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RAÇA E ETNIA

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filosofia 
ESTUDO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS 
 
RAÇA E ETNIA 
 
conversa inicial 
Vamos tentar compreender o conceito de raça, do ponto de vista sociológico, e sua 
diferenciação do conceito estabelecido pelas teorias do racismo científico. Além disso, vamos tentar 
reconhecer as diferenças de etnia e raça e a aplicação desses termos relacionados à população negra. 
Buscaremos, ainda, reconhecer a diferença dos conceitos de racismo, intolerância, xenofobia, 
preconceito e etnocentrismo. 
 
 
 
 
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>>O CONCEITO DE RAÇA 
Hoje, parece mais claro que o conceito de “raça” é uma construção quase que puramente social, oriunda 
unicamente de teorias racistas. É bem verdade que algumas teorias racistas buscavam respaldo científico em 
sua argumentação, razão pela qual foram traduzidas e trazidas ao Brasil esses estudos feitos na Europa. 
Surgiu daí a divisão entre raças e, com isso, uma consequente hierarquização dessas raças. 
Consequentemente, defendiam que a miscigenação das raças tornaria o ser humano “deficiente”. Utilizavam 
essas teorias também para defender o direito de raças “superiores” imporem seu poder sobre as ditas 
“inferiores”. 
❖ Compreender o conceito de raça, do ponto de vista sociológico, e sua 
diferenciação do conceito estabelecido pelas teorias do racismo científico; 
❖ Reconhecer as diferenças de etnia e raça e a aplicação desses termos 
relacionados à população negra; 
❖ Reconhecer a diferença dos conceitos de racismo, intolerância, xenofobia, 
preconceito, etnocentrismo; 
 
contextualizando 
❖ A raça não existe biologicamente, histórica e socialmente. 
➢ Segundo Telles (2003), raça é uma construção social, com pouca ou nenhuma base 
biológica. A raça existe apenas em razão das ideologias racistas; 
➢ No século XIX, as ideias do racismo científico foram traduzidas, divulgadas e 
estudadas no Brasil; 
➢ Autores do darwinismo social foram insistentemente traduzidos e citados, com 
destaque para postulação da raça como critério de hierarquia; 
➢ No final do século XIX, muitos autores insistiram nos malefícios da miscigenação, 
que determinaria uma população deficiente; 
 
teorias RACIAIS 
❖ Segundo Costa (2013), as teorias defendiam, além da existência de raças humanas, a superioridade 
de umas sobre outras, de modo a se configurarem algo como um “direito de superioridade”, em que as 
raças superiores poderiam e/ou deveriam tutelar as inferiores; 
 
principais TEÓRICOS 
 
 
 
 
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❖ Entre os teóricos estão: Georges Vacher de Lapouge, que distinguiu o Homo europeu, destinado a 
dominar, e o Homo alpino, destinado a trabalhar e a obedecer; 
❖ O conde Joseph Arthur de Gobineau (1816-1882), concepção de que a raça ariana era superior, e 
Charles Letourneau, que “foi autor lido e respeitado no Brasil”; 
❖ Compartilhava dessa ideia Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906), que foi contra a miscigenação, 
alinhando a uma perspectiva mais pessimista da nossa sociedade; 
❖ O livro Os africanos no Brasil aponta que a presença negra seria um fator explicativo para a 
“inferioridade” do povo brasileiro; 
❖ Silvio Romero (1851-1914), ao contrário dessa linha pessimista, mantinha uma visão mais otimista da 
miscigenação – darwinista social – ele acreditava na superioridade da raça branca e pela seleção 
natural do tipo branco [...] 
 
>>CONCEITO CIENTÍFICO DE RAÇA 
Já que estamos falando sobre o viés científico das questões genéticas que caracterizam os diversos seres 
humanos, vamos continuar analisando as diferenças entre os seres humanos sob o viés científico. Sob a visão 
biológica, todos os seres humanos pertencem à mesma raça: a raça humana. Afinal, a palavra raça designa 
um grupo de indivíduos que têm uma parte importante de seus genes em comum, e que pode ser diferenciada 
dos membros de outros grupos a partir desses genes. Todos os seres humanos têm trinta mil genes iguais e 
apenas 4 genes que nos diferenciam. Sendo assim, pertencemos todos à mesma raça! Sendo assim, um negro 
pode ter um filho com um oriental sem problemas! Esses quatro genes que diferenciam um ser humano de 
outro representam o fenótipo. Branco, negro, alto, baixo... então, quer dizer que há pessoas que discriminam 
outras e as tratam diferente por causa de apenas 4 genes? 
 Infelizmente é o que acontece e se chama racialização. Trata-se justamente da ideia de se atribuir 
superioridade a um fenótipo em detrimento de outro. Agora, imagine que a racialização era disseminada 
livremente antes da abolição da escravatura! O artigo a seguir trata justamente sobre a interlocução entre a 
eugenia, a ciência do melhoramento racial e o campo da educação no início do século XX. 
 
“raça” como ACEPÇÃO SOCIOLÓGICA 
❖ a raça refere-se a seu uso sociológico, designando as características políticas ou culturais do grupo, 
decorrentes de sua história comum 
 
“raça” como ACEPÇÃO BIOLÓGICA 
❖ a palavra raça designa um grupo de indivíduos que têm uma parte importante de seus genes em 
comum, e que pode ser diferenciada dos membros de outros grupos a partir desses genes 
 
❖ A RACIALIZAÇÃO implica na ideia de superioridade de um grupo em relação a outro, com base em 
preconceitos referentes a características físicas ou culturais. 
 
 
 
 
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❖ No século XX, as descobertas da genética deram mais objetividade ao conceito de raça; já não se tratava 
de estudar os grupos humanos segundos seus caracteres aparentes (os seus fenótipos), mas analisá-
los de acordo com os conteúdos de seus patrimônios genéticos. 
❖ Sob essa nova perspectiva, a cor da pele é mero resultado de um determinismo genético, já que ela 
corresponde a uma parte ínfima do patrimônio genético. 
❖ No máximo, três ou quatro genes, o que é insignificante em relação a, aproximadamente, 30 mil genes 
que integram o DNA humano. 
 
na prática 
Desigualdades no Mercado de Trabalho 
❖ EXERCÍCIO: quando for visitar uma loja em um shopping center, ou na rua da sua cidade, faça o 
recenseamento de atendentes e vendedores de dez lojas de moda e verifique: qual a porcentagem do 
total de negros e amarelos é representada? 
❖ E as mulheres negras e amarelas? 
❖ A que você ou vocês atribuem esses resultados? 
 
resumindo 
Pudemos conhecer conceitos como os de fenótipo, raça e racialização e suas implicações para a sociedade. 
Pudemos conhecer, também, as teorias difundidas durante o século XIX que davam respaldo ao racismo e 
observamos, por meio da genética, a inaplicabilidade dessas teorias. 
❖ No Brasil, a discriminação está mais relacionada à cor da pele e aos traços faciais do que à 
ancestralidade ; 
❖ Essa é uma das razões pelas quais as pesquisas trabalham com a classificação de grupos de cor, em 
grupos raciais; 
 
Intolerância é uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e 
respeitar diferenças em crenças e opiniões. 
Preconceito (prefixo prée conceito) é um “juízo” preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma 
atitude “discriminatória” perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou “estranhos”. 
Etnocentrismo: termo que designa o sentimento de superioridade que uma cultura tem em relação às outras. 
 
referências: 
 
 
 
 
5 
BORGES, Edson; MEDEIROS, Carlos Alberto; D’ADESKY, Jacques. Racismo, preconceito e intolerância. São Paulo: Atual, 2002. 
CARVALHO, Ana Paula Comin de et al. Desigualdades de gênero, raça e etnia. Curitiba: InterSaberes, 2012.

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