Exemplo: João celebrou negócio jurídico fraudulento com Maria para não cumprir obrigação com José. Como advogado de José, posso demandar ação pauliana concomitantemente com ação monitória ou ação de cobrança, ou devo primeiro demandar ação pauliana para depois demandar ação de cobrança?
Olá. Ação Pauliana visa a anulação de um negócio jurídico celebrado com o clara intenção de fraudar o credor. É instituto de natureza material e para tanto requer objetivamente o prejuízo e o elemento subjetivo, qual seja o "consilus fraudis", o acordo simulado entre o alienante e adquirente do objeto da fraude. Penso que não há qualquer problema em demandar as ações concomitantemente. Veja, na ação de cobrança o devedor tem a obrigação de lhe pagar o crédito exequendo, se, para tal, há necessidade de anulação de um negócio jurídico realizado de modo fraudulento, há razão para ação pauliana, todavia, se, o devedor tiver patrimônio suficiente para satisfazer a obrigação, não há razão para ação pauliana.
A ação pauliana, a monitória e a de cobrança possuem momentos de cabimento distintos, razão pela qual, em tese, não caberia o ajuizamento concomitante. Vejamos:
Ação Pauliana é o meio judicial por meio do qual se pretende a anulação de negócio jurídico realizado por devedor insolvente no intuito de frustrar uma execução de dívida.
De outro lado, a Ação Monitória, é aquela que serve para promover a cobrança de título sem eficácia executiva, como é o caso, por exemplo, de um cheque emitido há mais de 6 meses.
E a Ação de Cobrança, por sua vez, forma um processo de conhecimento e visa à cobrança de uma dívida e a sentença produz um título executivo judicial.
No caso em tela, apesar de faltarem mais elementos, parece fazer mais sentido o ajuizamento da ação pauliana, já que o objetivo do cliente é anular um negócio jurídico firmado por alguem que pretende frustrar uma execução.
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