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NUTRIÇÃO FUNCIONAL E FITOTERAPIA Renata Costa de Miranda Legislação aplicada à fitoterapia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Conhecer as principais normativas que regulam a � toterapia no Brasil. Identi� car a competência da Anvisa na � toterapia. Reconhecer o registro dos � toterápicos pela Anvisa. Introdução O Brasil já publicou diversas instruções normativas, principalmente entre 2010 e 2014, relacionadas às plantas medicinais e aos fitoterápicos, visando a atender às demandas de políticas públicas no País e incentivar o uso da fitoterapia com segurança, eficácia e qualidade. Neste capítulo, você vai conhecer as principais normativas que regu- lamentam a fitoterapia no Brasil, identificando a competência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na fitoterapia e reconhecendo o registro dos fitoterápicos pela agência. Principais normativas que regulam a fitoterapia no Brasil O Brasil conta com normas específi cas para o registro de fi toterápicos desde 1967. Tais normas foram sendo ajustadas às evidências científi cas e republi- cadas recentemente, considerando as modifi cações implementadas no País pela Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMP) e pela Política de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), ambas publicadas em 2006. Essas duas políticas promoveram modifi cações na regulamentação de plantas medicinais e fi toterápicos. Várias normas já foram publicadas ou atualizadas para adequarem-se às políticas, abrangendo um arcabouço legislativo para regulamentação das U4_C18_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 215 07/07/2017 16:17:32 Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado seguintes classes: plantas medicinais, substâncias vegetais notificadas e me- dicamentos fitoterápicos manipulados e industrializados. Ainda há plantas medicinais que podem ser regulamentadas na Anvisa em áreas diversas da farmacêutica, como na de alimentos e cosméticos. Na evolução da regulamentação brasileira, é obrigatória a apresentação de relatórios de farmacovigilância para que o registro dos medicamentos à base de plantas seja renovado, a fim de monitorar os efeitos adversos relacionados aos fitoterápicos. A RDC 10/2010 dispõe sobre a notificação de substâncias vegetais junto à Anvisa. A RDC 13/2013, por sua vez, dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Produtos Tradicionais Fitoterápicos e estabelece os requisitos mínimos para padronizar a verificação do cumprimento dessas Boas Práticas, além de delinear os procedimentos e as práticas que o fabricante deve aplicar para garantir que instalações, métodos, processos e sistemas de controles usados sejam adequados, de modo a garantir qualidade e segurança. (BRASIL, 2010a). A RDC 14/2010 estabelece os requisitos técnicos para o registro de medi- camentos fitoterápicos. Entretanto, poucas alterações foram realizadas quando comparada esta RDC com a 48/2004. Foram incluídas inovações nos requisitos de controle de qualidade, assim como estabelecidas normas de regulamentação para autorização de importação de amostras de medicamentos fitoterápicos. (BRASIL, 2010b). A RDC 17/2010 dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Medica- mentos, trazendo requisitos específicos para a indústria de fitoterápicos. A normativa exige técnica de qualificação nos aspectos envolvidos na fabricação, inspeção e liberação de produtos fitoterápicos. (BRASIL, 2010c). A RDC 26/2014 dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e o registro e a notificação de produtos tradicionais fitoterápicos, definindo as categorias de medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico, estabelecendo os requisitos mínimos para o registro e a renovação de regis- tro de medicamento fitoterápico. (BRASIL, 2014b). Outra regulamentação é a Instrução Normativa (IN) 2/2014, que traz a publicação da “Lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplificado” e a “Lista de produtos tradicionais fitoterápicos de registro simplificado”. Nutrição funcional e fitoterapia216 U4_C18_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 216 07/07/2017 16:17:33 Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Atualmente, a RDC nº 48/04 é a principal legislação que regulamenta o registro de fitoterápicos, na qual são estabelecidos todos os requisitos necessários para a sua concessão, os quais se baseiam na garantia de qualidade. As avaliações abrangem a matéria-prima vegetal, os derivados de substância vegetal e o produto final, isto é, o medicamento fitoterápico. Foi regulamentada, recentemente, a nova Lei da Biodiversidade – Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015, pelo Decreto nº 8.772, de 11 de maio de 2016. Essa lei promete desburocratizar o sistema, inserindo o cadastro on-line no lugar da maioria das autorizações antes exigidas, dando isenção de multa para a regularização das atividades de pesquisa e flexibilizando a burocracia para estimular uma repartição de benefícios justa e equitativa, seja monetária ou não. A nova legislação ainda poderá mapear todos os atores envolvidos na cadeia produtiva de fitoterápicos, gerando mais pesquisas e inovações para o mercado. Assim, espera-se estimular o aproveitamento da biodiversidade nacional. (BRASIL, 2015, 2016). A recente Lei da Biodiversidade promete fortalecer as pesquisas com espécies nativas e o desenvolvimento de novos fitoterápicos, estimulando investimentos do setor privado, que são essenciais para o desenvolvimento de novos medicamentos com evidência científica comprovada. O panorama histórico é de baixo investimento do setor público para suprir essa demanda. Competência da Anvisa na fitoterapia Fitoterápicos são medicamentos amplamente utilizados no Brasil. Para seu registro e disponibilização à população, a Agência Nacional de Vigilância 217Legislação aplicada à fitoterapia U4_C18_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 217 07/07/2017 16:17:33 Adriana Resaltado Sanitária (Anvisa) avalia diversos critérios de qualidade, segurança e efi cácia, exigindo requisitos similares aos requeridos para os medicamentos conven- cionais. Esse controle objetiva desvincular os fi toterápicos da ideia de serem produtos de qualidade inferior ou sem potencial de risco tóxico. A regulamentação dos medicamentos fitoterápicos industrializados é reali- zada pela Anvisa, órgão federal do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, responsável pelo registro de medicamentos e outros produtos destinados à saúde. Uma das diversas ações da vigilância sanitária é o controle sanitário de produtos, que abrange normatização, atividades de educação e de infor- mação ao setor regulado e aos consumidores, registro de produtos, controle do processo produtivo, distribuição, comercialização, publicidade, consumo e descarte e análises laboratoriais. O objetivo de regulamentar todos esses processos é o gerenciamento dos possíveis riscos à saúde, em todas as fases da cadeia dos produtos, incluindo os fitoterápicos. Todos os fitoterápicos industrializados devem ser registrados na Anvisa antes da comercialização, com a finalidade de garantir que a população tenha acesso a medicamentos seguros, eficazes e de qualidade comprovada. Com tudo isso, minimiza-se a exposição a produtos passíveis de contaminação e padroniza-se a dosagem e a forma certa de uso, permitindo maior segurança. O registro sanitário é de competência exclusiva da Anvisa, sendo a primeira intervenção da autoridade sanitária no produto, que só pode ser comercializado após a devida aprovação. Para que isso ocorra, são avaliados todos os aspectos referentes ao produto em termos de qualidade, segurança e eficácia. O registro tem validade de cinco anos, devendo ser renovadopor períodos sucessivos, conforme determinado na Lei nº 6.360/76, que dispõe sobre os produtos submetidos ao controle da Vigilância Sanitária. Para obter o registro e a renovação, a empresa deve peticionar junto à Anvisa um dossiê técnico-administrativo com informações sobre o produto, conforme a regulamentação específica. Durante a análise de um processo de registro, verificam-se os principais aspectos referentes ao processo produtivo, o controle de qualidade, os ensaios de segurança e eficácia, os dados legais da empresa, a rotulagem e a bula. Nutrição funcional e fitoterapia218 U4_C18_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 218 07/07/2017 16:17:33 Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado Adriana Resaltado O papel regulador da Anvisa é primordial para evitar que medicamentos sem eficácia, nocivos e de má qualidade atinjam o mercado e causem danos à saúde, como intoxicações, fracassos terapêuticos, agravamento de enfermidades até o óbito do indivíduo. A legislação brasileira exige dos fitoterápicos um grau de qualidade similar aos demais medicamentos. Com isso, é possível conquistar a confiança da população e a credibilidade dos profissionais de saúde, estimulando a prescrição e o uso racional de medicamentos fitoterápicos. A população deve ser parceira e atuar como “agente” do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, fiscalizando os produtos que utiliza e, sempre que desconfiar de irregularida- des, comunicar à vigilância sanitária municipal, estadual, distrital ou à Anvisa. Para saber se determinado medicamento tem registro, verifica-se na embalagem seu número de inscrição no Ministério da Saúde. O número deverá conter a sigla MS, seguida de uma relação numérica contendo 9 ou 13 dígitos, iniciado sempre por 1. Há, também, a possibilidade de buscar o registro do produto no site da Anvisa. Registro dos fitoterápicos pela Anvisa Atualmente, há cerca de 400 fi toterápicos com registro válido junto à Anvisa. Essa quantidade passa por frequentes alterações, pois a realidade do registro é muito dinâmica, uma vez que a situação dos produtos está sempre sendo modifi cada. Todos os dias, novos medicamentos são registrados na Anvisa, enquanto outros perdem seu registro, seja por indeferimento da solicitação de renova- ção, cancelamento do registro anteriormente concedido ou não solicitação de renovação dentro do prazo legal. As plantas que mais apresentam registro na Anvisa na forma de seus derivados para obtenção de fitoterápicos são: Ginkgo biloba; Aesculus hippocastanum; Panax ginseng; Senna alexandrina; 219Legislação aplicada à fitoterapia U4_C18_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 219 07/07/2017 16:17:34 Adriana Resaltado Adriana Resaltado Peumus boldus; Cynara scolymus; Passiflora incarnata; Valeriana officinalis; Arnica montana. Tais espécies estão entre as 34 previstas na Lista de Registro Simplificado de Fitoterápicos (RE nº 89/04). Seu registro é facilitado porque não precisam comprovar critérios de segurança e eficácia terapêuticas em virtude de terem evidências amplamente reconhecidas pela sociedade científica. (BRASIL, 2004b). O fluxo para registro na Anvisa é o seguinte: Etapa 1 – regularização sanitária da empresa: autorização de funcio- namento da empresa - licença de funcionamento - Certificado de Boas Práticas de Funcionamento (CBPF). Etapa 2 – identificação da petição junto à Anvisa: registro, alteração, revalidação, cancelamento - identificação do código de assunto da petição - verificação da documentação necessária. Etapa 3 – peticionamento na Anvisa: seguir o passo a passo do peti- cionamento - anexar documentação obrigatória - protocolar petição na Anvisa. Etapa 4 – análise da petição pela Anvisa: verificar ausência de do- cumentos - verificar necessidade de exigência técnica - verificar se a petição atende aos requisitos. Etapa 5 – resultado do peticionamento: deferimento ou indeferimento da petição publicado no Diário Oficial da União (DOU). Esse registro é válido por cinco anos, em todo território nacional, a partir da data de publicação. Todo produto comercializado, além de evidências científicas, deve ser registrado em órgãos regulamentadores. No caso dos fitoterápicos no Brasil, o órgão de referência é a Anvisa. O profissional de saúde, ao recomendar determinado fitoterápico ao indivíduo ou à população, deverá, primeiramente, verificar se há registro – tal conduta traz mais segurança de recomendação e uso para si e seu paciente. Nutrição funcional e fitoterapia220 U4_C18_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 220 07/07/2017 16:17:34 Adriana Resaltado Adriana Resaltado BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução - RDC Nº 10, de 9 de março de 2010. Brasília, DF, 2010a. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/legislacao/ resolucao10_09_03_10.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2017. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução - RDC Nº 14, de 31 de março de 2010. Brasília, DF, 2010b. 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