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ANA CAROLINA ALVES DOS SANTOS AMEBÍASE Agente etiológico: Entamoeba histolytica - Entamoeba com cistos contendo oito núcleos, também chamada grupo coli: E. coli (homem), E. muris (roedores). E. gallinarum (aves domesticas). - Entamoeba de cistos com quatro núcleos, também chamada grupo hystolytica: E. hystolytica (homem), E. dispar (homem), E. ranarum (sapo e rã), E. invadens (cobras e repteis), E. moshkoviskii (vida livre) Hospedeiro definitivo : homem também é reservatório Transmissão: ingestão de alimentos ou água contaminados por fezes contendo cistos amebianos maduros. Ocorre mais raramente na transmissão sexual, devido a contato oral-anal. Periodo de incubação :Entre 2 a 4 semanas, podendo variar dias, meses ou anos. Período de transmissibilidade : quando não tratada, pode durar anos. Ciclo: - É monoxênico. - Estágios: trofozoíto, pré-cisto, cisto e metacisto. O ciclo se inicia pela ingestão dos cistos maduros, junto de alimentos e água contaminados. - Os cistos passam pelo estômago, resistindo a ação do suco gástrico, chegam ao final do intestino delgado ou início do intestino grosso, onde ocorre o desencistamento, com a saída do metacisto, através de uma pequena fenda na parede cística. Em seguida, o metacisto sofre sucessivas divisões nucleares e citoplasmáticas, dando origem a 4 e depois 8 trofozoítos, chamados trofozoítos metacísticos. Estes trofozoítos migram para o intestino grosso onde e se colonizam. Em geral, ficam aderidos a mucosa do intestino, vivendo como um comensal, alimentando- se de detritos e de bactérias. Sob certas circunstancias, ainda não muito bem conhecidas, podem desprender da parede e, na luz do intestino grosso, principalmente no colón, sofrer a ação da desidratação, eliminar substancias nutritivas presentes no citoplasma, transformando-se em pré- cistos; em seguida, secretam uma membrana cística e se transformam em cistos, inicialmente mononucleados. Através de divisões nucleares sucessivas, se transformam em cistos tetranucleados, que são eliminados com as fezes normais ou formadas. Os cistos geralmente não são encontrados em fezes liquefeitas ou disentéricas. - Os trofozoítos podem invadem a submucosa intestinal, multiplicando-se ativamente no interior das úlceras e podem, através da circulação porta, atingir outros órgãos, como o fígado e, posteriormente, o pulmão, o rim, o cérebro ou a pele, causando amebíase extraintestinal. O trofozoíto presente nestas úlceras é denominado forma invasiva ou virulenta. - Sabe-se que a evolução da patogenia ocorre após a invasão dos tecidos pelos trofozoítos invasivos e virulentos. É necessária uma adesão da ameba na da célula, a qual parece ser mediada por lectinas contidas na superfície das amebas. A lectina Gal/GalNac se destaca na adesão da ameba a célula-alvo. Uma vez vencida a barreira epitelial, os movimentos ameboides e a liberação de enzimas proteolíticas (hialuronidases, proteases e mucopolissacaridases) favorecem a progressão e a destruição dos tecidos. Dentre as muitas enzimas produzidas por E. histolytica, as cisteíno proteases constituem importantes efetoras da lesão tecidual. - Ocasionalmente, os trofozoítos podem induzir uma resposta inflamatória proliferativa com formação de ANA CAROLINA ALVES DOS SANTOS uma massa granulomatosa, chamada “ameboma”. Essa formação não é comum na amebíase. Quadro clinico: O quadro clinico varia de uma forma branda, caracterizada por desconforto abdominal leve ou moderado, com sangue e/ou muco nas dejeções, até uma diarreia aguda e fulminante, de caráter sanguinolento ou mucoide, acompanhada de febre e calafrios. Podem ou não ocorrer períodos de remissão. Complicação: granulomas amebianos (amebomas) na parede do intestino grosso, abscesso hepático, pulmonar ou cerebral, empiema (acúmulo de pus em uma cavidade), pericardite, colite fulminante com perfuração. Exames e diagnostico: Os anticorpos séricos podem ser dosados e são de grande auxilio no diagnóstico de abscesso hepático amebiano. A ultrassonografia e tomografia axial computadorizada são uteis no diagnóstico de abscessos amebianos. - Fezes formadas ou normais: encontro dos cistos, utilizando-se técnicas de concentração. Estão baseadas em dois princípios: (1) flutuação em solução de alta densidade, esta técnica e usada no método de Faust e cols; (2) centrifugação em éter: métodos de MIF e formol-éter. Além dessas técnicas, pode-se usar também o exame direto em que as fezes são diluídas com salina e coradas com lugol ou pelos métodos de sedimentação espontânea em água (método de Lutz, Hoffmam, Pons e Janer) Tratamento : 1 opção: Formas intestinais - Secnidazol - 2 opção: Metronidazol - 3 opção: Tinidazol - 4 opções: Somente para formas leves ou assintomáticas: Teclozam - No tratamento do abscesso hepático, além da medicação especifica, pode ser necessária, em alguns casos, a aspiração do abscesso. Drenagem cirúrgica aberta não é recomendada, exceto em casos graves, quando o abscesso e inacessível a aspiração e não responde ao tratamento em até 4 dias. - O tratamento de suporte está recomendado com hidratação e correção do equilíbrio hidroeletrolítico - Os medicamentos utilizados no tratamento da amebíase podem ser divididos em três grupos: 1. Amebicidas que atuam diretamente na luz intestinal. 2. Amebicidas tissulares. 3. Amebicidas que atuam tanto na luz intestinal quanto nos tecidos. ➢ Amebicidas que atuam tanto na luz intestinal quanto nos Tecidos: Derivados imidazólicos: estão incluídos neste grupo os Amebicidas mais efetivos e mais usados: metronidazol, omidazol, secnidazol e tinidazol. ➢ Teclozam - A teclozana age ao nível da luz intestinal (ação local) indicado, portanto para o tratamento da amebíase intestina Medidas de controle: 1. Gerais: Impedir a contaminação fecal da água e alimentos por meio de medidas de saneamento, educação em saúde, destino adequado das fezes e controle dos indivíduos que manipulam alimentos. 2. Específicas: Lavar as mãos, após o uso do sanitário e lavar cuidadosamente os vegetais com água potável, e deixando-os imersos em hipoclorito de sódio a 2,5% (uma colher de sopa de hipoclorito em 1 litro de água filtrada), durante meia hora, para eliminar os cistos. Evitar práticas sexuais que favoreçam o contato fecal- oral. Investigar os contatos e a fonte de infecção, ou seja, realizar exame coproscópico dos membros do ANA CAROLINA ALVES DOS SANTOS grupo familiar e de outros contatos. O diagnóstico de um caso em quarteis, creches, orfanatos e outras instituições indica a realização de inquérito coproscópico para tratamento dos portadores de cistos. Realizar a fiscalização dos prestadores de serviços na área de alimentos, atividade a cargo da vigilância sanitária. 3. Isolamento: Em pacientes internados, precauções do tipo entérico devem ser adotadas. Pessoas infectadas devem ser afastadas de atividades de manipulação dos alimentos. 4. Desinfecção: destino adequado das fezes Notificações: Não é doença de notificação compulsória. ESQUISTOSSOMOSE Agente etiológico: trematódeo Schistosoma mansoni Hospedeiro intermediário : No Brasil, são os caramujos do gênero Biomphalaria: B. glabrata, B. tenagophila, B. straminea Hospedeiro definitivo : O homem Transmissão: O contato humano com águas infectadas pelas cercárias é a maneira pela qual o indivíduo adquire a Esquistossomose. Período de incubação: em média, 1 a 2 meses após a infecção. Período de transmissibilidade : O homem pode eliminar ovos viáveis de S. mansoni nas fezes a partir de 5 semanas após a infecção, e por um período de 6 a 10 anos, podendo chegar até mais de 20 ano. A gravidade da forma crônica está relacionada com a quantidade de parasitas e a localização ondeeles depositam seus ovos. - O Schistosoma geralmente se localiza nas veias mesentéricas, que são os vasos que drenam o sangue dos intestinos. As veias mesentéricas drenam o sangue em direção à via porta, que é uma grande veia que recebe todo o sangue do sistema digestivo e o leva até o fígado. Contudo, ovos ainda ficam retidos na mucosa intestinal e nos capilares do sistema porta do hospedeiro, onde desencadeiam uma reação inflamatória granulomatosa. Esta reação, que se forma ao redor dos ovos, é a principal causa da patogenia da esquistossomose. A reação granulomatosa resulta em fibrose de tecidos que pode evoluir para a obstrução do plexo venoso podendo levar à hipertensão portal, hepatomegalia, esplenomegalia, aumento do volume abdominal representado por ascite e formação de varizes esofagianas e hemorroidais. Quadro clinico A penetração da pele por cercarias pode provocar a chamada “coceira do nadador”. Trata-se de uma ou mais lesões, tipicamente nas pernas ou pés, em forma de pápulas vermelhas que causam intenso comichão.M Sintomatologia clínica depende de seu estágio de evolução no homem. A fase aguda pode ser assintomática ou apresentar-se como dermatite cercariana, caracterizada por micropápulas eritematosas e pruriginosas, até cinco dias após a infecção. Com cerca de 3 a 7 semanas após a exposição, pode ocorrer a febre de Katayama. Após seis meses de infecção, há risco do quadro clinica evoluir para a fase crônica, cujas formas clínicas são: hepatointestinal, hepática, hepatoesplênica compensada, hepatoesplênica descompensada - A Febre de Katayama é a fase aguda da esquistossomose, sendo causada por uma reação do sistema imune à migração e à produção de ovos do parasita no organismo. Ocorre entre duas a oito semanas após a exposição.Os sintomas da febre Katayama incluem febre, calafrios, dor muscular, dor nas articulações, tosse seca, diarreia, perda do apetite, dor de cabeça, linfadenopatia. ANA CAROLINA ALVES DOS SANTOS - Os vermes e ovos provocam reação de hipersensibilidade do tipo I (anafilática), o que atrai eosinófilos. É bem conhecido que pacientes portadores de helmintíases intestinais tendem a apresentar eosinofilia sanguínea. Arquitetura lobular preservada: Na fibrose esquistossomática, ao contrário da cirrose hepática, a fibrose concentra-se em volta dos ramos intra-hepáticos mais calibrosos da veia porta e o parênquima mantém a estrutura lobular mais ou menos intacta. 1. Hepatointestinal: Caracteriza-se pela presença de diarreias e epigastralgia (dor na região epigástrica). Ao exame físico, o paciente apresenta fígado palpável, com nodulações que, nas fases mais avançadas dessa forma clínica, correspondem a áreas de fibrose decorrentes de granulomatose periportal ou fibrose de Symmers. A retenção de ovos na parede do intestino causa diarreia sanguinolenta, cólicas e emagrecimento. A intensa resposta inflamatória do corpo contra os ovos pode causar ulcerações na parede do intestino, granulomas e obstrução à passagem das fezes. 3. Hepatoesplênica compensada: a característica fundamental desta forma é a presença de hipertensão portal, levando a esplenomegalia e ao aparecimento de varizes no esôfago. Os pacientes costumam apresentar sinais e sintomas gerais inespecíficos, como dores abdominais atípicas, alterações das funções intestinais e sensação de peso ou desconforto no hipocôndrio esquerdo, devido ao crescimento do baço. Às vezes, o primeiro sinal de descompensarão da doença é a hemorragia digestiva com a presença de hematêmese e/ou melena. O exame físico detecta hepatoesplenomegalia. 4. Hepatoesplênica descompensada: Considerada uma das formas mais graves. Caracteriza-se por diminuição acentuada do estado funcional do fígado. Essa descompensação relaciona-se a ação de vários fatores, tais como os surtos de hemorragia digestiva e consequente isquemia hepática e fatores associados (hepatite viral, alcoolismo). Complicação: Fibrose hepática, hipertensão portal, insuficiência hepática severa, hemorragia digestiva, cor pulmonale, glomerulonefrite. Podem ocorrer associações com infecções bacterianas (salmonelas, estafilococos) e virais (hepatites B e C). Pode haver comprometimento do sistema nervoso central e de outros órgãos secundários ao deposito ectópico de ovos. Exames e diagnostico: - Além do quadro clinico- epidemiológico, deve ser realizado exame coprológico, preferencialmente com uso de técnicas quantitativas de sedimentação, destacando-se a técnica de Kato-Katz. - A ultrassonografia hepática auxilia o diagnóstico da fibrose de Symmers e nos casos de hepatoesplenomegalia. A biopsia retal ou hepática, apesar de não recomendada na rotina, pode ser de ser útil em casos suspeitos e na presença de exame parasitológico de fezes negativo. - No hemograma é possível detectar anemia e aumento dos eosinófilos dois dados que falam a favor de uma infecção por parasitas. Tratamento: Praziquantel (Aumenta o influxo de cálcio e afeta a contração muscular); como segunda escolha Oxamniquina (Possível paralisia e destacamento do parasito das veias mesentéricas) PRAZIQUANTEL: - Aumenta o influxo de cálcio e afeta a contração muscular - Mecanismo de ação: A ação anti-helmíntica do praziquantel deve-se provavelmente à inibição da bomba Na+, K+ dos esquistossomos, aumentando a permeabilidade da membrana do helminto a certos cátions monovalentes e divalentes, principalmente o cálcio que leva à intensificação da atividade muscular, seguida por contração e paralisia espástica. Como consequência, os helmintos se separam dos tecidos do hospedeiro e são rapidamente deslocados das veias mesentéricas para o fígado, ao passo que os helmintos intestinais são expelidos OXAMINQUINA: - Possível paralisia e destacamento do parasito das veias mesentéricas - Disponível no SUS - Mecanismo de ação: ainda não está completamente elucidado. Alguns autores sugerem que a oxamniquina é enzimaticamente convertida através de uma quinase ou sulfotransferase para um éster, o qual pode alquilar o DNA do Schistosoma Características epidemiológicas: No Brasil, é considerada uma endemia, que atinge 18 estados e DF. Os estados das regiões Nordeste, Sudeste e Centro-oeste são os mais afetados Medidas de controle: 1. Controle dos portadores 2. Controle dos hospedeiros intermediários 3. Educação em saúde 4. Saneamento ambiental GIARDÍASE Agente etiológico: Giardia lamblia, protozoário flagelado que existe sob as formas de cisto e ANA CAROLINA ALVES DOS SANTOS trofozoíto. O cisto é a forma infectante encontrada no ambiente Hospedeiro definitivo/ reservatório: O homem e alguns animais domésticos ou selvagens, como cães, gatos e castores; também é descrita a transmissão envolvendo atividades sexuais, resultante do contato oro-anal. Transmissão: Fecal-oral. Direta, pela contaminação das mãos e consequente ingestão de cistos existentes em dejetos de pessoa infectada; ou indireta, por meio da ingestão de água ou alimento contaminado Periodo de incubação: De 1 a 4 semanas, com média de 7 a 10 dias Período de transmissibilidade: Enquanto persistir a infecção. Ciclo: uma fase proliferativa não infectante - trofozoíto, e uma fase infectante e não proliferativa - cisto - Após a ingestão, o cisto passa por um processo de desencistamento, que tem início no meio ácido do estomago e completa-se no duodeno e no jejuno. Cada cisto maduro libera uma forma oval, tetranucleada e com oito flagelos, denominada excitozoíto -> 4 trofozoítos binucleados. Os trofozoítos multiplicam-se por divisão binaria longitudinal e, assim, colonizam o intestino, onde permanecem aderidos a mucosa por meio do disco adesivo. O ciclo se completa pelo encistamento do parasito e sua eliminação para o meio exterior. Esteprocesso pode ter início no baixo íleo, mas o ceco é considerado o principal sitio de encistamento. Os cistos são resistentes e, em condições favoráveis de temperatura e umidade, podem sobreviver por meses no ambiente. Os efeitos adversos, provavelmente induzidos pelo protozoário, são: atrofia vilositária em vários graus no intestino delgado, associada a infiltrado inflamatório e hipertrofia de criptas; lesão nas estruturas do enterócito; invasão da mucosa; desconjugação de ácidos biliares; diminuição da atividade das dissacaridases. Como consequência desses mecanismos a criança apresenta má-absorção de gorduras, vitaminas A, D, E, K, B12, ácido fólico, ferro e zinco. - A aderência ao epitélio ocorre, sobretudo, por interação de lectinas a glicoconjugados presentes na superfície da célula. Além da lectina, a Giárdia também utiliza o disco suctorial e o batimento de seus flagelos para se fixar ao intestino. Quadro clinico: - A maioria das crianças é assintomática. Os sintomas, geralmente, aparecem em crianças desnutridas, debilitadas por doença primária ou expostas a contaminação maciça. As principais queixas são diarreia e dor abdominal (epigástrica ou periumbilical) intercaladas com períodos de acalmia. Anorexia, náuseas e vômitos podem estar presentes. Algumas crianças apresentam quadro de diarreia crônica semelhante à doença celíaca, com perda de peso, desnutrição, déficit de crescimento, enteropatia perdedora de proteínas, edema, hipoproteinemia e deficiências de ferro, zinco, vitaminas A, E, B12 e ácido fólico. Há relato de artralgia associada a giardíase, que desaparece com o tratamento Complicação: Síndrome de má absorção. Diagnostico: - O diagnóstico é confirmado, no exame direto, pela presença de cistos nas fezes (método de Faust), ou de trofozoítos, quando as fezes são líquidas pelo método de Hoffmann, Pons e Janer (HPJ). Por isso, recomenda-se o exame de 3 amostras, colhidas em dias alternados. Após 10 dias período que não libera cistos - Amostra de líquido duodenal para identificação do trofozoíto através de “Entero-test” recomendado em diarreia crônica- (fio de nylon que é ingerido pelo paciente om uma extremidade livre, que é afixada na boca, e a outra com uma cápsula que permite a coleta de conteúdo intestinal) ou intubação nasoduodenal pode visibilizar o trofozoíto em microscopia óptica, assim como por biópsia de mucosa de mucosa de intestino delgado nos casos de síndrome de má- absorção. - As reações imunológicas do tipo ELISA ou imunofluorescência direta, realizadas nas fezes, para ANA CAROLINA ALVES DOS SANTOS detecção de antígenos, têm alta sensibilidade e especificidade. Notificação: Não é doença de notificação compulsória. Entretanto, os surtos devem ser notificados aos órgãos de saúde locais. Tratamento: Secnidazol, Tinidazol, Metronidazol - Os nitroimidazóis (metronidazol, secnidazol e tinidazol) são os antiprotozoários mais usa dos no tratamento de amebíase, giardíase e tricomoníase. - Todos os nitroimidazóis são pró - fármacos, assim eles precisam ser ativados, mas quem realiza essa ativação não é o citocromo P450, mas sim os protozoários ou as bactérias. A ativação consiste na redução do grupo nitro, que se transforma em um radical reativo altamente aniônico que vai quelar, ligar -se a proteínas e a o DNA do protozoário ou da bactéria e dessa forma, bloqueia a divisão celular, podendo causar morte do microorganismo. - Mecanismo de ação: contra bactérias anaeróbias e protozoários envolve a penetração do fármaco no interior da célula do microrganismo com subsequente destruição da cadeia de DNA ou inibição de sua síntese. Medidas de controle: 1. Específicas: Em creches ou orfanatos, deverão ser construídas adequadas instalações sanitárias e enfatizada a necessidade de medidas de higiene pessoal. Educação sanitária, em particular o desenvolvimento de hábitos de higiene: lavar as mãos após o uso do banheiro, por exemplo. 2. Gerais: Filtração da água potável e saneamento. 3. Isolamento: Pessoas com Giardíase devem ser afastadas do cuidado de crianças. Com pacientes internados, devem ser adotadas precauções entéricas, com a adoção de medidas de desinfecção concorrente para fezes e material contaminado; e controle de cura, feito com o exame parasitológico de fezes, negativo no 7º, 14º e 21º dias após o termino do tratamento. TENÍASE Agente etiológico: Taenia solium – porco- ou da Taenia saginata- boi- Hospedeiro intermediário • Tania solium – suíno domestico ou javali • Taenia saginata- bovino por apresentarem a forma larvária (Cysticercus cellulosae e C. bovis, respectivamente) nos seus tecidos Hospedeiro definitivo: homem Transmissão : é adquirida através do consumo de carne de boi ou de porco crua ou insuficientemente cozida contendo os cisticercos (larvas). Período de incubação: Cerca de 3 meses após a ingesta da larva, o parasita adulto já é encontrado no intestino delgado humano Período de transmissibilidade: Os ovos das tênias permanecem viáveis por vários meses no meio ambiente, contaminado pelas fezes de humanos portadores de Teníase. ( indireta pelo porco) 1. Os seres humanos ingerem carne de porco crua ou malcozida contendo cisticercos (larvas). 2. Após a ingestão, cistos evertem, ligam-se ao intestino delgado, fixam-se a mucosa do jejuno ou duodeno pelo seu escólex e tornam-se tênias adultas em cerca de 2 meses. 3. As tênias adultas produzem proglotes grávidas; estas desprendem-se da tênia e migram para o ânus. 4. Proglotes soltas e/ou ovos são passados para o hospedeiro definitivo (ser humano) pelas fezes. 5. Porcos ou seres humanos tornam-se infectados pela ingestão de ovos embrionados ou proglotes prenhas (p. ex., na comida contaminada por fezes). Pode ocorrer autoinfecção nos seres humanos se proglotes passarem do intestino para o estômago via peristaltismo reverso. Quadro clínico: é na maioria dos casos assintomática. Alguns sintomas são atribuídos a essa parasitose ANA CAROLINA ALVES DOS SANTOS intestinal: fadiga, irritação, cefaleia, tontura, bulimia, anorexia, náuseas, dor abdominal, perda de peso, diarreia e/ou constipação, flatulência, urticária e eosinofilia. Raramente ocorre semi-oclusão intestinal, apendicite, colangite ou pancreatite. Exames e diagnostico: O diagnóstico da teníase se faz pelo achado de proglotes nas fezes ou nas roupas íntimas ou lençóis. A pesquisa de antígenos específicos de Tênia nas fezes (coproantígenos) aumenta em 2,5 vezes a capacidade de detecção de casos de teníase. Os estudos sorológicos específicos (fixação do complemento, imunofluorescência e hemaglutinação) no soro e liquido cefalorraquiano confirmam o diagnóstico da neurocisticercose, cuja suspeita decorre de exames de imagem: raios X (identifica apenas cisticercos calcificados), tomografia computado rizada e ressonância nuclear magnética (identificam cisticercos em várias fases de desenvolvimento). A biopsia de teci dos, quando realizada, possibilita a identificação microscópica da larva. Complicações : Obstrução do apêndice, colédoco, ducto pancreático Tratamento : Mebendazol, Albendazol, Praziquantel, Niclosamida ou Clorossalicilamida PRAZIQUANTEL : Mecanismo de ação: desregula os mecanismos que controlam o fluxo de cátions das membranas celulares dos vermes, inibindo as enzimas que mantêm os gradientes de íons inorgânicos. Estimula a entrada de sódio e inibe a de potássio, ocasionando despolarização nas células do parasita. Parece ativar, de maneira direta ou indireta, a contração cálcio-dependente da musculatura do parasita, há rápido aumento da passagem de cálcio para o interior do parasita, com elevação do tônus muscular. Além, disso, o praziquantel perturba o metabolismo glicídico dos vermes, ocasionando reduçãona captação de glicose e liberação aumentada de lactato; O praziquantel atravessa a parede do cisto e penetra no parasita encistado, causando danos em sua camada externa, que levarão à sua destruição dentro do cisto, com posterior degeneração do mesmo. NICLOSAMIDA/ CLOROSSALICILAMIDA : Pelos dados disponíveis, supõe-se que o fármaco atue principalmente na respiração e no metabolismo de carboidratos e que a presença do nitrogrupo é fundamental para a atividade. A redução da Niclosamida para 2,5’- dicloro-4’- aminosalicilanilida promove a perda das propriedades moluscida e cestocida da molécula, que também se torna ineficaz na dissociação entre a respiração e a fosforilação ligada ao transporte de elétrons. O principal modo de ação da niclosamina pode ser a inibição da fosforilação anaeróbica do difosfato de adenosina (ADP) pela mitocôndria do parasita, processo de obtenção de energia dependente da fixação de CO2. Medidas de controle: 1.Trabalho educativo para a população 2. Bloquei de foco do complexo Teníase / Cisticercose: foco do complexo Teníase/Cisticercose pode ser definido como sendo a unidade habitacional com, pelo menos: individuo com sorologia positiva para Cisticercose; individuo com Teníase; individuo eliminando proglotes; individuo com sintomas neurológicos suspeitos de Cisticercose; animais com Cisticercose (suína/bovina). Serão incluídos no mesmo foco outros núcleos familiares que tiveram contato de risco de contaminação. Uma vez identificado o foco, os indivíduos deverão receber tratamento com medicamento especifico. 3. Inspeção sanitária da carne 4. Fiscalização de produtos de origem vegetal: 5. Desinfecção recorrente: é desnecessária, porém é importante o controle ambiental pela deposição correta dos dejetos (saneamento básico) e pelo rigoroso habito de higiene (lavagem das mãos após evacuações, principalmente). CISTICERCOSE Agente etiológico: ovos da Taenia solium Hospedeiro definitivo: homem Transmissão: através do consumo de alimentos contaminados com os ovos da tênia, frutas, verduras, hortaliças que não são higienizados corretamente, através do consumo de água contaminada, ou ainda, no homem com teníase pode haver a auto infestação já que os ovos podem ser encontrados nas mãos do hospedeiro, na região perianal (ânus) e perineal, nas roupas e até mesmo na mobília da residência. A Cisticercose humana por ingestão de ovos de T. saginata é extremamente rara. Período de incubação: varia de 15 dias a anos após a infecção Período de transmissibilidade: Os ovos das tênias permanecem viáveis por vários meses no meio ambiente, contaminado pelas fezes de humanos portadores de Teníase. Ciclo: ANA CAROLINA ALVES DOS SANTOS Depois que os ovos são ingeridos, eclodem no intestino e liberam oncosferas, as quais penetram na parede intestinal. As oncosferas, através da rede sanguínea, vão para músculos estriados e para o cérebro, o fígado e outros órgãos, nos quais se desenvolvem até cisticercos. Pode resultar em cisticercose. Outro ciclo inicia quando o homem ingere a carne do animal infectado ➢ Após a entrada no SNC, o cisticerco permanece na forma vesicular, estando viável e produzindo pequenas alterações inflamatórias. O cisticerco pode permanecer neste estágio por um longo tempo devido à tolerância do sistema imunológico com o parasito, e após um período de tempo variável (estimado em anos) ocorre uma ativação do sistema imune que resulta em degeneração do cisticerco. Fibrose residual e calcificação são o resultado final da morte e degeneração do cisticerco no parênquima cerebral. Isso foi categorizado em quatro estágios: cisto viável, coloidal, grânulo-nodular e calcificado Quadro clinico: Neurocisticercose (NCC): náusea, vômito, cefaleia, ataxia, sinais neurológicos focais, hidrocefalia, vasculite, infarto cerebral e quadros neuropsiquiátricos diversos, epilepsia, hidrocefalia - A larva pode se instalar no sistema nervoso central (neurocisticercose) no olho (ocular), na pele, no tecido celular subcutâneo, no fígado e outras localizações Complicações: Deficiência visual, loucura, epilepsia, entre outras. Diagnostico: Tratamento: Praziquantel + Dexametasona, Albendazol + Metilpredinisolona, anticonvulsivantes (às vezes, se impõe, pois cerca de 62% dos pacientes desenvolvem epilepsia secundaria ao parasitismo do SNC) DEXAMETASONA: - Mecanismo de ação: O mecanismo de ação da dexametasona acontece quando esta difunde-se através das membranas celulares e forma complexos com os receptores citoplasmáticos específicos. Estes complexos penetram no núcleo da célula, unem-se ao DNA e estimulam a transcrição do mRNA e a posterior síntese de enzimas, que são as responsáveis por dois tipos de efeitos dos corticosteroides sistêmicos. Estes agentes podem suprimir a transcrição do mRNA em algumas células (por ex.: linfócitos). Como anti-inflamatório esteroide, inibe a acumulação de células inflamatórias, incluindo macrófagos e leucócitos, na zona da inflamação inibe a fagocitose, a liberação de enzimas lisossômicas e a síntese ou liberação de alguns mediadores químicos da inflamação. Como imunossupressor, reduz a concentração de linfócitos dependentes do timo, monócitos e eosinófilos. Durante a união das imunoglobulinas aos receptores celulares da superfície e inibe a síntese ou liberação de interleucinas e reduz a importância da resposta imune primária. Estimula o catabolismo proteico e induz o metabolismo dos aminoácidos. METILPREDINISOLINA; Mecanismo de ação: potente esteroide anti-inflamatório Medidas de controle: 1.Trabalho educativo para a população 2. Bloquei de foco do complexo Teníase / Cisticercose: foco do complexo Teníase/Cisticercose pode ser definido como sendo a unidade habitacional com, pelo menos: individuo com sorologia positiva para Cisticercose; individuo com Teníase; individuo eliminando proglotes; individuo com sintomas neurológicos suspeitos de Cisticercose; animais com Cisticercose (suína/bovina). Serão incluídos no mesmo foco outros núcleos familiares que tiveram contato de risco de contaminação. Uma vez identificado o foco, os indivíduos deverão receber tratamento com medicamento especifico. 4. Fiscalização de produtos de origem vegetal: 5. Desinfecção recorrente: é desnecessária, porém é importante o controle ambiental pela deposição correta dos dejetos (saneamento básico) e pelo rigoroso habito de higiene (lavagem das mãos após evacuações, principalmente). OBS: tenias que causam infecção humana: • - Tênia de peixe (Diphyllobothrium latum) - difilobotríase • - Tênia da carne bovina (Taenia saginata) – Teníase • - Tênia da carne de porco (Taenia solium) - Teníase e Cisticercose • - Diphyllobothrium caninum, a tênia de duplos poros, está presente em cães e gatos. Pulgas são os hospedeiros intermediários. A ingestão de uma pulga infectada, normalmente por uma criança, produz infecção assintomática, autolimitada, mas podem ser vistas proglotes (segmentos de tênias) nas fezes. • - Echinococcus granulosus - equinococose • - Hymenolepis diminuta - infecção intestinal • - Hymenolepis nana ASCARIDÍASE Agente etiológico: : Ascaris lumbricoides (“Lombriga”) Hospedeiro definitivo/ reservatório : homem ANA CAROLINA ALVES DOS SANTOS Transmissão: Ingestão dos ovos infectantes do parasita, procedentes do solo, água ou alimentos contaminados com fezes humanas. Período de incubação: O período dos ovos férteis até o desenvolvimento da larva infectante (L3), no meio exterior é de aproximadamente 20 dias. O período pré-patente da infecção (desde a infecção com ovos embrionados até a presença de ovos nas fezes do hospedeiro) e de 60 a 75 dias. Período de transmissibilidade: Durante todo o período em que o indivíduo portar o parasita e estiver eliminandoovos pelas fezes. Ciclo - Após a ingestão, os ovos atingem o intestino delgado, onde ocorre a eclosão das larvas (rompimento do ovo pela ação de estímulos orgânicos como pH, temperatura, sais e concentração de CO2). Estas atravessam então a mucosa intestinal na altura do ceco, e entram nas vênulas e vasos linfáticos, passam pela circulação portal e invadem o fígado em 18 a 24 horas após o contágio. - Em 2 a 3 dias, chegam ao átrio direito por meio da veia cava inferior ou superior e em 4 a 5 dias após, alcançam os pulmões (ciclo cardiopulmonar ou de LOSS). Aproximadamente 8 dias após a infecção, as larvas rompem capilares alveolares e sofrem muda para L4 - L4 rompem os capilares pulmonares e caem nos alvéolos e vão para os bronquíolos sofrendo muda para L5 - Deixam os alvéolos, sobem a árvore brônquica auxiliadas pela tosse que provocam até chegar à faringe, onde são então deglutidas, fixando- se no intestino delgado. Obs: Na passagem pelos alvéolos, as larvas de Ascaris crescem e realizam muda larval (trocam de cutícula), liberando grande quantidade de produtos antigênicos no tecido pulmonar. O organismo reage com uma intensa resposta inflamatória cujo conjunto dos sinais (tosse, dispneia, febre e pneumonia eosinofílica) é conhecido como Síndrome de Loeffler. Esta síndrome também pode ocorrer em infecções com outros vermes intestinais que têm ciclo pulmonar, como os ancilostomídeos e Strongyloides stercoralis. - Ao alcançar novamente o intestino, darão origem aos vermes adultos. Em 60 dias estes alcançam a maturidade sexual e recomeça a ovoposição. Os vermes adultos podem viver de um a dois anos. Quadro clinico: A morte de larvas na mucosa ou submucosa intestinal pode conduzir a alterações teciduais caracterizadas como micro hemorragias e infiltrado inflamatório constituído de macrófagos e eosinófilos. No fígado, em geral, não ocorrem alterações teciduais ANA CAROLINA ALVES DOS SANTOS relevantes, embora cargas larvárias maciças possam resultar num quadro inflamatório que causa áreas de hemorragia e necrose com manifestações clínicas (hepatomegalia e, mais raramente, icterícia). - Após a passagem pelo fígado, as larvas atingem a circulação sistêmica, câmaras cardíacas direitas e chegam aos pulmões, onde sofrerão duas mudas; esses estágios larvários são os que detêm maior poder antigênico e ocasionarão ruptura alveolar; estabelecem-se, então, áreas de hemorragia puntiforme, edema, além de infiltrado inflamatório de neutrófilos e eosinófilos. Segue- se a esse processo uma resposta imunológica adaptativa, do tipo Th2, conduzindo à formação de um granuloma eosinofílico; o braço efetor dessa resposta é representado por IgA, lgE, eosinofilia, mastocitose e secreção de muco; além disso, alterações fisiológicas ocorrem no intestino, mediadas por lL-4 e LL-l3, com aumento de permeabilidade da mucosa e da contratilidade do músculo liso, levando a um aumento do peristaltismo. - A resposta humoral, com predominância de lgE, é responsável por reações de hipersensibilidade. A presença de sintomatologia respiratória nessa fase caracteriza a síndrome de Loeffler. O verme adulto não invade a mucosa e as alterações patológicas decorrentes da sua presença são devidas à interferência mecânica decorrente das suas dimensões, à excreção de substâncias antigénicas e também à sua capacidade de migração, principalmente na presença de ambiente hostil [como, p. ex., ação de drogas antihelmínticas). Dentre esses antígenos, convém destacar o ABA-l, que induz à produção de lgE, com as consequentes reações de hipersensibilidade manifestas por reações cutâneas (urticárias) e respiratórias (broncoespasmo). ➢ Assintomático: Pacientes infectados com um pequeno número de vermes (5 a 10) frequentemente permanecem assintomáticos. ➢ Pacientes infectados com muitos vermes podem apresentar: - Desconforto e distensão abdominal, vômitos e febre - Os vermes adultos podem-se enovelar, formando uma espécie de êmbolo que pode obstruir o intestino, o apêndice cecal, ou ductos biliares e pancreáticos. Tais complicações podem causar a morte. - O verme adulto provoca manifestações clínicas inespecíficas, como desconforto ou cólicas abdominais, náuseas e carências nutricionais. - Além disso, pode ocorrer o desconforto causado pelos vermes adultos saindo do corpo pelo ânus, boca ou nariz. - Crianças com infecção maciça, que não possuem bons hábitos alimentares, podem desenvolver desnutrição e hipoproteinemia - Além dos sinais relacionados com o ciclo intestinal da ascaridíase, os pacientes também podem apresentar sinais pulmonares quando as larvas migram pelos pulmões. Durante esta fase, os pacientes podem apresentar febre baixa, tosse, eosinofilia e/ou pneumonia. Uma reação asmática de natureza alérgica à presença dos vermes também pode ocorrer. ➢ Vermes consomem grande quantidade de proteínas, carboidratos, lipídios e vitaminas, levando o paciente à subnutrição e depauperamento físico e mental (crianças) ➢ Ação Tóxica - Reação entre antígenos parasitários e anticorpos alergizantes do hospedeiro, causando edema, urticária, irritabilidade, convulsões epileptiformes, etc. ➢ As complicações que podem ocorrer por migração do áscaris são: apendicite, pancreatite hemorrágica (obstrução da ampola de Vater e do ducto de Wirsung); colestase e colangite (obstrução da ampola de Vater e arvore biliar); abscesso hepático (ascensão dos vermes para o interior do parênquima hepático); asfixia (obstrução de vias aérea ou cânula traqueal) ✓ Migração para pulmões: - O ciclo de pulmonar ou ciclo de Loss acontece em alguns parasitas que têm em seu ciclo de vida a necessidade de maturação das larvas no pulmão, as larvas rompem os capilares pulmonares dos alvéolos, provocando hemorragia e infiltração pulmonar. Durante o ciclo de Loss, o paciente pode apresentar tosse seca, febre e perda de peso, o que define a síndrome de Loeffler ➢ Síndrome de Loeffler - pneumonia eosinofílica - Caracterizada por tosse seca, dispneia, sibilos, desconforto retroesternal e febre baixa - Há edema alveolar com: - Infiltrado parenquimatoso eosinofílico - Manifestações alérgicas - Febre - Bronquite e pneumonia (a este conjunto de sinais denomina- se Síndrome de Loeffler); - Na tosse produtiva (com muco) o catarro pode ser sanguinolento e apresentar larvas do helminto. - Causado por Ascaris, a resposta imune ocorre a partir do desenvolvimento de uma hipersensibilidade do tipo I com uma significativa resposta de anticorpos caracterizada por uma elevada produção de IgE total e específica anti-áscaris por meio de uma resposta modulada pelo perfil Th2 de linfócitos T-CD4 - O dano ao tecido pulmonar na síndrome de Loeffler é causado pela liberação de citocinas dos eosinófilos, células envolvidas em infecções parasitárias, de um perfil de resposta inflamatória modulada por linfócitos Th2 ANA CAROLINA ALVES DOS SANTOS - A infecção parasitária no Loeffler induz um padrão de resposta que faz com que Interleucina 4(IL-4) influencie os linfócitos T-CD4 a se diferenciarem em um perfil TH2, o qual é responsável por produzir, principalmente, mais IL-4 (responsáveis por aumentar a produção e liberação de eosinófilos pela medula e influenciar os linfócitos B a produzir IgE e mudar a classe das IgM para IgE), IL-5 (influencia a medula a produzir e liberar eosinófilos e os linfócitos B a produzir IgA) e IL-13 (promove aumento da produção de muco e aumento da motilidade gastrointestinal). As citocinas produzidas pelas células T-CD4 tipo 2, entre outras funções, induzem a produção de IgE pelas células B, e ativação de eosinófilos, mastócitos e basófilos, respectivamente, componentes fundamentais na defesa contra helmintos. - Ao chegarem ao tecido pulmonar, em resposta a IL-5 circulante,eotaxinas, quimiocinas C-C e leucotrienos, os eosinófilos degranulam e liberam substâncias tais como proteína básica maior e espécies reativas de oxigênio (EROs) que combatem os parasitas, contudo também lesam o parênquima pulmonar. Além disso, os eosinófilos realizam quimioatração de neutrófilos, e macrófagos e produção de substâncias autacoides (histamina, NO, como os eicosanoides: prostaglandinas, prostaciclina (substâncias vaso dilatadoras, que aumentam a permeabilidade celular), tromboxanos A2 e leucotrienos (substâncias quimiotáxicas)) responsáveis por grande parte da sintomatologia do Loeffler por intensificarem a inflamação. - Os anticorpos da classe IgE ligam-se aos basófilos circulantes ou mastócitos teciduais, induzindo a liberação de histamina e outros mediadores da reação de hipersensibilidade imediata, que leva à destruição de helmintos e intensificação do processo inflamatório. ✓ Laboratorialmente, a síndrome é reconhecida por eosinofilia em que 500-1.000 células/mm3 (25% a 30%) dos leucócitos sanguíneos são eosinófilos. Exames e diagnostico: - O diagnóstico da ascaridíase é realizado pela microscopia óptica, a partir da observação de ovos do parasito nas fezes do hospedeiro através do exame parasitológico de fezes - Exame parasitológico de fezes não é eficiente na fase pulmonar e no estágio inicial da fase intestinal, devido ao período pré-patente ter cerca de 60 dias(desde a infecção com ovos embrionados até a presença de ovos nas fezes do hospedeiro) É feito pela pesquisa de ovos nas fezes. Contudo, o método de Kato modificado por Katz é bastante eficiente e recomendado pela Organização Mundial de Saúde para inquéritos epidemiológicos. ➢ Método de Hoffman, Pons e Janer ou de Lutz - É utilizado para a pesquisa de cistos, oocistos, ovos e larvas. Princípio do método: sedimentação espontânea 2. Finalidade: pesquisa de ovos e larvas de helmintos 3. Vantagens do método: Barato, fácil de ser preparado. 4. Desvantagens do método: Inespecífico e demorado. ➢ Método de Kato e Katz 1. Princípio do método: Método semi-quantitativo e qualitativo - permite a quantificação dos ovos 2. Finalidade: - Método de escolha para Esquistossomose - Permite revelar os ovos de helmintos - Análise quantitativa: determina- se o número total de ovos por gramas de fezes com auxílio de tabela ou multiplica-se pelo número de ovos encontrados efetivamente na preparação examinada por 24. 4. Vantagens: - Método semi- quantitativo e qualitativo. - Rápido (examinado após curto espaço de tempo: 60 min.) - O KIT é descartável, tornando-o, portanto, muito fidedigno. - Método sensível, revelando um maior número de casos positivos. - Fácil de ser executado. 5. Desvantagens: Custo elevado e, além disso, para se encontrar ovos de Ancylostoma o exame deve ser feito no mesmo dia. Complicação: Medidas de controle: Notificação: Não é doença de notificação compulsória Tratamento 1. Albendazol (ovocida, larvicida e vermicida) - bloqueia a absorção de glicose pelo parasito 2. Mebendazol - bloqueia a captação de glicose e altera funções digestivas, gerando processo autolítico; não é recomendado seu uso em gestantes. Essa dose independe do peso corporal e da idade 3. Levamisol 4. Piperazina - promove paralisia flácida do helminto seguida de expulsão passiva; escolha na obstrução intestinal - Albendazol (ovocida, larvicida e vermicida) - bloqueia a absorção de glicose pelo parasito - Mebendazol - bloqueia a captação de glicose e aminoácidos; altera funções digestivas, gerando processo autolítico; não é recomendado seu uso em gestantes. Essa dose independe do peso corporal e da idade - Levamisol - paralisia muscular - Piperazina - promove paralisia flácida do helminto seguida de expulsão passiva; escolha na obstrução intestinal ➢ Albendazol: - O albendazol é um carbamato benzimidazólico com atividade anti-helmíntica e antiprotozoária indicado para tratamento contra os seguintes parasitas intestinais e dos tecidos: Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Necator americanus, Ancylostoma duodenale, Trichuris trichiura, ANA CAROLINA ALVES DOS SANTOS Strongyloides stercoralis, Taenia spp. e Hymenolepis nana (somente nos casos de parasitismo a eles associado). São indicações ainda a opistorquíase (Opisthorchis viverrini) e a larva migrans cutânea, bem como a giardíase (Giardia lamblia, G. duodenalis, G. intestinalis) em crianças. - O princípio ativo tem propriedades ovicidas, larvicidas e helminticidas - Categoria C de risco na gravidez - não deve ser utilizado na gravidez ou em mulheres que pretendam engravidar - Mecanismo de ação: inibição da polimerização dos túbulos; com isso, o nível de energia do helminto se torna inadequado à sua sobrevivência. (mecanismo igual aos do Mebendazol) - Esse medicamento está incluído na lista de Assistência Farmacêutica do SUS ➢ Mebendazol - Mecanismo de ação: O fármaco se liga a beta- tubulina do parasito impedindo a formação de microtúbulos, impedindo a divisão celular, além de reduzir a entrada de glicose, com isso impedindo a utilização de fontes energéticas para seu metabolismo. Outras alterações bioquímicas que ocorrem no parasita são inibição da fumarato redutase mitocondrial, desacoplamento da fosforização oxidativa e depleção na captação de glicose. Com o bloqueio da captação de glicose pelo helminto ocorre, consequentemente, depleção dos níveis de glicogênio que resulta na diminuição da formação de ATP (adenosina trifosfato), necessária para a sobrevivência e reprodução do helminto, culminando na morte e eliminação do parasita. ➢ Levamisol (Ascaridil) - Mecanismo de ação: se faz por inibição seletiva da atividade enzimática no músculo do verme, impedindo a conversão do fumarato em succinato, o que causa paralisia do helminto - paralisia muscular ➢ Piperazina - Mecanismo de ação: é um agonista do receptor de GABA. Liga-se diretamente e seletivamente a receptores de GABA da membrana muscular, causando presumivelmente hiperpolarização das terminações nervosas, resultando em paralisia flácida do parasita. Enquanto o parasita é paralisado, é desalojado do lúmen intestinal e expulso vivo a partir do corpo, por peristaltismo intestinal normal. Medidas de controle: 1) Gerais: Medidas de educação em saúde e de saneamento. 2) Específicas: Evitar as possíveis fontes de infecção, ingerir vegetais cozidos e lavar bem e desinfetar verduras cruas, higiene pessoal e na manipulação de alimentos. O tratamento em massa das populações tem sido preconizado por alguns autores para reduzir a carga parasitaria. Contudo, se não for associado a medidas de saneamento, a reinfecção pode atingir os níveis anteriores em pouco tempo. - Alguns fatores interferem na prevalência da infecção por A. lumbricoides, são eles: a grande quantidade e alta viabilidade (até um ano contendo larvas L3 infectantes) de ovos produzidos e eliminados pela fêmea; concentração de indivíduos vivendo em condições precárias de saneamento básico; temperatura e umidade com médias anuais elevadas e os hábitos de higiene da população.
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