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Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 1 • Semiotécnica O paciente deve ser examinado nas posições de decúbito, sentada, em pé e andando. Para conforto do paciente a ordem do exame deve ser: Primeiro examiná-lo sentado a beira do leito ou da mesa de exame, a menos que ele seja incapaz de permanecer nessa posição. O examinador deve ficar de pé́, em frente ao paciente, deslocando-se para os dois lados, conforme necessário. Mas também pode-se iniciar o exame com o paciente deitado caso seja mais confortável para ele. O exame físico geral inclui: ✓ Avaliação do estado geral ✓ Avaliação do nível de consciência ✓ Fala e linguagem ✓ Avaliação do estado de hidratação ✓ Altura e outras medidas antropométricas ✓ Avaliação do estado nutricional ✓ Desenvolvimento físico ✓ Fácies ✓ Atitude e decúbito preferido no leito ✓ Mucosas, Pele e Fâneros ✓ Tecido celular subcutâneo e panículo adiposo ✓ Musculatura ✓ Movimentos involuntários ✓ Enfisema subcutâneo ✓ Exame dos linfonodos ✓ Veias superficiais ✓ Circulação colateral ✓ Edema ✓ Temperatura corporal ✓ Postura ou atitude na posição de pé ✓ Biotipo ou Tipo morfológico ✓ Marcha Exame Físico Geral Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 2 Avaliação do Estado Geral É uma avaliação subjetiva com base no conjunto de dados exibidos pelo paciente e interpretados de acordo com a experiência de cada um. Usa-se a seguinte nomenclatura: • Estado geral bom • Estado geral regular • Estado geral ruim A avaliação do nível de consciência e do estado mental implica dois aspectos da mesma questão: a avaliação neurológica e a psiquiátrica. Entre o estado de vigília ou plena consciência e o estado comatoso, no qual o paciente perde completamente a capacidade de identificar seu mundo interior e os acontecimentos do meio que o circunda, é possível distinguir diversas fases intermediarias em uma graduação cujo principal indicador é o nível de consciência. Quando a consciência é comprometida de modo pouco intenso, mas seu estado de alerta é moderadamente comprometido, chama-se obnubilação. Na sonolência, o paciente é facilmente despertado, responde mais ou menos apropriadamente e volta logo a dormir. A confusão mental configura-se por perda de atenção, o pensamento não é claro, as respostas são lentas e não há percepção normal do ponto de vista temporoespacial, podendo surgir alucinações, ilusão e agitação. Se a alteração de consciência for mais pronunciada, mas o paciente ainda for despertado por estímulos mais fortes, tiver movimentos espontâneos e não abrir os olhos, caracteriza-se o torpor ou estupor. Se não há despertar com estimulação forte, e o paciente está sem movimentos espontâneos, caracteriza-se o estado de coma. Atualmente, usa-se a escala de coma de Glasgow (EG) para se avaliar alterações do nível de consciência. Tal avaliação leva em conta três parâmetros: 1. Abertura ocular 2. Reação motora 3. Resposta verbal Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 3 Pontuação: 3 a 15. Interpretação: 3 pts – coma profundo (vegetativo) 4 pts – coma profundo 7 pts – coma intermediário 11 pts – coma superficial 15 pts – normalidade Fala e Linguagem Durante a entrevista, o examinador deve prestar atenção à linguagem do paciente, particularmente na linguagem falada (fala). As alterações da fala classificamse da seguinte maneira: • Disfonia ou afonia: é uma alteração do timbre da voz causada por algum problema no órgão fonador. A voz pode tornarse rouca, fanhosa ou bitonal • Dislalia: é o termo que se usa para designar alterações menores da fala, comuns em crianças, como a troca de letras (“tasa” por “casa”). Uma Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 4 forma especial é a disritmolalia, que compreende distúrbios no ritmo da fala, tais como a gagueira e a taquilalia • Disartria: decorre de alterações nos músculos da fonação, incoordenação cerebral (voz arrastada, escandida), hipertonia no parkinsonismo (voz baixa, monótona e lenta) ou perda do controle piramidal (paralisia pseudobulbar) • Disfasia: aparece com completa normalidade do órgão fonador e dos músculos da fonação e depende de uma perturbação na elaboração cortical da fala. Há diversos graus de disfasia, desde alterações mínimas até perda total da fala. A disfasia pode ser de recepção ou sensorial (o paciente não entende o que se diz a ele), ou de expressão ou motora (o paciente entende, mas não consegue se expressar), ou ainda do tipo misto, que é, aliás, o mais frequente. A disfasia traduz lesão do hemisfério dominante: o esquerdo no destro, e viceversa, mas não chega a ter valor localizatório muito preciso • Disgrafia: perda da capacidade de escrever • Dislexia: perda da capacidade de ler Avaliação do Estado de Hidratação Avaliado de acordo com os parâmetros abaixo: • Alteração abrupta do peso • Alterações da pele quanto à umidade, à elasticidade e ao turgor • Alterações das mucosas quanto à umidade • Alterações oculares • Estado geral • Fontanelas (no caso de crianças). Desidratação caracteriza-se pelos seguintes elementos: • Sede • Diminuição abrupta do peso • Pele seca, com elasticidade e turgor diminuídos • Mucosas secas • Olhos afundados (Enoftalmia) e hipotônicos • Estado geral comprometido • Excitação psíquica ou abatimento • Oligúria • Fontanelas deprimidas no caso de crianças Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 5 A desidratação pode ser classificada segundo dois aspectos: a intensidade e a Osmolaridade. A classificação de acordo com a intensidade baseia-se na perda de peso: Leve ou de 1ºgrau: perda de peso de até 5%. Moderada ou de 2ºgrau: perda de peso de 5% a 10%. Grave ou de 3ºgrau: perda de peso acima de 10%. Para se classificar a desidratação quanto à osmolaridade, característica útil para reposição de água e eletrólitos, toma-se como elemento guia o nível sanguíneo de sódio. Isotônica: quando o sódio está nos limites normais (130 a 150 mEq/l) Hipotônica: quando o sódio está baixo (< 130 mEq/l) Hipertônica: quando o sódio está acima dos limites normais (> 150 mEq/l). Fonte: Exame clínico, Porto – 8ªed – pag. 402. Avaliação Antropométrica Existem várias medidas antropométricas de utilidade prática, incluindo altura ou estatura, peso, circunferências, dobras cutâneas e índices como o índice de massa corporal (IMC). • Altura/ Estatura Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 6 Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 7 • Peso • Índice de massa corporal • Circunferência da cintura • Circunferência da panturrilha • Perímetro cefálico Avaliação do Estado Nutricional Na avaliação do estado nutricional, é necessário obter informações corretas, a fim de se identificar distúrbios e/ou agravos ligados à alimentação e à doença de base. A avaliação nutricional é um processo dinâmico, feito por meio de comparações entre os dados obtidos no paciente e os padrões de referência, sendo importante a reavaliação periódica do estado nutricional no curso da doença. Ver Metabolismo e condições nutricionais no Capítulo 6, Sinais e Sintomas. • Sobrepeso e obesidade Sobrepeso e obesidade são definidos como acúmulo excessivo de gordura corporal, condição que acarreta prejuízos a saúde global, além de favorecer o surgimento de enfermidades como dislipidemias, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e hipertensão arterial. • Desnutrição A American Dietetics Association (ADA) e a American Society of Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN) recomendam um conjunto de parâmetros para identificar a desnutrição em adultos na prática clínica, fazendose necessária a presença de dois ou mais dos seguintes elementos: o Ingestão insuficiente de energia o Perda de peso o Perda de gordura subcutânea o Perda de massa muscular o Acúmulo de líquido localizadoou generalizado, que, em algumas ocasiões, pode mascarar a perda de peso o Capacidade funcional diminuída, medida pela forca do aperto de mão, com uso de dinamômetro. A ingestão insuficiente de alimentos pode estar relacionada a: inanição, áreas de insegurança alimentar, pobreza, anorexia, dependência do idoso, como Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 8 incapacidade de sair de casa para comprar alimentos e/ou de cozinhar, condição patológica, como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) avançada, qualquer acometimento inflamatório da boca ou esôfago. Avaliação do consumo de alimentos Ver Alterações do peso no Capítulo 6, Sinais e Sintomas. Desenvolvimento físico Os achados podem ser enquadrados nas seguintes alternativas: • Desenvolvimento normal • Hiperdesenvolvimento = sinônimo de gigantismo • Hipodesenvolvimento = nanismo • Hábito grácil = constituição corporal frágil e delgada, caracterizada por ossatura fina, musculatura pouco desenvolvida, juntamente com uma altura e um peso abaixo dos valores normais. É uma condição constitucional, sem significado patológico. • Infantilismo = persistência anormal de características infantis na fase adulta. Fácies É o conjunto de dados exibidos na face do paciente. É a resultante dos traços anatômicos mais a expressão fisionômica. Não apenas os elementos estáticos, mas, e principalmente, a expressão do olhar, os movimentos das asas do nariz e a posição da boca. Certas doenças imprimem na face traços característicos, e, algumas vezes, o diagnóstico nasce da simples observação do rosto do paciente. Os principais tipos de fácies são: • Face normal ou atípica: comporta muitas variações, facilmente reconhecidas por todos, mas é preciso ensinar o olho a ver. Mesmo quando não há traços anatômicos ou expressão fisionômica para caracterizar um dos tipos de fácies descrito a seguir, é importante identificar, no rosto do paciente, sinais indicativos de tristeza, ansiedade, medo, indiferença, apreensão. Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 9 Fácies Hipocráticas: olhos fundos, parados e inexpressivos chamam logo a atenção do examinador. O nariz afilase, e os lábios se tornam adelgaçados. “Batimentos das asas do nariz” também costumam ser observados. Quase sempre o rosto está coberto de suor. Palidez cutânea e uma discreta cianose labial completam as fácies hipocráticas. Esse tipo de fácies indica doença grave e quase nunca falta nos estados agônicos das afecções que evoluem de modo mais ou menos lento Fácies renal: o elemento característico desse tipo de fácies é o edema que predomina ao redor dos olhos. Completa o quadro a palidez cutânea. É observada nas doenças dos rins, particularmente na síndrome nefrótica e nas glomerulonefrites. Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 10 • Fácies adenoidiana: os elementos fundamentais são o nariz pequeno e afilado e a boca sempre entreaberta. Aparece nos indivíduos portadores de hipertrofia das adenoides, as quais dificultam a respiração pelo nariz ao obstruírem os orifícios posteriores das fossas nasais Fácies leonina: as alterações que a compõem são produzidas pelas lesões do mal de Hansen. A pele, além de espessa, é sede de grande número de lepromas de tamanhos variados e confluentes, em maior número na fronte. Os supercílios caem, o nariz se espessa e se alarga. Os lábios tornam- se mais grossos e proeminentes. As bochechas e o mento se deformam pelo aparecimento de nódulos. A barba escasseia ou desaparece. Essas alterações em conjunto conferem ao rosto do paciente um aspecto de cara de leão, origem de sua denominação Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 11 • Fácies mixedematosa: constituída por um rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele seca, espessada e com acentuação de seus sulcos. As pálpebras tornam-se infiltradas e enrugadas. Os supercílios são escassos e os cabelos secos e sem brilho. Além dessas características morfológicas, destaca-se uma expressão fisionômica indicativa de Fácies parkinsoniana, cérea ou em máscara: caracteriza-se por ser inexpressiva, com rigidez facial. A fácies parkinsoniana é observada na síndrome ou na doença de Parkinson Fácies basedowiana: seu traço mais característico reside nos olhos, que são salientes (exoftalmia) e brilhantes, destacando-se sobremaneira no rosto magro. A expressão fisionômica indica vivacidade. Contudo, às vezes, tem um aspecto de espanto e ansiedade. Outro elemento que salienta as características da fácies basedowiana é a presença de um bócio. Indica hipertireoidismo Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 12 desânimo, apatia e estupidez (Figura 10.26). Esse tipo de fácies aparece no hipotireoidismo ou mixedema Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 13 • Fácies cushingoide ou de lua cheia: como a própria denominação revela, chama a atenção de imediato o arredondamento do rosto, com atenuação dos traços faciais (Figura 10.31). Secundariamente, deve ser assinalado o aparecimento de acne. Este tipo de fácies é observado nos casos de síndrome de Cushing por hiperfunção do córtex suprarrenal. Pode ocorrer também nos pacientes que fazem uso prolongado de corticoides. Fácies acromegálica: caracterizada pela saliência das arcadas supraorbitárias, proeminência das maçãs do rosto e maior desenvolvimento do maxilar inferior, além do aumento do tamanho do nariz, lábios e orelhas. Nesse conjunto de estruturas hipertrofiadas, os olhos parecem pequenos Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 14 Fácies mongoloide: está na fenda palpebral seu elemento característico: é uma prega cutânea (epicanto) que torna os olhos oblíquos, bem distantes um do outro, lembrando o tipo de olhos dos chineses. Acessoriamente, nota-se um rosto redondo, boca quase sempre entreaberta e uma expressão fisionômica de pouca inteligência ou mesmo de completa idiotia. É observada no mongolismo ou trissomia do par 21 ou síndrome de Down, que é tradução de um defeito genético Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 15 • Fácies esclerodérmica: denominada também fácies de múmia, justamente porque sua característica fundamental é a quase completa imobilidade facial. Isso se deve às alterações da pele, que se torna apergaminhada, endurecida e aderente aos planos profundos, com Repuxamento dos lábios, afinamento do nariz e imobilização das pálpebras. A fisionomia é inexpressiva, parada, imutável, justificando a comparação com múmia. Atitude e decúbito preferido no leito Para facilitar a compreensão, é conveniente analisar conjuntamente “atitude” e “decúbito preferido”, definindo-se atitude como a posição adotada pelo paciente no leito ou fora dele, por comodidade, hábito ou com o objetivo de conseguir alívio para algum padecimento. Fácies etílica: chamam a atenção os olhos avermelhados e certa ruborização da face. O hálito etílico, a voz pastosa e um sorriso meio indefinido completam a fácies etílica Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 16 Algumas posições são conscientemente procuradas pelo paciente (voluntarias), enquanto outras independem de sua vontade ou são resultantes de estímulos cerebrais (involuntárias). Só́ tem valor diagnóstico as atitudes involuntárias ou as que proporcionam alívio para algum sintoma. Se isso não for observado, pode-se dizer que o paciente não tem uma atitude específica ou que ela é indiferente. A classificação mais objetiva é a que separa as atitudes em voluntárias e involuntárias. • Atitudes voluntárias As atitudes voluntárias são as que o paciente adota por sua vontade e compreendem a ortopneica, a genupeitoral, a posição de cócoras, a parkinsoniana e os diferentes decúbitos. o Atitude ortopneica (ortopneia). O paciente adota essa posição para aliviara falta de ar decorrente de insuficiência cardíaca, asma brônquica e ascite volumosa. Ele permanece sentado à beira do leito com os pés no chão ou em uma banqueta, e as mãos apoiadas no colchão para melhorar um pouco a respiração, que se faz com dificuldade. o Atitude genupeitoral (ou de “prece maometana”). O paciente posiciona-se de joelhos com o tronco fletido sobre as coxas, enquanto a face anterior do tórax (peito) põe-se em contato com o solo ou colchão. O rosto descansa sobre as mãos, que também ficam apoiadas no solo ou colchão. Essa posição facilita o enchimento do coração nos casos de derrame pericárdico. Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 17 o Atitude de cócoras (squatting). Esta posição é observada em crianças com cardiopatia congênita cianótica. Os pacientes descobrem, instintivamente, que ela proporciona algum alívio da hipóxia generalizada, que acompanha essas cardiopatias, em decorrência da diminuição do retorno venoso para o coração. o Atitude parkinsoniana. O paciente com doença de Parkinson, ao se por de pé́, apresenta semiflexao da cabeça, tronco e membros inferiores e, ao caminhar, parece estar correndo atrás do seu próprio eixo de gravidade. o Atitude em decúbito. A palavra decúbito significa “posição de quem está deitado”. Decúbito preferido, portanto, indica como o paciente prefere ficar no leito, desde que a faca conscientemente, seja por hábito, seja para obter alívio de algum padecimento. Os tipos de decúbito são: lateral (direito ou esquerdo), dorsal ou ventral. • Atitudes involuntárias As atitudes involuntárias independem da vontade do paciente e incluem a atitude passiva, o ortótono, o opistótono, o emprostótono, o pleurostótono e a posição em gatilho e torcicolo e mão pêndula da paralisia radial. Atitude passiva. Quando o paciente fica na posição em que é colocado no leito, sem que haja contratura muscular. É observada nos pacientes inconscientes ou comatosos. Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 18 Ortótono (orthos = reto; tonus = tensão). Atitude em que todo o tronco e os membros estão rígidos, sem se curvarem para diante, para trás ou para um dos lados. Opistótono (opisthen = para trás; tonus = tensão). Atitude decorrente de contratura da musculatura lombar, sendo observada nos casos de tétano e meningite. O corpo passa a se apoiar na cabeça e nos calcanhares, emborcando-se como um arco. Pleurostótono (pleurothen = de lado; tonus = tensão). É de observação rara no tétano, na meningite e na raiva. O corpo se curva lateralmente. Emprostótono (emprosthen = para diante; tonus = tensão). Observada no tétano, na meningite e na raiva, é o contrário do Opistótono, ou seja, o corpo do paciente forma uma concavidade voltada para diante. Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 19 Posição em gatilho. Encontrada na irritação meníngea, é mais comum em crianças e caracteriza-se pela hiperextensão da cabeça, flexão das pernas sobre as coxas e encurvamento do tronco com concavidade para diante. Torcicolo e mão pêndula da paralisia radial. São atitudes involuntárias relacionadas a determinados segmentos do corpo. Exame das mucosas As mucosas facilmente examináveis a olho nu e sem auxílio de qualquer aparelho são as mucosas conjuntivais (olhos) e as mucosas labiobucal, lingual e gengival. O método de exame é a inspeção, coadjuvado por manobras singelas que exponham as mucosas à visão do examinador. Assim, no caso das mucosas orais, solicita-se ao paciente que abra a boca e ponha a língua para fora. Os seguintes parâmetros devem ser analisados: • Coloração • Umidade • Presença de lesões Postura ou atitude na posição do pé As afecções da coluna costumam acompanhar-se de alterações da posição, cabendo referencias a: Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 20 Cifose: é uma alteração da forma da coluna dorsal com concavidade anterior, vulgarmente designada “corcunda”. A causa mais comum é o vício de postura. Pode ser consequência de tuberculose da coluna (mal de Pott), osteomielite, neoplasias, ou ser de origem congênita Lordose (cervical ou lombar): é o encurvamento da coluna vertebral, formando concavidade para trás. Decorre de alterações de vertebras ou de discos intervertebrais, podendo ser citada como exemplo a espondilite reumatoide Escoliose: é o desvio lateral da coluna em qualquer segmento vertebral, sendo mais frequente na coluna lombar ou lombo dorsal. Pode ser de origem congênita ou secundaria a alterações nas vértebras ou dos músculos paravertebrais. Instabilidade postural O equilíbrio postural é a capacidade do ser humano de manter-se ereto e executar movimentos do corpo sem apresentar oscilações ou quedas. A instabilidade postural é manifestação importante da doença de Parkinson e pode ser avaliada pelo Pull test ou teste de retropulsão • Biotipo ou tipo morfológico Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 21 Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 22 Marcha O modo de andar do paciente poderá́ ser de grande utilidade diagnostica, especialmente nas afecções neurológicas. Deve ser analisada solicitando-se ao paciente que caminhe certa distância (acima de 5 m), descalço, de preferência com calção, com olhos abertos e fechados, indo e voltando sob a observação do examinador. Marchas anormais: • Marcha Helicópode, Ceifante ou hemiplégica: Ao andar, o paciente mantém o membro superior fletido em 90° no cotovelo e em adução, e a mão fechada em leve pronação. O membro inferior do mesmo lado é espástico, e o joelho não flexiona. A perna se arrasta pelo chão, descrevendo um semicírculo quando o paciente troca o passo. • Marcha anserina: Para caminhar, o paciente acentua a lordose lombar e inclina o tronco para a direita ou para a esquerda, lembrando o andar de um pato. • Marcha parkinsoniana: O paciente anda como um bloco, enrijecido, sem movimento dos braços. • Marcha claudicante: Ao caminhar, o paciente “manca” para um dos lados. • Marcha cerebelar ou marcha do Ébrio: ao caminhar o paciente fica com os pés bem separados e ziguezagueia como um bêbado. Esse tipo de marcha traduz coordenação motora de movimentos decorrentes de lesões no cerebelo. Larissa Irigoyen Exame Físico Geral junho/2021 23 • Marcha tabética: para se locomover o paciente mantem o olhar fixo no chão, os membros inferiores são levantados abruptos e explosivamente e ao serem recolocados no chão, os calcanhares tocam o solo pesadamente. Com os olhos fechados a marcha piora ou se torna impossível. Indica perda de sensibilidade proprioceptiva por lesão do cordão posterior da medula. Principal causa: neurossifilis • Marcha de pequenos passos: caracterizada pelo fato do paciente dar passos muito curtos, e arrasta os pés ao caminhar como se estivesse dançando marchinha. É típico de atrofia cerebral (paralisia Pseudobulbar). • Marcha vestibular: Principal causa: lesão vestibular – o paciente apresenta lateropulsão quando anda, quando tenta se manter andando em linha reta é como se fosse empurrado para o lado. Se o paciente for colocado em espaço amplo e mandado a andar com os olhos fechado para frente e depois para trás, ele andará no formato de uma estrela. • Marcha Escarvante: Quando o doente tem paralisia de movimento de flexão dorsal do pé, a ponta do pé toca o solo ao caminhar. Para evitar tropeçar, o paciente levanta acentuadamente o membro inferior. • Marcha em tesoura ou Espática: os dois membros inferiores estão enrijecidos ou espásticos permanecendo semifletidos, os pés se arrastam se cruzando durante a marcha lembrando uma tesoura.
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