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DÉBORA CRISTINA G BRUNETTO ABAPORU: SUA ORIGEM E INFLUÊNCIA NA ARTE BRASILEIRA SOROCABA 2020 DÉBORA CRISTINA G BRUNETTO ABAPORU: SUA ORIGEM E INFLUÊNCIA NA ARTE BRASILEIRA Trabalho apresentado junto ao Curso de Artes Visuais, da Universidade de Franca como exigência parcial da disciplina Projeto Experimental I SOROCABA 2020 ABAPORU: SUA ORIGEM E INFLUÊNCIA NA ARTE BRASILEIRA Débora Cristina G Brunetto Resumo Este trabalho é sobre a obra Abaporu da artista brasileira Tarsila do Amaral que é uma das principais obras do movimento modernista no Brasil que foi concluída em janeiro de 1928, pintada a óleo como um presente de aniversário ao seu marido na época Oswald de Andrade. Abaporu é uma referência da criação da antropofagia modernista brasileira que adaptou a cultura estrangeira no Brasil. (Fonte: Educa Mais Brasil) Palavras chaves: Abaporu, Modernismo no Brasil, Tarsila do Amaral. INTRODUÇÃO Quando falamos em modernismo brasileiro e da fase antropofágica estamos nos referindo à artista paulistana Tarsila do Amaral e sua obra Abaporu, um quadro emblemático que representa uma nova fase da história da arte no Brasil. O presente artigo procura articular a história da criação dessa obra com uma análise de materiais que registram a trajetória deste ícone da arte moderna brasileira. Com o intuito de apresentar uma visão ampla e adequada, a proposta desse artigo é dividida em três partes: uma primeira voltada para a criação da obra, segunda para o significado da obra e a terceira para a obra nacional mais valiosa do mundo. ASPECTOS CONCEITUAIS Através de pesquisa em livros e sites que trata sobre o modernismo do Brasil e o que influenciou essa mudança na arte com movimento antropofágico que transformou a cultura nacional em uma referência estrangeira. O Manifesto Antropofágico publicado em maio de 1928, na primeira edição da Revista de Antropofagia, foi um Manifesto Literário escrito por Oswald de Andrade principal agitador cultural do início do modernismo no Brasil que na época era casado com Tarsila do Amaral (ANDRADE, 1928). O movimento antropofágico brasileiro tinha por objetivo a deglutição da cultura do outro externo, como a norte americana e europeia e do outro interno, a cultura dos ameríndios, dos afrodescendentes, dos eurodescendentes, dos descendentes de orientais, ou seja, não se deve negar a cultura estrangeira, mas ela não deve ser imitada. Sem dúvida, foi um dos marcos do modernismo brasileiro (NUNES, 1990). A antropofagia foi um “divisor de águas” no modernismo brasileiro. Não apenas pelo ato de conscientização que significou o deslocamento do objeto estético, ainda predominante na fase pau-brasil, para discussões relacionadas com o sujeito social e coletivo, mas também pelas opiniões divergentes que gera e que é causa de futuros desentendimentos entre os modernistas (ROLNIK, 1998). Com ideias marxistas e citações de Freud e seus pensamentos acerca do inconsciente e repressão dos instintos humanos fazendo referência com o surrealismo e consequentemente por seu representante principal, André Breton. O Manifesto traz um discurso não linear e não lógico, uma crítica à cultura formal/racional vigente e uma alusão à forma dadaísta de construção do pensamento a partir de um fluir do inconsciente (NUNES, 1990) Em meio à todas essas influências, a antropofagia busca a verdadeira cultura brasileira. Nesse período a obra Abaporu se tornou um símbolo de um novo tempo para a arte sendo referência de modernidade até nos dias de hoje. Muitas obras de Tarsila já tinham o mesmo aspecto de Abaporu, mas nenhuma outra ganhou tanta notoriedade por se tratar da criação do movimento antropofágico e as tendências estrangeiras estavam influenciando a arte brasileira (AMARAL, 2003). As expectativas sobre o movimento foram superadas pelos idealizadores e a visibilidade da arte brasileira se transformava em natural e expressiva diante das tendências estrangeiras sendo valorizada por sua cultura e originalidade (ANDRADE, 1928) CONTEXTO HISTÓRICO Tarsila do Amaral (1886 – 1973) foi uma artista que pintou várias obras e que fez parte do início do ciclo do movimento modernista no Brasil. Teve muito contato com artistas europeias e a volta ao Brasil em 1922 participou ativamente do “grupo dos cinco” que era formado pelos escritores Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia e a pintora Anita Malfatti. Em 1924, viajou pelo interior do Brasil e iniciou a fase “Pau-Brasil” do grupo, marcada por cores e conteúdos de temas tropicais brasileiros (AMARAL, 2005). Em 1926 se casou com Oswald de Andrade e neste mesmo ano fez sua primeira exposição individual na Galeria Percier, em Paris. Em 1928 como presente de aniversário ao marido, decidiu pintar o quadro que o impressionou completamente dizendo ser o melhor que Tarsila já havia feito. Vislumbrado com o presente que media 85 cm x 72 cm, óleo sobre tela, fez algumas interpretações sobre aquela figura enigmática, convidou o seu amigo poeta Raul Bopp logo e logo viriam que o quadro representava o início de algo maior na arte. Tarsila então batizou o quadro de Abaporu que na língua indígena significa “homem que come gente”, devido sua aparência de índio canibal, um homem antropófago, aquele que iria comer a cultura, se apoderar dela e recriá-la (AMARAL, 2003). Oswald então escreveu o Manifesto Antropófago, e juntos fundaram o Movimento Antropofágico. Abaporu simbolizou a transformação de influências estrangeiras para a arte nacional com a imagem do Brasil (ANDRADE, 1928). O Abaporu é a imagem do nativismo, índio mítico e a margem, centraliza a questão étnica. A noção do mito conjunto e imaginário de quem nós somos trazendo o olhar para a realidade da sociedade brasileira. A influência formal expressionista pela distorção óptica da criatura. Quanto à constituição de uma obra, se o artista clássico intenciona com sua obra oferecer um retrato vivo da totalidade, o vanguardista monta sua obra sob os fragmentos, não a produz como um todo orgânico, mas com o objetivo de fixar um sentido ao reunir fragmentos (RANCIÈRE, 2005). Em 1929, Tarsila expõe suas telas pela primeira vez no Brasil, no Rio de Janeiro. Incluindo a obra Abaporu. Em 1930, Tarsila e Oswald se separam, mas, ela fica com a obra na divisão de bens, nesse momento a artista se dedica ainda mais ao seu trabalho artístico. Em 1933, a obra Abaporu é exposto no Rio de Janeiro. Em 1950, foi exibido no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. Em 1960, após uma crise financeira a artista decide vender parte de sua coleção particular e Abaporu é vendido para o colecionador Pietro Maria Bardi, fundador do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Sua intenção era de que seu quadro ficasse exposto permanentemente em um museu nacional. Mas Bardi o vende para outro colecionador Érico Stickel, que também vendeu em 1984 para o galerista Raul Forbes, que em 1995 decidiu leiloar Abaporu em Nova York onde foi arrematado pelo argentino Eduardo Constantini. Constantini criou o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (MALBA) onde doou toda sua coleção, incluindo Abaporu. Desde então, ele faz parte das obras desse Museu (AMARAL, 2003). Se tornando a obra brasileira mais valiosa e conhecida internacionalmente por ser uma das mais valorizadas no mercado mundial de arte. CONCLUSÃO Este trabalho buscou através de fontes bibliográficas para descrever a trajetória da obra Abaporu, da sua criação pela pintora Tarsila do Amaral, por se tornar a imagem da modernidade da arte brasileira e ser uma das obras mais valiosas do mundo. Como uma obra pode se tornar algo transformador numa sociedade sendo também uma forma de reflexão sobre a sociedade com interpretações diversas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abaporu: A história do quadro mais valioso da arte brasileira. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-47808327> Acesso em: 25 de maio de 2020. Abaporu de Tarsila do Amaral. Disponível em: <https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/abaporu-de-tarsila-do-amaral/>Acesso em: 25 de maio de 2020. Abaporu. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Abaporu> Acesso em: 25 de maio de 2020. AMARAL, Aracy A. Tarsila: Sua Obra e Seu Tempo. 3° Ed. Editora 34, São Paulo, 2003. ANDRADE, Oswald de. Revista da Antropofagia, Ano I, n° 1, maio de 1928. NUNES, Benedito. A utopia antropofágica: A Antropofagia ao alcance de todos. São Paulo: Editora Globo, 1990. RANCIÈRE, Jacques. A Partilha do Sensível. São Paulo: Editora 34, 2005. ROLNIK, Suely. Arte Contemporânea Brasileira: Um e/entre outros/s, XXIV Bienal Internacional de São Paulo. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1998. Significado de Abaporu, de Tarsila do Amaral. Disponível em: <https://www.culturagenial.com/abaporu/> Acesso em: 25 de maio de 2020. DÉBORA CRISTINA G BRUNETTO ABAPORU: SUA ORIGEM E INFLUÊNCIA NA ARTE BRASILEIRA SOROCABA 2020
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