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Crimes Omissivos
DIREITO PENAL – PARTE GERAL
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CRIMES OMISSIVOS
CRIME COMISSIVO OU DE AÇÃO 
O tipo penal descreve uma conduta positiva, uma ação. Caso o agente prati-
que a ação, haverá um tipo penal que irá incriminá-lo. A maioria dos tipos penais 
brasileiros são relacionados a crimes comissivos.
CRIME OMISSIVO OU DE OMISSÃO 
Delito cometido por meio de uma conduta negativa, uma inação. O agente 
deixa de fazer algo que a lei o obrigava e que era possível realizar.
Exemplo: 
CP, Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou pra-
ticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento 
pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
• Condutas omissivas do agente identificadas no exemplo: “Retardar ou 
deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício”.
• Condutas comissivas do agente identificadas no exemplo: “praticá-lo 
contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento 
pessoal”.
�Oss:� Esse crime somente pode ser praticado por funcionários públicos.
�s crimes omissivos suOdividem-se em:
a) Crimes omissivos próprios ou puros:
O próprio tipo penal descreve a conduta omissiva. Ex.: omissão de 
socorro (art.135), omissão de notificação de doença.
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Art. 269. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notifi-
cação é compulsória)
�Oss:� O tipo penal expressa, claramente, a ausência de ação.
Os crimes omissivos próprios são unissubsistentes (conduta praticada 
mediante somente um ato) e não admitem a tentativa. Ademais, em regra 
serão crimes dolosos, mas a lei prevê algumas hipóteses culposos (ex.: omis-
são de cautela, artigo 13, da Lei n. 10.826/2003).
�Oss:� Alguns doutrinadores consideram que os crimes omissivos próprios 
sempre serão dolosos.
O) Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão:
O tipo penal apresenta uma conduta comissiva (positiva), mas o agente 
produz o resultado naturalístico por meio de uma omissão que viola seu dever 
jurídico de agir.
Quem tem o dever jurídico de agir?
CP, artigo 13, § 2º: quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigi-
lância; quem de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
quem, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
�Oss:� São definidos tipos penais comissivos. O agente (possui dever jurídico 
de agir) será responsabilizado por um delito comissivo por omissão caso 
pratique o crime contra a pessoa que deveria receber seus cuidados.
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Crimes Omissivos Próprios vs. Crimes Omissivos Impróprios
Omissivos próprios Omissivos impróprios (comissivos por omissão)
Tipo penal Descreve uma conduta omissiva, uma inação
Descreve uma conduta 
comissiva, uma ação
Quem pode 
praticar?
Qualquer pessoa, a menos 
que o próprio tipo penal exija 
qualidade específica do sujeito 
ativo. Em regra, são crimes 
comuns.
Somente quem tem o dever 
jurídico de agir, conforme 
estabelecido no art. 13 § 2º, 
do CP. São crimes próprios.
Conatus Não admitem a tentativa Admite a tentativa
Elemento 
subjetivo
Em regra, dolosos. 
Excepcionalmente, culposos.
Compatível com o dolo e a 
culpa.
Consumação Em regra, são crimes de mera conduta.
Crimes materiais. 
É necessária a ocorrência do 
resultado naturalístico.
Sempre que for se valer dos crimes omissivos impróprios, deve-se combinar 
o delito comissivo com o artigo 13, § 2º, CP. A maioria dos crimes comissivos 
podem ser praticados por omissão se estiverem presentes em uma das hipóte-
ses presentes no referido artigo.
Nos casos de crimes omissivos próprios, para que haja a consumação, basta 
que o agente não realize a conduta que deveria, pois não é exigido o resultado 
naturalístico.
Direto do concurso
1. (CESPE/PC-AL/DELEGADO DE POLÍCIA/2012) Acerca dos crimes em es-
pécie, julgue o item seguinte.
O crime de omissão de socorro não admite tentativa, porquanto estando a 
omissão tipificada na lei como tal e tratando-se de crime unissubsistente, se 
o agente, sem justa causa, se omite, o crime já se consuma.
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• Relevância da omissão
Art. 13, § 2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia 
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
Esse parágrafo refere-se, exclusivamente, aos crimes omissivos impró-
prios (crimes comissivos por omissão). Em casos de crimes omissivos pró-
prios, a omissão sempre será relevante para o Direito Penal, pois o próprio tipo 
penal já descreve uma omissão.
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
• Dever legal
CP, Art. 13, § 2º. A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e 
podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância
O termo “lei” deve ser compreendido em sentido amplo. Essa obrigação 
pode advir de decreto, regulamento, portaria e sentença judicial.
Exemplos: Constituição Federal, artigo 229 e artigo 144.
• Garante (ou dever de garantidor de não produção do resultado naturalís-
tico)
CP, Art. 13, § 2º. A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e 
podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado
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Obrigações não decorrentes da lei, tais como negócios jurídicos, contra-
tos, publicidade, promessa, relação de confiança etc. Situações em que o 
garante assume a responsabilidade de agir em situação de risco. Não pre-
cisa ser uma manifestação expressa.
�Oss:� Pode ser uma manifestação tácita.
• Ingerência (ou situação precedente)
CP, Art. 13, § 2º. A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e 
podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Se o agente cria uma situação de perigo com um comportamento anterior 
tem o dever de impedir o resultado.
Atenção!
Os crimes comissivos por omissão podem ser praticados mediante dolo ou 
culpa, podem ser tentados, pois são plurisubsistentes.
Não há tipo específico para esses crimes. Isso faz com que seja necessário 
se valer de outros tipos penais a serem praticados por meio de uma omissão.
Direto do concurso
2. (FAPEMS/PC-MS/DELEGADO DE POLÍCIA/2017) A partir da narrativa a se-
guir e considerando as classes de crimes omissivos, assinale a alternativa 
correta.
Artur, após subtrair aparelho celular no interior de um mercado, foi detido por 
populares que o amarraram em um poste de iluminação. Acabou agredido 
violentamente por Valdemar, vítima da subtração, que se valeu de uma bar-
ra de ferro encontrada na rua. Alice tentouintervir, porém foi ameaçada por 
Valdemar. Ato contínuo, Alice, verificando a grave situação, correu até um 
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posto da Polícia Militar e relatou o fato ao soldado Pereira, que se recusou a 
ir até o local no qual estava o periclitante, alegando que a situação deveria 
ser resolvida unicamente pelos envolvidos. Francisco, segurança particular 
do mercado, gravou a agressão e postou as imagens em rede social com a 
seguinte legenda: "Aí mano, em primeira mão: outro pra vala". Artur morreu 
em decorrência de trauma craniano.
a. Pereira poderá ser indiciado pela prática de crime omissivo impróprio.
b. Pereira poderá ser indiciado pela prática de crime omissivo próprio.
c. Alice poderá ser indiciada pela prática de crime omissivo próprio.
d. Alice poderá ser indiciada pela prática de crime omissivo impróprio.
e. Francisco poderá ser indiciado pela prática de crime comissivo por omissão.
Comentário
O soldado Pereira tinha o dever agir e podia ter agido. Como não agiu, ele será 
responsabilizado pelo homicídio.
c) Alice não será responsabilizada, pois agiu ao fazer tudo aquilo que estava 
ao seu alcance.
e) Francisco, como agente de segurança particular do mercado, não possuía 
o dever legal de proteger a vida das pessoas, e sim os bens vendidos no 
estabelecimento. Por esta razão, ele responderá por omissão de socorro.
3. (VUNESP/TJM-SP/JUIZ DE DIREITO/2016/) A respeito da omissão própria e 
da omissão imprópria (também denominada crime comissivo por omissão), 
é correto afirmar que
a. um dos critérios apontados pela doutrina para diferenciar a omissão pró-
pria da omissão imprópria é o tipológico, segundo o qual, havendo norma 
expressa criminalizando a omissão, estar-se-ia diante de uma omissão im-
própria.
b. nos termos do Código Penal, possui posição de garantidor e, portanto, 
o dever de impedir o resultado, apenas quem, por lei, tem a obrigação de 
cuidado, proteção ou vigilância.
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c. a ingerência, denominação dada à posição de garantidor decorrente de um 
comportamento anterior que gera risco de resultado, não está positivada 
no ordenamento brasileiro, tratandose de uma construção dogmática.
d. o crime praticado por omissão, segundo o Código Penal, é apenado de 
forma atenuada ao crime praticado por ação.
e. segundo o Código Penal, a omissão imprópria somente terá relevância pe-
nal se, além do dever de impedir o resultado, o omitente tiver possibilidade 
de evitá-lo.
Comentário
a. Quando há um tipo penal prevendo, expressamente, determinada omis-
são, tem-se um caso de omissão própria.
b. Além de possuir obrigação por lei, existem outras hipóteses definidas pelo 
artigo 13, § 2º.
O termo “garantidor” refere-se ao garante e ao previsto nas alíneas “a”, “b” 
e “c” do artigo 13, § 2º.
c. Está positivada no ordenamento brasileiro (art. 13, § 2º, c).
d. O crime praticado por omissão será apenado da mesma forma que um 
crime praticado por ação.
GABARITO
1. C
2. a
3. e
����������������������������������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a 
aula preparada e ministrada pelo professor Érico Palazzo. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela 
leitura exclusiva deste material.
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