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AÇÃO DE COBRANÇA

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Faculdade Paraíso do Ceará - FAP
Curso de Direito
Núcleo de Prática Jurídica – NPJ
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DIRETOR DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE, ESTADO DO CEARÁ.
AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA
XXX, brasileiro, casado, eletricista, com RG sob nº xxx e CPF nº xxx, residente e domiciliado à Rua xxx, n° xxx, bairro xxx, CEP:xxx, Cidade xxx, Estado, Juazeiro do Norte, Ceará, intermediado pela Defensoria Pública, vem, tributando o máximo respeito e acatamento, perante Vossa Excelência, com fulcro no Código de Defesa do Consumidor art. 4º, inc. I, propor a presente AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA em face de XXX, brasileiro, solteiro, vendedor, portador do RG sob nº desconhecido e CPF nº desconhecido, residente e domiciliado à Rua xxx, nº xx, bairro xxx, Cidade xxx, Estado xxx, CEP: xxx, pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas:
I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
		 Requer os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA por ser pobre na forma da lei, conforme declaração de hipossuficiência anexa, não podendo, portanto, arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, com fulcro na Lei 1.060/50, acrescida das alterações da Lei 7115/83 e da Lei nº. 10.317/01, tudo consoante com o art.5o, LXXIV, da Constituição Federal de 1988.
II- DA QUALIFICAÇÃO DAS PARTES 
Tratando-se de autor economicamente hipossuficiente e juridicamente vulnerável, não possui endereço eletrônico, não sabendo também informar, o número do RG e CPF, bem como o endereço eletrônico do requerido, nos termos do art. 319, II do CPC. Não obstante, de acordo com o disposto §2º e 3º do art. 319 CPC, tais informações não podem ensejar a emenda,
III - DAS PRERROGATIVAS DA DEFENSORIA PÚBLICA
Por oportuno, é válido esclarecer que, por se tratar de parte representada judicialmente pela Defensoria Pública Geral do Estado, possui as prerrogativas do prazo em dobro e da intimação pessoal do Defensor Público afeto à presente Vara, consoante inteligência do art. 5º, caput, da Lei Complementar Estadual nº 06, de 28 de maio de 1997[footnoteRef:1]. [1: 	 Art. 5º. Fica assegurado à Defensoria Pública o prazo em dobro e intimação pessoal, no exercício das funções institucionais, nos termos do art. 128, item I, da Lei Complementar nº80, de 12 de janeiro de 1994. 
²	Em relação a este valor o requerente já promoveu a devida quitação.] 
O parágrafo único do supramencionado dispositivo legal, completa o mandamento acima esposado, ao dispor que a atuação da Defensoria Pública dar-se-á em juízo independentemente de procuração, ressalvados os casos para os quais a lei exija poderes especiais.
III – DOS FATOS
	O Sr. xxx, aqui requerente, pactuou contrato com o Sr. xxx, aqui requerido, sobre a venda de um aparelho de musculação.
	Na oportunidade, foi acertado e pactuado um contrato de compra e venda onde o Sr. xxx pagaria a quantia de R$ 900,00 (novecentos reais) ao Sr. xxx, por meio de cheque, que deveria ser descontado na data de 08 de Outubro de 2016.
	No Entanto, na data referida, constatou-se que o cheque não possuía fundo. Desta forma não sendo possível o desconto do mesmo. Sendo assim, o Sr. xxx procurou o Sr. xxx para que o problema fosse equacionado amigavelmento, não logrando êxito. 
	Diante disso, o autor não encontrou outro meio se não buscar a tutela jurisdicional para que assim pudesse satisfazer a sua pretensão. 
IV – DO DIREITO
Funda-se a pretensão do Autor na ação cambial de enriquecimento ilícito prevista no artigo 61 da Lei nº 7357/85 (Lei do Cheque), verbis: ”Art. 61. A Ação de enriquecimento ilícito contra o emitente ou outros obrigados, que se locupletaram injustamente com o não-pagamento do cheque, prescreve em 2 (dois) anos, contados do dia em que se consumar a prescrição prevista no art. 59 e seu parágrafo desta lei.
Repousa a pretensão do Autor no fato INADIMPLÊNCIA da Ré, que, por si só, imprime as condições para o ajuizamento da presente ação, de cunho tipicamente cambiaria forme.
No elucidativo magistério de FÁBIO ULHOA COELHO:
“As ações cambiais do cheque são duas: a execução, que prescreve nos 6 meses seguintes ao término do prazo de apresentação; e a de enriquecimento indevido, que tem natureza cognitiva e pode ser proposta nos dois anos seguintes à prescrição da execução.”
Nas duas, operam-se os princípios do direito cambiário e, assim, o demandado não pode arguir, na defesa, matéria estranha à sua relação com o demandante.
Prescrita a execução, o portador do cheque sem fundos poderá, nos 2 anos seguintes, promover a ação de enriquecimento indevido contra o emitente, endossante e avalistas (LC, art. 61). Trata-se de modalidade de ação cambial, de natureza não executiva.
O portador do cheque, através do processo de conhecimento, pede a condenação judicial de qualquer devedor cambiário no pagamento do valor do título, sob o fundamento que se operou o enriquecimento indevido.
De fato, se o cheque está sem fundos, o demandado locupletou-se sem causa lícita, em prejuízo do demandante, e essa é, em princípio, a matéria de discussão.”(Curso de Direito Comercial, v. 1, Saraiva, 2a edição, 1999-g.n.).
Em nosso ordenamento jurídico-processual, três são, portanto, as formas de cobrança de dívida decorrente da emissão de um cheque, a saber:
1. a) execução forçada, de natureza cambial, com prazo prescricional de 6 (seis) meses – artigo 59 e parágrafo único da Lei nº 7357/85 (Lei do Cheque);
2. b) ação de enriquecimento ilícito, de natureza cambial, com prazo prescricional de 2 (dois) anos – artigo 61 da Lei nº 7357/85.
3. c) ações monitória e de cobrança, fundadas no negócio subjacente ao título, com prazo de prescrição comum às obrigações pessoais em geral.
O instituto da ação de locupletamento, vale lembrar, é de antiga previsão em nosso ordenamento, sendo certo que nele foi introduzido pela antiga Lei Cambial (Decreto nº 2044/1908), por seu turno mantido pela Lei Uniforme (art. 25, Anexo II) e permanecendo até os dias de hoje, agora com a escora do artigo 61 da Lei do Cheque, sendo que há tempos a jurisprudência pátria se pronuncia sobre esse instituto, como neste julgado do Tribunal de Justiça do Paraná, de 1962:
“CAMBIAL – Título prescrito – Ação de locupletamento – Procedência -Apelação não provida – Inteligência do art. 43 da lei cambial. A ação de locupletamento, mesmo para o caso de cambial prescrita, tem evidente apoio em nosso direito, resultado de dispositivo claro e expresso da lei cambial, o seu art. 48. A prova do prejuízo é feita pelo portador com a simples exibição do título, cabendo ao devedor a prova em contrário. ” (TJPR, Apelação Cível nº359/62, RT 362/419)
 	O julgado trouxe, em suas últimas linhas, importante questão que merece destaque: a prova do prejuízo. Como já se frisou, a presunção de enriquecimento ilícito tem suporte na simples existência dos cheques devolvidos por falta de provisão de fundos. No bojo de um primoroso e elucidativo voto da lavra do preclaro Juiz Costa de Oliveira, do Primeiro Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo, há excerto que merece destaque:
 A ação que o portador move ao sacado do cheque é ação condenatória de enriquecimento injustificado. O só fato da existência do documento (cheque) mostra que o réu contraiu dívida. O crédito pode ter sido cedido de mão em mão (de portador a portador), até incrustar-se na esfera jurídica do autor da ação. O direito invocado é o de ser pago, e a causa está implícita, mas é de clareza suficiente: o não pagamento da dívida, que originou a liberação de pagamento consistente no cheque de ação executiva já prescrita, constitui-se em enriquecimento do réu (sacador) às custas do autor, sem causa, sem justificação. Logo, a só apresentação do cheque de ação prescrita, em cobrança ao responsável por sua criação, está já a enunciar que a causa da açãoproposta é o enriquecimento injustificado do autor. Não são de mister mais explanações.” (Apelação Cível nº 419.282-9, 3a Cam. De Férias/1989 – g.n.)
VI – DOS PEDIDOS
Em face do exposto, requer:
1. Deferir o pedido de justiça gratuita;
2. A citação do réu, com fulcro no art. 213, para fazer sua defesa, sob pena de revelia;
3. Seja a presente ação julgada procedente em todos os seus termos, condenando o requerido a restituir o valor R$ xxx, atualizados monetariamente.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, inclusive, juntada posterior de documentos, perícias, caso haja necessidade, e oitiva de testemunhas, ficando tudo, de logo, requerido.
Dá à causa o valor de R$ xxx (por escrito).
Nestes Termos, 
Pede e Deferimento.
Cidade/ Estado, dia, mês e ano.
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Assinatura
ROL DE TESTEMUNHAS
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