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AN02FREV001/REV 4.0 200 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE PÚBLICA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 201 CURSO DE EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE PÚBLICA MÓDULO IV Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 202 MÓDULO IV 8 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS 8.1 SEÇÃO 1 - ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA A atual Política Nacional de Saúde, organizada a partir do SUS, apresenta os seus princípios definidos na Constituição Federal de 1988, no título VIII, da Ordem Social, em seu artigo 196, que garante: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante de políticas, sociais e econômicas que visem à redução do risco da doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Como os medicamentos constituem um elemento essencial para a recuperação da saúde, entende-se que o direito à saúde inclui o acesso a eles. Assim, para a consolidação desse direito, necessita-se que sejam estruturados e organizados serviços, de forma a possibilitar a sua viabilidade. A Lei Orgânica de Saúde (Lei 8.080/90) que dispõe sobre a política de saúde do país, remete à necessidade da implantação de uma Política Nacional de Medicamentos, centrada nas ações de Assistência Farmacêutica integral, como uma das condições estratégicas para efetiva implementação do SUS, como podemos visualizar na figura 14: AN02FREV001/REV 4.0 203 FIGURA 14 - MODELO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE FONTE: Marin, 2003. A assistência farmacêutica é definida como o grupo de atividades relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a conservação e controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação de utilização, a obtenção e a difusão de informações sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamento (BRASIL, 1998). A Política Nacional de Medicamento (Portaria nº 3.916, de 30 de outubro de 1998) preconizada pelo Ministério da Saúde tem como propósito garantir à população o acesso aos medicamentos considerados essenciais, assim como a necessária qualidade, segurança, eficácia dos mesmos e a promoção do seu uso racional. Assim, as diretrizes adotadas para assegurar o acesso da população a esses medicamentos são: Adoção de uma Relação Nacional de Medicamentos; Regulamentação sanitária de medicamentos; Reorganização da assistência farmacêutica; Promoção do uso racional de medicamentos; http://www.unifor.br/oul/balance.jsp?ObraSiteLivroTrazer.do?method=trazerLivro&obraCodigo=64513 AN02FREV001/REV 4.0 204 Promoção e produção de medicamentos previstos na Rename; Garantia, segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos; Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos. Para a população a assistência farmacêutica pode contribuir para: Orientação sobre o uso correto do medicamento; Minimização da automedicação e dos agravos à saúde devido à intoxicação; Garantia de serviços e produtos com qualidade; Acompanhamento fármaco-terapêutico, prevenindo, orientando e sanando problemas relacionados a medicamentos, reações adversas e interações. 8.1.1 A Logística dos Medicamentos Segundo Storpirtis et al. (2008), os medicamentos correspondem a cerca de 20% dos gastos totais em saúde. É o segundo maior custo depois das despesas de mão de obra. Além de seu significado econômico, os produtos de saúde são essenciais à prestação do atendimento, não havendo procedimento médico ou de enfermagem que não os requeira. O gestor em saúde tem importante função dentro do sistema de saúde. Precisa disponibilizar os materiais certos, na qualidade e quantidade específica, nos locais onde serão usados, de modo a não faltarem quando necessário. Assim, convém observar os seguintes aspectos da logística dos produtos farmacêuticos: - o mercado; - o fluxo dos medicamentos vencidos nas farmácias e utilizados nos hospitais; AN02FREV001/REV 4.0 205 - a rede de suprimento médico do sistema público de saúde; - a cadeia interna de suprimento nos hospitais e nos postos de saúde. O consumo anual médio de medicamentos é de menos de US$ 30 per capita. A metade é consumida pelos 15% da população de renda superior a 10 salários mínimos, enquanto 40% das pessoas não têm acesso aos medicamentos comerciais. Atuam no país cerca de 350 laboratórios farmacêuticos (já houve 600), dos quais 50 multinacionais, os quais respondem por 70% do faturamento. Existem 45 mil farmácias, das quais 3.500 pertencem a redes. As farmácias e drogarias vedem 82% dos medicamentos consumidos no Brasil. Mais de 30 mil apresentações farmacêuticas são registradas no mundo, das quais 20 mil no Brasil. Cerca de 8 mil apresentações são regularmente comercializadas no país, das quais 6 mil são produtos éticos. As apresentações são formulações baseadas em aproximadamente 1.500 fármacos. Novos fármacos e apresentações são continuamente introduzidos no mercado, em substituição a produtos superados. Os sais (princípios ativos) são quase todos importados (STORPIRTIS et al., 2008). Alguns medicamentos não são incluídos na corrente comercial, por serem fornecidos gratuitamente pelo Governo Federal e por alguns governos estaduais. A maior parte das vacinas e dos medicamentos para tuberculose e hanseníase é fornecida gratuitamente, totalizando mais de três bilhões por ano na aquisição desses medicamentos. O Governo Federal e os governos estaduais operam com 16 laboratórios que fabricam medicamentos destinados aos programas sociais. Seu custo é menor do que os laboratórios privados, já que enfrentam as despesas de marketing, que respondem por 40% dos custos dos medicamentos comerciais. Os mais conhecidos são: o Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manguinhos no Rio de Janeiro, o Instituto Butantã e a Fundação para o Remédio Popular (FURP), em São Paulo (STORPIRTIS et al., 2008). AN02FREV001/REV 4.0 206 Dentre os tipos de medicamentos existentes no mercado brasileiro podemos citar: medicamento referência (éticos/marca), medicamento similar, medicamento genérico e medicamento manipulado. Por medicamento referência entende-se aquele que “é o inovador e registrado no órgão federal responsável, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovados cientificamente junto ao órgão federal competente por ocasião de registro” (BRASIL, 1999b). Por medicamento genérico entende-se aquele que “é cópia do produto de referência, comercializado pelo nome da substância ativa, sem marca comercial, após o vencimento da patente registrada, que dá a garantia de retorno do investimento efetuado na pesquisa pelo fabricante original” (BRASIL, 1999b, p. 1). Por medicamento similar entende-se aquele que: (...) contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia, indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica do medicamento de referência. Registrado no órgãofederal de competência da vigilância sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipiente e veículo, devendo sempre ser identificado por um nome comercial ou de marca (BRASIL, 1999b, p. 1). Por medicamento manipulado entende-se aquele que: “é preparado na farmácia para ser dispensada, atendendo a uma prescrição médica, que estabelece sua composição, forma farmacêutica, posologia e modo de usar” (BRASIL, 2000a, p.1). Estima-se que o mercado mundial de medicamentos movimentou em 1998 recursos de ordem de 302,9 bilhões de dólares anuais. Dados de 1998 estimavam o mercado da América Latina em 8% deste total. (24,2 bilhões de dólares), sendo que o Brasil respondia por 39,4% desse mercado (9,6 bilhões de dólares) (MARIN, 2003). No entanto, o forte controle de preço exercido desde o ano de 2000, pelo Governo Federal, sobre os preços dos medicamentos, bem como a entrada do medicamento genérico (que custa 40% a menos que o de marca) no mercado, aliada ao empobrecimento da população brasileira, determinou a AN02FREV001/REV 4.0 207 redução do faturamento dos laboratórios farmacêuticos. De acordo com a Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (FEBRAFARMA), o setor movimentou, em 1999, US$ 7,6 bilhões, em 2000 US$ 6 bilhões; e em menos de 2003 US$ 5 bilhões (STORPIRTIS et al. 2008). Porém, em vista da extensão do território nacional, é difícil evitar a ocorrência de desperdícios ao longo de uma cadeia de distribuição tão longa, pois são mais de 5.550 municípios a serem abastecidos. Cada estado possui um almoxarifado central, no qual armazena os medicamentos adquiridos de numerosos fornecedores, fabricantes, distribuidores e representantes. De lá os produtos são periodicamente entregues às principais cidades do estado que, por sua vez, os repassam aos municípios circunvizinhos. O percurso termina nos hospitais e postos de saúde. 8.1.2 Ciclo da Assistência Farmacêutica A assistência farmacêutica apresenta componentes com aspectos de natureza técnica, científica e operacional. Os componentes representam as estratégias e os conjuntos de ações que visam o alcance de objetivos definidos (MARIN, 2003). Desse modo, segundo Vidotti, Silva e Hoefler (2002), o conceito de assistência farmacêutica ampliou-se, passa a ser caracterizado como um grupo de atividades relacionadas ao medicamento, as quais constituem um ciclo que compreende: a seleção, a programação, a aquisição, o armazenamento e a distribuição, o controle da qualidade e utilização (nesta compreendida a prescrição e a dispensação), o que deverá favorecer a permanente disponibilidade dos produtos segundo as necessidades da população, identificadas com base em critérios epidemiológicos. Sua inter- relação sistêmica é apresentada na figura 15: AN02FREV001/REV 4.0 208 FIGURA 15 - CICLO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA FONTE: Vidotti; Silva; Hoefler, 2002. 8.1.2.1 Seleção de medicamentos Segundo Vidotti, Silva e Hoefler (2002), criar e utilizar uma relação de medicamentos essenciais é uma ação custo-efetividade, que qualquer sistema de cuidado à saúde pode fazer para promover um fornecimento regular e o uso racional de medicamentos. Medicamentos essenciais: são os que satisfazem as necessidades prioritárias de saúde da população, tais medicamentos devem ser relacionados segundo relevância em saúde pública, evidência de eficácia, segurança e comprovação favorável em relação ao custo. Devem estar disponíveis em todo momento, em quantidade suficiente, nas formas farmacêuticas apropriadas, com garantia de qualidade e a preço que os pacientes e a comunidade possam pagar (BRASIL, 2007). A seleção de medicamentos é uma das estratégias para promoção do uso racional de medicamentos. As equipes de seleção dependem de informação atualizada sobre as doenças mais comuns, dos limites orçamentários e dos avanços fármaco-terapêutico, assim como outras informações provenientes de médicos e farmacêuticos. Neste sentido, a contribuição das etapas subsequentes de aquisição, distribuição e utilização subsidiam o processo de seleção e mantém o ciclo gerencial da assistência AN02FREV001/REV 4.0 209 farmacêutica em movimento. A seleção de medicamentos é uma etapa fundamental no desenvolvimento de um sistema de gerenciamento efetivo de medicamentos. Até 70% de todos os medicamentos disponíveis no mercado mundial são, possivelmente, inseguros e de efetividade não comprovada. Os profissionais da saúde devem avaliar quais, dentre os muitos medicamentos disponíveis, realmente precisam e podem ser adquiridos, considerando as restrições dos limitados orçamentos (VIDOTTI, SILVA, HOEFLER, 2002). Segundo Marin (2003), a seleção de medicamento vai contribuir para maior acesso a medicamentos seguros, eficazes e voltados às doenças prevalentes na população; maior eficiência administrativa; melhor atenção à saúde; escolha adequada do regime terapêutico; melhor manejo de medicamento; racionalidade da prescrição e utilização de fármacos; uniformizar condutas terapêuticas, baseando-se em evidências científicas, tornando impessoais as decisões de escolha dos medicamentos; promover o uso de Denominação Comum Brasileira (DCB) ou Denominação Comum Internacional. (DCI); auxiliar nas ações de fármaco-vigilância, facilitando o monitoramento de medicamentos e a identificação de reações adversas e menor custo. Assim, de acordo com Vidotti, Silva, Hoefler (2002), os serviços de saúde podem reduzir os custos, aumentar a provisão e promover a utilização mais racional dos medicamentos. Assegurar a seleção eficiente e apropriada dos medicamentos ajudará no funcionamento mais efetivo das outras etapas do Ciclo Gerencial da Assistência Farmacêutica, mostrado na Figura 16. A identificação de medicamentos essenciais forma a base para os três principais itens que institucionalizam a seleção apropriada dos medicamentos: -Relação de medicamentos essenciais; -Formulários terapêuticos com informação monográfica sobre os medicamentos; -Diretrizes de tratamento padronizadas (DTP). AN02FREV001/REV 4.0 210 8.1.2.2 Relação de medicamentos essenciais Segundo Brasil (2007), os medicamentos essenciais são aqueles mais adequados para tratar as doenças prevalentes que afetam a população. Entretanto, alguns serviços de saúde (ou todo o sistema oficial de saúde) podem gastar grandes proporções dos seus limitados recursos em medicamentos desnecessários, caros e perigosos. Assim, a seleção dos medicamentos para constituir as relações de medicamentos essenciais é componente fundamental da Política Nacional de Assistência Farmacêutica, pois garante o acesso e o uso racional de medicamentos. Neste sentido, a criação de uma Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) é uma estratégia encarregada por elaborar a relação adequada para nortear as tomadas de decisões com intuito de prevenir equívocos, examinar as questões financeiras e revisar cada medicamento sob os aspectos de segurança e eficácia (BRASIL, 2008). A CFT é um colegiado, de caráter consultivo e deliberativo, que tem por objetivo selecionar medicamentos essenciais a serem utilizados no sistema de saúde nos três níveis de atenção, além de assessorar a gestão nas questões referentes aos medicamentos. É geralmente composta por profissionais de saúde com várias formações, especialmente farmacêuticos, médicos, enfermeiros e cirurgiões-dentistas (BRASIL, 2008). Assim, a comissão identifica aqueles medicamentos mais adequados para atender às necessidades da população. A relação resultante é a base para a elaboração de um formulário terapêutico e para as diretrizes de tratamento padronizadas. Ela também fornece informações para as etapas subsequentes de aquisição,distribuição e utilização do ciclo da assistência farmacêutica (VIDOTTI, SILVA, HOEFLER, 2002). AN02FREV001/REV 4.0 211 8.1.2.3 Formulários terapêuticos Conforme Vidotti, Silva e Hoefler (2002), depois do desenvolvimento de uma relação de medicamentos essenciais, o próximo passo é publicar um formulário terapêutico, que é uma fonte de informação monográfica sobre os medicamentos incluídos na relação. A informação sobre os medicamentos deve fornecer revisões imparciais, atualizadas e baseadas em evidências, seus usos e outras informações. Portanto, segundo Brasil (2008), um formulário terapêutico deve conter as seguintes informações: a) Terapêuticas e farmacológicas: manifestações gerais das doenças, descrição do medicamento, características farmacológicas do medicamento, indicação, contraindicação, precauções, posologia, via de administração, duração do tratamento, interações, efeitos adversos; b) Farmacêuticas: nome genérico, grupo terapêutico, forma farmacêutica, concentração, apresentação, recomendações gerais quanto à prescrição, dispensação e cuidados com os medicamentos. De acordo com Brasil (2008), o conteúdo mínimo de um formulário terapêutico deve ser: a) Apresentação do documento: título, nomes dos membros da comissão e/ou equipe responsável pela elaboração, sumário e relação de todos os medicamentos selecionados por ordem alfabética e por grupo terapêutico; b) Informações farmacêuticas: grupo farmacológico/terapêutico, nome do produto por denominação genérica, forma farmacêutica, concentração, condições de conservação, validade, excipientes, descrição do produto e categoria; c) Informações farmacológicas: mecanismo de ação e efeitos AN02FREV001/REV 4.0 212 farmacológicos, d) Informações clínicas: indicação com critério de diagnóstico, contraindicação, posologia (dose máxima e mínima para adultos e crianças), intervalo de dose, via de administração, duração do tratamento, precaução e advertências em relação a gestantes, idosos, lactentes, etc.; e) Efeitos adversos/incompatibilidades: efeitos adversos, precauções, interações e incompatibilidades. Com o formulário nas mãos, os prescritores podem tratar dos pacientes mais eficientemente. Atualização periódica do formulário terapêutico deve ser a cada dois anos. 8.1.2.4 As Diretrizes de Tratamento Padronizadas (DTP) A elaboração de DTP é um método efetivo de uniformização do modo como os profissionais da saúde usam os medicamentos para tratar os pacientes e suas doenças. Usando a relação e o formulário terapêutico de medicamentos, a CFT pode elaborar diretrizes específicas sobre como e com quais medicamentos os profissionais deveriam tratar as doenças. Os manuais resultantes também podem conter informação sobre como monitorar as condições de saúde. Como as relações de medicamentos essenciais e a prevalência das doenças mudam, é importante atualizar as DTP e, então, a informação sobre o tratamento estará atualizada (VIDOTTI, SILVA, HOEFLER, 2002). 8.1.3 Aquisição de Medicamentos Segundo Vidotti, Silva, Hoefler (2002), a disponibilidade e os custos AN02FREV001/REV 4.0 213 dos medicamentos estão sensivelmente ligados a um sistema de aquisição. Um processo de aquisição bem constituído garante que os medicamentos selecionados possam ser adquiridos por preços razoáveis, com qualidade aceitável e na quantidade certa. As táticas de aquisição podem variar, mas a maioria dos modelos inclui as seguintes atividades críticas: quantificação da necessidade de medicamentos, gerenciamento da oferta, seleção dos fornecedores e garantia da qualidade dos medicamentos. Por meio do uso de padrões de aquisição apropriados, os países podem reforçar a garantia de que os medicamentos selecionados estarão disponíveis nos centros de saúde. Assim, para executar uma adequada seleção de medicamentos, é importante conhecer primeiro a população: número de habitantes, distribuição etária, aspectos relacionados às atividades econômicas (parcela economicamente ativa, atividades econômicas mais importantes, níveis de renda), ao saneamento, à moradia, à escolaridade e aos padrões socioculturais mais importantes. Logo, não podemos pensar em ações pertinentes à assistência farmacêutica desvinculadas de dados epidemiológicos fornecidos pela avaliação dos indicadores de saúde. Seria impossível planejar os serviços de saúde para um município, estado ou região, e mesmo para uma unidade de saúde, sem uma ideia do perfil de morbidade e mortalidade da população a quem planejamos servir. Precisamos da epidemiologia, portanto, principalmente na seleção, na programação e, ainda, na avaliação da utilização dos medicamentos (MARIN, 2003). 8.1.4 Distribuição de Medicamentos Segundo Vidotti, Silva e Hoefler (2002), o sistema de distribuição consiste principalmente em entregar os medicamentos adquiridos para as clínicas, hospitais e centros de saúde que os utilizam. A distribuição efetiva inclui a liberação dos medicamentos, transportá-los e fazer a entrega em AN02FREV001/REV 4.0 214 tempo, manter os registros, manutenção dos níveis adequados de estoque e o gerenciamento do estoque disponível. As pessoas responsáveis pelo controle de estoque devem monitorar os prazos de validade, os níveis de inventário e as condições de estocagem, bem como a luz, temperatura e a limpeza. O sistema de distribuição deve funcionar de acordo com as boas práticas de aquisição para garantir medicamentos necessários, no tempo certo e em boas condições para os pacientes. 8.1.5 Utilização de Medicamentos Segundo Vidotti, Silva e Hoefler (2002), para que os pacientes utilizem os medicamentos, de forma efetiva e de modo racional, devem receber a dose e a orientação correta sobre o medicamento para melhor tratar sua doença. Os pacientes também precisam de medicamentos suficientes, pelo período adequado, a custo baixo para eles e/ou para o sistema de saúde. Por exemplo, se o tratamento de pneumonia deve ser feito, por dez dias, com o antibiótico Amoxicilina, utilizado três vezes ao dia, 30 doses deste antibiótico devem ser prescritas, dispensadas e usadas pelo paciente. Mas as informações sobre os cuidados que deve ter ao utilizar os medicamentos corretamente e durante o tempo necessário, vão ajudar o paciente a evitar problemas relacionados com os medicamentos (reações adversas, interações medicamentosas) e contribuir para otimizar a farmacoterapia prescrita. O médico, o farmacêutico e o paciente devem entender os seus papéis no tratamento da doença. Nesta fase do ciclo da assistência farmacêutica, devemos reforçar o papel do farmacêutico na interação médico e paciente (figura 16). O farmacêutico deve se corresponsabilizar pelo bem-estar do paciente e trabalhar para que este não tenha sua qualidade de vida comprometida por um problema evitável, decorrente de uma terapia farmacológica. Este é um compromisso de extrema relevância, já que os eventos adversos a medicamentos são AN02FREV001/REV 4.0 215 considerados hoje uma patologia emergente e são responsáveis por grandes perdas, sejam estas de ordem financeira ou de vida. FIGURA 16 - PRÁTICA FARMACÊUTICA FONTE: Strand, 2007. A esta prática farmacêutica dá-se o nome de Atenção Farmacêutica. Logo, Atenção Farmacêutica é definida como: Um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da assistência farmacêutica. Ela compreende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromisso, corresponsabilidade na prevenção de doenças e recuperação de saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados à melhoria de qualidade de vida.Esta interação também deve envolver as concepções do sujeito, sendo respeitadas as suas especificidades biopsicossocial, sob a ótica da integralidade das ações de saúde (BRASIL, 1998). Os componentes da prática profissional para exercício da profissão são: Educação em saúde (incluindo promoção de uso racional de medicamentos); Orientação farmacêutica; AN02FREV001/REV 4.0 216 Dispensação; Atendimento farmacêutico; Acompanhamento/Seguimento fármaco-terapêutico; Registro sistemático das atividades, mensurações e validações dos resultados. Os termos relacionados ao processo de trabalho de Atenção Farmacêutica (figura 17) são: a) Problemas relacionados com medicamentos (PRM): é um problema de saúde, relacionado ou suspeito de estar relacionado à farmacoterapia, que interfere ou pode interferir nos resultados terapêuticos e na qualidade de vida do usuário. A identificação de PRMs segue os princípios da necessidade, efetividade e segurança, próprios da farmacoterapia; b) Acompanhamento/Seguimento farmacoterapêutico: é um componente da Atenção Farmacêutica e configura um processo no qual o farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades do usuário relacionadas ao medicamento. Por meio de detecção, prevenção e resolução dos PRMs, de forma sistemática, contínua e documentada, com o objetivo de alcançar resultados definidos, buscando a melhoria de vida do usuário. A promoção da saúde também é componente da Atenção Farmacêutica e ao fazer acompanhamento é imprescindível que se faça promoção; c) Atendimento farmacêutico: é o ato que o farmacêutico, fundamentado na sua práxis, interage e responde à demanda dos usuários do sistema de saúde, buscando a resolução de problemas de saúde que envolvam ou não o uso de medicamentos. Este processo pode compreender escuta ativa, identificação de necessidades, análise da situação, tomada de decisão, definição de conduta, documentação, avaliação; AN02FREV001/REV 4.0 217 d) Intervenção farmacêutica: é um ato planejado, documentado e realizado junto ao usuário e os profissionais de saúde, que visa prevenir ou resolver problemas que interferem ou podem interferir na farmacoterapia, sendo parte integrante do Acompanhamento/Seguimento Farmacoterapêutico. FIGURA 17 - PROCESSO DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA FONTE: Strand, 2007. Estas 10 condições indicam 50% de todas as indicações com terapias medicamentosas: Hipertensão, Hiperlipidemia, Diabetes, Osteoporose, Vitaminas/Dieta de Suplementação, Rinites alérgicas, Esofagite, Depressão, Menopausa e Artrites (dor). O farmacêutico é o último profissional de saúde que tem contato direto com o paciente depois da decisão médica pela terapia farmacológica. Desta forma, torna-se corresponsável pela sua qualidade de vida, justificando a sua participação na equipe multiprofissional de saúde. AN02FREV001/REV 4.0 218 8.2 SEÇÃO 2 – USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS Uso racional de medicamentos dentro da proposta da Política Nacional de Medicamentos é o processo que compreende a prescrição apropriada; a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis; a dispensação em condições adequadas; e o consumo nas doses indicadas, nos intervalos definidos e no período de tempo indicado de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade (BRASIL, 1998). Esta definição ampla reconhece que promover o uso racional de medicamentos é um desafio que depende de vários fatores, dentre eles, educação, informação adequada aos médicos, equipes de saúde e consumidores. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há uso racional de medicamentos quando “pacientes recebem medicamentos apropriados para suas condições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade”. Como exemplo de uso inapropriado de medicamentos tem-se: o uso de muitos medicamentos por paciente (polimedicamentos); o uso inapropriado de antimicrobianos, frequentemente em posologias inadequadas ou para infecções não bacterianas; o uso excessivo de injetáveis, quando há disponibilidade de formas farmacêuticas orais mais apropriadas; a prescrição em desacordo com diretrizes clínicas; a automedicação feita de forma inapropriada, frequentemente com medicamentos vendidos sob prescrição. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (1997) há 12 intervenções para a promoção do uso racional de medicamentos: - Comitê nacional estabelecido de forma multidisciplinar para coordenar as políticas de uso racional; - Diretrizes clínicas; - Listas de medicamentos essenciais; AN02FREV001/REV 4.0 219 - Comitês de Farmácia e Terapêutica em distritos e hospitais; - Capacitação em Farmacoterapia baseada em problemas nos cursos de graduação; - Educação médica continuada em serviço como requisito para registro profissional; - Supervisão, auditoria e feedback; - Informação fidedigna e isenta sobre medicamentos; - Educação dos usuários sobre medicamentos; - Não permissão a incentivos perversos; - Regulamentação e fiscalização apropriadas; -Gasto governamental suficiente para assegurar disponibilidade de medicamentos e infraestrutura. Ainda, como medidas regulatórias que apoiam o uso racional de medicamentos têm-se: - Registro de medicamentos mediante evidências de que sejam seguros, eficazes e de boa qualidade; medicamentos disponíveis no mercado considerados inseguros deveriam ser banidos; - Revisão da classificação de medicamentos sob prescrição; incluindo a limitação de certos medicamentos a serem disponibilizados apenas sob prescrição e não como venda livre; - Estabelecimento de padrões educacionais para os profissionais de saúde, com fortalecimento do cumprimento dos códigos de conduta, em cooperação com entidades profissionais e universidades; - Registro de profissionais de saúde: médicos, enfermeiras e demais profissionais, assegurando que tenham a necessária competência para a prática relacionada com diagnóstico, prescrição, dispensação e administração; - Licenciamento de estabelecimentos farmacêuticos: farmácias, distribuidoras, assegurando que cumpram todos os padrões de funcionamento e de dispensação; - Monitoração e regulação da promoção de medicamentos, assegurando informação ética e sem vieses; - Todos os materiais promocionais devem ser isentos, fidedignos, com AN02FREV001/REV 4.0 220 informações balanceadas e atualizadas. Recomenda-se ainda a criação de Comitês Nacionais multidisciplinares e interinstitucionais para coordenar as políticas e estratégias de Uso Racional de Medicamentos em âmbitos público e privado. Tais comitês teriam como funções: implementação e avaliação de atividades para a promoção de uso racional dos medicamentos; inclusão em seu escopo de aspectos reguladores de políticas, promoção e atenção à saúde; articulação entre diferentes setores e atores envolvidos. 8.3 SEÇÃO 3 – AÇÕES PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS EM SAÚDE Segundo o Ministério da Saúde, as ações programáticas estratégicas em saúde são: a saúde da mulher, a saúde da criança, a saúde do adolescente e do jovem, a saúde do idoso, a saúde de pessoas com deficiência física, a saúde do trabalhador, a saúde mental e a saúde no sistema penitenciário (BRASIL, 2008). 8.3.1 Saúde da Mulher Os programas de atenção à saúde da mulher no país voltaram-se tradicionalmente para o grupo materno-infantil, enfocando as condições de gestação e do parto, para garantir o nascimento de crianças sadias. O Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) surgiu em 1984, com base no conceito da Atenção Integral à Saúde da Mulher (AISM), passando a prestar um atendimento integral, visando exames para detectar câncer cervicouterino e de mama, controle deDST, assistência ao planejamento, que inclui tanto a infertilidade como a contracepção (SCHOR, 2000 apud ANTONIO, 2007). AN02FREV001/REV 4.0 221 Marcando, sobretudo, uma ruptura conceitual com os princípios norteadores da política de saúde das mulheres e os critérios para eleição de prioridades neste campo (BRASIL 2008). Conforme Paniz, Fassa e Silva (2005 apud ANTONIO, 2007), o conhecimento sobre os anticoncepcionais pode contribuir para que as pessoas escolham os métodos mais adequados ao seu comportamento sexual, às suas condições de saúde e financeiras, além de proporcionar o uso correto do método escolhido. Promover o acesso à informação é um aspecto importante no planejamento familiar, uma das ações do PAISM. 8.3.2 Saúde da Criança A Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno tem como objetivo elaborar as diretrizes políticas e técnicas para a atenção integral à saúde da criança de 0 a 10 anos de idade. Entre as atividades desenvolvidas, destacam-se as seguintes: elaborar, desenvolver e apoiar projetos junto aos estados e municípios. Além disso, emitir pareceres sobre questões referentes à saúde da criança – sejam projetos de lei, por solicitação da consultoria jurídica ou de outros setores do Ministério da Saúde – e participar de projetos desenvolvidos em conjunto com outras áreas desse ministério. Atenção integrada à saúde da criança: redução da mortalidade infantil, comitê de óbito infantil e fetal, rede norte-nordeste de saúde perinatal, atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso, vigilância à saúde infantil, caderneta de saúde da criança, dicas para o bem-estar da criança e política nacional do aleitamento materno. 8.3.3 Saúde do Adolescente e do Jovem http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/visualizar_texto.cfm?idtxt=26363 http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/visualizar_texto.cfm?idtxt=26363 AN02FREV001/REV 4.0 222 O Ministério da Saúde vem elaborando políticas nacionais integradas, principalmente com a participação juvenil, voltadas para a promoção, proteção e recuperação da saúde de adolescentes e jovens, de forma a garantir uma atenção integral à saúde desta população. Isso significa reduzir as principais doenças e agravos, melhorar a vigilância à saúde e contribuir para a qualidade de vida destes 54 milhões de cidadãos brasileiros, na faixa etária entre 10 e 24 anos de idade. Grande parte das atividades e ações desenvolvidas nas estratégias da saúde do adolescente e do jovem é realizada em parceria com a Área da Saúde da Mulher, da Saúde Mental, Saúde da Pessoa com Deficiência, Saúde do Trabalhador, Tabagismo e DST/AIDS, principalmente com relação ao Programa Saúde e Prevenção na Escola. Atenção integrada à saúde de adolescentes e jovens: crescimento e desenvolvimento, saúde sexual e saúde reprodutiva, redução da morbimortalidade por violência e acidentes. 8.3.4 Saúde do Idoso Atenção integral à saúde da população idosa enfatiza o envelhecimento saudável e ativo. No Brasil, este fortalecimento do protagonismo das pessoas idosas está regulamentado pela Portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006. São diretrizes importantes para a atenção integral à saúde do idoso: -promoção do envelhecimento ativo e saudável; -manutenção e reabilitação da capacidade funcional; -apoio ao desenvolvimento de cuidados informais. O envelhecimento ativo e saudável compreende ações que promovem modos de viver favoráveis à saúde e à qualidade de vida, orientados pelo desenvolvimento de hábitos como: alimentação adequada e balanceada, prática regular de exercícios físicos, convivência social estimulante, busca de AN02FREV001/REV 4.0 223 atividades prazerosas e/ou que atenuem o estresse, redução dos danos decorrentes do consumo de álcool e tabaco e diminuição significativa da automedicação. Cabe, portanto, à gestão municipal da saúde desenvolver ações que objetivem a construção de uma atenção integral à saúde dos idosos em seu território. Atenção integral à saúde dos idosos: no âmbito municipal, é fundamental organizar as equipes de Saúde da Família e a atenção básica, incluindo a população idosa em suas ações (por exemplo: atividades de grupo, promoção da saúde, hipertensão e diabetes, sexualidade, DST/AIDS). Seus profissionais devem estar sensibilizados e capacitados a identificar e atender às necessidades de Saúde dessa população. 8.3.5 Saúde da Pessoa com Deficiência Física A Política Nacional de saúde da pessoa com deficiência pressupõe a articulação intra e intersetorial da responsabilidade compartilhada com as três esferas de gestão do SUS, e pela parceria com os diferentes setores da sociedade civil (ONGs, representações de usuários e associações Científicas) interessadas na Atenção e Inclusão Social das Pessoas com Deficiências. Diretrizes: promover a qualidade de vida das pessoas com deficiências, assistir integralmente a saúde das pessoas com deficiências, prevenir deficiências, organizar o funcionamento dos serviços de atenção à pessoa com deficiência, ampliar e fortalecer os mecanismos de informações e capacitar recursos humanos. Objetivos: apoiar, acompanhar e avaliar a implementação da Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência, bem como os programas, planos e ações dela decorrentes; assessorar e apoiar os estados e municípios na formulação e implementação das suas respectivas políticas em consonância com a Política Nacional; apoiar a criação e organização de serviços de atenção e reabilitação da pessoa com deficiência, de acordo com as normas e AN02FREV001/REV 4.0 224 parâmetros do Sistema Único de Saúde; promover e apoiar ações de prevenção de deficiências e melhoria de qualidade de vida, na população em geral, e a prevenção de agravos à saúde da população com deficiência; apoiar, monitorar e avaliar o fornecimento de órteses, próteses e medicamentos necessários à reabilitação da pessoa portadora de deficiência; apoiar ações de reabilitação utilizando recursos comunitários, em conformidade com a filosofia e estratégias do Programa de Saúde da Família e de Agentes Comunitários de Saúde; apoiar a capacitação de recursos humanos especializados para o atendimento das pessoas com deficiências; apoiar a realização de estudos e pesquisas epidemiológicas sobre deficiências, para apoiar o planejamento das ações voltadas para essa população; sistematizar e disseminar informações relativas à saúde da população com deficiência e elaborar normas para a regulamentação da atenção à saúde da população com deficiência. 8.3.6 Saúde Mental Dados importantes: 3% da população geral sofrem com transtornos mentais severos e persistentes; mais de 6% da população apresenta transtornos psiquiátricos graves, decorrentes do uso de álcool e outras drogas; 12% da população necessitam de algum atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual; 2,3% do orçamento anual do SUS são destinados para a saúde mental. A internação de pessoas portadoras de transtornos mentais no Brasil remonta à metade do Século XIX. Desde então, atenção aos portadores de transtornos mentais foi quase sinônimo de internação em hospitais psiquiátricos especializados. Cabe ressaltar ainda que a oferta desse atendimento hospitalar concentrou-se nos centros de maior desenvolvimento econômico do país, deixando vastas regiões carentes de qualquer recurso de assistência em saúde mental. AN02FREV001/REV 4.0 225 A partir dos anos 70, têm início experiências de transformação da assistência, pautadas, no começo, pela reforma intramuros das instituições psiquiátricas (comunidades terapêuticas) e mais tarde pela proposição de um modelo centrado na comunidade e substitutivo ao modelo do hospital especializado. Política Nacional de saúde mental:tem como objetivo reduzir progressivamente os leitos psiquiátricos, qualificar, expandir e fortalecer a rede extra-hospitalar – Centros de Atenção Psicossocial. (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) e Unidades Psiquiátricas em Hospitais Gerais (UPHG) –, incluir as ações da saúde mental na atenção básica, implementar uma política de atenção integral a usuários de álcool e outras drogas, implantar o programa “De Volta Para Casa”, manter um programa permanente de formação de recursos humanos para reforma psiquiátrica, promover direitos de usuários e familiares, incentivando a participação no cuidado, garantir tratamento digno e de qualidade ao deficiente mental infrator (superando o modelo de assistência centrado no Manicômio Judiciário) e avaliar continuamente todos os hospitais psiquiátricos por meio do Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares - PNASH/ Psiquiatria. 8.3.7 Saúde no Sistema Penitenciário A Política Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário foi instituída pela Portaria Interministerial n° 1.777, de 09 de setembro de 2003. Tem por objetivo organizar o acesso da população penitenciária às ações e serviços de saúde do Sistema Único de Saúde, com a implantação de unidades de saúde de atenção básica nas unidades prisionais, e organização das referências para os serviços ambulatoriais especializados e hospitalares. Tem como público-alvo 100% da população penitenciária brasileira, recolhida em unidades masculinas, femininas e psiquiátricas. http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Portaria%20n%201.777%20de%202003.pdf AN02FREV001/REV 4.0 226 As ações de atenção básica são desenvolvidas por equipes multiprofissionais (médico, enfermeiro, odontólogo, psicólogo, assistente social, auxiliar ou técnico de enfermagem e auxiliar de consultório odontológico), articuladas às redes assistenciais de Saúde. As equipes têm como atribuições fundamentais: planejamento das ações de saúde; promoção e vigilância; trabalho interdisciplinar em equipe. 8.3.8 Saúde do Trabalhador A saúde do trabalhador é regulamentada nas seguintes portarias: Portaria nº 3.908/GM, de 30 de outubro de 1998, estabelece procedimentos para orientar e instrumentalizar as ações e serviços de Saúde do Trabalhador no Sistema Único de Saúde (SUS); Portaria Interministerial nº 800, de 03 de maio de 2005, publica o texto-base da minuta de Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalho; Portaria nº 1.125/GM, de 06 de julho de 2005, dispõe sobre os propósitos da política de saúde do trabalhador para o SUS. 8.4 SEÇÃO 4 - SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA Conforme Antonio (2006), os artigos nº 15 a 18 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária “compreende o conjunto de ações executado por instituições da Administração Pública que exerçam atividades de regulação, normatização, controle e fiscalização na área de vigilância sanitária” (BRASIL, 1990a). AN02FREV001/REV 4.0 227 O conceito de vigilância sanitária originou-se por volta dos séculos XVIII e XIX e acompanha o modelo existente em Portugal. Isso aconteceu com o surgimento da noção de “polícia sanitária”, que tinha como função regulamentar o exercício da profissão, combater a falsificação e exercer o saneamento da cidade, com o objetivo de vigiar a cidade para evitar a propagação das doenças (EDUARDO; 2005). Nesta época as ações da vigilância sanitária eram de fiscalização e punição. Atualmente, segundo o inciso 1, do artigo 6, da seção XI, do capítulo I da Lei nº 8.080, 19 de setembro de 1990, entende-se por vigilância sanitária: [...] um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde (BRASIL, 1990a, p. 1). Segundo Bobbio (apud SHUQAIR, 1996), a expressão “eliminar, diminuir ou prevenir”, usada em vigilância sanitária, evidencia o caráter do poder de polícia, mas, ao ser somada pela sua função de “intervir nos problemas” faz o que o autor denomina de promoção do Direito, significando uma ação positiva do Estado. Deve-se destacar na definição de Vigilância Sanitária o termo “controle”. Para Shuqair (1996, p. 15), “o controle pode operar em quatro maneiras: prevenindo; reprimindo, promovendo e premiando”. Assim, o termo “controle” constitui “as duas faces de uma mesma moeda”, pois ambas fazem a prevenção do dano e a promoção do bem-estar. A Vigilância Sanitária não deve ser apenas um órgão com poder de polícia do setor de saúde, pois possui elementos que não são apenas de natureza proibitiva. “A orientação com caráter educativo é um exemplo de ação de natureza promocional”, como afirma Shuqair (1996, p. 15). Neste momento a vigilância sanitária apresenta o poder de interferir em toda a reprodução das condições econômico-sociais e de vida, isto é, em todos AN02FREV001/REV 4.0 228 os fatores determinantes do processo saúde-doença. Com a ampliação do campo de atuação da vigilância sanitária, mantêm-se ainda suas características mais antigas, especialmente as atribuições e formas de atuar assentadas na fiscalização, na observação do fato, no licenciamento de estabelecimentos, no julgamento de irregularidades e na aplicação de penalidades, funções decorrentes do seu poder de polícia (EDUARDO, 2005). Para Eduardo (2005), as atribuições relacionadas à educação e à normatização representam um importante passo na evolução de uma consciência sanitária, cuja finalidade é de defesa do direito do consumidor e da cidadania. Esta fase educativa teve início com o estabelecimento do direito de defesa do consumidor pela Constituição Federal de 1988, consolidada pelo Código de Defesa do Consumidor, regulamentada pela Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, devido à incapacidade do mercado de consumo de proteger efetivamente o consumidor com suas próprias leis. Este código possibilita a criação de uma nova relação entre o Estado, a sociedade e a Vigilância Sanitária. Ainda, conforme o autor, o usuário, objeto de proteção da Vigilância Sanitária, passa a ser um aliado importante, um “vigilante voluntário”, da transformação das condições de saúde, reforçando o papel educativo e conscientizador da Vigilância Sanitária. A intervenção do Estado nas relações entre produtores e consumidores expressa-se de duas formas: uma por meio do controle das práticas de produção, determinando as normas técnicas e padrões de produção e exercendo a fiscalização para o cumprimento dessas normas e para prevenir/evitar o dano no ato do consumo; outra por intermédio do estabelecimento do direito básico do consumidor e da disponibilização do Estado a seu serviço, seja na elucidação dos procedimentos que motivaram um dano, seja no aparato legal necessário à reparação do dano ao consumidor (EDUARDO, 2005, p. 1). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) foi criada com a Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, autarquia sob regime especial caracterizada pela sua independência administrativa, estabilidade de seus AN02FREV001/REV 4.0 229 dirigentes e autonomia financeira, vinculada ao Ministério da Saúde, com sede no Distrito Federal. (BRASIL, 1999). A autarquia conta, atualmente, com nove gerências-gerais de áreas específicas (tecnologia de produtos de saúde, de medicamentos, de cosméticos, de inspeção e controle de medicamentos e produtos, de portos, aeroportos e fronteiras, de relaçõesinternacionais, de alimentos, de gestão administrativa e financeira, de regulação econômica e de monitoramento de mercado) (DIAS, 2003). De acordo com o artigo 6, da Lei nº 9.782/99: A Agência terá por finalidade institucional promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos e de fronteiras (BRASIL, 1999a, p. 2). Todavia, a ANVISA tem a responsabilidade de regulamentar, de controlar e de fiscalizar os produtos e serviços que envolvam riscos à saúde pública, de acordo com artigo 8, da Lei nº 9.782/99 (BRASIL, 1999a). Para isso, o Estado, responsável por esta tarefa, buscou uma estrutura planejada para atuar nos seus devidos níveis: federal, estadual e municipal. A partir da criação da ANVISA surgem – para substituir as Portarias de Ministros da Saúde no campo da Vigilância Sanitária – os Regulamentos de Diretoria Colegiada (RDC)1, que têm o poder de alterar as portarias em um mesmo nível hierárquico. Segundo artigo 2, da Lei nº 9.782/99, cabe à União, no âmbito do Sistema de Vigilância Sanitária: 1 Diretoria Colegiada é composta de cinco diretores, um dos quais é seu diretor-presidente, com mandato de quatro e três anos, respectivamente, reconduzidos uma única vez, todos nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado. A exoneração imotivada somente poderá ocorrer nos quatro meses iniciais do mandato. Após, somente, por ato de improbidade administrativa, condenação judicial transitada em julgado, ou descumprimento do contrato de gestor (DIAS, 2003, p. 30). AN02FREV001/REV 4.0 230 I - definir a Política Nacional de Vigilância Sanitária; II - definir o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária; III - normatizar, controlar e fiscalizar produtos, substâncias e serviços de interesse para a saúde; IV - exercer a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, podendo essa atribuição ser supletivamente exercida pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios; V - acompanhar e coordenar as ações estaduais, distrital e municipais de vigilância sanitária; VI - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; VII - atuar em circunstâncias especiais de risco à saúde; e VIII - manter sistema de informações em vigilância sanitária, em cooperação com os Estados, o Distrito Federal. (BRASIL, 1999a, p. 1). Conforme o mesmo documento compete à agência, em relação ao controle sanitário de medicamentos, em nível federal, delegar as seguintes atribuições aos Estados e Municípios, previstas nos incisos I, V, VIII, IX, XV, XVI, XVII, XVIII e XIX da Lei 9.782/99: I - coordenar o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária; II - fomentar e realizar estudos e pesquisas no âmbito de suas atribuições; III - estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as políticas, as diretrizes e as ações de vigilância sanitária; IV - estabelecer normas e padrões sobre limites de contaminantes, resíduos tóxicos, desinfetantes, metais pesados e outros que envolvam risco à saúde; V - intervir, temporariamente, na administração de entidades produtoras, que sejam financiadas, subsidiadas ou mantidas com recursos públicos, assim como nos prestadores de serviços e ou produtores exclusivos ou estratégicos para o abastecimento do mercado nacional, obedecido o disposto no art. 5º da Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, com a redação que lhe foi dada pelo art. 2º da Lei nº 9.695, de 20 de agosto de 1998; VI - administrar e arrecadar a taxa de fiscalização de vigilância sanitária, instituída pelo art. 23 desta Lei; VII - autorizar o funcionamento de empresas de fabricação, distribuição e importação dos produtos mencionados no art. 6º desta Lei; VIII - anuir com a importação e exportação dos produtos mencionados no art. 8º desta Lei; IX - conceder registros de produtos, segundo as normas de sua área de atuação; X - conceder e cancelar o certificado de cumprimento de boas práticas de fabricação; XI - exigir, mediante regulamentação específica, a certificação de conformidade no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação - SBC, de produtos e serviços sob o regime de AN02FREV001/REV 4.0 231 vigilância sanitária segundo sua classe de risco; XII - exigir o credenciamento, no âmbito do SINMETRO, dos laboratórios de serviços de apoio diagnóstico e terapêutico e outros de interesse para o controle de riscos à saúde da população, bem como daqueles que impliquem a incorporação de novas tecnologias; XIII - exigir o credenciamento dos laboratórios públicos de análise fiscal no âmbito do SINMETRO; XIV - interditar, como medida de vigilância sanitária, os locais de fabricação, controle, importação, armazenamento, distribuição e venda de produtos e de prestação de serviços relativos à saúde, em caso de violação da legislação pertinente ou de risco iminente à saúde; XV - proibir a fabricação, a importação, o armazenamento, a distribuição e a comercialização de produtos e insumos, em caso de violação da legislação pertinente ou de risco iminente à saúde; XVI - cancelar a autorização de funcionamento e a autorização especial de funcionamento de empresas, em caso de violação da legislação pertinente ou de risco iminente à saúde; XVII - coordenar as ações de vigilância sanitária realizadas por todos os laboratórios que compõem a rede oficial de laboratórios de controle de qualidade em saúde; XVIII - estabelecer, coordenar e monitorar os sistemas de vigilância toxicológica e farmacológica; XIX - promover a revisão e atualização periódica da farmacopeia; XX - manter sistema de informação contínuo e permanente para integrar suas atividades com as demais ações de saúde, com prioridade às ações de vigilância epidemiológica e assistência ambulatorial e hospitalar; XXI - monitorar e auditar os órgãos e entidades estaduais, distrital e municipais que integram o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, incluindo-se os laboratórios oficiais de controle de qualidade em saúde; XXII - coordenar e executar o controle da qualidade de bens e produtos relacionados no art. 8º desta Lei, por meio de análises previstas na legislação sanitária, ou de programas especiais de monitoramento da qualidade em saúde; XXIII - fomentar o desenvolvimento de recursos humanos para o sistema e a cooperação técnico-científica nacional e internacional; XXIV - autuar e aplicar as penalidades previstas em lei (BRASIL, 1999a, p. 3). Os incisos V, XI, XII a XVI, XXI e XXIV são atribuições conferidas pelo poder de polícia (fiscalização). Portanto, é de incumbência federal coordenar o sistema nacional de vigilância sanitária. Enquanto o Estado-membro coordena em caráter complementar e executa as atividades de vigilância sanitária em âmbito estadual, o município executa os serviços de vigilância sanitária. AN02FREV001/REV 4.0 232 Contudo, o Decreto Lei n° 79094, de 05 de janeiro de 1977, trata que as atividades de registros de medicamentos, bem como sua autorização de importação e sua concessão de licença de funcionamento para a fabricação ou manipulação de drogas, medicamentos e insumos farmacêuticos e seus correlatos são de competência federativa, ficando como tarefa do município a fiscalização e o controle sanitário dos estabelecimentos (BRASIL, 1977b). Para Barros (2003, p. 19), “poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado”. Em outras palavras, pode-se dizer que o poder de polícia é o mecanismo de frenagemde que dispõe a Administração Pública para conter os abusos do direito individual. Tem como razão o interesse social e está funcionando na supremacia geral que o Estado exerce em seu território sobre todas as pessoas, bens e atividades (BARROS, 2003). De acordo com Shuqair (1996) e Barros (2003), os princípios do poder de polícia são: a moralidade (agir conforme os princípios éticos da honestidade e da lealdade), a publicidade (divulgação oficial do ato administrativo para o conhecimento público), a legalidade (só pode fazer o que está na lei) e a impessoalidade (os atos do administrador público devem ocorrer de acordo com o interesse público, sendo vedado praticar atos visando interesse próprio ou de terceiros). Os atributos do poder de polícia são: a discricionariedade (livre escolha pela Administração da oportunidade e conveniência de exercer o poder de polícia, bem como de aplicar sanções); a autoexecutoriedade (decidir e executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem intermédio do Judiciário) e a coercibilidade (imposição coativa das medidas adotadas pela Administração, admitindo até o emprego da força pública para o seu cumprimento quando houver resistência) (SHUQAIR, 1996; BARROS, 2003). De acordo com Carvalho, Machado e Timm (2004, p. 113) “o poder de polícia é fundamental para manutenção do Estado Democrático de Direito, sendo que, em essência, o Estado é, antes de tudo, policial”. Esta atividade consiste em uma atividade fiscalizadora que deve ser reservada, dentro dos AN02FREV001/REV 4.0 233 limites da lei, sem ferir os princípios da propriedade, da livre iniciativa e da liberdade profissional. 8.4.1 Regulamentação Sanitária de Medicamento no Brasil A regulamentação sanitária trata-se de um dispositivo legal que representa a intervenção do Estado em defesa da população brasileira como preceito da Constituição de 1988. Em 1808, com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, foi necessário aumentar o controle sanitário para evitar a ocorrência de doenças epidêmicas, devido à mudança de rotina nas colônias com a intensificação do fluxo das embarcações, passageiros e mercadorias (GARCIA, et al., 2004). Assim, foram estabelecidas normas para controle sanitário dos portos, para a inspeção de matadouros, boticas, drogas e medicamentos e para a licença ao exercício da medicina e da farmácia. De acordo com a história e a trajetória da regulamentação sanitária de medicamento no Brasil ressaltam-se alguns documentos: No Brasil, o controle sanitário do comércio de medicamento foi regulamentado a partir da Lei 5.991, de 17 de dezembro de 1973. O artigo 6º, capítulo 2, da referida Lei, determina que a dispensação de medicamentos é privativo de farmácias, drogarias, postos de medicamentos e dispensários de medicamentos. De acordo com o artigo 8º só poderão ser entregues aos usuários medicamentos ou insumos farmacêuticos que apresentem padrão de qualidade reconhecido (BRASIL, 1973). A vigilância sanitária do medicamento foi regulamentada com o advento da Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976. Esta lei estabelece que o Ministério da Saúde pode, em qualquer momento e para efeito de segurança sanitária, suspender produtos referidos em lei, mesmo sendo registrados, mas suspeitos de serem nocivos à saúde humana (BRASIL, 1976). AN02FREV001/REV 4.0 234 O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado com a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, e compreende o conjunto de serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas: federal, estaduais, municipais da administração direta e indireta e das funções mantidas pelo Poder Público. A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social. (BRASIL, 1990a, p.1). Devido à necessidade de assegurar a qualidade, segurança e eficácia do medicamento genérico e garantir sua intercambialidade com o respectivo produto de referência, foi criada a Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, também conhecida como Lei dos Genéricos e juntamente a Resolução RDC nº 391, de 09 de agosto de 1999, que aprovaram o Regulamento Técnico para Medicamentos Genéricos, ou seja, as provas de biodisponibilidade dos medicamentos em geral e as provas de bioequivalência, a aferição da equivalência terapêutica, o registro, a intercambialidade e a dispensação dos medicamentos genéricos, regem-se por este regulamento. A referida lei constitui a instituição do medicamento genérico no país uma prioridade da política de medicamentos do Ministério da Saúde. Com a lei dos genéricos inicia-se uma preocupação com a biodisponibilidade dos medicamentos, com a bioequivalência e com a aferição da equivalência terapêutica. Os estudos de bioequivalência e biodisponibilidade apresentam hoje um papel chave no desenvolvimento de novos fármacos, como para seus equivalentes genéricos (CHEN, et al., 2001). Com a globalização e a proliferação de novas drogas no mercado, os testes de biodisponibilidade e de bioequivalência tornam-se referencial no âmbito internacional para o registro de fármacos (STERNEJANS, HAUSCHKE, 1997). Segundo a recomendação do FDA, estes testes devem ser realizados durante o processo de desenvolvimento, bem como após sua aprovação quando surgir alguma AN02FREV001/REV 4.0 235 alteração na formulação (CHEN, et al., 2001). Assim, a Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, esclarece que: a) Biodisponibilidade: “indica a velocidade e a extensão de absorção de um princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentração/tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina”; b) Bioequivalência: “são equivalentes farmacêuticos, ao serem administrados na mesma dose molar, nas mesmas condições experimentais, não apresentam diferenças estatisticamente significativas em relação à biodisponibilidade” (BRASIL, 1999b, p. 1). A permuta entre um medicamento genérico com o seu medicamento de referência (o de marca) está baseada no conceito de equivalência terapêutica entre os mesmos (STORPIRTIS, et al., 2005). A bioequivalência de dois fármacos se dá quando os mesmos apresentam um mesmo princípio ativo, uma mesma dosagem e uma mesma forma farmacêutica e, que, por meio de um ensaio in vivo, apresentam a mesma biodisponibilidade (concentrações plasmáticas são semelhantes ao do produto de marca) (SCHARGEL, YU, 2005). Isso constitui a base para a comercialização de medicamentos genéricos no Brasil, e, segundo a Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, o medicamento só poderá ser registrado como genérico se comprovar sua equivalência farmacêutica em relação ao de referência (BRASIL, 1999b). O preço de venda dos medicamentos genéricos é inferior em relação ao do inovador. Isso se dá porque o investimento econômico, realizado pelo laboratório farmacêutico para o seu desenvolvimento e comercialização, é menor que nos casos de medicamentos inovadores, já que não é necessário demonstrar a eficácia e a relação risco/benefício do produto (SANTOS; SANCHO; MÚGICO, 2005). De acordo com Santos, Sanchos e Múgico (2005), a absorção sistêmica de um medicamento administrado por via oral compreende três etapas: dissolução, absorção e chegada à circulação sistêmica. Logo, qualquer fator que afeta algumas destas três etapas pode alterar o seu efeito terapêutico AN02FREV001/REV 4.0 236 e a biodisponibilidade desse produto. Segundo Banakar (1992),as preocupações em relação à bioequivalência, biodisponibilidade e intercambialidade surgem pelo fato de que existem vários aspectos que alteram a dissolução, a absorção e a liberação do fármaco no organismo, os quais devem ser estudados durante o seu desenvolvimento farmacotécnico do produto. Conforme Santos, Sanchos e Múgico (2005), esses fatores podem ser relacionados com o produto (forma farmacêutica) ou com o paciente. Assim, os fatores que podem alterar a dissolução do fármaco estão relacionados com o processo de obtenção do fármaco e suas propriedades e com a natureza dos excipientes e a tecnologia de produção. No tocante aos fatores relacionados à bioequivalência cita-se o polimorfismo – que pode influenciar na biodisponibilidade, na estabilidade da forma farmacêutica, no comportamento estereoquímico de algumas moléculas – uma vez que a maioria das rotas de sínteses, empregadas atualmente, dá origem a racematos (ativos que apresentam atividades biológicas distintas) e nas características físico químicas dos fármacos (solubilidade, higrocospicidade e tamanho de partícula) (ARANCIBIA; PEZOA, 2005; CHERESON, 1999). Em relação à natureza dos excipientes presentes nas formulações farmacêuticas, estes podem afetar a velocidade de dissolução do fármaco, pois dependem da quantidade apresentada nas formulações (quantidade de desagregante, revestimentos especiais, lubrificantes e poder de compressão dos excipientes) (GIBALDI, 2005; CHERESON, 1999). Isso vem reforçar a necessidade de reavaliação dos testes de bioequivalência e biodisponibilidade e após registro quando ocorrer alteração nas formulações (BRASIL, 1999b). Além disso, o processo de fabricação e as novas tecnologias disponíveis no âmbito da indústria farmacêutica também podem influenciar na dissolução e biodisponibilidade do mesmo (SANTOS; SANCHO; MÚGICO, 2005). Em 2000, a Resolução RDC nº 33, de 19 de abril de 2000, atualmente substituída pela Resolução RDC nº 67, de 08 de outubro de AN02FREV001/REV 4.0 237 2007, fixa os requisitos mínimos para manipulação, fracionamento, conservação, transporte, dispensação de preparação magistrais e oficinais, alopáticas e ou homeopáticas e de outros produtos de interesse da saúde. Este Regulamento Técnico aprova as Boas Práticas de Manipulação de Medicamentos em Farmácias, tais como: a) Boas Práticas de Manipulação em Farmácia (BPMF); b) Boas Práticas de Produtos Estéreis (BPMPE); c) Boas Práticas de Manipulação de Produtos Homeopáticos (BPMPH). Os pormenores dos critérios da propaganda e publicidade de medicamentos no Brasil são regulamentados pela Resolução RDC nº 102, de 30 de novembro de 2000, que detalha os itens permitidos e vedados na propaganda e publicidade dos medicamentos industrializados. No ano de 2003 foi criada a Resolução RDC nº 210, de 04 de agosto de 2003, que determina a todos os estabelecimentos fabricantes de medicamentos o cumprimento das diretrizes estabelecidas no regulamento técnico das Boas Práticas de Fabricação de medicamentos. Este regulamento foi dividido em três partes, que enfatizam a importância e a preocupação com a garantia da qualidade dos medicamentos no Brasil: a) Primeira Parte: Gerenciamento da Qualidade na fabricação de medicamento, filosofia e elemento essencial: sintetiza os conceitos gerais da garantia de qualidade, bem como os principais componentes e subsistemas das Boas Práticas de Fabricação, determina a responsabilidade; (...) b) Segunda Parte: Boa prática na produção e no controle de qualidade, que serve como guia das ações a serem tomadas separadamente pela pessoa responsável pela produção e pelo controle de qualidade na implementação dos principais guias de garantia de qualidade; (...). c) Terceira Parte: contém as diretrizes suplementares para fabricação de medicamentos estéreis, produtos biológicos e validação, porém não é uma seção concluída, porque prevê a inclusão de outros termos, por exemplo, fitoterápicos e ingredientes de ativos farmacêuticos (BRASIL, 2003a, p. 2). Junto a este documento podemos verificar dois conceitos importantes compreendidos neste estudo: AN02FREV001/REV 4.0 238 a) Desvio de qualidade: “afastamento dos parâmetros de qualidade estabelecidos para um produto ou processo”; b) Validação: “ato documentado que ateste que qualquer procedimento, processo, equipamento, material, operação ou sistema realmente conduz a resultados esperados” (BRASIL, 2001, p. 3). Estes conceitos fortalecem a importância da documentação no momento da reprodutibilidade e rastreabilidade do medicamento, para garantir os padrões de qualidade exigidos na sua produção. No ano de 2003, as ações da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, para garantir a qualidade dos medicamentos produzidos no Brasil, permitem a manipulação de produtos farmacêuticos em todas as formas farmacológicas de uso interno, desde que contenham substâncias de baixo índice terapêutico2 e que os estabelecimentos farmacêuticos cumpram as condições específicas da Resolução RDC nº 354, de 18 de dezembro de 2003. O outro ponto importante ressaltado por esta resolução é a inclusão da exigência da determinação do perfil de dissolução como instrumento chave para o controle de qualidade destes produtos, com o intuito de diminuir os riscos sanitários que decorrem nesta classe de medicamentos em casos de desvio de qualidade (BRASIL, 2003b). A resolução RDC nº 354/03 define como perfil de dissolução: “representação gráfica ou numérica de vários pontos resultantes da quantificação do fármaco ou componentes de interesse, em período determinado, associado à desintegração dos elementos constituintes de um medicamento ou produto, em meio definido e condições específicas” (BRASIL, 2001). Porém, de acordo com Manadas (2002 apud MARCOLONGO, 2003), existem inúmeras variáveis que podem afetar os resultados de um teste de dissolução in vitro. Dentre estes fatores que podem influenciar um ensaio de dissolução, podemos citar: fármaco e formulação, meio ambiente, método analítico, meio de dissolução e o equipamento. 2 São aquelas que apresentam estreita margem de segurança, cuja dose terapêutica é próxima da tóxica. Segundo o Anexo I da Resolução RDC nº 354, de 18 de dezembro de 2003. AN02FREV001/REV 4.0 239 a) Fármaco versus Formulação: dentre os fatores, relacionados ao fármaco e a sua respectiva formulação, que podem afetar o ensaio de dissolução são a solubilidade (afeta a velocidade de dissolução), o tamanho da partícula (quanto menor a partícula, mais rápido é sua dissolução), a natureza química (formulações de sais de potássio ou sódico são utilizados como recurso para aumentar a solubilidade de ácidos fracos), a forma farmacêutica (os componentes de cada formulação podem influenciar na dissolução), os excipientes (os diluentes utilizados nas formulações podem aumentar ou diminuir a taxa de absorção conforme suas características físico-químicas) e a tecnologia de fabricação (a força de compressão é uma variável que pode afetar na dissolução de diferentes formas); b) Meio ambiente: dentre os fatores relacionados com o meio ambiente em que o teste de dissolução está envolto, e que podem afetar o ensaio, são a condição de estocagem (as características físico-químicas do produto podem ser alteradas quando não armazenados em condições ideais estipuladas pelo fabricante); c) Método analítico: a filtração não deve reter o fármaco e nem liberar partículas e os métodos devem estar validados; d) Meio de dissolução: dentre os fatores relacionados com o meio de dissolução utilizado para realização do teste de dissolução que podem afetar o ensaio são o volume (com exceção dos fármacos poucos solúveis, é suficiente a utilização de um litro e meio), presença de gases(pode afetar o pH e provocar mudança nas partículas), a presença de bolhas (aparecem na utilização de aparatos da cesta), o pH (estar relacionado com o tipo de liberação do medicamento), a evaporação (pode ser minimizada aquecendo o meio a 37ºC antes da introdução na cuba de dissolução), a temperatura (temperaturas elevadas favorecem a dissolução e solubilidade do fármaco, recomenda-se controlar a temperatura em 37ºC), a viscosidade (dificulta o trânsito das partículas) e os tensoativos (diminuem a tensão superficial); e) Equipamentos: dentre os fatores relacionados com os equipamentos utilizados para realização do teste de dissolução que podem afetar o ensaio são a marca do aparelho (parâmetros como velocidade de agitação e meio de AN02FREV001/REV 4.0 240 dissolução diferenciam de equipamento para equipamento), a geometria do sistema (o eixo rotação pode afetar a velocidade, quando não centralizado), a velocidade de agitação (é permitido pela farmacopeia britânica a variação de 4- 5% na velocidade), a posição da haste (o mau alinhamento pode causar distúrbios no fluxo, podendo os resultados variar +25% de teste para teste), a posição e método de amostragem (a posição da amostragem pode interferir para mais ou menos nos resultados) e os dispositivos para fórmulas farmacêuticas. A avaliação do perfil de dissolução, de acordo com o autor, é uma ferramenta de controle de qualidade importante, porque podemos identificar, a partir deste teste, variáveis críticas no momento do desenvolvimento farmacotécnico do produto e também otimizar, avaliar a melhor formulação em relação a sua estabilidade, avaliar certas mudanças como o local de produção e de equipamentos que podem afetar a qualidade do produto final. Este procedimento, associado com as Boas Práticas de Manipulação de Substâncias de Baixo Índice Terapêutico (BPMSBIT), visa assegurar que os produtos manipulados sejam constantemente manipulados e controlados com padrões de qualidade apropriados para o uso pretendido e requerido na prescrição, sem trazer risco sanitário ao usuário. Outra questão, também regulamentada pela ANVISA, está relacionada à preocupação com o meio ambiente e o destino dado para os resíduos gerados pelo setor da saúde, pois estes resíduos eram despejados na rede pública, trazendo riscos ao meio ambiente. Fez-se necessário a criação da Resolução RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004, para determinar as diretrizes, para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, a serem cumpridas pelos setores: público e privado (BRASIL, 2004). No mesmo ano de 2005, com a Resolução RDC nº 135, de 10 de maio de 2005, estabeleceram-se os critérios para as farmácias seguirem diante do fracionamento de medicamentos a partir da sua embalagem original, de forma a preservar a embalagem primária fracionada, os dados de identificação e as características que assegurem a original. (BRASIL, 2005c). AN02FREV001/REV 4.0 241 No ano de 2006, a Portaria nº 491, de 9 de março de 2006, dispõe a expansão do Programa Farmácia Popular do Brasil. O objetivo do programa é o de favorecer a aquisição de medicamentos indispensáveis ao tratamento de doenças predominantes na população, com redução de custo para os portadores e para fomentar a assistência terapêutica integral. (BRASIL, 2006a). Neste mesmo ano, são estabelecidos ajustes das normas de fracionamento de medicamentos que, por meio do Decreto 5.775, de 10 de maio de 2006, estende esta atividade às drogarias e dá nova redação aos arts. 2° e 9o do Decreto n° 74.170, de 10 de junho de 1974, que passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 2 º (...) XVIII - fracionamento: procedimento que integra a dispensação de medicamentos na forma fracionada, efetuado sob a supervisão e responsabilidade de profissional farmacêutico habilitado para atender à prescrição ou ao tratamento correspondente nos casos de medicamentos isentos de prescrição, caracterizado pela subdivisão de um medicamento em frações individualizadas, a partir de sua embalagem original, sem o rompimento da embalagem primária, mantendo seus dados de identificação; XIX - embalagem original: acondicionamento aprovado para fins de registro pelo órgão competente do Ministério da Saúde, destinado à proteção e manutenção das características de qualidade, de segurança e de eficácia do produto, compreendendo as embalagens destinadas ao fracionamento (NR). Art. 9 º (…) Parágrafo único. As farmácias e drogarias poderão fracionar medicamentos, desde que garantidas as características asseguradas no produto original registrado, ficando a cargo do órgão competente do Ministério da Saúde estabelecer, por norma própria, as condições técnicas e operacionais, necessárias à dispensação de medicamentos na forma fracionada (BRASIL, 2006b). Além do mais, de acordo com o Art. 2º, do mesmo documento, determina “as condições para a adequação das embalagens ao fracionamento por parte das empresas titulares de registro de medicamentos (...)”. Contudo, podemos observar por parte do governo, uma preocupação com o acesso para a população na aquisição de medicamento preciso, por meio da viabilidade destes dois instrumentos importantes, a fim de permitir o direito do povo de possuir medicamentos necessários com qualidade, dentro das suas condições sociais. FIM DO MÓDULO IV AN02FREV001/REV 4.0 242 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTONIO, Gisele Damian. 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Disponível em: <http://www.teses.usp.br>. Acesso em: 10 maio 2005. BERMUDEZ, J. A. C. Indústria farmacêutica, estado e sociedade. São Paulo: Hucitec, 1995. BOORSE C. On the distinction between disease and illness. Philosophy and Public Affairs, v. 5, p. 49-68, 1975. BRASIL. Conselho Nacional de Secretaria de Saúde. Para entender a gestão do SUS, Brasília: Conselho Nacional de Secretários de Saúde, 2003. BRASIL. Constituição Federal. (1988). Constituição da República Federal do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. AN02FREV001/REV 4.0 243 ______. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2006: uma análise da desigualdade em saúde. Brasília: Série G. Estatística e informação em Saúde, 2006.605p. ______. Decreto 5.775, de 10 de maio de 2006. Dispõe sobre o fracionamento em drogarias, 2006b. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/legis/index_ato.htm>. Acesso em: 23 maio 2006. ______. Lei Federal n° 6.437, de 20 de agosto de 1977. 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