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Estado, Educação e Sociedade Premissa O Estado moderno se fundou mediante a junção de várias instituições públicas organizadas para funções múltiplas e diferentes dentro de determinado espaço territorial. Nesse contexto, a escola tem a função de educar e legitimar ação das pessoas dentro da área da Educação. Assim, acontece com todas as outras instituições sociais e com o Estado, que é uma entidade jurídica normatizando as ações institucionais e individuais. As ações estatais são determinadas pelas leis criadas coletivamente ou pelos atos governamentais que têm como objetivo o interesse e o bem-estar público. Estado, Educação e sociedade Educação, escola, economia e cultura são elementos inter-relacionados na sociedade, e se influenciam mutuamente na dinâmica social. Estado e Educação estão ligados aos movimentos das pessoas em relação às ideias e ao contexto social e histórico em que se encontram. A escola historicamente, na sociedade, tem a função social de mediar o conhecimento sistemático, específico e elaborado ao longo dos tempos, pelos sujeitos sociais e, sobretudo, tem a atribuição de possibilitar o acesso ao conhecimento científico para que o sujeito compreenda sua função e atuação como pessoa e cidadão. Por isso, a escola precisa: • Selecionar conteúdos; • Ter proposta metodológica; • Ter processo avaliativo a partir de reflexão filosófica, que trate sobre as demandas sociais. Dessa reflexão e seleção surgirá a prática educativa mediada pela ação pedagógica do professor com os alunos. Isso equivale dizer que é na ação pedagógica que o currículo escolar se efetiva. O currículo precisa estar conectado com a função democrática e inclusiva que a escola precisa ter. Estado, nação e governo O Estado é a unidade administrativa que organiza e governa um povo, dentro de um espaço territorial delimitado. É constituído pelo conjunto de instituições de determinado território. Dentro desse território delimitado há um povo compartilhando dos mesmos costumes, cultura, atividades... ou seja, têm uma identidade comum. Esse povo então representa a nação desse Estado. Ainda dentro desse território, há um governo que administra essa nação. O estado pode se organizar de dois modos: Estado do Bem-Estar Social e Estado Capitalista ou Neoliberalismo. • A função do Estado em uma sociedade capitalista O Capitalismo surgiu na transição da Idade Média para a Idade Moderna com o renascimento do comércio nas cidades, a partir do século XIII, na Europa. Ao longo de toda a atividade comercial da Idade Média nasceu também uma nova classe social: a burguesia. Este é o início do sistema capitalista atual. ➢ Fases ❖ Pré-capitalismo ou Capitalismo comercial – Ocorreu do século XVI ao XVIII. Tem início com os comerciantes das Grandes Navegações enriquecendo por meio da atividade comercial do ouro, da prata, das especiarias e matérias-primas. ❖ Capitalismo industrial – A partir do século XVIII. A Europa começa a produzir por meio das indústrias, com a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra. Tal fato consolidou o sistema capitalista e fortaleceu suas bases em outras regiões do mundo porque inaugurou a produção em série. O maquinário passou a fazer o que antes era feito pelos artesãos. ❖ Capitalismo financeiro – Início no século XX. Referência aos grandes bancos e às corporações financeiras típicas do mercado globalizado. Boa parte do dinheiro que circula no planeta passa pelos bancos e sistemas financeiros. A globalização facilitou essa movimentação do capital, permitindo que grandes empresas produzissem produtos em vários países mais pobres visando à redução dos custos de produção. • O Estado do Bem-Estar Social ou Welfare State O período histórico que trouxe avanços tecnológicos na Revolução Industrial também testemunhou o surgimento de uma diversidade de graves problemas sociais decorrentes do processo de urbanização na Europa. Esse Estado surgiu decorrente da industrialização e da necessidade de diminuir os problemas sociais, dentre eles, a pobreza, mortalidade e desigualdade social e econômica, que, consequentemente, geram instabilidade social. Os problemas sociais atingiram primeiro a camada mais pobre da população, mas, aos poucos, alcançaram as pessoas mais abastadas. Por isso movimentos sociais, revoltas, doenças e a grande pressão popular surgiram exigindo melhorias para os trabalhadores e o estabelecimento de medidas de seguridade social. Para atenuar as desigualdades sociais e as revoltas, os Estados da Europa, sobretudo a Inglaterra, passam a intervir na economia e começaram a elaborar políticas públicas para atender aos novos trabalhadores com serviços em educação, saúde, renda, habitação e previdência social, ou seja, os direitos sociais. O auge desse modelo de Estado aconteceu no início do século XX, mas, logo na década de 1970 entrou em declínio por ser um tipo muito caro de Estado e que cobra altos impostos. O declínio desse Estado ocorreu por diversos motivos, dentre eles: ➢ Crise do petróleo em 1979; ➢ Diminuição da natalidade; ➢ Aumento da expectativa de vida da população; ➢ Insatisfação quanto aos baixos salários. Estudiosos afirmavam que o modelo do bem-estar social era caro, pesado, inoperante, e que precisava ser substituído por um padrão mais objetivo, porque o Estado como administrador é um obstáculo para o desenvolvimento econômico. • Neoliberalismo No século XVII ressurge a ideia liberal com o Neoliberalismo, ou seja, ideias políticas e econômicas que defendem a não participação do estado na economia. A política neoliberalista defende total liberdade de comércio, pois somente assim acontecerá o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país. Tem como princípios básicos: ➢ Mínima participação do Estado na economia e no mercado de trabalho, para torná-los mais eficientes; ➢ Privatização de empresas estatais; ➢ Livre circulação de capital internacional e globalização; ➢ Abertura da economia para o mercado internacional e empresas multinacionais; ➢ Medidas contra o protecionismo econômico; ➢ Utilizar leis e regras econômicas mais simplificadas para facilitar o funcionamento das atividades econômicas; ➢ Contrariedade aos impostos e tributos excessivos e incentivo ao aumento da produção, visando alcançar maior desenvolvimento econômico; ➢ Encorajamento da lei da oferta e procura para regularizar preços; ➢ Defesa dos princípios econômicos do capitalismo, de maneira que a base da economia deve ser formada por empresas privadas. Os críticos ao sistema neoliberalista entendem que esse tipo de economia capitalista só beneficia aos grandes empresários, às grandes potências econômicas e às empresas multinacionais. Também afirmam que os países pobres ou emergentes sofrem muito com as consequências das políticas capitalistas. Esses críticos dizem também que o Neoliberalismo gera: ➢ Desemprego; ➢ Baixo salário; ➢ Aumento das diferenças sociais; ➢ Dependência do capital internacional. Relação política e o governo na criação de políticas públicas Há várias formas de analisar como ocorrem a criação de políticas públicas e a relação da sociedade com os governos. As ciências políticas que estudam a sociedade apresentam diversas perspectivas de explicação dos problemas sociais e por isso há uma enorme variedade de abordagens de análise das políticas públicas. • Abordagem pluralista A luta política se faz em torno de questões diversas como problemas econômicos, educacionais, morais, religiosos, de raça, de gênero, para que as políticas públicas sejam criadas. O Estado é neutro, tendo o papel de promover a conciliação dos interesses sociais, segundo a lógica do mercado. Esse modelo de abordagem pressupõe uma população que participa ativamente da vida política de um país. • Abordagem marxista Parte das relaçõesentre três elementos da sociedade: economia, classes sociais e Estado. Entende o Estado como meio de legitimação e dominação de uma classe social sobre outra, dando destaque para o poder econômico na ação política. Dentro dessa visão, as relações de classe são essencialmente de poder, constituindo o instrumento analítico para a interpretação das transformações sociais e políticas. As políticas do Estado são reflexos dos interesses do capital. Os marxistas entendem que as políticas públicas são meios para garantir a dominação, a repressão e a reprodução de classe, por meio da garantia de direitos básicos que se traduzem em políticas públicas. O Estado é transpassado pela luta de classes antagônicas e utiliza as políticas públicas como mecanismos de sustentação da burguesia e de reprodução do capital. O pluralismo e o marxismo se unem quando analisam o Estado e entendem que ele não é um ente autônomo. Mas, que suas ações são sempre reativas, isto é, sempre resultado de uma demanda da população. • Abordagem neoinstitucionalista É a ideia de que as instituições são colocadas em evidência, ao invés das classes sociais. As instituições têm um papel específico para a determinação de resultados sociais e políticos. Por isso, são entes dotados de autonomia e moldam a vida política, pressionam a criação de políticas públicas ou participam delas. O foco passa a ser as instituições e como comprometem a formação de uma política pública, seja pelos incentivos gerados, pelas dificuldades encontradas ou, até mesmo, pelos impedimentos existentes. Na área da Educação, podemos citar as práticas inventivas da “Escola Nova” que levantou a necessidade de a escola, como instituição, ter autonomia no planejamento e nas práticas educativas para a constituição de uma escola crítica e compromissada com as classes populares. Nessa ideia está presente a concepção de institucionalismo. O conceito sobre as políticas públicas De acordo com Secchi (2013), as políticas públicas tratam do conteúdo concreto e do conteúdo simbólico de decisões políticas, do seu processo de construção e da atuação dessas decisões. As políticas públicas são as ações do governo para promover a solução de um problema público enfrentado pela sociedade. Mas, para isso, o governo precisará fazer escolhas políticas para resolver o problema social que se apresenta. As políticas públicas desenvolvidas pelo Estado para beneficiar a população podem contar com a participação de entes privados, que tenham como objetivo assegurar algum direito de cidadania, social, cultural, étnico ou econômico. • Exemplos: ➢ Política Nacional de Educação Infantil: pelo direito das crianças de 0 a 6 anos à Educação – Combate o quadro de exclusão social com política que promove a inclusão, combate a miséria e coloca a educação de todos no campo dos direitos. ➢ Política Nacional do Idoso - Assegura os direitos sociais do idoso, dando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. ➢ Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres - Estabelece conceitos, princípios, diretrizes e ações de prevenção e combate à violência contra as mulheres, assim como de assistência e garantia de direitos a essas vítimas em situação de violência.
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