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Maysa Araújo Gomes Ferraz AUSCULTA PULMONAR ANORMAL - SEMIOLOGIA Etapas semiológicas do exame do aparelho respiratório Inspeção → palpação → percussão → ausculta. Fazer a avaliação em ambos os hemitórax, na frente e no dorso. A avaliação é feita com o tórax desnudo, sempre comparando os hemitórax e a parte superior com a inferior. Inspeção estática - Forma do tórax:pode variar de acordo com idade, sexo e biotipo; observar diâmetro ântero-posterior ou transverso; observar o dorso para avaliar deformidades da coluna vertebral (escoliose ou cifose). Algumas formas de tórax estão relacionados a doenças do aparelho respiratório. Tórax em tonel: o diâmetro ântero-posterior se iguala ao transverso; relacionado as DPOCs (bronquite e enfisema). Tórax infundibuliforme ou pectus escavatum: depressão acentuada no terço inferior do esterno; congênito ou adquirido. Tórax em peito de pombo ou pectus carinatum: saliência do esterno com formato do peito de um pombo; asma. - Pele e pelos. - Lesões e cicatrizes. - Abaulamentos/depressões. - Presença de tiragem; uso de musculatura acessória. Inspeção dinâmica - Padrão respiratório. - Frequência: Dispneia, bradipneia, taquipneia, hiperpneia. - Amplitude e ritmo. Eupneia: frequência normal de 16 a 20 irpm. Dispneia: desconforto respiratório ou dificuldade para respirar que pode ser subjetivo ou objetivo; ocorre em doenças cardíacas ou respiratórias, insuficiência renal, anemias graves. Bradipneia: respiração lenta; ocorre fisiologicamente durante o sono e em atletas mas pode também ser provocada por lesões cerebrais que atinge os centros respiratórios ou em hipertensão intracraniana e intoxicações exógenas. Taquipneia: respiração rápida e superficial; pode ocorrer em febre e lesões de pleura e pulmão diversas. Hiperpneia: respiração rápida e profunda; ocorre após exercício intenso ou ansiedade, mas também por acidose metabólica ou lesões neurológicas. Cheyne-Stokes: respiração periódica ou cíclica, se caracteriza por um movimento respiratório lento crescente e decrescente, que ocorre a cada 40 a 60 segundos. O mecanismo básico consiste em momentos de hiperventilação intercalados com apneia. O momento da respiração profunda é o causador do retardo da condução do sangue para o centro respiratório cerebral, o qual sofre uma depressão excessiva. Kussmaul: respiração rápida e ampla com períodos de apneia. Tiragem: representa a dificuldade da passagem do ar, levando a depressão dos espaços intercostais; a localização da obstrução determina a amplitude da área de tiragem. Ao palpar o pulso já se olha a respiração para que o paciente não mude o ritmo respiratório por estar sendo observado. A respiração do homem é mais abdominal que a da mulher, que é mais torácica. Alterações de unha também podem indicar doenças pulmonares ou cardíacas. Doenças cardiorrespiratórias caracterizam unhas em vidro de relógio, que tem convexidade exagerada e cor azulada (cianose) no leito da unha, além de dedos em forma de "baqueta de tambor", presente em quadros com insuficiência respiratória crônica e cardiopatias, em que a unha fica redonda e curva, porém menos espessa. A síndrome das unhas amarelas, é associada a processos pulmonares como bronquite crônica, bronquiectasias, derrame pleural e câncer pulmonar. Algumas doenças do fígado apresentam alterações como descolamento da unha, forma alterada, estrias, fragilidade e unhas em cristal, frequentemente encontradas em pacientes portadores de cirrose. Palpação Para a palpação da traqueia posiciona-se os dedos dos dois lados da traqueia. Ela é suavemente deslocada de um lado para o outro em toda sua extensão (normalmente há discreta mobilidade) pesquisando massas, crepitações ou desvio da linha média. A palpação da parede torácica é feita com as mãos espalmadas e posicionadas contra o tórax do paciente para avaliar a simetria e a amplitude do aparelho respiratório e também para possível palpação de massas, edema, dor e frêmito. A expansibilidade deve ser avaliada com as mãos espalmadas, que se deslocam para fora e para cima. O frêmito tóraco-vocal é provocado pelo movimento do ar através da parede torácica, percebido pelas mãos do examinador como uma vibração suave enquanto o paciente diz 33. Já o frêmito brônquico é provocado pela passagem de secreção nos brônquios de médio e grosso calibre; mesma técnica do frêmito tóraco-vocal porém durante a inspiração e expiração. Percussão Avalia a produção de sons através da realização de pequenos golpes sobre a parede torácica nos espaços intercostais de forma comparativa entre os hemitórax percute-se dos ápices para as bases. É feita para detectar se os tecidos estão cheios de ar, líquido ou sólido. O paciente deve estar sentado ou deitado. - Som claro pulmonar: corresponde a sonoridade provocada pela presença de ar nos pulmões. - Hipersonoro: aumento de ar nos alvéolos provocado por enfisema pulmonar. Maysa Araújo Gomes Ferraz - Som submaciço ou maciço: diminuição ou ausência de ar nos alvéolos (derrames, espessamentos pleurais e condensação pulmonares nas pneumonias e neoplasias). - Som timpânico: há ar aprisionado no espaço pleural (pneumotórax ou grande cavidade intrapulmonar como uma grande caverna tuberculosa). Ausculta Consiste em ouvir os ruídos torácicos e pulmonares (murmúrio vesicular) com o estetoscópio. Avalia o fluxo aéreo pela árvore brônquica. Deve ser realizado com o paciente respirando pela boca de forma simétrica em ambos os HT (hemitórax) com o paciente sentado sem roupa. Estetoscópio - Diafragma: sons de alta frequência. - Campânula: sons de baixa frequência. Como contrapartida aos benefícios do estetoscópio moderno, o mesmo pode ser um potencial vetor de microrganismos e é um dos responsáveis pela contaminação de outros pacientes auscultados. Em 300 estetoscópios analisados por Maluf et al.15, 87% estavam contaminados e 96% apresentaram mais de um microrganismo. Em outro estudo realizado por Pamar et al., 90% dos 100 estetos analisados estavam contaminados, sendo que 96% dos usados na pediatria e 100% dos usados na UTI pediátrica estavam contaminados. Por isso, recomenda-se o uso do álcool a 70% para limpeza do aparelho a cada uso. Outros potenciais transmissores de infecção ao paciente se relacionam ao médico que não higieniza as mãos antes e depois de examinar cada paciente, usa adereços, jóias e gravata, usa bata de manga longa ou não lava a bata. Marcos anatômicos de importância clínica: as 12 costelas, sendo as 2 últimas flutuantes e as 7 primeiras ligadas ao esterno; linhas hemiclaviculares e axilar; brônquio direito mais curto, mais largo e mais reto que o esquerdo; espaços intercostais. Em hipótese alguma deve-se auscultar por cima da roupa para evitar artefatos que possam confundir o examinador. Pede-se que o paciente inspire mais profundamente que o habitual com a boca, para neutralizar os sons provenientes do nariz, enquanto a expiração deve ser passiva. Caso o paciente não possa sentar-se, deve-se ampará-lo e se ainda assim não for possível, deve-se colocá-lo em decúbito lateral e auscultar um hemitórax por vez. Uma atenção ao tubo do estetoscópio deve ser dada porque seele atritar com algum objeto pode promover artefatos. É importante que o exame seja sistematizado a fim de se auscultar todos os lobos nos respectivos campos pulmonares, simétrica e comparativamente. Orienta-se iniciar pelas bases porque várias tomadas e inspirações poderiam alterar eventuais ruídos adventícios motivados pela reexpansão pulmonar. Na ausculta das faces laterais do tórax, é interessante solicitar a flexão do ombro para melhor acesso. A ausculta pulmonar é um meio rápido, não invasivo, de baixo custo e ótimo direcionamento clínico, devendo ser valorizada ao lado de outras técnicas diagnósticas. A diminuição ou a ausência dos sons respiratórios pode significar: ar ou líquido em torno dos pulmões (pneumonia, insuficiência cardíaca, derrame pleural); aumento da espessura da parede torácica; demasiada insuflação de uma parte dos pulmões (enfisema); diminuição do fluxo de ar para uma parte dos pulmões. Roncos - Sons contínuos, longos e graves - Inspiração e expiração. - Mutáveis e fugazes; desaparecem com tosse. - Gerados pelo turbilhão aéreo que se forma com a movimentação de muco e de líquido dentro da luz das vias aéreas (geralmente brônquios de grosso calibre) e produz uma vibração da parede brônquica. - Asma, bronquite, bronquiectasia, obstruções localizadas. Os roncos são muito comuns durante a noite, enquanto a pessoa está dormindo. O som do ronco é produzido pela vibração da parede brônquica, pela secreção nas grandes vias aéreas. Maysa Araújo Gomes Ferraz Sibilos - Som contínuo. - Sons longos, agudos (alta frequência) e musicais. - Inspiração e expiração (principalmente). - Disseminados ou localizados, dependendo da causa. - Representam vibrações da passagem do ar nas paredes dos brônquios estreitados por obstruções parciais de brônquios de pequeno calibre ou bronquíolos. - Relacionados principalmente com as constrições das vias respiratórias (asma, corpo estranho, compressão externa por tumor). Sibilos são de alta frequência e roncos são de baixa frequência, são sons adventícios contínuos que duram pelo menos 250 milissegundos e são causados pela vibração das vias aéreas em constrição. Mais comum na expiração. Provocado pela interação entre o calibre da via e a velocidade do fluxo (passagem do ar em jato que produz vibração). A constrição pode resultar do edema da mucosa, espasmos dos músculos lisos ou estase das secreções brônquicas. Dependendo do grau, os ruídos adventícios podem ser audíveis mesmo com a respiração em repouso sem a necessidade de realizar respiração profunda. Os sibilos são sons agudos produzidos por vias aéreas estreitas e muitas vezes podem ocorrer quando uma pessoa exala o ar de seus pulmões. Os sibilos são comumente ouvidos sem o auxílio do estetoscópio. São predominantemente expiratórios, embora possam ser inspiratórios ou nos dois tempos. Se a pessoa está com asma e não se encontra sibilos provavelmente a asma está tão grave a ponto de não provocar vibração em suas paredes. Nem tudo que sibila é asma, mas o sibilo da asma é predominantemente expiratório e traduz um broncoespasmo. Estertores finos - Som descontínuo, agudo (alta frequência), de curta duração e explosivo. - Final da inspiração. - Melhor audível nas bases pulmonares. - Não se modificam com a tosse. - Representam o som produzido pela abertura súbita de vias aéreas menores (alvéolos) que se encontram colapsados ou ocluídos por líquido viscoso; pneumonia. Estertores finos são produzidos quando há líquido nos alvéolos (pneumonia, insuficiência cardíaca congestiva, tuberculose), não se modificam com a tosse mas podem se modificar com a posição do paciente. ão como crepitações que resultam da passagem de ar através de líquido ou umidade. Sons de estalidos intermitentes, agudos e suaves auscultados ao final da inspiração Estertores são sons adventícios descontínuos que duram menos de 20 milissegundos e são mais curtos e explosivos que os sibilos e roncos. Deve-se descrever o local onde são ouvidos e se eles desaparecem após a tosse ou inspiração profunda (estertores grossos). Acredita-se que ocorram quando o ar abre as vias aéreas fechados. Os estertores são pequenos sons de clicar, borbulhar ou chocalhar no pulmão. Estertores grossos - Som descontínuo. - Sons menos agudos (baixa frequência), maior duração. - Início da inspiração e toda expiração. - Audíveis em todas as regiões do tórax. - Modificam-se com a tosse - Originam-se na abertura e fechamento de vias aéreas contendo secreção viscosa e espessa. - Bronquite e bronquiectasias. Atrito pleural - Som descontínuo. - Som grave (baixa frequência), de maior duração. - Mais intenso na inspiração. - Audível nas regiões axilares inferiores. - Originam-se do ruído produzido pelo atrito entre os folhetos parietal e visceral da pleura, quando estas estão recobertas de exsudato. - Desaparece quando há derrame pleural. CASO 1: Adolescente do sexo masculino de 12 anos procura a emergência em considerável sofrimento, referindo que desde o dia anterior estar com dificuldade de respirar e mal conseguia falar. Diz que vem tossindo muito há 2 semanas que piora a noite. Refere ainda que a tosse é produtiva e se exacerba com a atividade física. Há períodos de remissão. O paciente diz que na infância teve dermatite atópica. Nega tabagismo. Ao exame físico o examinador observou uma palidez na face do paciente e uma área arroxeada ao redor da boca. A frequência respiratória de 30 ipm. Descreva o exame físico e a ausculta pulmonar. Discuta a necessidade de realizar um RX de tórax e de um teste de função pulmonar (espirometria) para esclarecer o diagnóstico. Este é um caso de asma brônquica. Na ausculta pulmonar esperamos encontrar sibilo, principalmente expiratório. Pode haver roncos. O diagnóstico é clínico e não são necessários exames complementares para confirmar diagnóstico, porém podem ser feitos para afastar outras causas. A espirometria não é necessária para o diagnóstico e sim para avaliar a gravidade da asma, bem como acompanhar. Ocorre em geral em jovem não fumador e se associa a outras manifestações alérgicas e pode agravar por condições ambientais (pó domiciliar, tapetes, casa pouco arejada). Testes cutâneos de alergias podem ser positivos. Tríade atópica: asma, rinite e dermatite atópica. Os sintomas desaparecem fora da crise. Reversão com beta2. Crises de dispneia paroxística. Neste caso, considerar que um RX de tórax foi normal. Na chegada à emergência, estava em considerável sofrimento; mal conseguia falar e sua frequência respiratória estava em 30 ipm. O exame físico apontou raros sibilos e murmúrios vesiculares quase ausentes. A frequência respiratória (normal 12 a 20 irpm) pode estar alterada, bem como a expansibilidade. Maysa Araújo Gomes Ferraz Pode ser observado o uso de musculatura acessória (tiragem) e em casos graves os ruído podem ser audível sem estetoscópio. A asma é uma doença inflamatória crônica, potencialmente reversível de vias aéreas inferiores, marcada pela hiperreatividade da árvore traqueobrônquica. Os principais fatores de risco são predisposição genética (atopia), vida urbana, baixas condições socioeconômicas. Viroses são fatores desencadeantes.CASO 2: Sexo masculino, 59 anos. Chega a consulta do PSF com tosse produtiva com expectoração de muco que piorou há 1 mês. Os acessos de tosse eram inicialmente matinais, mas que progressivamente foram ocorrendo em qualquer momento do dia. Refere também sensação de peso torácico e dor ao tossir e sensação de falta de ar. Fumante desde a adolescência. Sendo que aumentou nos últimos 10 anos, fumando 2 maços por dia. Nega passado de atopia. Descreva o exame físico. Calcule a carga tabágica nos últimos 10 anos. Na bronquite crônica (DPOC), o som auscultado é variável e depende da gravidade do caso. Pode-se ouvir sibilos (pela obstrução) e estertores grossos (pela quantidade de secreção nas vias aéreas de grosso calibre). A manifestação inicial geralmente é tardia, homens de 65 anos, grandes fumadores. Espectro do enfisema e bronquite crônica associado ao tabagismo. Testes cutâneos negativos. Sintomas permanecem fora das crises (ao contrário da asma), tosse e expectoração matinal. Carga tabágica = Número maços/dia x tempo em anos. Os principais sintomas e sinais da bronquite crónica e da exacerbação da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica são: - Tosse produtiva com expectoração mucosa frequente, que evolui por acessos, inicialmente matinais, mas que progressivamente ocorrem em qualquer momento do dia. - Episódios de agudização da bronquite cada vez mais frequentes e mais difíceis de resolver que vão agravando progressivamente o quadro respiratório. - Sensação de falta de ar (dispneia) resultante da inflamação brônquica e das secreções espessas que obstruem as vias aéreas. Em episódios agudos, a dificuldade respiratória pode ser muito intensa e requer hospitalização para administração de oxigénio. - No enfisema grave pode-se ouvir apenas diminuição do murmúrio vesicular sem ruídos. BRONQUITE X ASMA Infecções mais comuns de vias respiratórias inferiores (VAI): Traqueobronquite: Infecções da traqueia e dos brônquios. Bronquite crônica e exacerbação da DPOC: A bronquite crônica é uma inflamação persistente e arrastada da mucosa dos brônquios que se torna edemaciada, com hiperprodução de muco espesso e sua acumulação no interior dos brônquios, dificultando a passagem do ar. Paralelamente, ocorre destruição do tecido pulmonar com perda de conexões alveolares e diminuição da elasticidade, o que se designa por enfisema pulmonar. A causa principal é o fumo do tabaco e a frequência de ambientes poluídos com fumos industriais, poeiras químicas e minerais. A agressão crônica do fumo provoca destruição dos mecanismos naturais de limpeza, inibindo o movimento dos cílios e a capacidade de transporte do muco que se torna muito espesso e facilmente infectado por bactérias. Estes doentes têm infecções respiratórias de repetição, o que agrava progressivamente a sua condição respiratória. Com o passar do tempo e com o processo inflamatório crónico, os brônquios tornam-se progressivamente mais estreitos e instala-se uma condição caracterizada por obstrução persistente da passagem do ar, com limitação progressiva da capacidade respiratória e da atividade física, o que chamamos de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). broncoconstrição + edema inflamatório + excesso de muco CASO 3: Mãe traz à emergência filha de 5 anos com dificuldade respiratória. A mesma referiu febre alta acompanhada de tosse produtiva há 4 dias. Diz que os episódios de calafrios e febre pioraram nas últimas 24 horas, tornando-a dispneica. A tosse intensa era inicialmente seca na semana anterior e evoluiu para produtiva com expectoração mucosa; e depois para purulenta amarelo-esverdeada. Refere também dor torácica ao tossir. Além de irritabilidade, cefaleia, redução do apetite e vômitos. A criança está pálida e apresenta cianose perilabial e febre. A frequência respiratória está maior que a normal e há retração do gradil costal e batimento de asa de nariz. Descreva o exame físico. Foi solicitado uma radiografia de tórax, discuta sua necessidade. Esse é um caso de pneumonia. O som do modelo é um estertor fino, principalmente nas bases. É um quadro inflamatório agudo do parênquima pulmonar que pode ser provocado por causa infecciosa (principal mecanismo) ou não infecciosa (aspiração do conteúdo gástrico, alimento, corpo estranho, radiação e drogas). 2 a 3% das infecções das vias aéreas evoluem para pneumonia. Segundo caso de mortalidade em crianças abaixo de 5 anos. Maysa Araújo Gomes Ferraz A dificuldade ventilatória aparece mais quanto menor for a criança. A FR tem relação estreita com a gravidade da pneumonia e com a hipoxemia. A FR deve ser medida com a criança tranquila no colo do cuidador. Ausculta-se roncos e estertores finos difusos. O tecido pulmonar está bem defendido dos vários agentes microbianos que o atingem provenientes do ar inalado. Em situações normais, o sistema mucociliar e as células de defesa que estão presentes ao longo de todo o aparelho respiratório, neutralizam e eliminam os agentes patogênicos. Em certas circunstâncias (diminuição das defesas, agressividade do agente ou doença predisponente prévia) esses micro-organismos (vírus, bactérias ou mesmo fungos), vencem as barreiras naturais e desencadeiam a infecção do tecido respiratório (onde se dá a passagem do oxigénio para o sangue e a libertação do dióxido de carbono do ar expirado). A pneumonia é uma doença que requer cuidados especiais pois, embora a maioria se cura rapidamente com os tratamentos corretos em ambulatório, também é possível que um agravamento rápido do estado geral dos doentes, com instalação de dificuldade respiratória, implique na necessidade de internamento hospitalar. Estão nesta eventualidade, sobretudo, crianças de baixo peso e doentes com condições físicas concomitantes, como doenças respiratórias prévias, doenças cardiovasculares, diabetes, doentes acamados e de idade avançada, doentes em pós-operatório. As pneumonias infecciosas podem ser virais ou bacterianas (principalmente por streptococcus pneumoniae e haemophilus influenzae). Dessas, as bacterianas são mais perigosas e requerem cuidados médicos e tratamentos mais cuidados. Tiragem intercostal é sinal de gravidade e derrame pleural pode ser causa de falha terapêutica. Os principais sintomas e sinais de pneumonia são: - Quadro infeccioso agudo com calafrios e febre alta; em situações raras pode decorrer sem febre alta. - Tosse intensa que pode ser seca ou com escassas secreções e que evolui para produtiva com expectoração mucosa e depois para purulenta amarelo-esverdeada - Dor torácica por vezes tipo pontada, mas que pode ser difusa e pouco intensa, ou mesmo ausente. - Sensação de peso torácico, com dor ao tossir e frequentemente ardor ao respirar. - Sensação de falta de ar (dispneia), respiração encurtada, rápida e difícil, resultante da inflamação do tecido pulmonar e das secreções espessas que causam obstrução das vias aéreas. Nos episódios agudos, a sensação de dificuldade respiratória pode ser muito intensa e requer hospitalização e administração de oxigénio, hidratação e aspiração das secreções. - Febre e mal-estar geral, cansaço, arrepios, dores de cabeçanos episódios agudos. O diagnóstico é feito pelo médico, baseado na avaliação dos sintomas e sinais. A ausculta pulmonar permite avaliar o grau de compromisso do sistema ventilatório e as zonas afetadas. Exames radiológicos como radiografia simples do tórax ou tomografia computadorizada, análises de sangue (hemocultura e gasometria) e das secreções, que permitam orientar o diagnóstico e avaliar o grau de gravidade da infecção são fundamentais para a avaliação da situação clínica. RX de tórax; condensação em terço médio do pulmão D e velamento do seio costofrênico ipsilateral.
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