Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cosmetologia Aplicada I - Normas de higiene e biossegurança na fabricação dos cosméticos e microbiologia Estudamos as funções cosméticas dos ingredientes que compõem os nossos cosméticos, vimos que cada ingrediente tem uma função dentro de uma fórmula e que cada fórmula pode possuir uma forma cosmética (gel, creme, solução, bastão, pó e etc.). A função global do produto é a soma das funções de seus ingredientes que propiciam dentro de uma forma cosmética sua melhor aplicabilidade. Desta forma, um produto cosmético não é apenas tudo isso, o produto cosmético deve ser um produto seguro a saúde e sua aplicabilidade deve seguir padrões estabelecidos para a utilização desses. As matérias-primas utilizadas para a formulação de um produto cosméticos segue normas rígidas da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (ANVISA) em nosso país, existem RDC (Resolução da Diretiva Colegiada) que são normas que permitem ou não que ingredientes possam ser utilizados. Essas normas existem no mundo todo, mas cada país estabelece as suas. No Brasil são estabelecidas no Mercosul e todos os países desse grupo seguem a mesma. Nas indústrias que produzem cosméticos, todo desenvolvedor conhece essas normas que estão sempre sendo atualizadas na medida em que a ciência descobre mais parâmetros para identificar se seu uso é seguro. Normas de higiene e biossegurança na fabricação dos cosméticos Dentro das indústrias também existem procedimentos operacionais de fabricação que seguem normas rígidas de biossegurança e fabricação. Não basta que os ingredientes sejam seguros, o produto desenvolvido e processado precisa ser seguro a saúde dos usuários. Quando se desenvolve um produto cosmético, esse passa por diversos passos de segurança. Existe a segurança da forma cosmética, que são testes que se faz para que este produto se mantenha eficiente ao longo do seu prazo de validade, chamado de Estabilidade. É bom entender que nos cosméticos no Brasil, a validade é dada com o produto fechado e que o modo de uso deve ser respeitado para que contaminantes do ambiente externo não diminuam sua resistência microbiológica ou físico-química. Caso um produto venha comunicando na embalagem que este não deve ser exposto a luz, isto deve ser rigorosamente seguido, pois com certeza, existem testes que mostram que este produto quando exposto a luz pode sofrer alterações, que prejudicarão sua eficácia, ou mesmo a forma cosmética. No caso de um creme esse pode separar as fases (hidrossolúvel e lipossolúvel). Caso temperaturas elevadas o produto seja submetido. Exposição em locais que tenha muito calor. Testes de estabilidade na indústria cosmética Então deve-se respeitar os alertas que encontram nas embalagens. Um outro problema muito comum que vemos no cotidiano é deixar um produto aberto, muitas pessoas ignoram que um produto aberto está exposto há varias contaminações microbiológicas (mesmo que nossos cosméticos tenham conservante), além de contato direto com a atmosfera que pode retirar a umidade do produto, assim como trazer umidade para o produto. Tudo dependerá dos ingredientes que usamos no nossos cosméticos e da atmosfera que pode ser seca ou úmida. Por isso um produto cosmético deve ser usado e mantido fechado. Na estabilidade do produto que se faz dentro da indústria, se faz com o produto fechado, durante pelo menos 3 meses em ciclos de temperatura. Por isso os alertas nas embalagens são de extrema importância, eles foram estudados! Também pode perder sua eficácia, se fora das condições de uso. Algum ativo que seja mais volátil, ou carreado por um ingrediente volátil da fórmula poderá fazer que este produto não mais seja eficaz no seu modo de agir. Outro problema bastante grave que vemos é que algumas pessoas muitas vezes querem diluir alguns produtos com água, mesmo que estes se misturem bem com a água, o conservante colocado na forma cosmética é suficiente e testado para aquela quantidade, quando colocamos água, mesmo que uma água pura, essa água vai diluir o nosso conservante e esse não será capaz de manter a fórmula livre de microrganismos. O produto perderá sua validade e provavelmente se contaminará. Existem várias Contaminações pelo mal uso do cosmético ou exposição à luz e ao calor. A armazenagem dos produtos cosméticos é de extrema importância e locais com muita luz externa, calor, ou mesmo empoeirados devem ser evitados, serão focos de reações adversas que podem invalidar o produto. Para garantir a integridade do cosmético, o uso de utensílios devidamente desinfetados e esterilizados para o manuseio dos produtos por parte do profissional de estética que realiza o protocolo, é de extrema importância. Além do uso de descartáveis, durante a aplicação dos produtos. A biossegurança, que abrange desde essa desinfecção e esterilização dos acessórios, assepsia das mãos, passando também pelo descarte correto de resíduos e utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s – entre eles luvas, óculos, touca, máscara e jaleco) que, contribuem para reduzir os processos de contaminação dos cosméticos no momento de sua utilização. Os riscos de contaminação são vários e conhecer como minimizar esses riscos é de extrema importância, principalmente para os profissionais. Na estabilidade em ciclos de temperaturas elevadas e bem frias, são feitos testes microbiológicos na indústria. Verificação da ação do conservante para o tempo de vida do produto (validade). Sempre que for usar um produto cosmético, veja a área de aplicação e pegue o necessário para fazer o procedimento, quantidades maiores não devem em hipótese alguma retornarem ao frasco ou pote de origem. Ao retornar um produto que pode ter sido contaminado, fará com que todo o produto se perca, além da gravidade de usar um produto contaminado em alguém, lembre-se que o produto cosmético foi estudado em boas condições de uso e o conservante colocado é para conservar o produto e não combater microrganismos colocados em uma demanda maior do que este possa suportar. Quando começa um processo de crescimento de microrganismo, normalmente não é visível aos nossos olhos e dificilmente vamos conseguir perceber. Isso pode levar a danos à saúde de nossos clientes e isso destrói toda a reputação de um local e da profissional. Na indústria cosmética existe o que chamamos de Boas Práticas de Fabricação, que são muitas medidas de Biossegurança para que o produto que seja produzido esteja em condições de uso. Muitos testes são feitos e os colaboradores são treinados para trabalharem dentro das áreas, essas são higienizadas e sanitizadas, assim como todo o processo de fabricação. Vejamos a indústria cosmética por dentro. Existem laboratórios de Controle de Qualidade – Controlam matérias- primas, processo e produto acabado. Laboratório de microbiologia – controlam matérias-primas, processo, se a higienização e sanitização estão efetivas, produto acabado. E muitas vezes fazem testes com os próprios colaboradores e ambientes. Laboratório de desenvolvimento (P&D) – responsável por desenvolver e acompanhar novos produtos. Controle de Qualidade Microbiologia P&D Precisamos tomar cuidado com o nosso meio ambiente, o nosso contato com o produto e com os clientes. Dentro da indústria temos essas causas prováveis de contaminação. Podemos ser a fonte de contaminação. Leia em operador da indústria e estenda ao profissional de Estética, que poderá também contaminar o produto. Vamos lembrar que o mal uso do produto cosmético é de responsabilidade do usuário. A indústria fabricante mantém testes dentro da empresa que asseguram que o produto não estava contaminado ao sair da empresa e testes de validade do produto. Na indústria se faz testes que garantam o produto, e eles guardam amostras do lote, chamadas de amostras de retenção, são amostras de cada lote fabricado na empresa queficam retidos em local apropriado onde existe monitoramento da temperatura ambiente. Caso algum problema venha a acontecer, estas amostras serão analisadas. Quando se verifica alguma diferença nas amostras, mesmo que não provocadas por alguma reclamação, as empresas podem fazer recall, ou seja, retirar dos pontos de venda o lote que por ventura venha a ter problema e comunicar a sociedade via mídia que o produto deva ser trocado. Vemos muito isso na indústria fabricante de carros, não é muito comum se ver esse procedimento na indústria cosmética, porém esse pode acontecer. Toda indústria passa por fiscalizações (inspeções da vigilância sanitária estadual, e em alguns casos raros por municipais) que fazem inspeções que vão desde o estabelecimento, suas práticas de higienização de pessoal e utensílios, verificação dos processos, das matérias-primas, produtos acabados e registros. Tudo é visto, inclusive armazenagem e meio ambiente. Á agua também é analisada, pois pode ser uma fonte de contaminação. Por isso é muito importante que o profissional de Estética só use produtos registrados por empresas licenciadas para produção de cosméticos. Nunca se esqueçam de atestar esse fato. O uso de produto não registrado também pode criminalizar o profissional. Nunca se esqueçam de fazer testes mencionados nas embalagens, o profissional tem essa obrigação. Os produtos cosméticos podem causar irritação e/ou reação alérgica? Podem causar algum risco à saúde? O risco cosmético é minimizado por vários testes, ninguém pode assegurar um produto 100% sem riscos, mas muitos testes são feitos pelas empresas para se entregar um produto seguro à saúde. A avaliação de segurança de um produto cosmético pressupõe uma abordagem caso a caso, observando-se, preliminarmente, todas as informações disponíveis que contribuam para o conhecimento do risco potencial, em condições normais ou razoavelmente previsíveis de uso. Deve-se considerar também os seguintes parâmetros: Condições de uso: • Categoria de produto e finalidade de uso; • Modo de aplicação; • Quantidade de produto por aplicação; • Frequência de uso; • Tempo de contato; • Área e superfície de aplicação; • Consumidor alvo; • Advertências e restrições de uso. A segurança de um produto cosmético: ✓ A escolha dos componentes de uma formulação. Existem normas que permitem ou não o uso desses ingredientes na ANVISA, temos embora muitos ingredientes, esses obedecem normas, sempre reavaliadas; ✓ Estudos de estabilidade – Tempo útil de vida do produto em condições de uso (validade); ✓ Aplicação de uso - Concentração de uso indicada pelo fornecedor; Restrições regulamentares de uso. ***Exemplo: Lápis de olho Modo de usar: Após a preparação da pele para receber a maquiagem. Aplique o Lápis em contorno dos olhos, para realçar o olhar. Precauções: Manter fora do alcance de crianças. Uso externo. Não ultilizar para outros fins. Caso haja sensibilidade ou irritação suspenda o uso e procure orientação médica. Produto não tóxico. Manter em local fresco e arejado, ao abrigo da luz. ✓ Avaliação de riscos: A avaliação do produto cosmético em humanos não ocorre no sentido de investigar o potencial de risco, mas sim, de confirmar a segurança do produto acabado. (testes de investigações de risco são feitos anteriormente, e são de outras natureza). Para que se possa ter a segurança de produtos cosméticos em vivo, com a dosagem ou modo de usos, os cosméticos são avaliados seguindo protocolos internacionalmente normatizados. Para se fazer estes testes, tem que já se ter certeza que o produto não causa nenhum mal em humanos. Ensaios clínicos Produtos cosméticos podem necessitar de estudos clínicos em humanos, para que as empresas ofereçam aos consumidores o máximo de segurança com o menor risco, garantindo as melhores condições de uso do produto com a evidência de segurança com o uso por humanos. Estas informações também podem ser importantes para estabelecer advertências de rotulagem e orientações para o serviço de atendimento ao consumidor. Um dos testes que ANVISA sugere é o teste que: Comprove a segurança cosmética e neste se obtém o apelo de Dermatologicamente testado Para comprovação da segurança, no mínimo este teste deve ser feito: Irritabilidade Dérmica Primária + Irritabilidade Dérmica Acumulada + Sensibilização Dérmica. Primeiramente a empresa escolhe uma empresa especializada em testes em humanos, e credenciada nos órgãos de saúde, para execução da avaliação de segurança. Não é feito pela indústria fabricante do produto. Posteriormente a indústria de cosméticos envia a fórmula e o modo de usos e aplicação do produto, com quantidade, se há reaplicação e etc.. A empresa que avalia os testes que fará a aplicação mediante aos protocolos internacionais para avaliação. O tipo de pele, a quantidade de voluntários, o universo desses voluntários, sendo mesmo gêneros vai depender de seguir esses protocolos. Fica sob a responsabilidade da empresa contratada a escolha das pessoas; sendo este obedecendo aos critérios estabelecidos e utilizados pelas normas existentes. O teste utiliza 50 voluntários saudáveis. Durante todo o período de estudo o voluntário tem disponibilidade de dermatologista para eventuais eventos adversos. O estudo completo com o relatório dura aproximadamente 60 dias. IRRITABILIDADE CUTÂNEA PRIMÁRIA: Todos os voluntários receberam em dorso esquerdo ou direito um teste de contato (patch test) contendo apósitos oclusivos contendo os produtos em estudo e o controle com solução fisiológica. O teste de contato é removido após 48 horas de contato com a pele e as reações são analisadas. IRRITABILIDADE CUTÂNEA ACUMULADA: Todos os voluntários receberam em dorso esquerdo ou direito um teste de contato (patch test) contendo apósitos oclusivos contendo os produtos em estudo e o controle com solução fisiológica. A cada 48 horas, os voluntários retornam para retirada do teste e não havendo qualquer alteração, logo após a leitura o teste de contato é reaplicado no mesmo local. Este procedimento é repetido durante o período de 03 semanas. SENSIBILIZAÇÃO DÉRMICA: O teste de Sensibilização Dérmica deve constar de três etapas: indução, repouso e desafio. A fase de indução corresponde ao teste de Irritabilidade Cutânea Acumulada que já foi descrito acima. Após as 3 semanas de aplicação do teste, é feito um período de repouso de, no mínimo, dez dias quando nenhum teste é aplicado (Repouso). Após este intervalo, os voluntários retornaram para a fase de desafio (sensibilização), onde um patch simples das amostras é aplicado no dorso direito ou esquerdo dos voluntários (área virgem), local em que não foi aplicado nenhum tipo de teste, cada um contendo os produtos em estudo e o controle com solução fisiológica. O teste de contato é então removido após 48h de contato com a pele. Esse teste mínimo pode garantir a segurança da maioria dos produtos. Por isso um produto cosmético não deve ser irritante e não deve causar alergia, na grande maioria da população. Existem muito mais testes que se pode fazer e depende do produto. Os produtos cosméticos podem causar irritação e/ou reação alérgica? Podem causar algum risco à saúde? Respondendo: São feitos testes para que reações indesejáveis não aconteçam para a maioria das pessoas saudáveis, existem testes mais específicos dependendo das matérias-primas, mas para produtos comuns, esse teste já dá segurança. As advertências do rótulo devem ser quando necessário e explícitos no rótulo e os testes indicados feitos pelos usuários. O produto cosmético não deve causar irritação, alergia e riscos à saúde para pessoas saudáveis. Mais adiante veremos testes mais específicos para alguns grupos de produtos, quando falarmos mais sobre segurança e eficácia.
Compartilhar