Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BBPM III Tutoria 4 06/05/2021 CASO CLÍNICO Paciente masculino, 26 anos, pardo, tabagista, sem diagnóstico de dislipidemia, previamente hígido, apresentou náuseas, febre e cefaleia intensa que o levaram a procurar atendimento, sendo diagnosticada hipertensão arterial. Iniciou uso de medicações anti hipertensivas, sem melhora significativa dos sintomas. Seis meses depois, apresentou hiperemia conjuntival, com diagnóstico de uveíte no olho direito. Nessa ocasião, realizou exames de investigação do quadro oftalmológico associado à hipertensão. Monitorização ambulatorial da pressão arterial revelou média de 24 horas de 144x83 mmHg, em uso de medicações anti-hipertensivas. Exames laboratoriais revelaram atividade inflamatória presente (VHS e PCR elevados) e reação de Mantoux fortemente positiva. Angiorressonância e angiotomografia de aorta abdominal mostraram alterações, incluindo artéria renal esquerda com estenose grave (70%). Foi feito diagnóstico de arterite de Takayasu. Iniciado tratamento com prednisona associada a metotrexato. Permanecendo a baixa atividade inflamatória (PCR e VHS reduzidos), foi indicado tratamento intervencionista. Na admissão, o paciente apresentava pulsos simétricos e palpáveis, frequência cardíaca de 80 bpm e pressão arterial, aferida com paciente sentado, de 140x90 mmHg em membro superior direito e 160x90 em membro superior esquerdo. Presença de sopros carotídeo e abdominal audível em região supraumbilical esquerda. Em uso de anlodipina, losartan, atenolol, hidroclorotiazida, ácido acetilsalicílico, prednisona e metotrexato. Foi submetido à angioplastia em artéria renal esquerda, com colocação de stents sem intercorrências, com sucesso angiográfico e sem alterações da função renal. No retorno, estava assintomático e com bom controle da pressão, em uso de quatro medicamentos anti- hipertensivos, clopidogrel, azatioprina e prednisona. Ao exame físico, pressão arterial, aferida com paciente sentado, de 124x78 mmHg em ambos os membros superiores. REGULAÇÃO DA PA • EQUAÇÃO DA PA → PA = DC X RVP; se modificarmos o Débito cardíaco ou a Resistencia vascular Periférica, modificamos a PA. • O DC = VS X FC. • RVP → Se alterarmos o diâmetro do vaso, alteramos a RVP. • SISTEMAS REGULADORES DA PA: 1- REFLEXO BARORRECEPTOR (SISTEMA NEURAL DE REGULAÇÃO) → São reflexos rápidos que tem por objetivo manter a PA constante por meio de alterações nas aferências do SNA simpático e parassimpático. É rápido pois tudo ocorre por via nervosa, através da transmissão do potencial de ação. Então, a primeira coisa que acontece é a detecção da alteração na PA pelos barorreceptores, que estão no sulco carotídeo e no arco da aorta; depois que isso é captado, um estímulo é enviado ao tronco cerebral pelo nervo vago ou glossofaríngeo. O envio para esses nervos depende de qual é a alteração na PA, a gente já viu que o nervo vago faz parte do parassimpático, logo, ele responde pra alterações de aumento na PA, já o glossofaríngeo vai ser o contrário, ele responde a diminuição da PA. E depois, essa informação que está chegando via nervo vago ou glossofaríngeo vão ser integradas no trato solitário, que vai comandar alterações nos centros vasomotores, a partir daí eles ativam fibras simpáticas ou parassimpáticas, dependendo da alteração na PA. Assim, as fibras do parassimpático terminam no nó sinoatrial, onde causa uma bradicardia, ou seja, diminuição da PA; como vimos, a FC está ligada diretamente com o DC e, consequentemente, com a PA, assim, teremos uma redução da PA. Já o BBPM III Tutoria 4 06/05/2021 simpático atua de 4 formas, primeiro, atua também sob o nó sinoatrial, mas aumentando a FC e, consequentemente a PA; segundo, atua na musculatura cardíaca, aumentando a força de contratilidade e, consequentemente, aumenta o DC, aumentando a PA; terceiro, o simpático envia fibras pras arteríolas, que mais contribuem para RVP, pois causa uma vasoconstrição, com isso temos um aumento da RVP, o que aumenta a PA; em quarto, atua com uma vasoconstrição venosa. 2- SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA ALDOSTERONA (SRAA) → é o principal regulador da PA e ele responde a quedas na pressão arterial, uma vez que ele atua aumentando a PA. Então, primeiramente, nós temos a liberação da renina pelas células renais. Essa renina vai converter o angiotensionogenio, que é produzido no fígado, em angiotensina I. Depois, a enzima ECA (enzima conversora de angiotensina) converte a angiotensina I em angiotensina II, e é essa angiotensina II que vai ter papel importante na regulação da PA. Ela atua, por exemplo, no córtex da adrenal, aumentando a produção de aldosterona, hormônio que aumenta a absorção do sódio e, consequentemente, de agua no rim; assim, teremos um aumento do volume de sangue e, consequentemente, aumento do DC, que aumenta a PA. A angiotensina II promove também a vasoconstrição das arteríolas, o que aumenta a RVP e, consequentemente, a PA. • Pela via tradicional teremos a Angiotensina II atuando principalmente por meio do receptor AT1 (AT1R), sendo este o mediador dos efeitos hipertensivos. Por uma via alternativa vemos que a ECA possui uma segunda isoforma que é a ECA2, ela não é inibida pelos fármacos inibidores da ECA convencionais. Essa ECA2 é capaz de converter a angiotensina I na angiotensina I-9, e a ECA atua sobre a angiotensina I-9, produzindo a angiotensinaI-7; da mesma forma, a ECA2 pode atuar sobre a angiotensina II e produzir a angiotensina I-7. Essa angiotensina I-7 pode atuar por meio do receptor, MAS, causando efeitos anti- hipertensivos. Além disso, se a angiotensina II atuar por meio do receptor AT2, teremos também efeitos anti-hipertensivos. Assim, quando usamos fármacos que inibem ECA, temos um acúmulo de angiotensina I, o que pode estimular a via alternativa (verde). Consequentemente, podemos ter um aumento da angiotensina I-7, que vai atuar no receptor MAS, trazendo efeitos protetores. Por outro lado, quando usamos um antagonista da angiotensina, bloqueamos a ligação dela com o receptor AT1, assim, a angiotensina II fica totalmente disponível pra ligar no receptor AT2, trazendo, também, efeitos protetores. Obs: a ECA também é responsável por clivar a bradicinina, um peptídeo vasodilatador; assim, a ECA degrada a bradicinina em peptídeos inativos. Quando usamos um inibidor de ECA, impedimos a conversão da angiotensina I em II e, também, impedimos a degradação da bradicinina, aumentando os seus níveis, consequentemente, temos a vasodilatação e, por outro lado, essa é a principal causa dos efeitos adversos dos fármacos inibidores da ECA, causando tosse persistente e angioedema. FARMACOLOGIA BBPM III Tutoria 4 06/05/2021 • Metotrexato: utilizado na quimioterapia antineoplásica e em algumas patologias não malignas (como psoríase). Não recomendado para pacientes com insuficiência renal grave. Quando associado a prednisona melhora o controle da arterite de células gigantes. O metotrexato é conhecido como um fármaco modificador da doença. Retarda a produção de células novas pelo sistema imunitário do organismo (o sistema de defesa do próprio corpo) e, por conseguinte, reduz a inflamação ao mesmo tempo que suprime a atividade do sistema imunitário. Foi utilizado inicialmente para tratar certos tipos de cancro e, depois, verificou-se que também era um tratamento eficaz para doenças da pele e das articulações quando utilizadas em doses muito inferiores. • Hidroclorotiazida: diurético (reduzem o volume sanguíneo por aumentar a diurese, assim reduzindo a pré-carga e, portanto, a pressão arterial) utilizado para tratamento da hipertensão arterial. A hidroclorotiazida é um diurético tiazídico. O mecanismo do efeito anti-hipertensivo dos diuréticos tiazídicos não é totalmente conhecido. As tiazidas afetam os mecanismos tubulares renais da reabsorção eletrolítica, aumentando diretamentea excreção de íons sódio e cloreto e privando o corpo do excesso de água. Os diuréticos tiazídicos apresentam uma ação vasodilatadora que ainda não está completamente elucidada, podendo causar também hiperglicemia. A queda inicial da pressão arterial decorre da diminuição da volemia causada pela diurese, mas a fase tardia também está relacionada a uma ação sobre a musculatura lisa vascular.
Compartilhar