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Vitória Caroline Pereira da Silva - Estudante de odontologia UFPE Processos patológicos gerais @opsvitoriacaroline Introdução Quando uma célula sadia sofre um determinado tipo de estresse ou estímulos nocivos, ela tenta se readaptar a essa nova realidade. Caso não consiga, a célula irá passar pelo processo de lesão celular e se os estímulos não forem cessados ou forem muito exarcebados, essa lesão se tornará irreversível e apresentará a morte celular por necrose ou apoptose. Lesão celular reversível: Nos estágios iniciais ou nas formas leves de lesão, as alterações morfológicas e funcionais são reversíveis se o estímulo nocivo for removido. Nesse estágio, embora existam anomalias estruturais e funcionais significativas, a lesão ainda não progrediu para um dano severo à membrana e dissolução nuclear. Morte celular: Com a persistência do dano, a lesão torna-se irreversível e, com o tempo, a célula não pode se recuperar e morre. Existem dois tipos de morte celular — necrose e apoptose — que diferem em suas morfologias, mecanismos e papéis na fisiologia e na doença. Os principais locais da célula que podem causar danos maiores são: as mitocôndrias, o DNA, a membrana plasmática (sistema de endomembranas) e os ribossomos. Essas lesões podem afetar as membranas celulares e exercer um papel de rompimento de vesículas lisossomicas (digestivas). Quando as enzimas presentes nas vesículas lisossomais caem no citoplasma, elas começam a digerir a si própria. Se houver uma lesão irreparável no DNA ou nas proteínas celulares, a célula irá detectar que está havendo erros e ativar o mecanismo de apoptose. Dois fenômenos caracterizam consistentemente a irreversibilidade: a incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial (perda da fosforilação oxidativa e geração de ATP) mesmo depois da resolução da lesão original e os profundos distúrbios na função da membrana. Como mencionado anteriormente, a lesão nas membranas lisossômicas leva à dissolução enzimática da célula lesada, que é a característica da necrose. LESÃO E MORTE CELULAR Necrose e apoptose A necrose é um tipo de morte celular exclusivamente patológico, enquanto que a apoptose pode ser desencadeada por meios fisiológicos e também patológicos. Causas da lesão celular Privação de oxigênio para a célula - Pode ocorrer por esquemia, quando há redução do fluxo sanguíneo e por consequência não leva o oxigênio para a célula. A redução no fornecimento de O2 é chamada hipóxia, enquanto a interrupção é denominada anóxia - Por oxigenação inadequada do sangue. - Por incapacidade do sangue em transportar de maneira adequada o oxigênio à célula e causar hipóxia (diminuição da quantidade de O²). A entrada do cálcio: Através de agentes físicos - Por motivo de: traumas, alterações bruscas de pressão e temperatura, choques que podem levar a lesão celular. Através de agentes químicos e drogas - Substâncias exógenas que não são normais de se encontrar dentro da célula, acabam gerando uma toxicidade na célula. Exemplos: venenos, poluentes, inseticidas. -Os agentes comumente conhecidos como venenos causam severos danos em nível celular por alterarem a permeabilidade da membrana, a homeostasia osmótica ou a integridade de uma enzima ou cofator. - Também existes substâncias endógenas que podem possuir caráter tóxicos se estiverem presentes em concentrações alteradas. Exemplos: glicose, lipídios, oxigênio, entre outros. Através de agentes infecciosos - Por bactérias, vírus e outros parasitas. Ex: candidíase. Por reação imunológica - Embora o sistema imune defenda o corpo contra micróbios patogênicos, as reações imunes podem também resultar em lesão à célula ou ao tecido. Os exemplos incluem as reações autoimunes contra os próprios tecidos e as reações alérgicas contra substâncias ambientais, em indivíduos geneticamente suscetíveis. Por desequilíbrios nutricionais - Em condiçõs de subnutrição, mas também de hipernutrição podem causar lesões celulares. Por causa de defeitos genéticos - Pode tornar a célula inviável e levar à sua morte ou a deixar mais suceptível a lesões celulares. - Os defeitos genéticos causam lesão celular por causa da deficiência de proteínas funcionais, como os defeitos enzimáticos nos erros inatos do metabolismo ou a acumulação de DNA danificado ou proteínas mal dobradas, ambos disparando a morte celular quando são irreparáveis. As variações genéticas (polimorfismos) podem influenciar também a suscetibilidade das células a lesão por substâncias químicas e outras lesões ambientais. Por envelhecimento - A senescência celular leva a alterações nas habilidades replicativas e de reparo das células e tecidos. Essas alterações levam à diminuição da capacidade de responder ao dano e, finalmente, à morte das células e do organismo. Necrose - A necrose, morte patológica, é a principal via de morte celular em muitas lesões comumente encontradas, como as que resultam de isquemia, de exposição a toxinas, várias infecções e trauma, ocorrem no organismo vivo, seguida de autólise ou heterólise. - Acontece devido a desnaturação de proteínas intracelulares e da digestão enzimática da célula lesada e a levando à morte. - Uma característica que diferencia a necrose da apoptose, é que na necrose há perda da integridade das membranas celulares, ocorrendo extravazamento do conteúdo intracelular para o ambiente extracelular. Podendo gerar uma reação inflamatória. - Os conteúdos celulares que escapam sempre iniciam uma reação local do hospedeiro, conhecida como inflamação, no intuito de eliminar as células mortas e iniciar o processo de reparo subsequente. As enzimas responsáveis pela digestão da célula são derivadas dos lisossomos das próprias células que estão morrendo ou dos lisossomos dos leucócitos que são recrutados como parte da reação inflamatória às células mortas. - A necrose possui padrões morfológicos bem definidos que axilia no descobrimento das causas para o acontecimento da mesma. - As alterações nucleares que podem ser vistas no processo de necrose, são: Cariólise (perda de DNA pela ação de endonucleases), Picnose (retração nuclear) e Cariorrexe (fragmentação nuclear), além do citoplasma bastante eosinófilo. Padrões de necrose - Necrose de coagulação A estrutura do tecido se mantém. Preservação do contorno celular por conta de proteínas coaguladas no citoplasma sem rompimento da membrana plasmática. Uma área localizada afetada por este tipo de necrose se chama: infarto Pode acontecer por isquemia, queimaduras, exposição a substâncias químicas precipitantes. - Necrose liquefatíva O tecido não preserva a sua arquitetura, predomínio da digestão enzimática. Ocorre a transformação do tecido numassa viscosa líquida, pela digestão das células mortas. O local necrótico é frequentemente visto com um tom amarelado e cremoso, devido a presença dos leucócitos mortos, denominado o “pus” . No SNC os eventos isquêmicos acometem a necrose de liquefação. - Necrose caseosa Lesão com aparência de queijo, por isso o nome derivado, é característica da tuberculose. É caracterizada pelas células rompidas ou fragmentadas, que estaraõ dentro de uma borda inflamatória bem nítida. - Necrose fibrinóide Acontece em reações imunes nos vasos sanguíneos. Ocorre um extravazmento de fibrina dos vasos e consequêntemente uma obstrução do lúmem do vaso, tem um aspecto de pão com manteiga.. - Necrose gordurosa Aspecto macroscópico de pingos de vela, com os adipócitos que sofreram necrose. Apenas no caso de pancreatite. Mecanismos bioquímicos de lesão Depleção de ATP - Pode ser causada por falta de oxigênio e nutrientes que servem de substratos para a síntesede ATP. Ex: Hipóxia causada por isquemia. - Causada por ação de toxinas - Causada por danos as mitocôndrias: - A baixa de ATP é um problema grave que afetará todos os processos celulares. 1° Dano: A bomba de sódio e potássio - Causará desequilibrio osmótico, ocorrerá entrada e acumulação de sódio na célula. Nesse processo também ocorre a entrada de H²O, que causa inchamento ( Tumefação) e dilatação de estruturas intracelulares. 2° Dano: Aumento da glicose anaerobica 3° Dano: Destacamento dos ribossomos RER 4° Dano: Perda da homeostase do cálcio A apoptose Quando a célula é privada de fatores de crescimento ou quando o DNA celular ou as proteínas são danificadas sem reparo, a célula se suicida por outro tipo de morte, chamado apoptose, que é caracterizada pela dissolução nuclear sem a perda da integridade da membrana. Pode ocorrer em processos patológicos e fisiológicos. Acúmulos Quando lesada, a célula pode acumular diversos compostos dentro de si. -lipideos A causa mais comum é a esteatose hepática, o acúmulo de gordura no fígado. Também pode ser por lipidoses. O aspecto amarelo ocorre por causa do acúmulo de Triglicerídeos dentro dos hepatócitos, se caracterizando pelo acúmulo de grandes vacúolos de gordura. Pode ocorrer por hipóxia, por excesso de colesterol e gorduras na dieta, por deficiência protéica na dieta, por toxinas, desnutrição proteica, diabetes melitus, obesidade e anóxia. O processo patológico ocorre por remoção inadequada de uma substância normal, secundária a defeitos no mecanismo de empacotamento e transporte. - Acúmulo de àgua e eletrólitos Degeneração hidrópica. - Acúmulo e proteínas Degeneração hialina e mucóide - Acúmulo de carboidratos Glicogenoses e mucopolissacaridoses.
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