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Fisiologia Bacteriana Tipos nutricionais • Quanto à fonte de carbono Autotróficas – A única fonte de carbono é o CO2, não fazem decomposição de substâncias orgânicas. Heterotróficas – Fazem decomposição de compostos orgânicos. • Quanto à fonte de energia Autotróficas Não causam infecções mas podem causar doenças por toxinas. ❖ Fotolitotróficas – Luz ❖ Quimiolitotróficas – Compostos inorgânicos como nitrito, nitrato e enxofre. Heterotróficos ❖ Fotorganotróficos – Luz ❖ Quimiorganotróficos – Compostos orgânicos • Cianobactérias São autotróficas e fotolitotróficas, habitam ambientes aquáticos e possuem morfologia variada. Causam doenças devido à cianotoxina, toxina intracelular, geralmente peptídeo ou alcalose, que é liberada a partir da lise da cianobactéria. As florações são causadas devido ao excesso de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, em reservatórios de água. As cianobactérias são termo resistentes, ou seja, não são inativadas pelo calor. A principal forma de exposição é pela ingestão de água contamina ou por aspiração. Os principais usos comerciais são como fertilizantes e pela Spirulina. Microcistinas Peptídeo que atua como hepatotoxina, causando comprometimento hepático uma vez que desorganiza o citoesqueleto dos hepatócitos, doses crônicas podem causar tumor hepático. Anatoxina – A Neurotoxina. Saxitoxina Neurotoxina alcaloide que se liga seletivamente ao canal de sódio e bloqueia o estímulo nervoso. Pode agravar a má formação causada pelo ZIKV. Lingbiatoxina Dermatotoxina alcaloide que provoca irritação cutânea por contato. Nutrientes • Essenciais Macronutrientes São os principais e necessários em grandes quantidades (cerca de 90%) por serem os principais constituintes dos compostos orgânicos celulares. São fontes de carbono, nitrogênio, hidrogênio, fósforo, oxigênio e enxofre. Micronutrientes São elementos traços, geralmente de origem mineral. Não precisam estar presentes no meio de cultura, somente se a bactéria for exigente, fastidiosa. Atuam como componentes de proteínas, osmorreguladores e cofatores enzimáticos. • Não essenciais São utilizados se presentes, mas sua ausência não inviabiliza o crescimento bacteriano. Cultivo de bactérias É a base para o estudo das bactérias. Permite o isolamento em cultura pura, identificação da espécie, testes de susceptibilidade a antimicrobianos e muito mais. • Observações Algumas bactérias crescem sem exigências nutricionais, como a Escherechia coli, que necessita somente de glicose e sais minerais. Podem requerer fatores de crescimento, exigido para seu crescimento, mas que não é sintetizado pela própria bactéria, deve ser fornecido. É o caso da Haemophilus influenzae, que exige um fato X (hemina) e um fator V (NAD). Esse tipo de bactéria é chamada de fastidiosa. Bactérias que antes não exigiam certo fator, mas depois necessita dele, se diferenciando da espécie original é chamada de prototrófica. São mutantes auxotróficos. Existem bactérias não cultiváveis, como o Treponema pallidium e Mycobacterium leprae. Algumas bactérias não são cultiváveis em meios convencionais. ❖ Chlamydia é incapaz de gerar ATP. ❖ Ricketssia é dependente de produtos do metabolismo celular Algumas bactérias necessitam de suplemento de CO2, são chamadas de capnofílicas, como a Neisseria. Entrada de nutrientes que estão em solução na célula bacteriana Para os nutrientes entrarem na bactéria devem atravessar diversas barreiras. • Parede celular Gram positiva – Não constitui barreira à passagem de moléculas em solução. Gram negativa – Constitui uma barreira parcialmente seletiva devido à composição da membrana externa e presença de porinas. Micobactérias – Possui parede celular muito hidrofóbica, sendo a passagem de nutrientes muito lenta devido à camada de ácidos micólicos. Algumas podem ter crescimento rápido, em 7 dias, enquanto outras demoram cerca de 15-20 dias, com crescimento lento. • Exoenzimas hidrolíticas Degradam macromoléculas para que o nutriente possa chegar ao citoplasma. Em G+ essas enzimas são produzidas no citoplasma e liberadas no meio extracelular, atuando na quebra. Já em G- as exoenzimas são armazenadas no espaço periplasmático. Podem atuar na virulência da bactéria, em que hialuronidases, proteases e colagenases causam desorganização de tecidos dos hospedeiros. Também atuam na inativação de antimicrobianos, é o caso das betalactamases, como a penicilinase, que atua no anel betalactâmico de drogas lactâmicas. • Membrana citoplasmática É a estrutura que apresenta permeabilidade seletiva. A entrada do nutriente no citoplasma pode se dar por difusão simples, difusão passiva, com auxílio das permeases, e transporte ativo. Metabolismo heterotrófico Ao chegar o citoplasma, o nutriente será metabolizado de modo a permitir o crescimento bacteriano. O crescimento bacteriano infere no aumento do número de indivíduos, população. O metabolismo engloba todas as reações que ocorrem na célula, tanto as associadas à produção de energia, quanto as que utilizam a energia gerada para a biossíntese. • Metabólitos secundários Não possui papel direto no crescimento ou reprodução da bactéria, sua ausência não causa nenhum impedimento. A endotoxina é um metabólito primário, uma vez que atua como componente básico de bactérias Gram negativas. Já exotoxinas são metabólitos secundários. • Coenzimas Atuam como moléculas carreadoras de átomos de hidrogênio. • A produção de energia Caracterizada pelo aceptor final de elétrons. Oxidação aeróbia ❖ Respiração aeróbia – Degradação completa do composto, o aceptor final de elétrons é o oxigênio na cadeia respiratória que ocorre na membrana celular. Oxidação anaeróbia ❖ Respiração anaeróbia – Degradação parcial. Processo em que um substrato reduzido transfere elétrons para a cadeira de transporte eletrônico para um aceptor final que é um produto exógeno diferente de oxigênio. ❖ Fermentação – Degradação parcial do substrato. O aceptor de elétrons é um composto orgânico do próprio metabolismo bacteriano, como o ácido pirúvido. • Processos de produção de energia em heterotróficos Fosforilação ao nível do substrato – Ocorre no citoplasma e transfere fósforo para o ADP, formando ATP e um novo substrato. Fosforilação oxidativa – Ocorre na membrana celular, é o processo de quimiosmose. A força próton-motriz do gradiente de H+ é utilizada para gerar ATP na cadeia de transporte eletrônico. • Catabolismo Catabolismo de carboidratos e vias glicolíticas A glicose é o carboidrato mais abundante na natureza e pode ser encontrada na sua forma livre ou como componente de dissacarídeos e polissacarídeos. Algumas bactérias são não sacarolíticas, ou seja, não degradam glicose. • Vias catabólicas A via das pentoses não armazena a energia em ATP, mas gera poder redutor na forma de NADPH, produzindo até 12 coenzimas. Seus intermediários são vias de entrada para a EMP. A via glicolítica mais difundida é a via de Embden-Meyerhorf-Parnas, a glicólise. Esta via independe do oxigênio e a partir de uma hexose origina duas trioses oxidadas e reorganizadas em duas moléculas de ácido pirúvico. O ácido formado pode ser catabolizado por meio de fermentação, respiração aeróbia ou respiração anaeróbia. Fermentação A partir do ácido pirúvico são formados produtos mais reduzidos, como álcoois, ácidos, acetona e acetoína. O aceptor final de elétrons é um composto orgânico do próprio metabolismo. O substrato é degradado parcialmente e a fosforilação ocorre a nível do substrato, gerando 2 ATPs. Pode ser usada para diversas aplicações industriais.Alguns produtos da fermentação são prejudiciais e podem contribuir para danos ao tecido e deterioração de alimentos. Já alguns produtos são utilizados para identificar bactérias, como por meio do teste de vermelho metila para identificar enterobactérias. A putrefação consiste em um tipo de fermentação que ocorre a partir da degradação exclusiva de proteínas. ❖ Alcoólica – Ocorre principalmente em fungos, uma das bactérias que realiza essa fermentação é a Zymomonas mobilis. ❖ Homolática – Pode ser usada na produção de alimentos e causa cárie. A partir da metabolização de sacarose, a bactéria Streptococcus mutans gera um composto chamado dextrana que se fixa no esmalte do dente. Assim, é formado o biofilme, que leva à formação de cárie e aderência de diversas bactérias que realizam fermentação lática. É formado ácido lático que promove redução de pH para cerca de 4,5. Ocorre corrosão do esmalte dentário, causando, enfim, a cárie. ❖ Ácida mista – Gera diversos ácidos e causa a deterioração de alimentos. ❖ Fórmica ❖ Butanodiólica – Gera compostos neutros. ❖ Propiônica – Principal produto é o ácido propiônico. Utilizado na produção de queijo suíço. ❖ Butírica-Butílica – Deteriora queijos e manteigas. ❖ Acética – Principal produto é o ácido acético. Respiração aeróbia Ocorre em três etapas: ciclo de Krebs, cadeia de transporte eletrônico e fosforilação oxidativa. O aceptor final de elétrons é o oxigênio e o substrato é totalmente degradado. Precisa de oxigênio para ocorrer a fosforilação oxidativa e gera 38 ATPs de saldo energético. Respiração anaeróbia O piruvato gera substratos reduzidos que entram em uma cadeia de transporte eletrônico até o aceptor final de elétrons, que é um produto exógeno diferente do oxigênio. Para ocorrer não deve existir O2 no meio, acontece por fosforilação oxidativa e causa degradação parcial. Principais fatores químicos e físicos que afetam o crescimento bacteriano • Atmosfera (oxigênio e potencial de oxiredução) Aeróbios estritos – Exigência de O2 Anaeróbios facultativos – Crescimento em presença ou ausência de O2, agrupam a maioria das bactérias de importância médica. Microaerófilos – Exigem baixa concentração de O2, por exemplo: Helicobacter pylori e Campylobacter. Anaeróbios obrigatórios – Inibidos ou mortos na presença de O2, uma vez que não possuem enzimas que degradam as formas tóxicas do oxigênio. Também exigem baixo potencial de oxirredução, ou seja, baixo pH. ❖ Estritos – Não crescem com mais de 0,5% de O2 e morrem em poucos segundos se expostos ao ar. ❖ Moderados – Sobrevivem várias horas ao O2. ❖ Extremos – Só crescem com menos de 0,03% de O2. Aerotolerantes – Não utilizam O2, mas suportam sua presença. Têm metabolismo fermentativo. Reações enzimáticas de degradação das formas tóxicas do O2 ❖ Catalase ❖ Superóxido dismutase ❖ Peroxidase Cultivo de anaeróbios ❖ Em meio de cultura com agente redutor do O2, como o tioglicolato de sódio. ❖ Em jarras de anaerobiose ❖ Em câmaras de anaerobiose com luvas. • pH A maioria dos microrganismos requer valores próximos da neutralidade. A proliferação em valores extremos é restrita a poucas espécies. O pH intracelular geralmente é mantido próximo da neutralidade. Acidófilas – 1 a 5. Acidófilas obrigatórias – 1 a 5, incapazes de crescimento em pH neutro por causa da desestabilização da membrana. Neutrófilas – 5,4 a 8,5. A H. pylori é neutrófila e para viver no estômago humano produz a enzima urease, que converte ureia em amônia, de forma a aumentar o pH. Alcalóficas – 9 a 11. • Temperatura Para cada microrganismo existe temperatura mínima, temperatura ótima e temperatura máxima. No frio a bactéria sobrevive, mas não cresce. No calor extremo tem suas proteínas desnaturadas. Psicrófilas – Menos de 20º C. Psicrófilas verdadeiras – A temperatura máxima é de 20º C. Psicrotróficas – Crescem bem em temperatura de refrigeração, mas também acima de 30º C. Mesófilas – 25 – 40º C. Algumas mesófilas sobrevivem a mais de 100º C porque há produção de esporo. Já outras morrem na temperatura de 100º C mas seus metabólitos, como toxinas, são termorresistentes. ❖ Termodúricas – Mesófilas que conseguem crescer em temperatura maior que 50º C. Termófilas – 50 – 60º C. Hipertermófilas – Acima de 80º C. • Pressão osmótica A osmolaridade interna geralmente é elevada em relação ao meio. Quando a externa é muito elevada a bactéria pode ser inibida ou sofrer morte por plasmólise. Alimentos eram salgados para conservação uma vez ocorria aumento da pressão osmótica e, consequentemente, menor atividade da água, já que sua quantidade livre disponível era diminuída. Halotolerantes – Toleram elevadas concentrações de NaCl, como Staphylococcus. Halofílicas – Não se desenvolvem em meio sem NaCl. ❖ Vibrio parahaemolyticus – Causa infecção intestinal pelo consumo de frutos do mar sem cozimento, contaminação cruzada com vegetais. ❖ V. vulnificus – Contamina ferida pela água do mar, pode ser ingerida. Tem alta mortalidade. Halofílicas extremas – Halococcus Reprodução Principal modo de reprodução é a fissão binária. Ocorre o alongamento da célula, replicação do DNA e formação de um septo que divide a célula em duas. O crescimento das clamídias ocorre em ciclo bifásico. • Tempo de geração (TG) É o tempo de iniciar e terminar a reprodução, depende de fatores genéticos e nutricionais. Algumas bactérias possuem TG muito curtos, como a Escherichia coli (20 minutos) e outras TG muito longos, como a Mycobacterium tuberculosis (24 horas). O TG da bactéria pode determinar se a infecção seguirá um curso agudo (TG curto) ou crônico (TG longo) Conhecendo o TG é possível determinar o número de bactérias após um determinado período. Xt = X0 . 2n em que n é o número de gerações n = log células finais – log células iniciais log 2 TG = t . no horas (final) no de gerações • Curva de crescimento Quando uma bactéria é semeada em meio líquido, o seu crescimento segue uma curva definida e característica, com 4 fases: 1. Lag – Fase de adaptação, praticamente não há divisão celular. 2. Log – Divisão regular em velocidade máxima e constante, crescimento exponencial. 3. Estácionária – Taxa de crescimento igual a zero, ocorre divisão celular mas se iguala ao número de morte. 4. Declínio – Decréscimo da população.
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