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INTOXICAÇÕES EXÓGENAS: Definição OMS: administração de uma substância psicoativa que resulta em distúrbios no nível de consciência, cognição, percepção, julgamento, afeto ou comportamento. Efeitos farmacológicos agudos e às respostas aprendidas da substância e desaparecem cm o tempo, exceto se causarem danos nos tecidos. Intoxicação aguda: substância capaz de causar danos, que podem colocar a vida em risco ou causar sequelas. Proporcional a quantidade de toxico. Notificação no Brasil começou em 2011, mas ainda tem muitos casos de subnotificação. Entre 2007 e 2016 foram quase 700 mil casos. Antes de tudo, assegurar o passo a passo terapêutico: 1. Manter via aérea permeável 2. Assegurar ventilação e oxigenação 3. Manter circulação 4. Administrar antidoto 5. Descontaminação gastrintestinal 6. Remoção ativa do tóxico Diagnóstico: • Boa história clínica e exame físico – identificar tóxico • Exames laboratoriais: sangue: glicemia, ureia, creatinina, íons principais, gap aniônica, osmolaridade e gap osmolar, testes de funções hepáticas; pedir urina: cristalúria, hemoglobulina e mioglobinúria; pedir ECG e exames toxicológicos. História: • Hora, via, duração e circunstâncias (localização, eventos simultâneos e internação) da exposição. • Nome e quantidade de cada coisa • Hora de início, o tipo e a gravidade dos sintomas • Hora e tipo das primeiras intervenções terapêuticas realizadas • História clínica e psiquiátrica Exame físico: • Odores característicos: hálito etílico – álcool, e odor de alho – organofosforados • Achados cutâneos: sudorese, secura de mucosas, vermelhidão, palidez, cianose, desidratação, edema • Temperatura: hipo ou hipertermia • Alterações de pupilas: miose, midríase, anisocoria, alterações de reflexo pupilar • Alterações da consciência: agitação, sedação, confusão mental, alucinação, delírio, desorientação • Anormalidades neurológicas: convulsão, síncope, alteração de reflexos, alteração de tônus muscular, fasciculações, movimentos anormais. • Anormalidades cardiovasculares: bradicardia, taquicardia, hipertensão, hipotensão, arritmias • Anormalidades digestório: sialorreia, vômitos, hematêmese, diarreia, rigidez abdominal, aumento ou diminuição de ruídos hidroaéreos • Anormalidades respiratório: bradi ou taquipneia, presença de ruídos adventícios pulmonares (organofosforados) Retomando: • Acetilcolina: NT pré-ganglionar simpático e parassimpático (nicotínico), NT pós-ganglionar do parassimpático (muscarínico) e NT da placa motora (nicotínico). • Exacerbação da acetilcolina pode tanto fazer efeitos simpáticos quanto parassimpáticos. • Atropina → antagonistas receptores muscaríneos SÍNDROME COLINÉRGICA: aumento da atividade parassimpática - efeitos muscarínicos. Causas mais comuns: • Organofosforados e carbamatos (inseticidas) – inibidores da colinesterase • Cogumelos (muscaríneos) e betanecol – agonistas dos receptores colinérgicos Sinais e sintomas: • Efeitos muscaríneos: bradicardia, diaforese, miose, sialorreia, lacrimejamento, vômitos, incontinência urinaria e fecal, depressão do SNC, convulsões, hipersecreção brônquica, rinorreia, broncoespasmo, dispneia e cianose. • Efeitos nicotínicos: fasciculações e fraqueza muscular, caibras, paralisia, tremores Tratamento: • Descontaminação – lavagem gástrica e carvão ativado • Sintomático e suporte • Antagonista: atropina (OF e carbamatos) • Antidoto: pralidoxima – OF Ação da atropina: bloqueia a ação da AcH no receptor muscaríneo. SÍNDROME ANTICOLINÉRGICO: Causas: • Medicamentos: Alcalóides beladonados – atropia, antiespasmódicos; cicloplégicos, anti-histamínicos, antiparksoninanos, antipsicóticos, tricíclicos, miorrelaxantes. BUSCOPAN (guardar) • Plantas: atropa belladonna, brugmansia spp, cestrum spp, datura spp, hyoscyamus niger, solanum spp, derivados tropanicos (alcalóides de solanáceas) Sinais e sintomas: • Midríase, taquicardia, vasodilatação, hipertermia, secura da pele e mucosas, retenção urinária, confusão, agitação, psicose, mioclonias, tremor, alucinações, convulsões, coma. Diferença de simpatomimética e anticolinérgica: retenção urinária na anticolinérgica Tratamento: • Descontaminação: lavagem gástrica e carvão ativado • Sintomáticos e suporte • Medidas físicas: hipertermia • Sedação: agitação – benzodiazepínicos • Sondagem vesical: bexigoma • Antídoto: fisotigmina – não disponível no Brasil – atravessa a barreira hematoencefálica – neostigmina não • Síndrome anticolinérgica • Adultos: 1-2mg, podendo repetir em 40 minutos • Crianças: 0,5mg repetindo em 40 minutos SÍNDROME SIMPATOMIMÉTICA: Causas: • Anfetaminas e derivados, cocaína, MDA, ecstasy, MDA de inalação (crack, ice), teofilina, efedrina, pseudoefedrina, fenilpropanolamina. Fisiologia: estimulação da atividade simpática • Aumento da liberação de catecolaminas – anfetaminas • Bloqueio da recaptação – cocaína • Interferências no metabolismo – inibidores da MAO • Estimulação direta de receptor – adrenalina Sinais e sintomas: • Hiperreflexia, delírio, paranoia, convulsões, coma, midríase, rubor, piloereção, sudorese, febre, taquicardia, hipertensão, arritmias, IAM, hemorragia cerebral, colapso circulatório, náuseas, vômitos, diarreia, rabdomiólise, coagulopatias. Tratamento: descontaminação gastrintestinal LG + CA, suporte respiratório e hemodinâmico, monitorização cardíaca Tratamento sintomático: • Agitação ou convulsão: benzodiazepínicos • Hipertensão: evitar betabloqueadores, podem provocar hipertensão paradoxal e aumentar a vasoconstrição coronariana → o “alfa” fica ativo, ele que causa constrição o Utilizar: labetalol – bloqueia ambos • Taquicardia: lidocaína, bicarbonato de sódio (deixar as formas tóxicas em forma aniônica não consegue penetrar nas células) • Angina: nitratos, bloqueador canais de cálcio, monitorização prolongada de sinais vitais SÍNDROME HIPNÓTICO-SEDATIVO: Potencializa a inibição neuronal mediada por GABA • GABA → NT inibitório mais comum do sistema nervoso central Causas: benzodiazepínicos, barbitúricos, álcool etílicos Sintomas: disartria, sonolência, torpor, coma, depressão respiratória, miose, hipotensão, bradicardia, hipotermia e convulsões BENZODIAZEPÍNICOS: • Diazempam, midozalam, clonazepam... • Se ligam ao receptor GABA e atua no canal de cloreto, aumentando a ligação do NT GABA ao seu sítio de ação pré e pós-sináptico • Elevado índice terapêutico • Uso: ansiolítico, sedativo hipnótico, relaxante muscular e anticonvulsivante • Depressão respiratória e cardiovascular só ocorrem em situações especiais como injeção IV muito rápida ou disfunção hepática • Morte por overdose isolada é rara: envolve associação com outros depressores do SNC – barbitúrico/etanol é mais severa. • Tolerância e dependência no uso prolongado – síndrome de abstinência • Tratamento: suporte clínico e antídoto – flumazenil. BARBITÚRICOS: • Menor índice terapêutico → intoxicação mais grave • Metabólicos tem efeito → prolongamento do efeito de intoxicação • Pode ser fatal → menor janela terapêutica que os BZD • Em altas concentrações podem ser GABAmiméticos, ativando diretamente os canais de cloreto • Tratamento: medidas de suporte, carvão ativado e nos casos graves hemodiálises. Não existem antídotos • Causas: fenobarbital – gardenal. ETANOL: • Psicoativa mais consumido • Aumenta a inibição sináptica mediada pelo GABA e aumenta o fluxo de íons cloreto na membrana dos neurônios • Doses elevadas de álcool aumentam diretamente a permeabilidade ao cloreto • Efeito ansiolítico e sedativo • Sinergismo com outros depressores SNC • Inibe a gliconeogênese • Teste diagnóstico → bafômetro • Síndrome deabstinência • Tratamento: o Lavagem gástrica o Tiamina 100mg – uma ampola de complexo B tem 10mg de tiamina o Glicose EV SÍNDROME NARCÓTICA – opioides: Agem ligando-se a receptores opioides acoplados a proteínas G inibitórias Sintomas: • Depressão respiratória – hipoventilação e apneia • Depressão neurológica – sonolência, torpor e coma • Convulsões – intoxicação por morfina, meperidina e propoxifeno • Distúrbios psíquicos e sensoriais – euforia, disforia • Miose puntiforme bilateral • Calor, rubor facial ou prurido – liberação de histamina • Náusea, vômito, retardo de esvaziamento gástrico, constipação • Hipotensão arterial, taqui ou bradicardia, arritmia • Rabdomiólise, IRA Causas: morfina, meperidina ou dolantina, fentanil, heroína, codeína, tramadol Tratamento: • Suporte clínico • Antídoto: naloxona – meia vida curta, menor que a maioria dos opioides. Risco de efeito rebote → sempre manter em observação. SÍNDROME SEROTONINÉRGICA: Muito complexa, pois a serotonina atua em: humor, sono, atividade sexual, apetite, função neuroendócrina, temperatura corporal. Atua na hemostasia, excitação musculatura lisa, controle cardíaco, respiratório e motor. Síndrome clínica resultante da estimulação excessiva de receptores serotoninérgicos centrais e periféricos. Causas: Iatrogenia, interação medicamentosa, intoxicação e reação adversa. Combinações que causam síndrome grave: Sinais clínicas: Síndrome – tríade: mudança do status mental, anormalidades neuromusculares e hiperatividade autonômica. Não existem testes laboratoriais que diagnostiquem a síndrome, o diagnóstico é clínico. Instabilidade autonômicas → não tem padrão simpático e parassimpático, pode ocorrer tudo. Tratamento: • Suspensão imediata do agente causal • Descontaminação gastrintestinal → LG + CA + SM • Suporte respiratório e hemodinâmico com monitorização cardíaca • Bloqueadores inespecíficos dos receptores 5-HT: ciproheptadina, clorpromazina, propranolol, mestisergide • Tratamento sintomático: convulsão ou rigidez muscular → Diazepam • Hipertermia: medidas físicas • HA e taquicardia: nitroprussiato, esmolol. Prevenção da absorção do agente tóxico: • Benefício duvidoso se ingestão tiver ocorrido há mais de uma hora • Carvão ativado – melhor método • Lavagem gástrica • Irrigação intestinal total • Catárticos – laxativos • Outras formas de eliminação de tóxicos: alcalinização urinaria – bicarbonato de sódio e remoção extracorpórea – hemodiálise e plasmaferese Carvão ativado: • Mecanismo de ação: adsorve as toxinas para que o veneno seja eliminado nas fezes → compostos químicos ionizados são mais bem adsorvidos • Dose: 1g/kg, diluído em água via oral ou via SNG. Pode repetir a cada 2-4h. • Efeitos adversos: náuseas, vômitos, diarreia, constipação, prejuízo a absorção de fármacos VO. • Não é recomendado a administração após ingestão de substância corrosiva. Lavagem gástrica: Procedimento: • Paciente em DLE e posição de Trendelemburg – evitar broncoaspiração • Instalação de sonda nasogástrica • 200 a 300ml de líquido → administrar e aspirar até fazer uso de 5 litros Efeitos adversos: • Broncoaspiração • Perfuração gástrica ou esofágica Contraindicações: • Corrosivos ou derivados de petróleo – risco alto de perfuração e aspiração • Vias aéreas desprotegidas e comprometidas • Hemorragia, perfuração e cirurgia gastresofágica recente • Agitação e recusa do paciente Xarope de Ipeca: emético, não deve ser considerado. Casos especiais: Parecetamol: Metabolismo: • 90% - Conjugado no fígado e excretado na urina • 5% eliminado inalterado na urina • 5% - Metabolizado pelo citocromo P4450 CYP2E1 formando NADPQI – N-acetil-P-benzo- quinona imina que é conjugada com glutation hepático e transformado em cisteína e mercaptato, eliminados na urina. Intoxicação: • Dose terapêutica máxima: 4g/dia em adultos – 6 comprimidos • O NADPQI – lesão hepática – transaminases > 1000 UI/L • Uso crônico de álcool e alguns medicamentos como anticonvulsivantes e antituberculosos aumentam ação do citocromo • Desnutrição e uso crônico de álcool depletam estoques de glutation – maior intoxicação • Seguro em hepatopatas crônicos – sem alterações de glutation Onde interferir? Fase 1!!! Antídoto → aumenta o Glutation. Não inibe a produção de NADPQI. Usar N-acetilcisteína. Tratamento: • Medidas de suporte, lavagem gástrica, carvão ativado ou colestiramina – até 30 min. • Antídoto específico → N-acetilcisteína EV ou VO. o Ação: reposição de grupos sulfidrilas, que promovem a síntese de glutation hepática ou se unem a metabolitos tóxicos, substituindo o glutation. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS: Amitriptilina, notriptilina e imipramina. • Inibição de recaptação de noradrenalina e serotonina → bloqueia dos canais de sódio e potássio miocárdicos, altas doses podem causar arritmias fatais. Bloqueio dos receptores alfa adrenérgicos e colinérgicos muscarínicos – síndrome anticolinérgico. Clínica: redução do nível de consciência, convulsões, coma, sintomas anticolinérgicos variados, taquicardia sinusal, retardos da condução ventricular, arritmias ventriculares, assistolia e hipotensão. Diagnóstico: história e exame físico, taxas séricas não tem relação com a gravidade. Tratamento: • Carvão ativado • Bicabornato – acidemia agravada, arritmias e alcalose aumenta a ligação da droga a albumina – antidoto para paciente com distúrbio de condução ou arritmia • Controle da crise convulsiva, hipotensão e arritmias Alterações do ECG: Prolongamento de QRS com atraso na ativação de VD e na condução intraventricular – onda S profunda emD1 e AVL e onda R em AVR Tratamento com bicarbonato normaliza o ECG BETABLOQUEADORES: • Propranolol, Atenolol, Caverdilol, metoprolol • GLUCAGON – antídotos DIGITÁLICOS: • Digoxina – inotrópico positivo • Sintoma principal: dor abdominal • Tratamento: anticorpo anti-digoxina
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