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PRINCIPIOS E CONCEITOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL

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Aluna: Yasnara Maria Trigueiro Pontes / Turma: Direito 01
TRABALHO DE PROCESSO PENAL –
 AP1
1. PRINCÍPIOS E CONCEITOS:
·  Princípios da não culpabilidade e da presunção de inocência.
Na Constituição Federal de 1988 a denominação é de Princípio da Não Culpabilidade, já no Pacto de São José Da Costa Rica consagra o princípio da presunção de inocência. Ambos têm o mesmo objetivo, que ninguém seja considerado culpado antes do trânsito em julgado.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Artigo 8º - Garantias judiciais
II. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:
· Princípio da Ampla Defesa e Contraditório.
A autodefesa é disponível para o réu e indisponível para o magistrado, abrangendo o direito à audiência, ou seja, o direito de ser ouvido pelo magistrado e o direito de permanecer em silêncio, o direito de presença e o direito de não produzir prova contra si mesmo.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
A defesa técnica inclui a presença de advogado e, em tese, essa defesa deve ser efetiva. No entanto, o entendimento jurídico adotado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) é que a insuficiência de defesa não produzirá nulidade, e somente a falta de defesa pode causar a nulidade.
Por sua vez, o princípio do contraditório, também conhecido pela expressão audiatur et altera pars, significa: ouça-se também a outra parte. Isso significa que o magistrado deve ser imparcial e ouvir as duas versões no caso sub judice antes de proferir a sentença.
· Princípios do favor libertatis e do in dubio pro reo.
O princípio do favor rei, também conhecido como favor libertatis, reforça as bases do Estado Democrático de Direito. De acordo com tal princípio, quando houver qualquer dúvida, em qualquer fase processual, no que tange as atitudes do réu, a interpretação deve ser sempre favorável a ele.
Cabe salientar que o princípio do favor rei ou favor libertatis é gênero, do qual o famoso princípio do in dubio pro reo é espécie. Distinguem-se, pois o primeiro pode ser aplicado em qualquer fase processual e o segundo, aplica-se apenas no momento de prolação de sentença e configura-se em absolvição por insuficiência de provas.
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
VII - não existir prova suficiente para a condenação.
· Princípio da Publicidade.
A garantia de acesso de todo e qualquer cidadão aos atos praticados no curso do processo revela uma clara postura democrática, e tem como objetivo precípuo assegurar a transparência da atividade jurisdicional, oportunizando sua fiscalização não só pelas partes, como por toda a comunidade. Basta lembrar que, em regra, os processos secretos são típicos de estados autoritários.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
· Princípio do Juiz Natural.
O princípio do juiz natural tem a relevância de que é direito de cada cidadão saber, antecipadamente, a autoridade que irá processar e julgar, caso cometa alguma conduta definida como infração penal pelo ordenamento jurídico. Juiz natural, portanto, é aquele constituído antes do delito ter ocorrido, através de regras taxativas estabelecidas pela lei. Tal princípio tem como objetivo assegurar que as partes sejam julgadas por um juiz imparcial e independente. Pois no processo há a necessidade da presença de um terceiro imparcial, sendo inviável a existência de um processo em que a decisão ficará a cargo de um terceiro parcial, ou seja, interessado em beneficiar ou prejudicar alguma das partes.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXVIII - e reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
2. INQUÉRITO POLICIAL:
O inquérito policial é um procedimento administrativo informativo, destinado a apurar a existência de infração penal e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal disponha de elementos suficientes para promovê-la.
Trata-se de uma instrução provisória, preparatória e informativa, em que se colhem elementos por vezes difíceis de obter na instrução judiciária, como auto de flagrante, exames periciais, entre outros.
Seu destinatário imediato é o Ministério Público (nos crimes de ação penal pública) ou o ofendido (nos crimes de ação penal privada), que com ele formam a sua opinio delicti para a propositura da denúncia ou queixa. Por outro lado, o inquérito tem como destinatário mediato o Juiz, que nele também pode encontrar fundamentos para julgar.
Diz o artigo 12 do Código de Processo Penal: "o inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra". Deste dispositivo deduz-se que o inquérito não é indispensável para o oferecimento da denúncia ou da queixa. Além disso, o artigo 39, § 5º e 46, § 1º, do mesmo códex, acentuam que o órgão do MP pode dispensar o inquérito. Por isso, tem-se decidido que, tendo o titular da ação penal os elementos necessários para o oferecimento da denúncia ou queixa, o inquérito é perfeitamente dispensável.
Ademais, o artigo 27 do código em comento determina que qualquer um do povo pode provocar a iniciativa do MP fornecendo-lhe informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os meios de convicção.
O inquérito policial não se confunde com a instrução criminal. Por essa razão, não se aplicam ao inquérito os princípios do processo penal, nem mesmo o contraditório, pois o inquérito não tem finalidade punitiva, mas apenas investigativa. O que se assegura, unicamente, é a possibilidade da vítima e do indiciado fazerem requerimentos ao delegado, as quais poderão ou não ser atendidos.
O inquérito policial pode começar:
· de ofício, por portaria ou auto de prisão em flagrante;
· requisição do Ministério Público ou do Juiz;
· por requerimento da vítima;
· mediante representação do ofendido.
O inquérito policial é:
· Discricionário: a polícia tem a faculdade de operar ou deixar de operar dentro de um campo limitado pelo direito. Por isso, é lícito à autoridade policial deferir ou indeferir qualquer pedido de prova feito pelo indiciado ou pelo ofendido (art. 14/CPP), não estando sujeita a autoridade policial à suspeição (art. 107/CPP). O ato de polícia é autoexecutável, pois independe de prévia autorização do Poder Judiciário para a sua concretização jurídico material.
· Escrito: porque é destinado ao fornecimento de elementos ao titular da ação penal. Todas as peças do inquérito serão, em um só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade (art. 9º /CPP).
· Sigiloso:pois só assim a autoridade policial pode providenciar as diligências necessárias para a completa elucidação do fato sem que lhe seja posto empecilhos para impedir ou dificultar a colheita de informações, com ocultação ou destruição de provas, influência sobre testemunhas etc. Por isso, dispõe a lei que "a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade" (art. 20/CPP). Tal sigilo não se estende ao Ministério Público, que pode acompanhar os atos investigatórios, nem ao Poder Judiciário. O advogado só pode ter acesso ao inquérito policial quando possua legimitatio ad procedimentum e, decretado o sigilo, em segredo de Justiça, não está autorizada sua presença a atos procedimentais, diante do princípio da inquisitoriedade que norteia nosso Código de Processo Penal quanto à investigação. Pode, porém, manusear e consultar os autos findos ou em andamento (art. 7º, XIII e XIV, do EOAB). Diante do art. 5º, LXIII, da CF, que assegura ao preso a assistência de advogado, não há dúvida que poderá o advogado, ao menos nessa hipótese, não só consultar os autos de inquérito policial, mas também tomar as medidas pertinentes em benefício do indiciado. Com a edição da súmula vinculante nº 14, garantiu-se ao advogado o amplo acesso aos elementos de prova colhidos durante o procedimento investigatório, desde que já documentados, a fim de que o seu representado possa exercer seu direito de defesa.
· Indisponível: porque uma vez instaurado regularmente, em qualquer hipótese, não poderá a autoridade arquivar os autos (art. 17/CPP).
· Obrigatório: na hipótese de crime apurável mediante ação penal pública incondicionada, a autoridade deverá instaurá-lo de ofício, assim que tenha notícia da prática da infração (art. 5º, I, do CPP).
· Salvo exceções legais, a competência para presidir o inquérito policial é deferida, em termos constitucionais, aos delegados de polícia de carreira (autoridade policial), de acordo com as normas de organização policial dos Estados.
· Essa atribuição é distribuída, de um modo geral, de acordo com o lugar onde se consumou a infração (ratione loci), em obediência à lei processual que se refere ao território das diversas circunscrições. O art. 22, porém, determina que "no DF e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrições de outra, independentemente de precatória ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição". O art. 4º, aliás, não impede que a autoridade policial de uma circunscrição (Estado ou Município) investigue os fatos criminosos que, praticados em outro local, hajam repercutido na de sua competência, pois os atos de investigação, por serem inquisitoriais (e não um processo), não se acham abrangidos no artigo 5º, LIII, da CF, segundo a qual ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.
· Nada impede também que se proceda à distribuição da competência em razão da matéria (ratione materiae), ou seja, levando-se em conta a natureza da infração penal. Aliás, em vários estados têm sido criada delegacias especializadas (homicídios, tóxicos, da mulher etc.).
· A competência para o inquérito policial que envolva titulares de prerrogativa de função cabe ao próprio foro do titular (STF, STJ, TJ etc.).
3. AÇÕES PENAIS:
· Ação Penal Pública Incondicionada
· Ação Penal Pública Condicionada à Representação
· Ação Penal Pública Condicionada à Requisição
· Ação Penal Privada Exclusiva
· Ação Penal Privada Subsidiária da Pública
· Ação Penal Privada Personalíssima
A regra geral é a utilização da Ação Penal Pública Incondicionada, em que a titularidade é do Ministério Público. Entretanto, existem algumas circunstâncias que demandam as outras espécies de ação, as quais iremos estudar agora.
· Ação Penal Pública
A Ação Penal Pública é utilizada para o processamento dos crimes que envolvem não somente o bem jurídico violado da vítima, mas também o interesse comum de punição pelo Estado.
A grande maioria dos crimes é processada desta forma, é a regra geral. A identificação de um delito que deve ser processado por meio de Ação Penal Pública se dá no próprio tipo penal, quando não prevê outro procedimento.
Chama-se de "incondicionada" porque a proposição pelo Ministério Público não depende da representação ou iniciativa de nenhuma outra pessoa (seja o ofendido, os familiares ou algum membro específico dos órgãos estatais).
· AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO
Esta espécie de ação também envolve o interesse comum de punição pelo Estado, mas possui um requisito especial para ser proposta pelo Ministério Público, que é a representação pelo ofendido.
A pessoa que teve o seu bem jurídico lesado deve tomar a iniciativa em conseguir a punição do agente e o Ministério Público fica condicionado à esta representação para poder efetuar os procedimentos de acusação.
Entende-se por representação como a manifestação de vontade do ofendido com o intuito de investigação e processamento dos acusados. Exemplo: art. 130, §2º do CP.
· Titularidade para representação:
· Vítima maior de 18 anos (pessoalmente ou por meio de procurador com poderes especiais);
· Representante legal (caso a vítima seja menor de 18 anos, mentalmente enferma ou retardada mental. Caso não tenha representante legal ou interesse incomum pela ação, o juiz nomeará curador especial, e este decidirá pela representação ou não;
· Cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (o famoso "CADI", caso a vítima tenha morrido ou tenha sido declarada como ausente judicialmente);
· Pessoa designada no ato constitutivo ou o diretor / sócio gerente (caso a vítima seja pessoa jurídica).
Prazo: decadencial de seis meses para a representação, a serem contados a partir do dia em que o titular da ação tomar ciência de quem cometeu o delito. Decaído o prazo, ocorre a extinção da punibilidade. 
· AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO
Situação ainda mais específica é a existência de crime contra a honra do Presidente da República, onde a proposição de Ação Penal depende da requisição do Ministro da Justiça. É uma situação semelhante à representação, com a diferença de que no presente caso a iniciativa não é do ofendido, mas sim do titular de um cargo oficial do governo.
· Ação Penal Privada
Diferentemente das Ações Penais Públicas, as Ações Penais Privadas se relacionam mais intimamente com o ofendido e o seu bem jurídico que foi violado ou ofendido.
Apesar de considerar a gravidade da conduta do agente, entende-se que a ofensa é extremamente específica à vítima e que, portanto, é ela quem devem tomar a iniciativa de propor a ação. Portanto, a titularidade é do ofendido.
· AÇÃO PENAL PRIVADA EXCLUSIVA
Trata-se da ação usada nas hipóteses em que a lei confere ao ofendido a possibilidade de escolher entre provocar ou não o poder judiciário. Isso porque considera-se que a possível exposição da vítima ao processo pode ser mais onerosa do que a impunidade do agente.
· AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA
Esta espécie de ação é muito semelhante a exclusiva, entretanto possui um caráter ainda mais íntimo, tendo em vista que somente o ofendido poderá iniciar a persecução penal. Quando se trata da outra espécie, ainda é possível que o cônjuge ou parentes próximos entrem com a queixa-crime no poder judiciário, mas a ação personalíssima é restrita à vítima do crime.
· AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA
Por fim, existe a previsão constitucional da Ação Privada Subsidiária da Pública, que pode ser proposta nos casos em que o Ministério Público é omisso ou inerte, deixando correr o prazo para fazer a denúncia. Nesta hipótese, o particular pode tomar a iniciativa.
No Brasil admitisse Ação Popular Penal? Não.
Cogitou-se da possibilidade de qualquer do povo ajuizar ação penal com base na Lei n° 1.079/1950, que define os crimes de responsabilidadee regula o respectivo processo de julgamento. Com efeito, nos termos do art. 14 deste diploma, “é permitido a qualquer cidadão denunciar o Presidente da República ou Ministro de Estado, por crime de responsabilidade, perante a Câmara dos Deputados”. Também a Lei n° 7.106/1983 permite que a mesma denúncia se volte contra Governador ou Secretário do Governo do Distrito Federal (art. 2° da lei).
Ocorre que tais diplomas não foram recepcionados pela Constituição de 1988, que atribuiu ao Ministério Público, com exclusividade, a titularidade da ação penal pública. E não é só: as citadas leis não têm caráter penal, pois, em caso de condenação, não impõem pena privativa de liberdade, restritiva de direitos ou multa, que são as sanções previstas em nosso Código Penal.
4. SOLUÇÃO DE CASO CONCRETO:
Na situação hipotética o civil cometeu crime de calúnia.
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
A ação penal que caberia nesse caso seria ação penal pública condicionada à representação.
Ajustiça competente seria o Tribunal de Pequenas Causas ou Juizado Especial.

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