICUÍBA 2021 Índice INTRODUÇÃO 4 1 .QUEM SÃO OS INFLUENCIADORES DIGITAIS 5 2 .O PAPEL DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS 5 3 .A RESPONSABILIDADE QUE NASCE COM A INFLUÊNCIA 6 3.1 A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS FRENTE AO MERCADO DE CONSUMO 7 4. A RESPONSABILIDADE CIVIL DE NATUREZA OBJETIVA DOS INFLUENCIADORES 8 4.1. A RESPONSABILIDADE É IDÊNTICA À DOS FORNECEDORES/EMPRESAS? 10 5. JURISPRUDÊNCIA 11 6. CONCLUSÃO 12 REFERÊNCIAS 14 INTRODUÇÃO Os Influenciadores Digitais são as novas “personalidades” do mundo virtual, compartilhando seus estilos de vida, suas experiências e seus gostos. Assim acabam conquistando a confiança dos seus seguidores de modo com que muitas vezes as pessoas que os seguem desejam ter a vida que eles apresentam através das redes. Dessa forma eles acabaram por se tornar grandes peças da publicidade, propaganda e do marketing. Fazendo surgir ainda outra categoria; O marketing influencia, que é aquele que envolve a participação de formadores de opinião nas ações de comunicação das marcas. Dessa forma, os influenciadores digitais possuem essa qualidade de serem formadores de opiniões, servindo como a “porta-voz” para diversas marcas, sendo atualmente quase que indispensável seus trabalhos de divulgação para as grandes marcas. Pois seus seguidores depositam confiança no conteúdo passado por eles, e muitas vezes viram consumidores dos produtos que os seus “influenciadores favoritos” divulgam em suas redes. Portanto, a partir dessa relação entre influenciador e influenciado observou-se a necessidade de que fossem criados meios de proteção aos seguidores, o público-alvo dos chamados publiposts. Foi, a partir disso, que surgiu o questionamento acerca da possibilidade de responsabilização civil dos influenciadores digitais pelos produtos e serviços divulgados em suas redes sociais. Ou seja, poderiam os influenciadores digitais serem responsabilizados pelos produtos ou serviços divulgados nas suas redes sociais? Decorrente disso, procura-se nessa pesquisa responder tal questionamento que anda circulando frequentemente. Onde parte da doutrina considera que dever-se-ia haver uma responsabilidade civil de natureza objetiva para com as relações de publicidade feita pelos influenciadores aos seus seguidores que acabam consumindo determinado produto a partir da publicidade feita por eles em suas redes sociais. 4 1. QUEM SÃO OS INFLUENCIADORES DIGITAIS Nos últimos anos nota-se que a internet brasileira foi dominada pelos influenciadores digitais, construindo uma categoria na web de pessoas que se destacam nas redes e mídias sociais por suas capacidades de atrair um grande número de seguidores, pautando opiniões e comportamentos. Eles são os novos personagens do mundo digital, da publicidade, propaganda e marketing. São indivíduos que atuam nas mídias sociais ditando comportamentos e tendências, indicando produtos e/ou serviços e compartilhando ideias. São, hoje, quase que indispensáveis às estratégias de comunicação das empresas. A aparição dessas personagens virtuais foi tão expressiva que deu origem ao ramo conhecido como marketing de influência (influence(r) marketing). Segundo Alberto Valle (2019), diretor da Academia do Marketing, o influenciador digital é, do ponto de vista técnico, a pessoa ou marca que, através do seu conteúdo, consegue influenciar, de alguma maneira, a forma como seus seguidores encaram ou consideram determinadas questões ou conceitos. Para o diretor, qualquer pessoa pode ser um influenciador digital, desde que possua a característica de ser um formador de opinião na internet, de influenciar as pessoas, isto é, de ter engajamento nas redes sociais. 2. O PAPEL DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS Destarte surge o papel dos influenciadores digitais, que se vincula a relação de intimidade criada com os seus seguidores a partir de suas redes sociais, destacando-se o elemento da confiança. Visto que, associado à velocidade de divulgação, permite que haja uma verdadeira explosão do consumo, pois a partir deles, ou seja, da divulgação feita por eles, os consumidores ou seguidores têm mais referências sobre aquele produto/serviço e querem “copiar” o estilo de vida do influenciador que seguem. Como por exemplo, “determinado creme de cabelo, se torna o creme de cabelo que o influenciador tal utiliza” e, por conseguinte não demora para certa marca de produtos de cabelo aumentar suas vendas. Tudo porque esse influenciador, desfruta de suas redes para divulgar e estimular as pessoas a também quererem utilizar de tal produto, influenciando e persuadindo aos seus seguidores. Dessa forma, influenciar e persuadir vem a ser um dos maiores e principais papeis dos influenciadores digitais, para com as pessoas que os seguem. Para Gasparotto, Freitas & Efing (2019, p. 11), os influenciadores digitais, ao compartilharem os seus estilos de vida, experiências, gostos e predileções, conquistam a confiança dos usuários, por isso são vistos como grandes formadores de opinião, cujo engajamento é capaz de modificar comportamentos e mentalidade daqueles que os seguem. Dessa forma, observa-se que as pessoas que “seguem” esses influenciadores digitais, depositam uma confiança ao ponto de tê-los como inspiração e referência em suas vidas pessoais. E é daí que parte o poder da influência na vida desses usuários das redes sociais, porque na maioria das vezes, a compra de produtos pela internet é feita após recomendação ou avaliação que o “influenciador” realiza em suas mídias sociais, passando aos seus seguidores segurança no produto que é apresentado. 5 3. A RESPONSABILIDADE QUE NASCE COM A INFLUÊNCIA A partir dessa influência no comportamento de seus seguidores, nasce uma responsabilidade para com a vida das pessoas que os seguem e os acompanham. Diante disso vem surgindo diversas dúvidas a respeito dessa responsabilidade. Porque vale ressaltar que a partir dessa grande “inspiração” na vida das pessoas que os seguem, nasce um poder de persuadir e estimular as pessoas, e como sempre se é dito “Com grandes poderes surgem grandes responsabilidades”. E então surge a questão: poderiam os influenciadores digitais serem responsabilizados pelos produtos ou serviços divulgados nas suas redes sociais? A princípio se deduz que se as pessoas seguem os influenciadores porque buscam seus estilos de vida, é uma consequência lógica que procurem consumir os produtos e serviços por eles divulgados. Em virtude disso um dos grandes perigos dessa prática é a eventual abusividade da publicidade realizada, que ignora importantes limites traçados pelo Direito do Consumidor. Em diversas ocasiões, o CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) direcionou reclamações a celebridades sob o fundamento de que elas não estariam deixando explícito o propósito publicitário das postagens nas redes sociais. Isto é, ao divulgar um produto ou serviço onerosamente, caberia ao indivíduo deixar claro para quem visualiza a publicaçãode que se trata de uma publicidade. Assim, sugere-se, por exemplo, a colocação de hashtags do tipo: “#merchan, #publi”. A grande dificuldade que se coloca é identificar, no caso concreto, se o influenciador está, de fato, elogiando um produto ou serviço porque gostou, ou porque está recebendo algum benefício. Como apontam Mitre e Barros (2017), a agência norte-americana FTC (Federal Trade Commission), equivalente ao CADE brasileiro, fez um alerta aos influenciadores digitais e anunciantes americanos, reiterando a importância de se deixarem claras e inequívocas a intenção e a finalidade comercial da divulgação de produtos e serviços, estabelecendo que onde houver uma “conexão material” entre o endossante e o anunciante, ela deve ser facilmente identificada no contexto da comunicação apresentada (MITRE; BARROS, 2017), entendendo-se anunciante como os patrocinadores e endossante como os influenciadores. Com isso, a intenção é impedir a chamada publicidade clandestina, cuja proibição deriva do princípio da identificação da publicidade, que decorre diretamente, do que dispõe o artigo 36 do CDC, ao estabelecer que: “a publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal”. Trata-se de norma que deriva da boa-fé objetiva, estabelecendo deveres de lealdade e transparência entre as partes. Em face dessa disposição, origina-se para o fornecedor o dever de caracterizar a publicidade, seja ela determinada peça ou toda uma campanha publicitária, que deve ser apresentada de tal modo que o público a quem se dirija possa identificá-la de modo apartado às demais informações que porventura sejam divulgadas ou veiculadas pelo mesmo meio de divulgação. Dessa forma, compreende-se que ao fazer alguma divulgação publicitaria, onde o influenciador está sendo remunerado pela ação, ele deve deixar isso claro aos seus seguidores, informando-os que se trata de uma postagem de publicidade, pois ele não 6 está divulgando tal produto ou serviço simplesmente porque gosta ou usufrui daquilo, e sim porque está recebendo para divulgá-lo. 3.1. A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS FRENTE AO MERCADO DE CONSUMO O Código de Defesa do Consumidor prevê que, no que tange à classificação da responsabilidade civil em razão da "conduta do agente" a regra é a aplicação da responsabilidade objetiva, ou seja, não há avaliação de culpa na conduta do agente. Havendo violação de direito ou dano ao consumidor, basta verificar o nexo de causalidade. Além da responsabilidade objetiva, a solidariedade no polo passivo das relações é ampliado. 7 4. A RESPONSABILIDADE CIVIL DE NATUREZA OBJETIVA DOS INFLUENCIADORES Portanto, com relação a questão: “Existirá responsabilidade civil dos influenciadores digitais frente ao mercado de consumo?” Inicialmente, podemos afirmar que o caso dos influenciadores digitais guarda alguma relação com o clássico entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça: No Recurso Especial nº 1.157.228/RS sobre a publicidade de palco televisiva, quando a Corte entendeu pela inexistência de corresponsabilidade do apresentador e da empresa de televisão pelo anúncio do serviço prestado em desacordo com a legislação consumerista, haja vista a ausência de enquadramento como fornecedores e inexistência de relação de consumo com o telespectador (ANDRADE, 2020). Segundo o referido julgado, o apresentador de TV não seria um avalista formal, por si ou pela empresa de comunicação, do êxito do produto ou serviço para o telespectador que vier no futuro a adquiri-los. Porém em relação aos influenciadores digitais conforme noticiado no CONJUR, em 21 de agosto de 2020, uma influenciadora digital foi condenada em primeira instância pelo Juizado Especial Cível de Barra Mansa, no estado do Rio de Janeiro, a restituir o valor de R$2.639,90 a uma consumidora, que ingressou com ação em face da influenciadora após comprar um celular em loja indicada por ela e não receber o produto. Entendeu-se, no caso, que apesar de não haver relação de consumo entre a influenciadora digital e a sua seguidora, há a responsabilidade objetiva preconizada pelo artigo 927 do Código Civil pela falha na compra do aparelho. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Além disso, concluiu-se que a atividade habitual da influenciadora implica a exposição de produtos de terceiros à venda, sob a sua chancela e indiscutível influência, lhe gerando lucros, hipóteses que, no caso, foram determinantes pela opção de compra pela seguidora e que resultaram na responsabilidade pelos danos decorrentes. Porém a sentença é passível de recurso. Dessa forma, é importante entender que na responsabilidade objetiva, o dever de indenizar se dará independentemente da comprovação de dolo ou culpa, bastando que fique configurado o nexo causal daquela atividade com o objetivo atingido. O parágrafo único do Art.927 diz que: “haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” 8 Portanto, com relação aos casos dos influenciadores digitais, observa-se que eles possuem essa responsabilidade, pois através deles a pessoa se sentiu segura ao ponto de adquirir tal produto que por ele/ela foi indicado. Entretanto, muito se questiona de como será possível provar o nexo causal, isto é, que o consumidor só adquiriu aquele produto por conta da publicidade feita pelo influenciador, dessa forma autores como Barbosa, Britto e Silva , Gasparatto, Freitas e Efing dissertam sobre o assunto, dizendo que deve ser aplicado o regime de responsabilidade objetiva aos influenciadores porque eles estão em vantagem quando comparados aos consumidores e atuam efetivamente por meio da indicação de produtos e serviços, de modo a impactar a vida dos seus seguidores, moldar comportamentos e motivar escolhas de consumo (GASPARATTO; FREITAS; EFING, 2019). “No momento em que um influenciador digital indica um produto ou serviço, a sua confiabilidade agrega poder persuasivo no comportamento do consumidor, gerando segurança sobre a qualidade daquele produto ou serviço que está sendo indicado. Os influenciadores assumem, portanto, uma posição de garantidores em face dos produtos e serviços indicados. Caso as qualidades atribuídas aos produtos e serviços não sejam condizentes com a realidade, o fator de persuasão dos influenciadores aparece de forma negativa e prejudicial ao consumidor, confrontando, assim, os princípios da boa-fé e da confiança.” (GASPARATTO; FREITAS; EFING, 2019) 9 4.1 A RESPONSABILIDADE É IDÊNTICA À DOS FORNECEDORES/EMPRESAS? Através da análise de diversos autores que dissertam sobre o assunto, os influenciadores, por conta da confiança que geram nos “influenciados”, passariam a ser verdadeiros garantidores em face dos produtos e serviços por eles indicados. Todavia, as celebridades não podem assumir responsabilidade idêntica à do fornecedor, notadamente porque em muitas situações atuam como mero “porta-voz” do anunciante, sem qualquer declaração com base em suas experiências pessoais de uso dos produtos ou serviços. Segundo parte da doutrina, os influenciadores deveriam ser considerados, para fins de aplicação do Código de Defesa do Consumidor, como fornecedores por equiparação (GASPARATTO; FREITAS; EFING, 2019), que na definição de Marques, Benjamim e Bessa (2007), é uma figura que pode ser compreendida como aquele terceiro na relação de consumo, um terceiro apenas intermediário ou ajudante da relação de consumo principal, mas que atua frente a um consumidor ou a um grupo de consumidores como sendo fornecedor. Sendo assim independente da teoria adotada, sempre estarão presentes três elementos básicos da responsabilidade civil: a açãoou omissão, o nexo causal e o resultado danoso. A responsabilização dos influenciadores digitais pelos anúncios publicitários postados nas suas redes sociais, sobre determinado produto ou serviço, é possível, desde que aquele tenha realizado uma ação/omissão (ter dito ou deixado de dizer algo essencial sobre o produto ou serviço) e, em razão disso, o seguidor-consumidor tenha adquirido e sofrido algum resultado danoso. Dessa forma, é importante ressaltar que a responsabilidade dos influenciadores não é integral e ilimitada, devendo guardar relação somente com a publicidade realizada. Nessa linha de raciocínio Barbosa, Britto e Silva dizem a respeito: “Acerca da possibilidade dos produtos ou serviços serem acometidos posteriormente por vícios ou defeitos, entende-se que o influenciador que os promoveu digitalmente se exime de sua responsabilidade, vez que na hipótese de responsabilidade pelo fato do produto/serviço ou responsabilidade pelo vício do produto/serviço não possuirá relação direta com a publicidade ilícita vinculada, devendo o lesado acionar, exclusivamente, o fornecedor pelos prejuízos causados à sua incolumidade física/psicológica ou econômica”. (BARBOSA; BRITTO; SILVA, 2019) 10 5. JURISPRUDÊNCIA RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA. NÃO RECONHECIMENTO. A responsabilidade subjetiva é regra nos termos do artigo 186, do Código Civil, sendo a responsabilidade objetiva a exceção. A responsabilidade objetiva é aplicada apenas nas hipóteses legais, bem como nas atividades de risco conforme preceitua o parágrafo único do artigo 927, do Código Civil. RESPONSABILIDADE OBEJTIVA No projeto de sentença, homologado pela juíza de direito Lorena Paola Nunes Boccia, o juiz leigo Rafael da Silveira Thomaz afirmou que não há relação de consumo entre a influencer e a sua seguidora. Ainda assim, ele ressaltou que Virgínia responde objetivamente pela falha na compra do iPhone, com base no artigo 927 do Código Civil. O dispositivo estabelece que “haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. Segundo o juiz leigo, a atividade normalmente desenvolvida por Virgínia Fonseca implica expor produtos de terceiros à venda. Nisso, os itens ficam sob sua chancela e “indiscutível influência”. Afinal, sem a influenciadora digital, a autora não teria comprado o celular, pois soube da oferta por meio das redes sociais de Virgínia. Como se trata de uma atividade habitual, que gera lucros a influencer, ela responde pelos danos decorrentes, avaliou o juiz leigo. 11 6. CONCLUSÃO Como se foi visto, com a evolução da tecnologia e das mídias sociais se tem o surgimento de novos fenômenos; como o surgimento do ramo conhecido como marketing de influência (influencer marketing). Nesse novo ramo, estão presentes os chamados influenciadores digitais, que através de suas mídias sociais e da construção do elemento de confiança passado aos seus seguidores, se constrói um meio de divulgação, publicidade e marketing, atraindo a seus seguidores a virarem consumidores dos produtos por eles divulgados. Dessa forma, a partir da autonomia e rápida divulgação através das redes, surgem as responsabilidades. Pois afinal, estamos tratando de direitos e deveres. São relações entre pessoas. Seja público, seja seguidor ou consumidor. Observa-se que o consumo dessas pessoas está fortemente ligado a persuasão e a confiança passada pelos influenciadores que os mesmos acompanham. Vale-se ressaltar que estamos falando da responsabilização dos influenciadores digitais pelos anúncios publicitários postados em suas redes sociais sobre determinado produto ou serviço, ou seja, naqueles casos onde seu seguidor passa a ser consumidor e adquire tal produto por influência do influenciador. Desse modo, surge a questão: Os influenciadores, por conta da confiança que geram nos “influenciados”, passariam a ser verdadeiros garantidores em face dos produtos e serviços por eles indicados? O que pode se concluir no contexto atual do Brasil é que grande parte dos doutrinadores consideram que se deve adotar uma responsabilidade objetiva para com os seus seguidores. Portanto, nos casos onde se houver divulgação e recomendação de algum produto ou serviço e caso as qualidades atribuídas aos produtos e serviços pelo influenciador, não sejam de fato condizentes com a realidade, o fator de persuasão dos influenciadores aparece de forma negativa e prejudicial ao consumidor, confrontando, assim, os princípios da boa-fé e da confiança. Dessa forma, entende-se que o influenciador teria uma responsabilidade objetiva sobre o influenciado, onde o dever de indenizar se dará independentemente da comprovação de dolo ou culpa, bastando que fique configurado o nexo causal daquela atividade com o objetivo atingido. Exatamente como ocorreu no caso em 21 de agosto de 2020, citado na pesquisa, onde uma influenciadora digital foi condenada em primeira instância pelo Juizado Especial Cível de Barra Mansa, no estado do Rio de Janeiro, a restituir o valor de R$2.639,90 a uma consumidora, que ingressou com ação em face da influenciadora após comprar um celular em loja indicada por ela e não receber o produto. 12 Em conclusão, observa-se que a relação entre influenciadores e influenciados, vem a ser uma questão de grande importância para com a nossa sociedade atual. Questão esta, que vem sendo questionada e determinada através do princípio da confiança. Princípio que norteia as esferas do mundo virtual. Pois os usuários das redes, e admiradores de conteúdo virtual depositam sua confiança no que se é passado e ouvido pelos influenciadores que os mesmos seguem. Sendo assim, espera-se que, nas informações passadas e difundidas, que muitas das vezes os fazem adquirir um produto, haja segurança e veracidade no que foi passado pelo porta-voz da ação, que seriam os influenciadores, dotados da função de representar determinada marca para seus seguidores. Dessa forma, surge a responsabilidade objetiva, responsabilizando os influenciadores sobre o que se é colocado em suas redes, garantindo assim, a proteção integral ao consumidor. 13 REFERÊNCIAS BASTOS, Maria Augusta et al. O impacto da utilização das redes sociais pelos digital influencers como ferramenta de marketing das empresas varejistas. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO, 1., 2017, Ponta Grossa. p. 1 – 11. ÂMBITO JURÍDICO A Responsabilidade Civil Dos Influenciadores Digitais Pelos Produtos e Serviços Divulgados Nas Redes Sociais, https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito- do-consumidor/a-responsabilidade-civil-dos-influenciadores-digitais-pelos-produtos-e- servicos-divulgados-nas-redes-sociais/#:~:text=Para%20Gasparatto%2C%20Freitas %20%26%20Efing%20(,esse%20fato%2C%20%C3%A9%20encorajado%20a CONTEÚDO INTERATIVO SIA, INFLUENCIADORES DIGITAIS http://portaldoaluno.webaula.com.br/Classroom/index.html? id=3694694&classId=909549&topicId=0&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&ena bleForum=S&enableMessage=N&enableClassMate=N 14