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FUNÇÕES DA LITERATURA Renata Ap. Viana 1 “A literatura é sempre uma expedição à verdade.” Franz Kafka 2 Para que serve a literatura? Variedade de objetivos aos quais a arte serve na sociedade. ARTE: polifuncional = pode exercer função comunicativa, cognitiva, política, educativa etc. 3 4 O BELO Vênus de Milo, mármore, altura 202 cm., encontrada em Milo, 130-120 a.C., Museu do Louvre. Padrão de beleza clássica, especialmente pelo uso da seção áurea para determinar as proporções. 4 5 O TRÁGICO Géricault, 1819, A jangada do Medusa, óleo sobre tela, Louvre. O artista retrata o resgate dos tripulantes do navio Medusa, à deriva por vários dias após o naufrágio . A tripulação havia fugido nos botes salva-vidas, abandonando todos à deriva. Consta que, para alimentarem-se, haviam praticado o canibalismo. 5 6 O FEIO Munch, 1893, O grito, caseína, crayon e têmpera sobre tela, Nasjonalgall Gallery, Oslo, Noruega. O artista deforma a figura e converte-a num grito contra a tradição clássica da pintura. 6 7 O GROTESCO Arcimboldo, 1573, Outono, óleo sobre tela, Louvre. 7 8 O CÔMICO O cômico surge quando a personalidade mais importante do ocidente tem uma atitude inesperada: Bill Clinton, ex-presidente dos EUA, curva-se para apanhar papéis que haviam sido soprados pelo vento durante coletiva nos jardins do Palácio do Planalto, em Brasília. Na foto, ao lado do presidente Fernando Henrique Cardoso. 8 9 O ESTRANHAMENTO Dali, 1936, Premonição da guerra civil, óleo sobre tela, Philadelphia Museum of Art. No surrealismo de Salvador Dali, as figuras grotescas são elaboradas para causar impacto visual, rompendo com o fluxo normal da consciência e permitindo o aflorar do inconsciente. 9 10 O SONHO/ IMAGINAÇÃO Miró, Personagens na noite guiados pelos rastros de lesmas fosforecentes, 1940, gouache & tinta sobre papel, coleção privada, U.S.A. Um universo de sonho habita as telas de Joan Miró. 10 11 O DETALHE/ DESCRIÇÃO Van Eyck, O casal Arnolfini, 1434, painel, National Gallery, Londres. Uma das obras em Van Eyck representou minuciosamente as texturas dos objetos. 11 12 Finalidade da arte: discussões são bem antigas PLATÃO: considerava a arte mentirosa, inútil e nociva ao bem-estar social. ARISTÓTELES: enaltecia as funções da poesia; finalidade catártica = arte é bela, útil e indispensável ao convívio humano. 12 13 Finalidade da arte: discussões são bem antigas PLATÃO: considerava a arte mentirosa, inútil e nociva ao bem-estar social. ARISTÓTELES: enaltecia as funções da poesia; finalidade catártica = arte é bela, útil e indispensável ao convívio humano. 13 14 Platão de Atenas (Atenas,428/27– Atenas, 347 a.C.) foi um filósofo grego. Discípulo de Sócrates, fundador da Academia e mestre de Aristóteles. Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Arístocles; Platão era um apelido que, provavelmente, fazia referência à sua característica física, tal como o porte atlético ou os ombros largos, ou ainda a sua ampla capacidade intelectual de tratar de diferentes temas. Aristóteles (em grego Αριστοτέλης) nasceu em Estagira, na Calcídica (384 a.C. - 322 a.C.). Filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande, é considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos e criador do pensamento lógico. 14 15 Duas concepções antitéticas da arte: Estadista: conservadorismo ético-social ameaçado pelo desmascaramento dos valores correntes (que a verdade artística produz) Esteta: reconhece a arte como prazer estético, beleza, utilidade ao ser humano. 15 16 Depois... Platão: reconhece a utilidade da arte desde que sua atividade seja programada pelo Estado, com finalidade cívica. Negar a autonomia da arte => destruir-lhe a própria essência. Arte => livre expressão da imaginação e criatividade do homem. 16 17 Horácio: Quinto Horácio Flaco, em latim Quintus Horatius Flaccus (Venúsia, 8 de dezembro de 65 a.C. — Roma, 27 de novembro de 8 a.C.) Foi um poeta lírico e satírico romano, além de filósofo. É conhecido por ser um dos maiores poetas da Roma Antiga. 17 18 Horácio: 2 funções possíveis para a arte (o útil / o agradável) = ponto de partida para 2 teorias mais aceitas... TEORIA FORMAL (hedonística): arte = prazer estético TEORIA MORAL (utilitarista): arte = finalidade pedagógica e educativa. 18 19 Horácio: TEORIA FORMAL prazer estético; “arte pela arte”; focaliza elementos significativos e expressivos da obra; material linguístico escolhido de modo particular; enunciado => artefato TEORIA MORAL finalidade pedagógica e educativa; substância cognitiva; contribui com a tomada de consciência do homem perante seus problemas; concepção utilitarista: analisa significados míticos, simbólicos e ideológicos da obra. . 19 20 OBS.: As duas teorias se completam => forma estética não existe sem conteúdo; significação da obra não deixa de considerar a feição artística. 20 21 A literatura busca o essencial, o universal, que pode contribuir para a formação dos homens, indicando-lhes a maneira de agir, mostrar os seus prazeres, desejos e outros sentimentos. Isto ajuda o homem a se conhecer melhor. A literatura dá a vida, o sentido das palavras; exemplo: 21 22 Havia um mendigo cego; as pessoas que passavam por ele não lhe davam quase nada; entretanto um homem fez a diferença para ele ganhar mais esmolas. Trocou o cartaz que carregava com as palavras ”cego de nascença” por outro: “Chegará a estação das flores e eu não a verei”. Com isso, nota-se que simples palavras ganham sentimento. 22 23 A arte tem como função nos ajudar a olhar o mundo, sua beleza, sua imensidão, a ver o que não se estampa de imediato, a desempoeirar nossa vista para enxergar melhor. A função da arte literária 23 24 Determinados gêneros de texto primam pela objetividade e pela clareza, procurando não deixar margem para múltiplas interpretações, pois, em certos casos, danos podem ser provocados. A linguagem literária 24 25 Forma específica de conhecimento da vida proporcionado pelo arranjo estético do material linguístico arte da palavra visão peculiar do mundo O POETA = dá vida nova às palavras; cria o efeito do estranhamento; faz o destinatário da obra pensar na condição humana. Literatura - Hoje 25 26 Literatura como imitação da realidade; Manifestação artística; A palavra como matéria-prima; Manifestação da expressividade humana. Assim: 26 27 Função estética: arte da palavra e expressão do belo Função lúdica: provocar prazer Função cognitiva: forma de conhecimento Função catártica: purificação dos sentimentos Função pragmática: pregar uma ideologia. LITERATURA => PLURIFUNCIONAL 27 28 A ONDA (Manuel Bandeira) A onda anda Aonde anda A onda? A onda ainda Ainda onda Ainda anda Aonde? Aonde? A onda a onda Exemplo de texto com função lúdica 28 29 NÃO HÁ VAGAS (FERREIRA GULLAR) O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão Exemplo de texto com função social (literatura engajada) 29 30 O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras - porque o poema, senhores, está fechado: “não há vagas” 30 31 Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço O poema, senhores, não fede nem cheira Antologia Poética 31 O pensamento de Cecília Meireles expressa bem essas considerações sobre as funções da obra de arte literária: 32 32 33 “A literatura nos mostra com uma veracidade que as ciências talvez não têm. Ela é o documento espontâneo da vida em trânsito. É o depoimentovivo, natural, autêntico... Quando um poeta canta é que nele se operou todo um processo de síntese: sua sensibilidade, sua personalidade recolheu os elementos esparsos do momento, da raça, da terra, dos contatos sociais e espirituais; todo o complexo da vida, na receptividade ativa e criadora de um homem, pode produzir máquinas ou leis, sistemas ou canções. Mas as canções parece que vêm muito mais diretamente da sua origem à sua forma exterior, ou, então, talvez abram mais facilmente passagem até as almas: porque por elas se aproximam distâncias, se compreendem as criaturas, e os povos se comunicam as suas dores e alegrias semelhantes.” 33 OBRIGADA Renata Ap. Viana 34 .MsftOfcThm_Accent1_Fill { fill:#B2606E; }
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