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Cidadania e Responsabilidade Social UN ID AD E 3 Objetivo do estudo Ao final do estudo você deverá ser capaz de argumentar sobre a evolução histórica do tema, entender o conceito de responsabilidade social; e sobre o compromisso de todos os setores sociais com a responsabilidade social e ambiental. Informações Sociais e Ambientais: Abordagem Introdutória http://www.ducocoalimentos.com.br/ novo-site/wp-content/uploads/2013/06/ ico-sustentabilidade-ambiental.gif 2 Cidadania e Responsabilidade Social Graduação | UNISUAM A empresa deve ser vista como um conjunto de partes em constante interação com o meio no qual está inserida. 3 T1 Responsabilidade social e ambiental nas empresas com diferentes tipos de atividadeA empresa deve ser vista como um conjunto de partes em constante interação com o meio no qual está inserida. Segundo Takeshy Tachizawa (2009), a adoção do enfoque sistêmico, encarando a empresa como um macrossistema aberto interagindo com o meio ambiente, pode ser entendida como um processo que procura converter recursos em produtos – bens e serviços –, em consonância com seu modelo de gestão de negócios e objetivos corporativos. A visão de sistemas de uma empresa representa uma perspectiva diferente que permite visualizar: 1 - O cliente, o produto e o fluxo de atividades empresariais. 2 - Como o trabalho é realmente feito por processos que atravessam as fronteiras funcionais. 3 - Os relacionamentos internos entre cliente e fornecedor, por meio dos quais são produzidos produtos, “bens e serviços”. 4 - Os prováveis impactos ambientais provocados por seus processos. 5 - Oportunidades de reciclagem de resíduos gerados pelos processos produtivos (industriais) e materiais descartáveis gerados pelos processos de apoio (áreas administrativas). 6 - Os prováveis impactos ambientais provocados por seus processos. O enfoque sistêmico possibilita uma visão global da empresa, que é o ponto de partida para a criação e a gestão de negócios que respondam eficientemente à nova realidade de concorrência acirrada e de expectativas em mutação dos clientes. Essa visão global permite enxergar a empresa como um macrossistema que converte diversas entradas de recursos em saídas de produtos e serviços que ela fornece para sistemas receptores ou mercados. A organização é guiada por seus próprios critérios e feedback interno, mas é, em última instância, conduzida pelo feedback de seu mercado e pelos efeitos que gera no meio ambiente. Todo esse cenário empresarial ocorre no ambiente social, econômico, tecnológico e político. Visualizando internamente as empresas, podem ser identificadas funções que, interligadas na forma de sistemas, existem para converter as diversas entradas em produtos ou serviços e seus potenciais efeitos sobre o meio ambiente. A empresa, em sua totalidade, tem um mecanismo de controle (seu processo de gestão) que interpreta e reage aos feedbacks interno e externo, de modo que a empresa fique equilibrada quanto ao ambiente externo. 3 Unidade 03 Informações Sociais e Ambientais: aborgadem introdutória http://guard-experts.com/images/INDUSTRIAL.jpg As organizações são classificadas, de forma simplificada, em: - Organizações do ramo industrial - Organizações do ramo comercial - Organizações de prestação de serviços Há características próprias para cada setor que fazem com que a interação entre seus agentes ambientais seja intrínseca ao setor focalizado, demandando estratégias corporativas genéricas, estratégias ambientais e estratégias sociais das organizações peculiares a esses setores da economia. Tal análise permite, enfim, estabelecer os elementos conformadores das medidas a serem adotadas pelas organizações em sua postura perante o mercado. Pode-se dizer que a melhor maneira de organizar uma instituição depende da natureza do ambiente com o qual ela deve relacionar-se. industrial Conforme Takeshy Tachizawa (2009), podemos exemplificar como estratégias genéricas de gestão ambiental e de responsabilidade social comuns a todas as empresas. • Aumentar a competitividade das exportações para mercados ecológicos; • Atender ao consumo verde; • Atender à pressão de empresas ambientalistas; • Estar de acordo com a política social da empresa; • Melhorar a imagem perante a sociedade na qual está inserida; • Atender às exigências legais para constituição de uma empresa (Regulamentação e licenciamento). Conforme Bateman & Snell (1998), as principais razões que levam a empresa a incorporar conceitos ambientais em suas considerações estratégicas são: 1 - A necessidade de respeitar a legislação. 2 - Maior eficiência, reduzindo custos com reciclagem, diminuindo o consumo de recursos, matérias-primas e energia, evitando desperdícios. 4 Cidadania e Responsabilidade Social Graduação | UNISUAM 3 - Competitividade e novos mercados. 4 - Redução ao mínimo do risco de comprometimento da imagem da organização frente à opinião pública. 5 - Responsabilidade social e ética nas atividades realizadas pela organização, em busca da perenidade do negócio. Podemos exemplificar como estratégias de responsabilidade social, segundo o Guia de Sustentabilidade, da revista Exame (2009), os projetos sociais em: Educação Saúde Apoio à criança e ao adolescente Voluntariado Meio Ambiente Cultura Comunidade 5 Unidade 03 Informações Sociais e Ambientais: aborgadem introdutória Vamos analisar dois diferentes tipos de atividades econômicas: - Empresas industriais - Empresas comerciais As empresas industriais subdividem-se em: - Altamente concentradas - Semiconcentradas Industrias altamente concentradas São aquelas com elevada escala de produção (siderúrgicas; de minerais não metálicos; de mineração; química e petroquímica; ferroviárias; de comunicações, de telecomunicações; de construção pesada; de papel e celulose; de maquinas e equipamentos etc.). Esse tipo de atividade caracteriza-se pelo fato de que, quanto menor for o número de empresas e mais semelhantes em termos de porte (pequeno, médio ou grande), maior será a interdependência delas. As organizações pertencentes a esse setor econômico vêm mudando sua estratégia para adequar-se às demandas do meio ambiente externo. http://www.revistabrazilcomz.com/wp-content/uploads/2015/04/ gas-industrial-hidrogeno-22850-3291905.jpg industrial 6 Cidadania e Responsabilidade Social Graduação | UNISUAM Estratégias ambientais e de responsabilidade social Em função do alto conteúdo tecnológico dos produtos gerados pelas indústrias altamente concentradas, tem-se como viável a estratégia de reciclagem de componentes obsoletos descartados pelas empresas. Além do ganho econômico, possibilita o fim do processo de deposição de sucata em aterros sanitários, que é o método utilizado pela maioria das empresas. Possibilita ainda a recuperação de metais não renováveis na natureza, como paládio, ouro, prata, alumínio e cobre. Tal estratégia, legalmente, atende aos preceitos das normas da série ISO 14000, que exigem das empresas certificações que comprovem que a operação segue as regras adequadas de deposição do resíduo. A legislação brasileira estabelece que a empresa que gera o resíduo permaneça criminalmente responsável pelo mesmo, independentemente de subcontratar terceiros para a efetivação do descarte e destinação final. Algumas estratégias genéricas de responsabilidade social e ambiental • Mudança na composição das embalagens do produto para tornar seu uso menos agressivo à saúde humana e ao meio ambiente; • Redução do uso, recuperação ou reciclagem da água; • Controle, recuperação ou reciclagem das descargas líquidas das atividades industriais; • Redução do uso de matérias-primas por qualidade de produto fabricado ou substituição de fonte de energia.• Reciclagem de sucatas, resíduos ou refugos; • Fornecedores ambientalmente corretos; • Investimentos em controle ambiental; • Projetos sociais, culturais, educacionais etc. Configuração organizacional A gestão ambiental e de responsabilidade social nessa configuração organizacional se caracteriza como órgão de assessoria ligado diretamente ao principal executivo da empresa. Tem posicionamento neutro e relativa força política; no entanto, detém apenas o poder de sugerir, propor e opinar sobre as questões ambientais cuja implementação fica a cargo dos órgãos de linha (diretoria, divisões, departamentos e setores). Estratégias com pessoal À medida que uma empresa desse setor se verticaliza, haverá maior diversidade no tipo de mão de obra, ou seja, a empresa passa a ter pessoas alocadas a diferentes processos produtivos. Isso significa adotar estratégias de gestão de pessoas diferenciadas em função do tipo de mão de obra. A empresa de atividades industriais baseia-se em postos de trabalho/cargos claramente definidos e estruturados nos padrões hierárquicos tradicionais, com comprometimento das responsabilidades associadas a seus próprios cargos reciclagem de componentes obsoletos descartados pelas empresas 7 Unidade 03 Informações Sociais e Ambientais: aborgadem introdutória h t t p : / / s i g n s i l k . c o m . b r / w p - c o n t e n t / u p l o a d s / 2 0 1 5 / 0 2 / Depositphotos_6492921_m-1764x700.jpg têxtil Industriais semiconcentradas São produtoras de bens de consumo não duráveis (plásticos e borrachas; madeira e móveis; metalurgia; alimentos, têxtil; confecções etc.). Esse tipo de atividade caracteriza-se pelo baixo grau de concentração, sem participação majoritária de nenhuma empresa, apesar de eventual existência de poucas empresas de porte significativo; pouca diferenciação de produtos por parte das empresas, que são extremamente dependentes da taxa de crescimento de emprego, como produtoras de bens consumidos por assalariados, em que o atacadista detém alto poder de negociação, dificultando o acesso dessas empresas à rede de distribuição. Estratégias ambientais e de responsabilidade social Em razão das características dessa atividade e das estratégias empresariais genéricas próprias das empresas, podemos delinear sua estratégia ambiental e de responsabilidade social conforme descrito a seguir: • Redução do uso de energia por quantidade de produto fabricado; • Redução de uso, recuperação ou reciclagem de água por quantidade de produto fabricado; • Mudança de composição, desenho e embalagem do produto para tornar seu uso menos danoso à saúde humana e ao meio ambiente; • Disposição adequada de resíduos sólidos e de lixo industrial; • Reciclagem de sucatas, resíduos ou refugos; • Expansão dos investimentos em controle ambiental; • Seletividade de fornecedores/distribuidores ambientalmente corretos etc. 8 Cidadania e Responsabilidade Social Graduação | UNISUAM http://www.assai.com.br/sites/default/files/img_9420.jpg varejista Os programas de rotulagem ambiental sobre os produtos fabricados pelas empresas desse setor econômico incidem principalmente sobre os fabricantes de têxteis. O impacto dos programas de selo verde implementados nos países do primeiro mundo é diferenciado em função do tipo de produto têxtil: fios de algodão; fibras naturais e sintéticas; tecidos; vestuário (camisetas, malhas e camisas); roupas de cama, mesa e banho. Configuração organizacional A gestão ambiental e de responsabilidade social nessa configuração organizacional se caracteriza como órgão de assessoria ligado diretamente ao principal executivo da empresa. É de posicionamento neutro e com relativa força política; no entanto, detém apenas o poder de sugerir, propor e opinar sobre as questões ambientais, cuja implementação fica a cargo dos órgãos de linha (diretoria, divisões, departamentos e setores). Estratégias com pessoal É um setor econômico que, dada a atuação das variáveis ambientais, sofre influência negativa da abertura da economia, decorrente da globalização dos mercados. É um setor altamente sensível às políticas e medidas sociais estabelecidas pelo governo. Isso tudo tende a tornar o mercado de trabalho fracamente ofertante de mão de obra, o que se reflete diretamente na estratégia de recrutamento e seleção de pessoal a ser adotado pelas empresas pertencentes a esse setor, em face da necessidade de pessoal mais qualificado e especializado. Empresas comerciais Abrange empresas que atuam no comércio varejista, no comércio atacadista, de auto- peças, distribuidora de veículos e empresas correlatas. As empresas desse setor econômico são caracterizadas pelo relevante giro total de seus ativos e pela existência de elementos estratégicos, tais como: 9 Unidade 03 Informações Sociais e Ambientais: aborgadem introdutória • Não existência de barreiras à entrada de novas empresas, o mercado absorve perfeitamente as empresas comerciais; • É difícil encontrar empresas que dominem parcela significativa do mercado; • O setor é composto por grande número de pequenas empresas, com custos mais elevados e menor taxa de lucratividade, quando comparada com as empresas do setor; • O nível de desenvolvimento tecnológico é incipiente; • Os bens e serviços ofertados fazem parte da rotina de compra e uso dos consumidores; • A competitividade está atrelada ao preço. Empresas com maior produtividade, nesse contexto econômico, podem ganhar participação de mercado (market share), em detrimento daquelas menos eficazes. Estratégias ambientais e de responsabilidade social Em função das características básicas e das estratégias empresariais genéricas próprias das organizações pertencentes ao setor altamente concentrado, podem-se delinear estratégias de gestão ambiental e de responsabilidade social conforme esta descrição: • Reciclagem de sucatas, resíduos ou refugos; • Expansão dos investimentos em controle ambiental; • Projetos sociais em meio ambiente; • Projetos sociais em educação; • Projetos sociais em saúde; • Projetos sociais em cultura; • Projetos sociais em apoio à criança e ao adolescente; • Projetos sociais em voluntariado; • Imagem ambiental da empresa para fins de marketing. Configuração organizacional Atualmente, o comércio de todos os tamanhos e segmentos do setor econômico competitivo busca melhorar o contato com o consumidor, convivendo com o comércio virtual ou e-commerce, que começa a competir diretamente com as lojas tradicionais e já atrai grandes redes varejistas e atacadistas. Estratégias com pessoal No setor de empresas competitivas, elas normalmente têm possibilidade de implementar estratégias de gestão de pessoas com ênfase em salários e benefícios, bem como contemplar, de forma privilegiada, a remuneração variável (e por resultado) em função do desempenho comercial. São empresas que devem atuar com unidades de negócios (lojas) autônomas e que, portanto, exigem um corpo gerencial altamente treinado e capacitado a atuar com poder decisório autossuficiente. As novas estratégias de gestão de pessoas necessitam atender a tais mudanças empresariais, que acarretam mudanças nas exigências de mão de obra. Navegue nos endereços abaixo para saber mais sobre: Responsabilidade Empresarial do Serviço Social da Indústria – SESI – Entrevista com Sr. Alex Mansur. http://www.responsabilidadesocial.com/ Responsabilidade Social http://www.colgate.com.br/app/Colgate/BR/ Corp/CommunityPrograms/HomePage.cvsp Saiba mAIS 10 Cidadania e Responsabilidade Social Graduação | UNISUAM T2 Responsabilidade Social para as empresas: custos e benefícios A autorização para constituição da empresa e sua continuidade devem estar condicionadas aos resultados da avaliação dos seus impactos sobre o meio ambiente. Essetipo de avaliação permite conhecer os benefícios gerados em função da existência de uma empresa específica e identificar aquelas que geram prejuízos sociais ou que não acrescentam nenhum valor à qualidade de vida da comunidade onde estão inseridas. As empresas que geram empregos proporcionam benefícios sociais. Entretanto, há que avaliar se o montante de impostos pagos (ou sua isenção por determinado prazo) e a ocupação da mão de obra local são compatíveis com os gastos governamentais para prover a infraestrutura necessária à manutenção da empresa, como fornecimento de água e energia elétrica, serviços de esgotos, de saneamento básico, de manutenção das vias públicas, infraestrutura hospitalar. Além disso, há que considerar os impactos sobre o patrimônio natural, geralmente não passíveis de mensuração, mas que originam relevantes reduções do mesmo e, portanto, diminuição (se não eliminação) da qualidade e das alternativas de continuidade de vida humana local. A contabilidade, como ciência que estuda a situação patrimonial e o desempenho econômico- financeiro das empresas, possui os instrumentos necessários para contribuir para a identificação do nível de responsabilidade social dos agentes econômicos. Esses instrumentos se traduzem no balanço social. conhecer os benefícios gerados em função da existência de uma empresa específica 11 Unidade 03 Informações Sociais e Ambientais: aborgadem introdutória Em sua concepção mais ampla, o balanço social envolve a demonstração da interação da empresa com os elementos que a cercam ou que contribuem para sua existência, incluindo o meio ambiente natural, a comunidade e economia locais e recursos humanos. Em termos ideais uma empresa somente poderia exercer suas atividades se o custo- benefício de sua existência fosse positivo. A empresa que agride o meio ambiente coloca consequentemente em risco a continuidade da vida humana ou reduz a qualidade dela; aquela que não propicia condições adequadas de trabalho contribui para a degeneração psicológica e social dos trabalhadores; e aquela que não adiciona valor à economia local faz com que a aplicação de recursos governamentais não resultem nos benefícios esperados na região onde estão situadas. A responsabilidade social das empresas voltada para seu público interno (colaboradores) por força das pressões dos movimentos sindicalistas, governamentais e de direitos humanos surgiu a consciência de responsabilidade social sob o aspecto humano. Atualmente as empresas são obrigadas a implementar e manter condições adequadas quanto à segurança e à saúde ocupacional de seus colaboradores e estão proibidas de utilizar mão de obra infantil, além de terem de limitar a ocupação de seus colaboradores a oito horas diárias ou menos, conforme as características da atividade desenvolvida. Aliado a isso, há o fato de que as entidades de classe passaram a exigir remunerações condizentes com os cargos ocupados, na forma direta (salários) ou indireta (planos de assistência médica, vale-transporte, vales refeição, cesta básica alimentar etc.). O conjunto desses fatores que remuneram o trabalho da mão de obra empregada resulta na satisfação, realização e valorização pessoal do colaborador social, econômica e psicologicamente, e, por conseguinte, da sociedade como um todo. O empresário conscientizou-se de que eram necessários benefícios adicionais aos determinados por lei para estimular seus colaboradores. Do ponto de vista empresarial, esses benefícios visam à otimização dos resultados esperados das atividades. Apesar das resistências iniciais quanto à sua instituição, percebe-se que eles contribuem para a produtividade da empresa. Voltando aos aspectos sociais: a concessão desses benefícios mostra o comprometimento da empresa com a melhoria das condições de vida da sociedade, essencialmente dos habitantes da comunidade onde está instalada. O balanço social propõe que a empresa demonstre: - A quantidade de colaboradores que emprega - Sua distribuição por sexo, idade e formação escolar - Cargos ocupados - Total da remuneração - Benefícios oferecidos como - Treinamento; - Assistência médica e social; - Auxilio alimentar; - Transportes e Bolsa de estudos. Essas informações, além de evidenciar a responsabilidade social da empresa, podem auxiliar no processo de melhorias dos serviços públicos, na medida em que são identificados os setores não atendidos ou menos beneficiados. 12 Cidadania e Responsabilidade Social Graduação | UNISUAM Responsabilidade social sob o aspecto humano. Q u e m é r e a l m e n t e r e s p o n s á v e l ? Acesse o link abaixo para saber. http://www.responsabilidadesocial.com/ article/article_view.php?id=423 Saiba mais Os Custos Ambientais Quando se pensa em gestão estratégica, um dos elementos essenciais é o custo. E, por serem assim, aqueles de natureza relevante devem ser alvo de profunda atenção, estudo e análise com vistas à melhor performance do negócio como um todo e sua continuidade. A mensuração dos custos ambientais tem esbarrado nas limitações dos instrumentos da contabilidade, já que, pela sua natureza, a maioria desses custos se enquadra na classificação de Custos Indiretos de Fabricação; o consumo dos recursos ocorre concomitantemente ao processo produtivo normal, dificultando, com isso, sua identificação. Pela metodologia tradicional do custeio por absorção, os custos indiretos são rateados aos produtos, normalmente de acordo com o consumo dos diretos. Logo, com esse mecanismo, qualquer tentativa de apuração dos custos ambientais se torna vã ou muito distante da realidade. A contabilidade por atividades é uma forma inovadora de custeio, surgida mais ou menos na mesma época em que a problemática ambiental inseriu-se de forma compulsória nas empresas. Por casualidade, o exame e a avaliação dos recursos econômico-financeiros encontram respaldo mais adequado nesse sistema de custeio. Com ele, os gastos dessa natureza podem ser identificados, em sua maioria, diretamente em sua fonte de origem e com maior grau de precisão. Embora ainda não represente a solução plena para todos os problemas de gerenciamento dos recursos consumidos na proteção do meio ambiente, a contabilidade por atividades mostra- se um subsídio eficiente para a gestão econômico-ambiental. Ela também é a mais apropriada para apurar os custos ambientais, porque o objeto do custo são as atividades relevantes, desenvolvidas com fins específicos. Como se tem demonstrado, as atividades de controle, preservação e recuperação ambiental têm adquirido crescente relevância no plano mundial e, consequentemente, no ambiente interno das empresas, tanto no que tange ao cumprimento da responsabilidade social como na gestão dos recursos econômico-financeiros que lhes são vitais. Tais atividades podem ser desenvolvidas em múltiplas áreas; por conseguinte, seus custos não podem ser associados, de forma precisa, a um produto, processo ou função específicos. Nesse contexto, surge a contabilidade por atividades como mecanismo capaz de identificar, de forma mais aproximada, os custos inerentes às atividades ambientais e, portanto, aos agentes que os provocam. Assim, permite que os resultados sejam analisados com mais propriedade, dada a evidenciação da verdadeira relação de causa e efeito dos custos. a contabilidade por atividades mostra-se um subsídio eficiente para a gestão econômico- ambiental 13 Unidade 03 Informações Sociais e Ambientais: aborgadem introdutória A continuidade dos estudos sobre as variáveis que envolvem as atividades necessárias à proteção do meio ambiente, associada ao sistema de custeio por atividades, poderá conduzir à otimização dos resultados operacionais da empresa e do seu sistema de gestão estratégica de custos,principalmente daqueles inerentes à proteção ambiental. Vale destacar que um dos princípios da gestão estratégica de custos (CMS) é a mensuração dos custos dos recursos consumidos pelas atividades relevantes. Tal resultado pode ser útil para a tomada de decisões estratégicas, para o planejamento e controle operacional e para a evidenciação do resultado econômico-financeiro da empresa. As atividades de controle, preservação e recuperação são relevantes por uma razão elementar: têm influência fundamental na continuidade da empresa, em decorrência do significativo efeito que exercem sobre seu resultado e sobre a situação econômico- financeira, cujas oscilações podem culminar na sua exclusão do mercado. Perda de clientes para os concorrentes, que oferecem produtos e processos ambientalmente saudáveis. Perda de investidores potenciais, que estejam preocupados com a questão ambiental global e com a garantia de retorno de seus investimentos. Perda de crédito no mercado financeiro, hoje pressionado pelas coobrigações ambientais. Além dessas perdas, outro fator que pode culminar na exclusão de uma empresa do mercado são as penalidades governamentais de natureza decisiva, como a imposição do encerramento das atividades ou de multas de valores substanciais, com grande impacto no fluxo de caixa das empresas. Assim como todos os gastos, os investimentos nessa área necessitam de um processo de avaliação antes e depois de seu acréscimo, devendo prever: • Definição dos impactos gerados pelas atividades da empresa, com especificação do motivo, da área e do momento em que tais impactos têm origem e/ou se concentram; • Investigação das alternativas tecnológicas disponíveis no mercado, na forma de produtos ou de serviços, para solucionar os problemas ambientais; • Avaliação técnica e econômico-financeira da possibilidade de implementação gradativa, se necessário, e os resultados que podem ser obtidos a partir da implementação de cada etapa. A aquisição e a implementação do sistema de controle e preservação ambiental, qual- quer que seja sua forma, pressupõem que o comprador tenha informações quanto à sua viabilidade técnica, vida útil e benefícios esperados. Evidentemente, tais práticas, por si sós, não resolvem os problemas da empresa; em menor ou maior escala, será preciso fazer análise e avaliação, a fim de verificar se os resultados esperados estão se concretizando; em caso contrário, investigar a causa das falhas ocorridas e tomar as medidas necessárias para sua correção, garantindo assim um resultado da operação ou processo com qualidade ambiental. Qualquer falha no processo de uma empresa pode implicar falha de atendimento ao cliente, o que pode comprometer as condições de continuidade ou, no mínimo, gerar perdas de receitas e/ou aumento de custos. Assim, investir é necessário, e controlar o desempenho e os resultados dos investimentos é tão importante quanto a decisão de investir, pois, estrategicamente, sempre é tempo de corrigir falhas. 14 Cidadania e Responsabilidade Social Graduação | UNISUAM As sacolas de plástico deixarão de existir, mas isso ocorrerá de forma gradativa. Quer saber mais sobre a lei que proíbe o uso de sacolas de plástico nos mercados, clique no link abaixo. http://www.globalgarbage.org.br/portal/tag/sacolas- plasticas/ Saiba mais Com a utilização do custeio por atividades, os custos ambientais são definidos após identificar e mensurar os recursos consumidos pelas atividades de controle, preservação e recuperação ambiental. Os gestores da empresa passam a ter informações sobre todos os aspectos inerentes à função de proteção ambiental, tais como: • custos de cada uma das atividades necessárias ao processo; • custos de todo o processo de trabalho desenvolvido; • custos de todas as atividades desenvolvidas pela função, independentemente dos processos que a exigiram; • resultado dos centros de custos responsáveis por atividades de controle; • custos incorridos durante todo um ciclo de vida de produtos. Normalmente, falhas do processo operacional que poluem o meio ambiente não podem ser sanadas de uma única vez; há necessidade de tratamento ou substituição de máquinas e equipamentos de forma gradativa. Do ponto de vista da gestão econômica global da empresa, a gestão estratégica de custos ambientais identifica o nível de eficiência e eficácia dos resultados que consumiram atividades e, portanto, recursos. Os pontos fracos devem ser investigados e sanados, enquanto os fortes devem ser otimizados ou, no mínimo, mantidos. Como identificar os custos ambientais? Os custos ambientais são representados pelo somatório de todos os custos dos recursos utilizados pelas atividades desenvolvidas com o propósito de controle, preservação e recuperação nesse setor. Deve ser estabelecido um objeto de custeio específico: as atividades de controle, preservação e recuperação ambiental; elas serão, então, classificadas em custos diretos e indiretos. As atividades diretas são aquelas objetivamente identificadas como pertinentes ao controle, preservação e recuperação ambiental. Contudo, podem estar indiretamente associadas à elaboração do produto. Exemplos: mão de obra, insumos antipoluentes e depreciação de equipamentos antipoluentes. As atividades indiretas, por sua vez, existem para dar suporte à preservação ambiental (salário de supervisores, aluguel da área ocupada, recursos consumidos nas atividades de compras ou de tesouraria). Gestão estratégica dos custos ambientais A gestão ambiental tornou-se uma área estratégica, merecendo, portanto, tratamento específico, como as demais áreas consideradas estratégicas (produção), tendo em vista a importância que o controle ambiental adquiriu, sua premência e o expressivo volume de recursos investidos nele. 15 Unidade 03 Informações Sociais e Ambientais: aborgadem introdutória A segregação dos custos é fundamental para apurar informações essenciais nesse processo. As principais estratégias nessa área devem ser: • reduzir ao mínimo possível, se não eliminar, a produção de resíduos poluentes; • elevar ao máximo a produtividade com grau de qualidade ambiental crescente; • manter sistemas de gerenciamento ambiental eficazes ao menor custo permitido. O controle de custos refletirá o nível de falhas existentes e o volume de gastos necessários para eliminá-las e/ou reduzi-las, seja na forma de investimentos de natureza permanente, seja como insumos consumidos no processo operacional. T3 Avaliação de resultados e de desempenho de uma empresa Um resultado satisfatório demonstra que o processo operacional e os produtos ou serviços estejam atendendo aos padrões de qualidade planejados pela empresa mediante o consumo apropriado de recursos e tempo. Supõe-se que esse seja o nível exigido pelos clientes e, no mínimo, o determinado pelos padrões de qualidade ambiental normalizados, o que assegurará a aceitabilidade da empresa pela comunidade externa e, em decorrência, sua continuidade. As empresas utilizam esse resultado satisfatório como instrumento de marketing para alavancar sua imagem e a de seus produtos. Um resultado insatisfatório revela que a empresa precisa revisar o seu planejamento e controle, identifica se deve empregar mais e/ou melhores recursos no processo. Esse resultado evidencia a necessidade de analisar os pontos falhos e aplicar medidas corretivas imediatas a fim de minimizar os eventuais efeitos adversos ainda não concretizados. O sistema de acumulação de custos ambientais poderá separar aqueles decorrentes das falhas do processo operacional: Custo de controle ambiental de prevenção de avaliação Custos de falhas do controle ambiental falhas internas falhas externas Os custos de controle são os gastos para implantar e manter o sistema de proteção ambiental que ocorrem no setor de gerenciamentoe nas atividades executadas com vistas a dar operacionalidade ao sistema, o que pode se traduzir nos custos totais de um único departamento ou no somatório dos custos das atividades ambientais executadas em outros. Os custos das falhas do controle são os gastos incorridos para adequar o nível de eficiência e eficácia da empresa, também chamados de custos da não conformidade, dado que se referem a reprocessamento de atividades e/ou processos, tratamento de resíduos poluentes e/ou áreas contaminadas e aos custos inerentes à devolução de produtos por clientes. Ao gerenciar seu processo operacional com atenção ao controle de qualidade especificamente da qualidade ambiental –, a empresa estará identificando atividades que geram resíduos poluentes, os quais podem compreender, entre outros: • desperdício de matéria-prima; • refugos; • sobras. 16 Cidadania e Responsabilidade Social Graduação | UNISUAM A atribuição dos custos aos gestores serve para orientá-los a rever o processo e a maximizar o resultado da empresa. Os gestores devem efetuar um comparativo entre o planejado e o realizado, verificando assim as variações ocorridas. Se essa variação for negativa, algumas causas podem ser inferidas, como: • falhas, técnicas ou humanas; • uso de insumos inadequados; • quantidade de insumos imprópria; • falhas no processo de planejamento. As variações positivas também devem ser investigadas, pois podem envolver: • esforços na otimização dos resulta dos conduzidos pelos gestores; • superavaliação da quantidade de insumos necessária; • novas oportunidades a serem exploradas. As falhas no processo de planejamento podem ter origem no próprio planejamento ou nas informações prestadas pelos gestores de cada área operacional; as falhas no planejamento podem resultar de erro na definição da natureza e da amplitude dos problemas ambientais, na escolha de insumos inadequados e em especificações incorretas quanto à qualificação da mão de obra, entre outros. A avaliação da gestão econômica pode se dar pela confrontação entre o volume de impactos ambientais em cada período e o volume de: • investimentos realizados em tecnologias antipoluentes de natureza permanente; • matéria-prima especifica consumida para proteger, preservar e recuperar o meio ambiente; • horas de mão de obra consumida; • horas-máquina. Essa informação será útil em nível global à medida que reflete o esforço da empresa como um todo e por áreas de responsabilidade, quando evidencia o desempenho de cada gestor. Outros fatores também poderiam servir de base para a análise do desempenho da empresa ou de suas áreas de responsabilidade: • o volume de reclamações ou devoluções de produtos pelos clientes; • a variação entre os resultados planejados e os de fato realizados; • a variação entre o volume de resíduos poluentes previstos e o efetivamente verificado. As informações econômico-financeiras poderão fundamentar de forma eficaz as decisões relativas à alocação ou realocação de investimentos nas áreas carentes, a fim de garantir a qualidade, eficiência e produtividade dos processos operacionais e, com isso, o atendimento às exigibilidades do público externo em relação ao nível de responsabilidade social que a empresa deve assumir. Chegamos ao final do estudo da Unidade 1 da disciplina Responsabilidade Social e Ambiental. Esperamos que tenha compreendido todos assuntos abordados até aqui. Para verificar sua aprendizagem, realize as atividades online realizando os exercícios autoavaliativos disponíveis na Sala de Aula Virtual. 17 Unidade 03 Informações Sociais e Ambientais: aborgadem introdutória T4 Certificações e selos verdes O que é um selo verde? É a certificação de produtos adequados ao uso que apresentam menor impacto no meio ambiente em relação a outros produtos comparáveis disponíveis no mercado. Para que serve? Para promover a melhoria da Qualidade Ambiental de produtos e processos mediante a mobilização das forças de mercado pela conscientização de consumidores e produtores s o b r a o c o n c e i t o d e s e l o v e r d e . Para abrir o material complementar acesse: http://www.celso-foelkel.com.br/artigos/ Palestras/RotulagemAmbiental/02_Conceitos%20 b%E1sicos%20eco-label_Celso_Foelkel.pdf Saiba mais Continuando... Benefícios da utilização do selo verde O selo verde pode ser reconhecido internacionalmente pelos consumidores de madeira e produtores derivados, como móveis e estruturas para a construção civil. Desta forma o comprador pode ter certeza que adquiriu um produto que não agride as florestas tropicais. O Selo verde surgiu a partir da crescente preocupação ambiental dos consumidores, principalmente do mercado europeu. Foi quando governos e organizações não governamentais (ONGs) de vários países formularam um conjunto de normas para regular o comércio de produtos provenientes das florestas tropicais através de acordos internacionais. Ficou definido que as madeireiras que possuem o selo verde deveriam comercializar apenas produtos retirados das florestas de forma ambientalmente correta e enquadrados em um plano de manejo certificado por organismos internacionalmente reconhecidos. 18 Cidadania e Responsabilidade Social Graduação | UNISUAM A lógica de produção e consumo estabelecida ao longo do século XX não favorece os produtores que pretendem agir de maneira mais harmônica com o meio ambiente, com seus funcionários e consumidores. Porém, a necessidade de se abrir espaço para que os produtos sustentáveis tivessem oportunidade de fazer parte do mercado fez surgir os selos verdes. Um selo de certificado de sustentabilidade garante que o produto que você está comprando respeita uma série de premissas como: não explorar os funcionários empregados em sua produção; não explorar de maneira inconsciente o meio ambiente ou os recursos naturais; compromisso de qualidade; garantia de um processo legal na produção e comercialização do produto. Quem opta por um produto com selo verde está colaborando não só com seu próprio bem estar, mas com toda uma cadeia que precede o produto. Por isso o Green Nation preparou essa dica com alguns dos mais importantes Selos Verdes do Brasil. Você reconhece algum desses selos? FSC Procel Sustentax Conhecido como o Programa de Rotulagem Ambiental (ISO-14020), o Selo Verde é um entre a série de normas de Certificação de Sistema de Gestão Ambiental - ISO 14000 que determina e garante a qualidade e a procedência de produtos, empresas e processos produtivos de acordo com as normas pré-estabelecidas pela International Organization for Standardization (ISO). A principal diferença entre as duas normas é que a primeira certifica o produto e a outra, seu processo produtivo. O Selo Verde é um rótulo colocado em produtos comerciais, trazendo informações que asseguram que eles não foram produzidos à custa de um bem natural que foi degradado ou que seu uso, embalagem ou o resíduo que dele resultar não irá causar malefício ambiental. O Selo confirma, por meio de uma marca colocada voluntariamente pelo fabricante, que determinados produtos são adequados ao uso e apresentam menor impacto ambiental. De acordo com a norma ISO 14020, existem dois conceitos básicos de Selo Verde. O primeiro é uma declaração feita por uma terceira entidade de que o produto de uma determinada empresa é ambientalmente correto. O segundo é um auto declaração da empresa dizendo no seu rótulo que é um produto reciclável, agride menos o meio ambiente e consome menos energia. 19 Unidade 03 Informações Sociais e Ambientais: aborgadem introdutória Ambos possuem enfoques diferentes, mas informam ao consumidor e à sociedade sobre a questão ambiental relativa ao produto e a empresa. No Brasil, o Selo tem como objetivo incentivar mudanças nos padrões de consumoe produção. Porém, a ecologia ainda ocupa o terceiro lugar nas preocupações da população, estando à frente dela a falta de emprego e a alta taxa de criminalidade. http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ desenvolvimento/conteudo_298573.shtml http://www.ecologflorestal.com.br/sub/81.av http://inst.sitesustentavel.com.br/beneficios-selo- verde-empresas/ Saiba mais Chegamos ao final da Unidade 1. Entendemos que a partir dos estudos sobre os assuntos abordados nesta unidade, você já esteja preparado para iniciar o estudo da Unidade 2. Antes de continuar, lembre-se de realizar as atividades propostas Referências TAKESHY Tachizawa Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Corporativa - 6ª Ed. 2009 BATEMAN, Thomas S., SNELL, Scott A. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998. Guia Exame 2009 Sustentabilidade: disponível em < http://exame.abril.com.br/revista-exame/ guia-de-sustentabilidade/arquivo/2009> acesso em março de 2015 20 Cidadania e Responsabilidade Social Graduação | UNISUAM
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