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A definição do conceito de marca Um breve histórico O termo “marca” nunca esteve tão presente no cotidiano das pessoas quanto nos tempos de hoje. Na língua portuguesa, essa palavra se associa ao verbo marcar e pode ser definida como uma forma de se estabelecer identificação ou distinção. Em inglês, a palavra pode ser traduzida pelo termo “brand”, que remete na língua nórdica antiga à palavra “brand” e tem quem como tradução “queimar”. Isso porque a queima era uma forma de identificação de animais que pertenciam a um mesmo rebanho e, consequentemente, a um mesmo proprietário ou tribo. Tal prática se faz presente em tempo atuais, ainda que venha sendo substituída por outras formas de identificação. Essa forma rudimentar vem caindo em desuso em função do dano causado à pele do animal, que se tornou um subproduto importante para os criadores de gado, por exemplo. O uso da notória identificação passou a ser uma prática comum na Idade Média, onde artesãos de uma mesma guilda (uma espécie de cooperativa da época) marcavam seus produtos por meio de símbolos com intuito de identificar sua procedência e diferenciá-los de imitações. O mesmo acontecia com os artistas dessa época que passaram a assinar suas obras de arte com o mesmo intuito. Tal prática também foi utilizada pelos fabricantes de louça na China em tempos bem mais remotos. Em todos esses casos, o objetivo não ia além da identificação da origem do produto, quer seja pela questão da definição da posse, quer seja pela questão da autenticidade. Esses dois aspectos ainda se fazem presentes em tempos atuais, entretanto, o conceito de marca, bem como seus mais diversos usos e aplicações, vai muito além disso. Trata-se do uso de nomes, termos, símbolos, desenhos ou a combinação desses para a construção de um conjunto de significados que facilite a aquisição de produtos ou serviços por pessoas ou instituições. Busca-se uma forma de diferenciação para que seja estabelecida preferência na aquisição de um bem ou serviço ou até mesmo como uma forma de se pagar a mais pelo mesmo. Atualmente, a marca se confunde com produto, serviço, empresas, pessoas ou movimentos sociais. Seu uso mais estratégico se iniciou no século XIX e era semelhante ao uso dos primórdios, com a intenção de identificação e autenticidade, mas com a intenção de ir além disso. Era comum, nessa época, o uso dos sobrenomes dos fundadores das empresas que estavam a marca de seus produtos. Também era comum o uso de siglas que abreviavam o nome das empresas e se tornavam um novo termo por conta disso. Colgate, Goodyear, Kjellog´s, Singer, Levi´s, Parker, Ford, dentre muito outros, são exemplos de sobrenomes que viraram marcas que existem até hoje. IBM, AMEX, GM, GE são exemplos de siglas de nomes empresariais que se tornaram marcas que também existem até hoje e, por vezes, já não remetem mais à versão original. A década de 50 pode ser considerada como um segundo “grande momento” da história da evolução das marcas. O contexto se dá pelo grande crescimento econômico do pós-guerra, que proporcionou o surgimento de inúmeros novos produtos e, consequentemente, de novas marcas. Exemplo emblemático disso é o nascimento de marcas como Fanta, Parmalat, Pizza Hut, dentre outras tantas. Já se começa a perceber naquele momento um aprimoramento dos nomes das marcas, que começam a ser associados a algum tipo de atributo, benefício ou valor do produto que as estampam. O “momento mercadológico” atual pode ser identificado por processos avançados de gestão de marca. A marca, hoje, é muito mais que um nome, um símbolo, um logotipo, um som, um cheiro ou a combinação desses. Trata-se, antes de tudo, da busca por um conjunto de significados profundo e abrangente, o que implica na definição de um nome a partir de critérios que não mais estão ligados a sobrenomes, siglas, atributos ou benefícios. A marca, por si só, e em muitos casos, passa a ser o próprio produto ou serviço, uma instituição ou uma causa. Exemplo concreto disso é o fato das marcas terem se tornado ativos intangíveis de uma empresa, podendo a eles serem atribuídos valores que podem chegar a bilhões de dólares americanos. No caso da Apple, ao valor de sua marca, o maior dentre todos, é atribuído o valor de U$214,5 bilhões, segundo o Relatório Best Global Brands 2018, da Interbrand. O conceito Vários são as definições do conceito de marca. A AMA, American Marketing Association define, de forma muito semelhante a autores consagrados do tema, como Kotler e Aaker, marca como “um nome, termo, sinal, símbolo, desenho ou a combinação desses elementos que deve identificar os bens ou serviços de um fornecedor ou grupo de fornecedores e diferenciá-los dos da concorrência”. Essa definição cai muito bem para o primeiro e segundo momento histórico descrito anteriormente, não perdendo a validade de seu conteúdo por conta disso. Entretanto, David Ogilvy define marca como “a soma intangível dos atributos do produto, de seu nome, seu preço, sua embalagem, sua história, sua fama e a forma como é feita sua publicidade. Uma marca é também definida pelas impressões dos consumidores sobre as pessoas que a usam, tanto quanto pela sua própria experiência.” Trata-se de uma definição mais adequada aos tempos atuais, mas que ainda não abrange tudo que representa esse conceito em termos de gestão e criação de percepção de valor. Os elementos da marca: o nome Todas essas definições, inegavelmente, tem algo comum: o objetivo de se estabelecer diferenciação frente à concorrência por meio da unicidade criada em função de signos. São meios de exercer diferenciação pela marca: nome, termo, logotipo, símbolo, embalagem, som ou qualquer outra forma que envolva a interação com os cinco sentidos do ser humano. A cada um desses componentes se dá o nome de elementos de marca. Tal diferenciação pode se dar em função de características mais funcionais, racionais ou tangíveis, ou em função de características mais simbólicas, emocionais ou intangíveis. O amaciante da marca Fofo é exemplo do primeiro caso, enquanto a marca Corinthians é típica do segundo. O mais básico elemento da marca é o seu “nome”, que se entende como a parte da marca que pode ser reconhecida e pronunciada. Em oposição a isso, vem outro elemento da marca tão importante quanto o primeiro, o “símbolo”, que se entende como a parte da marca que pode ser reconhecida, mas não pronunciada. Na maioria dos casos, a existência do segundo elemento passa pela condição de existência do primeiro, mas o oposto disso, não. A inspiração para criação do elemento “nome” pode advir de muitas origens, como por exemplo: nomes próprios (Café Pelé), de lugares (Requeijão Poços de Caldas), de animais (tubos e conexões Tigre), de coisas ou objetos (manteiga Aviação), ligado a benefícios inerentes (cera Brilho) ou que remetem a tecnologia (processadores Intel). É muito comum no Brasil, em função de sua tradição católica, a utilização de nomes de santos na denominação de marcas, como os Doces Santa Edwiges, por exemplo. Qual das marcas de cerveja abaixo não remete ao nome/sobrenome do criador da empresa que a fabrica: a Schincariol. b Heineken. c Guinness. d Paulaner.(CORRETO) e Nenhuma das anteriores. A marca de cerveja Paulaner não remete a nenhum nome/sobrenome de seu criador, visto que se trata de um produto criado pela Ordem dos Mínimos (Paulaner Orden, em alemão), uma ordem religiosa fundada por São Francisco de Paula, em Munique, no século XVI A marca de isqueiros Zippo é conhecida em função da interação entre: a dois sentidos: tato e olfato b três sentidos: visão, tato e olfato c três sentidos: visão, tatoe audição(CORRETO) d dois sentidos: tato e audição e dois sentidos: visão e tato O isqueiro Zippo foi inventado para ser “à prova de vento”, sendo capaz de permanecer aceso mesmo em condições climáticas adversas. Tornaram-se famosos entre os militares norte-americanos, especialmente durante a Segunda Guerra Mundial, quando todos os Zippos produzidos eram destinados às forças armadas aliadas, o que também ocorreu na Guerra do Vietnã. Os tradicionais isqueiros são conhecidos pelo design típico, sua forma de acionamento e pelo barulho que faz ao ser aberto Qual das marcas abaixo é caracterizada por não ter um símbolo? a Nike b Unilever c Natura d Uber (CORRETO) e Nestlé “Catupiry significa excelente na lingua indígena Tupi Guarani. Por isso o Laticínios Catupiry escolheu esse nome, porque seu própio nome já indica a qualidade que oferecemos aos nossos clientes. Uma marca tradicional, confiável, segura e saudável.” Essa descrição institucional do significado do nome da marca do tradicional queijo criado e fabricado no Brasiil pode ser associado a que tipo de “inspiração” descrita no resumo? Ainda que de forma indireta, por ser originado do Tupi Guarani, pode se associar a criação do nome Catupiry a inspiração ligada a benefícios inerentes do produto em questão. Isso se justifica pelo fato do nome remeter a um benefício pretendido por quem fabrica o famoso queijo: qualidade. A MARCA E SUAS PARTES As várias aplicações de uma marca Como dito anteriormente, as marcas nunca esteviveram presentes no cotidiano das pessoas quanto nos tempos de hoje. Mais do que presentes, elas participam da vida das pessoas, pela confirmação ou negação, na escolha de aquisição de produtos ou serviços. Se faz interessante perceber que sua aplicação se dá das mais variadas formas. Em seus primórdios, marcas eram aplicadas somente a produtos ou varejos e, geralmente, se utilizavam dos sobrenomes de seus criadores como nome da marca. Atualmente, constata-se uma variedade infinita de tais aplicações, além de um processo cada vez mais profissionalizado para administração de seus elementos. A aplicação das marcas pode fazer, por exemplo, com que algo que nunca foi considerado um produto, assim se torne. É o caso de alguns remédios, que passaram a ser conhecidos em função de seus nomes “nada científicos”, suas embalagens, símbolos, slogans ou qualquer outro elemento. Marcas também pasaram a ser aplicadas a serviços, algo inimaginável em seus primóridos. Afinal, serviços são caracterizados por sua intangibilidade intrínseca. Em outras palavras, não possuem largura, altura e nem profundidade. A aplicação de marcas a serviços, e sua consequente geração de significados, pode ser identificada em bancos, operadores de de telefonia móvel, companhias aéreas, aplicativos de transporte, dentre outros tantos. A aplicação de marcas em varejos segue até hoje. Afinal, o componente “presentation” de uma loja passa obrigatoriamente pela existência e aplicação de um nome. Assim acontece desde a existência das primeiras lojas. Em tempos atuais, vale ressaltar que a aplicação das marcas e seus elementos em varejos e prestadores de serviço online se tornou um desafio, pelo fato de se tratar de varejos sem qualquer dimensão física. As estratégias que levam em conta os elementos da marca consideram o nome do domínio de um site, bem como os outros elementos que o concerne, como algo fundamental para seu desempenho. Outros contextos inusitados podem ser exemplos da aplicação de marcas. Pessoas, ou aquilo que elas representam, podem virar marcas. Atletas, celebridades, atores, apresentadores emprestam seus nomes para criação de elementos de marca que podem ser associados a produtos e serviços que, por contam disso, se tornam mais vendáveis. O mesmo acontece no caso de filmes de cinema ou de séries para TV, que por conta de se tornarem conhecidos, geram uma infinidade de produtos licenciados. Instituições como empresas, ONG´s, sindicatos, governos, associações ou fundações vêm executando estratégias de branding notáveis com intuito de criar credibilidade e associação positiva aos produtos ou serviços que disponiblizam, ou adesão às causas que defendem. Os elementos da marca Mas, enfim, quais são os elementos que uma marca pode ter? O primeiro e, mais óbvio, deles é nome da marca. Pode-se entendê-lo como a parte da marca que pode ser reconhecida e pronunciada. É a parte “verbal” da marca. Existe para que a marca seja fixada e lembrada em poucos segundos na mente de um, ou mais, públicos de interesse. É também a parte comum a todas as marcas. Vale o mesmo raciocínio para para os nomes de domínio (www). O outro elemento é o símbolo da marca, que pode ser definido como a parte da marca que pode ser reconhecida, mas não pronunciada. Devem, na medida do possível, serem versáteis para transformação e transferência. Muitas vezes são o reflexo direto do nome da marca, e por consequência, mais racionais. Em outros casos é parte “não verbal” da marca independente de seu nome, portanto, mais abstratos. Outro elemento da marca que pode ser utilizado é o personagem. Trata-se um símbolo específico, geralmente apresentado por meio da propaganda, podendo estar presente nas mais variadas ferramentas de comunicação, inclusive nas embalagens dos produtos. Suas características podem estar ligadas a fantasia e/ou humanização. Marcas podem ter sonoridade e isso pode se dar por meio de slogans, jingles ou assinaturas sonoras. Entende-se por slogan “uma frase concisa e persuasiva, fácil de ser lembrada, que objetiva dar personalidade sonora a marca”. Assim como qualquer som que se possa associar a uma marca, o slogans também pode ter características hora mais racionais, hora mais abstratas. Vale ressaltar que sons, slogans e jingles, as partes simbólicas auditivas da marca, podem mudar ao longo do tempo. Por fim, pode-se considerar como elemento da marca a embalagem de um produto. Esse elemento pode unir concretamente todos os elementos da marca em uma única ferramenta de comunicação. Pode-se conceber a embalagem como algo que vai além de um invólucro, algo como a manifestação física e concreta de uma marca. Em muitos casos, é responsável por colaborar de forma contundente com a identidade da marca. Algumas marcas são reconhecidas por suas embalagens inconfundíveis e, por causa disso, muitas vezes imitadas. Os critérios para construção e escolha dos elementos da marca Estabelecidos quais são os elementos da marca, é preciso entender agora os critérios de escolha dos mesmos. São eles: memorabilidade, significância, atratividade, transferabilidade, adaptabilidade e proteção. Os três primeiros podem ser considerados como “critérios de construção”, ou seja, servem para serem utilizados na elaboração ou adaptação de uma marca. Os três últimos podem ser considerados como “critérios de proteção”, ou seja, servem para serem utilizados com intuito de defender a marca de possíveis imitações, bem como favorecer expansões. Os critérios podem ser encarados como parâmetros fundamentais que devem ser considerados para criação ou recriação de uma marca. O critério memorabilidade pode ser entendido como “o quanto” um elemento da marca é lembrado ou reconhecido, de forma espontânea e rápida, em determinada situação de compra. A construção de qualquer elemento deve levar em consideração a facilidade e a velcidade com que será lembrado. O critério significância, hoje visto como o mais importante deles, está ligado diretamente à capacidade de formação de associações que um elemento possui. Tais associações podem ter características mais descritivas, ou seja, mais ligadas ao tipo de categoria de um produto/serviço. Por outro lado, as associações podemter características mais persuasivas, ou seja, mais ligadas aos atributos/benefícios do produto/serviço. O último dos critérios de construção, a atratividade, tem como princípio o fato de que uma marca terá mais força o quanto ela conseguir ser mais esteticamente agradável aos cinco sentidos de quem vai adquiri-la. Trata-se de se escolher cada elemento de uma marca, seja em termos visuais ou verbais, de forma a fazer com que ela seja o máximo possível simpática, interessante e/ou divertida. O primeiro dos critérios de proteção, a adaptabilidade, tem como pressuposto o fato de que os elementos da marca devem ser criados levando-se em conta que irão mudar ao longo do tempo. Trata-se de uma proteção às mudanças do mundo, ou seja, das variáveis incontráveis do macroambiente, que podem obrigar a marca a se adaptar em termos legais, sócio-culturais, tecnológicos, dentre outros. O critério transferabilidade leva em conta que a construção da marca deve prever a capacidade que seus elementos terão de serem aplicados em outros itens de uma linha produtos/serviços ou a outras categorias de produto. Vale o mesmo em relação a expansões geográficas de atuação. Trata-se agora de uma “proteção de si mesmo” para as empresas detentoras da marca. Nesse caso, têm-se como princípio que quanto “menos específico for o elemento, mais transferível ele será”. O último dos critérios é a proteção e tem como princípio o “ser difícil para não ser copiado”. Fica claro, então, o desafio que se tem diante da conciliação desses dois princípios. Uma das estratégias de marketing mais antigas do mundo, prevista inclusive nos manuais e livros da disciplina, é a denominada “copiar, imitar e/ou adaptar”. Nesse sentido, os elementos de uma marca devem ser concebidos a favorecer a defesa e proteção jurídico/legal (registros cartoriais) contra ações advindas da concorrência. Quantos elementos de marca podem ser identificados na imagem abaixo? a 1 b 2 c 3 d 4 (CORRETO) e 5 São quatro os elementos reconhecíveis. Nome, logotipo, slogan e personagem Na abertura de um seriado próprio da NETFLIX é possível identificar dois elementos de marca que estão diretamente ligados a: a Dois sentidos: tato e olfato b Três sentidos: visão, tato e olfato c Três sentidos: visão, tato e audição d Dois sentidos: visão e audição (CORRETO) e Dois sentidos: visão e tato Na abertura de um seriado próprio da NETFLIX é apresentado seu logotipo e um som característico dessa marca de streaming. Qual das variáveis abaixo não pode ser considerado um critério de escolha para elementos de marca? a Consistência.(CORRETO) b Significância. c Adaptabilidade. d Atratividade. e Memorabilidade. Consistência não é um critério para escolha e cosntrução dos elementos de uma marca. Quanto mais elementos fizerem parte de uma marca, mais força essa marca terá. Entretanto, nem sempre é possível a escolha e utilização de todos eles. Qual é a condição essencial para que a força da marca seja relevante ainda que formada por poucos elementos? Sejam quais forem os elementos da marca envolvidos, bem como a quantidade de elementos envolvidos, recomenda-se ter como princípio fundamental a integração. Não é a quantidade de elementos que define a força da marca mas, em primeiro lugar, o processo eficaz e inteligente da construção ou re-construção de cada um deles. Somado a isso, a capacidade que esse mesmo processo tem de tornar todos esses elementos juntos em um único elemento, ou seja, numa marca e seus muitos significados, pode ser caracterizado como integração. POSICIONAMENTO E VALORES DA MARCA A definição de posicionamento Não é possível estabelecer um processo de construção de uma marca sem levar em consideração o conceito de posicionamento. Para tanto, a definição de posicionamento, segundo Kolter, é: “o ato de planejar a oferta e a imagem da empresa de modo que ela ocupe um lugar distinto e valorizado na mente de seus clientes- alvo.” Em outras palavras, a construção de um posicionamento de marca implica em descobrir a localização mais adequada e conveniente na mente de quem compõe o mercado, além de outros stakeholders, de modo que pensem na marca da forma desejada e pertinente à estratégia de marketing estabelecida. É importante observar que, em muitos casos, a construção de uma imagem de marca se destina a pessoas que vão além daquelas que irão adquirir os produtos/serviços estampados com a mesma. Empresas detentoras de algumas marcas muito sofisticadas (luxo) fazem questão de criar uma identidade que está vinculada a produtos/serviços desejados por muitos, mas que são adquiridos por poucos. Nesse sentido, vale definir o conceito de stakeholder, concebido aqui como os vários grupos de interesse que uma empresa pode ter. Em teoria, são infinitos, mas podem ser exemplificados como: funcionários, compradores, intermediários, fornecedores, concorrentes, mercado, imprensa, governo, dentre outros tantos. A construção do posicionamento: estrutura de referência competitiva A construção de um posicionamento de marca leva em conta duas variáveis: a “estrutura de referência competitiva” e “as associações ideiais de marca”. Para o entendimento da primeira variável, vale lembrar que o conceito de posicionamento está vinculado, antes de tudo, ao “lugar” que uma marca quer estar presente. Esse lugar, obviamente, é a mente de uma pessoa que muito interessa a uma empresa, visto que será ela a usuária e/ou compradora dos produtos/serviços identificados com a marca pertencente a essa empresa. Ao conjunto de todas essas pessoas, dá-se o nome de mercado. Numa visão mais clássica, entende-se por mercado o conjunto de todos os clientes e possíveis clientes que uma empresa pretende atender com suas categorias de produto/serviço. O mercado é formado por pessoas (consumidores finais) e/ou empresas/instituições (corporações), que adquirem bens ou serviços diretamente ou por meio de intermediários. Se faz importante ressaltar que o mercado não é formado por produtos/serviços, mas sim por pessoas físicas ou jurídicas. Quando se se depara com o termo “mercado de sabonetes”, quer- se referir, geralmente, ao conjunto de consumidores finais usuários dessa categoria de produto. Entretanto, uma marca pode querer estar associada não a todos os membros de um determinado mercado, mas somente a parte deles. A essa parte se dá o nome de segmento de mercado, ou seja, uma parte do mercado que pode ser identificada por meio de critérios. Vale ressaltar que, tecnicamente, todos os segmentos de mercado já existem e que empresas não segmentam o mercado, visto que esse é formado por por pessoas e/ou instituições. Se o mercado for constituído por consumidores finais, são os critérios de segmentação: geográfico, demográfico, comportamental e psicográfico. Se formado por instituições, são basicamente: geográfico, tipo de atividade, porte, dentre outros. Em se tratando de mercados formados por consumidores finais, os critérios de segmentação de mercado podem ser classificados como mais descritivos (geográfico e demográfico) ou como mais atitudinais (comportamental e psicográfico). Para construção do posicionamento da marca os critérios atitudinais são mais importantes. Para se conceber uma “estrutura de referência competitiva” de forma inteligente, deve-se levar em conta a existência de concorrentes, visto que, por muitas vezes, o mesmo espaço na mente dos consumidores finais pode ser disputado por várias empresas. Nesse sentido, se faz necessário entender o conceito de setor e grupo estratégico. Pode-se entender como setor o “conjunto de empresas que concorrem entre si, por meio de produtos e/ou serviços, por participação de mercado”. Entretanto, existem setorescaracterizados por serem muito heterogêneos, ou seja, formados por empresas que atuam estrategicamente de forma muito diferente. Torna-se então prudente, num processo de análise competitiva, considerar o conceito de grupo estratégico: “conjunto de empresas, quase sempre pertencentes a um mesmo setor, que concorrem entre si exatamente pelos mesmos mercados, por meio de produtos e/ou serviços semelhantes, utilizando-se de estratégias praticamente idênticas”. Observa-se aí que empresas de setores podem pertencer a um mesmo grupo estratégico. Um exemplo típico desse fato disso pode ser constatado na concorrência existente entre C&A, Renner e Riachuelo, todas presentes ao setor de varejo de vestuário, e Wall Mart, Carrefour e Extra, todos pertencentes ao setor de supermercados, quando, em determinado momento de suas histórias, esses últimos decidiram adicionar a categoria de vestuário em seus portifólios, com a mesma estratégia de preços competitivos. Vale lembrar ainda que a rivalidade entre empresas pode se dar por meio das mesmas categorias de produto/serviço ou por meio de categorias diferentes, a chamada concorrência por substituição. Fabricantes de gin levam em conta, e conta toda certeza, os fabricantes de vodka como seus concorrentes. Não se deve deixar de levar em conta a concorrência por ocasião, onde a compra de determinado produto/serviço pode ser feita com intuito de se agradar alguém, o que implica na possibilidade de se comprar um caixa de chocolates ou um buquê de flores, dependendo do gosto do ente querido a ser presenteado. A construção do posicionamento: associações ideiais de marca As associações ideiais de marca, o outro pilar para construção do posicionamento da marca, leva em consideração dois conceitos: pontos de paridade e pontos de diferença. Pontos de diferença são as qualidades ou benefícios que os consumidores finais associam fortemente com uma marca, avaliam de forma positiva e acreditam que são incomparáveis com os de uma marca da concorrência. Associações fortes, favoráveis e exclusivas podem se basear em questões mais racionais/funcionais ou em questões mais abstratas/simbólicas. Criar associações por meio de pontos de diferença é o maior desafio na construção de um posicionamento de marca. Já os pontos de paridade podem ser concebidos como as qualidades ou benefícios que os consumidores finais associam fortemente com uma marca, avaliados de forma positiva, mas que não são exclusivos, ou seja, podem estar presentes em outras marcas concorrentes. Podem ser de dois tipos: pontos de paridade de categoria e pontos de paridade de concorrência. Os pontos de paridade de categoria são associações percebidas pelos consumidores como essenciais para que um produto/serviço seja digno e confiável o bastante para pertencer a uma determinada categoria. São condições necessárias, mas nem sempre suficientes, para a escolha da marca. Pontos de paridade de categoria podem mudar ao longo do tempo e são essenciais para extensões de linha. Os pontos de paridade de concorrência são associações planejadas para negar os pontos de diferença establecidos pelos concorrentes. Ao se equiparar pontos de diferença, empresas anulam (empatam) a vantagem competitiva de seus concorrentes e criam oportunidades para criação de outros pontos de diferença, o que possibilita uma posição competitiva superior ou invencível. Para que uma marca alcance um ponto de paridade, uma quantidade razoável de consumidores deve acreditar que ela é “suficientemente boa” no aspecto apresentado. Nos pontos de diferença, a marca deve demonstrar “nítida e reconhecida superioridade”, ou seja, deve ser percebida como forte, favorável e exclusiva. O segredo do posicionamento não é tanto alcançar um ponto de diferença mas, antes de tudo e principalmente, um ponto de paridade. A construção de pontos de paridade e pontos de diferença Para criação de pontos de paridade, principalmente em contextos relacionados a lançamento de novos produtos, se faz necessário, antes de tudo, informar os consumidores a qual categoria o produto da marca pertence, visto que em muitas situações isso não é evidente. Sendo assim, o mais recomendável para construção de um posicionamento de marca passa por, antes de tudo, divulgar os pontos de paridade de categoria da marca, antes de se tentar comunicar seus pontos de diferença. Algumas formas de se fazer isso: comunicar os benefícios da categoria, comparar a produtos exemplares e/ou criar um nome que descreva o produto. Para criação de pontos de diferença, deve-se levar em conta duas variáveis importantes. Primeiro: é preciso que os consumidores considerem o ponto de diferença como desejável. Segundo: é preciso que a empresa consiga entregar aquilo que ela definiu como ponto de diferença. Para o ponto de diferença ser considerado como desejável, deve-se levar em conta três variáveis: relevância, distintividade e credibilidade. Da mesma forma, três são as variáveis para se garantir a entrega prometida: exequibilidade, comunicabilidade e sustentabilidade. É importante lembrar também que as empresas devem decidir em que níveis devem fixar e focar os pontos de diferença da marca: nos atributos, nos benefícios ou nos valores. Evidentemente, maior será a força da marca quanto mais seus pontos de diferença estiverem calcados nos valores que essa marca conseguir transmitir. Por fim, é importante considerar que pontos de paridade e pontos de diferença podem ser antagônicos ou negativamente correlacionados. São exemplos típicos desse fato: preço baixo vs alta qualidade, sabor vs baixas calorias, nutritivo vs saboroso, potente vs seguro, forte vs refinado, onipresente vs exclusivo, variado vs simples, tradicional vs moderno, dentro outros. Para construção do posicionamento de uma marca se faz necessário levar em conta a variável concorrência quando se concebe uma estrutura de referência competitiva. Nesse sentido, pode-se considerar, a respeito do que se entende por grupo estratégico, que: a Uma empresa busca estar sozinha num grupo estratégico(CORRETO) b Empresas de setores diferentes não podem fazer parte de um mesmo grupo estratégico c Grupos estratégicos são mais encontrados em setores mais homogêneos d Empresas que ofertam categorias de produtos diferentes não pertencem a um mesmo grupo estratégico e O setor pode incluir vários grupos estratégicos e vice-versa Estar sozinha em um grupo estratégico é a grande meta estratégica de qualquer empresa, pois se trata de competir por meio de uma oferta única, não presente em nenhum concorrente presente no mesmo setor O fato da emissora de benefícios ao trabalhador VISA VALE fazer questão de comunicar, no início de suas atividades, que seu vale alimentação/refeição era aceito em todos os pontos de venda de alimentos e refeições, pode ser considerado como uma tentativa de se estabelecer: a Um ponto de paridade(CORRETO) b Um ponto de diferença c Um ponto de paridade e de diferença d Nem um ponto de paridade e nem um ponto de diferença e Uma nova categoria de produto Trata-se da tentativa de se estabelecer um ponto de paridade, visto que no início de suas atividades, a Visa Vale possuir vários concorrentes que já atuavam há muito tempo no setor que acabara de adentrar. TICKET, VR E SODEXO emitem vales alimentação/refeição amplamente aceitos em território nacional, o que era preciso ser garantido pela Visa Vale, para que a mesma fosse considerada como uma emissora de benefícios ao trabalhador por seus usuários (consumidores finais) e clientes (empresas e instituições). As várias ferramentas de comunicação das pilhas DURACELL sempre costumam informar quetais produtos são os “que duram mais” e tentam comprovar isso, hora por meio mais racional, hora por meio mais lúdico ou fantasioso. Isso pode ser considerado como uma tentativa de se criar: a Um ponto de paridade. b Um ponto de diferença.(CORRETO) c Um ponto de paridade e de diferença. d Nem um ponto de paridade e nem um ponto de diferença. e Uma nova categoria de produto. Trata-se de um ponto de diferença, visto que a Duracell se tornou conhecida e líder nas vendas da categoria de pilhas pelo fato de ter conseguido comprovar junto aos mercados que atende que seus produtos são os que mais duram. Na pesquisa Top of Mind realizada pelo Instituto Datafolha em 2018, que investiga a lembrança das marcas de várias categorias de produto é apontada, por parte dos pesquisados, a marca GATORADE como uma das mais lembradas na categoria de bebidas energéticas. Explique porque isso é um problema para a PEPSICO, a fabricante desse produto. O fato da marca GATORADE ser considerada como pertencente à categoria de produto de bebidas energéticas, por grande parte dos entrevistados da referida pesquisa, pode ser considerado como um problema ligado aos pontos de paridade de categoria da marca. Pontos de paridade de categoria são associações percebidas pelos consumidores como essenciais para que um produto/serviço seja digno e confiável o bastante para pertencer a uma determinada categoria. Claramente, isso não está acontecendo em parte significativa dos consumidores finais presentes no Brasil. BRAND EQUITY (BE): PRINCÍPIOS E DIRETRIZES A definição de BE: modelo baseado no cliente De relevante importância para o estudo de gestão de marcas, o conceito de brand equity se faz presente em qualquer estudo sobre as marcas de uma empresa. A definição mais ampla e genérica vem de Keller, que o define como “o valor agregado atribuído a produtos/serviços”. Evidentemente, outros conceitos de marketing poderiam ser definidos de forma muito semelhante. Sendo assim, vale resgatar a definição de Aaker: “É um conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca, que se somam ou se subtraem do valor proporcionado por um produto ou serviço para uma empresa e/ou para os consumidores dela”. Nota-se aí uma evolução do conceito, que leva em consideração aspectos financeiros/contábeis. De cunho mais mercadológico, a definição de Axelrod não pode ser desconsiderada, pois elucida de forma prática esse conceito: “É a quantia a mais que determinado cliente irá pagar para obter a marca ao invés de um produto fisicamente parecido sem o nome da sua marca.” A essência dessas três definições considera o brand equity como um valor, quer seja aquele que é percebido por meio de uma marca (marketing), quer seja aquele que é construído por meio de uma marca (patrimônio). Nesse sentido, pode-se considerar, então, que o brand equity é simultaneamente um valor de marca e um processo de construção de valor de marca. Afinal, possuir marcas fortes e consistentes é o desejo de toda e qualquer corporação que encara suas marcas como patrimônios intangíveis. O desafio passa por conhecer e executar um processo que, simultaneamente, mantenha e aumente os valores de marcas já existentes, assim como crie valor para as novas marcas recém-criadas. Existem alguns modelos de brand equity que se propõem a cumprir essa missão, o mais conhecido é o modelo baseado no cliente. O modelo de brand equity baseado no cliente pode ser concebido como aquele que busca estabelecer o efeito diferencial que o conhecimento de uma marca exerce na atitude do cliente em reposta aos processos de marketing vinculados a essa marca. Trata-se de pensar no tipo reação que cliente terá diante de um produto/serviço com determinada marca em comparação ao mesmo produto/serviço sem a identificação dessa marca. Se a reação for favorável, tem-se um brand equity baseado no cliente positivo. Se a identificação da marca trouxer uma reação desfavorável, tem-se um brand equity baseado no cliente negativo. Um teste-cego é a forma mais fácil de exercitar esse princípio. São três os fatores-chaves considerados como essenciais e iniciais para se implementar um processo de brand equity baseado no cliente. O primeiro deles é denominado de diferenças na reação e tem como princípio o fato de que quando não existem diferenças nas respostas e reações de clientes diante da marca, essa pode ser considerada como um commodity, consequentemente, a concorrência se baseia em preços. O segundo é o conhecimento de marca, que são os pensamentos, sensações, imagens, experiências, crenças e tudo que estiver associado à marca, favoráveis e desfavoráveis. Aqui já se considera a existência de diferentes respostas e reações de clientes diante de uma marca. O terceiro fator considera respostas e reações de clientes diante das ações de marketing promovidas por uma marca. É a chamada resposta diferenciada do cliente, em outras palavras, suas percepções, preferências e atitudes. O princípio desse fator leva em conta que ações de marketing podem ser exatamente as mesmas entre empresas concorrentes, entretanto, percepções, preferências e atitudes de clientes podem ser diferenciadas em função da marca que as promove. O conhecimento da marca é fator principal para criação do brand equity, pois é ele que gera a reposta diferenciada que o impulsiona e valoriza. É composto pela lembrança e imagem de marca. A lembrança da marca envolve o “quanto” uma marca vem à mente, ou seja, a força de identificação que possui. Em outras palavras, trata-se da possibilidade da marca vir à mente de um consumidor quando ele for estimulado a lembrar dela e, obviamente, a rapidez com que isso ocorre. A imagem da marca envolve o “como” uma marca vem à mente, ou seja, a forma de percepção que possui. Lembrança e imagem de marca são criadas e fortalecidas por meio de associações, que são as conexões estabelecidas entre todas as informações (signos) presentes na mente quando esta se depara frente a uma marca. O conhecimento da marca depende fundamentalmente da força de associação que a marca possui em termos de identificação e percepção. Se faz importante considerar que a avaliação do desempenho de lembrança da marca leva em consideração duas variáveis: o reconhecimento de marca e a lembrança espontânea de marca. O reconhecimento de marca pode ser definido como o fato da marca estar ou não presente na mente do consumidor. Em outras palavras, do fato desse consumidor ter consciência da existência de uma determinada marca. Ela existe em sua mente? Estando presente, com velocidade ela lhe vem à mente em determinada situação cotidiana de sua vida? Eis aí a segunda variável, a lembrança espontânea da marca. Diante de uma determinada categoria de produto, da situação de compra dessa categoria, das necessidades atendidas e utilização dessa categoria, qual a chance da marca ser associada rapidamente de forma espontânea? A avaliação do desempenho de imagem de marca é mais subjetivo e leva em consideração a forma como a marca é lembrada. Em outras palavras, leva em consideração a qualidade das associações estabelecidas na mente do consumidor quando determinada marca surge em sua mente. A medida de desempenho ocorre em função da capacidade que uma marca possui de criar associações de forma forte, favorável e exclusiva. É importante destacar que tais associações podem ser criadas, influenciadas ou potencializadas por meio da execução de ações de marketing pelas empresas detentoras das marcas. A construção do BE: elementos, marketing e associações secundárias A construção de do brand equity por uma empresa leva em conta três impulsionadores: a escolha dos elementos da marca, o produto/serviço e seu processo de marketing e as associações secundárias. Nas aulasanteriores foram determinados quais são os elementos da marca, bem como definidos os critérios que devem ser levados em conta para criação ou modificação deles. O segundo impulsionador leva em consideração que a existência de uma marca está associada a inúmeras aplicações vistas anteriormente. Nesse sentido, vale destacar que a estratégia de marketing-mix para a construção de uma marca não é executada somente por meio de ações ligadas a comunicação publicitária, como outrora sempre ocorreu. Numa visão mais moderna, isso implica assumir que todas as variáveis do composto de marketing têm relação direta com a construção do brand equity e devem levar em conta aspectos que antes eram negligenciados. O avanço do pensamento mercadológico obriga que empresas levem em conta a capacidade de personalização (one-to-one) de suas ações de marketing, sua integração intrínseca e sua internalização, entendida aqui como os valores da marca são difundidos entre os colabores de uma corporação. As associações secundárias podem ser consideradas como “apropriações” de aspectos de um brand equity já existente. Em outras palavras, trata-se de associar uma determinada marca a outras informações presentes na mente dos consumidores, para que assim que lhe tragam mais significado. Tais associações podem estar vinculadas a outras marcas (ações de co-branding), pessoas (personagens, influencers, funcionários), lugares (país de origem da marca, presença em canais de distribuição diferenciados) ou “coisas” (eventos culturais ou esportivos, causas, prêmios). Na pesquisa Top of Mind realizada pelo Instituto Datafolha em 2018, que investiga a lembrança das marcas de várias categorias de produto, não é apontada por parte dos pesquisados, a marca NOVALGINA como uma das mais lembradas na categoria de remédios contra dor de cabeça. Pode-se assumir que isso é um problema para a SANOFI, a fabricante desse produto. Trata-se de um problema referente a: a Resposta diferenciada do cliente b Percepção da marca c Imagem da marca d Associações secundárias da marca e Lembrança da marca(correto) Na pesquisa Top of Mind realizada pelo Instituto Datafolha em 2018, que investiga a lembrança das marcas de várias categorias de produto, a marca KOLYNOS é apontada como uma das mais lembradas na categoria de creme dental, com 8% de performance. Entretanto, o creme dental dessa marca já não é fabricado desde o final da década de 1990. Pode-se assumir que esse fato está relacionado a Associações secundárias da marca. b Percepção da marca. c Conhecimento da marca. d Resposta diferenciada do cliente. e Imagem da marca.(correto) Na pesquisa Top of Mind realizada pelo Instituto Datafolha em 2018, que investiga a lembrança das marcas de várias categorias de produto, as marcas VIVO, OI e NET aparecem como empatadas na categoria de “operadora de internet banda larga”, com cerca 15% de performance. Diante disso, pode-se afirmar que as três marcas possuem praticamente a mesma lembrança de marca: a mas podem ter imagem de marca completamente diferentes(correto) b pelo fato de possuírem a mesma imagem de marca c e por causa disso terão a mesma resposta diferenciada por parte de seus clientes d mas podem ter reconhecimento de marca diferentes e o que a concluir que possuem a mesma participação de mercado Levando-se em conta as quatro principais variáveis do composto de marketing (produto, preço, distribuição e comunicação) e o fato obrigatório da integração delas para execução de uma estratégia eficaz de marketing- mix de uma marca, qual seriam as associações secundárias consideradas como relevantes para um fabricante de remédios não-OTC que pontos de paridade em relação a produto e preço? Remédios não-OTC são aqueles vendidos somente por meio de prescrição médica. Diante do contexto apresentado, pode-se afirmar que as associações secundárias consideradas como relevantes estão ligadas a pessoas e lugares. Especificamente, a médicos e farmácias. Nesse contexto, se faz fundamental tornar a marca conhecida entre as pessoas que vão indicá-la como a mais apropriada, bem como torná-la facilmente acessível a quem necessita adquiri-la. BRAND EQUITY (BE): OUTROS MODELOS E GERENCIAMENTO O modelo de BE de Aaker É importante enfatizar nessa etapa que BE baseado no cliente não é o único modelo de concepção brand equity. Para uma visão mais inteligente a abrangente da gestão de marcas, se faz necessário conhecer e entender mais dois modelos: o modelo de Aaker e o modelo de Ressonância da Marca. Esse dois modelos, mesmo com abordagens semelhantes ao modelo de BE baseado no cliente, trazem alguns conceitos pernitentes para o gerenciamento de marca, o próximo assunto a ser discutido. O modelo de Aaker tem como princípio que o BE é “um conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca, que podem aumentar ou diminuir o valor fornecido por um produto/serviço”. Nesse sentido, Aaker diz que cada um dos ativos do BE pertence a uma dessas cinco categorias: fidelidade à marca, conscientização da marca, percepção de qualidade, associações de marca e outros ativos (patentes & marcas registradas, p.e.). O autor também reforça o conceito de identidade de marca, entendido por ele como “o conjunto exclusivo de associações que representam o que a marca promete aos clientes”. A identidade de marca compõem-se de várias dimensões, que são agrupadas em torno de quatro parâmetros: marca como produto, marca como organização, marca como pessoa e marca como símbolo. A identidade de marca, segundo Aaker, inclui uma identidade central e uma entidade estendida. A identidade central pode ser entendida como a essência fundamental e eterna da marca, ou seja, é aquilo que não muda em função das expansões geográficas ou de portifólio. A identidade espandida pode ser entendida como essência aplicada ao contexto, ou seja, é aquilo que muda em função das adequações necessárias às expansões geográficas e de portifólio. Trata-se de uma forma diferente de organização dos fundamentos do modelo de BE baseado no cliente. O modelo de BE de Ressônancia da Marca O modelo de Ressonância da Marca parte do princípio de que o processo de construção de uma marca acontece por meio de etapas, que são cumpridas de forma sequencial e ascendente. Somado a isso, o modelo de leva em conta a dualidade das marcas em termos racionais e emocionais. Somadas essas prerrogativas, tem-se que existem dois conjuntos de etapas, racionais e emocionais, a serem cumpridos da mesma forma, sequencial e ascendentemente. Tais etapas, em ordem obrigatória, são: identidade e conscientização, significado e associações, a resposta do cliente e a resposta da marca. Para criação de um brand equity no modelo de ressonância é preciso que cada etapa sequencial seja cumprida de forma plena e a partir do alicerce que a determina. São eles: proeminência da marca (aspecto racional e emocional da primeira etapa), desempenho da marca (aspecto racional da segunda etapa), imagem da marca (aspecto emocional da segunda etapa), julgamentos da marca (aspecto racional da terceira etapa), sensações da marca (aspecto emocional da terceira etapa) e ressonância da marca. O conceito de proeminência da marca está relacionado à frequência e à facilidade com que a marca é evocada em diversas situações de consumo. Já o desempenho da marca está relacionado ao modo como o produto/serviço atende às necessidades funcionais do cliente. A imagem da marca está relacionada com as propriedades extrínsecas do produto/serviço, que inclui as formas pelas quais a marca tenta atender as necessidades psicológicas do cliente. Os julgamentos da marca envolvem as opiniões e avalições racionais dos clientes, enquanto as sensações da marca são as respostase reações emocionais diante da marca. Por fim, a ressonância da marca se refere à natureza do relacionamento que os clientes possuem com a marca e como eles se sentem em sincronia com ela. Gerenciamento do BE: reforço, revitalização e crise da marca O gerenciamento eficaz de uma marca requer visão de longo prazo sobre as decisões de marketing. Logo, as respostas dos clientes à atividade de marketing dependem do que eles sabem e lembram sobre uma marca. Sendo assim, as ações de marketing de curto prazo, que mudam modificam o conhecimento sobre uma marca, necessariamente afetam o sucesso de futuras ações de marketing. O processo de gerenciamento do brand equity leva em conta três situações fundamentais: o reforço da marca, a revitalização da marca e a crise da marca. Antes de tudo, se faz necessário definir em que contexto a marca se encontra. O processo de reforço da marca nada mais é do que a manutenção dos pontos fortes da marca. Por se tratar de um ativo, se faz necessário gerenciar a marca para que seu valor não seja depreciado ao longo do tempo. Algumas marcas vêm conseguindo manter a liderança em seus respetivos setores por décadas, mas isso ocorre em função da busca contínua de aperfeiçoamento de produtos, serviços e gestão de marketing. Em termos de gerenciamento de marcas significa levar conta quais produtos/serviços ela representa, quais vantagens ela oferece e quais necessidades ela satisfaz. Trata-se de responder periodicamente: como a marca torna os produtos/serviços associados a ela superiores? Quais associações fortes, favoráveis e exclusivas existem na mente dos consumidores a respeito dela? É o processo de se estar sempre avançando, mas na direção correta e sempre considerando duas variáveis como obrigatórias: inovação e relevância. Outra questão importante no processo de reforço de marca é a coerência do suporte dedicado a ela em termos de quantidade de investimento e variedade de ações. Lembrando que coerência não significa uniformidade e imutabilidade. Mudanças são necessárias porque os cenários de marketing estão constante transformação. O processo de revitalização da marca leva em conta as mudanças necessárias de uma marca. Ao longo do tempo, o aprimoramento do brand equity baseado no cliente deve ocorrer em função das transformações do macroambiente e das alterações internas dos objetivos estratégicos das empresas. Em outras palavras, o sucesso de uma marca pode ser afetado em função das mudanças que ocorrem nos gostos e desejos dos consumidores, do surgimento de novos concorrentes ou tecnologias, ou qualquer outra alteração em algum outro cenário do macroambiente. Nesse sentido, é fácil constatar que marcas se reinventam ou morrem em função desses fatores. Um processo de revitalização de uma marca deve avaliar em que medida é útil considerar “um retorno às suas raízes”. O processo de revitalização deve ter um viés de mudança muito mais revolucionário do que evolucionário. Deve-se levar em conta a existência remanescente de associações positivas e negativas. Qual desses dois conjuntos tem mais força nesse momento? Em função disso, deve-se decidir a respeito da manutenção do posicionamento anterior, se ainda for viável, ou da criação de um novo posicionamento. Uma dicotomia se instala nesse momento: o retorno às origens ou a reinvenção? Como combinar esses dois elementos? Uma coisa é certa: a revitalização de uma marca começa pelo produto/serviço. O processo de crise da marca parte do seguinte pressuposto: em algum momento uma marca pode ter que enfrentar uma situação de crise. Nesse sentido, quanto mais consolidada estiver a imagem corporativa de uma empresa, bem como o brand equity relacionado a seus produtos/serviços, maiores serão as chances de reação positiva. Numa situação de crise é fundamental que os consumidores tenham a percepção de uma resposta institucional rápida e honesta. Uma resposta lenta dá a chance da geração de fatos equivocados a respeito da situação de crise por meio da mídia ou das redes sociais. Uma ação rápida precisa ser também honesta, ainda que isso revele uma fraqueza diante da situação. Entretanto, tem muito mais chances de garantir associações positivas. Atividade extra Em 07/04/2019 o jornal O Estado de São Paulo inicia uma matéria da seguinte forma: “A Defesa Civil de Minas Gerais informou que o número de mortos identificados na tragédia da mineradora Vale, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, subiu para 224. Segundo informações divulgadas na noite do último sábado, dia 6, 69 pessoas permanecem desaparecidas e 395 foram localizadas.” Diante disso, e levando em conta o modelo de brand equity de Aaker, pode-se afirmar que a Vale tem um grande problema a ser resolvido no que tange a: a Marca como produto b Marca como organização(correto) c Marca como pessoa d Marca como símbolo e todas as anteriores Diante da situação descrita na questão anterior e levando-se em conta o modelo de brand equity de ressonância da marca, pode-se admitir que o o principal impacto da tragédia comprometerá de forma significativa e negativa a: a Proeminência da marca b Desempenho da marca c Imagem da marca d Julgamentos e sensações da marca(correto) e Todas as anteriores A tragédia de Brumadinho ocorrida em 25/01/2019 é decorrente do rompimento da Barragem do Feijão, pertencente a Vale do Rio Doce. Em 14/02/2019, o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, admitiu que as medidas de monitoramento da barragem não funcionou. Disse ele: “A Vale reconhece, humildemente, que seja lá o que vinha fazendo, não funcionou, já que uma barragem caiu”. Levando-se em conta os princípios do processo de gerenciamento de crise da marca, pode-se concluir esse depoimento como uma resposta: a Que não parece ser honesta e ainda muito lenta a ponto de diminuir o impacto em seu BE b Que parece ser honesta e rápida, com grandes chances de diminuir o impacto em seu BE c Que não parece ser honesta, mas rápida a ponto de diminuir o impacto em seu BE d Que parece ser honesta e rápida, com pequenas chances de diminuir o impacto em seu BE e Que parece ser honesta, mas muito lenta a ponto de diminuir o impacto em seu BE(correto) Da Física, vem o conceito de ressonância: é o fenômeno que acontece quando um sistema físico recebe energia por meio de excitações de frequência igual a uma de suas frequências naturais de vibração. Assim, o sistema físico passa a vibrar com amplitudes cada vez maiores. Diante disso, estabeleça uma relação entre esse conceito e a teoria relacionada a modelo de brand equity de ressonância da marca. O paralelo existente entre o conceito de ressonância da Física e a teoria do BE de ressonância da marca pode ser estabelecido em função de um ponto fundamental: a coincidência. No caso da Física, a coincidência ocorre em função da excitação de uma frequência e é utilizada em inúmeras aplicações, como é o caso dos aparelhos de ressonância magnética para diagnósticos clínicos. No caso do modelo de BE, o que se busca é a coincidência de percepção da marca, entendido aqui como tudo aquilo que se entende e se sente diante dela. Trata-se da coincidência entre o que a marca pretende ser por parte de quem a administra diante daquilo que ela é na mente de seus clientes e principais stakeholders. Fica evidente que se trata de um processo a ser cumprido por etapas, onde o pleno cumprimento de uma etapa é necessário para se adentrar à próxima, até que chegue à sintonia plena, onde o valor da marca pode atingir seu ápice. Essa etapa se denomina ressonância, onde a somatória dos valores percebidos pelos clientes com os valores transmitidos pela marca atinge um patamar que “tendem a vibrar com amplitudes cada vez maiores”. O PENSAMENTO MERCADOLÓGICOOs princípios do pensamento mercadológico Antes de adentrar profundamente ao assunto relacionado a estratégias de branding, se faz necessário rever alguns conceitos mercadológicos importantes. Dessa forma, pode-se construir uma lógica de raciocínio sobre branding que esteja ancorada nos mesmos princípios. Sendo assim, e como o tema “gestão de marcas” é parte de um tema muito mais amplo, o primeiro passo é conceber marketing. A definição clássica de Kotler resume em uma frase tudo aquilo que se deriva de marketing: “Satisfazer as necessidades dos clientes, com lucro, num relacionamento de longo prazo”. Todo e qualquer conceito presente no universo de marketing deriva-se desse conceito. A gestão de marcas de ter essa concepção como sua “pedra fundamental”, afinal, marcas são criadas, extintas e gerenciadas a partir da satisfação de desejos e necessidades dos clientes. O modelo do brand equity baseado no cliente é puro reflexo disso. A lógica do pensamento mercadológico considera que um bom produto/serviço é aquele que tem bom desempenho em vendas e que isso só acontece porque os desejos e necessidades dos clientes são atendidos. Se esse é o princípio, pode-se concluir que o processo de marketing inteligente não se presta a questionar tais desejos e necessidades, mas se atenta a entendê-los e atendê-los. “Se um produto existe e vende, é porque atende a um conjunto de necessidades. O processo de marketing não questiona esse conjunto de necessidades, eles as entede e atende.” Ser fiel a esse princípio implica, muitas vezes, em estabelecer uma nova visão de mundo. Diante dele, fica impossível caracterizar um produto de bom desempenho em vendas como um produto ruim, como comumente acontece com aqueles com forte identidade popular. Um bom gestor de marketing compreende um show de música sertaneja da mesma forma que entende um concerto de música de clássica. Ambos existem, podem ter vendas de ingressos esgotadas, mas atendem desejos e necessidades diferentes, ainda que presentes na mente de um mesmo consumidor final. Porque seriam necessariamente desejos e necessidades excludentes? A visão mais evoluída do conceito de marketing leva em consideração que não basta atender desejos e necessidades somente dos clientes, mas também de todos os stakeholders. É o que se denomina como “visão holística de marketing”. Obviamente, sabe-se que empresas possuem uma quantidade imensa de grupos de interesse relacionados a seu negócio e, por causa disso, deve estabelecer uma hierarquia nesse sentido. A título de exemplo, pode-se pensar que os fabricantes de remédio não-OTC tem como alvo principal de suas campanhas de marketing os médicos, aqueles que não vão fazer uso de seu remédio, tão pouco comprá-lo e pagar por ele. Outra ressalva importante é considerar como princípio mercadológico que o processo de marketing não cria necessidades, todas elas já existem. Até mesmo aquelas a serem atendidas por produtos que ainda não existem. Pensemos na época que os fornos de microondas não existiam, pensemos nas necessidades atendidas por quem compra esse eletrodoméstico, elas já não existiam anteriormente? Na verdade, o processo de marketing cria desejos, mas não necessidades. Tais desejos mudam ao longo do tempo, afinal, os desejos atendidos por um microondas na época de seu lançamento eram muito próximos das necessidades atendidas por ele. Atualmente, vai muito além disso. Outra forma de se conceber o pensamento mercadológico é partir do pressuposto de que um produto é vendido em função do confronto existente entre o valor que se percebe nele e valor do dinheiro necessário para adquiri-lo. Se essa diferença for positiva a favor do valor percebido, o produto é adquirido. Caso, contrário, não. Mas exceções existem. E esse valor percebido, atualmente, é construído por meio de grandes investimentos em gestão de marcas. Marcas são signos que carregam um conjunto de significados e associações responsáveis por fazer com que o valor percebido em um produto se dê muito mais em função de questões emocionais do que racionais. Por fim, pensar mercadologicamente implica em conceber ou analisar um produto, antes de tudo, em função do conjunto de desejos e necessidades atendidos por ele. Esse conjunto é tão importante que o processo de marketing o considera como “o próprio produto”. Um bom profissional de marketing encara um shampoo feminino em função da necessidade de higiene pessoal a ser atendida. Essa que é comum a todo e qualquer cosmético desse tipo – ponto de paridade. Mas encara principalmente em função do desejo presente, em maior ou menor grau, na mente de toda mulher, a vaidade. E a manifestação concreta dessa vaidade é o produto estampado com uma marca, juntamente com seu preço, o lugar onde se pode adquiri-lo e a forma como é promovido. As variáveis do composto de marketing e a gestão de portifólio Define-se como composto de marketing o conjunto de variáveis fundamentais para concepção de uma visão estratégica mercadológica inteligente. Na versão mais simples, são elas: produto/serviço, preço, distribuição e comunicação. Considerando a denominação em inglês, têm-se os 4P´s. É por meio da integração dessas quatro variáveis que desejos e necessidades serão atendidos. Trata-se de pensar, conceber, planejar e executar estratégias levando-se em conta tais variáveis de forma indissociável. A isso se denomina estratégia de marketing-mix. Em relação a variável produto/serviço, se dará foco aqui ao assunto relacionado a gestão de portifólio, visto que ele terá relação direta com o assunto relacionado a arquitetura de marca. Entende-se como portifólio de produtos o conjunto de todos os produtos que uma empresa disponibiliza para o mercado. Esse conjunto é composto por itens, ou seja, a versão final de cada produto. Os agrupamentos de itens se denominam linhas de produto. A maneira como uma empresa organiza seu portifólio de produtos acontece por meio de critérios estabelecidos por ela, podendo gerar configurações distintas em função disso. Empresas podem definir suas linhas em função da categoria de produto, das marcas que possui ou pela combinação dos dois. A gestão de portifólio é caracterizada em função das decisões a serem tomadas em relação a variedade de itens e linhas. Entende-se como extensão de um portifólio a quantidade total de itens presente nele. À quantidade de linhas de produto se denomina abrangência do portifólio. A profundidade leva em consideração os conceitos anteriores e está relacionada à variedade de itens dentro de uma linha ou de um portifólio. A consistência trata do grau de relacionamento de itens e alinhas em relação a: fabricação, distribuição e uso final. O maior desafio é estabelecer uma quantidade de itens e linhas, com a maior consistência possível, para atender a maior quantidade de desejos e necessidades possíveis, concomitantemente à maximização dos lucros. A variável preço do composto de marketing deve ser tratada, antes de tudo, a partir do princípio da satisfação dos desejos e necessidades dos clientes, ou seja, um produto/serviço deve ter um preço que o cliente esteja disposto a pagar. Entretanto, não se pode negar que a política de preços de uma empresa é influenciada, em maior ou menor grau, por seus concorrentes. Por consequência, tal política de preços também afeta os preços da concorrência. O maior desafio passa por estabelecer um preço que satisfaça desejos e necessidades, ao mesmo tempo que gere lucratividade significativa para a corporação. Resumindo: uma política de preços deve ser estabelecida, em primeiro lugar, em função de três variáveis: mercado, concorrência e custos. A variável distribuição levaem conta que desejos e necessidades são atendidos também em função da forma como um produto/serviço se torna disponível. Evidentemente, a escolha da forma de distribuição leva em conta o posicionamento estabelecido. Não se espera que produtos com alto nível de sofisticação sejam disponibilizados numa grande quantidade de pontos-de-venda, como acontece com os bens de conveniência. A estratégia de distribuição intensiva segue nesse sentido, ou seja, busca disponibilizar produtos na maior quantidade de pontos-de-venda possíveis e imagináveis. Onde se pode comprar uma Coca-Cola? A distribuição seletiva tem como pressuposto a seleção de pontos-de-venda em sinergia com o posicionamento e a estratégia de marketing-mix. Onde se pode comprar um perfume Chanel? A distribuição exclusiva define um único canal como aquele que será responsável por tonar o produto disponível. Onde se pode comprar um produto da Boticário? Por fim, a variável comunicação do composto de marketing trata da forma e da intensidade com qie um produto/serviço será promovido. Muitas são as ferramentas para se fazer isso: propaganda, publicidade, marketing direto, relações públicas, comunicação de vendas, marketing digital, dentre outros. O ponto de partida se dá pela escolha da intensidade, em outras palavras, da opção de se fazer comunicação de massa ou dirigida. A estratégia de comunicação de massa é aquela que se executa de forma abrangente, com grande amplitude e frequência para se alcançar a maior quantidade de pessoas possível. A estratégia de comunicação dirigida é o oposto disso, ou seja, busca a entrega de uma mensagem de forma específica para um ou mais segmentos de mercado específicos (one-to-one). O desafio atual das estratégias de comunicação passa pelo uso da maior quantidade de ferramentas de comunicação possível, a chamada estratégia 360º, fazendo uso de uma mensagem específica, para um público de massa. Por fim, fica o desafio: como pensar e aplicar todos esses conceitos anteriores num processo de gestão da marca? Considere as seguintes afirmações: I - Em uma organização com orientação de marketing, primeiro seleciona-se o cliente que se deseja atrair e manter, para só então desenvolver a oferta para ele. II - Em uma organização com orientação de marketing, busca-se o lucro por meio da captura do valor do cliente. III - Em uma organização com orientação de marketing, a satisfação do cliente é a sua principal meta. Pode-se afirmar que: a Todas as afirmações estão corretas.(correto) b A afirmação I é falsa. c A afirmação II é falsa. d A afirmação III é falsa. e Somente I e II são verdadeiras. Ao se adentrar em hipermercado, seja ele o Extra, Carrefour, Wall Mart ou qualquer outro, pode constatar, em termos de gestão de portfólio de produtos, que: a a extensão é pequena. b a abrangência é grande.(correto) c a profundidade é grande. d a consistência é pequena. e nenhuma das anteriores. O composto de marketing no contexto de um varejo leva em consideração mais duas variáveis para o estabelecimento de uma estratégia inteligente de marketing-mix: pessoas e apresentação da loja. Qual das empresas abaixo leva em conta contundentemente esses dois fatores como forma de diferenciação? a Natura. b Netshoes. c Drogasil. d Boticário.(correto) e nenhuma das anteriores. Nos áureos tempos do licenciamento de produtos com a marca Xuxa, um grande fabricante de goma de mascar, vulgo chicletes, decidiu lançar uma versão de seu produto com a marca dessa apresentadora: XUCLET´S. Crianças e adolescentes são usuários típicos dessa categoria de produto e a chance de obter sucesso em vendas com o produto licenciado eram enormes. O produto nada tinha de novo em termos gosto, aroma e características físicas, salvo pequenas adequações em função das cores típicas dos produtos Xuxa. O referido fabricante era um dos líderes na categoria de goma de mascar, atuando há décadas no país. O produto foi um fracasso. Você consegue imaginar o porquê? Para responder a pergunta, e diante do contexto apresentado, é fundamental o uso do conceito de marketing-mix. O sucesso de vendas de um produto está ligado diretamente ao desempenho dessa estratégia. No caso apresentado, pode-se inferir que o fracasso das vendas do produto não estava ligado às suas características físicas, pois sofreu poucas adequações em relação aos produtos já existentes. Por ser um bem de conveniência, muitas vezes adqurido por impulso, tinha sua distribuição intensiva garantida, visto que essa era realizada por um fabricante que já atuava com essa categoria, sendo um dos líderes. Obviamente, já tinha presença em todos os canais de distribuição possíveis. O apelo de comunicação ligado a XUXA tinha poucas chances de fracasso, visto o sucesso de muitos outros produtos que foram licenciados com essa marca. Resta, então, uma variável, o preço. Na esperança de uma grande demanda gerada pelo licenciamento, e também pelos custos envolvidos, o fabricante lançou a goma de mascar com o dobro do preço. Ainda que isso representasse pouco em termos absolutos, representava muito para aquisição de um chiclete. A EXPANSÃO DO PORTIFÓLIO O portifólio de marcas O ponto de partida para se para uma boa gestão de marcas passa por compreender os vários tipos de estratégias de branding. A estratégia de branding de uma empresa trata das decisões relacionadas à quantidade e os tipos de elementos de marca comuns que se aplicam aos diferentes produtos/serviços por ela oferecidos. Trata-se da decisão sobre os tipos de elementos de marca, novos e já existentes, a serem aplicados a produtos/serviços, novos e já existentes. Os princípios para isso são parecidos com aqueles para gestão de portifólio de produtos. Sendo assim, pode-se afirmar que as principais estratégias de branding estão relacionadas a arquitetura de marcas e hierarquia de marcas. Uma questão crítica e emblemática se dá ao planejar a atribuição de uma marca a novos produtos. Quando isso acontece, três são as opções: desenvolver novos elementos de marca para o novo produto, aplicar alguns de seus elementos de marca já existentes, utilizar uma combinação de elementos de marca novos e já existentes. Não poderia ser diferente. Nesse sentido, o primeiro passo é entender como está configurado um portifólio de marcas. A primeira, e mais importante, decisão relacionada a estratégia de branding é saber se um nome de marca será ou não criado para um novo produto. Isso certamente ocorrerá, visto que, atualmente, até os produtos caracterizados como commodities possuem marcas, como acontece com o amido de milho e as esponjas de aço, por exemplo. Para escolha do nome, quatro são as estratégias básicas existentes: nomes individuais, nomes de família abrangentes, nomes de família separados para todos os produtos, nome da empresa combinado com diferentes nomes de produtos. Pode-se entender “nome”, nesse caso, como “marca. Os nomes individuais apareem portifólios onde cada produto tem seu nome de marca específico. É chamada de estratégia multimarcas, onde não se vincula as marcas dos produtos à marca da empresa. Muitas vezes as empresas usam nomes de marca diferentes para linhas de qualidade diferentes dentro da mesma classe de produtos. É o caso da Unilever com a categoria de sabão em pó, onde se encontram as marcas OMO, SURF e ALA. Os nomes de família abrangentes são caracterizados pela aplicação de um mesmo nome de marca a diferentes categorias de produto. É chamada de estratégia de marca guarda-chuva. Isso traz vantagens em termos de investimentos em marketing e desenvolvimento da marca aplicada a novos produtos. Exemplo típico disso é o caso da PARMALAT, YAMAHA e GILLETTE. Os nomes de família separados para todos os produtos ocorrem em situações opostas ao item anterior. Isso acontecequando uma empresa que fabrica produtos muito diferentes e julga ser inapropriado o uso de um nome de família abrangente. Um exemplo emblemático disso vem do Grupo Accor e suas redes de hotéis: Formule I, Ibis, Sofitel, Pullman, Novotel, Mercure, dentre outros. O nome da empresa combinado com diferentes nomes de produtos é definido também como uma estratégia de sub-branding, muito utilizada por fabricantes de automóveis. Honda Fit, Sony Vaio, Gillette Prestorbarba são exemplos disso. Pode-se deinir como portifólio de marcas o conjunto de todas as marcas e linhas de marca que uma determinada empresa oferece para o mercado. A decisão de se atuar com um portifólio de marcas está atrelada, geralmente, ao objetivo de se atender diferentes segmentos de mercado. Segmentos de mercado podem ter percepções diferentes e muito distintas a respeito de uma mesma marca, o que justifica a criação de um portifólio de marcas. Outros motivos são: aumentar a presença da marca no varejo e sua dependência, atrair consumidores que buscam variedade, elevar a concorrência interna na empresa ou obter ganhos de escala em propaganda, vendas, logística e distribuição. Dentro de um portifólio, marcas podem exercer papéis diferentes. As marcas de flanco, também conhecidas como marcas “combatentes”, são posicionadas em função da concorrência para que as marcas “carros chefe”, mais lucrativas, mantenham o posicionamento desejado. É, de novo, o caso da Unilever com a categoria de sabão em pó, onde se encontram as marcas de flanco, SURF e ALA, existem para garantir o poscionamento de OMO. As marcas vacas leiteiras são aquelas que se mantém disponíveis para o mercado apesar de registrarem vendas mais tímidas, quando comparadas com outras marcas do portifólio. Isso ocorre porque ainda conseguem, com um número suficiente de clientes, manter sua lucratividade com pouco ou nenhum investimento em marketing. É o caso da marca Prestorbarba da Gillette. Marcas de entrada mais baratas aquelas relacionadas a produtos/serviços de preço mais baixo dentro do portifólio. Geralmente, o objetivo é atrair clientes para ao ponto-de-venda por meio dessas marcas com intuito de apresentar outras mais caras ou lucrativas. Também servem como uma “primeira experiência” com a marca, para que no futuro a opção seja pelas versões mais caras do produto. Exemplo disso é a versão mais barata dos carros Mercedes, o Classe A. As marcas de prestígio são aquelas associadas a um produto caro e/ou sofisticado. A intenção é, quase sempre, adicionar prestígio e credibilidade ao portifólio como um todo. No portifólio da Diageo, a presença das marcas Johnnie Walker Red Label e Johnnie Walker Blue Label confirmam o dito. Por fim, é importante enfatizar que um portifólio de marcas deve, antes de tudo, ser analisado por sua capacidade de maximizar o brand equity. Se os lucros podem ser aumentados caso se reduza o número de marcas, o portifólio é grande demais. Se os lucros podem ser aumentados caso se adicionem marcas, o portifólio não é grande o suficiente. O princípio da criação de um portifólio de marcas é maximizar a abrangência de mercado, para que nenhum segmento potencial seja ignorado. Entretanto, deve- se buscar minimizar a sobreposição de marcas, para que estas não concorram entre si pela preferência dos clientes. Arquitetura de marcas A estratégia de arquitetura de marca retrata a quantidade e os tipos de elementos da marca, comuns e distintos, aplicados a diferentes produtos de um portifólio. Pode ser caracterizada em termos de amplitude e profundidade. A amplitude de uma estratégia de arquitetura de marcas refere-se à quantidade e tipos de produto associados às marcas oferecidas por uma empresa. A profundidade de uma estratégia de arquitetura de marcas refere- se à quantidade e variedade de marcas dentro das categorias de produto oferecidas. A título de exemplo, uma estratégia de arquitetura de marcas pode ser considerada profunda e ampla se a empresa tiver um grande número de marcas e estas estiverem estampadas em itens das mais variadas categorias de produto. A matriz marca/produto é uma representação gráfica do conjunto de todas as marcas e produtos disponibilizados por uma empresa. É uma ferramenta muito útil para caracterizar a estratégia de arquitetura de marcas. Sua concepção, em termos gráficos, se expressa dessa forma: Cada linha da matriz representa uma linha de marca, que pode ser definida como o conjunto de todos os produtos oferecidos com a mesma marca. Cada coluna da matriz representa uma linha de produtos, que pode ser definida como o conjunto de todos os produtos oferecidos com as mais variadas marcas. O conjunto de todas as linhas de marca formam o portifólio ou mix de marcas. Da mesma forma, o conjunto de todas as colunas de produto formam o portifólio ou mix de produtos. Decisões a respeito de arquitetura de marcas requerem, antes de tudo, um perfeito mapeamento das linhas de produto e linhas de marcas de um portifólio. Hierarquia de marcas A matriz marca/produto fornece um mapeamento global de todas as marcas e produtos presentes em um portifólio. A partir dela pode-se estabelecer relações, em maior ou menor grau, entre essas duas variáveis. Por consequência, nomes de marcas de produtos podem não se restringir a um único nome, ou seja, podem ser formados por uma combinação de nomes já existentes e não-existentes. A hierarquia de marcas é um meio de conceber a estratégia de arquitetura de marcas. Logo, é também uma estratégia de marcas. A hierarquia de marcas trata da definição da quantidade e dos tipos de elementos de marca distintos aplicados a todos os produtos da empresa, bem como a ordenação específica desses elementos. Mais especificamente, a hierarquia de marcas é baseada na percepção de que um produto pode ser identificado de formas diferentes, dependendo de quantos elementos de marca, novos e já existentes, são utilizados e combinados. Isso implica em uma arquitetura de marcas que mapeia como os produtos estão agrupados com outros produtos em função dos elementos que têm em comum. Alguns elementos de marca podem ser compartilhados por muitos produtos, enquanto outros podem ser exclusivos de certos produtos. A combinação de nomes de marca é um processo caracterizado por desdobramentos. Em outras palavras, ocorre por etapas, cada uma concebida com um nível de hierarquia. Para cada nível que se decide avançar surgem mais opções de combinação. Existem diferentes formas para definição dos elementos de marca e os níveis de hierarquia. Os níveis de hierarquia, basicamente, são: marca corporativa, marca família, marca individual e modificador. De cara, é importante enfatizar que nem sempre todos os níveis coexistem e, eventualmente, dois elementos modificadores podem ser combinados quando se busca mais especificidade. Tecnicamente, o mais alto nível da hierarquia normalmente envolve uma só marca, a marca corporativa. Em alguns casos, pode-se constatar somente o uso da marca corporativa como a única utilizada. Em outros casos, a marca corporativa praticamente não é utilizada. A marca de família é aquela aplicada a em vários itens (ou categorias) de produto, não possuindo necessariamente o nome da marca corporativa. É o caso da marca KNORR da Unilever, que está vinculada a várias categorias de produto: sopas, temperos, caldos e alimentos semiprontos. Quando a marca corporativa for aplicada a uma gama de produtos, ela passará a ser também a marca família. É o caso da Nestlé em relação a alimentos infantis. A marca individual é definida como aquela que fica restrita essencialmente ao item ou categoria de produtos presente em um portifólio. Se a profundidade da linha for muito grande, modificadores são utilizados
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